oficina tropical
/////////////////////////////////////
cenários urbanos no bixiga
espaço de encontro, núcleo de memória e desenvolvimento artístico plural Propor uma nova rua, uma nova possibilidade de ser e ocupar o bairro, recuperando conexões que se perderam ao longo dos anos. Físicas, afetivas, históricas. Trazer ambientes que ampliem a visão coletiva do espaço público e reservem ao térreo, a terra, a liberdade da apropriação. Praças, planos, bosques, aberturas e horizontes. Um novo mundo subterrâneo repleto de possibilidades e que, sobretudo trás como protagonista a natureza viva do Bixiga.
Três grandes praças. Três nós na vida pública. que reconectam o bairro, e abrem caminho para novas formas de apropriar-se dele.
Para efetivar necessária reconexão da região norte do Bixiga (SP) com o restante do bairro, o ideal seria voltar alguns anos na história e impedir a construção do viaduto que o cinde. Cabe-nos, no entanto, apenas o presente: transformar o polígono que cerca o Teatro Oficina em um grande espaço público é como uma espécie de convite. Sobretudo, para o pedestre, o transeunte. É fundamental, portanto, evidenciar a figura do pedestre como central. Para isso - e também como forma de atravessamento do Minhocão - a transformação da Rua Jaceguai em rua compartilhada: apenas para pedestres, transportes públicos e moradores.
Do artista que se propõe às novas trocas, ao cinéfilo que, curioso, reencontra sua paixão no meio da cidade, livre das grades.
O compartilhamento da Rua Jaceguai precede outra importante operação urbana: a remoção dos estacionamentos que ocupavam a quadra e descumpriam com a função social da terra. Decisão que permite que as praças sejam assentadas por entre os prédios e possibilitem um território, sobretudo, caminhável. Para o abismo topográfico que havia entre as ruas Santo Amaro e Abolição, uma proposta de transposição sútil, acessível e que permita mais do que a transposição em si, mas também a permanência. É na permanência que aflora a beleza deste bairro, a possibilidade da apropriação e da transformação efetiva do não lugar em lugar. Cada praça com sua característica, mas todas em diálogo com visão integradora e democrática de ampliação da rua, do espaço público.
Do mais rico ao mais pobre: a possibilidade do encontro, das experiências urbanas, humanas. A feira livre, a comida de rua, o espetáculo a céu aberto. O convite às novas descobertas, novas linguagens. o reencontro com o passado que revela, sob a sombra, o presente. Dos velhos símbolos que ganham novas casas às velhas ruas que ganham novas aberturas. A vivência da arte e da cultura que recebem um novo lar. É sobre isso.
a praça de eventos
a praça lina bo bardi
a praça jaceguai Assim como a árvore cesalpina que protagoniza o palco do Teatro Oficina, o centro da praça Lina Bo Bardi recebe também seu grandioso pau-ferro. Uma espécie de irmã da primeira que, mais do que marcar a paisagem urbana, simboliza a reconexão do lugar com a terra e sua natureza fértil. Sob sua sombra: palco-rua, plateia-rua. Como num passeio de domingo pela Av. Paulista, bandas, cantores, dançarinos, atores, podem ver e ser vistos. Como uma espécie do ponto focal urbano, a grande árvore poderá ser vista inclusive por sobre o viaduto, como quem diz: eu sou o centro deste lugar. E de fato é. Ao seu redor, encontram-se todos os principais programas do complexo cultural.
acesse o caderno de desenhos e cenários
tfg UNICAMP 2020/21
luiz nascimento, sob orientação de núbia bernardi
Um relevante gargalo urbano da quadra era justamente onde se encerrava, abruptamente, a R. Japurá. Agora, num contexto onde a rua pode se desenvolver enquanto praça, promove-se a abertura dos muros e, com isso, mais uma conexão aflora por entre os limites do bairro. A reabertura da rua é pensada para que esta se alongue para dentro do complexo de áreas públicas e seja ela própria o eixo que aponta para a reconexão do bairro. Uma vez atravessada a praça Lina Bo Bardi, chega-se ao Minhocão. O viaduto recebe também uma nova diretriz: a remoção das grades e a instalação de um mobiliário fixo para melhor atender as atividades gastronômicas que já acontecem ali.
Pensada para abrigar a múltiplas possibilidades que o centro da cidade de São Paulo oferece, a praça acontece ao longo de um grande deck de madeira formado por pátios e caminhos. Com uma arborização generosa, áreas de sombra e descanso, o espaço se desenha para abrigar atividades a céu aberto. Feiras livres, práticas esportivas, atividades culturais e manifestações de qualquer gênero ou espécie. A escolha do deck de madeira dá-se em função da manutenção da permeabilidade desta grande área que, junto à extensa arborização da praça, configura um microclima apropriado para atividades ao ar livre, inclusive em dias ensolarados. Em concreto, apenas rampas e escadas, revestidas por um piso antiderrapante. A praça dialoga diretamente com o Cinema Novo que, assim como no Auditório do Ibirapuera, se abre num palco externo por detrás da tela de projeção.