Revolução verde sobre rodas

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Práticas Sustentáveis

Revolução VERDE

sobre rodas O número de carros nas ruas é cada vez maior, mas avanços tecnológicos podem ajudar a diminuir os impactos ambientais desse crescimento Texto | Natália Martino

dústria automobilística em um dos maiores

breve ser estendida para outras regiões do

vilões ambientais da atualidade, responsá-

país, já que uma nova resolução do Conselho

vel por 90% das emissões de poluentes.

Nacional do Meio Ambiente (Conama) de-

Pressões governamentais Melhoria do transporte coletivo e incen-

terminou que os estados terão de apresentar um plano de controle de poluição veicular e colocá-lo em prática até 25 de abril de 2012.

tivo ao uso de bicicletas são algumas das so-

Soluções tecnológicas

luções paliativas, mas, enquanto nada disso é colocado em prática em larga escala, pro-

A indústria automotiva também é pres-

postas que buscam minimizar os danos vão

sionada para buscar respostas eficientes ao

se tornando realidade. Uma das respostas

problema. Um bom exemplo é o Programa

s ruas estavam cheias. A iluminação

encontradas, em 1989, pela Cidade do Mé-

de Controle da Poluição do Ar por Veículos

externa do Teatro Municipal de São

xico, que apresentava níveis de poluição até

Automotores (Proconve), iniciativa do Cona-

Paulo impressionava a elite da cidade

cinco vezes maiores do que o recomendado,

ma que estabeleceu um cronograma para a

em 1911. Além da inauguração do prédio, ou-

foi o rodízio de carros, mecanismo que tira

redução gradual de emissão de poluentes

tro acontecimento marcaria o 12 de setem-

alguns veículos de circulação em determi-

por veículos a partir do seu lançamento, em

bro daquele ano: o primeiro congestiona-

nados dias da semana. São Paulo seguiu o

1986. Graças a pressões como essa, a indús-

mento registrado em São Paulo. Pouco mais

exemplo e implantou o sistema em 1997.

tria investe cada vez mais em tecnologias

A

de três centenas de carros protagonizaram

E as pressões continuam aumentando.

que deixem seus veículos menos poluidores.

esse tráfego intenso. Um século depois, a len-

Desde 2008, os carros registrados em São

Nos gráficos abaixo, é possível observar que

tidão do trânsito se transformou em rotina

Paulo, inicialmente apenas aqueles movidos

a emissão de monóxido de carbônico (CO),

nesta capital e em muitas outras cidades es-

a diesel e hoje todos, precisam passar por

por exemplo, diminuiu ao longo dos anos

palhadas pelo Brasil (veja quadro abaixo).

uma inspeção veicular ambiental, medida

em todos os tipos de veículos. A emissão de

Hoje, mais de 30 milhões de veículos cir-

que já está em vigor na Cidade do México há

gás carbônico (CO2), porém, aumentou pro-

culam pelo país, número alcançado depois

mais de 20 anos. A inspeção verifica, entre

porcionalmente à frota de veículos, já que os

de um crescimento da frota em mais de 60%

outras coisas, se a emissão de gases pelos

programas governamentais não controlam

entre 2000 e 2010. Os gases poluentes libera-

carros está dentro dos limites permitidos por

esse gás, que, apesar de ter impacto negativo

dos por esses veículos lotam os hospitais dos

lei. Cerca de 20% dos automóveis são repro-

no efeito estufa, não é considerado poluente

grandes centros urbanos. Além do prejuízo

vados, de acordo com Eduardo Rosin, diretor

por não ser nocivo à saúde humana. Evidên-

à saúde humana, esses gases, resultado da

executivo da Controlar, empresa respon-

cias de que a indústria automobilística ain-

queima de combustíveis fósseis, agravam o

sável pelas inspeções. A iniciativa pode em

da tem muitos desafios pela frente.

efeito estufa. Foi isso que transformou a in-

Número de habitantes por veículo nas capitais brasile iras

6 5

Curitiba 1,40

1,76 Belo Horizonte 1,77 Brasília 2,06 Rio de Janeiro 3,06 Recife 3,10 Fortaleza 3,43 Salvador 4,13 Horizonte Geográfico

4

Habitante por veículo

3

São Paulo

32

ILUSTRAÇÕES: ISTOCKPHOTO

2

Fontes: Denatran, 2010 e IBGE, 2010

1 0

Emissões de CO por categoria de veículo 66

(em milhões de toneladas/ ano)

Emissões de CO2 por categoria de veículo

300 (em milhões de toneladas/ ano) 300 300

55

250 250 250

44

200 200 200

33

150 150 150

22

100 100 100

11

50 5050

2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2020 00 2015 2020 1980 1980 1985 1985 1990 1990 1995 1995 2000 2000 2005 2005 2010 2010 2015 2020

0

GNV GNV GNV Caminhões Pesados Caminhões CaminhõesPesados Pesados Caminhões Médios Caminhões CaminhõesMédios Médios Caminhões Leves Caminhões CaminhõesLeves Leves Ônibus Rodoviários Ônibus ÔnibusRodoviários Rodoviários Ônibus Urbanos Ônibus ÔnibusUrbanos Urbanos Comerciais Leves Diesel Comerciais ComerciaisLeves LevesDiesel Diesel Comerciais Leves Otto Comerciais ComerciaisLeves LevesOtto Otto Motocicletas Motocicletas Motocicletas Automóveis Automóveis Automóveis

2015 1980 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2020 00 2015 2020 1980 1980 1985 1985 1990 1990 1995 1995 2000 2000 2005 2005 2010 2010 2015 2020 Fonte: Inventário de Emissões

Veiculares - MMA, 2011

A emissão de gases poluentes como o CO (monóxido de carbono) tem sido controlada com inovações tecnológicas. Já a emissão de CO2 (dióxido de carbono), que apesar de ser um gás de efeito estufa não é considerado poluente por não ser prejudicial à saúde humana, aumenta com o crescimento da frota

Horizonte Geográfico

33


Melhores Práticas ETANOL

Do Brasil para o mundo

“O

combustível do futuro”: foi as-

sorve grande parte do gás carbônico libe-

sim que a Agência de Proteção

rado durante a produção do combustível.

Ambiental

americana

(EPA)

O etanol começou a ser pesquisado no

chamou o etanol produzido no Brasil. Isso

Brasil em 1920 e, em 1975, a crise mundial do

porque, além de ser um recurso renovável,

petróleo levou à criação Programa Nacional

a emissão de gás carbônico proveniente na

do Álcool (Proálcool). A iniciativa pretendia

queima do etanol chega a ser 40% inferior

ampliar a autossuficiência energética do

à da gasolina. E, ao crescer, a cana-

país e foi um sucesso até o fim da década

de-açúcar,

matéria-prima

de 1980. Quando a queda nos preços do pe-

do etanol brasileiro, ab-

tróleo e liberação de importações de carros desestimularam as vendas, era possível prever o fim da era do etanol, mas a crescente demanda por combustíveis verdes fez o produto ressurgir como alternativa. Em 2003, a entrada no mercado brasileiro dos veículos flex-fuel, que podem ser

Tecnologia em evolução

movidos por combinações entre gasolina e etanol, reaqueceu o mercado e, hoje, 90%

Quem teve veículo a álcool entre as décadas de 70 e 90 se lembra da dificuldade em dar partida no motor em dias mais frios. Na época, um tanque para armazenamento de gasolina diminuiu o problema. O Polo E-Flex, lançado em 2009 pela Volkswagen, deu um passo adiante: é o único carro que dispensa a partida a frio. O sistema Flex Start identifica a temperatura ambiente, aquecendo o combustível.

dos automóveis fabricados no país possuem essa tecnologia. O número significa, segundo a Única (União da Indústria da Cana-de-Açúcar), que mais de 120 milhões de toneladas de gás carbônico deixaram de ser lançados na atmosfera desde 2003, equivalente ao serviço ambiental prestado por 800 milhões de árvores nativas retirando gás carbônico da atmosfera durante 20 anos. Mas o combustível não é uma unanimi-

Consumo de etanol se iguala ao de gasolina Consumo final dos principais combustíveis veiculares no país (em bilhões de litros)

dade. Os críticos salientam que sua produção exige grandes extensões de terra para as plantações de cana-de-açúcar, o que pode significar desmatamento ou, ainda, subs-

50

tituição de culturas alimentícias. Segundo Alfred Szwarc, consultor de emissões e tec-

40

nologia da Única, o medo é infundado, já que 30

quase a totalidade da expansão da cultura da cana na última década se deu em pasta-

20

gens degradadas. De qualquer forma, o governo federal criou, no fim de 2009, o Zone-

10

amento Agroecológico da Cana-de-Açúcar, 0

2001 2002

Etanol*

2003

2004

Gasolina**

2005

2006

2007

2008 2009

2010

Óleo diesel

* os números incluem o consumo de etanol anidro e hidratado ** inclui apenas a gasolina A, sem o acréscimo de etanol anidro

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Horizonte Geográfico

Fonte: ANP

que determina rigorosamente as áreas do país em que o cultivo é permitido.


GÁS NATURAL VEICULAR (GNV)

Embaixo do sal

“F

oi o governo anunciar a descober-

políticas naquele país. A descoberta da nova

ta do pré-sal e o trabalho por aqui

reserva do pré-sal, aliada aos recentes in-

aumentou consideravelmente”,

vestimentos da Petrobras na construção de

conta Lincon Luís, consultor de vendas da

infraestrutura de portos para a importação

Gás Point, uma das empresas autorizadas a

do gás de outros países, pode ajudar a incre-

fazer a conversão dos combustíveis de car-

mentar o uso dessa tecnologia.

ros para Gás Natural Veicular (GNV). Além

Entre os usuários, porém, ainda existem

do petróleo, a camada pré-sal, encontrada

alguns receios. “Os gastos com manutenção

em 2007 na região da costa brasileira que

do carro ficam tão altos depois da conversão

vai do Espírito Santo até Santa Catarina, es-

que a economia com combustível não vale a

conde esse outro combustível fóssil. Usado

pena”, afirma Manoel Monteiro Neto, taxista

como gerador de energia desde o início do

há 14 anos. De acordo com ele, a vida útil de

século 20, o gás começou a movimentar car-

itens como velas, bombas de combustível e

ros já na década de 1930 nos EUA. No Brasil,

filtros de óleo chega a ser reduzida pela me-

tornou-se bastante procurado por taxistas

tade. Já para Lincon Luís, da Gás Point, tudo

e profissionais liberais que dirigem muitos

não passa de más lembranças de quem con-

quilômetros diários. O motivo é financeiro: o

viveu com a tecnologia ainda em seu início.

gás natural já chegou a ser 70% mais barato

“Essas ocorrências eram fruto da mistura

que a gasolina.

do gás natural com a gasolina, mas os equi-

O maior obstáculo ao uso do combus-

pamentos mais novos possuem injeção ele-

tível no Brasil é a dependência do gás im-

trônica para equilibrar essa mistura e não

portado da Bolívia, que chega por meio do

apresentam mais esses problemas”, explica.

gasoduto construído em 1999, e já foi inter-

Mas convencer aqueles que já tiveram uma

rompido algumas vezes por instabilidades

experiência ruim pode não ser tão fácil.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

Item de série O único automóvel do mercado brasileiro que sai de fábrica com a opção de funcionar com o GNV (Gás Natural Veicular) é o Siena Tetra Fuel, da Fiat Automóveis. O carro, lançado em 2006, funciona também com etanol, gasolina brasileira (que contém cerca de 20% de etanol) e gasolina pura. De acordo com Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat, o veículo não apresenta prejuízo na hora da manutenção. “Não há necessidade de que a manutenção seja feita mais vezes se comparado a outros veículos”, garante.

Horizonte Geográfico

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Melhores Práticas HIDROGÊNIO

Gás sem resíduos Ônibus a hidrogênio já circula em São Paulo

U

m carro que, ao se movimentar, libe-

carro. “Seria o fim da poluição local nos cen-

ra um único resíduo: água. Além dis-

tros urbanos”, afirma Paulo Palhaeam, pes-

so, é duas vezes mais eficiente do que

quisador do Laboratório de Hidrogênio do

outros automóveis no aproveitamento do

Instituto de Física da Universidade Estadual

combustível. Não é à toa que os protótipos

de Campinas (Unicamp).

de veículos movidos a hidrogênio

Como o hidrogênio não existe de forma

elevam as expectativas em rela-

livre na natureza, precisa ser obtido a partir

ção à possibilidade de, no futu-

de outras moléculas. Uma opção é aprovei-

ro, termos uma frota de carros

tar os hidrocarbonetos do petróleo ou do gás

mais verdes. Funciona assim:

natural, mas o que sobra dessa operação é

uma célula de combustível

gás carbônico, de efeito estufa. “Ainda as-

utiliza eletricidade para com-

sim, os carros a hidrogênio levam vantagem

binar átomos de hidrogênio

sobre os movidos a combustíveis fósseis,

e de oxigênio em um processo que

pois, sendo mais eficientes, demandam me-

produz vapor d’água e corrente elétrica. O primeiro é resíduo, o segundo movimenta o

nos combustível”, explica Palhaeam. Outra possibilidade é obter o hidrogênio a partir da molécula de água; a desvanta-

Transporte público sustentável

gem desse método é que ele demanda muita eletricidade. “Apesar de ser aparentemente o mais interessante, esse método é hoje o

O Brasil é o maior produtor mundial de ônibus, com mais de 50 mil unidades fabricadas por ano. Se todos eles fossem movidos a hidrogênio, os benefícios ambientais seriam enormes. Os primeiros passos nesse sentido já foram dados em vários centros de pesquisa do país. Em São Paulo, um ônibus já circula com hidrogênio no Corredor Metropolitano ABD (São Mateus – Jabaquara) desde dezembro de 2010. O veículo ainda está em fase de testes e percorre apenas pequenos trechos, mas o projeto, coordenado pela Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU/SP), já representou um grande passo. Por enquanto, ainda não há postos de abastecimento com o combustível e o hidrogênio precisa ser enviado em cilindros pela Petrobras, mas o próximo passo da EMTU é inaugurar um posto em São Bernardo do Campo, onde o ônibus fica estacionado. O Rio de Janeiro também já tem seu ônibus a hidrogênio, desenvolvido pela COPPE-UFRJ, que começará a circular no segundo semestre de 2011.

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Horizonte Geográfico

mais caro por causa do custo da eletricidade”, diz Paulo Emílio Valadão, chefe do Laboratório de Hidrogênio do COPPE, instituição ligada à Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Valadão explica que existem muitas outras formas de conseguir o hidrogênio, como a partir do lixo urbano, do esgoto ou dos rejeitos da agropecuária. “A grande vantagem é a versatilidade. Qualquer país tem insumos para produzir o combustível”, afirma. Atualmente, a tecnologia já existe e é viável. Muitos países europeus estão utilizando ônibus a hidrogênio e alguns carros já circulam nas estradas dos EUA e do Japão. O Estado da Califórnia, nos EUA, foi pioneiro nesse sentido e conta com algumas dezenas de postos de hidrogênio para abastecer os veículos das frotas de teste que estão em circulação.


CARROS ELÉTRICOS

O carro na tomada

U

Correio elétrico

m meio de transporte que não emite gases poluentes. É com essa ideia

Os carros elétricos estão sendo utilizados para percorrer pequenas distâncias a baixa velocidade. Vem de Campinas (SP) um dos exemplos. Uma unidade do Aris, pequeno utilitário elétrico desenvolvido pela fabricante Edra em parceria com a CPFL Energia, vem sendo testado pelos Correios na cidade. De acordo com Marcelo Rodrigues Soares, coordenador do projeto, além do benefício na diminuição de emissão de gases poluentes, outra vantagem importante do Aris é que o custo por quilômetro rodado do modelo não ultrapassa 25% do gasto com veículos convencionais. O carteiro Carlos Alberto Genovez dirige e aprova o Aris: “Inclusive, costumo pedir um carro desses de presente nas entrevistas”, diz.

atrativa que os carros elétricos ga-

nham cada vez mais entusiastas ao redor do mundo. Esses veículos, porém, ainda terão de percorrer um longo caminho para chegar até os consumidores brasileiros. Um dos passos mais importantes será investir em infraestrutura. As baterias desenvolvidas até agora chegam a demandar 12 horas para sua recarga total e instalar tomadas para abastecimento em locais públicos onde os carros ficam estacionados por muito tempo torna-se, assim, indispensável. Outro desafio da indústria é desenvolver uma bateria forte o suficiente para garantir autonomia ao carro. Nesse sentido, os esforços têm se concentrado principalmente nas baterias de lítio, a mesma usada nos celulares, que oferecem uma boa proporção entre impeditivo para a produção em larga escala. “O custo das baterias ainda representa cerca de metade do valor final dos veículos”, afirma Marcelo Rodrigues Soares, coordenador do

FOTOS: DIVULGAÇÃO

energia e peso – mas o seu alto custo ainda é

projeto de veículos elétricos da CPFL Energia. Superadas essas dificuldades, outra questão se coloca: a geração de eletricidade. De acordo com Soares, se metade da frota de veículos brasileiros fosse elétrica hoje e estivesse recarregando ao mesmo tempo, a rede elétrica brasileira não suportaria. “Mas como a troca por carros elétricos deve ser gradual, não haverá problemas, pois teremos tempo hábil de adaptação dessa rede”, diz. De acordo com estudo realizado pela empresa, se 5% dos veículos forem elétricos em 2020, o impacto será de 1% no consumo de energia do Estado de São Paulo.

Horizonte Geográfico

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Melhores Práticas HÍBRIDOS

Nem lá, nem cá

S

e o sonho dos automóveis elétricos ou

elétrico. Assim, o propulsor elétrico confe-

movidos a hidrogênio ainda parece

re mais força na aceleração e move o carro

distante de se tornar realidade, os ve-

quando a velocidade é baixa, evitando até

ículos híbridos suprem parte do desejo pelo

80% das emissões de poluentes. A queima

carro verde. A ideia é simples. Basta combi-

de combustíveis fósseis, por sua vez, garan-

nar uma tecnologia nova e avançada, porém

te a autonomia que os carros elétricos ain-

com deficiências que ainda limitam seu uso,

da não alcançaram. Na maioria dos casos,

com outra já consagrada, mesmo que não

a mistura ajuda a resolver outro problema

tão ecologicamente correta. O mais comum

que dificulta a comercialização de carros

é a combinação entre motores movidos a

elétricos: a recarga da bateria, que nos híbri-

combustíveis fósseis (gasolina ou diesel) e

dos pode ser feita pelo motor a combustão.

Primeiros modelos

S400 BlueHybrid foi o primeiro híbrido a circular no Brasil

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Horizonte Geográfico

O primeiro carro híbrido a circular pelas ruas brasileiras foi o S400 BlueHybrid, da Mercedes-Benz, em 2009. De acordo com Arthur Wong, analista de vendas da montadora, a tecnologia híbrida está sendo introduzida aos poucos nos veículos mais baratos de cada linha. “Fomos os primeiros a lançar carros com freios ABS, que hoje estão em quase todos os veículos do mercado. Na Mercedes, já é item de série. Tudo começa aos poucos, mas a expectativa é que, em breve, a maioria dos carros possua essa tecnologia híbrida”, diz.


OUTRAS SOLUCÕES

Além dos combustíveis

A

busca por combustíveis menos poluentes está no topo das preocupações ambientais quando o assunto é

indústria automobilística. Apesar disso, alterações simples em outros aspectos dessa indústria podem ajudar a reduzir os impactos dos veículos. A substituição de peças de alumínio e aço por plásticos e fibras naturais, por exemplo, pode reduzir em até 50% o peso dos veículos e, em consequência, diminuir em mais de 20% o consumo de combustíveis. E alguns polímeros já estão sendo FOTOS: DIVULGAÇÃO

desenvolvidos especialmente para esse fim, mantendo, ou até superando, as características de resistência dos materiais originais. Outras soluções podem chegar não apenas das montadoras, mas também de empresas que atuam no setor automotivo de outras formas, como prestadores de serviços de revisão e manutenção.

Espaço Economia Verde, da DPaschoal, mostra aos clientes as vantagens ambientais da correta utilização dos componentes dos carros

Perder primeiro para ganhar depois “A DPaschoal deixou de comercializar mais de 1 milhão de produtos desde a implantação do Economia Verde, porém o número de clientes aumentou consideravelmente”, explica William Bossolani, gerente de marketing da empresa. O projeto Economia Verde, implantando pela DPaschoal em 2007, baseia-se na premissa de que não se deve trocar nenhuma peça antes do tempo correto, o que pode aumentar a vida útil de partes dos veículos que são ambientalmente muito agressivas, como pneus e baterias, em até 25%. “A ordem é uma só: troca de qualquer item ou execução de qualquer serviço somente se for estritamente necessário. Do contrário,

o imperativo é não vender. O nosso vendedor se tornou um consultor”, explica Bossolani. Ao mesmo tempo, a empresa pretende reduzir o descarte de resíduos no meio ambiente. Parece simples, mas empresas de serviços automotivos podem pagar um alto preço por adotar essa postura. No caso da DPaschoal, o resultado a curto prazo foi o fechamento de 15 lojas de um total de 200. Depois de quatro anos, porém, a receita foi recuperada e os números são animadores. Só em pneus, foram 3.400 toneladas enviadas para a reciclagem. No caso do óleo, 221 mil litros foram destinados a um novo refinamento.

Horizonte Geográfico

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