A magia da era digital Harry Potter Storytelling e transmídia

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NATHALIA DE OLIVEIRA SANTOS

A MAGIA DA ERA DIGITAL, HARRY POTTER: STORYTELLING E TRANSMÍDIA

Piracicaba 2017


NATHALIA DE OLIVEIRA SANTOS

A MAGIA DA ERA DIGITAL, HARRY POTTER: STORYTELLING E TRANSMÍDIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Piracicaba, como requisito parcial para a obtenção do título de graduada em Comunicação Social – Habilitação Publicidade e Propaganda Orientadora: Geni Querino

Piracicaba 2017


NATHALIA DE OLIVEIRA SANTOS

A MAGIA DA ERA DIGITAL, HARRY POTTER: STORYTELLING E TRANSMÍDIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Anhanguera de Piracicaba, como requisito parcial para a obtenção do título de graduada em Comunicação Social – Habilitação Publicidade e Propaganda

BANCA EXAMINADORA

Prof.ª Flavia Góes Vieira Salgueiro

Prof. Juliano Cerchiaro

Piracicaba, 07 de dezembro de 2017


“Nós não precisamos de magia para mudar o mundo, nós carregamos todo o poder que precisamos já dentro de nós: o poder de imaginar o melhor”. (J.K. Rowling)


SANTOS, Nathalia de Oliveira. A magia da era digital, Harry Potter: Storytelling e transmídia. 2017. 21 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social – Habilitação em Publicidade E Propaganda – Faculdade Anhanguera, Piracicaba, 2017.

RESUMO

Este trabalho apresenta como o storytelling trabalha para o mercado publicitário, utilizando de elementos lúdicos para se contar uma história e gerar empatia entre as pessoas. Para tanto, elencou-se teorias da área de comunicação, entre elas a transmídia. Foi utilizada a série literária Harry Potter para exemplificar como o storytelling e a transmídia, trabalham juntas na comunicação, as empresas usam as técnicas na construção de uma marca de sucesso e elementos que cative o público, fazendo com que tenham fãs de todas as idades.

Palavras-chave: Harry Potter; Transmídia; Storytelling; Comunicação; Engajamento.


SANTOS, Nathalia de Oliveira. A magia da era digital, Harry Potter: Storytelling e transmídia. 2017. 21 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso de Comunicação Social – Habilitação em Publicidade E Propaganda – Faculdade Anhanguera, Piracicaba, 2017. ABSTRACT The presente study show how storytelling works for the advertising market, using playful elements to tell a story and generate empathy among people. For this, theories of the area of communication, including transmedia, were listed. The Harry Potter literary series was used to exemplify how storytelling and transmedia work together in communication, companies use the techniques to build a successful brand and elements that appeal to the public by having fans of all ages.

Key-words: Harry Potter; Transmedia; Storytelling; Communication; Engagement.


SUMÁRIO INTRODUÇÃO.................................................................................................. 4

1

STORYTELLING:

A

BUSCA

POR

GUARDAR

MOMENTOS.............................................................................................................. 5 1.1

TRANSMÍDIA:

O

ENGAJAMENTO

ATRAVÉS

DE

HISTÓRIAS................................................................................................................. 6 1.1.1 Harry

Potter

de

livro

para

o

sucesso

mundial........................................................................................................................ 8 2

A UTILIZAÇÃO DE UMA OBRA LITERÁRIA PARA A CONSTRUÇÃO

DE

UMA

MARCA..................................................................................................................... 10 2.1

ARQUÉTIPOS

NA

CRIAÇÃO

DE

UMA

MARCA...................................................................................................................... 12 2.1.1 A publicidade e marketing como forma de envolver o público dos Potterish................................................................................................................... 14 3. A CULTURA DA CONVERGÊNCIA NO UNIVERSO DE HARRY POTTER.................................................................................................................... 16 3.1 FANFICTIONS E UMA REDE SOCIAL EXCLUSIVA PARA OS POTTERISH............................................................................................................. 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................ 20

REFERÊNCIAS.............................................................................................. 21


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INTRODUÇÃO

A presente pesquisa aborda o tema do storytelling e transmídia utilizadas na obra literária Harry Potter, busca identificar as mais diversas ferramentas, o engajamento do público além dos livros, a participação deles para o crescimento da série. O contexto estudado é importante para numerar as diversas formas de interação e atrair mais fãs para o universo. Este tema foi escolhido, para exemplificar os diversos instrumentos que são utilizados na manutenção da interatividade entre os que tem um carinho em especial com a série, explorar os meios midiáticos para as novas gerações. O problema desta pesquisa consiste em: analisar como o storytelling e a transmídia trabalha no imaginário social para atrair novos públicos e manter os mais velhos. O objetivo principal deste estudo é analisar o uso comercial do storytelling e da transmídia, descrever as mídias utilizadas as características e entender como a publicidade usa destes meios para o uso lúdico do público. A metodologia desta pesquisa caracteriza-se em pesquisa descritiva bibliográfica, teses e citações de profissionais do mercado de comunicação.


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1 STORYTELLING: A BUSCA POR GUARDAR MOMENTOS

Muito antes da invenção da escrita, nossos antepassados contavam histórias, de modo a transmitir seu conhecimento um para o outro. Os momentos mais marcantes da humanidade são retratados de forma que não é possível esquecer destes fatos. Há diversas maneiras de explicar o que seria o Storytelling, Antonio Núnêz em seu livro “Seja mejor que lo cuentes”, define por “uma ferramenta de comunicação estruturada em uma sequência de acontecimentos que apelam a nossos sentidos e emoções”. Ainda os autores Palacios e Terenzzo citam mais outra definição, “além da transmissão de conhecimento, Storytelling possui uma importância para nossa formação psicológica: as histórias geravam a identidade da tribo”. O conceito de Storytelling busca atrair a atenção das pessoas, através de história bem narradas, de forma intrigante e focar no enredo em si. A diferença entre as palavras em inglês respectivamente, story e telling, é a construção que cada um tem de uma determinada história e como o narrador expressa esta história para o público. Palacios de Terenzzo tem como processo de um bom storytelling a criação de um bom personagem. Um personagem que pode ser uma pessoa, e esse personagem tem que ter uma personalidade forte e marcante para ser interessante. Essa personagem conduzirá quem estiver atento até a questão central da verdade humana, diretamente ligada à sinceridade emocional. (PALACIOS; TERENZZO,2016, p.32)

Uma grande empresa por exemplo utiliza-se das narrativas de storytelling para contar uma história de suas marcas e fazer com que a audiência tenha um engajamento sobre seus produtos/serviços. Num mundo onde recebemos tantas informações por dia, é difícil se lembrar de tudo, o que nos faz lembrar são as que mais nos impactaram. Carlo Ginzburg historiador italiano defende o Paradigma Indiciário, o ser humano desde o início de sua existência começou a contar histórias, que passava de geração em geração, alguém contava como fazia algo e o outro reproduzia. Dentre a


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teoria de Carlo Ginzburg, diversas foram nascendo e são as formas de explicar como “contar histórias” que fascina tanto. Nas fábulas o uso do Storytelling é importante para dar lições de “como não confiar em estranhos” ou outras situações, a importância dessas histórias ensina a ver o mundo de forma diferente, e aprender com elas. O importante do Storytelling sem dúvidas além da história envolvente é uma narrativa que capte a atenção das pessoas, assim a história contada será lembrada e consequentemente, a melhor.

1.1 TRANSMÍDIA: O ENGAJAMENTO ATRAVÉS DE HISTÓRIAS

O tempo passou e outras formas de se contar histórias foram surgindo e uma dessas questões foi o processo de globalização. A pesquisadora Marsha Kinder em 1991 definiu a “Intertextualidade Transmidiática” pela primeira vez em seus estudos, foi analisado que muitas histórias podem continuar em múltiplas plataformas, e também que os personagens de uma história podem participar de outras, por exemplo são os crossovers, que unem 2 histórias de universos diferentes, como a participação do cartoon Family Guy em um dos episódios de Os Simpsons. Essas novas maneiras, fomentam no mercado possibilidades para se fazer valer do uso do antigo Storytelling, aliado às novas formas midiáticas, de gerar além de engajamento, ganho em vendas. Buckingham (2000) cita que os programas televisivos e filmes, são orientados para o lucro. Os programas de TV não são apenas programas de TV: eles são também filmes, discos, histórias em quadrinhos, jogos de computador e brinquedos – sem falar em camisetas, pôsteres, lancheiras, bebidas, álbuns de figurinhas, comidas e uma miríade de outros produtos. (BUCKINGHAM, 2000, p. 131)

Para meios gerais, a transmídia multiplicou as plataformas, cinema, televisão, tablets e entre outros meios, que passaram a ser vitrines dos produtos. Henry Jenkins (2003) buscou em seus estudos uma definição para transmídia storytelling, que cada mídia aliada a outra, contribuem com o entendimento geral do universo do filme/série.


7 Os consumidores mais jovens tornaram-se caçadores e coletores de informação, possuem prazer em rastrear as origens das personagens e pontos da trama e fazer conexões entre textos diferentes dentro da mesma franquia. E, além disso, todas as evidências sugerem que os computadores não anulam outros meios de comunicação, em vez disso, os proprietários de computador consomem, em média, significativamente mais televisão, filmes, CDs, e mídia relacionadas do que a população em geral. (JENKINS, 2003, p.1)

A transmídia storytelling se difere do crossover, onde personagens de um universo podem interagir com os de outro completamente diferente, esta diferença é fácil detectada, já que Jenkins conclui-se que “narrativa transmídia” faz necessário ter diversos pontos que liguem a franquia (produto/serviço) com o que é anunciado, é preciso ter relação com o universo. Uma história transmídia desenrola-se através de múltiplas plataformas de mídia, com cada novo texto contribuindo de maneira distinta e valiosa para o todo. Na forma ideal de narrativa transmídia, cada meio faz o que faz de melhor – a fim de que uma história possa ser introduzida num filme, ser expandida pela televisão, romances e quadrinhos; seu universo possa ser explorado em games ou experimentado como atração de um parque de diversões. Cada acesso à franquia deve ser autônomo, para que não seja necessário ver o filme para gostar do game, e vice-versa. Cada produto determinado é um ponto de acesso à franquia como um todo. A compreensão obtida por meio de diversas mídias sustenta uma profundidade de experiência que motiva mais consumo (JENKINS, 2009, p.138)

Na área da publicidade e marketing, outro termo surgiu o Cross-media que possibilitou que uma mesma campanha utilizasse diferentes tipos de mídia simultaneamente. Figueiras (2008) conclui que o “Cross-media é o suporte colaborativo de várias mídias para entregar uma única história ou tema, no qual o enredo direciona o receptor de um meio para o outro, de acordo com a força de cada meio para o diálogo”. A atualidade possibilitou o uso das múltiplas plataformas para se contar uma história. E por isso foi elaborado esta pesquisa, usando como estudo de caso a série literária Harry Potter, escrita por J.K. Rowling. Como um livro se tornou sucesso em diversas segmentações, as empresas de filmes, roupas e até espetáculos utilizam da série para unir o amor dos fãs com novos meios de gerar renda e novas histórias.


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1.1.1 HARRY POTTER DE LIVRO PARA O SUCESSO MUNDIAL

Joanne Rowling mais conhecida como J.K. Rowling, fez de um manuscrito idealizado em uma de suas viagens de trens num sucesso mundial. Em uma máquina de escrever em 1995 J.K foi desenvolvido o primeiro manuscrito de Harry Potter, o início de sua carreira como autora, foi difícil para publicar o livro, a escritora enviou a diversas editoras, e não obteve uma resposta positiva, só em 1997 que a editora Bloomsburry publicou A Pedra Filosofal. A partir daí o sucesso dos livros foi imediata, os outros volumes da série foram sendo escritos. J.K utilizou-se do storytelling de maneira magistral, a história tinha um proposito épico, era envolvente e captou a atenção uma geração de leitores. O engajamento dos leitores com a obra também ajudou a construção do império Harry Potter, principalmente no meio digital a autora interage com seus leitores, mesmo sem lançamentos de novos livros a autora se faz presente e cria uma memória afetiva em seus fãs, que alcança e consolida seus sentimentos. A criação de um mito entre os leitores, que se espelham no protagonista Harry Potter e nos demais personagens, a narrativa pitoresca ajudou a criar um mito entre os grandes sucessos da literatura mundial. O mito conta uma história sagrada; ele relata um acontecimento ocorrido no tempo primordial, o tempo fabuloso do princípio. Em outros termos, o mito narra como, graças às façanhas dos Entes Sobrenaturais, uma realidade passou a existir, seja uma realidade total, o Cosmo, ou apenas um fragmento: uma ilha, uma espécie vegetal, um comportamento humano, uma instituição. (ELIADE,1978, p.11)

Um fenômeno chamado de literatura crossover que refere a ficção que atravessa a barreira da literatura infantil para a adulta, estes livros são para ambos as audiências e contribui com o sucesso de vendas. No passado os editores viam esta descoberta como um potencial no mercado crossover. Há agora mais preocupação com o mercado, onde diversos editores publicam literatura de ficção para adultos para jovens leitores. Nos últimos anos, romances crossover tornaram-se contendores de alguns dos Prêmios literários mais prestigiados do mundo. (BECKETT, 2009, p.60)

O mercado editorial mundial viu em seus livros a oportunidade de lançar outros diversos livros de literatura fantástica, embarcando no sucesso da série.


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Todo este sucesso tornou a editora do livro, uma das maiores empresas da dĂŠcada, e J.K a mulher mais rica do Reino Unido. Com uma fortuna de a proximamente 19 milhĂľes de dĂłlares.


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A UTILIZAÇÃO DE UMA OBRA LITERÁRIA PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA MARCA

Para entender melhor o uso do storytelling e transmídia, a pesquisa foi focada em uma das franquias de mais sucesso entre as gerações. Os livros da autora JK “Harry Potter” foram escritos em 1996, a partir disso o sucesso foi atraindo diversos públicos. Para a construção de uma legião de fãs que defendem e até vivem no universo potteriano, é necessário que a obra literária tenha uma base interessante, que cative e envolva quem a lê. A narrativa Transmidiática não existe quando não há um envolvimento com o público, a partir da história, que tem como objetivo engajar o público e criar um universo próprio. Construir através de ferramentas Transmidiática este universo é importante para que o público se identifique e faça parte da história. De acordo com (ARNAUT e et. al., 2001), promover o engajamento é fazer com que o público participe da história, assim direcionamento os para um ambiente Transmidiática. Assim criando uma personalidade de marca, que são a união de características humanas atreladas a marca, pois pesquisas realizadas apontam que os consumidores escolhem as marcas segundo a sua autoimagem real ou desejada (KERIN e et al., 2007). A grande indústria de produtos licenciados da marca cresceu e tomou o mercado mundial, através de produtos licenciados de marcas de luxo, fast fashions e a indústria de games, de acordo com a pesquisa realizada pela empresa Statisticbrain, o lucro em produtos licenciados da marca “Harry Potter” foi em 2016 de 7.3 milhões de dólares. Segundo (KERIN e et al., 2007), sobre os produtos licenciados “ é o acordo contratual pelo qual uma empresa (licenciador) permite que sua(s) marca(s) seja usada com produtos ou serviços oferecidos por outra empresa (licenciado) em troca de um royalty ou de uma taxa”.


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São exemplos de sucesso os produtos licenciados que são vendidos no parque Universal temático da franquia em Orlando - Flórida.

Fonte: Produtos licenciados do Parque The Wizarding World of Harry Potter™

Fonte: Ambientes do Parque The Wizarding World of Harry Potter™

Os jogos da empresa EA (Electronic Arts), que com a tecnologia trouxe para os fãs uma experiência em viver a história através das plataformas do Nintendo Wii e Playstation 3 com o uso dos controles de movimento.

Fonte: Jogos eletrônicos da franquia Harry Potter (site ea.com)

Nas diversas situações os veículos de comunicação fazem parte desta jornada, é preciso estudar cada um para que possa ver os pontos positivos delas e aplicar um contexto midiático e cultural para potencializar a abrangência de novos públicos.


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2.1 Arquétipos na criação de uma marca

É importante ressaltar que as ferramentas de storytelling e transmídia são pautadas em diversas outras teorias presentes no meio da comunicação. Citaremos dois de mais relevância que está presente no dia a dia, sem a necessidade de se trabalhar com publicidade. Na literatura é essencial a utilização de arquétipos, no dicionário de Língua Portuguesa (Novo Aurélio, Século XXI), arquétipo é definido como “modelo de seres criados, padrão, exemplar, protótipo...” Na psicologia analítica, Carl Jung (2009) define como “Formas ou imagens de natureza coletiva, que ocorrem em praticamente toda a Terra como componentes de mitos e, ao tempo, como produtos individuais de origem inconsciente”. Tomando com este conceito, Jung também cita que os arquétipos são herdados de geração a geração, correspondem a um conjunto de crenças e valores, não é fácil de se identificar os arquétipos de cada um, pois são rastros de memória. Para isso, estas memorias estão no inconsciente coletivo de cada um, definindo como: O inconsciente coletivo é constituído, numa proporção mínima, por conteúdos formados de maneira pessoal; não são aquisições individuais, são essencialmente os mesmos em qualquer lugar e não variam de homem para homem. Este inconsciente é como o ar, que é o mesmo em todo lugar, é respirado por todo o mundo e não pertence a ninguém. Seus conteúdos (chamados arquétipos) são condições ou modelos prévios da formação psíquica em geral. (JUNG, 1968, p.63)

Nesse conceito cria-se doze arquétipos que são utilizados e estudados na relação da história das gerações e sociedade. São eles: Herói, Fora-da-Lei, Mago Inocente, Explorador, Sábio, Bobo da Corte, Cara Comum, Amante, Criador, Prestativo e Governante. Todos eles podem ser divididos pelos impulsos humanos, na história de Harry Potter para fim de conectar cada parte da história, e para a literatura fantástica existir é necessário o uso dos arquétipos. Além de passar características humanas para seus personagens, que por fim são imitados pelos leitores ou que se identificam pelo protagonista da série. A seguir um quadro análise dos três principais personagens da série.


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PERSONAGEM HARRY

ARQUÉTIPOS Herói: O menino que sobreviveu Mago, cara comum: Órfão, criado pelos tios, soube que era um bruxo Fora da lei, inocente: Enfrentou os perigos para salvar a todos, colocando as pessoas acima de seu bem-estar.

HERMIONE GRANGER

Sábio, mago: Filha de pais não bruxos, tornou a melhor estudante de Hogwarts Exploradora: Curiosa, através da saga teve papel principal nas ações tomadas por Harry

RONY WESLEY

Mago, fora da lei, bobo da corte e explorador:

A

série

construiu

um

personagem cômico, mas que nunca abandou

seus

amigos,

em

suas

aventuras. Tabela: Da autora (2017)

Na publicidade que se utiliza da psicologia para atrair mais consumidores é fato que o uso dos arquétipos tendo a ser usados para a segmentação de um público ou fidelização. Nesse meio, o storytelling entra e também garante a força desses conceitos com base de uma narrativa especial, e para cada mídia ser usada de forma correta, a segmentação das mesmas é feita através dos estudos e reforçada pela transmídia.


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2.1.1 A publicidade e marketing como forma de envolver o público dos Potterish

Para o mercado publicitário a franquia rendeu enormes oportunidades para a indústria cinematográfica e de comunicação. O sucesso dos filmes durante seus anos de estreia em cinemas e lançamentos em DVD, fez com que o uso da transmídia fosse fortalecida e do storytelling em divulgação pelo mundo todo. Para estar presente em todas as mídias, no ano dos lançamentos dos filmes, a utilização da internet e mídias alternativas foi massiva. Alguns exemplos criativos e que fortaleceu o envolvimento com os fãs, que a cada filme lotava salas de cinemas.

Fonte: Outdoor de divulgação em Londres e ônibus em Shangai

Fonte: Mídia em trens da Irlanda e escadaria estação de metrô em Tóquio

As ações entre mídias, resultou num grande sucesso, o uso de diversas ferramentas potencializou o uso do chamado marketing de conteúdo que segundo Torres (2009) é: (...) o uso do conteúdo em volume e qualidade suficientes para permitir que o consumidor encontre, goste e se relacione com uma marca, empresa ou produto. Não se trata de ‘disfarçar’ seu catálogo de produtos ou criar uma mensagem subliminar para o consumidor dentro de um texto. Trata-se de aproveitar a dinâmica já criada na Internet, entre consumidores e ferramenta de busca, e utilizar a seu favor. A ideia é gerar conteúdo genuíno, útil e


15 relevante para o consumidor, isento de interferência comercial. (TORRES, 2009, p.87).

São o conjunto destes meios que fazem com que a saga se torne importante, no meio de seu público já fidelizado além do que não são seguidores ávidos dos filmes, ações criativas e que rendem compartilhamento e buzz nas redes sociais, e isso foi se concretizando com um planejamento estratégico eficaz e técnicas certas.


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3. A cultura da convergência no universo de Harry Potter

Os avanços tecnológicos que surgiram no século XXI deram espaço para grandes investidas na área da comunicação digital, grandes empresas focaram parte de suas equipes de desenvolvimento de conteúdo para o universo online. Nas diversas mídias utilizadas para divulgar a franquia Harry Potter se construiu uma narrativa transmidiática, que converteu o livro em diversos segmentos fora dela. Segundo Jenkins “o emergente paradigma da convergência presume que novas e antigas mídias irão interagir de formas cada vez mais complexas” (JENKINS, 2008, p. 30). Ou seja, a construção desta mídia quer trazer para as pessoas um processo participativo, que transite entre mídias tradicionais com base nas plataformas digitais. Para isso utilizamos um case atual que uniu os meios tradicionais, em o recente lançamento do spin-off de Harry Potter “Animais fantásticos e onde habitam”, filme do universo de J.K, nesta ação uma maleta foi colocada na Avenida Paulista para a divulgação do filme.

Fonte: Ação realizada pela Warner Bros. na Avenida Paulista – São Paulo

A participação do público nos dias que a maleta foi exposta foi positiva, compartilhamentos em rede social e filas se formaram ao redor da maleta.


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De maneira esta divulgação utilizando uma mídia tradicional, se comportou de forma diferente e rendeu assunto entre as mídias digitais, um mesmo conteúdo flui de forma distinta através de diferentes canais. Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, a cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam (JENKINS, 2008, p. 27).

O praxe cultural das mídias pode ser desenvolvido através de meios que não são mais tradicionais, uma reunião de amigos não é mais realizada de forma que era a dez anos atrás, atualmente é comum participarmos de encontros que por vezes são mediados pelos celulares. A cultura da convergência é essencial para os dias de hoje, pois as empresas estão buscando por alternativas para manter a atenção e dialogar com seus consumidores. As fronteiras de tempo e espaço foram rompidas e o controle midiático é dividido entre produtores e consumidores da mídia. Em todo este processo os meios apresentam um complemento no enredo que instiga e gera engajamento entre os fãs. Todo cuidado na hora de planejar o conteúdo é essencial, pois cada parte precisa ser inserida de forma que os fãs consumam de forma espontânea, pois desta forma será compartilhado as experiencias que se deu a ser utilizado serviço/ produto.


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3.1 Fanfiction se uma rede social exclusiva para os Potterish O contexto de multi plataformas é facilmente traduzido para os fãs de Harry Potter como conteúdos exclusivos para a continuidade de seus personagens favoritos. A partir daí surgem as fanfictions que são estórias escritas por fãs, baseado no universo ficcional, no caso Harry Potter. Oswald e Rocha descreve fanfiction como: Uma história criada por um fã de determinada obra e/ou personagem (Harry Potter, Cavaleiros do Zodíaco, Crepúsculo etc.) aos quais tem acesso seja individualmente, por intermédio das mídias massivas – livros, filmes, desenhos animados –, seja coletivamente, por intermédio da conexão em rede – msn, blogs, orkut, wikipedia, sites etc. (OSWALD; ROCHA, 2013, p.276).

Essas fanfictions são postadas gratuitamente em sites especializados, essas histórias por sua vez representam os anseios dos fãs por finais diferentes, ou continuar as aventuras dos personagens além dos livros publicados pela autora. São diversos os sites de fanfictions, que são divididos por temas como: filmes famosos, livros, anime, celebridade, etc. Um site importante no universo dos potterianos é o Potterish, site exclusivo de língua portuguesa com uma infinidade de fanfictions e notícias do universo mágico. Além disso criado em 2012 pela autora do livro, uma rede social chamada “Pottermore” sendo inicialmente um projeto literário, passou a ser a ferramenta essencial para a interação entre autora e fãs.

Fonte: Site inicial Pottermore e teste para seleção da casa em Hogwarts.

Pottermore consiste numa imersão entre o universo mágico com os participantes, que podem interagir através os capítulos dos livros, primeiro com o acesso do site o usuário participa de um teste para saber em qual casa da escola de


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magia de Hogwarts ele faz parte, a partir disso ele tem acesso Ă diversos lugares citados nos livros, podem fazer aulas, jogar quadribol, competir entre diversos usuĂĄrios no mundo todo. Tudo isso com muito conteĂşdo extra de leitura para quem for passando pelos capĂ­tulos dos livros.


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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho teve como objetivo estudar sobre as técnicas que a comunicação utiliza para a construção de uma marca de sucesso. Para isso, foi utilizado a técnica de storytelling que conta uma história para gerar empatia e trazer as pessoas para o assunto. A transmídia contribuiu para gerar conteúdo para muitas plataformas sendo elas digitais ou não. A série literária Harry Potter foi dada como um grande exemplo disso e desde o seu sucesso com os livros, aborda diversos meios para comunicar sobre seus novos produtos da marca. Além de uma legião de fãs que participam ativamente em todas as novidades que a autora do livro lança. As plataformas digitais interligadas geraram a participação das pessoas, além da oportunidade de criar novas ferramentas com o universo da série, tal como redes social, fóruns e espaços voltados especialmente para quem gosta da série estar trocando informações entre pessoas de todas as idades.


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REFERÊNCIAS BECKETT, Sandra. Crossover fiction: global and historical perspectives. New York: Taylor & Francis, 2009. BUCKINGHAM, David. Crescer na Era das Mídias: após a morte da infância. Tradução deGilkaGirardello e Isabel Orofino. Florianópolis. 2006. ELIADE, Mircea. Mito e realidade. São Paulo: Perspectiva, 1978. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da língua portuguesa. 2. Ed. Curitiba: Positivo, 2009 JENKINS, Henry. Cultura da Convergência. Tradução Susana Alexandria. 2ª Edição. São Paulo:ALEPH, 2009. JUNG, Carl Gustav. Tipos psicológicos. Petrópolis: Vozes, 2009. KERIN, Roger A. et al. Marketing. São Paulo: McGraw-Hill, 2007. KINDER, Marsha. Playing with Power in Movies Television, and Video Games: From Muppet Babies to Teenage Mutant Ninja Turtles. Berkeley. UNIVERSITY OF CALIFORNIA PRESS,1991. MARK, Margaret; PEARSON, Carol S. O Herói e o fora-da-lei: como construir marcas extraordinárias usando o poder dos arquétipos. São Paulo: Pensamento- Cultrix, 2003. PALACIOS, Fernando; TERENZZO Martha. O guia completo do Storytelling. Rio de Janeiro: Alta Books, 2016. TORRES, Claudio. A bíblia do marketing digital: tudo o que você queria saber sobre marketing e publicidade na internet e não tinha a quem perguntar. São Paulo: Novatec, 2009. XAVIER, Adilson. Storytelling. 5° Edição. Rio de Janeiro: Best Business, 2017. CARDOSO, Jéferson. A Narrativa Transmídia em Dragnet. Disponível em: <http://www.portalintercom.org.br/anais/sul2016/resumos/R50-1722-1.pdf> Acesso em 28/08/2017. ARNAUT, R.; et al. A era transmídia. Revista Geminis, ano 2, n. 2, p. 259-275, 2011. Disponível em: <http://www.revistageminis.ufscar.br/index.php/geminis/article/view/93/pdf>. Acesso em: 25/09/2017. OSWALD, Maria Luiza; ROCHA, Sergio Luiz Alves da. Sobre juventude e leitura na "idade mídia": implicações para políticas e práticas curriculares. Educ. rev., Curitiba n. 47, p. 267-283, Mar. 2013 . Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010440602013000100014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 28/09/2017.


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