NeoMondo
www.neomondo.org.br
um olhar consciente
Ano 2 - Nº 18 - Janeiro 2009 - Distribuição Gratuita
Construindo Instituto Crise Mundial 10
2009
Portal Neomondo
Desafio
Neo
18
Informação
Bradesco Pé quente
34
2
Neo Mondo - Julho 2008
Seções Perfil 06 Social e Ambiental, os grandes desafios do Milênio Desenvolvimento sustentável, para o governo, respeita o potencial de cada região.
8
Artigo: A crise e o meio ambiente. Os impactos da crise nas questões ambientais. Esporte A arte de vencer obstáculos A grande lição que os paraatletas brasileiros deixam para o Brasil.
13 Artigo: O Japão e a crise econômica. Os impactos da crise na dura realidade dos brasileiros no Japão.
ECONOMIA a crise mundial Entendendo a Crise Mundial 10 Entendo O que há de real e de factóide na crise internacional. 17 Artigo: As lições de Atlante na folhinha do autoeletétrico Os conhecimentos ocultos de nosso calendário. mEIO aMBIENTE
tECNOLOGIA 18 Portal Neo Mondo Novo Portal de notícias é lançado pelo Instituto Neo Mondo.
14
24
20 Reconstruindo O Vale Do Itajaí Especialista defende um planejamento estratégico da ocupação urbana, com bases técnicas, como forma de evitar novas tragédias.
ESPECIAL Natura planeja neutralizar emissão de gases Projeto Carbono Neutro vem proporcionando redução nas emissões a cada ano. Meta para 2009 é manter o ritmo.
26 Coop ampliará investimentos sociais e ambientais A maior cooperativa de consumo da América Latina considera as ações socioambientais como princípios da organização.
29 Artigo: Normas brasileiras de responsabilidade social e ambiental Entendendo o porquê das normas e das suas exigências.
30 Basf seguirá investindo na política de sustentabilidade Proteção climática sustentável será um dos alvos para o próximo ano.
34 Bradesco Capitalização mantém o pé quente Vincular produtos com ações socioambientais promove ganhos a sociedade.
37 Artigo: Novos tempos de velhas crises Crise trará mudança na forma de comunicação empresarial com a sociedade.
38 Unicamp desenvolve novas tecnologias Universidade cria empresa para viabilizar projeto e ampliar o seu alcance social.
40 Artigo: Os efeitos do Pré-sal Como garantir que a descoberta dessa verdadeira mina signifique algo de proveitoso para os brasileiros.
41 Artigo: O “novo velho” acordo ortográfico e suas alterações Pesquisas mostram que seriam necessários 10 anos para adaptação às novas regras.
42 eSPAÇO VERDE URBANO 42 Artigo:Espaço Verde Urbano Cenas da cidade – PaulaLyn.
44 fISCAL DA fLORESTA
46 Dica de Livro e glossário
Expediente Diretor Executivo: Oscar Lopes Luiz Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Takashi Yamauchi, Liane Uechi, Eduardo Sanches, Marcio Thamos, Terence Trennepohl, João Carlos Mucciacito, Dilma de Melo Silva, Artaet Martins e Natascha Trennepohl Redação: Liane Uechi (MTB 18.190), Gabriel Arcanjo Nogueira (MTB 16.586) e Rosane Araújo (MTB 38.300) Estagiário: Caio César de Miranda Martins Revisão: Professor Antonio Colavite Filho Diretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) Diretora de Arte: Renata Ariane Rosa Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo
44 Um Olhar consciente da Amazônia.
Publicação Correspondência: Instituto Neo Mondo Rua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 Santo André – SP Cep: 09190-000 Para falar com a Neo Mondo: assinatura@neomondo.org.br redacao@neomondo.org.br trabalheconosco@neomondo.org.br classificadosolidario@neomondo.org.br Para anunciar: comercial@neomondo.org.br Tel. (11) 4994-1690 Presidente do Instituto Neo Mondo: oscar@neomondo.org.br
A Revista Neo Mondo é uma publicação do Instituto Neo Mondo, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça – processo MJ nº 08071.018087/2007-24. Tiragem mensal de 30 mil exemplares com distribuição nacional gratuita e assinaturas. Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.
Neo Mondo - Janeiro 2009
3
Editorial
Construindo
O
grande prazer do jornalismo está no aprendizado diário e na possibilidade de acesso e contato com pessoas que dedicam sua vida em busca do conhecimento, de novas soluções e da execução de grandes obras, que tornem a vida e o planeta sustentável. E é gratificante descobrir que o empreendedorismo, a capacidade de reconstrução, a boa vontade, o profundo conhecimento técnico e o interesse real pelo desenvolvimento dessa nação movem muitos brasileiros. E para a sorte do Brasil, eles são muitos. Cabe a nós, enquanto veículo de comunicação, dar-lhes espaço e tornar audíveis as suas vozes. É o que temos feito nessa nossa, ainda curta, jornada. Nesse segundo ano de existência da Revista Neo Mondo, continuamos a trazer aos nossos leitores informações claras, objetivas e imparciais, mas com uma indisfarçável tendência às abordagens e visões que primam pelo desenvolvimento social, com premissas de sustentabilidade ambiental. Nessa primeira edição de 2009, buscamos explicações e interpretações da crise econômica sem precedentes que se globalizou e atingiu indistintamente a todos. Nossa motivação foi esclarecer, do modo mais acessível, as questões que estão envolvidas nesse assunto. Acreditamos que conhecer o que nos 4
Neo Mondo - Janeiro 2009
2009
afeta é a primeira forma de reagir ao pessimismo, que definitivamente, não traz soluções. Uma de nossas posturas sistemáticas na revista é mostrar que a utilização do conhecimento técnico e do planejamento é essencial na construção diária do nosso país. Nessa mesma linha, conheceremos a opinião de especialistas que indicam como o Vale do Itajaí deveria ser reconstruído de modo a evitar novas tragédias como a ocorrida em novembro último. Também visitamos o planejamento de grandes organizações nacionais para entender como a questão socioambiental será tratada nesse ano que se inicia. E como 2009 promete exigir de nós a qualidade da superação, não poderíamos deixar de resgatar no passado recente, o exemplo dos paraatletas brasileiros, campeões na arte de sobrepor dificuldades e que encheram de orgulho a Pátria mãe, na última Paraolimpíada. “Construindo 2009” é o nosso tema central e fazê-lo com critério e ética é responsabilidade de cada um de nós. Boa leitura! E um ótimo 2009!
Liane Uechi Diretora e Redação liane@neomondo.org.br
Instituto
Neo Mondo Um olhar consciente
Neo Mondo - Agosto 2008
5
Perfil
SOCIAL E AMBI
Os grandes desafios do Desenvolvimento sustentável, para o governo, respeita o potencial de cada região. Gabriel Arcanjo Nogueira
O
slogan “Brasil um país para todos” é diretriz de trabalho do Ministério de Desenvolvimento Social – MDS, que tem no comando o mestre em Direito Processual, político experiente no Legislativo e Executivo, Patrus Ananias de Sousa, que reservou um tempo para Neo Mondo entre seus compromissos de início de ano. Com orçamento de R$ 33 bilhões em 2009 (foram R$ 29 bilhões em 2008), o ministro tem um recado especial para os leitores da revista: “Nossa gente é nosso maior investimento, e o desenvolvimento do País se faz com qualidade e sustentabilidade. As obras do PAC são instrumentos de melhoria de vida para as pessoas”.
Neo Mondo - Como o governo vê o País sob o ângulo da sustentabilidade e do desenvolvimento socioambiental? Patrus - O governo do presidente Lula tem se pautado por promover o desenvolvimento integral e integrado, considerando aspectos econômico, social, ambiental, cultural e político. A própria criação do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) é decorrente disso. O governo acredita que os recursos das políticas sociais não são gastos, mas investimentos, que retornam para a sociedade proporcionando mais coesão social, mais segurança, mais desenvolvimento. Por muitos anos prevaleceu no Brasil a lógica de que era necessário fazer crescer o bolo para depois dividir. Agora estamos conseguindo inverter essa equação; mostramos que o correto é incluir para crescer mediante um modelo de desenvolvimento
“ 6
sustentável, com apoio aos processos de desenvolvimento local, respeitando o potencial de cada região. O que nos possibilita promover o encontro do social com o ambiental, duas questões que se apresentam como os dois principais desafios para este milênio. Neo Mondo - Lula fechou o ano de 2008 com índice de aprovação de 73%, recorde para um presidente brasileiro. Como o senhor avalia esse desempenho? Patrus - Penso que o presidente Lula deixará sua marca na história do Brasil, sobretudo porque tem feito o brasileiro acreditar na sua potencialidade, acreditar no Brasil, graças em grande parte às suas políticas sociais, que cumprem um papel importante no processo de redução das desigualdades que estamos conseguindo alcançar. O Programa de Aceleração do Crescimento
O correto é incluir para crescer; brasileiro precisa acreditar na sua potencialidade Neo Mondo - Janeiro 2009
”
(PAC) vai nessa direção, por ser um conjunto de obras de infraestrutura, com forte dimensão social, não só pela geração de trabalho e renda, mas também por investir em urbanização de vilas e favelas e obras de saneamento básico, promovendo integração das questões econômicas com questões sociais e ambientais. Neo Mondo - O PAC leva em conta a sustentabilidade? Patrus - O PAC é um bom exemplo da proposta de integração das políticas, na perspectiva de buscar estimular o desenvolvimento integral e integrado e também considerando o desafio de promover a integração das cidades. É importante observar que no PAC os invetimentos necessários em infraestrutura não se apresentam como um fim, mas como um instrumento de melhoria de vida das pessoas. Com investimento global na ordem de R$ 504 bilhões, vai estimular o crescimento do País com qualidade e sustentabilidade. Uma de suas estratégias é o Plano de Qualificação Setorial da Construção Civil (Planseq), voltado para o Bolsa Família. A proposta é capacitar 185 mil pessoas,
ENTAL,
Bruno Spada/ MDS
Milênio
dentre os beneficiários do Bolsa Família, para qualificação de mão-de-obra para o setor e também para que possam aproveitar as oportunidades de emprego geradas a partir das obras do PAC. Neo Mondo - Como o senhor coloca as ações de seu ministério na perspectiva do desenvolvimento sustentável do País? Patrus - Tenho dito que os dois principais desafios que se nos colocam nesse início de milênio são justamente as questões social e ambiental. Temos de investir de maneira vigorosa em políticas ambientais. Afinal, a degradação ambiental também provoca degradação econômica e social. Procuramos trabalhar com as perspectivas que nos permitam enfrentar a dialética apresentada às políticas ambientais de preservar os ecossistemas, mas também de possibilitar a vida digna às pessoas. Dentre essas ações, podemos destacar, por exemplo, os investimentos na agricultura familiar e o programa de construção de cisternas de captação de água de chuva, considerando as específicas do MDS. Além das ações de cooperativismo e desenvolvimento local que explore e respeite o potencial de cada região. Também é importante considerar intervenções urbanas que se preocupem com integração das cidades de modo a promover o equilíbrio entre homem e meio ambiente. Neo Mondo - Quais as perspectivas e expectativas para 2009 e daqui para a frente? Patrus - Fechamos 2008 com importantes conquistas na área social. Executa-
Ministro Patrus: “Nossa gente é nosso maior investimento”
mos no MDS um orçamento de R$ 29 bilhões que nos permitiu avançar nas áreas de Assistência Social, Segurança Alimentar e Nutricional, Transferência de Renda e Inclusão Produtiva. Para 2009, o ministério conta com um orçamento de R$ 33 bilhões, confirmando a decisão do presidente de continuar manter e ampliar os investimentos nas políticas sociais. Se ainda não são os recursos para viabilizar efetivamente tudo do que precisamos fazer para resgatar nossa grande dívida social, é sinal de que estamos fazendo o máximo, dentro do razoável e dos limites da responsabilidade fiscal, para superar os problemas sociais acumulados ao longo da nossa história. Estamos, com os recursos disponíveis, consolidando uma rede de proteção e promoção social cujos resultados abrem grandes perspectivas para o País. Sabemos que o cenário internacional, em função da crise gerada no cerne do sistema capitalista, lança uma sombra sobre essas conquistas. No entanto, o presidente Lula tem reafirmado seu compromisso com os pobres e anuncia medidas importantes para que possamos ampliar nossos horizontes na direção do desenvolvimento integral e integrado que assegure a todos um patamar comum de direitos e oportunidades. O próprio aumento do orçamento do ministério para 2009 comprova isso. Neo Mondo - Que mensagem o senhor tem para o leitor da Neo Mondo?
Patrus - Digo aos leitores que observem, atentamente, as palavras do presidente Lula, que tem dito, várias vezes, que os pobres não podem mais pagar as contas. Suas palavras têm sido sempre seguidas de ações voltadas para proteção e promoção dos mais pobres porque acreditamos que só podemos enfrentar nossos problemas se trabalhamos de maneira integrada e na perspectiva de incluir para crescer. Nossa gente é nosso maior investimento. Agora, por exemplo, o mundo, a partir de um grave erro no cerne do sistema financeiro do mundo capitalista, sofre com a ameaça de uma crise econômica. Essa situação impõe a todos a necessidade de refletir sobre o momento que estamos vivendo, para buscar alternativas mais sustentáveis de desenvolvimento, na qual os países devem ser respeitados em sua soberania. O Brasil não está de fora do risco, embora nossa economia já tenha demonstrado que está mais forte e com mais condições de reação do que em tempos anteriores. Nossa economia está dando sinais claros de estabilidade. Ainda assim adotamos necessárias providências, implementadas especialmente pelas autoridades da área econômica, em conformidade com as diretrizes presidenciais. Mas sabemos também que um dos pontos que temos a nosso favor é o elevado potencial de nosso mercado interno que durante muitos anos foi ignorado no país e os investimentos nas políticas sociais estão mudando esse quadro.
Neo Mondo - Janeiro 2009
7
Artaet Arantes da Costa Martins
A Crise Mundial
e o meio ambiente Os impactos da crise nas questões ambientais.
D
ada a magnitude e o alcance da atual crise econômica, o mundo sem dúvida sofrerá uma significativa desaceleração econômica - de grau e duração incertos -, afetando profundamente todos os aspectos da sociedade mundial. Das muitas áreas que serão impactadas pela desaceleração, destacase, em particular, o meio ambiente. Por estarem intimamente ligados ao ritmo de consumo dos recursos naturais, esforços significativos para diminuir o declínio ambiental se mostrarão muito caros. No geral, o crescimento estável da economia mundial - em sua a maior parte impulsionado pela fenomenal expansão econômica na China, Índia e outras nações - exigia um aumento correspondente na demanda de todas as formas de energia, especialmente de combustíveis fósseis (petróleo, carvão e gás natural), causadores do efeito estufa. O resultado, não muito surpreendente, era a previsão de um dramático aumento na emissão de dióxido de carbono (CO2), a principal fonte dos gases responsáveis pelas mudanças climáticas do efeito estufa. O aumento na taxa de emissão desses gases precipitaria alterações climáticas globais, resultando em secas persistentes, no aumento da atividade de tempestades, e num significativo aumento do nível do mar.
08
Neo Mondo - Janeiro 2009
Ao mesmo tempo, porém, a escalada no preço do petróleo - causada pelo forte aumento da demanda - juntou-se à crescente conscientização dos riscos do aquecimento global, resultando em impulso inédito nos investimentos em energias alternativas. Muitos governos, empresas de energia e investidores capitalistas de risco anunciaram planos de injetar altas somas no desenvolvimento de combustíveis alternativos, bem como em melhores métodos para a obtenção de energia eólica e solar. Como a atual crise econômica afetará este cenário? Há tanto boas quanto más notícias. O lado bom A boa notícia é que os tempos econômicos difíceis levarão as pessoas a dirigir e voar menos, consumindo menos energia e diminuindo a expectativa quanto à emissão de gases causadores do efeito estufa. Se a crise econômica se aprofundar, os consumidores ao redor do mundo devem cortar viagens e uso de energia, consumindo menos petróleo e diminuindo as emissões de CO2. O lado ruim Há, também, uma desvantagem nisso tudo. A mais grave é o risco de que investidores capitalistas deixem de aportar dólares em projetos energéticos inovadores.
Os governos também podem ter um período difícil no levantamento de fundos para projetos energéticos alternativos. Na verdade, os líderes de alguns países já pedem, devido à crescente crise econômica, um abrandamento nos esforços pela diminuição das emissões de gases causadores do efeito estufa. É previsto que os líderes europeus implementem um plano detalhado para atingir esse objetivo o mais rápido possível. Ainda não está claro se a crise irá fazer mais bem ou mal ao meio ambiente. No curto prazo, ela certamente deve diminuir o aumento nas emissões de dióxido de carbono. Vai, também, causar um atraso no desenvolvimento de projetos ambientalmente perigosos. Mas, se a crise frear o desenvolvimento de energias alternativas por qualquer período de tempo, ela acabará cancelando os efeitos positivos. Muitos esperam e observam o que acontece nos mercados financeiros globais. Do mesmo modo, o veredicto é ainda incerto sobre o derradeiro impacto da crise sobre o meio ambiente.
Assessor da Qualidade, Meio Ambiente, Responsabilidade Social e Ouvidoria. Engenheiro com mestrado em Qualidade e Pós-graduação em Gestão Ambiental.
Neo Mondo - Outubro 2008
A
Economia
ENTENDENDO A CRISE
ECONÔMICA MUNDIAL
O que há de real e de factóide na crise internacional e como o Brasil poderá superar esse período. Liane Uechi
O
ano de 2008 terminou e o novo se iniciou tendo como tema a crise econômica mundial. Assuntos e termos técnicos como subprime, bolha, bolsa de valores em baixa e outros termos do “economês” passaram a bombardear os noticiários, ressoando mais alto que os fogos de artifício que brindaram as festas de Réveillon. O ci-
10
Neo Mondo - Janeiro 2009
dadão se vê numa corrente de expectativas negativas que crescem à medida que notícias como demissões em massa, férias coletivas, cortes de investimentos, fechamentos de unidades, dentre outros, começam a entrar nos lares brasileiros, não apenas via notícias jornalísticas, mas também pela porta da frente. Apesar de tantos comentários, ainda há
um desconhecimento do que gerou essa crise e dos seus reais impactos para a sociedade brasileira. O economista e assessor do gabinete da reitoria da Universidade Federal do Pampa, no Rio Grande do Sul, Eduardo Mauch Palmeira, traduziu para a Revista Neo Mondo, os principais pontos referentes a essa crise sem precedentes.
Neo Mondo: Qual o fator responsável pela crise econômica? Onde começou? EMP: Começou nos Estados Unidos, que demonstraram ao resto do mundo que a sua dita supremacia econômica e política não era tão sólida assim. A falta de transparência administrativa e a maneira como grandes empresas americanas demonstram seus pareceres contábeis, leva a crer que não existe seriedade por parte de seus dirigentes. O que causa estranheza, pois não faz muito tempo era comum escutarmos por parte da imprensa americana que o Brasil não era um país confiável contabilmente. Porém, um fato merece ser lembrado: a falência da Enron, então considerada uma potência empresarial, que em 2001 pediu concordata e, dez dias depois, o Congresso Americano descobriu que a empresa possuía uma dívida aproximada de 22 bilhões de dólares. Em diversos artigos, foi considerada a falência mais importante da história empresarial americana. A Enron era a sétima maior empresa dos Estados Unidos e uma das maiores empresas de energia do mundo. No Brasil, a Enron mantinha participações na CEG/ CEGRio, no Gasoduto Brasil / Bolívia, na Usina Termoelétrica de Cuiabá, na Eletrobolt, na Gaspart e na Elektro. Isso nos leva a refletir sobre a atitude que tomou conta de milhares de investidores que, na busca de lucros rápidos e fáceis, apostaram em empresas que não foram capazes de corresponder às expectativas. O fato de que os bancos americanos financiaram seguimentos a descoberto, principalmente no ramo imobiliário, onde as classes menos favorecidas daquele país adquiriram imóveis sem ter condições de pagar, foi o estopim da crise. Neo Mondo: Sendo assim, essa era uma crise previsível? EMP: O Prêmio Nobel de economia de 2008, Paul Krugman, nos idos de 1997/98, já alertou sobre a formação de uma “bolha”, mas nem o governo americano nem as empresas acreditaram no brilhante economista. O resultado é essa crise que desencadeou não só os problemas no setor financeiro americano, mas também no segmento
automobilístico, que há vários anos demonstra em seus balanços prejuízos. A teoria liberal de que o mercado se auto-regula é uma falácia. O certo é que não existe almoço de graça, alguém sempre irá pagar a conta, de uma forma ou de outra. Os economistas não possuem “bola de cristal” para prever o futuro, mas é possível dizer que o fim da atual crise financeira mundial está muito distante. Neo Mondo: Por que a crise nos EUA se tornou internacional? EMP: A crise tornou-se internacional em função da globalização imposta pelos EUA. Os americanos possuem um padrão de consumo em massa de produtos e serviços. Com a redução desse consumo, os EUA afetam o comércio globalizado, influindo diretamente no PIB - produto interno bruto dos demais países exportadores. Neo Mondo: Por que as Bolsas de Valores foram afetadas? EMP: Há uma história que ilustra bem o que aconteceu no mercado de ações. Chama-se “Os Burros e o Mercado”: “Uma vez, num pequeno e distante vilarejo, apareceu um homem anunciando que compraria burros por R$10,00 cada. Como havia muitos burros na região, os aldeões iniciaram a caçada. O homem comprou centenas de burros a R$10,00 e, como os aldeões diminuíram o esforço na caça, o homem anunciou que pagaria R$20,00 por cada burro. Todos, novamente foram à caça, mas os burros foram escasseando e os aldeões desistiram da busca. A oferta aumentou então para R$25,00 e a quantidade de burros tornou-se tão pequena que já não havia mais interesse em caçá-los. O homem então anunciou que compraria cada burro por R$50,00. Como precisava viajar deixou seu assistente cuidando dos negócios. Na ausência do homem, o assistente propôs aos aldeões: - Sabem os burros que o homem comprou de vocês? Eu posso vendê-los a vocês a R$35,00 cada. Quando o homem voltar da cidade, vocês vendem a ele pelos R$50,00 que ele oferece e ganham uma boa bolada. Os aldeões Neo Mondo - Janeiro 2009 Neo Mondo - Dezembro 2008
29 15
Economia
“
... não existe almoço de graça, alguém sempre irá pagar a conta, de uma forma ou de outra
pegaram suas economias e compraram todos os burros do assistente. Os dias se passaram e eles nunca mais viram nem o homem nem o seu assistente, somente burros por todos os lados”. De modo semelhante, o mercado de ações foi afetado, diante da bolha imobiliária. Ocorreu uma epidemia de calotes e hipotecas cobradas que, por sua vez, fez com que os títulos ancorados nessas hipotecas, que circulam no mercado, despencassem de valor, gerando um ciclo vicioso que levou a uma crise jamais vista. Neo Mondo: Há, nesse início de ano, uma previsão bastante negativa de desaceleração no crescimento. Esse ambiente pessimista, no Brasil, tem fundamento ou tem um pouco de “alarmismo”? EMP: Os comentários são vários, mas creio que o Brasil está fazendo mais alarde do que o necessário. É claro que as dificuldades existem, mas o mundo inteiro vinha consumindo de forma exagerada, baseada nas regras de consumo dos EUA. O setor produtivo vai sentir o reflexo da crise mundial sim, mas se as empresas revisarem os seus planejamentos estratégicos, com certeza, passarão por esta crise e sobreviverão para colher bons frutos ao longo dos próximos anos. Neo Mondo: Quais os setores da economia brasileira que mais serão atingidos? EMP: Os setores automobilístico e de metal-mecânico, que por sua vez afetam os segmentos ligados a extração de minérios. Também é claro, o mercado financeiro, pois este reduziu a liberação de crédito, freando o consumo de bens e serviços. Mas acredito que os países emergentes sairão fortalecidos desta crise. A China há dez anos
12
Neo Mondo - Janeiro 2009
”
tem demonstrado um crescimento de 10% a 12% e deve agora reduzir a patamares de 6% a 7%, o que é aceitável. O grupo BRIC (Brasil-Rússia-ÌndiaChina) não sofrerá tanto porque têm o consumidor interno. Embora os EUA sejam o maior consumidor mundial têm outros países que podem substituir, em parte, o consumo americano. Neo Mondo: Medida como a demissão em massa, adotada por algumas empresas, é a melhor saída para enfrentar esse período de crise? EMP: Não me parece à melhor opção, mas é sem dúvida a mais rápida e, por isso, normalmente adotada por nossas empresas. Todos os dias somos informados pela mídia sobre demissões e anúncios de férias coletivas que se multiplicam pelo mundo com a interrupção da produção e o fechamento de fábricas. Os EUA já eliminaram 1,2 milhões de vagas em apenas três meses. A Europa anuncia 10 mil novas demissões a cada dia. O mercado de trabalho entrou em recessão agravado pela escassez do crédito. Sem ele, são afetadas as duas pontas dinâmicas da economia: produção e consumo. Assim, o ciclo que empurra a economia – produção, emprego, consumo – entrou em colapso, e pode modificar a forma de pensamento econômico conhecida até hoje. Neo Mondo: Os avanços sociais e ambientais poderão ser ameaçados pela crise? EMP: Devemos observar que existe uma crise de sustentabilidade, onde o modelo imposto pelos EUA faz com que os países explorem os recursos naturais até exaustão. A visão que estes pregam é que os recursos do planeta estão aí para serem consumidos. Trata-se de uma visão utilitarista,
em função de majorar a produção e os lucros, sem responsabilidade sócioeconômica-ambiental e nem respeito com as gerações futuras. A exploração da terra para novos biocombustíveis atinge diretamente a segurança alimentar de muitos povos. O acesso às fontes de vida (terra, sementes, água, biodiversidade) e aos recursos naturais (em particular os da energia) já é o maior risco de conflitos e guerras. A ONU publicou recentemente estudo que mostra que a falta de água cria o risco de conflitos em 46 países, o que leva a crer que a próxima crise poderá ser a da Água. Neo Mondo: Como o Brasil e os brasileiros devem enfrentar essa crise? EMP: Vamos situar a dificuldade onde ela é real. Não dá para estendê-la para o resto da economia brasileira. Esta crise atinge primeiramente as grandes empresas exportadoras. As pequenas empresas sofrerão com o efeito “dominó”, uma vez que estas são fornecedoras de serviços, peças, equipamentos, etc. Ela está impactada diretamente no mercado financeiro e o cenário ficou grave para os especuladores das Bolsas de Valores. Para o cidadão comum deixo uma mensagem que li há poucos dias: “Crise não existe! Desligue a televisão e trabalhe. Você se surpreenderá com os resultados”. Quem sabe assim podemos superar esse período conturbado? Sem esquecer que alguém vai lucrar e muito com estes acontecimentos.
O economista Eduardo Mauch Palmeira
Dilma de Melo Silva
Correspondente especial de Quioto – Japão
O Japão
e a crise econômica Os impactos da crise na dura realidade dos brasileiros no Japão.
O
ano de 2008 se encerrou com crise econômica sem precedente, abalando todos os países. No Japão não poderia ser diferente. Considerada pelos especialistas como a segunda maior economia do mundo, a Bolsa Nikkei sofre altos e baixos com oscilações do dólar, do euro e o iene super valorizado, o que torna as exportações de produtos japoneses inviáveis. Quem pode comprar? As empresas apelam para demissões, milhares de empregos temporários desaparecem, não há perspectiva de novas contratações. O governo do país está atento, promete ajuda às indústrias que permitirem a permanência dos ex-empregados nas residências. E acena também com um subsídio de alguns mil ienes para as compras do Ano Novo. Mas, isso é pouco. Nao irá resolver a situação, cada vez mais grave. Os partidos da coalizão no poder propuseram a soma de 20 bilhões de dólares para medidas emergenciais contra o desemprego, destinadas, principalmente, a trabalhadores temporários e universitários prestes a se formarem, que estão ameaçados pela crise. O pacote econômico pretende garantir trabalho a 1,4 milhão de pessoas e ampliar critérios para inscrição no seguro desem-
prego. E, também, garantir auxílio às empresas que contratarem como fixos os funcionários temporários, modalidade mais comum entre as empresas japonesas. Incluiu ainda empréstimos para custear despesas com aluguel residencial pois, uma vez demitidos, os desempregados também ficam sem moradia. Em Tóquio, o numero dos homeless, sem teto, cresceu 15% somente nesta virada de 2008 para 2009. A situação torna-se ainda mais dificil para os trabalhadores brasileiros que vieram para o Japão buscando a realização de um sonho. As empreiteiras não contratam, as indústrias estão demitindo em massa. Na cidade de Hamamatsu, onde se concentram muitos dos 333.000 dekasseguis, houve até manifestação dos desempregados que sairam às ruas em protesto pela perda do emprego e da moradia. Esse dado torna a realidade mais sombria. O trabalhador reside em alojamento da empresa e, com a demissão, tem que desocupar o local. Há casos de famílias vivendo em tendas, dentro de carros ou em estações de trem. Estamos no inverno, com temperaturas próximas a zero grau. A imprensa noticia que grupos de voluntários, ligados a diferentes credos religiosos, têm feito mapeamento dos sem-teto, e levado a eles agasalhos e alimentos.
São medidas paliativas e alguns querem esperar um pouco mais na esperança de que as coisas melhorem, de que as medidas governamentais colaborem... Se tomarmos como indicador a situação das escolas para filhos de brasileiros, veremos que o futuro não é alentador. Em 2008 existiam no Japão 98 escolas autorizadas a funcionar pelo Ministério da Educação Brasileiro. Cerca da metade já fechou e as restantes têm de 40% a 50% de vagas preenchidas para 2009. As famílias voltaram ao Brasil, ou então as crianças foram com um dos pais ou parente, deixando as escolas sem alunos. O ano de 1990 ficará como marco por ter sido o período mais promissor dos dekasseguis, mas infelizmente 2008, ano da comemoração do centenário da Imigração Japonesa no Brasil, ficará na memória de todos como o ano em que os sonhos terminaram...E o ano de 2009...um ponto de interrogação. Professora doutora da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, socióloga pela FFLCH\USP, mestre pela Universidade de Uppsala, Suécia, e Professora convidada para ministrar aulas sobre Cultura Brasileira na Universidade de Estudos Estrangeiros.
Neo Mondo - Janeiro 2009
13
Saulo Cruz
Esportes
Lucas Prado, recordista mundial do Atletismo
A ARTE DE VENCER
OBSTÁCULOS
A grande lição que os paraatletas brasileiros deixam para o Brasil. Da Redação
N
este momento de crise econômica mundial e expectativas pessimistas, vale olhar para um passado recente e descobrir que são nas dificuldades que se escondem os caminhos da superação. A Paraolimpíada de Pequim, ocorrida em setembro de 2008, registrou imagens que merecem ser revistas e gravadas como um emblema para 2009. O exemplo dos 14
Neo Mondo - Janeiro 2009
paraatletas brasileiros, que surpreenderam pelos resultados, mostra que a capacidade de superação e a força do trabalho ainda são os melhores aliados para vencer qualquer crise. Esses atletas são experts em transformar obstáculos, dificuldades e descrença em metais valiosos. Prova maior dessa excepcional performance foi vista em 2008, quan-
do o Brasil alcançou a 9ª posição no ranking da Paraolimpíada de Pequim. Nesse evento, com menos assédio da mídia, os brasileiros trouxeram no peito 16 ouros, 14 pratas e 17 medalhas de bronze, quebrando paradigmas e comprovando que a eficiência transcende as limitações físicas, sociais e da visibilidade.
Mauricio Pinheiro
De grão em grão... Responsável pela conquista de cinco medalhas em Pequim, o nadador André Brasil ensina que a mais importante lição está na dedicação e na seriedade com que são realizados os projetos de vida. Aos três meses, ele foi vítima de poliomielite que o deixou com uma seqüela na perna esquerda. Para amenizar seus efeitos, o médico sugeriu que ele se dedicasse à natação. Iniciou treinando com pessoas não-portadoras de deficiências e posteriomente, descobriu que poderia competir como paraatleta. “Muita gente não sabe que ele compete na categoria para atletas com baixo grau de deficiência física, mas quando tomam conhecimento, se surpreendem. Sua excelente atuação também motiva outras pessoas portadoras de deficiência” – destaca Joana Bueno, uma das responsáveis pelo Instituto Superar, organização que agencia alguns dos principais paraatletas brasileiros, entre eles André Brasil. Para Joana, os bons resultados obtidos por esses atletas vem abrindo espaço para novos atletas.
Saulo Cruz
André Brasil, destaque da Natação brasileira
Deficiência eficiente A história do recordista mundial nos 100m e 200m, Lucas Prado, que ganhou nove das dez competições que participou em Pequim, também se assemelha à do nadador. Após perder a visão em 2006, desenvolveu habilidades antes desconhecidas. Aceitou o convite de um amigo parataleta para dedicar-se ao esporte, porque vislumbrou a possibilidade de viajar e conhecer novos lugares, como sempre quis. “Sempre gostei de quebrar barreiras e quando percebi que poderia ir além, aproveitei.
É emocionante demais ouvir as vozes e tentar imaginar o que está se passando e ao mesmo tempo, relembrar de todo o caminho que enfrentei para alcançar este resultado” – disse Prado. Ele é um grande incentivador da prática para-esportiva, visando manter uma trajetória de ascensão, de vitórias e valorização. “Não sou imbatível, quero que outras pessoas corram contra o tempo, não contra mim, e que batam novos recordes. Precisamos de mais atletas de ponta para obter mais investimentos. Estamos fazendo a nossa parte” – afirmou.
Neo Mondo - Janeiro 2009
Daniel Dias, recordista mundial de natação
15
Esportes
... Ainda falta visibilidade de esporte, mas de responsabilidade social” – lamenta Joana. Contudo, ela diz que os resultados mudaram este quadro e quem confirma isso é Lucas Prado: “antes dos bons resultados nenhum veículo de comunicação se interessava. Agora, são várias solicitações de entrevistas” – revela ele. Segundo a representante do Superar, esta exposição, mesmo que tardia e ainda limitada, é importante para o fortalecimento e o desenvolvimento de novas parcerias com empresas que começam a enxergar o patrocínio desses atletas por um novo prisma. Suas marcas estarão relacionadas à garra, determinação, persistência.
Saulo Cruz
De acordo com Joana Bueno, do Instituto Superar, o preconceito tem diminuído aos poucos, porém, ainda falta visibilidade. “O Comitê Paraolímpico Brasileiro levou para a cobertura de Pequim 26 profissionais, somente um representava a mídia impressa e, mesmo assim, tínhamos pouco espaço nos telejornais” – ressalta. Ela conta que a pouca divulgação também se deu nos demais países, frustrando os leitores, internautas e espectadores que esperavam mais informações sobre as provas. “Durante as competições, um editor de esporte de um grande jornal brasileiro negou-se a publicar os resultados da Paraolimpíada, alegando que não se tratava
Daniel Dias, competindo na natação
16
Neo Mondo - Janeiro 2009
De acordo com Francisco Sogari, jornalista e Fundador Presidente do Instituto Gabi, que atende pessoas portadoras de necessidades especiais, a pessoa com deficiência carrega um grande estigma, causado por uma série de “nãos” que lhe são impostos pela sociedade, o que reprime a capacidade de pensar, sentir e agir. “É preciso dar as condições para que eles desenvolvam seus potenciais criativos e espontâneos, e uma das formas de se fazer isso é investir no esporte. Ele é um importante aliado para que essas pessoas respondam a esse estímulo, por vezes mais lento, mas real” – afirma Sogari. “O desempenho da delegação brasileira na Paraolimpíada teve um simbolismo muito especial para todos os que lutam pela causa: a superação dos limites e a convicção do potencial transformado em resultados” – conclui. Que todo esse esforço sirva como lição para 2009.
Márcio Thamos
2009 As lições de Atlante
na folhinha do autoelétrico Os conhecimentos ocultos de nosso calendário.
J
aneiro é mês de ganhar “folhinhas”, o calendário, editado em formatos diversos, imprescindível na programação das atividades do ano que se inicia. Fui trocar a bateria do carro, que andava meio arriada, e recebi, como cortesia do autoelétrico, minha primeira folhinha deste ano. Coisa corriqueira, que a gente prende na porta da geladeira, esquece em qualquer gaveta, ou simplesmente joga fora. Mas o calendário condensa uma sabedoria ancestral e representa um grande avanço nos passos da humanidade, vim pensando enquanto voltava para casa com a bateria do carro tinindo... O calendário estabelece a organização e, por conseguinte, o domínio do tempo pelo homem – o tempo, essa força abstrata e natural, continuamente em fuga, que deixa as marcas mais concretas em nossa vida. E a vida, que é por princípio movimento, encontra no calendário sua medida. Uma medida que relaciona, a partir de regularidades observáveis, os eventos humanos às revoluções dos astros, convertidos desde então em pontos de referência no céu. O calendário nos põe a todos em sintonia cósmica, regrando nossa atuação telúrica de acordo com a animação celestial. Símbolo do eterno recomeço, ele nos inspira a ideia de uma verdadeira comunhão universal. A astronomia foi sempre filosófica. O mito de Atlante, ou muito comumente Atlas, é bastante conhecido. O gigante con-
denado por Júpiter a sustentar nos próprios ombros todo o peso da abóbada celeste foi um grande conhecedor dos mistérios do céu estrelado e, segundo poetas antigos, ensinou aos homens a ciência dos astros e sua regularidade perfeita. O titã Atlante é, sem dúvida, e em todos os sentidos, um dos maiores benfeitores da humanidade. Sem a força excepcional de seus músculos seríamos fatalmente esmagados pela queda abissal das altas esferas, e sem a impressionante justeza de seus ensinamentos jamais teríamos a nossa formidável folhinha de todo dia. Os mais antigos calendários se baseavam nas revoluções da lua. Com suas fases enigmáticas e brilho intenso estampando o céu noturno das cidades de outrora, é natural que ela tenha atraído logo a atenção dos primeiros observadores interessados na constância solene dos corpos siderais. Assim como o espaço entre o nascer e o pôr do sol estabelece naturalmente a duração do dia, a lunação, isto é, o período compreendido entre duas luas novas sugere a noção do mês. Mas o ciclo solar, embora mais difícil de se perceber, não demorou a ser estudado e adotado como referência para o ano, ainda na Antiguidade remota. Ao longo de séculos e milênios, sumérios, babilônios, egípcios, helenos e romanos contribuíram para a instituição e o aprimoramento do refinado sistema de marcação do tempo que, com relativamente poucas adaptações, adotamos até hoje.
Uma curiosidade é que os nomes dos meses em nosso calendário vêm do latim. Mas setembro não é o mês sete, outubro não é o mês oito, novembro não é o mês nove e dezembro não é o mês dez... É que, segundo a tradição, no tempo de Rômulo, o calendário latino tinha apenas dez meses, começando o ano em 1º. de março. Posteriormente, o rei Numa Pompílio teria acrescentado os meses de janeiro e de fevereiro, fixando para Roma um calendário de doze meses. Pensando no desenvolvimento humano duramente perseguido pelos estudiosos antigos que nos legaram um conhecimento tão notável – que mal notamos em nosso dia-a-dia –, estou com vontade de mandar fazer uma moldura e pendurar em lugar de destaque na parede da sala a singela folhinha que ganhei no começo do ano.
Doutor em Estudos Literários. Professor de Língua e Literatura Latinas junto ao Departamento de Linguística da UNESP-FCL/CAr, credenciado no Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da mesma instituição. Coordenador do Grupo de Pesquisa LINCEU – Visões da Antiguidade Clássica. Neo Mondo - Janeiro 2009
17
Tecnologia
Portal
NEO
Novo Portal de notícias é lançado pelo Instituto Neo Mondo, atendendo a demanda por pesquisas de conteúdo socioambiental. Liane Uechi
O
Instituto Neo Mondo estará lançando em fevereiro seu Portal na rede mundial de computadores. Nele, os visitantes terão acesso a farto conteúdo informativo. O Instituto edita duas revistas socioambientais voltadas ao público adulto e infantil: a Neo Mondo e a Neo Mondo Kids. Todo material publicado nas revistas, desde a primeira edição em junho de 2007, estará disponível no Portal, organizado de acordo com editorias: economia, saúde, tecnologia, educação, meio ambiente, social, comportamento, etc. O objetivo é facilitar a consulta desse material, que tem tido forte demanda e procura por parte de escolas, universidades, institutos de pesquisas, dentre outros. No portal, desenvolvido pela empresa Plyn! Interativa, foi utilizada uma gama de tons de verde e amarelo para manter a identidade visual da Neomondo, muito próxima aos conceitos de brasilidade. “Realizamos também
18
Neo Mondo - Janeiro 2009
uma arte gráfica para a topo do portal com imagens e ilustrações interligadas aos conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social. A cada acesso no site uma imagem diferente é visualizada” - explicou Beto Rades, da Plyn. Há espaços para pesquisar por palavras, temas ou ainda categorias e editorias. Também foi criado um campo para sugestões de pautas. Serviços anteriores prestados pelo antigo site, como download integral das edições das revistas bem como a apresentação do planejamento anual, continuam a ser disponibilizados em projeto gráfico leve, moderno e de fácil leitura e pesquisa. Outra novidade será a inserção de notícias atualizadas através de parcerias com outros veículos de comunicação, institutos de pesquisa, fundações e agências de notícias, permitindo dinamismo e atualização. Também serão disponibilizados, após filtragem, materiais de divulgação encaminhados à Redação e que não puderam ser
utilizados na Revista, ampliando, dessa forma, o espaço para as notícias, agendas de eventos e outras programações relativas às temáticas sociais e ambientais . O presidente do Instituto, Oscar Lopes Luiz, afirma que esse investimento reforça a missão da organização que tem como objetivo conscientizar a sociedade, através da informação e do conhecimento, de que as práticas de Responsabilidade Social e Ambiental geram desenvolvimento sustentável, prosperidade e crescimento para os povos e nações. “Hoje, a internet é um manancial valioso de informações e um incontestável veículo de comunicação que, quando bem utilizado, pode fomentar boas práticas” – defendeu Lopes Luiz. O Portal já traz logo na sua inauguração mais de 300 matérias jornalísticas publicadas pela Revista Neo Mondo, cujo diferencial está na abordagem de diversos temas sob o prisma socioambiental e de desenvolvimento social. O leitor poderá conhecer a opinião de
MONDO
Fonte de Pesquisa cerca de 800 entrevistados, fontes de renome e de qualificação inquestionável, que expõem nas matérias suas análises e visões. Também estarão disponíveis os conteúdos dos articulistas da Revista Neo Mondo, todos especialistas em suas áreas de atuação, que abordam de forma criteriosa assuntos relevantes da atualidade. Temas como esportes inclusivos, valores na educação, soluções tecnológicas de sustentabilidade, transportes alternativos, normatizações sociais e ambientais, saúde pública, responsabilidade social, energia, turismo ecológico, segurança alimentar, cultura e artes, etc, assim como cadernos especiais sobre a água, a Amazônia, a Educação, a Gestão Municipal, a poluição industrial, dentre outros, podem ser pesquisados no Portal. INCLUSÃO Ao disponibilizar mais essa ferramenta de informação e pesquisa, o Instituto Neo Mondo avança em sua proposta de criar canais de divulgação, discussão e fomento
de posturas que contribuam para um novo modelo de gestão e de práticas sociais, tanto no mundo corporativo quanto nos demais segmentos da sociedade, alicerçadas no desenvolvimento sustentável. É indiscutível que a rede global de informação, mais conhecida por Internet, facilitou e mudou a forma de comunicar e aceder à informação, assumindo-se como um lugar de lazer, de divertimento, de comércio e serviços, de educação, de investigação, de informação e, sobretudo, de comunicação. Dados do IBOPE// NetRatings revelam que no Brasil cerca de 25 milhões de pessoas estão conectadas à internet em suas casas. Se considerarmos o mundo, esse número pode chegar a 825 milhões de pessoas. ESPAÇO INFANTIL A primeira revista infantil socioambiental do Brasil, a Neo Mondo kids, também recebeu cuidados especiais no Portal, com um hotsite, onde
será possível conhecer, com detalhes, a proposta do Instituto em criar um veículo de comunicação interessante e lúdico, direcionado para crianças. A Revista Neo Mondo Kids propõe discussões de temas sociais e ambientais para o público infanto-juvenil e pode ser utilizado como apoio pedagógico, em sala de aula. Vinculados aos conteúdos estão jogos e brincadeiras, assim como convites para participar de campanhas humanitárias e ecológicas, alimentação saudável, reciclagem e muito mais, num processo de grande interação. Junto com a Revista, o professor recebe o Manual com dicas de aplicação do conteúdo nas classes. Em linguagem própria, com recursos visuais atrativos, a equipe da Neo Mondo Kids formada por profissionais de comunicação e de pedagogia exploram de um forma proativa questões que permitirão formar futuros cidadãos mais conscientes e éticos.
Neo Mondo - Janeiro 2009
19
Meio Ambiente
Reconstruindo
O VALE DO ITAJAÍ
Especialista defende um planejamento estratégico da ocupação urbana, com bases técnicas, como forma de evitar novas tragédias. Liane Uechi
20
Neo Mondo - Janeiro 2009
U
m dos grandes desafios de 2009 será a reconstrução do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, atingido por torrenciais chuvas que provocaram enchentes e deslizamentos, causando destruição, mortes e prejuízos enormes a região. O Vale do Itajaí é formado por 53 municípios agrupados em quatro microrregiões: Blumenau, Itajaí, Ituporanga e Rio do Sul. Vidas foram ceifadas, centenas de casas foram danificadas, outras destruídas. A fúria das águas arrasou vias públicas, pontes, estradas, escolas, hospitais, etc. O prejuízo econômico contabilizando setores como indústrias, comércio, turismo e agricultura são de altíssimo porte.
TRAGÉDIA ANUNCIADA Um agravante nesses acontecimentos está exatamente nas condições previsíveis dessa ocorrência. O presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Médio Vale do Itajaí (AEAMVI), engenheiro Juliano Gonçalves, disse que o ocorrido foi uma tragédia anunciada e denunciada sistematicamente por diversos órgãos técnicos, como a AEAMVI, que realizou estudos que apontavam para a necessidade emergencial da desocupação de áreas de riscos. Para ele, o fenômeno das enchentes poderia ter sido evitado ou pelo menos minimizado, através de obras de engenharia de prevenção e de eficientes sistemas de monitoramento de cheias. “A culpa não foi da chuva, mas da falta de planejamento e de aplicação de conhecimento técnico na ocupação urbana. Se mantivermos o mesmo modelo, atingi-
remos, no futuro, resultados semelhantes e até mais graves” – afirmou Gonçalves. HISTÓRIA RECORRENTE A história mostra que o Vale do Itajaí vem sofrendo de forma recorrente com enchentes, de proporções distintas e que agora foram agravadas pelas alterações climáticas. A região já registrou grandes enchentes, como as de 1983/84 e o deslizamento de 1990. Mas Gonçalves analisa que as causas dessa tragédia tiveram origem em um conjunto de fatores, nos quais além das características naturais como a topografia acidentada, a declividade das encostas e o tipo de solo, estão também sérios fatores socioambientais como as ocupações desordenadas, as ocupações em áreas de risco e de preservação, a irregularidade das construções, as grandes intervenções no meio ambiente sem obras de arrimo e de drenagem, o descaso com as normas técnicas de engenharia e de urbanismo, as alterações significativas na drenagem natural diminuindo a infiltração, e o desmatamento indiscriminado. Desse modo, na visão técnica do especialista, essas ocorrências revelam a falta de um eficiente planejamento contextual e integrado entre as diferentes áreas do conhecimento; a ausência da engenharia pública, que permitiria às populações mais pobres o acesso aos serviços técnicos; a falta de políticas eficientes de fiscalização e de um abrangente programa habitacional social. Aponta ainda a ausência de eficientes pro-
PROPOSTAS TÉCNICAS DA AEAMVI A solução para evitar novas ocorrências de acordo com a Associação dos Engenheiros e Arquitetos do Médio Vale do Itajaí (AEAMVI) passa necessariamente pela elaboração de planejamento estratégico contextual e integrado entre as diferentes áreas do conhecimento, capaz de contemplar: • a desocupação das áreas de risco e degradadas ambientalmente e das áreas de preservação, para sua posterior recomposição; • a relocação gradativa de centenas de famílias para outros locais, mediante um novo programa habitacional abrangente e contextualizado; • uma política habitacional social que inverta a lógica de quanto menor a renda, maior a periculosidade e insalubridade da edificação; • o controle geotécnico das encostas e a fiscalização da ocupação do solo; • um novo modelo de legislação urbanística; • a implementação imediata de um programa de engenharia pública no Estado e nos municípios, garantindo o acesso das classes menos favorecidas aos serviços técnicos de engenharia; • obras de infra-estrutura, de saneamento básico e ambiental e, • eficientes sistemas de alerta, monitoramento e contenção de cheias.
Neo Mondo - Janeiro 2009
21
Meio Ambiente
O CASO BRUSQUE A cidade de Brusque, também no Vale do Itajaí, optou pelo caminho das soluções técnicas e especializadas na reconstrução da cidade após as enchentes de 1983 e 1984 e na última enchente já pode sentir os benefícios dessa escolha. O prefeito, na época, Ciro Marcial Roza, buscou ajuda técnica para enfrentar esses fenômenos. O Instituto de Hidrografia do Paraná e da Universidade Federal de Santa Maria-RS, realizaram um trabalho científico de onde saíram propostas e recomendações para minimizar os efeitos de uma possível enchente.Roza explica que entre as soluções estavam o içamento da Ponte Arthur Schlösser, que foi elevado em 1,80m ; a construção de uma nova Ponte Irineu Bornhausen, sem os pilares na calha do Rio. Obra que foi executada utilizando uma tecnologia adotada na Itália, que são as pontes estaiadas. Também foram executados os serviços de desassoreamento da calha do rio Itajaí Mirim, que possuía muitas formações rochosas conhecidas como “itaipavas” e que foram explodidas. A recomposição da cobertura vegetal dos taludes (barrancas do rio) e a construção de um canal extravasor, que no caso de Brusque optou-se pela projeção e construção de avenidas expressas às margens do Rio que atingiram dupla finalidade: melhorar o fluxo do trânsito no centro da cidade e servir como canal para o escoamento das águas, em casos de enchentes. Todo o projeto exigiu grande investimento e por isso, ainda está sendo realizado, mesmo com mudanças de gestores municipais. Roza diz que os resultados falam por si. “Em 1984, com uma precipitação pluviométrica de 130 milímetros, o centro da cidade ficou 1 metro abaixo da água. Em novembro último, choveu mais de 200 milímetros em Brusque e o centro não foi atingido” – disse o prefeito. Mais ainda assim, a cidade sofreu com deslizamentos e desmoronamentos que atingiram cerca de 600 casas, das quais 250 foram destruídas ou condenadas. Assim, como as demais cidades atingidas, por motivos da ocupação urbana em áreas de riscos.
jetos de saneamento ambiental e de drenagem urbana; a falta de obras de infra-estrutura e ineficiência dos sistemas de alerta, monitoramento e contenção de cheias. “Não se trata de buscar culpados, mas de entender os processos que levaram a esta tragédia anunciada, para que possamos corrigir as ações futuras “ – disse. São exatamente esses critérios citados por ele, que dizem respeito ao planejamento, ocupação urbana e desenvolvimento, que devem ser revistos com embasamento técnico, para a reconstrução do Vale do Itajaí. Gonçalves defende que esse projeto deveria servir de exemplo para todo o país, onde as cidades vivem situações limítrofes de insustentabilidade. “Para tanto, os governos precisam criar projetos de desenvolvimento, com parâmetros técnicos e não políticos. Planos de governo são excelentes para a gestão administrativa, mas não servem para o desenvolvimento da sociedade, pois são de curtíssimo prazo. Precisamos pensar a médio e longo prazo” – defendeu o especialista. Ele alega que os problemas sociais transformam-se em prejuízos incalculáveis para o desenvolvimento do país. Prova maior pode ser verificada nas seqüelas das enchentes, que apontam que R$ 500 milhões em riqueza deixaram de ser gerados em uma semana, além dos investimentos que serão necessários para a reconstrução.
Foto: Wilson Dias/ABr
Situação das ruas atingidas por enchentes 22
Neo Mondo - Janeiro 2009
Situação das estradas atingidas por queda de barreira no município depois dos temporais no Vale do Itajaí, em Santa Catarina
Foto: Wilson Dias/ABr
PROCESSO DE RECONSTRUÇÃO Thiago Galvão, coordenador de ações de prevenção de riscos, da Secretaria Nacional de Programas Urbanos – SNPU, do Ministério das Cidades, explicou que foi criado um grupo técnico cientifico para estudo das ações de reconstrução. Segundo ele, cabe ao grupo analisar as possíveis causas e interferências humanas, mapeamentos, planos de prevenção e monitoramento de riscos, planos de obras e projetos. Fazem parte desse grupo: a equipe da Ação de Prevenção de Riscos/ SNPU, FAPESC, EPAGRI-CIRAM, MCIDADES, IPT, CPRM, UDESC, UFSC, UNISUL, UNIVILLE, FURB, UDESC e UNIVALE. O Ministério das Cidades está envolvido nesse processo através de duas vertentes: a Reconstrução, através de apoio à elaboração de obras de habitação, com recursos da ordem de aproximadamente 140 milhões e a participação no Grupo Técnico-Científico. Galvão informa que a reconstrução seguirá as seguintes etapas: • Ação Estrutural: que começaram por obras de estabilização de encostas, garantindo a segurança dos trabalhos, remoção das famílias de áreas de risco para assentamentos urbanos em locais seguros e congelamento dessas áreas críticas. Essa ação está sendo desenvolvida pela SNH/MCIDADES e COHAB/SC. • Ações não-estruturais: trata-se de uma fase importante do trabalho que, infelizmente, não pode ser realizada em curto
espaço de tempo, pela complexidade do fenômeno, que envolve o estudo sobre os condicionantes geológicos-geotécnicos e dinâmica fluvial do Vale do Itajaí, revisão de métodos de mapeamento, cursos de treinamento de equipes municipais e mapeamentos expeditos. Também está prevista a implementação de sistemas de monitoramento (previsão meteorológica, modelos de chuva-escorregamentos, monitoramento fluvial) e a elaboração de planos de obras, projetos de contenção; elaboração de planos preventivos de defesa civil e de contingência.Segundo Galvão, com esses cuidados o que se pretende é minimizar os impactos trágicos dessas ocorrências. Ele revela que as principais dificuldades encontradas estão na escolha de locais adequados para implantação de novos assentamentos, na revisão dos métodos já aplicados diante da amplitude do ocorrido e na definição das ações a serem desenvolvidas, visto que demandam visão mais sistêmica do processo.
Canal Extravasor no Centro do Brusque
“
“A culpa não foi da chuva, mas da falta de planejamento e de aplicação de conhecimento técnico na ocupação urbana”
”
Foto: Wilson Dias/ABr
Os moradores da região afetada pelas chuvas improvisam meio de locomoção
Casa destruída por deslizamento de terra causado pelos temporais que atingiram o município no Vale do Itajaí, em Santa Catarina Neo Mondo - Janeiro 2009
23
Especial - Planos socioambientais para 2009
Natura
planeja neutralizar emissão de gases Projeto Carbono Neutro vem proporcionando redução nas emissões a cada ano. Meta para 2009 é manter o ritmo. Rosane Araújo
E
Divulgação
mpresa pioneira no desenvolvimento sustentável, a Natura planeja para 2009 dar seqüência ao Projeto Carbono Neutro, por meio do qual vem reduzindo a emissão de GEEs, gases que provocam o efeito estufa, e compensando a emissão do que não foi possível reduzir. Para se ter uma idéia, só em 2007, a empresa reduziu em 7% as emissões de GEEs (também expressos em CO2 equivalentes) na comparação com 2006. Sua produção passou de um índice de 4,40 kg de CO2 equivalentes emitidos para cada kg de produto fabricado para 4,09 kg de CO2e/kg de produto. A meta do programa é alcançar uma redução de 33% até 2011. “Estes resultados estão alinhados com as nossas expectativas. E essa divulgação
representa o início de um processo sistemático de prestação de contas do que estamos fazendo, das nossas conquistas diante do que nos comprometemos a fazer”, declarou Alessandro Carlucci, diretor-presidente, por meio da assessoria da Natura. A diminuição foi possível graças à expansão de iniciativas que a empresa já vinha adotando e que culminaram na criação do Programa, lançado em novembro de 2007. Algumas dessas medidas foram: a utilização de refil nos produtos, a incorporação da metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida (ACV) para embalagens, a vegetalização das fórmulas (substituição do óleo mineral por vegetal), o lançamento da tabela ambiental e a utilização de PET reciclado e álcool orgânico, entre outras.
Extração de castanha em uma das comunidades extrativistas que trabalha com a Natura. Projeto Carbono Neutro considerou desde a extração da matéria-prima de embalagens e ingredientes para quantificar a emissão de gases de seu processo produtivo.
28
Neo Mondo - Janeiro 2009
Além de buscar a redução dos índices de emissão de gases, o Projeto Carbono Neutro visa compensar as emissões que não foram passíveis de redução por meio do financiamento de projetos de reflorestamento e de geração de energia limpa e renovável. Em 2008, cinco projetos foram escolhidos para efetivarem a compensação, e a seleção ocorreu a partir do relacionamento histórico da empresa com algumas instituições e por meio do edital-piloto que a Natura lançou (confira quadro). Para 2009, também foi aberto edital para escolha de outros cinco projetos, mas os selecionados ainda não foram divulgados pela empresa.
Divulgação
Divulgação
Disponibilizar produtos em refis foi uma das iniciativas da empresa que contribuiu para redução do impacto ambiental de sua produção.
Divulgação
Centro integrado de pesquisa, produção e logística da Natura, localizado no município de Cajamar, em São Paulo.
Projeto Carbono Neutro – Natura O que é? Dentro de sua política de desenvolvimento sustentável, a Natura lançou o Projeto, em novembro de 2007, visando reduzir as emissões de GEEs, gases que produzem o efeito estufa, e neutralizar o que não pôde ser reduzido por meio de projetos de compensação ambiental. O primeiro passo do Projeto foi a realização de um inventário para se chegar à emissão total de GEEs direta e indireta, considerando desde a extração da matéria-prima utilizada em ingredientes e embalagens. Através deste estudo, chegou-se à emissão total de 179,6 mil toneladas de CO2. Em 2008, a empresa investiu em cinco projetos, que permitiram a compensação de 224 mil toneladas de CO2 equivalente, uma compensação superior ao emitido pela empresa no ano anterior. Além dos ganhos ambientais, todos os projetos incluíram ações sociais para geração de renda das comunidades envolvidas. O esforço no combate ao aquecimento global foi reconhecido e a Natura foi a primeira empresa da América Latina convidada a integrar o Climate Neutral Network, fórum virtual global para apresentação e discussão de cases de corporações ou governos envolvidos com as mudanças climáticas. Confira o resumo dos projetos apoiados em 2008. 1) Recomposição da paisagem e Sistemas Agroflorestais Parceiro: Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), Pontal do Paranapanema (SP). Quantidade de compensação: 60 mil toneladas de CO2 equivalentes em 30 anos (tempo estimado para o crescimento da floresta). Resumo: O projeto pretende restaurar 184 hectares de áreas degradadas com o plantio de mais de 80 espécies nativas, formando corredores ecológicos entre o parque Estadual do Morro do Diabo e a Estação Ecológica Mico Leão Preto. 2) Recuperação e conservação dos recursos naturais em assentamentos rurais Parceiro: Instituto Ecológica, OSCIP da Região de Cantão (TO). Quantidade de compensação: 60 mil toneladas de CO2e em 20 anos (tempo estimado para o crescimento da floresta).
Resumo: Serão recuperados 150 hectares de áreas degradadas, com o plantio de 167 mil mudas de espécies nativas em Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais em dois assentamentos rurais localizados na região do Cantão.
3)
Uso de biomassa renovável em indústrias cerâmicas Parceiro: Ecológica Assessoria. Quantidade de compensação: 60 mil toneladas de CO2e. Resumo: Promoverá a utilização de biomassa renovável para geração de energia em duas indústrias cerâmicas em São Miguel do Guamá (PA) e duas indústrias cerâmicas em Cristalância e Paraíso do Tocantins (TO). Muitas cerâmicas têm como combustível a energia térmica vinda da queima da lenha nativa.
4)
Cooperativas de Pequenas Centrais Hidrelétricas Parceiro: Pequenas Centrais Hidrelétricas: Ceriluz – PCH Linha Três Leste – Ijuí (RS); CRERAL – PCH Cascatas de Andorinhas – Erechim (RS); Cooperluz – PCH Caraguatá - Santa Rosa (RS). Quantidade de compensação: 14 mil toneladas de CO2e. Resumo: O projeto de compensação para a Natura gira em torno destas três pequenas centrais hidrelétricas. O ganho ambiental está no tipo de energia gerada, limpa e de menor impacto na natureza. Diferentemente das grandes hidrelétricas, cuja atividade depende do alagamento de grandes áreas, as PCHs trabalham com reservatórios mínimos, que não provocam alteração no ambiente.
5) Troca de óleo combustível por biomassa (cavaco de madeira a base de pinnus e eucalyptus) certificada com manejo sustentável Parceiro: AMC Têxtil, Jaraguá do Sul (SC). Quantidade de compensação: 30 mil toneladas de CO2e. Resumo: Batizado de Prosubio, o projeto contempla a troca de combustível não-renovável “fóssil”, o óleo BPF1A, pelo cavaco de madeira à base de pinnus e eucalyptus, uma biomassa renovável de emissão reduzida de GEEs. Este cavaco de madeira é um insumo energético de uma madeira certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC), o que garante que sua retirada seja feita por meio do manejo florestal sustentável.
Neo Mondo - Janeiro 2009
25
Especial - Planos socioambientais para 2009
COOP ampliarรก
SOCIAIS e
24
Neo Mondo - Janeiro 2009
investimentos
AMBIENTAIS A maior cooperativa de consumo da América Latina considera as ações socioambientais como princípios da organização. Liane Uechi
A
maior cooperativa de consumo da América Latina, a COOP, com 26 unidades espalhadas em onze cidades do Estado de São Paulo, atendendo a uma população de mais de quatro milhões de pessoas, assume, há muitos anos, uma forma diferenciada de trabalho, na qual a adoção de práticas de responsabilidade social foi vinculada ao seu processo produtivo. O presidente da COOP, Antonio José Monte, esclarece que esse princípio faz parte da doutrina cooperativista. “Para nós, a responsabilidade social vai além da sustentabilidade do negócio, pois sacramenta o nosso conceito de cooperativismo, cuja proposta é ser uma empresa econômica voltada para o social” – explicou Monte. De fato, essa forma de atuação está prevista nos princípios cooperativistas adotados pela Aliança Cooperativa Internacional (ACI) em Manchester – Inglaterra, em 23 de setembro de 1995. Estes preceitos são adotados pelas cooperativas de todo o mundo através
de suas organizações nacionais que se filiam à ACI, no caso do Brasil, a Organização das Cooperativas Brasileiras, com suas diretrizes refletidas em âmbito estadual pela Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo. “O sétimo princípio é o do Compromisso com a comunidade – onde trabalhamos para o desenvolvimento sustentável de nossa comunidade” – informou o presidente. Para organizar e consolidar essa postura, foi criado o Planeta Coop, que funciona como o braço de responsabilidade social, ambiental e cultural da cooperativa. Seu principal papel é promover o relacionamento com os diversos públicos: colaboradores, cooperados, fornecedores, comunidade e imprensa. Para a Coop, a responsabilidade social abarca a questão ambiental, que recebe ênfase nas ações de: coletas seletivas de lixo, de óleo de cozinha e de pilhas e baterias; de rotulagem ambiental e de utilização de gás de refrigeração não agressivo à camada de ozônio.
O presidente da COOP, Antonio José Monte
Monte explicou que para o ano de 2009, além das atividades do Planeta Coop, os programas já desenvolvidos serão ampliados. “Colocaremos em prática um projeto grandioso no que se refere a coleta seletiva, com estações de
Neo Mondo - Janeiro 2009
27
Especial - Planos socioambientais para 2009
reciclagem instaladas em todas as unidades Coop (exceto Faria Lima) e uma forte campanha de conscientização sobre a importância da prática da reciclagem” - divulgou. O Projeto Mexa-se – circuito de saúde e atividade física também deve receber um up grade, pois está vinculado à promoção de qualidade de vida dos cooperados, que poderão praticar atividades físicas com acompanhamento de profissionais da área de saúde, em diversas unidades da Coop. Outro ponto considerado importante é a conscientização e mobilização, realizados através de ciclos de palestras. Monte defende que o movimento cooperativo tem sido o pioneiro no desenvolvimento e na prática da Responsabilidade Social, isso porque sua estrutura organizacional e democrática permite olhar além dos ganhos financeiros e considerar também como prioridade valores e princípios sociais, que já estão arraigados no coração do modelo empresarial corporativo há mais de 150 anos. “Desde o seu início, as cooperativas tiveram conta de que suas ações afetam a grande maioria de seus membros, incluídos aí os trabalhadores, a comunidade e o entorno no qual operam” – disse o presidente da Coop. Por essa contexto, Monte garante que não se espera dessas ações, necessariamente, um retorno em termos de negócios, já que elas não são utilizadas como ferramenta de marketing. “Pretendemos, apenas – estar integrados ao movimento cooperativista mundial – cumprindo de forma atuante nosso papel”- concluiu.
Plantio de árvores realizado com as crianças do Instituto Janeth Arcain.
PRINCIPAIS AÇÕES AMBIENTAIS DA COOP • Coleta Seletiva de Lixo, com uma média de 850 toneladas/ano nos dois últimos anos e com estimativa, para 2008 (ainda não fechado), do total de 1.300 toneladas. Trata-se de um grande desafio ambiental, tendo-se em conta que a geração de resíduos em um auto-serviço é uma constante e a sua adequada destinação contribui para a preservação do meio ambiente, tarefa à qual se dedicam cooperativas de todo o mundo. Além de se reduzir a carga de resíduos nos aterros sanitários, existe ainda o aspecto social, pois estas coletas são entregues à Cooperativas de Reciclagem, que, através de uma seleção mais avançada, geram fonte de renda para os seus cooperados. • Coleta de óleo de cozinha em quantidade não mensurada. Um recipiente de coleta é deixado à disposição dos cooperados para descarte de óleo usado, ao invés de eliminá-los pelo esgoto, com danos à própria rede e ao meio ambiente. Paralelamente, uma campanha de conscientização é realizada através de cartazes e da revista da Coop, conclamando os cooperados e visitantes a esta prática. O material arrecadado é retirado por uma Ong para a produção de sabão. • Coleta de pilhas e baterias nas cidades onde existem órgãos responsáveis pela coleta de pilhas e baterias. A Coop disponibiliza em suas unidades recipientes para que os cooperados possam descartar esse material altamente tóxico, sem prejudicar o meio ambiente. • Rotulagem ambiental: vem sendo realizado progressivamente, conforme a atualização de suas embalagens de marca própria “Coop Plus”, cujos produtos somam 468 itens nos segmentos: Pet Shop, Limpeza, Perfumaria, Bebidas, Alimentação, entre outros. A rotulagem ambiental indica se a embalagem é de alumínio, aço, vidro ou papel, facilitando a separação dos materiais na coleta seletiva.
26 unidades espalhadas em 11 cidades de São Paulo.
28
Neo Mondo - Janeiro 2009
• Gás de refrigeração não agressivo à camada de ozônio.
Takashi Yamauti
Normas Brasileiras
de Responsabilidade Social e Ambiental (I) Entendendo o porquê das normas e das suas exigências.
M
uitas atividades têm sido realizadas em nome do social e da defesa do meio ambiente pelas empresas, mas poucas têm o conhecimento das normas vigentes sobre o tema: Responsabilidade Social e Ambiental. No ano de 2004, o CFC – Conselho Federal de Contabilidade editou a Resolução Nº 1.003/04, estabelecendo que a partir de 01/01/2006, todas as organizações e instituições deveriam elaborar o Balanço Social e Ambiental e editou a norma NBC – Norma Brasileira de Contabilidade T - 15, estabelecendo parâmetros de apresentação contábil, no sentido de uniformizar a informação dentro dos padrões de contabilidade, pois se trata do ‘’balanço social e ambiental’’. Por outro lado, a ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas editou, no ano de 2004, a norma NBR 16.001 – Norma de Responsabilidade Social e posteriormente a NBR 16.002 – Norma de Equipe de Auditoria, estabelecendo formas e parâmetros de análise e de avaliação da Responsabilidade Social e Ambiental, definindo assim, regras e diretrizes para a certificação. Ao mesmo tempo está em processo de elaboração a norma da ISO - International Organization for Standardization, que definirá a norma internacional de responsabilidade social, denominada de ISO 26.000, a qual será mais uma das exigências internacionais para comercialização de produtos e serviços.
Assim, o tema Responsabilidade Social e Ambiental, passa por uma série de exigências e procedimentos para sua validação e certificação, deixando de ser um ato de simples benemerência ou filantropia, mas com ações de responsabilidade com a sociedade, comunidade e governo. Portanto, os assuntos social e ambiental ganham um destaque nas ações empresariais e nos procedimentos e comportamentos do cidadão, com reflexos na economia e nas nossas atitudes, levando-nos a avaliação e quebra de paradigma sobre o tema social, pois a visão do processo passa obrigatoriamente pelo aspecto democrático em que vivemos, onde devemos respeitar os poderes constituídos e suas normas. Com este quadro, as instituições do terceiro setor como associações e fundações que atuam na área social e ambiental, também terão que se enquadrar neste cenário, não cabendo mais as campanhas de benemerência ou de assistencialismo, devendo propor um novo pacto social e ambiental, em conformidade às normas vigentes. As organizações por sua vez, na necessidade de obter a certificação social e ambiental, terão que direcionar seus investimentos para assegurar a aplicação e resultados sociais e ambientais junto a comunidade em que venha a atuar, garantido seu mercado e ganhos de competitividade.
Mas neste processo, caso as instituições do terceiro setor e os conselhos municipais não tenham se preparado, adequando seus procedimentos para atuar de forma organizada e legalizada, ambos estarão perdendo a grande oportunidade de melhorar a qualidade de vida da comunidade local. Preocupado com este quadro, estaremos a partir deste momento introduzindo e veiculando através desta publicação, as normas e os procedimentos a serem observados no tema responsabilidade social e ambiental e ao mesmo tempo criando uma linha direta de orientação através da internet, através do site www.siai.org.br . Acompanhe a evolução e os procedimentos das normas de responsabilidade social e ambiental, pois eles serão exigidos por muitas empresas e segmentos, inclusive do poder publico, com leis municipais de responsabilidade social e ambiental”, Takashi Yamauchi é especialista em Terceiro Setor, Consultor do Sistema de Apoio Institucional – SIAI e Consultor da Comissão de direito do Terceiro Setor da OAB Seccional Pernambuco. Participou do grupo de estudos para a formulação da Norma ABNT 16001.
Neo Mondo - Janeiro 2009
29
Especial - Planos socioambientais para 2009
BASF Seguirá Investindo na Política de Sustentabilidade
Proteção climática sustentável será um dos alvos da gigante química para o próximo ano. Rosane Araújo
T
ão impressionantes quanto os números de seu faturamento e os diversos ramos de atuação na indústria química são os investimentos realizados pela BASF na área de sustentabilidade. A empresa química, líder mundial, investiu, só em 2007, 25 milhões de reais na gestão de saúde, segurança e meio ambiente em suas unidades da América do Sul. Enquanto os planos para 2009 estão sendo traçados, o balanço das ações da empresa indica que seu foco na área de sustentabilidade está voltado para o desenvolvimento de tecnologias para proteção climática, eficiência energética e conservação de recursos e matériasprimas recicláveis. O investimento nestes setores soma cerca de 400 milhões
30
Neo Mondo - Janeiro 2009
de euros, o que representa um terço de seu orçamento. “A sustentabilidade é intrínseca à história da BASF. Ao longo dos últimos anos, ela tem se fortalecido cada vez mais. Em 2004 foi lançada a estratégia BASF 2015, a qual evidenciou esse foco por meio da diretriz Assegurar o Desenvolvimento Sustentável, colocando esse tema em igual importância aos demais: Econômico, Equipe e Clientes. Essa estratégia acompanha a tendência de mercado na qual as empresas, além de serem sustentáveis nas práticas dos negócios, precisam comunicar, de forma transparente, seu posicionamento quanto aos temas de sustentabilidade”, comentou o vice-presidente da empresa para a América do Sul, Rui Goerck.
O pioneirismo das ações sustentáveis mostra resultados. Nos últimos cinco anos, na América do Sul, a empresa já comemora reduções importantes: 28% no consumo de água por tonelada produzida, 35% na geração de resíduos por tonelada produzida, 12,7% na geração de efluentes, 14,3% nas emissões de CO2 por tonelada de produto vendido e 22% nas emissões de poluentes para a atmosfera – e os procedimentos de rotina já estão abaixo dos limites legais. Além disso, cerca de 7.500 caminhões deixaram de circular pela Rodovia Presidente Dutra, em 2007, em decorrência do uso do modelo ferroviário para o transporte de matérias-primas e produtos do complexo químico de Guaratinguetá para o Porto de Santos e vice-versa.
Eficiência energética é foco de programa Uma das atuais prioridades da política de sustentabilidade da BASF são ações voltadas para a eficiência energética. Desde 2002, foram investidos direta e indiretamente cerca de 9 milhões de reais e, em 2008, a empresa iniciou um Programa de Eficiência Energética no Brasil. Entre as medidas adotadas neste contexto estão: melhoria em isolamento térmico em linhas de vapor, caldeira, reatores e trocadores de calor, recuperação de condensados de vapor
de processos industriais, implantação de gestão de eficiência na geração e distribuição de vapor, gestão técnica e operacional no tratamento de águas de torres de resfriamento e caldeiras, redução de descarte de água e de descarga de vapor de caldeiras, conscientização do uso racional de energias e utilidades por meio de cursos, palestras e campanhas, entre outras medidas. Ainda na área de eficiência energética, a empresa investe em pesquisas que permitem o desenvolvimento de produtos inovadores. Na construção civil, por exemplo, a BASF dispõe de diversas opções de espu-
Plantio de mudas em uma das cooperativas parceiras do Projeto Mata Viva.
Tecnologia aliada à sustentabilidade - Basf transforma garrafas PET em resina utilizada na fabricação de tintas. Cerca de 250 milhões de garrafas já foram retiradas do meio ambiente
Neo Mondo - Janeiro 2009
29
Especial - Planos socioambientais para 2009
mas isolantes térmicos que economizam energia para aquecimento ou resfriamento de ambientes, sendo para uso industrial ou somente para conforto residencial. Outro campo explorado é o desenvolvimento de plásticos especiais para a indústria automobilística que permitem a produção de carros mais seguros e leves, portanto, mais econômicos. A empresa ainda possui aditivos para combustíveis que melhoram a eficiência de queima. E as pesquisas não param por aí. Na agro-indústria a BASF está desenvolvendo produto que requer menor quantidade de fertilizantes. Outro estudo em andamento tem estudado células solares orgânicas, célula de
combustível, materiais de armazenagem de hidrogênio ediodos emissores de luz (LEDS) orgânicos.
Programa Mata Viva é braço no ambiente rural Fora dos laboratórios de pesquisa, os projetos da BASF abrangem também os ambientes rurais. O Programa Mata Viva de Adequação e Educação Ambiental conta com o apoio de cooperativas agrícolas e produtores rurais para fornecimento de apoio técnico e orientação no que diz respeito à recuperação de áreas de preservação permanente degradadas de propriedades rurais e educação ambiental das comunidades envolvidas.
Por meio dele, a empresa planeja recuperar, até o final de 2009, aproximadamente 350 hectares em 35 propriedades rurais de 14 municípios brasileiros, plantadas apenas em 2008 mais de 300 mil mudas de espécies nativas. O programa também deverá capacitar novos profissionais para ampliar sua rede de atuação. Seu primeiro desafio, em 1984, foi a recuperação da mata ciliar do Rio Paraíba do Sul, em área localizada em sua principal unidade na América do Sul, o Complexo Químico de Guaratinguetá, em São Paulo. Durante estes anos já foram recuperados mais de 128 hectares de área, com o plantio de 200 mil mudas de espécies nativas na região. Em 2004, a mata ciliar se tornou sala de aula e passou a receber estudantes e professores.
O Neopor é uma das inovações da Basf na área de eficiência energética. O material isolante contém finas partículas de grafite que agem como absorventes e refletores infravermelhos ajudando a preservar recursos e proteger o clima, pois proporciona a redução do consumo de energia.
A BASF O que é? Empresa química líder mundial, tem em seu portfólio de produtos desde químicos, plásticos, produtos de performance, produtos para agricultura e química fina até petróleo e gás natural. É detentora da marca Suvinil, de tintas imobiliárias. Números Possui 95 mil colaboradores e contabilizou mais de 58 bilhões de euros em vendas em 2007. Suas ações são atualmente negociadas nas bolsas de valores de Frankfurt (BAS), Londres (BFA) e Zurique (AN). A empresa tem planos para investir, aproximadamente, 200 milhões de euros entre 2008 e 2012 na América do Sul. A maioria desses investimentos será destinada à modernização e expansão de seus processos produtivos e manutenção de infra-estrutura na região. Entre 2000 e 2006, a BASF destinou cerca de R$ 14,8 milhões para a manutenção de seus projetos de responsabilidade social. 32
Neo Mondo - Janeiro 2009
Ações e projetos junto às comunidades externas, citados em seu balanço social 2007, perfazem um total de investimentos superior a R$ 3 milhões. Algumas das ações contínuas da empresa na área de sustentabilidade Por meio da marca de tintas imobiliárias Suvinil, a BASF passou a produzir resinas para a fabricação de tintas e vernizes a partir de garrafas PET. Em cinco anos, foram retiradas cerca de 250 milhões de garrafas PET do meio ambiente; Um dos principais produtos desenvolvidos pela empresa, o EcobrasTM é um plástico de fonte renovável e compostável, um combinado de Ecoflex® (plástico totalmente biodegradável e compostável da BASF) e um polímero vegetal a base de milho. Durante a decomposição, o EcobrasTM comporta-se como um composto orgânico normal. Versátil, o plástico pode ser aplicado em embalagens injetadas, filmes para a produção de tubetes para reflorestamento, saco-
las plásticas, embalagens para cosméticos, entre outras alternativas. Criação da Fundação Espaço ECO, inaugurada em junho de 2005, o primeiro centro de excelência para ecoeficiência aplicada na América Latina. Trata-se de uma parceria da BASF com a GTZ (agência do governo alemão para a cooperação internacional) e com o apoio da Prefeitura de São Bernardo do Campo, SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial e SESI – Serviço Social da Indústria. Atua nos três pilares da sustentabilidade – econômico, ambiental e social – ao transmitir conhecimento e tecnologia para aplicação de soluções em ecoeficiência, educação ambiental e reflorestamento. Em dezembro de 2008, a Fundação teve sua análise de ecoeficiência certificada pelo instituto alemão TÜV Rheinland, um dos mais importantes órgãos certificadores do mundo. A metodologia permite avaliar os impactos de um produto, processo ou serviço, desde a retirada da matéria-prima até a disposição dos rejeitos.
Neo Mondo - Setembro 2008
A
Especial - Planos socioambientais para 2009
BRADESCO
CAPITALIZAÇÃO
Mantém o “ PÉ QUENTE” Foto: Carlos Reichert
Norton Glabes Labes, Diretor geral da Bradesco Capitalização
Vincular produtos com ações socioambientais promove ganhos à sociedade. Liane Uechi
A
s previsões pessimistas que rondam o mercado financeiro passam longe de quem é “pé quente”, e, por isso mesmo, o Bradesco Capitalização acredita em bons resultados e planeja suas ações socioambientais com o mesmo entusiasmo 34
Neo Mondo - Janeiro 2009
com que foram iniciadas em 2008. O diretor geral da Bradesco Capitalização, Norton Glabes Labes, disse que o grande destaque no ano passado foi o lançamento do “Pé Quente Bradesco Amazonas Sustentável”, título de capitalização criado em parceria com a Fun-
dação Amazonas Sustentável e que reverte parte do valor arrecadado para programas e projetos de conservação ambiental e desenvolvimento sustentável da Fundação. Até dezembro do ano passado, foram comercializados mais de 330 mil títulos.
VIA DE DUAS MÃOS A aceitação desse tipo de produto, que é vinculado à ações socioambientais, demonstra os benefícios de uma nova postura empresarial, que passa a caminhar por uma via de duas mãos: ao investir parte de seus resultados na preservação do meio ambiente, na promoção do acesso à educação ou na difusão de conhecimento para prevenção de doenças e, dessa forma contribuir efetivamente para a qualidade de vida do brasileiro, o Bradesco abriu portas para novos negócios e ampliou sua linha de produtos, que por sua vez, geraram novas ações sociais e ambientais. Desta forma está instaurado um ciclo no qual toda a sociedade ganha, como preconiza os conceitos de sustentabilidade. Labes explica que há uma ampla gama de produtos nessa linha, como o “Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica”, fruto de parceria com a Funda-
ção SOS Mata Atlântica; o “Pé Quente Bradesco Instituto Ayrton Senna”, em parceria com o Instituto Ayrton Senna; e o “Pé Quente Bradesco O Câncer de Mama no Alvo da Moda”, lançado juntamente com o Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) e que destina recursos para o desenvolvimento de projetos de prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer. Todos eles já estão no mercado há alguns anos e com excelente aceitação. O Bradesco conseguiu dessa forma, com criatividade, vincular estreitamente ao seu negócio - produtos financeiros -, práticas de responsabilidade social. “Além disso, continuaremos a nossa tarefa de difundir no mercado os benefícios de se comprar um título de capitalização como forma de economizar dinheiro com direito a prêmios regulares” – disse Labes.
Especial - Planos socioambientais para 2009
CONTINUIDADE Para o ano de 2009, a Bradesco Capitalização dará seqüência aos programas já conduzidos nos últimos anos até porque têm tido boa aprovação pelo consumidor brasileiro e ainda atendem aos princípios do Bradesco de desenvolver produtos que contribuam para a sustentabilidade . “O sucesso da li-
nha Pé Quente demonstra que a empresa está no caminho certo. E, além disso, revelam o interesse e a disposição do brasileiro em contribuir para projetos sérios de caráter ambiental e social, fortemente comprometidos com o desenvolvimento do país” – afirmou o diretor.
RESULTADOS EXPRESSIVOS Em parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica foi inaugurada, em 12 de fevereiro do ano passado, na cidade de Piracicaba (SP), um viveiro comunitário com capacidade de produção de 250 mil mudas de árvores nativas de mais de 80 espécies diferentes. Elas estão sendo plantadas em propriedades da região com foco em áreas prioritárias para a restauração da Mata Atlântica. As árvores que serão plantadas no local vão permitir a neutralização completa
36
Neo Mondo - Janeiro 2009
da emissão de CO² (gás carbônico), resultante do trabalho realizado pelos mais de 82 mil colaboradores da Organização Bradesco. Em todo o Brasil, o “Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica” já viabilizou o plantio de mais de 20 milhões de árvores nativas na Mata Atlântica. O ano passado foi um ano especial para a Bradesco Capitalização. Até dezembro, o “Pé Quente Bradesco SOS Mata Atlântica” comercializou mais de 2,6 milhões de títulos,
viabilizando recursos para o plantio de 20 milhões de árvores nativas na Mata Atlântica. Já o “Pé Quente Bradesco Instituto Ayrton Senna” comercializou mais de 1,5 milhão de títulos de capitalização, destinando parte desses recursos para a criação de oportunidades a crianças e jovens dentro e fora da escola. “Esses números nos deixam otimistas de que 2009 será um ano de grandes realizações para a Bradesco Capitalização” – concluiu Labes.
Eduardo Sanches
Novos tempos
de velhas crises
Crise trará mudança na forma de comunicação empresarial com a sociedade.
E
stamos iniciando um novo ano com muitas expectativas e muitas incertezas. Até que ponto a crise mundial afetará a economia nacional e consequentemente, nossos projetos socioambientais? As empresas planejaram seus orçamentos com bastante cautela, mantendo investimentos de controle ambiental, segurança e continuidade operacional, mas restringindo projetos de alto investimento na imagem socioambiental da organização. Nos últimos anos, a indústria, principalmente a química e petroquímica, criou canais de aproximação entre a sociedade e seus processos produtivos, objetivando aferir o conhecimento das pessoas com os controles existentes dentro de suas fábricas, tanto em relação a seus produtos como serviços. Esse processo de troca de informações propiciou à sociedade discutir com maior clareza as questões ambientais
relativas aos produtos e processos químicos e petroquímicos. Hoje, com a forte crise instalada mundialmente e dificuldade de sobrevivência das indústrias nacionais frente aos grandes grupos internacionais, há a necessidade de um realinhamento de seus recursos financeiros de forma a garantir a continuidade operacional, o atendimento ao mercado, a manutenção de controles ambientais e de ambientes seguros e adequados ao trabalho de seus colaboradores. Esse realinhamento pode gerar a falsa impressão de restrições nos controles ambientais o que não é verdade, mesmo porque existe uma forte pressão dos organismos de fiscalização que atuam para garantir o atendimento legal das rigorosas normas ambientais por parte das indústrias. O que irá mudar será o modo de divulgar esses projetos e de interagir com a
sociedade durante esse período de crise. Podemos enxergar aí uma grande oportunidade para a sinergia entre áreas de comunicação e ambiental para desenvolverem projetos com a comunidade com menos recursos financeiros, mas com efetividade. Hoje, a informação tem um fluxo mais fácil, assim como a sociedade também se mostra mais preparada para recebê-la. São nesses momentos de crise que podemos encontrar algumas oportunidades interessantes de um balanceamento adequado dos recursos para os projetos que pretendemos desenvolver. A participação da sociedade também é muito importante, não apenas cobrando projetos antigos, mas criando novas alternativas para que juntos possamos superar os períodos mais críticos e nos prepararmos para avançar nos momentos mais propícios.
Eduardo Sanches Gerente de Meio Ambiente, Segurança, Saúde e Qualidade de Grupo Petroquímico. Professor universitário de Gestão Ambiental e de Pós-Graduação (MBA). Neo Mondo - Janeiro 2009
37
Especial - Planos socioambientais para 2009
Unicamp desenvolve
Novas Tecnolo Universidade cria empresa para viabilizar projeto e está aberta a parcerias para ampliar o seu alcance social.
Foto: Antoninho Perri
Gabriel Arcanjo Nogueira
O
País precisa acordar para que não tenha de importar células solares de terceira geração da China. O alerta, da profa. dra. Ana Flávia Nogueira, do Instituto de Química (IQ) da Unicamp, é seguido de uma explicação abalizada: “Temos essa tecnologia aqui”, diz com a segurança de quem, no Laboratório de Nanotecnologia e Energia Solar (LNES), está à frente de um grupo de 15 cientistas que desenvolve novas tecnologias para aproveitamento da energia solar. Além de acordar para o potencial de energias renováveis de que dispõe, o Brasil ainda carece de vontade política e de investimento em infra-estrutura, como laboratórios e equipamentos, lembra Ana Flávia. Longe de ser pessimista - antes ao contrário -, a profa. dra. diz “estar bastante otimista” com o momento socioambiental brasileiro. Isto porque, “comparado ao de 10 anos atrás, tanto governo quanto população enxergam que precisamos de alternativas sustentáveis para a questão energética. Não dá mais para ignorar que depender de combustíveis não renováveis não é uma boa estratégia para o pleno crescimento econômico”. 38
Neo Mondo - Janeiro 2009
gias Para daqui a 3 anos A Unicamp é exemplo de como a comunidade acadêmico-científica é incansável na busca de soluções que tornem o desenvolvimento sustentável do País uma realidade. Casos das células fotoeletroquímicas de óxido de titânio (TIO2), cujos estudos estão mais avançados, e das células fotovoltaicas orgânicas. Temas que ocupam o tempo de Ana Flávia desde 1996, durante seu Mestrado. A cientista fala das vantagens da novidade, que deve constar de produtos como notebooks, celulares e brinquedos daqui a uns três anos. O preço do dispositivo é a maior vantagem em relação aos convencionais - até 80% menor. Para viabilizar o projeto, o LNES criou a Tezca Células Solares, que começa suas atividades neste início de ano na Companhia de Desenvolvimento do Pólo de Alta Tecnologia de Campinas (Ciatec). Agnaldo de Souza Gonçalves, pós-doutorando no IQ da Unicamp, é um dos sócios da empresa, cujo objetivo é transformar conhecimento em produtos. Ele esclarece que um deles é produzir células solares flexíveis de óxido de titânio. O que já é um avanço, mas ainda não é tudo, ressalta Ana Flávia. Por isso, a Universidade está aberta a novas parcerias e até já iniciou contatos com a SunLab, de Bragança Paulista. A professora tem a exata noção do que pode ser feito para ampliar o alcance social da iniciativa que coordena. A constituição da Tezca como spin-off - uma empresa surgida de um grupo de pesquisa - faz a pesquisadora ver com bons olhos a possibilidade de despertar o interesse de empreendedores dos mais diversos âmbitos, entre eles iniciativa privada, ONGs, governos. “A combinação de todos traria vantagens enormes. No caso da iniciativa privada, à qual também estamos abertos, vejo
Foto: Antoninho Perri
Agnaldo de Souza Gonçalves e Ana Flávia Nogueira
uma vantagem a mais. É onde as coisas acontecem mais rapidamente. É só nos procurar, que faremos o contato com a Tezca”, afirma. A profa. dra. tem como preocupação central o crescimento populacional e a demanda cada vez maior de energia. Por isso, não tem dúvida: “Vamos sim ter de buscar alternativas que minimizem o impacto ao planeta”. Se isso for feito por todos o quanto antes, melhor. Inconformismo X Iniciativa A profa. dra. Ana Flávia não se conforma como o País ainda explora muito pouco a energia solar de que dispõe e revela aguns dados de seus estudos: • de um potencial de 10 mil MW, estão instalados apenas 12 MW em comunidades isoladas, e outros 80 MW se conectam à rede elétrica, mas em caráter experimental;
• o LNES da Unicamp já tem um protótipo de célula solar de óxido de titânio; • o dispositivo pode ser aplicado em roupas de uso militar; • a equipe do LNES trabalha para aprimorar a eficiência das novas tecnologias; • o momento, histórico, é de dominar essas tecnologias e tornar essas células solares baratas; • o mercado de produtos eletrônicos portáteis cresce de forma exponencial.
Para saber mais sobre as novas tecnologias de aproveitamento da energia solar, desenvolvidas na Unicamp, acesse : http://www.unicamp.br/unicamp/ unicamp_hoje/ju/dezembro2008/ capa419.php
Neo Mondo - Janeiro 2009
39
Os efeitos do
Terence Trennepohl
pré-sal
Como garantir que a descoberta dessa verdadeira mina signifique algo de proveitoso para os brasileiros.
A
notícia da descoberta de novos reservatórios de petróleo na camada do pré-sal, a mais de 6.000 metros de profundidade, ganhou as manchetes da imprensa nacional e internacional no final de 2008. Essa camada, que se estende do Espírito Santo a Santa Catarina, seria responsável por um reservatório com algo entre 40 bilhões e 80 bilhões de barris de óleo de boa qualidade. Isso para os menos afoitos. Há outros que ousam falar em mais de 300 bilhões de barris. Para se ter uma idéia do que isso significa, esse número representa mais do que possui a Arábia Saudita, que atualmente é a maior potência mundial de petróleo. Ainda que a camada do pré-sal possua o equivalente a 100 bilhões de barris, essa quantia já colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores de petróleo do mundo. O receio (se é que há) para as esferas públicas será a infra-estrutura, suficiência e bom senso na regulação, correta distribuição de receita, geração de emprego e renda em torno dessa verdadeira mina que nos foi revelada. O governo cogita, inclusive, a criação de uma nova estatal para administrar essas reservas, já que a Petrobras possui capital privado e as reservas do pré-sal pertencem “ao povo brasileiro”, nas palavras do Presidente Lula. Porém, ainda pouco se falou sobre o impacto econômico dessa descoberta, e como
“
... pouco se falou sobre o impacto econômico dessa descoberta
40
Neo Mondo - Janeiro 2009
”
ele será “controlado”, para que as disparidades sociais no Brasil não se agravem. Em números, no ano de 2007 o pagamento de royalties ligados à extração do petróleo (petróleo e gás) chegou perto dos R$ 15 bilhões de reais, levando em conta uma movimentação de quase 800 milhões de barris de petróleo. Se a pior das projeções se concretizar, e tivermos na faixa do pré-sal algo em torno de 40 bilhões de barris, basta fazer a conta dos valores que serão arrecadados pelos cofres públicos. É de se lembrar que a Constituição Federal prevê um meio ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e futuras gerações. Nessa esteira, temos que garantir que essa descoberta signifique algo de proveitoso para aqueles que virão nos substituir. A Petrobras precisará de navios, plataformas, refinarias, enfim, mão-de-obra qualificada para lidar com essa novidade. A empresa tem estimado que as reservas na bacia de Santos são mais significativas do que na bacia de Campos.
O Estado de Pernambuco também está bem posicionado nesse cenário, em razão dos investimentos no Porto de Suape. O Estado tem uma grande oportunidade de se fazer presente no setor e atender a uma demanda que surgirá a partir das novas descobertas e sucessivas fases de exploração de refino. O Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, está em fase de construção e já recebeu vários pedidos. Ressalte-se que, com a conversão da Medida Provisória no 11.786, de 25 de setembro de 2008, a União Federal foi autorizada a destinar R$ 1 bilhão ao Fundo de Garantia para a Construção Naval (FGCN). Certamente, num prognóstico alvissareiro, estamos diante de uma boa oportunidade para Pernambuco e para o Brasil. Vamos aproveitá-la bem! Advogado de Martorelli e Gouveia Advogados Professor da UFPE Mestre e Doutorando em Direito (UFPE) E-mail: tdt@martorelli.com.br
Caio Martins
O “novo velho”
acordo ortográfico e suas alterações Pesquisas mostram que seriam necessários 10 anos para adaptação às novas regras.
O
escritor e lingüista Marcos Bagno descreveu muito bem a discriminação sofrida pelo português falado no Brasil, em seu livro “O preconceito lingüístico: o que é, como se faz”. Ele cita um mito que diz “o brasileiro não sabe português, só em Portugal se fala bem o português”. O fato é que a língua falada no Brasil é diferente da falada pelos portugueses. Pois bem, para acabar com esses problemas de diferenciações, entra em vigor, a partir de 2009, o novo acordo ortográfico da língua portuguesa, que padroniza e muda algumas regras para uniformizar o registro escrito nos países falantes da língua. Após 19 anos de sua criação, as mudanças finalmente saem do papel, ou melhor, entram de vez no papel. O principal motivo desse acordo é facilitar o intercambio cultural e científico entre os países de Língua Portuguesa (CPLP), que são: Brasil, Portugal, Cabo Verde, São Tomé, Príncipe, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor Leste. Mas afinal, o que mudará para os brasileiros? Pouca coisa. Apenas 0,5% do vocabulário brasileiro terá mudanças. Uma
A
B
C
das principais modificações é a inclusão oficial das letras K, W e Y no alfabeto, totalizando assim 26 letras. Mudanças significativas em relação à acentuação são observadas no acordo. Um exemplo é o desaparecimento do acento circunflexo em paroxítonas terminadas em “eem” e “oo”. Palavras como “lêem” e “vôo” agora não terão mais acentos, sendo escritas “leem” e “voo”. Ainda em relação à acentuação, o sinal gráfico que diferenciava palavras como pára (do verbo parar) e para (preposição) serão, na maioria, retirados. Talvez, o que mais deixará saudade é o desaparecimento total da trema nas palavras do vocabulário português. Apenas palavras estrangeiras continuarão com os famosos “pingos nos us”. Mudanças mais radicais e complicadas no hífen também fazem parte do acordo ortográfico. Prefixos terminados em vogais passam a ser usados quando o segundo elemento se inicia por vogal idêntica à vogal do prefixo. Por exemplo, a palavra “microondas” passa a ser escrita como “micro-ondas”. Já em outros casos, na mesma condição, o hífen desaparece, como em “infra-estrutura” que passa a ser escrita como “infraestrutura”.
D
e
f
Palavras com prefixo “bem” perdem hífen e se juntam com a palavra seguinte, ocorrendo uma aglutinação. Por exemplo, palavras como “bem-feito” e “bem-querer” passam a ser escritas “benfeito” e “benquerer”. Algumas palavras compostas perdem também o hífen, como “manda-chuva” e “pára-quedista”, sendo escritas “mandachuva” e “paraquedista”. O governo brasileiro dará três anos para a adaptação do país, que inclui a modificação dos livros didáticos. O problema é que uma pesquisa mostrou que seriam necessários pelo menos 10 anos para que todo o Brasil se adaptasse à nova forma de escrever. Agora, se para os brasileiros demoraria todo esse tempo, sendo que poucas mudanças serão feitas no vocabulário, quanto tempo seria necessário pra os portugueses se adaptarem, já que muitas palavras serão modificadas, tendo seu famoso sotaque das letras “c” e “p” (como é o caso de “acção” e “baptismo”) retirados? Muito tempo.
g
Caio Martins é estudante de jornalismo e estagiário no Instituto Neo Mondo. Neo Mondo - Janeiro 2009
h
i
41
j
Fotos: PaulaLyn Carvalho
Espaço Verde Urbano
Leitura Socioambiental
da
Fotografia Urbana Pesquisa para identificar e reeducar uma sociedade de risco por PaulaLyn
Ricardo Veneziani
Brincar de bola, andar de bicicleta, levar seu animal de estimação para passear (veja algumas regras no site), caminhar, ou simplesmente sentar e ver o tempo passar são algumas das opções de um dos espaços do Parque da Juventude. Vale à pena conhecer para compreender melhor a capacidade que temos em transformar.
PaulaLyn Carvalho é Diretora de Arte, Fotógrafa e Pesquisadora. Graduada em Comunicação: Design Gráfico e Pós-Graduada em Arte Integrativa, pesquisa e registra o socioambiental nos parques urbanos de São Paulo (Estaduais, Ecológicos etc.), Parques Nacionais e Ecológicos, APAs e Reservas do Brasil. www.paulalyn.com.br contato@paulalyn.com.br
A
Secretaria do Esporte, Lazer e Turismo foi responsável por um dos melhores espaços públicos para o esporte e o lazer do Brasil: o Parque da Juventude. Dicotomias à parte, da energia deixada do passado não sobrou nada; nem ao visitar as ruínas das celas (foto ao lado) e os corredores suspensos (foto à dir.) que foram preservados. O parque, além de uma beleza imensa e uma paz incomensurável, possui uma área de 240 mil m² dividida em três espaços. Para o esporte, o parque oferece quadras de vôlei, de basquete, de tênis, pista de skate e aulas gratuitas em várias modalidades esportivas. Para os amantes da natureza e para quem busca a contemplação, visitar a pequena Mata Atlântica de 16 mil m², árvores ornamentais e árvores frutíferas, alamedas e bosques, é a melhor opção. E, por fim, uma área destinada à cultura, com cursos e salas com acesso gratuito à Internet (Programa Acessa São Paulo) (fotos à dir.). Ainda estão em desenvolvimento outros projetos, como um teatro de mais de 4,5 mil metros quadrados, com opção de palco virado para a área externa, comportando uma platéia de até 30 mil pessoas no gramado. O Córrego Carajás, que cruza o parque e desemboca no Rio Tietê, faz parte de um plano de manejo com a Sabesp que busca deixar suas águas 70% mais limpas. Para saber mais: www.sejel.sp.gov.br/parquedajuventude/
42
Neo Mondo - Janeiro 2009
Neo Mondo - Janeiro 2009
43
Fiscal da Floresta
Um Olhar Consciente da
Amazônia
Foto: Luc Viatour
A Revista Neo Mondo vasculha as ações e devastações da Amazônia Legal Brasileira e traz as principais novidades sobre a região. Da Redação
Multas aplicadas pelo Ibama Um relatório parcial das multas ambientais emitidas pelo Ibama aponta que as autuações na Amazônia, realizadas entre 1º de Janeiro e 8 de Dezembro, acumulam um valor de R$ 1,76 bilhões. Esse valor corresponde a 54% do total das multas aplicadas pelo órgão. As autuações variam de corte, armazenamento e transporte ilegal de madeira na região amazônica. Entre os estados da Amazônia Legal, os que acumulam maiores valores de multa são o Pará, Mato Grosso, Amazonas e Rondônia.
Degradação da floresta em 2008
Reduções até 2017 O governo anunciou a meta de redução do desmatamento da Amazônia. A proposta é reduzir à metade a destruição das matas até 2017. Hoje, anualmente, o desmatamento gira em torno de 12 mil km² e o objetivo é diminuir para menos de 6 mil km². A proposta surgiu após o Brasil ter recebido duras críticas internacionais de que o país estaria fazendo pouco para combater o aquecimento global. Atualmente, o desmatamento e as queimadas são responsáveis por 75 por cento das emissões de gases causadores do efeito estufa brasileiro.
A relação entre o desmatamento e a seca no sul do país inviável Em 2004, a região sul do Brasil sofreu com uma seca que teve como conseqüência a perda de mais da metade da produção de soja da região. Cinco anos após o ocorrido, pesquisadores financiados pelo Global Canopy Programme descobriram que as causas da seca estariam ligadas ao desmatamento da Amazônia. Os estudos partiram do conceito de rios voadores (massas de umidade que nascem da transpiração das árvores amazônicas, locomovem-se em direção ao sul e causam cerca de 70% das chuvas da região).
A 44
Outubro2009 2008 Neo Mondo - Janeiro
As pesquisas mostraram que com uma menor quantidade de árvores e, conseqüentemente, uma menor transpiração, menos umidade foi levada ao sul do país, causando as secas.
O Inpe, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, informou que a degradação da Amazônia em 2008 foi maior que o dobro do desmatamento detectado. Através do sistema Degrad, foram constatados 24.932 km² de degradação, sendo Mato Grosso o estado com os maiores números, seguido por Pará e Maranhão. A diferença entre desmatamento e degradação é que o desmatamento é a supressão total da cobertura florestal, enquanto a degradação florestal é a destruição progressiva das matas.
Regularização fundiária inviável Um estudo, realizado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, mostrou que a modificação das leis que regulamentam a questão fundiária amazônica levaria 1372 anos para ser aplicada em definitivo. Um grupo de trabalho (GT), montado pela ministra da casa civil Dilma Rousseff, terá a função de apresentar soluções para o problema. De acordo com esse GT, pelo menos nove leis e três decretos terão de ser modificados.
Tupiguaranis e a Migração
Estudos florestais
Um estudo realizado pela professora de Arqueologia Rita ScheelYbert, do Departamento de Antropologia do Museu Nacional, mostrou que a saída dos índios tupiguaranis da Amazônia não é um evento tão recente. Foram encontradas evidências do povo no município de Arauruama (RJ) há mais de 2900 anos, mais de mil anos antes do que registrava-se até então. Esses dados mudam o paradigma a respeito das ocupações das regiões Sul, Sudeste e Nordeste do Brasil.
O balneário ecológico mais freqüentado de Santarém, oeste do Pará, transformou-se em uma sala de aula para milhares de estudantes da rede municipal de ensino. O projeto, chamado Escola da Floresta, é conduzido pela Secretaria Municipal de Educação e Desporto e começou em junho de 2008. O complexo ambiental de 33 hectares recebe em média 40 alunos por dia, de 5ª a 8ª séries, que são conduzidos por monitores em diversas atividades, todas relacionadas com a conscientização ambiental dos jovens.
Remédio de controle da dengue Uma pesquisa, desenvolvida pela Fiocruz, mostrou que a planta Uncaria tomentosa, chamada popularmente de unha-de-gato, pode ser a solução para controlar os efeitos da dengue. O remédio produzido pela planta amazônica é capaz de atenuar a inflamação causada pela doença e ajuda a previnir complicações, como pressão baixa e hemorragia. Os resultados obtidos ainda são preliminares e a descoberta ainda necessita passar por diversos testes, mas, pela primeira vez, há a possibilidade de se evitar as complicações da dengue.
Projeto de incentivo à leitura Um projeto, denominado “Navegando e Lendo”, que atua nos rios amazônicos há mais de um ano, começou a tomar força nos últimos meses. O projeto baseiase na instalação de bibliotecas em navios passageiros para estimular a leitura das pessoas. Os livros são reunidos de acordo com as embarcações: livros mais finos para destinos mais próximos, livros mais grossos para viagens maiores. Quase dois mil livros já foram doados ao projeto, distribuídos em 15 embarcações diferentes.
Lista de estimação
Chá antidepressivo A USP de Ribeirão Preto desenvolveu uma pesquisa de chá para tratar de pacientes com depressão. Chamado de “chá do Santo Daime”, a ayahuasca, mistura de um pedaço cipó e um de arbusto, ambos originários da Amazônia, tem características alucinógenas. O projeto-piloto contou com a participação de duas mulheres com problemas crônicos de depressão. Em ambos os casos, houve melhoria no quadro das pacientes após tomarem uma dosagem do chá. A idéia dos pesquisadores agora é continuar com o projeto, elevando o número de pacientes para 60.
O Ibama está preparando uma lista de animais silvestres que podem se tornar bichos de estimação. O propósito dessa iniciativa é melhorar a fiscalização sobre o tráfico de animais e permitir que as pessoas possam domesticar animais da floresta sem prejudicar a biodiversidade da mata. Na maior parte, a lista será constituída de aves e alguns répteis, estando fora quaisquer nomes de mamíferos. Atualmente, a compra e a domesticação de alguns animais silvestres são permitidas, desde que tenham sido comprados por criadores autorizados.
Neo Mondo - Janeiro 2009
45
Dica
Sugestões de Livros Empreendedorismo Social Autor: Edson Marques de Oliveira Editora: Qualitymark Edson Marques Oliveira propõe um modelo de empreendedorismo social que fuja às tentações do assistencialismo do paternalismo e da simples filantropia. Seu objetivo é buscar alternativas viáveis para resolver os graves problemas sociais do nosso país a partir da iniciativa das empresas unindo-se ao governo e à sociedade como um todo. Neste livro, encontramos casos de sucesso e um modelo de aplicabilidade para as idéias que se expõe ao longo de toda a obra. O livro pretende ensinar ao leitor
a disciplinar o pensar sem com isto restringir o sonhar, formando, portanto, um empreendedor que sonha com os pés no chão e é capaz de transformar a realidade que o cerca. Este livro é um manual, embora não seja demasiadamente técnico e reflexivo, sem ser por demais teórico e enfadonho. Trata-se, portanto, de um livro de fácil leitura, útil tanto para leigos quanto para especialistas que desejam enfrentar a questão social, passando da teoria à prática, transformando seus sonhos em realidade.
Teoria do Sucesso: Empreendedorismo e Felicidade Autor: Getúlio Pinto Sampaio Editora: Nobel Sucesso é a mentalidade de quem quer vencer. O livro “Teoria do Sucesso” é resultado de uma vasta pesquisa e intensa busca por caminhos e definições em livros, revistas e jornais. Este livro ajudará as pessoas a alcançar o sucesso, ensinando-lhes o caminho da satisfação pessoal e profissional. O autor ensina também sobre estímulos motivacionais, como sanar adversidades, análises
de valor, as dez regras para o sucesso, características do sucesso, competências, custos, disciplina, estratégias e táticas, fazer a diferença, fatores de produção, oportunidades, proatividade e produtividade. O livro fornece também, em ordem alfabética, as mais famosas frases e conceitos sobre o assunto, facilitando a busca por soluções e sanando eventuais dúvidas administrativas.
Empreendedor Coorporativo Autor: Eduardo Bom Angelo Editora: Negócio O livro “Empreendedor Coorporativo” é o primeiro no Brasil dedicado a tratar minuciosamente dos desafios do empreendedorismo corporativo, assunto de crucial importância para a economia de países emergentes, especialmente no que tange à expressão criativa, a confecção de projetos e a realização de sonhos. O livro destina-se a compartilhar as experiências que o autor acumulou ao longo da carreira, especialmente no desenvolvimento de negócios para acionistas. São informações que mostram a importância dos intra-empreendimentos em
variados momentos do processo civilizatório. O livro está dividido em três blocos, sendo os seis primeiros capítulos destinados ao mundo do empreendedorismo corporativo, os três seguintes com visões de quatro especialistas que oferecem suas visões sobre matérias estreitamente relacionadas ao tema central e nos últimos quatro, sendo traçados os perfis de quatro notáveis empreendedores corporativos, vinculando o conjunto de idéias articulado anteriormente com a realidade da vida corporativa e de suas carreiras.
Sem dúvida B olha Econômica Forma-se quando há a descoberta de um mercado muito lucrativo. Com o tempo, a bolha econômica cresce supervalorizada e o mercado não agüenta o aumento da oferta, “estourando-a” e causando crises.
E mpreendedor: É o termo utilizado para qualificar o indivíduo que detém uma forma especial e inovadora de se dedicar às atividades de organização, administração e execução na geração de riquezas e na transformação de conhecimentos em novos produtos.
E stigma: É o uso de rótulos negativos para desqualificar uma pessoa. As pessoas estigmatizadas passam 46
Neo Mondo - Janeiro 2009
a ser reconhecidas pelos aspectos negativos associados a ela.
Í ndice Dow Jones de Sustentabilidade: É o título atribuído a um grupo de companhias compostas a partir da análise de 2.500 empresas de 24 países que precisam comprovar sua sustentabilidade corporativa. São analisados, além dos indicadores financeiros, aspectos, como transparência, governança corporativa, relações com investidores, responsabilidade socioambiental e qualidade da gestão.
P aradigma: É a representação de um padrão ou modelo a ser seguido.
T ítulo de Capitalização: é um título de crédito comercializado por empresas de capitalização com o objetivo de formação de uma aplicação e também com um caráter lotérico, de sorteio de prêmios.
S ubprime: é um crédito habitacional de alto risco que se destina a uma fatia da população de renda muito baixa, que por vezes não consegue comprovar renda. O diferencial desse crédito imobiliário é que a única garantia exigida nestes empréstimos é o imóvel.
47
48
Neo Mondo - Maio 2008