Edição 79 - Março / Abril 2017

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Ano 10 - N0 79 - Março/Abril 2017

ÁGUA ...em escassez

ou alarmismo exagerado?

Exemplar de ASSINANTE Venda Proibida

R$ 16,00

Samy Menasce Visionário e empreendedor sustentável

Ambev

Leva acesso à água potável no semiárido brasileiro

Aliança

Coca-Cola e Banco do Nordeste unidos contra a sede


Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social 2017

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Seções

ÍNDICE Perfil

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Samy Menasce Visionário e empreendedor sustentável

Especial

18 Especial

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Dia Mundial da Água Escassez ou alarmismo exagerado?

Dia Mundial da Água Ambev leva acesso à água potável no semiárido brasileiro

Especial

22

Dia Mundial da Água Coca-Cola e Banco do Nordeste unidos contra a sede

Meio Ambiente

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Dia Nacional da Caatinga Único bioma exclusivamente brasileiro

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Neo Mondo informa

Últimas Notícias


EDITORIAL Oscar Lopes Luiz Presidente do Instituto Neo Mondo oscar@neomondo.org.br

Cada edição especial do Dia Mundial da Água da NEO MONDO me traz uma mistura de sensações. Indignação por ainda estarmos lidando com escassez, problemas sanitários e desperdício ainda em pleno século XXI, mas também esperança em ver a mobilização da sociedade em discutir a questão e propor soluções. Nesta edição optamos por manter o foco no otimismo, em buscas por alternativas. Abordamos a água de reúso, as ações lideradas pela iniciativa privada em parceria com o terceiro setor para endereçar a problemática, com destaque para um perfil exclusivo com Samy Menasce, o empreendedor à frente da Brasil Ozônio que personifica o conceito fundamental da sustentabilidade em sua aposta numa tecnologia 100% limpa. E, como o pionerismo é a marca de NEO MONDO, depois de ser a primeira revista do Brasil a usar a realidade aumentada em suas páginas, somos a primeira publicação segmentada em sustentabilidade a lançar um núcleo de branded content. Confira a novidade. Tenha uma ótima leitura.

Instituto Neo Mondo, trabalhando há mais de 10 anos por uma vida melhor!

EXPEDIENTE Publisher: Oscar Lopes Luiz Diretora de Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794) Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794) e Andreza Taglietti (MTB 29.146) Revisão: Instituto NEO MONDO Direção de Arte: Ricardo Girotto/ Editora Caramujo Diretora Jurídica - Enely Verônica Martins (OAB 151.575) Diretora de Relações Internacionais: Marina Stocco Diretora de Educação - Luciana Mergulhão (mestre em educação) Diretor de Tecnologia - Erick Guedes

Correspondência: Instituto NEO MONDO Rua Cotoxó, 56 - Cond. Aldeia da Fazendinha - Granja Viana - SP - CEP 06351-330 Para falar com a NEO MONDO: assinatura@neomondo.org.br redacao@neomondo.org.br trabalheconosco@neomondo.org.br Para anunciar: comercial@neomondo. org.br Tel. (11) 4303-0491 / 98234-4344 Presidente do Instituto NEO MONDO: oscar@neomondo.org.br

PUBLICAÇÃO A Revista NEO MONDO é uma publicação do Instituto NEO MONDO, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça - processo MJ n0 08071.018087/2007-24. Tiragem mensal de 70.000 exemplares distribuídos por mailing VIP e assinaturas em todo o território nacional. Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização.

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Perfil

Empreendedorismo, visão e persistência, sob uma ótica inovadora e sustentável

Conheça a história de Samy Menasce à frente da Brasil Ozônio, empresa que comercializa soluções a partir de uma tecnologia 100% limpa. Por Eleni Lopes

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isionário e empreendedor. Estas duas palavras não resumem Samy Menasce, mas dão uma pista da personalidade deste engenheiro eletrônico e administrador de empresas que apostou em uma tecnologia 100% limpa, presente no ar ambiente, para fundar, em 2005, a Brasil Ozônio e levar soluções sustentáveis para indústria de forma inovadora. A empresa pesquisa, desenvolve, projeta, fabrica, instala e oferece manutenção de soluções de alto desempenho para tratamento, sanitização, esterilização e oxidação a partir do ozônio. Elas podem ser aplicadasdesde o tratamento 12

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de efluentes e poços artesianos até na eliminação de gases odorosos e tóxicos, nas mais diversas indústrias. Sediada no CIETEC (Centro de Inovação, Empreendedorismo e Tecnologia) da Universidade de São Paulo, a Brasil Ozônio coleciona casos de sucesso,com mais de 3.000 instalações de sistemas de ozônio no Brasil, Argentina e Peru. Casado, pai de 4 filhas, avô coruja de 3 netase 2 netos, Samy tem o futebol como hobby, além de gostar deaproveitar o pouco tempo livre para ir à praia e caminhar na areia e em trilhas da Mata Atlântica.

Nesta entrevista, você vai conhecer um pouco da história do empreendedor Samy Menasce e da Brasil Ozônio.


A fundação da Brasil Ozônio é resultado da soma de coincidências e uma grande dose de empreendedorismo e persistência. Na sua visão, qual o principal obstáculo sofrido pelos empreendedores que apostam em soluções realmente sustentáveis? No meu entendimento, são três os principais obstáculos: as empresas utilizam o termo Sustentabilidade em seu marketing, mas não o praticam internamente; no Brasil, a legislação na questão ambiental é uma das mais completas e rígidas, no entanto, com a inexistência de fiscalização, a obediência às leis é pífia; por fim,há custos razoáveis envolvidos nas transformações necessárias à passagem do tradicional ao sustentável, custos estes não ligados diretamente ao produto, e, portanto, teoricamente , investimentos não necessários.Para real incentivo à adoção de práticas realmente sustentáveis, deveriam haver linhas especiais de fomento, com vencimentos a longo prazo, incentivando estes investimentos.

Na fundação da Brasil Ozônio, o senhor pensou, em algum momento, em desistir? Por que? Não posso negar que passei por alguns momentos de desânimo, mas nunca de desistência . Na minha opinião, o empreendedorismo é uma profissão e, portanto, o empreendedor tem de estar psicologicamente preparado para contínuos altos e baixos. No caso da Brasil Ozônio, em que havia dois desafios - o de uma nova solução e de um novo produto - a empreitada foi dupla, principalmente levando-se em conta ter esta tecnologia como matéria-prima o ar ambiente e resíduo o oxigênio, recebido pelas empresas com uma enorme desconfiança .

Estava criada uma referência de sucesso. Aí foi um trabalho pessoal de corpo a corpo junto a construtoras, iniciando a venda de sistemas para tratamento de piscinas junto aos condomínios e também aos arquitetos e seus clientes. Logicamente havia a resistência à mudança do cloro para o ozônio, pois o cloro é muito barato e os piscineiros, geralmente pessoas humildes, ficavam assustados com máquinas novas e desconhecidas, e com medo de perder o emprego. Também as pessoas queriam saber o quanto iriam economizar e não o quanto a saúde.

O primeiro teste do equipamento foi feito num motel perto da USP. Como o senhor conseguiu as primeiras vendas? Fiz um acordo com o proprietário do motel, no sentido de permitir visitas à instalação.

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A Brazil Ozônio está sedidada no Centro de Inovação, Empreendorismo e Tecnologia (Cietec), da USP. Em que esta localização contribuiu para a história de inovação da empresa? Se nao estivesse no Cietec, muito provavelmente a Brasil Ozônio não mais existiria. Estar na USP dá credibilidade e ajudaa validar a seriedade da empresa. Além disso, aprovamos e continuamos a aprovar projetos junto à linhas de fomento FAPESP, FINEP, CNPq, BNDES e SP Desenvolve, em parte por estarmos na USP e também por trabalharmos desde o início com pesquisadores desta universidade, muito conceituados.Estes projetos já patrocinaram perto de R$ 15 milhões em pesquisa e desenvolvimento de equipamentos e aplicações, todas sempre com 100% de Inovacao,sem o que nunca teríamos conseguido alcançar o nível tecnológico atual.

águas na industria farmacêutica e alimentícia ; efluentes de mineração, oxidando metais pesados, com reutilização dos mesmos.

Qual é hoje o principal mercado em que Brasil Ozônio atua? O principal mercado é o industrial , abrangendo praticamente todas as áreas, por tratarmos: afluentes , poços artesianos , água de produção , água de chuva, efluentes, reúso; gases odorosos e tóxicos; sanitização de alimentos; higienização de ambientes e veículos ; esterilização de materiais cirúrgicos e

Quem é o principal concorrente da Brasil Ozônio? É a tecnologia que utiliza Produtos Químicos , ou seja , Clorados , Peróxidos, Agrotóxicos e outros.

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O motivo de atuação neste mercado se deve ao fato do desenvolvimento da última geração de equipamentos e, consequentemente, do aprimoramento da Tecnologia Brasil Ozônio, possibilitando o tratamento de grandes volumes de fluídos e gases, ampliando desta forma o potencial de mercado. Logicamente também conta para este sucesso as mais de 3000 instalações já existentes, acumulando desta forma experiências nas diversas áreas.Outro mercado que estamos iniciando é o do Agronegócio, nas áreas de Bovinocultura (solução da problemática do carrapato) e agricultura (substituindo e/ou minimizando o uso de agrotóxicos).

Hoje a empresa está na sexta geração de equipamentos. O senhor pode nos contar um pouco sobre a evolução do negócio? Nosso primeiro sistema de Geração de Ozônio produzia 1 g/h a uma concentração de 1 g/m3, utilizando somente um secador na passagem do ar ambiente ao gerador de ozônio e um sistema de

transferência do gás gerado ao meio a ser tratado com baixa eficiência. Após as primeiras instalações (piscinas e poços artesianos), percebi que as possibilidades de crescimento e de lucros eram limitadas, devido às baixas produções e concentração do ozônio.Teríamos que buscar uma forma de injetarmos como matéria prima oxigênio com pureza acima de 90% para conseguirmos maiores resultados. A solução veio ao acaso, quando meu pai estava internado num hospital, houve uma falha no sistema de oxigênio e, logo em seguida, um enfermeiro entrou com um equipamento móvel de pequena estatura, conectando o mesmo através de uma mangueira à mascara de oxigênio. À minha pergunta, o enfermeiro me explicou ser um concentrador de Oxigênio com pureza acima de 90%, cuja matéria-prima era o ar Ambiente. Localizei a importadora e assim começou uma nova fase da empresa. Desenvolvimentos contínuos, inovando nos sistemas de geração e de transferência, assim como modificações nos concentradores de oxigênio foram se sucedendo até o estágio atual, onde continuando com o conceito inicial de equipamentos modulares, produzimos de 7g/h a 1 Kg/h, com concentrações do gás de 20 g/m3 a 70 g/m3.Desta forma passamos a vender soluções e não mais somente equipamentos. Nos conte um pouco sobre os principais cases da Brasil Ozônio. A venda de soluções marcou uma fase de transição difícil, pois além de se propor uma nova tecnologia, as pessoas ficavam incrédulas com relação ao fato de ser a matéria-prima o ar ambiente e o resíduo oxigênio. A solução foi inicialmente propor testes no local, transportando-se equipamentos e, posteriormente, criar uma unidade móvel de produção. Assim, a partir da execução de testes no local, comecei a bater na porta das indústrias. E aí nasceram parcerias com grandes empresas, como:


. Yara Indústria de Fertilizantes: no

tratamento de gases odorosos, cuja instalação após aprovada pela FEPAM (órgão ambiental do Rio Grande do Sul) e nos possibilitou a comercialização desta solução para a Bunge, Timac-Agro e Galvani. . Aquário de São Paulo: aplicando ozônio com sucesso após um ano de testes laboratoriais , clareando a água sem produtos químicos e, desta forma, apresentando ao público todos os peixes e animais marinhos sem turbidez na água, além de redução do consumo de água e maior longevidade destes. Este sucesso nos abriu a porta de vários negócios em lagos de peixes e, inclusive, no Zoológico de São Paulo,tratando a água em várias lagos onde residem os animais. . Embraer: descontaminando água

de poço artesiano, com a eliminação do manganês através da oxidação e filtragem do mesmo. . Leão Alimentos/ Coca-Cola: tratando água de chuva, com aproveitamento de 100% da mesma para uso em áreas comuns e sanitários. . Acrilex: tratando efluente com reúso total da água após a aplicação de nossa tecnologia. . Dow Química: com 3 grandes

instalações , tratando gases tóxicos , água de chuva e efluentes contaminados com fenóis. . INB: tratando efluente contaminado

com metais pesados, descontaminando os mesmos e, a partir de filtragem, recuperando os metais, com reúso como matéria prima.

A Brazil Ozônio atua sob três modelos de negócios: venda, aluguel e participação no lucro por meio da prestação de serviço. O senhor pode nos detalhar um pouco mais de cada um? Qual o mais adotado? Até o momento o mais adotado é a venda. Ela é o resultado de um processo que se inicia com o contato junto ao cliente, passa por um período de troca de informações técnicas e administrativas, em seguida de testes práticos, seja nos nossos laboratórios físicos, seja no local a ser aplicada a solução, faz-se o dimensionamento do sistema de ozônio necessário para a solução (customizada). Já locação tem como objetivo alocar sistemas pilotos em empresas cujo tratamento seja de grandes volumes e parâmetros diversos de contaminações e tem como prazo médio 4 meses. Por fim, estamos iniciando este modelo de prestação de serviços, que consiste em se ter como receita um valor por m3 tratado, negociado caso a caso. Na sua visão, quais são os mercados em que o uso do ozônio pode e deve ser melhor explorado? Na indústria,tratando águas (afluentes, efluentes, chuva,reúso), alimentos e gases. Na mineração, com a descontaminação de água por metais pesados.Em hotéis, solucionando a questão deeliminação de odores e sanitização do sistemas de ar condicionado. Em Hospitais, através de equipamento de esterilização de materiais cirúrgicos, em aprovação final na Anvisa. Na agropecuária,mais especificamente na bovinocultura e na agricultura, em substituição aos agrotóxicos.

O que é a Tecnologia Brasil Ozônio A Brasil Ozônio pesquisa, desenvolve, projeta, fabrica, instala e oferece manutenção de soluções de alto desempenho para tratamento, sanitização, esterilização e oxidação a partir do ozônio. A Tecnologia Brasil Ozônioé o único sistema de tratamento 100% limpo e ambientalmente correto, por ter como matéria-prima o ar ambiente, ter como resíduo o oxigênio,

ter baixíssimo consumo de energia e ser gerada no próprio local de aplicação. Pode ser aplicada no tratamento de poços artesianos, água servida, água de chuva, água de processo, efluentes, reuso, lagos, aquários, piscinas, gases odorosos e tóxicos, na oxidação de metais pesados e na sanitização de alimentos e de ambientes, na agricultura, na pecuária e em processos de esterilização de materiais cirúrgicos.

Vantagens do Ozônio O ozônio (O3) é formado quando as moléculas de oxigênio se rompem devido à exposição a uma forte descarga elétrica. Nesta situação, os átomos separados combinam-se com outras moléculas de oxigênio, formando assim o ozônio. É um produto 100% natural, que usa o ar como matéria-prima e não gera resíduos, uma vez que sua molécula se decompõeespontaneamente, transformando-se em oxigênio (O2). Natural e sustentável, sua aplicação industrial é crescente, graças a benefícios como: . É o mais potente bactericida de

que se tem conhecimento quando produzido em alta concentração, sendo ativo contra vírus, bactérias, esporos, protozoários, fungos e outros micróbios. . É o segundo mais potente

oxidante, reagindo com metais pesados (ferro, manganês e outros) provocando a sua precipitação e permitindo a sua separação. . Tem ação desinfetante com largo

espectro e efeito rápido. . Elimina sabores e odores

desagradáveis. . Proporciona água incolor

e cristalina. . Em substituição ao cloro em

piscinas, produz efeitos terapêuticos para a pele e para a saúde, não causa irritação dos olhos e mucosas e provoca aumento da floculação de matéria orgânica, melhorando a efetividade da filtração associada ao tratamento. . É produzido no próprio local de

aplicação, eliminando os riscos de transporte, manuseio e armazenagem de produtos químicos. . Não deixa resíduos prejudiciais

ao meio ambiente, já que tem meia vida curta, transformando-se rápida e espontaneamente em oxigênio.

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Especial Dia Mundial da Água

EM ESCASSEZ OU ALARMISMO EXAGERADO? Sim, ainda há água em abundância no planeta, mas a continuidade da oferta depende de mudança radical na forma como o recurso é utilizado.ONU incentiva água de reúso. Por Eleni Lopes

A

s Nações Unidas têm enfrentado uma crise global causada pela crescente demanda de recursos hídricos e adotam uma série de atividades que visam ao desenvolvimento sustentável dos recursos finitos e frágeis de água doce, que estão sob pressão intensa devido ao crescimento populacional, à poluição e às demandas agrícolas e industriais. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a escassez de água afeta mais de 1,2 bilhão de pessoas e reverter o quadro é chave no combate à pobreza.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a atividade agropecuária é a principal responsável pelo uso da água. Para a entidade, 70% de toda a água consumida no mundo é utilizada na irrigação das lavouras, número que se eleva para 72% no caso do Brasil, que é um país com forte produção nesse setor da economia. A irrigação é em disparado a maior usuária de água no Brasil, com uma área irrigável de aproximadamente 29,6 milhões de hectares, segundo dados da

O uso da água pode ser melhor visualizado com os seguintes exemplos: . Para se fabricar 1 carro, gasta-se mais de 400 mil litros de água. . Para se produzir 1 tonelada de aço, a demanda é por 300 mil

litros de água; . Para se produzir 1 kg de carne de boi, são utilizados 15,4 mil

litros de água; . Para se fabricar 1 camiseta de algodão, são necessários 2,5 mil

litros de água; . No meio agrícola, a soja é uma das campeãs em uso de água,

demandando 1,8 mil litro para cada quilo produzido – – lembrando que o Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais desse produto. 16

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Agência Nacional de Águas (ANA). Depois do setor agrícola, a atividade industrial se destaca, sendo responsável por 22% do consumo de água no mundo. Somente depois vem o uso doméstico, que é responsável por cerca de 8% de toda a utilização dos recursos hídricos. Segundo dados do DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo), o setor industrial utiliza 40% de toda a água disponível para abastecimento em rios, poços e reservatórios da Grande São Paulo e da Baixada Santista.

Desta forma, o tema ‘água de reúso’ é indissociável do agronegócio e das atividades industriais. Hoje, a definição de reúso vai desde a captação de água da chuva até o uso de efluentes de estações de tratamento de esgoto que passam por um processo de purificação para fins industriais e agrícolas. O Ministério das Cidades, com o apoio da ANA (Agência Nacional de Águas), quer definir uma política nacional de reúso, definindo padrões e possibilidadess de aproveitamento de efluentes sanirários por região geográfica e bacia hidrográfica.


Incentivo da ONU Na ocasião do Dia Mundial da Água, as Nações Unidas divulgaram o relatório “Águas residuais: o recurso inexplorado”, que defende o reaproveitamento das águas residuais como forma de preservar o meio ambiente e combater a escassez de recursos hídricos. Elaborado pela UN Water (ONU Água, em tradução livre), entidade formada por agências da ONU e coordenado pelo Programa Mundial das Nações Unidas para Avaliação dos Recursos Hídricos — liderado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) —, o relatório afirma que as águas residuais, uma vez tratadas, poderiam ser fontes importantes para satisfazer a crescente demanda por água doce e outras matérias-primas. “As águas residuais são um recurso valioso em um mundo no qual a água é finita e a demanda é crescente”, disse Guy Ryder, presidente do UN Water e diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT). De acordo com Ryder, tudo gira em torno de gerir e reutilizar cuidadosamente a água que passa por casas, fábricas, fazendas e cidades. “Vamos todos reduzir e reutilizar com segurança as águas residuais para que este recurso precioso atenda às necessidades de populações cada vez maiores em um ecossistema frágil”, disse. Para a diretora-geral da UNESCO, Irina Bokova, o relatório mostra que uma melhor gestão das águas residuais está atrelada tanto à redução da poluição na fonte quanto à remoção de contaminantes dos fluxos de águas residuais, à reutilização da água reciclada e à recuperação de subprodutos úteis. Uma grande proporção de água residual ainda é liberada no meio ambiente sem ser coletada ou tratada. Isso é ainda mais presente em países de baixa renda, que, em média, tratam apenas 8% das águas residuais domésticas e industriais, em comparação com a taxa de 70% observada nos países de alta renda. Como resultado, em muitas regiões do mundo, águas contaminadas por bactérias, nitratos, fosfatos e solventes são despejadas em rios e lagos que desaguam nos oceanos, trazendo consequências negativas para o meio ambiente e para a saúde pública. O volume de água residual a ser tratada aumentará consideravelmente em um futuro próximo, especialmente em cidades de países em desenvolvimento com populações que crescem rapidamente. “A geração de águas residuais é um dos maiores desafios associados ao crescimento de assentamentos informais (favelas) no mundo em desenvolvimento”, afirmam os autores. Uma cidade como Lagos (Nigéria) gera 1,5 milhão

de metros cúbicos de águas residuais por dia, sendo que a maior parte acaba sendo despejada sem tratamento na Lagoa de Lagos. A menos que providências sejam tomadas agora, é provável que essa situação se deteriore ainda mais uma vez que a população da cidade pode ultrapassar 23 milhões de pessoas até 2020, afirmou o documento. A poluição causada por agentes patogênicos de excrementos humanos e de animais afeta quase um terço dos rios da América Latina, Ásia e África, colocando em risco as vidas de milhões de pessoas. Em 2012, 842 mil mortes em países de renda baixa e média estiveram ligadas à água contaminada e serviços sanitários inadequados. A falta de tratamento também contribui para a propagação de algumas doenças tropicais como a dengue e a cólera, alertou a ONU. Solventes e hidrocarbonetos produzidos por atividades industriais e de mineração, bem como a descarga de nutrientes (nitrogênio, fósforo e potássio) da agricultura intensiva aceleram a eutrofização da água potável e dos ecossistemas costeiros e marinhos. Estima-se que 245 mil km² de ecossistemas marinhos — aproximadamente o tamanho do Reino Unido — são atualmente afetados por esse fenômeno. O despejo de águas residuais não tratadas também estimula a proliferação de algas tóxicas e contribui para o declínio da biodiversidade. A crescente consciência sobre a presença de poluentes como hormônios, antibióticos, esteroides e suspensivos endócrinos em águas residuais apresenta um novo conjunto de desafios, uma vez que seus impactos no meio ambiente e na saúde ainda precisam ser totalmente compreendidos. A poluição reduz ainda mais a disponibilidade de abastecimento de água potável, que já está sob estresse, principalmente por causa das mudanças climáticas, segundo o documento. No entanto, a maioria dos governos e dos tomadores de decisão têm se preocupado mais com os desafios da oferta de água, especialmente quando ela se torna escassa, enquanto ignoram a necessidade de tratar a água após ter sido utilizada. “Coleta, tratamento e uso seguro das águas residuais constituem o alicerce de uma economia circular, equilibrando o desenvolvimento econômico com o uso sustentável dos recursos. A água reciclada é um recurso amplamente sub explorado, que pode ser reutilizado diversas vezes”, afirmou o documento.

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Especial Dia Mundial da Água

Águas residuais e lodo como fontes de matérias-primas Além de fornecer uma fonte alternativa segura para água doce, as águas residuais também podem ser vistas como uma fonte potencial de matérias-primas. Graças aos avanços em técnicas de tratamento, certos nutrientes, como fósforo e nitratos, podem agora ser recuperados a partir de esgotos e lodos e transformados em fertilizantes. Estima-se que 22% da demanda global por fósforo, um recurso mineral finito e em esgotamento, poderia ser atendida pelo tratamento da urina e de excrementos humanos. Alguns países, como a Suíça, já aprovaram uma legislação que exige a recuperação de determinados nutrientes como o fósforo. As substâncias orgânicas contidas nas águas residuais poderiam ser utilizadas para a produção de biogás, o que poderia ajudar a aumentar as instalações de tratamento de águas residuais, permitindo que elas deixassem de ser grandes consumidoras de energia e adquiram neutralidade energética, ou até mesmo passem a ser produtoras de energia.

No Japão, o governo estabeleceu uma meta que estipula a recuperação de 30% da energia de biomassa existente em águas residuais até 2020. Todo ano, a cidade de Osaka produz 6,5 mil toneladas de combustíveis biossólidos a partir de 43 mil toneladas de lodo de esgoto. Essas tecnologias não precisam ficar fora do alcance de países em desenvolvimento, uma vez que as soluções de tratamento de baixo custo já permitem a extração de energia e de nutrientes. Elas podem ainda não permitir a recuperação direta de água potável, mas podem produzir água viável e segura para outros usos, como a irrigação. E as vendas de matérias-primas derivadas das águas residuais podem fornecer rendas adicionais para ajudar a cobrir os custos de investimento e operacionais do tratamento de água residual. Segundo o documento da ONU, um passo essencial nesse sentido é o reconhecimento generalizado acerca do valor da utilização segura de águas residuais tratadas e de seus valiosos subprodutos enquanto alternativas à água doce bruta.

O futuro é melhor do que você imagina O livro Abundância - Futuro É Melhor do Que Você Imagina, de Steven Kotler e Peter H.Diamandis, traz dados estarrecedores sobre o consumo no planeta. Confira alguns trechos selecionados por NEO MONDO: - Atualmente 1 bilhão de pessoas não tem acesso a água potável e 2,6 bilhões não tem acesso a saneamento básico. Como resultado, metade das hospitalizações no mundo resultam de pessoas que bebem água contaminada por agentes infecciosos, substâncias químicas tóxicas e riscos radiológicos. - De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a bactéria que causa a diarreia, representa 4,1% da carga global de doenças, matando 1,8 milhão de crianças por ano. - Hoje mais pessoas têm acesso a celulares do que a uma privada. - Cálculos de Peter Gleick, do Pacific Institute, estimam que 135 milhões de pessoas morrerão antes de 2020 por falta de água potável e saneamento. - Existe um fundamento conceitual conhecido como “One Planet Living” (OPL – Convivendo em um Único Planeta).Para compreendê-lo, existem 3 fatos:

1 – atualmente a humanidade consome 30% a mais dos recursos naturais do planeta do que podemos repor. 2 – se todos nesta planeta quisessem viver com o estilo de vida do europeu médio, precisaríamos de 3 planetas em termos de recursos. 3 – se todos neste planeta quisessem viver como um norte-americano médio, precisaríamos de 5 planetas. OPL, portanto, é uma iniciativa global que visa combater essa escassez.

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Os limites do crescimento Trecho extraido do livro Abundância - Futuro É Melhor do Que Você Imagina, de Steven Kotler e Peter H.Diamandis “A escassez tem sido um problema desde que a vida emergiu neste planeta, mas sua encarnação contemporânea – o que muitos denominam o “modelo da escassez” – data do final do século 18, quando o economista inglês Thomas Robert Malthus percebeu que enquanto a produção de alimentos se expandia linearmente, a população crescia exponencialmente. Por causa disso, Malthus convenceu-se de que chegaria um ponto no tempo em que excederíamos a nossa capacidade de nos alimentarmos. Em suas palavras: “O poder da população é indefinidamente maior do que o poder da Terra de produzir subsistência para o homem”. Desde essa época, uma série de pensadores ecoou essa preocupação. No início dos anos 1960, uma espécie de consenso havia sido atingido. Em 1966, o dr. Martin Luther King Jr. Observou: “ao contrário das pestes da Idade Média ou das doenças contemporâneas, que não entendemos, a peste moderna de superpopulação é solucionável por meios que descobrimos e com recursos que possuímos”. Dois anos depois, o biólogo da Universidade de Stanford dr. Paul R. Ehrlich fez soar um alarme ainda mais alto com a publicação de The population bomb. Mas foi o resultado posterior de uma pequena reunião realizada em 1968 que realmente alertou o mundo para a profundidade da crise. Naquele ano, o cientista escocês Alexander King e o industrial italiano Aurelio Peccei reuniram um grupo multidisciplinar de grandes pensadores internacionais numa pequena vila em Roma. O Clube de Roma, como esse grupo passou a ser conhecido, havia se juntado para discutir os problemas do pensamento de curto prazo em um mundo de longo prazo. Em 1972, publicaram os resultados daquela discussão. Limites do crescimento tornou-se um clássico

instantâneo, vendendo 12 milhões de cópias em 30 idiomas, e assustando quase todos que o leram. Usando um modelo desenvolvido pelo fundador da dinâmica de sistemas, Jay Forrester, o clube comparou as taxas de crescimento populacional mundiais com as taxas de consumo de recursos globais. Se a ciência por trás do modelo se mostrou complicada, a mensagem foi simples: nossos recursos estão se esgotando, e nosso tempo também. Já decorreram 4 décadas desde que o relatório foi divulgado. Embora muitas de suas previsões mais catastróficas não se concretizassem, os anos não atenuaram a avaliação. Atualmente continuamos encontrando provas de sua veracidade na maioria dos lugares que examinamos. Um dentre cada quatro mamíferos está ameaçado de extinção, enquanto 90% dos grandes peixes já desapareceram. Nossos lençóis aquíferos estão começando a secar, nosso solo está se tornando salgados demais para a produção agrícola. O nosso petróleo está se esgotando, bem como o urânio. Até o fósforo – um dos principais ingredientes dos fertilizantes – anda escasso.

menos alarmante dessas previsões – como a dra. Nina Fedoroff, consultora de ciências e tecnologia do secretário de estado norte-americano, recentemente contou aos repórteres – só pode chegar a uma conclusão: “Precisamos reduzir a taxa de crescimento da população global; o planeta não consegue suportar muito mais pessoas”. Algumas coisas, porém, são mais fáceis de dizer do que fazer.Com isso parece restar uma opção. Se não se consegue se livrar das pessoas, é preciso ampliar os recursos que essas pessoas consomem. E ampliá-los substancialmente. Como atingir esta meta tem sido temas de muitos debates, mas atualmente os princípios da OLP vêm sendo defendidos como a única opção viável. A humanidade está adentrando um período de transformação radical em que a tecnologia tem o potencial de elevar substancialmente os padrões de vida básicos de todos os homens, mulheres e crianças do planeta.”

No tempo decorrido para ler esta frase, uma criança morrerá de fome. No tempo em que gasta para ler este parágrafo, outra morrerá de sede (ou por beber água contaminada para matar essa sede).E isso, dizem os especialistas, é só o começo. Existe agora mais de 7 bilhões de pessoas no planeta. Se a tendência não se reverter, em 2050 estaremos próximos de 10 bilhões. Os cientistas que estudam a capacidade biótica da terra – o cálculo de quantas pessoas conseguem viver aqui de forma sustentável – têm apresentado estimativas bem divergentes. Os otimistas acreditam que seja algo próximo de 2 bilhões. Os pessimistas pensam que poderiam ser 300 milhões. Mas quem concorda ainda que com a Neo Mondo - Março/ Abril 2017

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Especial Dia Mundial da Água

A ÁGUA SE TRANSFORMARÁ EM MAIS ÁGUA A água mineral AMA vai reverter 100% do lucro a projetos de acesso à água potável no semiárido brasileiro. Da redação

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Ambev acaba de lançar a água mineral AMA, que vaireverter 100% do lucro das garrafas de água vendidas a projetos de acesso à água potável no semiárido brasileiro. A AMA já está à venda nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro e online pelo Emporio.com. Até o fim do ano, chegará em todo o País. Até o fechamento desta matéria, mais de R$ 70 mil haviam sido arrecadados, segundo o site da água AMA (www.aguaama.com.br). Três comunidades, que reúnem juntas cerca de 3 mil pessoas no interior do Ceará, inauguraram projetos de acesso à água potável no dia 22 de março, Dia Mundial da Água. As comunidades ficam nas cidades de Aiuaba, Jaguaruana e Capistrano. Todas elas se localizam em áreas rurais de grave escassez hídrica. Os projetos receberam investimentos da AMA para dar andamento às iniciativas locais de

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abastecimento. A verba investida pela cervejaria viabilizou obras para a perfuração de poços de água e a instalação de micro usinas de energia solar que diminuem consideravelmente o custo de distribuição da água. Depois que os projetos forem inaugurados, eles serão geridos pela própria comunidade. O parceiro local da Ambev, responsável por administrar a maioria dos sistemas de água rurais do Ceará e que coloca em prática os projetos nas três comunidades, é o SISAR – Sistema Integrado de Saneamento Rural. Equipes técnicas formadas por especialistas em recursos hídricos e assistentes sociais dão a essas comunidades todo o suporte necessário para que as iniciativas se desenvolvam de forma sustentável. O trabalho é reconhecido pelo Banco Mundial como um dos melhores sistemas de gestão de água rural existentes.


A história da AMA A AMA começou a nascer no fim de 2015, quando o time de sustentabilidade da Ambev deu início à busca por um novo projeto para expandir seus programas de preservação e uso consciente de água. Depois de reunir diversas áreas da empresa e fazer uma parceria com o Yunus Corporate Action Tank, promovido pela Yunus Negócios Sociais, que estimula as empresas a pensarem em negócios que já nascem para resolver um problema social, surgiu a ideia de criar uma água engarrafada que tivesse 100% dos lucros investidos no acesso à água potável. Com o lançamento da AMA, a cervejaria contribui para que o sexto Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU seja concretizado: garantir

disponibilidade e manejo sustentável da água e saneamento para todos. A Ambev faz ainda parte do CEO Water Mandate, que reúne empresas comprometidas com o problema da escassez de água e da falta de saneamento em todo o mundo. “A AMA não vai só financiar projetos que aumentem o acesso à água potável, mas vai, também, ser uma forma de conscientizar mais pessoas, de trazer atenção para esse problema, de conectar as pessoas que vivem hoje em um mundo tão polarizado e individualizado”, diz Renato Biava, diretor de sustentabilidade da Ambev. Todas as etapas do projeto AMA são apresentados por meio de uma plataforma digital (www.aguaama.com.br) com todas

as informações do produto, prestação de contas periódicas sobre o lucro obtido com as vendas, investimentos e andamento de cada projeto.Também vai divulgar os custos discriminados do produto e revelar, em tempo quase real, por meio de um “lucrômetro”, os lucros gerados para filantropia. Os números serão validados pela auditoria KPMG. Todo o esforço de transparência é visto como crucial para a iniciativa ganhar legitimidade. Pesquisas do Instituto Akatu revelam que apenas 8% dos brasileiros acreditam incondicionalmente nas ações de responsabilidade socioambiental — e quase metade simplesmente não acredita.

Com o apoio da Fundación Avina, ONG que trabalha em prol do desenvolvimento sustentável na América Latina, a Ambev pretende ampliar o programa de apoio para todo o semiárido brasileiro.

Marketing Social De acordo com matéria publicada no site Exame.com, o novo produto marca uma guinada na estratégia de sustentabilidade da Ambev para fora dos muros de suas fábricas. Em 2010, a companhia assumiu como bandeira o tema que teria mais afinidade com seu negócio: a água, principal matéria-prima de seus produtos. Dali em diante, em parceria com as ONGs ambientalistas WWF e TNC, vem atuando na proteção e na

recuperação de rios e nascentes Brasil afora. A questão é que os resultados das ações implementadas, como o plantio de matas ciliares, só serão percebidos no longo prazo. Dados da consultoria americana IEG mostram que as empresas instaladas nos Estados Unidos investiram 2 bilhões de dólares em campanhas relacionadas a causas em 2016 — 3,3% mais do que em 2015. E o dobro do registrado há uma década.

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Especial Dia Mundial da Água

Da Redação

Projeto investe no acesso à água potável no norte e nordeste Com investimento inicial de R$ 20 milhões, a iniciativa espera beneficiar, inicialmente, 40 mil pessoas. Piloto está sendo realizado nacomunidade de Coqueiro, em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza (CE).

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Coca-Cola Brasil se uniu ao Banco do Nordeste (BNB) na formação de uma aliança para viabilizar iniciativas de acesso à água, principalmente no Norte e Nordeste. A parceria vai até 2020, com investimento inicial de R$ 20 milhões, e espera beneficiar, inicialmente, 40 mil pessoas.A iniciativavisa desenvolver modelos possíveis de serem replicados por todos os setores da economia e, assim, diminuir o déficit de pessoas sem acesso à água potável no Brasil. O grupo será formado por ONGs, empresas e instituições privadas e públicas, que juntas atendem mais de 600 mil pessoas. “Por meio dessa aliança vamos potencializar o ecossistema de acesso à

água no País. Acreditamos que podemos usar nossa capilaridade, expertise e vocação e contribuir para que cada vez mais brasileiros tenham acesso à água de forma segura e sustentável”, afirma Pedro Massa, diretor de Valor Compartilhado da Coca-Cola Brasil.Para o presidente do Banco do Nordeste, Marcos Holanda, garantir acesso a água é contribuir de forma decisiva para o desenvolvimento regional. “Historicamente, a carência desse recurso natural constitui grande desafio para o desenvolvimento do Nordeste. Assim, o Banco assume o compromisso de impulsionar soluções inovadoras que permitam à região lidar de forma criativa e sustentável com esta questão crucial”,

explica Holanda. Dentre alguns dos parceiros já confirmados nessa coalizão estão a Fundação Avina, que atua desde 2004 em projetos de acesso à água em toda a América Latina; o Instituto Trata Brasil, referência nos temas de água e saneamento no país; o SISAR, que atua na gestão de saneamento rural; a WTT (World-Transforming Technologies), organização especializada em inovações tecnológicas para impacto socioambiental; e o Projeto Saúde e Alegria e a Fundação Amazônia Sustentável, que atendem comunidades e milhares de famílias na região Norte.

isso, têm que adicionar hipoclorito de sódio (popularmente conhecido como cloro) para desinfetar a água. O produto é fornecido pelos agentes de saúde do município. Outros usam um poço artesiano, conhecido como chafariz. Aqueles que têm condição financeira — uma parcela ínfima da população — compram de um a três galões de água mensalmente para beber e cozinhar, o que é mais adequado, nestas condições, para o consumo humano, mas pesa no bolso. A água que abastece o pequeno vilarejo, de apenas uma rua e 104 casas, vem da Lagoa do Cauípe, que é captada, tratada e distribuída pelo Sisar. Dimensionado para outros tempos, quando a população de Coqueiro era bem menor do que a atual, o Sisar não dá mais conta de garantir aos 500 moradores do lugar a segurança hídrica — o que levou a população local a engrossar as estatísticas oficiais dos 12 milhões de brasileiros sem acesso a água tratada. Antes de escolher o ozônio para tratar a água de Coqueiro, a WWT avaliou 150 tecnologias de água até chegar à que está sendo implantada na área rural do Ceará. Finalmente, a escolha recaiu sobre a tecnologia desenvolvida pelo empresário paulista Samy Menasce, que passou pela incubadora da Universidade São Paulo (USP), o Centro de Inovação

Empreendedorismo e Tecnologia (Cietec), e investiu R$ 2 milhões para chegar ao BRO3 System, o principal produto da Brasil Ozônio. “Usamos uma matéria-prima que não tem custo. Está na natureza e a captamos do próprio ar”, explica Menasce. O produto desenvolvido na Brasil Ozônio está sendo usado em 73 diferentes aplicações, de poço artesiano à água de chuva, passando por açude, água de produção e tratamento de efluentes. “O ozônio é um potente oxidante e tem mil e uma utilidades”, ressalta o empresário. Com capacidade para purificar e potabilizar cerca de três mil litros de água por hora e eliminar 99,99% de vírus e bactérias, o ozônio é considerado um importante desinfetante e desodorizante, removendo odores da água, sem deixar resíduos. Ele mata bactérias, fungos, germes e vírus e é considerado mais eficiente do que o cloro, químico largamente utilizado no tratamento de água — o gás tem 100 vezes o poder de oxidação do cloro e é 3.000 vezes mais rápido na desinfecção. Os moradores de Coqueiro estão, ao mesmo tempo, animados e ansiosos, como admite a dona de casa Jânia França, mãe de duas filhas. O seu desejo é receber “uma água de qualidade”.

Piloto no Ceará O primeiro piloto já está em fase de testes, com o apoio da Solar, fabricante da Coca-Cola Brasil no Nordeste, na comunidade de Coqueiro, em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza. A estação de tratamento da localidade recebeu uma máquina que utiliza o gás ozônio para purificar a água. A tecnologia de baixo custo, desenvolvida pela Brasil Ozônio, trata cerca de três mil litros de água por hora, além de oxidar metais pesados comumente encontrados no semiárido brasileiro. Os moradores da centenária e pacata Coqueiro, uma comunidade rural em Caucaia, no semiárido cearense, não sofrem com a seca. Eles têm água, só que não é potável. Está duplamente contaminada pela combinação de metais pesados, como ferro e manganês, e material orgânico. Das torneiras do vilarejo, a água sai com alta turbidez e forte odor. Caucaia convive, há seis anos, com uma crise hídrica crônica. A população paga R$ 18 por mês para ter água encanada, mas não a utiliza sequer para tomar banho. Eles têm direito a 10 mil litros de água por mês. Para evitar doenças de contaminação hídrica, os mais carentes preferem usar água captada da chuva e, por

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Especial Dia Nacional da Caatinga

CAATINGA único bioma exclusivamente brasileiro Por Eleni Lopes

Com investimento inicial de R$ 20 milhões, a iniciativa espera beneficiar, inicialmente, 40 mil pessoas. Piloto está sendo realizado nacomunidade de Coqueiro, em Caucaia, na região metropolitana de Fortaleza (CE).

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caatinga, palavra originária do tupi-guarani que significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclusivamente brasileiro. De acordo com o Minstério do Meio Ambiente, ocupa uma área de cerca de 844.453 quilômetros quadrados, o equivalente a 11% do território nacional. Engloba os estados Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Sergipe e o norte de Minas Gerais. Recebe diversos nomes, tais como: agreste, sertão, cariri, seridó, carrasco, entre outros. Rico em biodiversidade, o bioma abriga 178 espécies de mamíferos, 591 de aves, 177 de répteis, 79 espécies de anfíbios, 241 de peixes e 221 abelhas. Cerca de 27 milhões de pessoas vivem na região, a maioria carente e dependente dos recursos do bioma para sobreviver. As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam entre 25°C e 29°C. O clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes de rochas.A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga.As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma população de, aproximadamente, 25 milhões de habitantes. As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recuperação do bioma é muito rápido, surgem pequenas plantas e as árvores ficam cobertas de folhas. A região enfrenta também graves problemas sociais, entre eles os baixos níveis de renda e de escolaridade, a falta de saneamento ambiental e os altos índices de mortalidade infantil.Possui os mais baixos Índices deDesenvolvimento Humano (IDH), os mais elevados percentuaisde população empobrecida, as maiores taxas de mortalidade, cerca de 100 mil por mil habitantes, e elevadas taxas deanalfabetismo para maiores de 15 anos (entre 40% e 60%).

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Potencial pouco explorado A caatinga tem um imenso potencial para a conservação de serviços ambientais, uso sustentável e bioprospecção que, se bem explorado, será decisivo para o desenvolvimento da região e do País. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, sua biodiversidade ampara diversas atividades econômicas voltadas para fins agrosilvopastoris e industriais, especialmente nos ramos farmacêutico, de cosméticos, químico e de alimentos. Apesar da sua importância, o bioma tem sido desmatado de forma acelerada, principalmente nos últimos anos, devido principalmente ao consumo de lenha nativa, explorada de forma ilegal e insustentável, para fins domésticos e indústrias, ao sobrepastoreio e a conversão para pastagens e agricultura. Frente ao avançado desmatamento que chega a 46% da área do bioma, segundo dados do Ministério do Meio

Ambiente (MMA), o governo busca concretizar uma agenda de criação de mais unidades de conservação federais e estaduais no bioma, além de promover alternativas para o uso sustentável da sua biodiversidade. Em 2009 foi criado o Monumento Natural do Rio São Francisco, com 27 mil hectares, que engloba os estados de Alagoas, Bahia e Sergipe e, em 2010, o Parque Nacional das Confusões, no Piauí foi ampliado em 300 mil hectares, passando a ter 823.435,7 hectares. Em 2012, foi criado o Parque Nacional da Furna Feia, nos Municípios de Baraúna e Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, com 8.494 ha. Com estas novas unidades, a área protegida por unidades de conservação no bioma aumentou para cerca de 7,5%. Ainda assim, o bioma continuará como um dos menos protegidos do país, já que pouco

mais de 1% destas unidades são de Proteção Integral. Ademais, grande parte das unidades de conservação do bioma, especialmente as Áreas de Proteção Ambiental – APAs, têm baixo nível de implementação. Paralelamente ao trabalho para a criação de UCs federais, algumas parcerias vêm sendo desenvolvidas entre o MMA e os estados, desde 2009, para a criação de unidades de conservação estaduais. Os primeiros resultados concretos já aparecem, como a criação do Parque Estadual da Mata da Pimenteira, em Serra Talhada-PE, e da Estação Ecológica Serra da Canoa, criada por Pernambuco em Floresta-PE, com cerca de 8 mil hectares, no dia da caatinga de 2012. Além disso, houve a destinação de recursos estaduais para criação de unidades no Ceará, na região de Santa Quitéria e Canindé.

Fauna e flora Segundo o livro “Ecologia e Conservação da Caatinga”,existem 12 tipos diferentes de “caatingas”, que variam desdeflorestas altas e secas, com árvores de até 20 metros de altura,até afloramentos rochosos com arbustos baixos e esparsos, ecom cactos e bromélias saindo das fendas do solo. Há ainda o“mediterrâneo” sertanejo, que abriga brejos florestais, várzeas eserras, sendo essa uma área mais úmida e de clima mais ameno. Ao todo, são 932 espécies de plantas na região, sendo 318exclusivas da área. Por causa do clima semiárido, elas precisaram seadaptar para sobreviver, resultando em plantas tortuosas, de folhaspequenas e finas ou até reduzidas a espinhos, com cascas grossas esistema de raízes e órgãos específicos para o armazenamento de água. Exemplos de vegetação típica da

Caatinga são os cactos,como o mandacaru (Cereus jamacaru) e o xique-xique(Pilosocereus gounellei), as barrigudas (Cavanillesia arbórea), opau-mocó (Luetzelburgia auriculata) e o umbuzeiro (Spondiastuberosa), famoso por possuir múltiplos usos: das folhas, saemsaladas; do fruto, polpa para sucos, licor e doces; e da raiz,farinha comestível, ou vermífugo. A Caatinga possui uma grande diversidade animal emseu bioma. Existem 510 espécies de aves, 240 de peixes (136endêmicas), 154 de répteis e anfíbios (57 endêmicas), e 144 demamíferos (10 endêmicas). Destaque para os peixes que, mesmo com o predomíniode rios temporários e da contaminação dos cursos de água,ainda conseguem sobreviver nesse ambiente. Para isso, vivemem rios sazonais como estratégia de

reprodução: depositam osovos residentes que só eclodem em épocas de chuva. Entre osmamíferos nativos da região, há o predomínio das espécies demorcegos e roedores: 64 e 34, respectivamente. Já entre répteis e anfíbios, os destaques ficam paraas serpentes, lagartos e anfisbenídeos, conhecidos comocobras-cegas. Esses são considerados animais característicosdo semiárido da Caatinga, sendo, a maioria, endêmica doMédio do Rio São Francisco. Isso porque, após a alteração deseu curso, devido às mudanças climáticas no fim do PeríodoPleistoceno (entre 1,8 milhão e 11 mil anos atrás), esses animaisficaram separados em grupos nas margens do rio, estimulandoa formação de novas espécies.

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Especial Dia Nacional da Caatinga

O velho Chico e a polêmica transposição Cercado de polêmicas acerca de sua paternidade e de suspeita de desvios e corrupção, o Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF) é a maior obra de infraestrutura hídrica do País. Com 477 quilômetros de extensão em dois eixos (Leste e Norte), o empreendimento vai garantir a segurança hídrica de 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, onde a estiagem é frequente. O empreendimento engloba a construção de 13 aquedutos, nove estações de bombeamento, 27 reservatórios, nove subestações de 230 quilowats, 270 quilômetros de linhas de transmissão em alta tensão e quatro túneis. Com 15 quilômetros de extensão, o túnel Cuncas I é o maior da América Latina para transporte de água. As obras do Projeto de Integração do Rio São Francisco passam pelos seguintes municípios no Eixo Norte: Cabrobó, Salgueiro, Terranova e Verdejante (PE); Penaforte, Jati, Brejo Santo, Mauriti e Barro (CE); em São José de Piranhas, Monte Horebe e Cajazeiras (PB). Já no Eixo Leste, o empreendimento atravessa os municípios pernambucanos de Floresta, Custódia, Betânia e Sertânia; e em Monteiro, na Paraíba. No Nordeste estão 28% da população brasileira e apenas 3% da disponibilidade de água do País. O Rio São Francisco detém 70% de toda a oferta de água da região, historicamente submetida a ciclos de seca rigorosa, como a que vivemos atualmente.

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Inauguração Apesar das obras terem se iniciado em 2007, a ideia da transposição é muito mais antiga: começou a ser discutida em 1847 por intelectuais do Império Brasileiro de Dom Pedro II.A obra foi iniciada em 2007, mas vários contratempos a adiaram para 2015. O Eixo Leste foi inaugurado no início de março deste ano. A previsão é que o Eixo Norte, que já tem 94,5% das obras concluídas, seja entregue até o fim do segundo semestre de 2017.

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Apresentado por:

Dicas para melhorar a resistência na corrida para Iniciantes Se você nunca correu, o mais indicado é começar a correr devagar, intercalando corrida e caminhada para que o seu corpo se acostume com o novo estímulo. Começar sem a orientação de um profissional e correndo de qualquer jeito pode acarretar em lesão.Para o iniciante, manter o fôlego na corrida é um desafio. Veja abaixo algumas dicas: – Aqueça e alongue antes dos treinos Aqueça-se antes de iniciar o treino seguindo uma rotina leve de alongamentos. Faça cada um dos alongamentos esticando a musculatura por 5-10 segundos de cada vez. - Comece devagar Comece a corrida de forma tranquila, aumentando a velocidade só depois de sentir mais confiança. - Velocidade certa Existe uma velocidade em que é possível sustentar o seu esforço por mais tempo. Encontre-a e invista tempo nela. - Não abuse nas passadas Mantenha um equilíbrio com as suas passadas e preste atenção enquanto corre. - Alimente-se Consuma carboidrato entre 60 e 30 minutos antes do exercício. Tenha postura! Mantenha a cabeça ereta, atenção aos braços, posição das pernas e postura – não deixe suas mãos levantarem mais do que a altura do peito e não tensione tanto os punhos e nem os ombros. Os braços podem ajudar na hora de correr (ou atrapalhar). Se for correr em uma subida, não se incline demais. Pés no chão Comece a correr pisando com o meio do pé primeiro, não com o calcanhar.

para todos: iniciantes e iniciados Existem seis pilares fundamentais para melhorar a resistência durante a corrida: respiração, alimentação, aquecimento/alongamento, treino, suplementação e exercícios complementares que reforçam os exercícios comuns da corrida. – Respiração abdominal A respiração correta deve ser feita pelo abdômen, não pela parte superior do peito (tórax). O ideal é trabalhar a respiração abdominal, preferencialmente fora da corrida, nas atividades diárias. Desta forma, você constrói hábitos que posteriormente serão transferidos para a corrida. – Corra regularmente Esse hábito aumenta o reparo do sistema respiratório e cardiovascular. Na prática, isso quer dizer que você terá cada vez mais fôlego para fazer exercícios. O coração e a circulação sanguínea vão trabalhar com menor sobrecarga ao fazer esforço físico. – Aumente o ritmo gradativamente Comece em um ritmo lento e aumente-o durante a corrida de acordo com sua capacidade. – Descanse após os treinos Após cada treino você precisará de um período para descansar, beber água e acalmar seus batimentos cardíacos. – Evite exageros Em treinos longos, mantenha sempre um ritmo máximo de 80% do que você consegue fazer nas provas. – Intensifique o final Procure elevar o ritmo nos 25% finais dos seus treinos longos para melhorar as finalizações nas provas.

– Não fume Não se deve fumar uma hora antes e nem uma hora depois do exercício físico. – Nutrição leve Faça uma refeição leve duas horas antes do exercício. – Aposte nos carboidratos Os carboidratos complexos, tais como massas, são uma boa fonte de energia. – Beba água Beba água antes, durante e após o treino, mas sem excessos. O excesso de água pode causar câimbras musculares. O ideal é beber, em media, de 300 a 500 ml antes da corrida. – Evite bebidas alcoólicas 24 horas antes do treino O índice de lesões no esporte cresce proporcionalmente ao aumento da quantidade de álcool ingerida. – Alongue após os treinos Ao término da corrida, faça séries mais longas de alongamentos. Tente fazer cada movimento por 10-30 segundos, sentindo a musculatura alongar. – Suba escadas Assim como correr em subidas, elas ajudam a construir sua força nos membros inferiores. – Exercícios aeróbicos Pule corda uma ou duas vezes por semana ou faça um passeio de bicicleta. Esses exercícios podem ajudar a melhorar sua resistência na corrida. – Musculação Músculos abdominais e lombares fortalecidos ajudam a manter a forma em corridas longas e evitar lesões e dores indesejadas.


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Mobilidade Urbana

Investir em transporte compartilhado movido a energia limpa é essencial no combate às Mudanças Climáticas Por Instituto Akatu

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á pensou morar em uma cidade onde o transporte público é sustentável e funciona de verdade? Imagine as pessoas se deslocando, com facilidade, para vários bairros de metrô ou de bonde elétrico interligados – veículos que não emitem gases de efeito estufa, causadores do aquecimento global e das Mudanças Climáticas. Ou então pegar um ônibus movido a biogás ou dirigir um carro que funciona à base de biocombustíveis, que emite uma fumaça que agride menos o meio ambiente. Para aqueles que optam por pedalar, estão à disposição mais de 700 quilômetros de ciclovias espalhadas por todos os cantos. Tudo isso parece utopia, mas não é. Essa cidade existe e se chama Estocolmo, a capital da Suécia, que ganhou o prêmio de Cidade Verde Europeia em 2010. Ela 32

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apresenta a maior percentagem de veículos não poluentes na Europa e 75% da rede de transportes públicos recorre a energias renováveis. Até 2050, o governo planeja ficar completamente livre de combustíveis fósseis, o que significa que todas as emissões relacionadas ao aquecimento público e privado, aos veículos e ao uso da eletricidade serão reduzidos a zero. No Brasil, ainda há um longo caminho a ser percorrido quando o assunto é mobilidade. Principalmente por causa da prevalência do transporte rodoviário em todo o país, o setor de transporte de passageiros e de cargas é responsável pela maior fatia das emissões de gases de efeito estufa no Brasil. De acordo com o relatório Estimativas Anuais da Emissão de Gases de Efeito Estufa para o Brasil, do Observatório do Clima, mais de 92% da energia

usada na mobilidade é consumida em estradas, ruas e avenidas. E 66% dessa energia é usada por automóveis e motocicletas. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a frota brasileira chegou a 90,9 milhões de veículos em janeiro deste ano. No balanço total das emissões do setor de transportes de passageiros, 80% saem dos escapamentos de carros e 20% vêm dos sistemas de transporte coletivo, principalmente ônibus. O documento do Observatório do Clima ainda faz um alerta sobre as emissões de dióxido de carbono vindos de veículos, mostrando que, em uma década, o número mais que duplicou: “As emissões de CO2 passaram de 84 milhões de toneladas em 1990 para 204 milhões em 2012”. De forma geral, as emissões de gás carbônico estão diminuindo


no Brasil, mas isso não está ligado diretamente à queima de combustíveis fósseis e, sim, principalmente, pelo combate ao desmatamento. De 2005 a 2010, o país chegou a reduzir o volume de CO2 liberado na atmosfera de 2,73 bilhões para 1,27 bilhão de toneladas. A queda representa um decréscimo de 53,5%, de acordo com um estudo feito pelo próprio governo federal em parceria com

o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). A baixa é considerada uma conquista positiva para a meta do país em diminuir suas emissões de gases do efeito estufa em até 38,9%, até 2020. Esse compromisso foi firmado durante a COP-21, a conferência de clima das Nações Unidas realizada em dezembro de 2015, em Paris, na França. Além do Brasil, outros 195 países se

comprometeram a reduzir suas emissões de gases causadores do efeito estufa como contribuição a buscar manter o aquecimento do planeta abaixo dos 2 graus Celsius acima do registrado no período pré-industrial. Enquanto essa meta não é atingida por aqui, ainda é necessário muito trabalho para que a mobilidade contribua para esse avanço.

Vamos de bike? A bicicleta é um dos melhores meios de transporte quando o que está em pauta é reduzir a emissão de gases de efeito estufa. Além de não poluir e não liberar GEE, pedalar é um hábito saudável para o praticante. No Brasil, essa modalidade vem crescendo progressivamente. Em todas as capitais, a soma da estrutura cicloviária chega a 2.090 quilômetros, segundo um levantamento feito pela União dos Ciclistas do Brasil. No primeiro lugar do ranking está Brasília, com 440 km de extensão em ciclovias. E a ideia é expandir mais ainda. Em maio, foi lançado pelo governo

o Programa de Mobilidade Urbana do Distrito Federal, que prevê a construção de 277 quilômetros de rede integrada de transporte público no geral, incluindo a ampliação da rede cicloviária e o estímulo ao uso compartilhado de bicicletas. Em segundo lugar no ranking vem o Rio de Janeiro, com 374 km de estrutura cicloviária, dos quais quase a metade está localizada na orla. A Zona Oeste da cidade é a que concentra o maior número de ciclovias, com mais de um terço delas pavimentadas. A Prefeitura incentiva bastante esse meio de transporte e disponibiliza,

em 60 estações, o aluguel de bicicletas pelo sistema Bike Rio. E a população carioca aderiu com tudo. De acordo com dados divulgados pela ONG Transporte Ativo, o uso das bicicletas na cidade aumentou 300% entre 2002 e 2012.

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Mobilidade Urbana

O que pensam as novas gerações Andar de bike parece ser uma tendência forte entre os jovens. Já o carro não é mais visto como um objeto de status e poder, idolatrado pelas gerações anteriores. Segundo o estudo “O Sonho Brasileiro”, produzido pela agência de pesquisa Box1824, milhares de millennials (geração de 18 a 24 anos de idade) enxergam o carro como um vilão que polui e tira espaço da cidade e acredita que a solução está em investimento em transporte público de qualidade.

Compartilhamento de carros Uma ideia que pode contribuir para melhorar a mobilidade urbana e combater a produção de gases de efeito estufa é o compartilhamento de carros, especialmente os elétricos, que não soltam fumaça. Recife foi a primeira cidade brasileira a oferecer esse tipo de serviço. Essa iniciativa faz parte do projeto Porto Leve, um programa de ações focadas em mobilidade urbana do Porto Digital. A ideia é ofertar à população o aluguel de carros sustentáveis, que funcionam à base de energia elétrica, sem uso de combustíveis. Essa foi uma forma encontrada para evitar a alta emissão de gases de efeito estufa por veículos automotivos, contribuindo assim para o combate ao aquecimento global. O sistema é inspirado em projetos existentes na França, na China e nos Estados Unidos. A primeira fase do projeto começou no final de 2014. Hoje o sistema tem cinco estações espalhadas pela cidade. E estimula o uso compartilhado. Quem quiser dar carona a outras pessoas tem desconto no aluguel. Outras cidades brasileiras oferecem o serviço. Começou, em setembro, a primeira fase da operação em Fortaleza, com um projeto-piloto chamado VAMO(Veículos Alternativos para Mobilidade). Nessa fase haverá demonstração do sistema com três veículos 100% elétricos, percorrendo alguns bairros que poderão ser potenciais estações. A prefeitura também realizará um cadastro dos futurosusuários.

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mais corredores de ônibus Em várias cidades brasileiras, há iniciativas para melhorar a mobilidade e combater o efeito estufa. Uma delas é a construção de corredores e faixas de ônibus. Um bom exemplo é Curitiba, capital do Paraná, onde surgiu a ideia dos corredores de ônibus para viagens rápidas – o sistema BRT (Bus Rapid Transit), na década de 1970. Esse sistema de transporte público serviu de modelo para mais de 80 países. Ele tem algumas características básicas: faixas separadas dos carros (pelo menos duas delas, para permitir ultrapassagens); os pontos devem funcionar como estações, com pagamento antecipado, o que evita filas no embarque; e os veículos devem ser maiores e articulados, para transportar até 270 pessoas, com controle de horários. De acordo com um levantamento da Urbanização de Curitiba S/A (URBS), atualmente os seis eixos de linhas transportam diariamente cerca de 543 mil passageiros. Nesses últimos 40 anos, muitas pessoas deixaram de usar carros para andar de ônibus na cidade, o que diminuiu muito a emissão de CO2 na atmosfera curitibana. Hoje o sistema precisa de melhorias, como investimentos em pavimentações e

estações, mas, mesmo assim, ainda continua servindo de modelo a ser seguido. Outra cidade que investiu pesado em corredores de ônibus e faixas exclusivas para os coletivos nos últimos anos foi São Paulo. Em abril de 2016, a capital paulista chegou a 500 km de faixas exclusivas ao transporte público, segundo dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). As faixas reduziram o tempo gasto nos transportes em até quatro horas por semana, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Transportes. Os paulistanos gostaram da ideia. Uma pesquisa encomendada pela Rede Nossa São Paulo e a Fecomercio SP sobre Mobilidade Urbana (e realizada pelo Ibope) em 2014 mostrou que 90% dos moradores da capital paulista aprovaram a medida, e 83% deles disseram estar dispostos a deixar o carro em casa se houvesse uma alternativa de transporte público eficiente. Outro dado interessante: a pesquisa também revelou que o número de moradores de São Paulo que usam carro diariamente caiu de 56% para 45%. Uma contribuição significativa para a melhoria da mobilidade paulistana e do meio ambiente.

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Apresentado por:

Proteína: heroína ou vilã? A proteína é um dos nutrientes essenciais e possui inúmeras funções fisiológicas fundamentais ao desempenho físico ideal. Ela forma a base estrutural do tecido muscular, além de ser o principal componente para acelerar o processo de metabolismo na queima de gordura. Porém o excesso de proteína pode trazer alguns riscos à saúde. Sempre devemos considerar que ela, quandopresente em alimentos, é frequentemente acompanhadade quantidades substanciais de gordura saturada e colesterol.Outro ponto a se considerar é que indivíduos com uma histórico pessoal ou familiar de problemas renais ou hepáticos podem mostrar-se suscetíveis a terem algum tipo de deficiência ou sobrecarga nestes órgãos com o excesso de ingestão deste nutriente. O excesso da suplementação de proteína na dieta pode ser convertido em carboidratos e gordura, sendo o excesso de nitrogênio contido nas proteínas convertido em uréia, eliminado pelos rins para evitar aumento da acidez no sangue, conhecida como cetose, processo lesivo ao organismo.

Como o carboidrato é importante para o emagrecimento? O carboidrato é absorvido como glicose (açúcar), podendoser transformado dentro do nosso organismo em um açúcar mais complexo (glicogênio), que é armazenado no fígado e no músculo, para ser utilizado como energia quando necessário. Na ausência do carboidrato, o corpo terá que usar outros recursos disponíveis para utilizar energia, utilizando as proteínas, ou seja, você passa a perder massa muscular na ausência do carboidrato, sendo que a massa muscular é uma das responsáveis por manter nosso metabolismo acelerado. Se houver ausência constante de carboidrato, a conseqüência será a flacidez e o metabolismo mais lento, tornando mais difícil a eliminação de peso. Além disso, para o nosso organismo conseguir eliminar gordura, uma série de reações químicas ocorrem. E um componente da glicose (carboidrato) é responsável por esta reação. Desta forma. na sua falta, a “queima” de gordura ficará indevida. O carboidrato bem distribuído nas refeições é essencial para eliminação do peso.

Qual a quantidade ideal da proteína? É recomendado para pessoas sedentárias 0,8 g de proteína/ kg do peso corporal.Por exemplo, para um homem de 70 kg x 0,8g de proteína = 56g de proteína/dia, isto emporcentagem seria de 10% a 15% do consumo diário total do indivíduo pela recomendação das DRIs (ingestão diária recomendada) Já para indivíduos fisicamente ativos estes valores podem ser um pouco maiores, de 1,0 a 1,4 g de proteína/kg de peso, em porcentagem é 15% a 25% do consumo diário total da pessoa.


Produzido por: NMBC ( Neo Mondo Branded Content)

Por: Gustavo Lazaro CRN 3 – 22734 Nutricionista Esportivo


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Aprendendo, respeitando e criando! Situada em Santo André, SP, a Editora Caramujo está presente em projetos de educação ambiental, cidadania e cultura. Dos principais títulos publicados, tem se destacado temas pertinentes às principais preocupações em nosso dia a dia. É de grande aceitação o livro Fábrica de Brinquedos, que aborda o cuidado com o meio ambiente. Com ele, a criança aprende, brincando, a construir seus próprios brinquedos a partir de materiais que seriam descartados. O livro já foi adotado em programas de leitura da Prefeitura Municipal de São Paulo e em bibliotecas públicas. É também bastante utilizado em escolas de Educação Infantil, podendo ser inserido em matérias como Matemática, Ciências, além de Educação Artística. Outro título que tem se destacado é Um Reino sem Dengue, que aborda um tema preocupante à população. O livro já foi selecionado na Lei Rouanet nos anos de 2016 e 2017 devido tamanha importância, e por ter sido elaborado a partir de uma história lúdica com ilustrações ricas em contrastes e detalhes. Participou também da lei municipal de incentivo e cultura, em 2016, na cidade de Jacareí. São várias escolas participando do projeto, atingindo milhares de crianças. Preocupada em manter um padrão de qualidade, a Editora Caramujo trabalha em parceria com gráficas renomadas e conta com equipe de acompanhamento de impressos, garantindo excelência gráfica. Neste folheto, você conhecerá um pouco dos títulos mais trabalhados no momento. Aprendendo, respeitando e criando. É assim que nossas crianças se tornarão adultos mais preparados e com melhores noções de cidadania e respeito ao meio ambiente. É para isso que trabalhamos.

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NEO MONDO INFORMA Por Eleni Lopes

Fundação divulga qualidade da água em 184 rios, córregos e lagos

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Fundação SOS Mata Atlântica divulgou em 22 de março, no Dia Mundial da Água, um panorama sobre a qualidade da água de 240 pontos de coleta distribuídos em 184 rios, córregos e lagos de bacias hidrográficas do bioma. Apenas 2,5% dos locais avaliados possuem qualidade boa, enquanto 70% estão em situação regular e 27,5% com qualidade ruim ou péssima. Isso significa que 66 pontos monitorados estão impróprios para o abastecimento humano, lazer, pesca, produção de alimentos, além de não terem condições de abrigar vida aquática. Nenhum dos pontos analisados foi avaliado como ótimo. O levantamento foi

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realizado em 73 municípios de 11 estados da Mata Atlântica, além do Distrito Federal, entre março de 2016 e fevereiro de 2017. Os dados foram obtidos por meio de coletas e análises mensais de água realizadas por 194 grupos de voluntários do programa “Observando os Rios”, com patrocínio da Ypê. “A principal causa da poluição dos rios monitorados é o despejo de esgoto doméstico junto a outras fontes difusas de contaminação, que incluem a gestão inadequada dos resíduos sólidos, o uso de defensivos e insumos agrícolas, o desmatamento e o uso desordenado do solo”, afirma Malu Ribeiro, especialista em Recursos Hídricos da Fundação

SOS Mata Atlântica. De acordo com ela, a qualidade regular em 70% dos pontos é um grave alerta. Além, disso, a indisponibilidade de água decorrente dos maus usos dos recursos hídricos é intensificada pela falta de atualização da legislação ambiental. “É fundamental aperfeiçoar a legislação que trata do enquadramento dos rios, de forma a excluir os de Classe 4 da norma nacional. Essa classe, que na prática permite a existência de rios mortos por ser extremamente permissiva em relação a poluentes, mantém muitos em condição de qualidade péssima ou ruim, indisponíveis para usos”, acrescenta Malu.


Turma da Mônica dá dicas sobre preservação e saneamento básico

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pós o anúncio de que uma revista em quadrinhos com a Turma da Mônica terá um milhão de exemplares distribuídos em escolas com o objetivo de explicar para as crianças a importância da rede de água e esgoto para a saúde e o bemestar das famílias, agora também haverá tiras de quadrinhos com a turminha impressas nas contas de água da Sabesp. Serão oito historinhas com os personagens de Mauricio de Sousa falando sobre temas relacionados a saneamento básico. A primeira tem o Chico Bento explicando, ao seu primo, sobre o caminho da água: da fonte até a torneira da residência. A segunda é sobre o trajeto percorrido pelo esgoto. Já

a terceira será sobre o valor da água, entre outros assuntos. A parceria entre a Sabesp e a Mauricio de Sousa Produções, com o apoio do Instituto Trata Brasil, da Cúria Metropolitana de São Paulo e das Secretarias de Saneamento e Recursos Hídricos e de Educação, procura difundir os conceitos sobre a preservação dos recursos hídricos e sobre saneamento básico para as crianças. "Transmitir noções de como economizar água e preservar as nossas fontes, por meio de quadrinhos, é extremamente eficaz para o entendimento das crianças. E, assim, elas é que vão lembrar os pais essas lições. A nossa turminha está dando sua contribuição", explica Mauricio de Sousa.

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NEO MONDO INFORMA Por Eleni Lopes

Pará vai expandir produção de cacau sustentável

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ice-campeão nacional em produção de cacau, o Pará deve expandir em 60%, até 2020, a produção sustentável do fruto no sudeste do estado, em uma iniciativa que vai impulsionar a geração de renda para pequenos agricultores e a restauração de áreas degradadas de floresta em propriedades rurais da região. O impulso para essa ampliação virá do Pacto Cacau Floresta, assinado pela maior organização ambiental do mundo, a The Nature Conservancy (TNC), pela Secretaria de Desenvolvimento da Agricultura e Pesca do Governo do Estado do Pará (Sedap) e pela Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), ligada ao governo federal. O Pacto Cacau Floresta prevê que as organizações vão investir recursos e capacidade técnica para elevar de 82 para 1.000 o número de famílias participantes da iniciativa Cacau Floresta. O projeto desenvolveu, entre 2013 e 2016, um modelo de produção sustentável de cacau em São Félix do Xingu, que elevou em cerca de 30% a renda das famílias que já estão vendendo as amêndoas de cacau e propiciou a restauração de 160 hectares de florestas em Áreas de Preservação Permanente. Ao todo, os pequenos produtores

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do projeto já estão cultivando 312 hectares em Sistemas Agroflorestais (SAFs), como são conhecidos os métodos de cultivo em que diversas espécies nativas dividem espaço com produtos agrícolas, de forma que a área seja produtiva, mas ao mesmo tempo mantenha um nível considerável de serviços ambientais gerados pela floresta, como biodiversidade e sequestro de carbono. Até 2020, a área de cultivo do cacau no âmbito do projeto deve saltar para 5 mil hectares, dos quais pelo menos 2 mil serão em áreas de APPs restauradas. Outras metas do pacto Cacau Floresta são a capacitação de 20 técnicos agropecuários em boas práticas produtivas de cacau e em adequação ambiental, o desenvolvimento de pelo menos 20 unidades familiares de referência de produção de cacau e a criação de uma plataforma online com informações úteis ao produtor. Poucas culturas trazem o triplo benefício que o cacau oferece: ele gera uma renda relativamente elevada, por causa da demanda global muito forte, traz maior qualidade de vida ao agricultor familiar, porque é um fruto que cresce na sombra e isso aumenta o conforto climático no ambiente de trabalho, e ainda

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por cima viabiliza a conservação e a restauração florestal”, explica Rodrigo Mauro Freire, biólogo e coordenador do projeto Cacau Floresta. ”Dar escala ao cacau que conserva e restaura florestas, como estamos fazendo com esse acordo, é um passo importante para manter as florestas em pé e melhorar a vida das pessoas no sudeste do Pará, que é uma área estratégica para a conservação da Amazônia”, completa. No contexto estadual, o cacau deve ganhar cada vez mais relevância econômica, social e ambiental. O Governo do Estado do Pará definiu, já em 2011, a cacauicultura como um dos segmentos prioritários da política agrícola estadual e elaborou, em parceria com a Ceplac, o Programa Estadual de Desenvolvimento da Cadeia Produtiva do Cacau. A expectativa é que até 2023 o Pará torne-se o maior produtor de cacau no Brasil, superando a Bahia, que historicamente lidera o ranking dos estados. Expandir a produção do fruto é tambem parte da estratégia do governo estadual para alcançar as metas do plano Pará 2030, que incluem dobrar o PIB per capita paraense e reduzir a desigualdade de renda entre as famílias.


Para WWF-Brasil, corrida por minérios é um dos motivos para reduzir UCs no Amazonas

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xtração de ouro, diamante, nióbio e outros minérios pode estar relacionada com o projeto de lei que reduz o tamanho de quatro áreas protegidas federais no sul do Amazonas e extingue por completo uma quinta unidade de conservação (UC), afirma o WWFBrasil. O projeto de lei defendido por congressistas do Amazonas propõe acabar com a Área de Proteção Ambiental de Campos de Manicoré e diminuir o tamanho do Parque Nacional de Acari, a Reserva Biológica de Manicoré e as Florestas Nacionais de Urupadi e Aripuanã. O texto está pronto e chegou a ser discutido entre parlamentares do Amazonas e o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDBRS). Com o apoio do Palácio do Planalto, o projeto deve já começou a tramitar no Congresso Nacional. Se aprovado, o Amazonas deve perder mais de 1 milhão de hectares em áreas protegidas por lei. São áreas consideradas de alto valor para a conservação e estratégicas para fazer frente ao desmatamento que avança a partir do sul do Amazonas, comprometendo os acordos internacionais do Brasil sobre o clima e a biodiversidade. Ali também o desmatamento avança de modo acelerado. Nos cinco municípios onde estão as áreas protegidas sob pressão, incluindo trechos ao longo da BR 230 e AM 360, o corte raso de florestas nativas saltou de 27% para 36% entre 2011 e 2015, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Para o WWF-Brasil, reduzir as áreas

protegidas põe em risco as propostas que visam frear o desmatamento no sul do Amazonas, como a implementação de indústrias de base florestal, que poderiam operar com o manejo sustentável. Com o objetivo de tentar compreender os motivos dos políticos que se opõem à conservação dos remanescentes de floresta no Amazonas, o WWF-Brasil fez um levantamento dos pedidos de pesquisa e lavra de minérios no sul amazonense protocolados no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), e sobrepôs essa base de dados às áreas pretendidas pelos políticos. O cruzamento de dados revelou que a maior parte dos pedidos já protocolados no DNPM está justamente nos trechos das áreas protegidas que os parlamentares querem tirar dos limites das unidades de conservação. “Mesmo com o decreto da criação das unidades de conservação em 2016, os pedidos no DNPM continuam a ser feitos para essas áreas, indicando uma aposta na alteração da lei”, afirma Ricardo Mello, coordenador do Programa Amazônia, do WWF-Brasil. O levantamento mostra que somente no Parque Nacional do Acari – uma área de proteção integral – há cerca de 40 pedidos entre requerimentos de pesquisa e de lavra, em sua maioria de minério de ouro, alguns já autorizados pelo órgão, ligado ao Ministério de Minas e Energia (MME). A lei que rege as Unidades de Conservação no país (Lei do Snuc) impede qualquer tipo de atividade

econômica nos parques, a não ser o turismo sustentável. Localizado nos municípios de Apuí, Borba e Novo Aripuanã, o Parque Nacional do Acari passaria de uma área de aproximadamente 896 mil hectares para 655 mil hectares, ou seja, 240 mil hectares a menos de seu tamanho original, de acordo com o texto negociado em Brasília. Na APA dos Campos de Manicoré, que seria completamente extinta pelo projeto de lei, os requerimentos tratam de possíveis jazidas de minério de ferro e cassiterita para exploração industrial. As Florestas Nacionais (Flonas) de Urupadi e Aripuanã perderiam, juntas, o maior pedaço: cerca de 820 mil hectares. Somadas, as duas áreas protegidas concentram a maior parte dos pedidos de pesquisa e lavra já protocolados. São 155 requerimentos registrados no DNPM, alguns já em fase de licenciamento. O ouro é o mineral mais cobiçado nessas áreas, com cerca de 80% dos pedidos, tudo em escala industrial. Mas há também intenção de se retirar do subsolo das Flonas o nióbio, a cassiterita e, em menor escala, o minério de ferro. Para o WWF-Brasil, a dizimação de áreas protegidas para abrir frentes de mineração e de outros usos do solo vai na contramão do desenvolvimento local na Amazônia. Essa atitude deixa um rastro de deterioração das condições de vida da população, como violência, exploração humana, prostituição, conflito de terras, violação dos direitos indígenas, contaminação de agua e alimento. Neo Mondo - Novembro/ Dezembro2016

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Greenpeace revela saúde frágil do Sistema Cantareira

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Greenpeace realizou uma “tomografia” no Sistema Cantareira, o maior sistema de abastecimento de água do País, e descobriu que, apesar da recuperação dos reservatórios em função das chuvas, ele continua vulnerável em sua função de fornecer água limpa. A ONG utilizou imagens de satélite para avaliar para além do nível d’água. No estudo, foi observado o uso e a cobertura do solo, que vai muito além do entorno do reservatório – compreende mais de 288 mil hectares e 12 municípios. O que esse exame revelou foi uma enorme “pressão alta” no sistema: 70% de toda

a paisagem já foi alterada pelas atividades humanas, sobretudo pastagens e plantios de eucalipto. Da vegetação natural restam apenas 15%. Das APPs, as Áreas de Proteção Permanente, que ficam nas margens de rios e topos de morros e não podem ser desmatadas, pois têm o dever de proteger os cursos d’água, 74% já estão ocupadas por atividades econômicas. Como as células de defesa de um organismo, as matas ciliares servem de filtro natural para que poluentes e detritos não cheguem aos rios. De acordo com o exame do Greenpeace, para o “paciente” Cantareira, cujo sistema imunológico anda baixo, os riscos imediatos desta pouca

proteção são de erosão e assoreamento; eutrofização, causada pela contaminação por fertilizantes e agrotóxicos usados em plantações e pastagens; e poluição por esgoto doméstico. “Outro risco a longo prazo da eliminação da floresta é a redução ou perda da função ecossistêmica de regular o clima e o fluxo hidrogeológico, que pode se refletir em menor ocorrência e aproveitamento das chuvas”, explica o pesquisador Leandro Tavares Azevedo Vieira, doutor em Ecologia e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que conduziu o estudo com a pesquisadora Thais Nícia Azevedo Vieira, mestre em Ecologia da Paisagem.

Sem floresta não tem água O tratamento para esse tipo de problema é mais que conhecido: recuperar as matas nas APPs já é determinado por lei, mas isso precisa avançar para as pastagens degradadas. E por onde começar? No estudo, os pesquisadores classificaram todo o território em três níveis de prioridade de recuperação: média, alta e muito alta. Foi levado em conta quatro fatores relacionados ao maior aproveitamento hídrico em cada área: 1. Proteção dos recursos hídricos, a partir das áreas de proteção permanente. Em todo o Sistema Cantareira, 73% das APPs estão sendo ocupadas;

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2. Recarga hídrica, pela capacidade de infiltração da água na rocha por meio de análise do tipo de aquífero da região e da composição e profundidade dos solos; 3. Relevo do terreno – os mais declivosos tendem a absorver menos água superficial da chuva; 4. Ocorrência de chuvas, que está diretamente ligada à quantidade de água que entra no Sistema. Segundo esses critérios, o que se pode observar é que as áreas mais prioritárias (31% de todo o sistema) se concentram na região norte do Cantareira, onde há mais chuvas, maior recarga nos aquíferos

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e maior densidade de APPs. Outro ponto a ser observado é que a maioria das áreas destinadas à recuperação pelo programa Nascentes, do Governo do Estado de São Paulo, estão localizadas, em sua maioria, nas áreas de média prioridade. “O Sistema Cantareira continua vulnerável e não são canos e dutos de interligação que evitarão uma nova falta d’água no futuro. O governo do estado de São Paulo precisa cadastrar adequadamente as propriedades rurais e incentivar a recuperação florestal nas áreas essenciais de proteção. Sem floresta não tem água”, diz Fabiana Alves, da Campanha de Água do Greenpeace.


Pesquisa da Embrapa identifica microalgas que geram biocombustíveis

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esquisa de biocombustíveis realizada em Brasília pela Embrapa Agroenergia identificou espécies de microalgas que podem ser cultivadas em resíduos líquidos de processamento em agroindústrias, gerando matéria-prima renovável. Além dos combustíveis, podem ser gerados,

entre outros produtos, rações e cosméticos. Os estudos duraram três anos e também identificaram espécies na biodiversidade brasileira. Os estudos utilizaram a vinhaça, formada na produção de açúcar e etanol de cana, e o pome (palm oil mill effluent), gerado no processamento de dendê,

aproveitado na fertirrigação das plantações. De acordo com técnicos da Embrapa, utilizá-los como meio para produzir microalgas deverá agregar valor às cadeias produtivas da cana e do dendê, produzindo mais biomassa e óleo para obter energia e bioprodutos.

agrícolas tradicionais. Isso chamou a atenção de setores que necessitam de grandes quantidades de matériaprima, como biocombustíveis. Óleos produzidos por algumas espécies quase sempre contêm compostos muito valiosos, como Ômega 3 e carotenoides. Por isso, elas também encontram espaço em indústrias que atendem nichos de mercado e pagam mais caro por matérias-primas com propriedades

raras. É o caso dos cosméticos e dos suplementos alimentares. Segundo a Embrapa Agroenergia, já existem no Brasil pelo menos quatro empresas produzindo microalgas: duas no Nordeste, com foco em nutrição humana e animal, e outras duas no interior de São Paulo, atendendo indústrias de cosméticos e também de rações, além de projetos para tratamento de efluentes.

no mundo. Na Europa, mil ônibus movidos a biometano, um biogás refinado, circulam grandes cidades do continente. Conforme a Associação Europeia de Biogás, a Alemanha, com 185 plantas

de produção do biocombustível, é o país com o maior grau de implementação da tecnologia, seguida pela Suécia, com 61.

Produtividade As microalgas são organismos unicelulares e microscópicos que vivem em meios aquáticos. Elas não são plantas, mas são capazes de realizar fotossíntese e de se desenvolver utilizando luz do sol e gás carbônico. Se reproduzem muito rapidamente, proporcionando grande quantidade de óleo e de biomassa. A produtividade pode ser de dez a 100 vezes maior que de cultivos

Mercado Estudo sobre microalgas do governo dos Estados Unidos mostrou que o uso de linhagens modificadas geneticamente chega a reduzir em 85% o custo de produção. O mercado de biocombustível está em ascensão

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NEO MONDO INFORMA Por Eleni Lopes

Menos de 5% das pessoas que precisam são tratadas com os novos medicamentos contra tuberculose

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m 2016, apenas 4.800 pessoas com tuberculose resistente a medicamentos (TB-DR) foram tratadas com os dois mais recentes medicamentos para a doença, apesar de eles estarem disponíveis no mercado há quase quatro anos, de acordo com a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF). À exceção de um pequeno número de testes clínicos e de programas de uso compassivo, apenas 469 pessoas utilizaram a delamanida para seus tratamentos em 2016, e pouco mais de 4.300 usaram a bedaquilina. Isso significa que menos de 5% das pessoas que precisam desses medicamentos chegaram a recebêlos. Enquanto isso, todas as outras pessoas que recebem tratamentos para TB-DR atualmente continuam usando medicamentos antigos, que são mais tóxicos e curam apenas 50% das pessoas tratadas, além de causarem efeitos colaterais graves, que vão da perda de audição à psicose. Para salvar a vida de pessoas que vivem com TB-DR, o acesso à bedaquilina e à delamanida deve ser urgentemente ampliado pelas farmacêuticas que as produzem e pelos governos. Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que mais de meio milhão de pessoas eram infectadas com TB-DR no mundo, sendo que apenas um quarto delas foram diagnosticadas e tratadas. “É muito desanimador ver que, no ano passado, das centenas de milhares de pessoas que vivem com a tuberculose mortal e resistente a medicamentos, apenas 4.800 receberam os dois novos medicamentos que poderiam aumentar significativamente o número de vidas salvas”, diz o dr. Isaac Chikwanha, consultor para TB da Campanha de Acesso a Medicamentos Essenciais de MSF. A tuberculose (TB) é uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo: 50

aproximadamente 1,8 milhão de pessoas morrem de TB por ano. Dois medicamentos novos e promissores, a delamanida e a bedaquilina, chegaram ao mercado há três e quatro anos, respectivamente, com grandes expectativas acerca de sua contribuição para a composição de um tratamento novo e bastante aprimorado para TB-DR. O atual padrão de tratamento para TBDR demanda que os pacientes tomem aproximadamente 15 mil comprimidos no período de dois anos – o que causa efeitos colaterais graves e debilitantes – e cura apenas uma em cada duas pessoas. “Quando temos acesso a novos medicamentos como a bedaquilina e a delamanida – incluindo a combinação das duas substâncias – damos às pessoas uma chance real de sobreviver a essa doença mortal”, diz a dra. Jennifer Hughes, médica de TB de MSF em Khayelitsha, na África do Sul. “Dos 18 pacientes de nosso projeto para os quais iniciamos o uso combinado de bedaquilina e delamanida, aproximadamente 90% tiveram resultados de cultura negativa depois de seis meses de tratamento, um sinal preliminar de que o tratamento será um sucesso”. “Os esforços para ampliar o acesso à bedaquilina e à delamanida foram muito lentos. Na África do Sul, apenas 1% das pessoas que poderiam se beneficiar da delamanida estão recebendo o medicamento hoje, especialmente nas pequenas regiões mais confinadas do país”, adicionou a dra. Hughes. “Quanto tempo mais as pessoas de outras áreas terão de esperar?” Enquanto a bedaquilina e a delamanida eram aprovadas pela OMS para integrarem os regimes de tratamento para pessoas com cepas graves de TB-DR, MSF e outras organizações lutaram pelo acesso a esses novos medicamentos. Hoje, o acesso às duas substâncias – produzidas pelas empresas farmacêuticas Janssen/Johnson&Johnson

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e Otsuka, respectivamente – é limitado por diversas razões, entre elas o fato de que as empresas não registraram os medicamentos em muitos países com alto índice de TB. “Nosso primeiro maior problema é o fato de as farmacêuticas não terem sequer registrado esses novos e importantes medicamentos em alguns dos países mais atingidos pela TB. O segundo problema é o alto preço”, diz o dr. Chikwanha. “Tanto a Janssen como a Otsuka, mas especialmente a Otsuka, no caso da delamanida, devem acelerar urgentemente o processo de registro de seus medicamentos em países com alto índice de TB e estipular um preço acessível para eles”. Os governos também devem facilitar o acesso a esses medicamentos, autorizando sua importação antes que o processo de registro esteja concluído. “Os governos devem fazer tudo o que for possível para ajudar a salvar as vidas de suas populações”, diz o dr. Chikwanha. “Os países têm a responsabilidade de tratar pessoas com TB-DR com os mecanismos disponíveis e recomendados, o que inclui a bedaquilina e a delamanida, especialmente para os que não têm mais nenhuma alternativa de tratamento”. “Eu tive muita sorte, porque fui uma das primeiras pessoas na África do Sul a conseguir a delamanida”, diz a jovem Sinethemba Kuse, de 17 anos, que vive em Khayelitsha, próximo à Cidade do Cabo. “Estive em tratamento durante 14 meses, e hoje estou bem, quase sem efeitos colaterais. Acho que muitas pessoas deveriam receber esse tratamento, porque ele realmente funciona. Muitas pessoas que não têm a chance de tomar esses comprimidos estão sofrendo, e muitas delas morrem. Então, sugiro que os governos comprem esses medicamentos a fim de que mais pessoas tenham uma segunda chance de viver”.


Participação das mulheres na área de exatas mais do que dobrou de 2011 a 2016

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e acordo com dados do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a participação das mulheres nas áreas de exatas mais do que dobrou de 2011 até 2016 no Brasil. Apesar do aumento, na área das Ciências Exatas e da Terra, nas engenharias e na computação, a participação feminina ainda não supera 30% das bolsas disponibilizadas pelo órgão. Segundo o CNPq, em 2011 foram disponibilizadas 21.957 mil bolsas para que as mulheres ingressassem na área científica. O número chegou em 50.438 em 2015. O intuito da

iniciativa é incluir as mulheres na ciência, de forma que tenham seu trabalho reconhecido, superando os preconceitos que existem na área. Um bom exemplo é o projeto Futuras Cientistas, do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (Cetene), que já beneficiou 30 alunas de escolas públicas de Recife (PE) com a participação em projetos de pesquisa desenvolvidos em laboratórios de nanotecnologia, microscopia eletrônica e biocombustível. Outra referência é Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e

Comunicações (MCTIC) na cidade do Rio de Janeiro, onde atualmente as mulheres representam 80% do quadro, número considerado superior à média de 33% de pesquisadoras e tecnologistas nos institutos do MCTIC. Desde julho de 2016 o Mast seleciona um grupo de sete alunas do ensino médio para criar ações de divulgação científica. Cinco delas já possuem bolsas de iniciação científica na modalidade Jovens Talentos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

USP terá o primeiro centro de pesquisas em canabidiol do Brasil A Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), na cidade de Ribeirão Preto (SP), terá o primeiro centro do Brasil de pesquisas em canabidiol, uma substância derivada da maconha. O centro vai funcionar numa ampliação do prédio de saúde mental da universidade e deve estar pronto no segundo semestre deste ano. Há décadas, os cientistas vêm obtendo bons resultados no uso do canabidiol para tratar pacientes com esquizofrenia, doença de Parkinson e epilepsia. Em estudos clínicos, o canabidiol se mostrou eficaz na redução de sintomas psicóticos em pacientes com doenças mentais. Antonio Waldo Zuardi, professor

USP e coordenador do novo centro, conta que começou a estudar a substância em 1976, durante o doutorado que fez na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Em 1982, Zuardi passou a realizar as pesquisas na USP. O estudo na USP vai analisar a resposta do canabidiol em mais de 120 crianças e adolescentes que sofrem com epilepsia refratária, ou seja, quando medicamentos tradicionais não fazem efeitos. Nessa pesquisa, o novo centro terá uma ala destinada à pesquisa básica de laboratórios e outra voltada à pesquisa clínica com os pacientes e voluntários. Antes proibido, o canabidiol

recebeu autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em março do ano passado. Foi permitida a prescrição médica e a importação, por pessoa física, de medicamentos e produtos com canabidiol e tetrahidrocannabinol (THC) em sua formulação para uso próprio e tratamento de saúde. O canabidiol, no entanto, ainda não está registrado no país, pois não teve a sua segurança e eficácia comprovadas pela vigilância sanitária brasileira. Para isso, os pesquisadores da USP vão usar o centro para testar a substância e, futuramente, disponibilizá-la para a população.

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