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Ano 10 - N0 74 - Maio/Junho 2016
Exemplar de ASSINANTE Venda Proibida
R$ 16,00
Dia Mundial do
Meio Ambiente Abelhas Muito mais que produtoras de mel
Amazônia
Pantanal
Ícone mundial da biodiversidade
Patrimônio natural da humanidade
Seções
ÍNDICE Dia Mundial do Meio Ambiente
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Abelhas Muito mais que produtoras de mel
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Amazônia Ícone mundial da biodiversidade
Mata Atlântica Restam apenas 7%
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Pantanal Corredor biogeográfico
Caatinga Bioma exclusivamente brasileiro
EDITORIAL Oscar Lopes Luiz Presidente do Instituto Neo Mondo oscar@neomondo.org.br
O despertar da consciência holística tornou-se uma necessidade absoluta e inadiável em nossas relações com o meio ambiente. Desenvolver uma visão de mundo que, mais do que antropológica , seja ampla e profundamente ecológica, arraigar essa visão nas novas gerações a fim de que as consequências ativas de nosso ser e estar no mundo possam integrar-se num todo harmônico, encontrar o equilíbrio sustentável que garanta desenvolvimento saudável às populações, tudo isso são urgências e preocupações relativamente novas que exigem reflexão e engajamento por parte de todos. A questão ambiental traz em si a virtude da comunhão espontânea entre os povos. Ela nos convida a um entrelaçamento universal de mãos e nos sugere uma dança telúrica, em que os gestos de cada um sejam a um tempo causa e consequência do júbilo de se sentir de fato integrado a esse todo maior ao qual denominamos humanidade. É com esse espírito de seriedade e pioneirismo que a equipe de NEO MONDO elaborou esta edição especial alusiva ao "DIA MUNDIAL DO MEIO AMBIENTE”. As matérias a seguir sintetizam mais de NOVE ANOS de trabalho do INSTITUTO NEO MONDO. Nestas páginas, sem dúvida, será possível notar que “um olhar consciente” é, por definição, um olhar sensível e compromissado com a transformação socioambiental. Márcio Thamos é conselheiro e articulista da revista NEO MONDO Tenha uma ótima leitura! NEO MONDO, tudo por uma vida melhor!
EXPEDIENTE Publisher: Oscar Lopes Luiz Diretora de Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794) Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Eleni Lopes, Marcio Thamos, Dr. Marcos Lúcio Barreto, Terence Trennepohl, João Carlos Mucciacito, Rafael Pimentel Lopes, Denise de La Corte Bacci, Dilma de Melo Silva, Natascha Trennepohl, Rosane Magaly Martins, Pedro Henrique Passos Redação: Eleni Lopes (MTB 27.794), Andreza Taglietti (MTB 29.146), Lilian Mallagoli Revisão: Instituto NEO MONDO
Diretora Jurídica - Enely Verônica Martins (OAB 151.575) Diretora de Relações Internacionais: Marina Stocco Diretora de Educação - Luciana Mergulhão (mestre em educação) Correspondência: Instituto NEO MONDO Rua Ministro Américo Marco Antônio n0 204, Sumarezinho São Paulo - SP - CEP 05442-040 Para falar com a NEO MONDO: assinatura@neomondo.org.br redacao@neomondo.org.br trabalheconosco@neomondo.org.br Para anunciar: comercial@neomondo.org.br Tel. (11) 2619-3054 98234-4344 / 97987-1331 Presidente do Instituto NEO MONDO: oscar@neomondo.org.br
PUBLICAÇÃO A Revista NEO MONDO é uma publicação do Instituto NEO MONDO, CNPJ 08.806.545/0001-00, reconhecido como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), pelo Ministério da Justiça - processo MJ n0 08071.018087/2007-24. Tiragem mensal de 70.000 exemplares distribuídos por mailing VIP e assinaturas em todo o território nacional. Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição da revista e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo desta revista sem prévia autorização. Neo Mondo - maio/junho 2016
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Dia Mundial do Meio Ambiente
Urucu Amarela Polinizando flor de carambola
Abelhas: muito mais que produtoras de mel, essenciais para a maior e melhor produção agrícola
A importância das abelhas para a agricultura é pouco disseminada. Graças à sua ação polinizadora, elas são essenciais para aumentar a produção e a qualidade das colheitas. Estima-se que os ganhos de produtividade com polinização por abelhas seja equivalente a 10% do valor da produção agrícola, um acréscimo que representa, entre outros benefícios, menos áreas desmatadas e maior biodiversidade. Por Eleni Lopes
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ecentemente um artigo publicado na revista internacional Apidologie revisitou 249 publicações científicas sobre os polinizadores de culturas com interesse econômico. Foram identificados os fecundadores de 75 culturas agrícolas brasileiras, distribuídos em 250 espécies de animais. Destes, 87% são abelhas. Ou seja, elas, além de produzir mel e 8
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seus subprodutos, contribuem de forma impressionante para intensificar a produção agrícola de diversas plantas, e também para a manutenção da biodiversidade. A população urbana, em sua grande maioria, desconhece como os alimentos são produzidos. Desta forma, poucos sabem que abelhas são criadas não apenas para produzir mel, mas também são colocadas
em muitas culturas para aumentar a produção e a qualidade dos alimentos cultivados, prática que vem crescendo nos últimos anos. A polinização agrícola é naturalmente reconhecida como um fator de produção fundamental em cultivos altamente dependentes desses serviços, como o melão, a maçã e o maracujá, mas recentemente ela também tem sido
Foto: Cristiano Menezes
Foto: Cristiano Menezes
Potes de mel da abelha Tiuba do Maranhão
considerada relevante em culturas geralmente tidas como pouco dependentes, mas de grande importância econômica e social, como soja, feijão e caupi. Nesta edição especial de NEO MONDO, para contribuir na conscientização da importância das abelhas em nossas vidas, conversamos com três grandes especialistas do assunto e destacamos alguns importantes trabalhos nacionais nesta área. Diferença entre lucro e prejuízo Breno Magalhães Freitas é agrônomo e há 20 anos professor e pesquisador do departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (UFC). Sua paixão foi herdada do pai, agrônomo da Emater, que criava abelhas européias e só aumentou ao estudar a polinização agrícola, unindo o interesse pela agricultura e a produção animal. Ele lembra que a população humana atualmente é de 7 bilhões de pessoas e, até o momento, a matriz de produção de alimentos global tem se baseado, principalmente, na expansão da fronteira agrícola. “A polinização agrícola desempenha papel fundamental para que cada planta consiga alcançar o seu potencial produtivo máximo. Em diversas culturas, a inserção de colméias, graças ao seu baixo custo, é a diferença entre o lucro e o prejuízo”, ressalta. “Por exemplo, na cultura do feijão, pouco dependente de polinização, as abelhas podem contribuir para um aumento de até 10% na produção”. O professor conduz hoje diversas linhas de pesquisa com abelhas, com uma equipe de cerca de 30 pessoas na UFC, muitas em parceria com estudiosos da Inglaterra, Alemanha, Argentina, Austrália, entre outros países. Uma das pesquisas analisa os odores que mais atraem as abelhas, importante indicativo para os melhoristas de plantas. Outra estuda as causas das baixas taxas de reprodução de espécies sem ferrão, de forma a endereçar esta questão.
Como elas ajudam na polinização? Quando a abelha pousa numa flor para coletar néctar ou pólen, grãos de pólen ficam presos nos seus pelos. Em razão do seu movimento entre as flores, os grãos podem ser levados ao estigma da mesma flor ou de outra. O mais curioso é que a ação da abelha é involuntária e, a polinização, um resultado acidental. Uma abelha visita em média entre 50 e 1.000 flores por dia. Uma recente revisão publicada pelo Journal of Economic Entomology listou algumas espécies vegetais que apresentam dependência essencial por polinizadores: abóbora, acerola, cajazeira, cambuci, castanha do pará, cupuaçu, fruta do conde, gliricídia, jurubeba, maracujá, maracujá doce, melancia, melão e urucum. Já as que foram citadas como apresentando grande dependência foram: gabiroba, goiaba, jambo vermelho, murici, pepino, girasol, guaraná, tomate, abacate, pinhão manso, damasco, cereja, pêssego, ameixa, adesmia e araticum. Ou seja, de forma indireta, podemos afirmar que as abelhas desempenham papel essencial para estes cultivos.
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Dia Mundial do Meio Ambiente
Foto: Cristiano Menezes
Abelha olho-verde em flor de açaí
Foto: Cristiano Menezes
Simbiose perfeita Cristiano Menezes é biólogo e pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental. Seu principal foco de estudo, há 12 anos, é a biologia e manejo das abelhas sem ferrão para a polinização agrícola. Sua paixão pelo tema nasceu ao fazer sua iniciação científica com o geneticista, engenheiro agrônomo e reconhecido professor Warwick Estevam Kerr. “São mais de 240 espécies de abelhas sem ferrão catalogadas no Brasil, um tesouro da biodiversidade, com cores e formatos diferentes, um material biológico incrível e cheio de mistérios”, conta. Ele cita duas pesquisas recentes para exemplificar a grande quantidade de mistérios a serem desvendados nesse grupo de abelhas. A primeira foi a descoberta de soldados especializados na
abelha Jataí. “Assim como ocorre em formigas e cupins, descobrimos que a abelha jataí possui uma subcasta específica para proteger suas colônias de invasores”, explica. De acordo com Cristiano, elas são bem maiores e morfologicamente diferentes das demais companheiras do ninho. Outro estudo que ganhou destaque internacional no último ano foi o primeiro caso de agricultura de fungos em abelhas, na espécie Mandaguari. Essas abelhas cultivam fungos para alimentar as suas larvas. É uma simbiose obrigatória, ou seja, as larvas precisam comê-lo para sobreviver. “É preciso conhecer muito bem a biologia dessas abelhas para ajudar na sua conservação e, principalmente, para utilizá-las na polinização agrícola de forma sustentável”, conta.
rasil.Benefícios mútuos Desde criança, a bióloga, diretora do Instituto de Meio Ambiente e professora da Pontífice Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Betina Blochtein, gostava de observar a natureza, especialmente flores caídas e insetos. Ao ser aluna de um curso de apicultura na faculdade, se apaixonou pela tema. Hoje, conta com 14 alunos vinculados ao seu grupo de pesquisa. Ela destaca o estudo que conduz com a cultura da canola, que mostra que a produtividade pode aumentar em até 30% com a introdução das abelhas no cultivo. “Este ganho acontece naturalmente, sem colocar qualquer insumo agrícola na produção. Além disso, mostramos que a canola antecipa o ciclo das colméias, num relação de ganha-ganha entre agricultores e apicultores”, ressalta. Outra descoberta da professora e de sua equipe é o quanto a paisagem é importante, ou seja, lavouras entremeadas de áreas nativas e de preservação permanente são essencias para a sobrevivência das abelhas Dentre outros estudos, Betina conduz a criação in vitro de espécies sem ferrão para, entre outros objetivos, realizar a análise de risco dos defensivos agrícolas sobre as abelhas, especialmente os inseticidas. Seus estudos ajudam hoje a disseminar as boas práticas agrícolas. “Orientamos os agricultores sobre a importância de escolher o melhor horário para as aplicações dos defensivos, nos finais de tarde, principalmente, e dias com menor incidência de vento para minimizar o impacto dos produtos”, conta.
Mandaguari em flor de café 10
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CURIOSIDADES - A espécie de abelha mais comum, no Brasil e no mundo, é a Apis mellifera. - Poucos sabem que também são criadas abelhas sem ferrão, que são menores e dóceis, e o mel que produzem, mais líquido e com um sabor ligeiramente ácido, é muito apreciado nos meios gastronômicos e possui maior valor de mercado. - A abelha rainha é muito maior que as operárias. Uma rainha é produzida pelas operárias de abelhas melíferas, sempre que necessário, a partir de uma larva jovem de até 3 dias de vida. A larva se transformará numa rainha devido a uma alimentação diferenciada em termos de quantidade e qualidade. No caso da grande maioria das abelhas sem ferrão, as células de cria onde as rainhas serão criadas recebem mais alimento do que células das operárias. - Os zangões servem apenas para a reprodução, já que não defendem a colônia – não possuem ferrão –, nem coletam alimento ou outros recursos para a colônia. - A rainha de abelhas melíferas copula com até 20 zangões durante o voo nupcial. Já as rainhas das abelhas
sem ferrão são fiéis a um único macho. - As abelhas se alimentam, basicamente, de néctar e mel, como fonte de carboidratos, e pólen, como fonte de proteínas, gorduras, vitaminas e minerais, além de água. Elas visitam quase 4 milhões de flores para produzir 1 kg de mel. - Elas só atacam quando sentem que a sua integridade, ou a de sua colmeia, está ameaçada. Uma abelha só ferroa longe da colmeia quando é molestada ou quando saiu de uma colmeia que foi atacada. - Já as abelhas sem ferrão possuem métodos alternativos para se defender. Elas podem enrolar no cabelo, grudar resinas pegajosas no invasor ou simplesmente se esconder no buraco onde vivem. - As abelhas Apis mellifera realmente morrem depois de ferroar, em questão de horas. Isso porque o ferrão é uma estrutura que se parece com um arpão e que fica cravado na vítima. Ao se desprender, ela deixa não apenas o ferrão, mas também o saco de veneno e parte do seu aparelho digestivo.
Vasto banco de informações online um aluno tinha que mandar para um especialista analisá-la e contar com a sorte de ela já ter sido descrita. Hoje, pode identificá-la online e já fazer correlações e entrar em contato com outros especialistas”. “Nossa grande limitação sempre foi o conhecimento pulverizado, escondido em teses diversas. Hoje, passamos a ter fácil acesso a um vasto banco de dados”, destaca o pesquisador Cristiano Menezes. De acordo com Betina Blochtein, “a plataforma contribui para a gestão do conhecimento e incentiva a participação em discussões. Qualquer mobilização para proteger os polinizadores é fundamental”, finaliza.
Foto: Cristiano Menezes
Para quem estuda ou quer saber mais sobre estes pequenos animais, está disponível um conjunto de informações no link http://abelha.cria.org.br/, do portal da Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A.), www.abelha.org.br. A plataforma reúne informações com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre a importância das abelhas para a produção de alimentos e a preservação ambiental, tornando-se fonte de informação e agente de conscientização de diversos públicos, incluindo jornalistas, pesquisadores, professores e estudantes. A associação mantém também um Conselho Científico que congrega pesquisadores de diversas instituições, entre elas, Embrapa, Universidade de São Paulo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Universidade Federal do Ceará e Pontifícia Universidade Católica. Para o professor Breno Magalhães Freitas, o sistema de informações disponibilizado pela A.B.E.L.H.A., “abre mil novas oportunidades para os pesquisadores. Antes, ao se deparar com uma espécie pouco conhecida,
Abelha mosquito coletando pólen em flor de ora-pro-nobis Neo Mondo - maio/junho 2016
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AMAZÔNIA ÍCONE MUNDIAL DA BIODIVERSIDADE Em 5 de setembro comemora-se o Dia da Amazônia. Em homenagem à maior bacia hidrográfica e à maior floresta tropical do mundo, a revista NEO MONDO preparou esta matéria especial. Por Eleni Lopes
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bioma Amazônia possui quase 8 milhões de km², distribuídos em 8 países da América do Sul: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Se formasse um país, a Amazônia latino-americana teria tamanho equivalente aos Estados Unidos e toda Europa Ocidental. No Brasil, estende-se por 4,1 milhões de km². Mas a Amazônia legal, conceito criado na década de 1950, é ainda maior,
abrangendo 5,5 milhões de km², ou dois terços do País, com mais de 18 milhões de habitantes. Ela se espalha por 9 Estados: Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Acre, Amapá, Maranhão, Tocantins e Mato Grosso.
reproduzem mais de um terço das espécies existentes no planeta. A floresta abriga 2.500 espécies de árvores (um terço da madeira tropical da Terra) e 30 mil das 100 mil espécies de plantas que existem em toda América Latina.
Atualmente, 32,9% do bioma Amazônia, no Brasil, conta com proteção especial (descontadas as sobreposições), sendo 20,84% terras indígenas e 12,09% unidades de conservação federal e estadual.
Além da riqueza natural, a Amazônia contém uma fantástica diversidade cultural. Nela, vivem cerca de 170 povos indígenas, com uma população aproximada de 180 mil indivíduos, 357 comunidades remanescentes de antigos quilombos e centenas de comunidades localizadas, como as de seringueiros, castanheiros, ribeirinhos e babaçueiros.
Na Amazônia, vivem e se
A Amazônia possui, ainda, grande importância para a estabilidade do planeta. Estimativas conservadoras indicam
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que a floresta amazônica é responsável pela absorção de pelo menos 10% dos cerca de 3 bilhões de toneladas de carbono retirados da atmosfera pelos ecossistemas terrestres. Sua massa vegetal, composta por árvores de até 50 metros de altura, com copas frondozas, libera cerca de 7 trilhões de toneladas de água, anualmente, para a atmosfera, através da evaporação e transpiração das plantas. Já seus rios despejam cerca de 12% de toda a água superficial doce que chega aos oceanos, através de toda rede hidrográfica existente no globo terrestre. O Grande Rio O Rio Amazonas nasce na Cordilheira dos Andes, no Peru, e desagua no Oceano Atlântico, junto à Ilha de Marajó, no Brasil. Ao longo de seu percurso, ele recebe os
nomes Tunguragua, Apurímac, Marañón, Ucayali, Amazonas (a partir da junção do rios Marañon e Ucayali, no Peru), Solimões e novamente Amazonas (a partir da junção dos rios Solimões e Negro, no Brasil). Por muito tempo, acreditou-se que o Rio Amazonas fosse o mais caudaloso do mundo e o segundo em comprimento, porém pesquisas recentes o apontam também como o rio mais longo e com a maior bacia hidrográfica do mundo, ultrapassando os 7 milhões de quilômetros quadrados; grande parte deles de selva tropical. A área coberta por água do Rio Amazonas e seus afluentes mais do que triplica durante certas estações do ano. Em média, na estação seca, 110 000 km² estão submersas, enquanto que, na estação das chuvas, essa área chega a ser de 350 000 km². No seu ponto mais largo, atinge, na época seca, 11 km de largura, que se transformam em 45 km na estação das chuvas. O Amazonas é o mais extenso e caudaloso de todos os rios, chegando a descarregar no oceano Atlântico 230 milhões de litros de água por segundo.
MESMO COM MAIOR FISCALIZAÇÃO, DESMATAMENTO AVANÇA
Estudo recente conduzido pela instituto de pesquisa Imazon revela que, entre agosto de 2012 e julho de 2014, foram desmatados 1,5 milhões de hectares em toda a Amazônia. Cerca de 10% desse total ocorreu dentro de 160 Unidades de Conservação (UC). As 50 UCs críticas respondem por 96% do desmatamento ocorrido dentro de UCs nesse período. Em geral, as UCs críticas amazônicas estão na área de influência de grandes obras de infraestrutura, como hidrelétricas e rodovias, que acabam facilitando o acesso, a apropriação indevida das terras e a exploração ilegal de recursos naturais. Paulo Barreto, coautor do estudo, avalia :
“em geral, as Unidades de Conservação são eficazes contra o desmatamento e podem ajudar no desenvolvimento local por meio do turismo e do uso sustentável da floresta. Entretanto, os governos não têm investido suficientemente nos planos para que a população local se beneficie destas áreas.” O Imazon faz três recomendações para assegurar a integridade das áreas críticas: punir todos os crimes associados ao desmatamento ilegal, incluindo a lavagem de dinheiro e formação de quadrilha para negociar terras públicas e comercializar madeira; retirar ocupantes não tradicionais das UCs em que sua permanência não é permitida; e retomar terras públicas ocupadas ilegalmente, fora das UCs, para os reassentamentos necessários.
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CURIOSIDADES
O maior peixe do mundo, o pirarucu, é encontrado no Amazonas e atinge até 2,5 metros de comprimento e 250 quilos. Maior flor do mundo, a vitória-régia também é da Amazônia e chega a medir 2 metros de diâmetro. As florestas inundadas ocupam cerca de 8% do bioma amazônico, tendo como principal característica a flutuação cíclica dos rios, que podem atingir até 14 metros, entre as estações seca e enchente, resultando em inundações periódicas de grandes áreas ao longo de suas margens.
5 DE SETEMBRO: DIA DA AMAZÔNIA Em 5 de setembro de 1850, D. Pedro I criou a província do Amazonas. Por isso, foi instituída esta data para a conscientização da população sobre a importância da floresta amazônica para o meio ambiente.
RAIO-X O bioma Amazônia possui quase 8 milhões de km², distribuídos em 8 países da América do Sul: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. Se formasse um país, a Amazônia latino-americana teria tamanho equivalente aos Estados Unidos e toda Europa Ocidental. Principais rios: Amazonas, Negro, Solimões, Japurá, Purus, Juruá, Madeira, Tapajós e Branco. O rio Amazonas forma a maior bacia hidrográfica do mundo, ultrapassando 7 milhões de quilômetros quadrados, grande parte deles de selva tropical. Clima: Equatorial quente e úmido.
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Foto: site portalaz.com.br
CHICO MENDES, O GRANDE LÍDER DOS SERINGUEIROS C h i c o n u m a
Chico Mendes nasceu em 1944, filho de uma família nordestina que migrou para trabalhar nos seringais do Acre. Aos nove anos, aprendeu com o pai o ofício de cortar seringa. Foi a partir de 1965 que se engajou na luta pela autonomia e alfabetização dos seringueiros, que eram obrigados a vender aos patrões e a comprar sua subsistência deles, tornando-os eternamente endividados e reféns de seus empregadores. A luta pela conservação da Amazônia foi a consequência natural do seu engajamento social e político. Tornou-se então líder ambientalista de renome internacional.
Durante sua vida, testemunhou a morte de diversos de seus companheiros. E, neste ciclo vicioso, foi assassinado em 18 de dezembro de 1988. A comoção gerada pela sua morte levou à criação da Reserva Extrativista Chico Mendes e a Reserva Extrativista do Alto do Juruá, ambas no Acre, com 1.500 e 500 hectares de externsão, respectivamente.
A LENDA DO AÇAÍ O açaí é uma planta típica das florestas de várzea do Baixo Amazonas. Uma lenda local conta que, antes de existir a cidade de Belém, vivia na região uma tribo que sofria com a falta de alimentos. Por isso, o cacique mandava sacrificar todos os recém-nascidos. Sua filha Iaçá também engravidou e teve o filho morto. Durante dias, Iaçá rogou a Tupã o fim dos sacrifícios. Um dia, ouviu o choro de um bebê, do lado de fora da sua tenda. Era sua filha sorridente ao pé de uma palmeira. Correu para abraçá-la, mas deu de cara com a árvore. Iaçá ali ficou, chorando até morrer. No dia seguinte, o cacique encontrou a filha morta, agarrada à palmeira, olhando fixamente para as frutinhas pretas. Ele as apanhou, amassou e fez delas um vinho vermelho. Para os índios, aquilo eram as lágrimas de sangue de Iaçá. Por isso, açaí, em tupi, quer dizer “fruto que chora”.
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UMA VIAGEM PELOS BIOMAS BRASILEIROS: AMEAÇAS AO PATRIMÔNIO NACIONAL Segundo bioma mais ameaçado de extinção do planeta, a Mata Atlântica abriga uma das maiores biodiversidades do mundo da Redação
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Mata Atlântica, segundo bioma mais ameaçado de extinção do planeta (ficando atrás apenas das florestas de Madagascar), é a região do Brasil que se estende por 17 estados e mais de 3 mil municípios. Considerada Patrimônio Nacional pela Constituição Federal, ocupa cerca de 102 mil km2 do território nacional. Isso representa apenas 8% do total de mata que existia na chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500 (a área de florestas ocupava 15% do território brasileiro, ou seja, 1.306.421 km2). Apesar de tais dados, levantamentos recentes divulgados pelo Governo Federal apontam um crescimento de 12% na área florestal do bioma. Isso porque a Mata Atlântica possui uma alta propriedade de regeneração. Outros
dados, divulgados pela fundação SOS Mata Atlântica, mostram uma queda no desmatamento da floresta em oito estados brasileiros. No entanto, alguns estados, como Santa Catarina e Paraná, continuam com altos níveis de destruição. Esse desmatamento e degradação mostram-se como grandes problemas, principalmente porque as 120 milhões de pessoas que vivem na região do bioma dependem da manutenção e dos serviços ambientais prestados tanto na proteção de nascentes e fontes que abastecem as cidades e comunidades do interior, como na regulação do clima, da temperatura, da umidade e das chuvas, na fertilidade do solo ou na proteção das escarpas e encostas de morros de eventuais processos erosivos.
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Mata Atlântica Florestal Independente da área reduzida, a Mata Atlântica continua na lista dos biomas mais ricos do mundo em diversidade de plantas e animais. Entre os vegetais, levando em consideração apenas o grupo das angiospermas (plantas que possuem sementes protegidas dentro dos frutos), acredita-se que a Mata Atlântica possua cerca de 20.000 espécies, ou seja, aproximadamente 35% das existentes em todo o Brasil. Desse total, cerca de 8 mil são endêmicas (exclusivas do bioma). Esses dados fazem com que a floresta seja a mais rica do mundo em árvores. Um exemplo da tamanha diversidade está no sul da Bahia. Em apenas um hectare de terra, foram encontradas 454 espécies distintas de árvores (Veja o quadro comemorativo ao Dia da Árvore). Entre as espécies de frutas exclusivas da Mata Atlântica, destaca-se a jabuticaba (Myrciaria trunciflora), cujo o nome vem da palavra tupi iapoti-kaba, que significa “frutas em botão”. Outras frutas típicas do bioma são a goiaba, o araçá, a pitanga e o caju. Já entre as árvores, o destaque fica para a erva-mate. A partir de suas folhas é produzido o chimarrão, popular bebida da Região Sul do país. No entanto, da mesma maneira que há o lado positivo de se encontrar tantas plantas endêmicas no bioma, há também o lado negativo: grande parte das espécies está ameaçada de extinção. Entre os fatores que contribuem para o desaparecimento das plantas está o consumo exaustivo, como é o caso do pau-brasil, espécie que deu origem ao nome do nosso país. Outros fatores são as queimadas dos terrenos para a criação de gado, o desmatamento e o comércio ilegal. Este último é um dos principais causadores da destruição da vegetação, mesmo com leis que proíbem o plano de manejo. Espécies como o palmito-juçara, as orquídeas e 20
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as bromélias, quase entraram em extinção por causa da exploração intensiva. Plantas medicinais também sofrem muito com o comércio ilegal, sendo retiradas sem quaisquer critérios e planos de reposição. Mata Atlântica Animal A Mata Atlântica possui uma grande diversidade de fauna. Vivem no bioma aproximadamente 1,6 milhão de espécies de animais, incluindo os invertebrados. Grande parte dessas espécies é endêmica, ou seja, não podem ser encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Ao todo, estão catalogadas 270 espécies de mamíferos (73 endêmicas), 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios, 200 de répteis e cerca de 350 espécies de peixes. O destaque entre os animais fica para o mico-leão-dourado. Confira sobre esse animal no quadro. Extinção Animal Os anos passam e as espécies ameaçadas de extinção aumentam. Em 1989, a lista publicada pelo Ibama já trazia dados impressionantes, mostrando que 202 espécies de animais eram consideradas oficialmente ameaçadas no Brasil, sendo que 171 viviam nas florestas atlânticas. Em 2003, dados ainda piores foram liberados pelo Ministério do Meio Ambiente. O total de espécies ameaçadas no país subiu para 633, sendo que a maioria reside na região da Mata Atlântica. Das 265 espécies de vertebrados ameaçados, 185 ocorrem nesse bioma (100 endêmicas). Das 160 aves da lista, 118 vivem na região atlântica (49 endêmicas). Das 69 espécies de mamíferos, 38 residem no bioma (25 endêmicas). Dos anfíbios da lista, todas as 16 espécies ameaçadas são exclusivas da Mata Atlântica. Exemplos de animais ameaçados são o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga
tridactyla) e o muriqui, também conhecido como mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides). Os motivos para essa ameaça variam muito. Um dos principais é o tráfico de animais. O comercio ilegal no Brasil movimenta cerca de 10 bilhões de dólares por ano. A cada 10 animais traficados, apenas um resiste às pressões da captura e cativeiro. Outro problema é a perda do habitat para outras espécies. Estes “estrangeiros” invadem regiões de onde não são nativos por terem perdido seu próprio lar. Em outra situação, o próprio homem solta espécies não-nativas em locais inapropriados, prejudicando o desenvolvimento das espécies locais. Isso porque os animais de outras regiões multiplicam-se de maneira muito mais acelerada, pois não têm predadores e encontram alimentos abundantes. Um exemplo da soltura indevida aconteceu no Parque Estadual da Ilha Anchieta, em São Paulo. Foram soltas pelo governo, em 1983, 8 cutias e 5 micos-estrelas. Essas espécies multiplicaram-se muito rápido, chegando a ter populações de 1.160 e 654 indivíduos, respectivamente. Como consequência, cerca de 100 espécies de aves, cujos ninhos são predados por esses animais, foram extintas na ilha.
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Mata Atlântica Social A Mata Atlântica abriga quase 65% de toda a população do Brasil, ou seja, cerca de 120 milhões de pessoas. Isso porque foi na área original do bioma que os primeiros aglomerados urbanos, pólos industriais e principais metrópoles foram formados. Além da população urbana, nela vivem diferentes tribos com culturas tradicionais, o que faz com que a área tenha uma das maiores diversidades culturais brasileiras. Entre os indígenas, destacam-se os Guaranis. Já entre as culturas tradicionais não-indígenas, o destaque fica com os caiçaras, os quilombolas, os roceiros e os caboclos ribeirinhos. Mesmo possuidora de tal patrimônio cultural, a Mata Atlântica também é muito excludente. Muitas vezes as comunidades ficam marginalizadas da sociedade. Isso ocorre por causa do processo de desenvolvimento desenfreado das redes urbanas, que acabam por deixar de lado essas populações e até, muitas vezes, acabam expulsando os moradores de seus territórios originais. Desmatamento e Degradação Muitos são os fatores que implicam na destruição da Mata Atlântica. Um deles é o avanço das cidades espontâneas, ou seja, aquelas que não são planejadas e acabam por crescer “desgovernadamente”. Esse tipo de crescimento não leva em conta os remanescentes florestais, o que faz com que o bioma seja destruído. Além disso, sem um prévio estudo da melhor maneira de se expandirem, muitos desastres acabam por ocorrer, como deslizamentos e enchentes. Outro fator é o da construção de hidrelétricas, em especial em duas regiões: na da Bacia do Rio Uruguai, que fica na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande do Sul, e na da Bacia da Ribeira de Iguape, divisa de São Paulo com Paraná. Quando foram construídas, as hidrelétricas alagaram grande parte das áreas ao redor, acabando com a biodiversidade daqueles pontos. 22
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Um terceiro fator é a atividade mineradora. As regiões do sul de Santa Catarina e as áreas de Minas Gerais e Espírito Santo têm essa atividade ocupando um alto número de hectares da floresta, o que significa que os montantes de impactos ambientais negativos também são grandes. Outra questão importante é o avanço das monoculturas de árvores exóticas e da própria agricultura feita sem planejamento, ordenamento ou controle dos governos estaduais. O desmatamento feito para o plantio de exóticas e de grãos é responsável pela maior parte da atividade destruidora dessas áreas.
21 de setembro: Dia da Árvore No dia 21 de setembro, comemoramos o Dia da Árvore. Formalizada há 30 anos no Brasil, esta data relembra os laços do nosso povo com a cultura indígena. Um desses laços é o amor e respeito pelas árvores. Dia 21 marca também a chegada da primavera no hemisfério sul. Uma das mais belas estações assinala um novo ciclo para o meio ambiente, na qual se recupera a vida na natureza, após os meses de silêncio do inverno.
Fontes: Almanaque Brasil Socioambiental - ISA 2008 - Mundo de Sabores - www.mundodesabores.com.br WWF Brasil - www.wwf.org.br Instituto Ambiental Nova - www.diadaarvore.org.br
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Edison Luís Zanatto
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AS VERDADES POR TRÁS DO CERRADO
Visto como um tipo de vegetação pobre e como uma fronteira, o bioma abriga uma das maiores biodiversidades brasileiras Da Redação
O
cerrado, segunda maior formação vegetal brasileira, estende-se por uma área de aproximadamente 2 milhões de km², abrangendo 12 estados brasileiros: Maranhão, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Pará e Rondônia, além do Distrito Federal e de aparecer em manchas em Roraima e no Amapá. O bioma detém um terço da biodiversidade brasileira, 5% da fauna e flora mundiais (estima-se que 10 mil 24
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espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam na região) e é o nascedouro das águas que formam as bacias hidrográficas Amazônica, do Rio São Francisco e do Paraná/Paraguai. Além disso, sob o solo de vários estados do Cerrado, está o Aquífero Guarani, maior manancial de água doce subterrânea transfronteiriço do mundo. O clima é típico das regiões tropicais, com duas estações climáticas bem definidas: uma seca, entre abril e setembro, outra chuvosa, entre outubro
e março. O solo, característico de savanas tropicais, é deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, fazendo assim com que sua paisagem abrigue plantas com aparência seca, pequenas árvores de troncos retorcidos e curvados, além de folhas grossas e esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com campos limpos ou matas de árvores de porte médio, chamadas de Cerradões.
Malene Thyssen Divulgação
Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
João Antonio de Lima Esteves
Cerrado Animal Seguindo a linha de sua vegetação, a fauna do bioma é pouco conhecida. Mesmo assim, apresenta números impressionantes. Existem cerca de 161 espécies de mamíferos, 837 espécies de aves (40 lugar em diversidade no mundo), 150 espécies de anfíbios (80 lugar em diversidade no mundo), 120 espécies de répteis, no mínimo, além de uma grande concentração de invertebrados, na qual predomina o grupo dos insetos. Entre os vertebrados, o destaque fica para os animais de maior porte, como a jibóia, a cascavel, várias espécies de jararaca, o lagarto teiú, a ema, a seriema, o urubu-comum, o urubu-caçador, o urubu-rei, as araras, os tucanos, os papagaios, os gaviões, o tatu-peba, o tatu-galinha, o tatu-canastra, o tatu-de-rabo-mole, o tamanduá-bandeira, o tamanduá-mirim, o veado campeiro, o cateto, a anta, o cachorro-do-mato, o cachorro-vinagre, o lobo-guará, a jaritataca, o gato mourisco, a onça-parda e a onça-pintada. Conheça as características de alguns deles:
O ipê-amarelo, árvore típica do cerrado brasileiro
Cerrado Florestal Apesar de ainda pouco conhecida, a flora do cerrado é uma das mais ricas do mundo. Estima-se que existam 10 mil espécies de plantas, sendo 3.000 delas do estrato arbóreo-arbustivo e 7.000 do herbáceo-subarbustivo. Em termos de riqueza de espécies, este bioma é superado apenas pela flora da floresta Amazônica e da Mata Atlântica. Entre as plantas, destacam-se as famílias das Leguminosas (Mimosaceae, Fabaceae e Caesalpiniaceae), das Gramíneas (Poaceae) e das Compostas (Asteraceae). Uma das características do bioma é a heterogeneidade de sua distribuição, havendo espécies endêmicas em cada região do Cerrado.
1. Sucuri verde (Eunectes murinus): chamada também de Anaconda, vive em áreas alagadas do Cerrado. É a maior e mais conhecida sucuri brasileira, tendo a fama de ser uma cobra enorme e perigosa. 2. Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla): é um animal que não tem dentes e que, portanto, utiliza sua língua longa e pegajosa para facilitar a captura de alimentos. Tem em seu cardápio formigas, cupins e larvas de besouros, chegando a comer cerca de 30.000 insetos por dia. É um animal solitário, que se aproxima de outros da mesma espécie somente na hora do acasalamento e da amamentação. 3. Veado Campeiro (Ozotoceros bezoarticus): um veado campestre que mede cerca de 1 metro de comprimento. Tem a pelagem dorsal marrom, com barriga, contorno da boca e círculo ao redor dos olhos brancos. Possui uma galhada com três pontas e cerca de 30 cm de altura. 4. Urubu-rei (Sarcoramphus papa): é uma ave de rapina da família Cathartidae, que tem sua caça proibida no Brasil, pois é considerada uma ave importante na limpeza do meio ambiente. Neo Mondo - maio/junho 2016
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Dia Mundial do Meio Ambiente 5. Lobo-guará: (Chrysocyon brachyurus): é o maior mamífero canídeo nativo da América do Sul. A sua distribuição geográfica estende-se pelo sul do Brasil, Paraguai, Peru e Bolívia, estando extinto no Uruguai e na Argentina. É considerado espécie ameaçada de extinção no Brasil.
Formações de arenito do Parque Nacional de Chapada dos Guimarães vistas do mirante da “Cidade de Pedra”
João Antonio de Lima Esteves
Cerrado Social O aparecimento de pessoas na região data de pelo menos 12 mil anos. Grupos de caçadores e coletores de frutos e outros alimentos naturais começaram a povoação no bioma. No entanto, o aumento no número de habitantes foi lento. Há cerca de 40 anos esse panorama mudou. Um grande número de pessoas começou a migrar para a região por causa das novas políticas econômicas instaladas nas décadas de 60 e 70. Atualmente, vivem no bioma cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, falta de habitação e poluição, entre outros, principalmente por causa do desenvolvimento desigual, segundo análises realizadas pelo Laboratório de Processamento de Imagens da Universidade Federal de Goiás. Apesar dos dados negativos em relação ao desemprego, à falta de habitação e à poluição, algumas das áreas onde a agricultura comercial conseguiu se desenvolver mais intensamente apresentaram avanços significativos em termos de desenvolvimento humano, com diminuição dos índices de pobreza e aumentos importantes do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Por outro lado, algumas áreas de ocupação mais recente mostram uma tendência ao acentuamento na concentração de renda na mão de poucos.
Cerrado Econômico Na economia, o destaque fica para a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir, principalmente, a partir de 1960. Naquela época, o Cerrado sofreu uma forte expansão da fronteira agropecuária, estimulada por políticas de crédito nacionais e internacionais voltada para exploração de grãos e de carnes. Em 1970, novas políticas de desenvolvimento, o surgimento de novas tecnologias e investimentos em infraestrutura ajudaram na geração de uma nova dinâmica econômica, que resultou na abertura e ocupação de grandes áreas de Cerrado através da expansão da agricultura comercial. Ainda por causa das novas tecnologias, as produções de grãos começaram a aumentar. Um exemplo é a soja. A região Centro-Oeste aumentou em quase 900% sua produção, chegando, hoje, a produzir 50% da soja de todo o Brasil e 13% da soja de todo o planeta. Outros exemplos no Cerrado são: o milho (20% da produção nacional), o arroz (15% da produção nacional) e o feijão (11% da produção nacional). Na pecuária, o Centro-Oeste detém mais de um terço de todo rebanho bovino nacional e cerca de 20% dos suínos. Por outro lado, a expansão da fronteira agropecuária e a evolução tecnológica de agricultura no Cerrado fizeram com que a absorção de mão de obra ficasse cada vez menor. Em 1985, por exemplo, as áreas da agricultura mais evoluídas tecnologicamente geravam praticamente quatro vezes menos emprego que as áreas ainda não incorporadas à economia de mercado. Sem atividades no campo, a população começou a migrar para as cidades, que também não conseguiram receber e empregar todo o contingente de migrantes. Hoje, as áreas de agricultura comercial consolidada no Cerrado ainda são aquelas onde há menor disponibilidade de empregos por área utilizada.
Estrada no Cerrado João Antonio de Lima Esteves
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Problemas biológicos A vasta riqueza biológica que o Cerrado possui acaba trazendo problemas para o ecossistema. Inclusive, é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. A caça e o comércio ilegal de animais é um deles, o que acaba fazendo com que grande parte dos animais esteja ameaçada de extinção. Outro problema é a atividade garimpeira na região que acaba contaminando os rios com mercúrio e contribui para seu assoreamento, além de favorecer o desgaste dos solos, que também sofre com outro problema: a erosão. O manejo pouco cuidadoso do mesmo tem ocasionado perdas expressivas desse precioso recurso natural. Segundo estimativas do WWF, para cada quilo de grãos produzido no Cerrado, perdem-se de 6 a 10 quilos de solo por erosão. O meio aquático também é afetado pela agricultura. Há um grande consumo de água para irrigação, o que, na maioria das vezes, acaba gerando um desperdício excessivo desse bem. O resultado disso é o número crescente de conflitos pela água entre agricultores, e entre uso agrícola e uso urbano da água em muitos estados.
Desmatamento e Degradação O Cerrado, assim como todos os biomas brasileiros, sofre com a destruição de sua paisagem. Avaliações recentes apontaram uma perda entre 38,8% (segundo dados da Embrapa Cerrado) e 57% (segundo dados Conservação Nacional) na cobertura vegetal nativa da região. A diferença nos dados apresentados está diretamente ligada à grande dificuldade de se mapear os diferentes ecossistemas do bioma, principalmente na diferenciação de pastagens naturais e pastagens plantadas. Outro dado, também da Conservação Internacional, apontou que a taxa de desmatamento no bioma, até o ano de 2004, era de 2,6 hectares por minuto, ou seja, 111 mil hectares por mês. Parte da razão dessa destruição está ligada ao efeito do desenvolvimento das agriculturas em larga escala. A abertura de estradas também resultou no desmatamento de boa parte do bioma. Uma contradição disso tudo é que, mesmo com esses números alarmantes, o Cerrado é um dos biomas mais desamparados e esquecidos em termos de proteções legais. Até 2003, menos de 2% de sua área encontrava-se protegida em unidades de conservação de uso sustentável. Além disso, o Cerrado não é considerado Patrimônio Nacional na Constituição Federal, diferentemente da Amazônia, da Mata Atlântica, da Zona Costeira e do Pantanal.
Mapa da ecorregião do Cerrado Os limites da ecorregião mostrados em amarelo
Imagens: NASA
Fontes: • Almanaque Brasil Socioambiental - ISA 2008 | • Mundo de Sabores: www.mundodesabores.com.br • Portal Brasil: www.portalbrasil.net | • WWF Brasil: www.wwf.org.br Neo Mondo - maio/junho 2016
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Curiosidades A ocupação do Cerrado iniciou-se no século XVIII com a mineração, que se desenvolveu num rápido ciclo de exploração intensiva. O Cerrado é uma região com algumas peculiaridades: conta apenas com duas estações climáticas bem marcadas (seca e chuvosa) e tem uma rica biodiversidade associada a uma aparência árida, decorrente dos solos pobres e ácidos. Somando-se as áreas da Espanha, França, Alemanha, Itália e Inglaterra, chegamos ao espaço ocupado pelo Cerrado. Por não ser considerado “Patrimônio Nacional” pela Constituição Federal, diferentemente da Amazônia, Mata Atlântica, Pantanal e Zona Costeira, a
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tarefa de conservar o Cerrado é ainda mais difícil e debilitada. As árvores do Cerrado são responsáveis por cerca de 80% do carvão vegetal consumido no Brasil. O Cerrado possui um grau de endemismo (exclusividade) altíssimo e é uma das regiões de maior diversidade do planeta, mesmo sendo um bioma pouco conhecido e estudado. Das 837 espécies de aves registradas no Cerrado, 759 se reproduzem na região e o restante são aves migratórias. O Cerrado é uma das regiões do Brasil com o maior número de insetos. Apenas na área do Distrito Federal, há 90 espécies
de cupins, 1.000 espécies de borboletas e 500 tipos diferentes de abelhas e vespas. O Cerrado abriga as nascentes de importantes bacias hidrográficas da América do Sul: Platina, Amazônica e São Francisco, sendo assim considerado o “berço das águas”,
Receita Típica do Cerrado Frango com Pequi* Ingredientes
Preparo
1 frango caipira picado e sem pele 12 caroços de pequi 1 cebola média picada 4 dentes de alho amassados com sal 1 colher de sopa de óleo 1 litro de água Salsa, cebolinha e pimenta-de-cheiro
1O Ponha óleo na panela; 2O Assim que o óleo esquentar, coloque a cebola para dourar; 3O Depois disso, acrescente o alho com o sal e o frango; 4O Deixe refogar bem e acrescente o pequi; 5O Adicione a água aos poucos; 6O Quando a água estiver toda na panela, acrescente a pimenta e o cheiro verde, e deixe cozinhar por mais ou menos 30 minutos; 7O Se necessário, adicione mais água; 8O Quando o frango estiver bem cozido, está pronto para servir.
Observação Só se come a camada amarela e macia que envolve o caroço do pequi. A parte interna da fruta é cheia de espinhos e, ao se morder com força, pode acabar machucando a boca. *O pequi (Caryocar brasiliense) é uma árvore nativa do cerrado brasileiro, cujo fruto é muito utilizado na cozinha do nordeste, do centro-oeste e do norte de Minas Gerais. Neo Mondo - maio/junho 2016
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Praia de Copacabana, Rio de Janeiro
UMA VIAGEM PELOS BIOMAS BRASILEIROS A SUPERPOPULADA ZONA COSTEIRA Abrangendo diferentes ecossistemas, o bioma abriga 70% da população nacional Da redação
A
Zona Costeira, bioma que possui 41% da área emersa do Brasil, é a região que ocupa cerca de 3,5 milhões de quilômetros quadrados do país. Estendendo-se por mais de 8.500 quilômetros de litoral, o bioma abriga 70% da população brasileira. Por ter em seu território um grande conjunto de ecossistemas, é uma das áreas de maior diversidade nacional. Divisão da Zona Costeira A Zona Costeira brasileira possui uma grande variedade de ecossistemas, todos de grande relevância ambiental. Estão presentes dunas, manguezais, costões rochosos, recifes de corais, entre outros. Por serem diferentes, todos os ambientes abrigam espécies únicas de animais e plantas, devido às diferenças climáticas e ao relevo. É na zona litorânea que está localizado o que restou da Mata Atlântica, uma das maiores biodiversidades do planeta. Além disso, existem os manguezais - áreas de grande importância para a reprodução biótica marinha. Cada um desses ecossistemas é importante à sua maneira e têm significantes reservas de recursos naturais. No entanto, a ocupação desordenada, que será explicada mais para frente, está colocando em risco a biodiversidade litorânea. Conheça melhor as divisões da costa brasileira: 1. Litoral Amazônico: começa na foz do rio Oiapoque e vai até o delta do rio Parnaíba. Os manguezais são predominantes na região, assim como as matas de várzeas de maré, praias e campos de dunas. Por conta desses ecossistemas, o litoral amazônico apresenta uma grande diversidade de crustáceos, peixes e aves. 2. Litoral Nordestino: começa na foz do Parnaíba e continua até o Recôncavo Baiano. Suas maiores características são as dunas que se movimentam com o vento e os recifes calcíferos e areníticos. É nesta área do Nordeste que se encontram o peixe-boi e as tartarugas marinhas, ambos ameaçados de extinção. 3. Litoral Sudeste: vai do Recôncavo Baiano até São Paulo e é a área com a maior densidade demográfica do país. Com a costa muito recortada, é tomada pela Serra do Mar. Entre as características mais marcantes do litoral sudeste estão as praias de areias monazíticas (mineral marrom escuro), os recifes e as falésias. As espécies que habitam essa parte do litoral são a preguiça-de-coleira e o mico-leãodourado, animais em extinção. Neo Mondo - maio/junho 2016
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Dia Mundial do Meio Ambiente 4. Litoral Sul: começa no Paraná e termina no Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul. Por possuir áreas predominantemente de mangues, é mais comum a aparição de aves. Outras espécies frequentes são as lontras, capivaras e ratões-do-banhado. Ilhas: Divisão Especial Assim como a Zona Costeira é dividida em diversos ecossistemas, há também uma divisão de ilhas. Ao todo, são três tipos, sendo que a maioria delas nasceu a partir da imersão de partes de terra da costa brasileira. Por tal motivo, são consideradas prolongamentos do litoral do país. São elas: 1. Serra do Mar: conjunto de ilhas que aparecem como pedaços emersos de porções que ficam abaixo das águas da Serra do Mar. São centenas delas, que são encontradas ao longo do litoral. 2. Litoral Paulista: são porções de ilhas que se encontram no litoral de São Paulo. São considerados pedaços de terras sedimentares de baixa altitude, denominadas como prolongamento do Estado. Exemplo: Ilha Comprida, que é um longo segmento de território isolado pelo mar. 3. Ilhas oceânicas: São ilhas resultantes de fenômenos naturais, como o vulcanismo submerso no fundo atlântico. Nesse caso, são consideradas totalmente desvinculadas do relevo continental brasileiro. Exemplos: Fernando de Noronha e Atol das Rocas. Fauna Marinha O bioma abriga também uma enorme variedade de animais marinhos, divididos em zonas. Em especial, detalharemos três delas: 1. Zona médiolitoral: é a zona com maior consistência marítima, sendo, portanto, possuidora da maior variedade de espécimes aquáticas. Entre os animais característicos estão a
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craca (Chtamalus stellatus), um tipo de crustáceo, a lapa (Patella piperata), um tipo de molusco, diversas algas cianófitas, diferentes espécies de pequenos poliquetas, crustáceos e outros gastrópodes, além de peixes, como o caboz (Coryphoblennius galerita). 2. Zona infralitoral: também é muito variada. No entanto, diferencia-se da zona médiolitoral por estar permanentemente debaixo da água. É a área normalmente explorada pelos mergulhadores. Por estar em locais profundos, recebe pouca luz, observando-se, então, a presença de algas fotófilas, enguias-de-jardim (Heteroconger longissimus), raias (Raja clavata), além de invertebrados, como poliquetas, crustáceos decápodes e moluscos. 3. Zona circlitoral: área marinha coberta por diversos tipos de algas, possuindo, assim, um substrato rico em nutrientes, que facilita o desenvolvimento de pequenos invertebrados. Exemplos de animais são o pargo (Pagrus pagrus), peixe com dorso prateado, e o encharéu (Pseudocaranx dentex), outro tipo de peixe, caracterizado pelas barbatanas amareladas. Superpopulação destrutiva A Zona Costeira possui uma das maiores densidades demográficas do Brasil. Em média, vivem 87 habitantes por quilômetro quadrado, ou seja, cinco vezes mais que a média nacional (17 hab./Km²). Como hoje metade da população brasileira vive em regiões que ficam distantes em uma faixa de até 200 quilômetros do mar, ou seja, quase 100 milhões de pessoas, a área acaba sofrendo com a destruição causada pela superpopulação.
"...a urbanização em torno dessas regiões cresce desordenadamente, com carência em serviços básicos. Tal fato acarreta contaminação das águas e, consequentemente, degradação do meio marinho."
Isso impacta diretamente nos ecossistemas litorâneos, principalmente porque a urbanização em torno dessas regiões cresce desordenadamente, com carência em serviços básicos. Tal fato acarreta contaminação das águas e, consequentemente, degradação do meio marinho. Além disso, a superpopulação trouxe para a Zona Costeira brasileira atividades agrícolas e industriais. Com ela, a poluição, a especulação imobiliária sem planejamento e ainda o grande fluxo de turistas que, cada vez mais, ameaça a integridade ecológica da costa nacional pressionada pelo crescimento dos grandes centros urbanos. A ”invasão” da área litorânea também causa problemas. A devastação das vegetações nativas pelos ocupantes leva a movimentação das dunas e até a desabamentos de morros, deformando a paisagem local. Os animais, os vegetais e até mesmo o “filtro” natural, que limpa as impurezas lançadas nas águas, são postos em perigo devido ao aterro dos manguezais. Alguns mangues estão estrategicamente situados entre a terra e o mar a fim de formar um estuário para a reprodução de peixes, mas as submersões parciais das raízes das árvores do mangue espalham-se sob a água e impedem que os sedimentos escoem para o mar. Outros problemas enfrentados pelos moradores da região são o lançamento de esgoto no mar sem nenhum tipo de tratamento e o vazamento de petróleo por parte das transferências de cargas e outras operações feitas pelos terminais marítimos. Além de toda a degradação natural da parte física da faixa litorânea, a cultura dos povos que habitam a área está perto da extinção devido à expulsão das populações caiçaras de seus locais de origem. Tentando contornar esses problemas, o Ministério do Meio Ambiente, em cooperação com o Conselho Interministerial do Mar, os governos estaduais e outras instituições, está tentando ordenar e proteger os ecossistemas com a implementação do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC). Por sua vez, o Ibama fica encarregado de desenvolver projetos e ações contínuos de gerenciamento dos ecossistemas costeiros.
Porto de Galinhas, Recife Neo Mondo - maio/junho 2016
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CURIOSIDADES
• O Brasil possui 7.367 Km de linha costeira. No entanto, se levados em conta os recortes litorâneos, como baías, reentrâncias e golfões, a área aumenta para mais de 8,5 mil Km.
• Quase toda Zona Costeira brasileira está virada para o Atlântico Sul. No entanto, há uma pequena porção que divide águas com o Mar do Caribe.
• O Amapá é o Estado que possui a maior área costeira do Brasil (cerca de 12,3% do total). Por outro lado, a área do Piauí não passa de 0,2% do total.
• A Zona Costeira tem densidade demográfica média cinco vezes maior que a média nacional (87 hab/km² contra 17 hab./Km²).
• O arquipélago de Fernando de Noronha, uma das mais belas regiões da Zona Costeira, fica a 345 km do nordeste brasileiro e é constituído por uma ilha principal e 19 ilhotas, possuindo um dos maiores índices de biodiversidade marinha do Brasil.
• Somente na costa do Rio Grande do Sul, foi registrada a presença de, aproximadamente, 570 espécies de aves diferentes.
• Como a Zona Costeira recebe a maior parte das águas dos principais rios do País, o bioma é um dos mais vulneráveis às consequências ambientais negativas (resíduos de agrotóxicos, adubos e efluentes das indústrias).
Fontes: • Almanaque Brasil Socioambiental ISA 2008 • www.ambientebrasil.com.br • www.animalshow.hpg.ig.com.br • www.mundodesabores.com.br • www.wwf.org.br Arquipélago de Fernando de Noronha
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CAMPANHA ADOTE UMA ESPÉCIE. Ajude o WWF-Brasil a salvar o boto-cor-de-rosa e a arara-azul. Acesse wwf.org.br e adote. Neo Mondo - maio/junho 2016
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UMA VIAGEM PELOS BIOMAS BRASILEIROS AS DIVERSAS FACES DO SEMIÁRIDO NORDESTINO Conheça as características da Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro Da redação
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Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro, é a região do Brasil que ocupa 9,92% do território nacional. Seu nome, de origem tupi-guarani, significa floresta branca, referência ao retrato de sua vegetação que perde as folhas durante a seca para reduzir a perda de água, adquirindo um tom branco-acinzentado em seu tronco. Distribuída em 844 mil Km², ou seja, 60% do Nordeste brasileiro, engloba os Estados do Ceará (100%), Rio Grande do Norte (95%), Paraíba (92%), Pernambuco (83%), Piauí (63%), Bahia (54%), Alagoas (48%), Sergipe (49%), Minas Gerais (2%) e Maranhão (1%), segundo o Mapa de Biomas do Brasil, lançado em 2004, pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em parceria com o Ministério do Meio Ambiente. Sua paisagem reflete seu clima quente, com temperaturas elevadas durante a maior parte do ano, chuvas escassas e irregulares, longos períodos de secas, precipitação anual média variando entre 400 e 650 mm e solos rasos e pedregosos. Seus rios são, na maioria, sazonais. As únicas exceções são os rios Parnaíba e São Francisco. Caatinga Florestal Segundo o livro “Ecologia e Conservação da Caatinga”, existem 12 tipos diferentes de “caatingas”, que variam desde florestas altas e secas, com árvores de até 20 metros de altura, até afloramentos rochosos com arbustos baixos e esparsos, e com cactos e bromélias saindo das fendas do solo. Há ainda o “mediterrâneo” sertanejo, que abriga brejos florestais, várzeas e serras, sendo essa uma área mais úmida e de clima mais ameno. Ao todo, são 932 espécies de plantas na região, sendo 318 exclusivas da área. Por causa do clima semiárido, elas precisaram se adaptar para sobreviver, resultando em plantas tortuosas, de folhas pequenas e finas ou até reduzidas a espinhos, com cascas grossas e sistema de raízes e órgãos específicos para o armazenamento de água. 36
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Xique-Xique, Pilosocereus gounellei, espĂŠcie nativa da Caatinga Nordestina.
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Exemplos de vegetação típica da Caatinga são os cactos, como o mandacaru (Cereus jamacaru) e o xique-xique (Pilosocereus gounellei), as barrigudas (Cavanillesia arbórea), o pau-mocó (Luetzelburgia auriculata) e o umbuzeiro (Spondias tuberosa), famoso por possuir múltiplos usos: das folhas, saem saladas; do fruto, polpa para sucos, licor e doces; e da raiz, farinha comestível, ou vermífugo.
Existem 510 espécies de aves, 240 de peixes (136 endêmicas), 154 de répteis e anfíbios (57 endêmicas), e 144 de mamíferos (10 endêmicas).
Caatinga Animal A Caatinga possui uma grande diversidade animal em seu bioma. Existem 510 espécies de aves, 240 de peixes (136 endêmicas), 154 de répteis e anfíbios (57 endêmicas), e 144 de mamíferos (10 endêmicas). Destaque para os peixes que, mesmo com o predomínio de rios temporários e da contaminação dos cursos de água, ainda conseguem sobreviver nesse ambiente. Para isso, vivem em rios sazonais como estratégia de reprodução: depositam os ovos residentes que só eclodem em épocas de chuva. Entre os mamíferos nativos da região, há o predomínio das espécies de morcegos e roedores: 64 e 34, respectivamente. Já entre répteis e anfíbios, os destaques ficam para as serpentes, lagartos e anfisbenídeos, conhecidos como cobras-cegas. Esses são considerados animais característicos do semiárido da Caatinga, sendo, a maioria, endêmica do Médio do Rio São Francisco. Isso porque, após a alteração de seu curso, devido às mudanças climáticas no fim do Período Pleistoceno (entre 1,8 milhão e 11 mil anos atrás), esses animais ficaram separados em grupos nas margens do rio, estimulando a formação de novas espécies e, consequentemente, de espécimes exclusivos.
Por outro lado, de acordo com a lista nacional das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção, publicada em maio de 2003, pelo Ibama, vivem no bioma 28 espécies ameaçadas de extinção. Conheça alguns dos animais ameaçados: • Tatu-bola (Tolypeutes trinctus): considerado o menor tatu brasileiro, medindo de 22 a 27 centímetros, esse animal enrola seu corpo e fica parecido com uma bola quando se sente ameaçado. • Mocó (Kerodon rupestris): rato que chega a medir 40 centímetros. Está ameaçado de extinção pelo fato de figurar entre as espécies da caça de subsistência praticada pelo sertanejo para acabar com a fome. • Ararinha-azul (Cyanopsitta spixii): a pequena ave está praticamente extinta na natureza, vítima do tráfico de animais silvestres. É uma das muitas espécies que, durante a seca, se refugiavam em brejos de altitude, beira de rios, entre outros locais mais úmidos. • Arribaçã (Zenaida auriculata noronha): é uma espécie de pomba que migra de acordo com a frutificação da flora no sertão nordestino. Está ameaçada de extinção por ser presa fácil para os caçadores, já que faz ninhos no chão.
Galo-da-campina, Paroaria dominicana
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• Galo-da-campina (Paroaria dominicana): é considerado um dos mais bonitos pássaros brasileiros. Alimenta-se, principalmente, de sementes. Por possuir um belíssimo canto, é muito perseguido pelos comerciantes de animais da região. Caatinga Social A Caatinga abriga as maiores desigualdades sociais do Brasil. Sua população de cerca de 28 milhões de pessoas figura entre as mais pobres do Nordeste, recebendo, em média, menos de um salário mínimo por mês. Além disso, a região possui os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH), os mais elevados percentuais de população empobrecida, as maiores taxas de mortalidade, cerca de 100 mil por mil habitantes, e elevadas taxas de analfabetismo para maiores de 15 anos (entre 40% e 60%). Esses dados refletem o processo de ocupação da Caatinga, que concentrou terra e poder no domínio de poucos. Degradação da Caatinga A Caatinga, como todos os biomas brasileiros, também está sofrendo um processo de degradação acelerado. Uma das principais causas é o desmatamento, feito em especial para a produção de lenha, utilizada como fonte de energia em residências, olarias e siderúrgicas. Outros dois fatores de degradação são a pecuária extensiva, com o consumo e destruição da vegetação pelos animais, e a agricultura de irrigação, que avança ao longo do Rio São Francisco em municípios como Juazeiro e Petrolina. Tal modelo de cultivo compromete os lençóis freáticos, salinizando e contaminando o solo com agrotóxicos. A desertificação, processo de degradação ambiental que ocorre nas regiões com clima seco, também é responsável pela destruição do bioma. Esta atinge 181 mil Km² do semiárido brasileiro, sendo que 15 mil Km² já estão em situação de extrema gravidade. Mudanças Climáticas na Região As mudanças climáticas vêm afetando todo o mundo. Com o aumento da temperatura, que nos próximos anos pode subir até 3°C, a Caatinga poderá dar lugar a uma vegetação típica dos desertos, com predominância de cactáceas. Isso porque o bioma possui um alto potencial para a evaporação e, combinado com o aumento da temperatura, causaria diminuição da água de lagos, açudes e reservatórios. Ambientalmente, o Nordeste ficaria a mercê de chuvas torrenciais, que resultariam em enchentes e, consequentemente, em grandes impactos ambientais. Além disso, a frequência de dias secos consecutivos e de ondas de calor aumentaria. Socialmente, as mudanças climáticas também trariam problemas. A falta de água e as altas temperaturas tornariam a produção agrícola de subsistência inviável. Com isso, populações inteiras começariam a migrar para as grandes cidades da região ou para outras regiões, o que geraria um caos nas metrópoles, que não teriam condições de abrigar tantas pessoas, agravando ainda mais os problemas sociais e urbanos.
Medicina da Caatinga A medicina na Caatinga é baseada no uso de plantas. A utilização de folhas, raízes e cascas, entre as quais as da catingueira (antidiarreica), do jerico (diurético) e do angico (adstringente), é muito difundida entre a população que habita a região, sendo estes itens obrigatórios das tradicionais feiras e mercados locais. Com base nas plantas medicinais, o projeto “Farmácias Vivas” foi criado pela Universidade Federal do Ceará, em 1985. Ele visa transferir para pequenas comunidades governamentais o conhecimento científico sobre plantas medicinais da região e seu uso medicamentoso correto. Dessa maneira, a parte menos abastada da população nordestina poderia empregar tais ervas no tratamento de doenças. O projeto já selecionou e comprovou cientificamente a eficácia de mais de 60 espécies de plantas medicinais do Nordeste.
A Caatinga, como todos os biomas brasileiros, também está sofrendo um processo de degradação acelerado. Uma das principais causas é o desmatamento.
Umbu, fruto do Umbuzeiro, Spondias Tuberosa Neo Mondo - maio/junho 2016
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Dia Mundial do Meio Ambiente Parque Nacional Serra da Capivara O Parque Nacional Serra da Capivara está localizado no Sudeste do Estado do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. Cobrindo uma área de 130 mil hectares e tendo um perímetro de 214 Km, ele é o único Parque Nacional situado no domínio da Caatinga. Criado por diversos motivos, que variam desde a preservação de seu meio ambiente específico até fatores culturais e turísticos, o parque tornou-se Patrimônio Natural da Humanidade em 2002, 11 anos após o pedido da UNESCO para tal feito. Possuidora de um grande patrimônio cultural, a unidade de preservação tem uma das mais largas quantidades de sítios arqueológicos do mundo. Atualmente, cerca de 912 sítios estão cadastrados pela FUMDHAM (Fundação do Homem Americano), sendo que 657 apresentam pinturas e gravuras rupestres. Isso indica que o homem já habitava aquela região há 100 mil anos. Além da parte cultural, o Parque Nacional Serra da Capivara possui uma riqueza vegetal exclusiva de tal área, resultante de duas grandes formações geológicas: a bacia sedimentar Maranhão-Piauí e a depressão periférica do rio São Francisco. A região é uma das últimas do semiárido possuidora de importantes diversidades biológicas, com paisagens que variam entre serras, vales e planícies. Todas as belezas dessa unidade de conservação dão ao parque uma importante função no turismo, sendo esta uma alternativa de desenvolvimento para a área. Porém, o parque já sofreu com a degradação. Depois de criado, ficou abandonado durante dez anos por falta de recursos federais. Durante esse período, a Unidade de Conservação foi considerada “terra de ninguém”. Por tal fato, ela sofreu com a depredação e destruição da flora, principalmente através de caminhões vindos do Sul do país que desmatavam e levavam, de maneira descontrolada, as espécies nobres, próprias da Caatinga. Também, a caça comercial se transformou numa prática popular com consequências horríveis para as populações animais. As espécies começaram a diminuir em uma velocidade impressionante e, algumas delas, como os veados, emas e tamanduás, praticamente desapareceram.
A caça comercial se transformou numa prática popular com consequências horríveis para as populações animais.
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Museu do semiárido Criado em 15 de maio de 2007, o Museu Interativo do Semiárido (MISA) nasceu a partir de uma iniciativa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) de fomentar a importância da região Semiárida para o país. Através da Exposição “Viver e Compreender”, o museu é elemento primordial para a transmissão dos traços fundamentais do semiárido, exibindo as principais nuances e faces que compõem esse importante ponto estratégico do Brasil. Na exposição, localizada em um salão de mais de 200m², no Campus Campina Grande da UFCG, belos painéis explicativos, peças em barro, madeira, roupas de couro, cancioneiro popular, utensílios domésticos e de trabalho do homem do campo remetem os visitantes aos ambientes nativos da Caatinga.
CURIOSIDADES • A Caatinga abriga a ave com maior risco de extinção no Brasil, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii). Apenas um único macho dessa espécie foi encontrado na natureza. Também nesse bioma vive a segunda ave mais ameaçada do país, a arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), que habita os arredores de Canudos (BA).
• Existem cerca de 327 espécies de animais endêmicas, ou seja, exclusivas na Caatinga.
• Na vegetação, os números são parecidos: cerca de 323 espécies de plantas são endêmicas.
• Na estação seca das regiões da Caatinga, a temperatura do solo pode chegar a 60ºC.
• Uma área bem conservada de Caatinga pode abrigar cerca de 200 espécies de formigas, enquanto uma mais degradada não suporta mais do que 40.
• As vegetações do bioma se adaptaram ao ambiente que vivem de forma estratégica: a perda das folhas das plantas reduz a superfície de evaporação quando falta água.
• As ações do homem na Caatinga já destruíram metade da paisagem da região, sendo que quase 20% do bioma já está com alto grau de degradação, ou seja, com risco de desertificação.
Fontes: • Almanaque Brasil Socioambiental 2008 – ISA (Instituto Socioambiental) • www.wwf.org.br
Receita Típica da Caatinga: Baião de Dois Ingredientes: • 1/2Kg de feijão verde, ou feijão de corda (feijão verde já seco); • 200g de toucinho defumado; • 1 paio (cortado em rodelas); • 2 tabletes de caldo de bacon; • 1 cebola grande picada ou ralada; • 1 dente de alho amassado; • 1 pimenta de cheiro amarela; • 4 colheres (sopa) de óleo; • Salsinha ou coentro picado, de 1 colher (sopa) a 1 xícara; • 2 e 1/2 xícaras (chá) de arroz; • 150g de queijo de coalho (cortado em fatias finas). Preparo: 1. Lave o feijão e deixe-o de molho na véspera do preparo; 2. No dia seguinte, cozinhe-o juntamente com o paio e o caldo de bacon, dissolvido em dois litros e meio de água fria;
3. Tampe a panela e deixe cozinhar em fogo baixo por cerca de 1 hora; 4. Em outra panela, coloque o óleo e deixe a cebola e o alho dourando; 5. Junte o coentro e o arroz na panela e refogue bem; 6. Acrescente o feijão e o paio já cozidos, juntamente com o caldo e misture bem os ingredientes; 7. Tampe a panela e deixe cozinhar até que o arroz fique cozido, úmido e com consistência cremosa; 8. Durante o cozimento do arroz, se necessário, adicione água, tomando o cuidado para não deixar a mistura ficar seca; 9. Junte a salsinha e mexa com cuidado; 10. Cubra o arroz com as fatias de queijo, tampe a panela novamente e deixe que o vapor derreta o queijo. 11. Quando o queijo estiver derretido, sirva o prato com carne-de-sol frita. Neo Mondo - maio/junho 2016
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UMA VIAGEM AOS BIOMAS BRASILEIROS Considerado como a maior planície alagada do mundo, o bioma tem a importante função de corredor biogeográfico entre as duas maiores bacias da América do Sul. Da Redação
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antanal, maior planície alagada do mundo, se estende por diversos países da América Latina, entre eles Brasil, Bolívia e Paraguai, ocupando uma área total de 210 mil km2. Com a maior parte no território nacional (cerca de 70%), o bioma está presente nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Considerado como um elo de ligação entre as duas maiores bacias da América do Sul (do Prata e da Amazônia), a região pantaneira tem a importante função de corredor biogeográfico, permitindo assim a dispersão e a troca de espécies de fauna e flora entre os lugares. Por esse e por outros motivos, grande parte do Pantanal (e da Bacia Hidrográfica do Prata) é considerada Patrimônio Natural da Humanidade pela Unesco, além de estar presente na Constituição Brasileira como Patrimônio Nacional.
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Mesmo não possuindo um número muito grande de espécies endêmicas (exclusivas), o bioma tem qualidades de uma “ecorregião”, ou seja, possui características específicas por englobar diversos outros biomas, como o Cerrado (leste, norte e sul), o Chaco (sudoeste), a Amazônia (norte), a Mata Atlântica (sul) e o Bosque Seco Chiquitano (nordeste). Essas peculiaridades, somadas ao regime de cheias e secas, faz com que o Pantanal possua uma variabilidade muito grande de espécies. Em relação ao clima, a região possui temperaturas quentes e úmidas no verão (média de 32 graus) e frias e secas no inverno (em torno de 21 graus). Já a umidade varia de acordo com os meses do ano, sendo, de junho a outubro, a época de secas e, de novembro a maio, a época das cheias. Desta forma, sua precipitação anual gira em torno de 1.000 e 1.400 milímetros.
Pantanal Florestal O Pantanal possui uma vegetação muito rica, com cerca de 1.650 espécies de árvores e arbustos. Por ter a mistura de vários biomas, sua paisagem varia de acordo com a estação e/ou local. Por exemplo, nos períodos de seca, os campos pantaneiros são predominantemente cobertos por gramíneas e vegetações típicas do cerrado. Já nos pontos mais altos, como picos e morros, há o predomínio da flora típica da caatinga, com barrigudas, gravatás e mandacarus, além da ocorrência da vitóriarégia, planta típica da Amazônia. Nas partes alagadas, as v e g e t a ç õ e s flutuantes, como aguapé e a salvinia, são predominantes. Essas, quando carregadas pelos rios, formam ilhas verdes, chamadas de camalotes. Outra flora existente é a de mata densa e sombria, normalmente encontradas em volta das margens mais elevadas dos rios. Entre as plantas mais famosas do Pantanal
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está o Carandá (Copernicia australis), planta da família das arecáceas, de rápida germinação e abundante na forma silvestre, principalmente por ser muito resistente ao frio. Podendo chegar aos 20 metros de altura e 40 centímetros de diâmetro, seu tronco é muito utilizado na indústria madeireira para construção de postes para linhas telefônicas e elétricas.
Pantanal Animal Assim como a flora, a diversidade da fauna pantaneira também é muito grande, sendo, inclusive, considerada umas das mais ricas do planeta. São cerca de 656 espécies de aves (no Brasil inteiro estão catalogadas cerca de 1.800), 1.132 de borboletas, 122 de mamíferos, 263 espécies de peixes e 93 de répteis. Conheça alguns dos animais do bioma:
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Arara-azul-grande (Anodorhynchus hyacinthinus): é uma ave da família Psittacidae, que possui plumagem azul com um anel amarelo em torno dos olhos. Reproduz-se a partir dos 3 anos de idade, dando cria a dois filhotes por vez. Alimenta-se, basicamente, de sementes, frutas, insetos e pequenos vertebrados.
Tuiuiú (Jabiru mycteria): é uma ave pernalta da família Ciconiidae. Considerada a ave-símbolo do Pantanal, o tuiuiú tem pernas de coloração preta, com plumagem do corpo branca, pescoço nu e preto, e papo nu e vermelho. Chega a ter 1,4 metro de comprimento e mais de 1 metro de altura, além de pesar 8 quilos. Sua alimentação é basicamente composta por peixes, moluscos, répteis, insetos e pequenos mamíferos. Também se alimenta de pescado morto, ajudando a evitar a putrefação dos peixes que morrem por falta de oxigênio nas épocas de seca.
Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus): é um mamífero ruminante da família dos cervídeos. Maior veado da América do Sul, o cervo-do-pantanal tem uma galhada bifurcada, com cinco pontas em cada haste. Muito arisco durante o dia, ficando escondido na maior parte dele, sai à noite às clareiras em grupos de cinco ou mais para alimentar-se de capim, juncos e plantas aquáticas. Embora sua carne não sirva para comer, o cervo-do-pantanal é caçado por causa do couro e galhada.
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Jacaré-do-pantanal (Caiman yacare): é um réptil que mede entre dois e três metros de comprimento e seu padrão de coloração é bastante variado, sendo o dorso particularmente escuro, com faixas transversais amarelas, principalmente na região da cauda. Alimenta-se de peixes, moluscos e crustáceos. Suas fezes servem de alimento para muitos peixes. Uma característica interessante sobre este animal é a temperatura corporal, que varia de 25 a 30 graus.
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Pantanal Social e Econômico Com uma população aproximada de 1,1 milhão de pessoas, o Pantanal apresenta uma distribuição geográfica muito desigual, com cidades variando de 12 mil habitantes, como Porto Murtinho (MS), até 500 mil habitantes, como Cuiabá (MT). Entre as atividades econômicas desenvolvidas por essa população, destaca-se a pesca, que tem ligação direta com o turismo e com a sobrevivência da área. Esse tipo de estimulo econômico é o maior gerador de renda dos residentes da região, dividido em três categorias: a pesca de subsistência, que é fonte de alimento das populações ribeirinhas;
A pesca profissional, cuja função é gerar renda aos pescadores, principalmente, na venda de espécies nobres, como pintado, dourado e pacu; e a pesca esportiva, maior atrativo turístico do Pantanal, que recebe, em média, 450 mil pescadores de fora por ano. Outra atividade é a pecuária, que expandiu-se no final do século XIX. Em sua maioria, é feita de maneira extensiva, ou seja, de maneira livre, sem cuidado de manejo. Estes animais (calcula-se que existam cerca de 3,2 milhões de cabeças na área pantaneira) dependem do período de cheia e seca para serem criados, já que, quando há o alagamento das partes baixas, os animais têm que ser levados aos locais mais altos para se alimentar e procriar. Outras atividades econômicas são a mineração e a siderurgia. Expandidas, principalmente, na bacia do Alto Rio Paraguai, estas formas de arrecadação de verbas têm uma importante função no crescimento não só da economia regional, mas também do resto do Brasil. Entre os principais minérios retirados destacam-se o manganês, o ferro, o calcário, o ouro e o diamante, encontrados nos complexos minerais de Maciços do Urucum e de Cuiabá-Cáceres.
Degradação do Pantanal Assim como todos os outros biomas já vistos, o Pantanal também sofre com problemas ambientais de degradação. Um dos processos mais acelerados de destruição está ligado a uma grande fonte de renda da região e do País como um todo: o gasoduto Brasil-Bolívia. A grande necessidade de carvão vegetal para abastecimento dos fornos desses gasodutos faz com que a taxa de desmatamento cresça de forma impressionante.
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As queimadas são outro problema da região pantaneira. Além de destruirem o solo, que perde todos os nutrientes, atingem a própria população, que fica contaminada pela fumaça, lotando os postos de saúde com problemas pulmonares, e também os pássaros, que acabam se afastando, também por causa da fumaça. Um terceiro problema é a exploração incessante de algumas espécies de animais e de plantas nativas do bioma, que causa a extinção das mesmas. Além disso, há o comércio ilegal de madeira, que destrói e acaba com as árvores do território.
O quarto problema vem do mar. O tráfico, a caça e a venda de peixes, chamados de sobrepesca, acabam com esses animais, o que influencia diretamente na cadeia alimentar da região, já que muitos outros bichos, inclusive terrestres e voadores, se alimentam da fauna aquática. Outro problema é o assoreamento dos rios, decorrente da pecuária no planalto, fazendo com que diversos sedimentos rolem terreno abaixo até chegaram aos leitos de água. O sexto problema está ligado às atividades mineradoras, que acabam contaminando os lençóis freáticos.
Curiosidades • A maior cobra do Pantanal, a sucuri amarela mede até 4,5 metros e se alimenta de peixes, aves e pequenos mamíferos. • O tuiuiú, ave-símbolo do Pantanal, tem mais de 2 metros de envergadura com as asas abertas. • Com 1,5 metro de comprimento e 120 quilos, o jaú (bagre gigante) é o maior peixe do Pantanal. • As cheias anuais dos rios da região atingem cerca de 80% do Pantanal e transformam a região em um impressionante lençol d’água, afastando parte da população rural que migra temporariamente para as cidades ou vilas. • O Pantanal brasileiro possui 144.294 km2 de planície alagável, 61,9% dos quais se encontram em Mato Grosso do Sul e 38,1% em Mato Grosso. • O Pantanal atrai cerca de 700 mil turistas por ano, 65% dos quais são pescadores. • Os 210 mil quilômetros quadrados do Pantanal equivalem à soma das áreas de quatro países europeus – Bélgica, Suíça, Portugal e Holanda. • A onça pintada do Pantanal chega a pesar 150 quilos, alimentando-se de, aproximadamente, 85 espécies de animais que vivem na região. • O bioma do Pantanal foi reconhecido em 2000 como Reserva da Biosfera. Essas reservas, declaradas pela Unesco, são instrumentos de gestão e manejo sustentável integrados que permanecem sob a jurisdição dos países nos quais estão localizadas. • O reduzido desnível da região produz a inundação periódica do Pantanal. Além disso, o relevo faz com que o Rio Paraguai flua bem devagar. Uma canoa à deriva no rio demoraria cerca de seis meses para atravessar o Pantanal. • A cada 24 horas, cerca de 178 bilhões de litros de água entram na planície pantaneira. • Existem mais espécies de aves no Pantanal (656 espécies) do que na América do Norte (cerca de 500) e mais espécies de peixes do que na Europa (263 no Pantanal contra aproximadamente 200 em rios europeus).
Receita Típica do Pantanal: Furrundum
Ingredientes: • 2 cidras médias (cerca de 1 kg) • 1 rapadura com cerca de 400 gramas de raspadas ou 3 xícaras de açúcar mascavo • 1 colher (sopa) de gengibre fresco ralado • 1 coco grande ralado fino
Preparo: 1. Lave bem as cidras e rale a casca no ralador grosso sem atingir a polpa; 2. Deixe a casca ralada de molho em uma tigela com água
fria, trocando a água várias vezes, por algumas horas ou até eliminar o sabor amargo; 3. Escorra e esprema bem; 4. Coloque a casca ralada em uma panela e junte a rapadura ou açúcar mascavo, misturando bem o conteúdo. Acrescente o gengibre e leve ao fogo brando; 5. Deixe cozinhar, mexendo de vez em quando, até o fundo da panela começar a aparecer; 6. Acrescente o coco ralado e continue cozinhando, mexendo sempre, por mais alguns minutos; 7. Tire do fogo e deixe esfriar; 8. Retire pequenas porções da massa e modele formando bolinhas; 9. Coloque em um prato de servir e leve à mesa. Rendimento: cerca de 30 doces. Neo Mondo - maio/junho 2016
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UMA VIAGEM PELOS BIOMAS BRASILEIROS Apesar de possuir uma paisagem marcante, o O Pampa esconde diversos cenários e ecossistemas pouco explorados.
Foto: Isaias Mattos
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Foto: Divulgação
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Pampa, conhecido também como Campos do Sul ou Campos Sulinos, estende-se por grandes áreas de três países da América do Sul (Argentina, Uruguai e Brasil), ocupando quase 700 mil km² dos territórios dessas regiões. No Brasil, o bioma ocupa quase 180 mil km² de área, estando presente, em sua maior parte, nas regiões sul e sudeste do Rio Grande do Sul (dois terços do Estado).
já foi identificada a presença de mais de 3000 espécies de plantas, sendo que a p ro x i m a d a m e n t e 400 delas são gramíneas. Apesar de possuir uma paisagem marcante (planícies cobertas de gramíneas, plantas rasteiras e algumas árvores e arbustos encontrados próximos a cursos d’água), a grande variedade vegetal torna seu cenário bastante diversificado.
Conheça três dessas paisagens: 1. Parque do Espinilho: Localizado exclusivamente no sudeste do Rio Grande do Sul, é marcado por uma vegetação espinhosa e seca (daí o nome). Os últimos remanescentes significativos desse tipo de formação estão no
Apesar de possuir uma paisagem marcante, com predomínio de gramíneas, o bioma esconde inúmeros outros cenários e ecossistemas, modificados, em sua maioria, por causa do vento, fator vital na configuração da paisagem e que dá um caráter único à região.
Foto: Francisco Renato Galvani
Mesmo com tais paisagens exclusivas, as áreas naturais protegidas no país são as menores de todos os biomas. Ele possui a menor representatividade no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), com apenas 0,36% de seu território transformados em áreas de conservação. Grande problema! Isso porque o Pampa tem duas das mais importantes funções na preservação da biodiversidade mundial: atenuar o efeito estufa e ajudar no controle da erosão. Pampa Florestal No bioma, que antes de ser estudado a fundo chegou a ser classificado como um “vazio ecológico”, Neo Mondo - maio/junho 2016
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Dia Mundial do Meio Ambiente município de Barra do Quarai, numa área de cerca de 1.618 hectares, dentro do Parque Estadual do Espinilho (Decreto nº 41.440, de 28 de fevereiro de 2002). Duas espécies bem características e que determinam o aspecto curioso deste parque são o algarrobo (Prosopis algarobilla) e o nhanduvaí (Acácia farnesiana). 2. Banhados: Diferente das peculiaridades do Parque do Espinilho, os banhados possuem as características marcantes do Pampa, com predomínio de gramíneas. Em sua grande maioria, as regiões com essa cobertura vegetal foram drenadas para uso agrícola, através do Programa Pró-Várzea, do governo federal, na década de 1970. Dentre as áreas de destaque, a mais conhecida está localizada no sul do Estado, chamada de Banhado do Taim (protegida por um
parque de mesmo nome). Outra área relevante é a dos municípios de Itaqui e Maçambará, na fronteira com a Argentina. Lá ocorre o banhado de São Donato, reconhecido como reserva ecológica na década de 1970, mas que até hoje ainda não foi efetivado. Atualmente, possui uma extensão de 4.392 hectares, que está praticamente cercada pela agricultura, principalmente a de arroz. 3. Cerros e serras: Localizados predominantemente no sudoeste do RS, os cerros e serras são um mistério para os estudiosos, já que surgem, aparentemente, do nada (pequenos e baixos morros aparecem em uma área totalmente plana, sem pedras evidentes, sem florestas, sem cavidades). Sua característica principal é uma aparência de arenito conglutinado. Pampa Animal Apesar de não ter tido sua fauna muito estudada, os Campos Sulinos abrigam, pelo menos, 102 espécies de mamíferos (cinco delas
endêmicas), 476 espécies de aves (duas endêmicas) e 50 espécies de peixes (12 endêmicas). Dentre elas, 24 espécies de aves e as cinco espécies exclusivas de mamíferos estão ameaçadas de extinção. Uma das principais causas do declínio no número de espécies da região é a expansão da monocultura de árvores exóticas. Ela foi responsável pela destruição de pelo menos 26 espécies da fauna dos Campos do Sul, além de ser o agente de cerca de 10% das ameaças de extinção. Mesmo com números preocupantes, o Brasil é o único país, dentre os que compõem o bioma, que a existência dessas espécies ainda não está totalmente comprometida. Conheça alguns dos animais que fazem parte da fauna do Pampa: 1. Gato montês (Felis silvestris): é um tipo de felino que habita preferencialmente bosques fechados. É um animal noturno, que durante o dia refugia-se em buracos de árvores, fendas nas rochas ou tocas abandonadas de outros animais.
Foto: Divulgação
2. Gato-do-mato (Leopardus tigrinus): é um felino originário da América do Sul e da América Central. Embora semelhante a uma jaguatirica, este gato distingue-se pelo pequeno tamanho (mede cerca de 50 centímetros, sendo considerado o menor dos felinos silvestres no Brasil) e pelas manchas em sua pelagem. Alimenta-se de ratos, pássaros e insetos. 3. Puma (Felis concolor): é o segundo mais pesado felino da América, ficando atrás apenas da onça-pintada. Pode chegar a medir até 2,40 metros de comprimento e alcançar 100 quilos. Vive solitário e 50
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Foto: Ronai Rocha
costuma caçar no final do dia. Tem expectativa de vida de, em média, 15 anos.
Foto: Eduardo Amorim
4. Caminheiro-grande (Anthus nattereri): é uma das aves do Pampa mais ameaçadas de extinção. Pode chegar a medir 15 cm de comprimento. Alimenta-se, basicamente, de insetos. Entre suas peculiaridades está seu canto complexo durante voos altos, em que a pequena espécie sobe quase 25 metros verticalmente, deixando-se cair, depois, rapidamente.
5. Caboclinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster): é um pássaro que pode Neo Mondo - maio/junho 2016
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Foto: Divulgação
Foto: Miriam Zomer
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chegar a medir 10 cm de comprimento. Tem um canto suave e agradável, com diversas notas. Alimenta-se de gramíneas e sementes. Pampa Social: Problema e Solução Os Campos do Sul estão localizados na metade mais pobre do Rio Grande do Sul. Apesar dos grandes latifúndios, a região não conseguiu desenvolver-se economicamente. Visando minimizar os problemas socioeconômicos, os governantes vêm, há vários anos, criando programas que buscam levar o “progresso” para a região. No entanto, alguns programas acabam por degradar o bioma. Um dos exemplos é o projeto do governo de implantação de monoculturas de árvores para a região. Como a metade sul do Estado é uma grande planície, o plantio extensivo de árvores altera o regime de ventos e de evaporação da região, causando impactos significativos no clima, nos recursos hídricos e na cultura. Por
outro lado, programa de desenvolvimento das fazendas de criação de gado é uma das alternativas para a manutenção do Pampa. Como a região é constituída basicamente de grandes fazendas de criação, a implementação de técnicas mais avançadas de manejo acabam por ajudar na proteção das terras. Aliados à grande produtividade, à manutenção da biodiversidade do campo nativo e aos ganhos financeiros significativos para o produtor rural, esse programa é um dos mais eficazes aplicados até hoje no o
Rio Grande do Sul. Degradação do Pampa Alguns são os fatores que contribuem para a degradação desse bioma. Um deles é a expansão descontrolada do plantio de monoculturas, como arroz, milho, trigo e soja. Devido à riqueza do solo, algumas áreas cultivadas do Sul cresceram rapidamente sem um sistema adequado de preparo, resultando em erosão e, até, na desertificação de algumas partes da região. Outro fator, considerado um dos mais ameaçadores à sobrevivência dos Campos Sulinos, é a exploração indiscriminada de madeira. Algumas árvores de grande porte foram derrubadas e queimadas para dar lugar ao cultivo de milho, trigo e videira, principalmente. Um dos exemplos dessa exploração descontrolada fica por conta da mata das araucárias ou pinheiros-do-paraná. Antes, essas árvores estendiam-se por cerca de 100 mil km² de matas de pinhais. No entanto, por mais de 100 anos, os pinheiros alimentaram a indústria madeireira do Sul, fazendo com que hoje restem apenas 2% da cobertura original da mata das araucárias. Os pequenos vestígios da formação original dessa vegetação que restam estão confinados em áreas de conservação do Estado. Um terceiro problema é a ampliação da área de plantio de soja e a cultura da mamona para elaboração de biocombustível. Estas duas práticas são consideradas as mais recentes ameaças à região e vem rapidamente destruindo os solos do bioma. Constante e antiga ameaça dos Campos do Sul é a mineração e a queima de carvão mineral. Os impactos locais, regionais e globais são muitos, variando entre a acidificação da água, a alteração da paisagem, o deslocamento de populações assentadas, o aumento de incidência e frequência de doenças pulmonares, as chuvas ácidas e emissão de gases de efeito estufa. Fontes: ✓ Almanaque Brasil Socioambiental - ISA 2008 ✓ Defesa da Vida Gaúcha - www.defesabiogaucha.org ✓ Mundo de Sabores - www.mundodesabores.com.br ✓ WWF Brasil – www.wwf.org.br Neo Mondo - maio/junho 2016
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MATRIZ CERRO CORÁ
UNIDADE ACLIMAÇÃO
PROJETO TATUAPÉ
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