Revista Neo Mondo - Edição 02

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NEOMONDO NEOMON

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UM OLHAR CONSCIENTE

Ano1 / Nº 2 / Julho 2007 / Distribuição Gratuita

A caminho da

ERA SOLAR iSo 26000 04

Aqüífero

imunidade Fiscal 12

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Riqueza Subterrânea

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Conheça nossa 1

Neomondo

Turma


agencialinking.com.br


Seções

Editorial

Perfil 04 ISO 26000: Brasil na liderança Jorge Cazajeira, coordenador do comitê internacional da ISO 26000, fala da norma internacional de Responsabilidade Social

A Revista Neo Mondo traz Instituto nessa segunda edição como matéria especial o assunto do momento: o biodiesel, que vem Neo sendo apontado como uma das Mondo soluções para a substituição Um olhar consciente do petróleo. Entrevistamos o professor Expedito Parente, inventor do combustível que transforma vegetais em fonte de energia, para movimentar máquinas e motores pesados. Mais do que vencer o desafio da escassez de um produto finito como o petróleo, o Brasil propõe ao mundo soluções de ganhos ambientais, por tratar-se de uma fonte de energia limpa, renovável e de alta eficiência. Mais ainda, se tratada com políticas públicas adequadas e seriedade, pode sim, reverter a triste história brasileira da miséria no campo, principalmente nos sertões. Mostramos um Brasil que pode dar certo, principalmente quando investir em pesquisas, fundamentais na geração do desenvolvimento social e econômico. Além do talento intelectual, mostramos nossa riqueza natural oculta em rochas porosas, o Aqüífero Guarani, maior manancial de água da América, que está abrigada, em sua grande parte, no subterrâneo do Brasil. O analfabetismo funcional, retrato de um formato ineficiente de educação, que precisa urgentemente ser repensado também é tema desta edição, assim, como as medidas que entidades do Terceiro Setor adotam para contribuir na mudança desse quadro. Apresentamos outros brasileiros que elevam o nome do Brasil, como Jorge Cajazeira, que coordena o comitê, formado por 54 países do mundo para a elaboração da ISO 26000 e também outros que lutam para que os direitos constitucionais sejam respeitados, como o jurista Ives Gandra Martins, que nos esclarece o quase intransponível assunto da Imunidade Tributária das entidades de assistência social. Esperamos que você tenha uma boa leitura.

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educação Não entendi! Analfabetismo funcional 08 Artigo: Acesso está liberado, mas a permanência... Modelo dificulta a continuidade escolar economia & negócios 10 Investir em ações sociais é o melhor negócio Empresas e instituições buscam linhas diferenciadas de financiamentos 12 Imunidade Fiscal O jurista Ives Gandra fala sobre os benefícios fiscais garantidos pela constituição

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14 Cota não é suficiente Lei de cotas não é garantia de emprego a pessoas deficientes esporte Realizando Sonhos Projeto Nosso Sonho, da FPF, transforma jovens em craques da cidadania Meio Ambiente 18 Artigo: Licenciamento ambiental Sem tempo compatível com as empresas 23 Brasil cuida de sua maior riqueza subterrânea Em um período de escassez de água, Aqüífero Guarani exige cuidados para sua preservação

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Perigo no céu Mesmo sob o risco de penalidade, a tradição de soltar balões continua ativa

Liane Uechi

Expediente

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Saúde O milagre do sorriso Humanização muda o clima nos hospitais Social 30 Ecologia de Filho para Pai I Olimpíada Ecológica desperta a consciência ecológica em jovens e crianças -

especial 32 Biocombustível: mudando a matriz energética mundial Expedito Parente, criador do biodiesel, fala sobre os benefícios da nova fonte de energia

CoNHEÇa Nossa turma...

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...e participe do concurso

Cultura 34 Transformando lixo em arte Cooperativa se destaca pela qualidade de suas obras 36 Catacumba Urbana Alexandre Órion inova técnica de “pintura” 38 Classificado Solidário Dicas

Diretor Executivo: Oscar Lopes Luiz Diretor de Comunicação: Ivan Lima Santos Diretor de Planejamento: Luís Gustavo Carvalho Cunha Conselho Editorial: Oscar Lopes Luiz, Ivan Lima Santos, Takashi Yamauchi, Liane Uechi, Livi Carolina, Eduardo Sanches e Luciana Stocco de Mergulhão Diretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) e Livi Carolina (MTB 49.103-59) Revisão: Instituto Neo Mondo Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo e Linking Propaganda Diretor de Arte: Adriano Ferreira Barros Diagramadores: Adinam Ern, Daniel Hesz e Marcel Burim Diretor de TI: Ivo F. P. C. Siqueira Fotógrafo: Élcio Moreno Correspondência: Instituto Neo Mondo Rua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SP Cep: 09190-000 Para falar com a Neo Mondo: assinatura@neomondo.com.br redacao@neomondo.com.br trabalheconosco@neomondo.com.br classificadosolidario@neomondo.com.br Para anunciar: comercial@neomondo.com.br Tel. (11) 4994-1690 Presidente do Instituto Neomondo: oscar@neomondo.com.br

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Perfil

BRASIL ISO 26000

na liderança

O brasileiro Jorge Cajazeira lidera o comitê de elaboraçãoda Norma Internacional de Responsabilidade Social Empresarial, ISO 26000. Liane Uechi

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ela primeira vez um brasileiro está à frente da coordenação de uma norma internacional, a ISO 26000, de Responsabilidade Social, a ser lançada em 2008. A elaboração desta ISO é compartilhada por 54 países, cuja liderança está sendo dividida pelo Brasil e Suécia. O coordenador desse comitê é o brasileiro Jorge Cajazeira, engenheiro e gerente corporativo de competitividade da Suzano Papel e Celulose, que acredita que a padronização e a normalização da atuação socialmente responsável é cada vez mais evidente no mundo, um esforço para atender uma necessidade de ajuste de conduta e que se tornou latente com a Globalização. Para Cajazeira, a globalização trouxe coisas positivas para o mundo atual, como integração, informação, conhecimento, mas acentuou a exclusão social, que pode ser constatada nas profundas desigualdades sociais. “Esses aspectos são cada vez mais intoleráveis. A nova norma vem propor uma reflexão e criar diretrizes, orientando sobre posturas éticas para as empresas de diferentes portes e naturezas, estejam elas onde estiverem" - disse. Diferenças culturais Um dos pontos interessantes desse trabalho, segundo o coordenador, é exatamente criar um padrão, tendo que considerar a diversidade cultural dos povos e ainda os

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Não há verdades absolutas. O que é aceitável para alguns países, não é para outros... mas há valores e princípios mínimos, que precisam ser respeitados.

principais stakeholders – as partes interessadas – como empresas, governo, ONGs, trabalhadores, consumidores, etc, que trazem para esse processo suas diferentes visões. “Não há verdades absolutas. O que é aceitável para alguns países, não é para outros. No Japão, por exemplo, é comum a mulher andar na rua atrás do homem, em outros, o consumo de certas drogas é tolerável. São costumes diferentes, mas há valores e princípios mínimos, que precisam ser respeitados” - afirmou. Ele se refere às situações básicas que garantem a dignidade humana, direitos da mulher, condições de trabalho, segurança e saúde, dentre outros, que são fundamentais para o combate à discriminação, à corrupção, ao trabalho infantil, à propina, à escravidão e outros desvios éticos.

O brasileiro Jorge Cajazeira lidera o comitê de elaboração da Norma Internacional de Responsabilidade Social Empresarial, ISO 26000.


a partir de agora você vai trabalhar na Para a constituição de uma norma internacional é necessário passar por cinco estágios que começam pela proposta da norma (intenções), seguida de diversas reuniões para estabelecer um consenso sobre o tema, passando por comitês específicos, votações por cada país e finalmente a publicação pelo comitê máximo da ISO – International Standard. Atualmente, estamos na etapa de consenso do Comitê Draft (CD), onde os países discutem o tema. Ao final de cada estágio, após a análise de todas as considerações, ocorre a votação.

Fábrica de

Brinquedos

grupo espelho Cada país membro deve organizar um grupo espelho semelhante ao processo internacional, para a discussão nacional da ISO. Esse grupo é instituído pelo órgão normalizador do país, que no Brasil é a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). No caso brasileiro, o governo está representado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia; o setor empresarial, pela Petrobrás, as Organizações Não Governamentais, pela Akatu; os trabalhadores pelo Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese); a academia, pela Fundação Vanzolini e os consumidores, pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).

importância da norma para a empresa Segundo Cajazeira, a importância de uma ISO é grande, pois quando não existe legislação específica sobre determinado assunto, a Organização Mundial do Comércio - OMC, considera a ISO uma referência para mediar o mercado.

Brincando de fazer brinquedos de sucata!

nBr 16001 - norma brasileira A liderança do Brasil nesse importante trabalho, se deve em parte a antecipação e organização sobre o tema da Responsabilidade Social Empresarial. Conforme Cazajeira, em 2001 iniciaram-se as discussões sobre a necessidade de estabelecer a normalização da RSE. Foi então que o Brasil, através da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, se antecipou nessa questão e elaborou a NBR 16001, que é a norma brasileira de RSE. Cazajeira participou ativamente desse trabalho, que já tinha por intenção liderar a discussão mundial sobre Responsabilidade Social, tanto que a norma brasileira é uma das bases da futura ISO 26000. Para ele, há uma repercussão muito grande para o país. “Estar à frente desse trabalho é relevante para o país, sobretudo porque permite a credibilidade e a mudança positiva e notória da imagem do Brasil, no exterior”.

o que é a iSo? A International Organization for Standardization (Organização Internacional de Padronização) – ISO. É uma entidade não governamental - fundada em 1947, sediada na Suíça, que congrega organismos de normalização, cuja principal atividade é a de elaborar padrões para especificações e métodos de trabalho nas mais diversas áreas da sociedade. O Brasil é representado nesse órgão pela ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas. A ISO tem alcance em mais de 150 países. A série 9000 (gestão de qualidade) e a 14000 (gestão de meio ambiente) são adotadas por mais de 600 mil organizações no mundo.

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Processo de elaboração


não e nte ndi! Educação

Esta é a frase repetida por 38% da população brasileira considerada analfabeta funcional. Lê, mas não entende o que o texto expressa. Da Redação

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alfabetização do indivíduo vai muito além de ensiná-lo a ler letras e números, é preciso conduzi-lo para a interpretação daquilo que de fato está sendo lido. Contudo, a leitura do brasileiro mostra-se turva com o borrão do analfabetismo funcional. Segundo dados do IBGE, 38% da população brasileira acima dos 15 anos é considerada analfabeta funcional, conceito atribuído a jovens e adultos que não possuem quatro anos de escolaridade - aprendeu a ler e escrever, porém não desenvolveu a habilidade da leitura, escrita e cálculo. Para o governo, o motivo de tal estado da educação deve-se à evasão escolar, por isso, foram estabelecidas duas medidas na tentativa de reduzir esta estatística: estimular a continuidade do processo de alfabetização em classes de Educação de Jovens e Adultos (EJA) e priorizar o repasse dos recursos do Programa Brasil Alfabetizado para secretarias estaduais e municipais de educação, que investem anualmente 40 milhões para mobilizar o retorno dos alunos aos estudos.

A partir destas iniciativas, houve uma diminuição significativa na evasão de pessoas entre 15 e 64 anos até o quarto ano de estudo, os números caíram de 37,9% para 33,6% entre 2002 e 2005. Porém, para o Instituto de Neurolingüística Aplicada (INAp), esta redução não tem uma diminuição acompanhada do analfabetismo funcional. O diretor da Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação (Secad/MEC), Timothy Ireland, concorda que estes programas não têm sido suficientes. “Ainda há muito a fazer. O ensino básico tem avançado em termos numéricos, mas ainda há um déficit no aprendizado”, diz Ireland. Além da evasão, ainda existe um outro agravante: uma má qualidade do ensino pode influenciar no aprendizado e desenvolvimento do aluno. “Não há como negar que muito precisa ser feito no Brasil para que a educação pública seja de qualidade”, aponta a mestra em educação da UFG, Maria Margarida Machado. Influenciando políticas públicas nessa área, o Terceiro Setor tem atingido resultados positivos.

Evasão escolar 38 37 36 35 34 33

37,9 33,6 2002

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entre na roda Um dos cinco projetos desenvolvidos pela Fundação Volkswagem, o Entre na Roda, transcendeu os muros da escola e atingiu as comunidades das cidades aonde vem sendo aplicado, inclusive penitenciárias e hospitais. Seu objetivo é a valorização da leitura. Educadores são treinados e transformamse em contadores de histórias, capazes de organizar rodas de leitura, ampliando de uma forma mais leve e lúdica a interpretação de textos. A iniciativa é realizada em parcerias com os governos locais e os resultados têm sido, na opinião de Simone, muito expressivos. Em Taubaté/SP está implantado em 90% da

instituições tentam suprir este déficit

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Um exemplo desse impacto gerado à comunidade está na atuação da Fundação Volkswagen, responsável pela gestão de um projeto de educação, que está presente em 139 municípios brasileiros, nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, e que já conseguiu inclusive mudar políticas públicas adotadas por algumas cidades, beneficiando mais de 155 mil crianças

e adolescentes, alunos de escolas da rede pública de ensino. Seus programas têm foco na educação e trabalham principalmente, com os educadores, que por sua vez, são multiplicadores da proposta de uma educação inclusiva e que combate o analfabetismo funcional. Para combater esse déficit, a instituição se uniu a parceiras com o Governo do Estado, prefeituras e o Centro

de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária - Cenpec para o desenvolvimento de práticas curriculares que aproximem os conteúdos escolares do universo cultural dos alunos, além de propor novas alternativas para atingir o interesse dos estudantes. “Nossa proposta tem a pretensão de mudar as práticas didáticas cristalizadas e para isso

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Fundação Volkswagen

rede de ensino fundamental e 20% de educação infantil. A partir de Taubaté, a idéia ganhou novas proporções e foi disseminada para outros municípios, através de convênio com a Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo. O Entre na Roda, assim como os demais projetos da Fundação, são aplicados com base em treinamentos, materiais de apoio para os educadores e material didático para os alunos.

tem como princípio que toda criança é capaz de aprender. O conteúdo não pode ir adiante se ela ainda não assimilou o suficiente” – disse. Simone Nagai, diretora da Fundação Volkswagen acredita que atuar na educação é favorecer e transformar de modo real a vida das pessoas. Não sendo uma ação pontual, mas de longo prazo.

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A Volkswagen do Brasil é mais uma da empresas que criaram sua própria organização não governamental para poder contribuir com ações sociais, voltadas para a comunidade: a Fundação Volkswagen. A instituição optou por manter-se atrelada aos valores da companhia e desenvolver projetos voltados para a educação. Conforme explicou sua diretora, Simone Nagai, quando a empresa de origem alemã, se instalou no Brasil, em 1953, encontrou dificuldade em relação à mão de obra qualificada. Investiu então na formação básica e superior de seus funcionários. Então, foi criada, em 1979, a Fundação que passaria a executar ações para os colaboradores e para a comunidade. Em 2001, o setor de treinamento da Volks reassumiu as ações voltadas aos funcionários e coube à Fundação os projetos designados para a comunidade. “Indiretamente, a empresa também se beneficia, pois nossos funcionários vêm da comunidade e precisam estar qualificados” – justificou a diretora.

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Educação

o ACeSSo eSTÁ LiBerADo,

MAS A PERMANÊ

O atual sistema educacional facilitou o acesso à escola, mas por adotar um modelo excludente, ainda não conseguiu garantir a continuidade dos estudos

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inclusão é a possibilidade de revitalizar a estrutura da organização escolar. É algo que vem acontecendo lentamente, mas que não é mais possível retroceder. Graças a Deus! Trilhar os caminhos de uma prática inclusiva e transgressora possibilita repensar e analisar várias situações que ocorrem no cotidiano de uma instituição escolar. Um outro aprendizado que vivenciei durante a minha pesquisa foi perceber o aprisionamento das crianças diante da transmissão de conteúdos, da reprodução a que estão submetidas, mostrandose indignadas com o comportamento de crianças com síndrome de down, ou seja, que falam o que pensam, que não têm vergonha. A dura constatação por meio da fala de uma das crianças entrevistadas foi “crianças com síndrome de down falam tudo o que estão sentindo, elas falam...” Fala fundamental para verificar que nossas crianças aprendem a se ignorar na escola, uma vez que só se aceita o que os livros didáticos trazem, o que os professores pensam e o que está definido pelo currículo; o resto é interditado. Uma expressão de Paulo Freire pareceme bastante adequada para demonstrar alguns princípios que regem várias escolas, isto é, “a malvadez neoliberal”, que conduz a educação a uma mera qualificação técnica e institucional, marcada pela lógica da competição e do acúmulo material, desconsiderando os valores fundamentais do ser humano como um ser de relações. Uma tragédia fundamental na ação educativa foi perder de vista a compreensão da complexidade do ser humano. O ser humano é muito mais que um ser cognitivo. É um ser que pensa, que sente, que cria, um ser de relações, um ser capaz e que precisa ser respeitado em sua história e suas crenças. Um 8 8

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ser tecido por fios afetivos, sociais, biológicos, culturais e cognitivos. O propósito de Edgar Morin “é sensibilizar para as enormes carências do nosso pensamento e fazer compreender que um pensamento mutilador conduz necessariamente a ações mutiladoras. É tomar consciência da patologia contemporânea do pensamento”. A escola não pode mais ignorar que há várias maneiras de aprender e ensinar. Trata-se de um sistema perverso que anula e marginaliza o aluno, um jogo desigual que provoca culpa no educando por sua dificuldade, incapacidade ou limite. As escolas influenciadas pelo paradigma do racionalismo estão acostumadas a fragmentar, classificar, separar, desunir e hierarquizar o conhecimento, o tempo, o espaço e o ser humano. Escolas que disponibilizam o conhecimento parcial e gradativo, fechadas em séries e com a lógica da competição que permeia toda a nossa sociedade. A obsessão por conteúdos a serem trabalhados e programas a serem cumpridos e a forma de avaliar são entraves para o processo da inclusão. Muitos dos fracassos escolares são gerados nas próprias escolas, por excluírem, por categorizarem, por avaliarem de maneira padronizada, não considerando o processo de construção do conhecimento, não promovendo a

valorização das habilidades e dos talentos de cada indivíduo. Com o poder perverso autorizam quais alunos que irão avançar, aprender e quais serão os alunos que serão impedidos de prosseguir. Uma grande incoerência surge com o que está previsto no artigo 206, inciso I, da Constituição Federal o direito de “igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”. Inciso este, que também está previsto no artigo 3º, inciso I, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e no primeiro inciso do artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente. Um grande desafio ao docente apresenta-se, considerando que este inciso refere-se a todos os alunos. Portanto, da educação infantil à universidade temos o desafio de entender a educação como um bem público, inserida no campo dos direitos sociais básicos. Muito do que estamos vivendo é que o acesso está garantido mas, e a permanência? É na educação, mais especificamente na escola que podemos aspirar a uma mudança significativa. Como docentes estamos diante de um impasse ético-político ou deixamos as coisas como secularmente estão ou, paramos de alimentar essa máquina do sistema educacional


Luciana Stocco de Mergulhão

NÊNCIA...

Referências Bibliográficas MERGULHÃO, Luciana Stocco de. Calma! Eu tenho o meu tempo: Os caminhos da inclusão como uma prática pedagógica transgressora (e obrigatória!). Dissertação de Mestrado – Universidade Metodista de São Paulo, 2003. MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 2.ed. Lisboa: Instituto Piaget, 2001.

que historicamente marginaliza e exclui. Cresce a nossa responsabilidade como parte integrante deste complexo sistema, revertendo este padrão no qual estamos inseridos aprendendo e ensinando a nos ignorar como seres humanos. Precisamos urgentemente de transformações radicais e necessárias às futuras gerações. A escola é o local para iniciarmos uma proposta inclusiva, um espaço de compromisso e responsabilidade com uma sociedade democrática e livre garantindo

a educação e a permanência para todos e não apenas para alguns alunos. Não existem receitas, nem modelos. Cada escola as realiza de acordo com o seu contexto, sempre partindo de uma vontade muito grande e enfrentando medos, incertezas, preconceitos, mas, acima de tudo, revendo e percebendo a necessidade de mudanças estruturais, numa perspectiva que cuide do individual para o coletivo e vice-versa, dialeticamente. Inclusão é um processo construído por todos.

Luciana Stocco de Mergulhão Mestre em Educação, Especialista em Psicopedagogia pela UMESP, Licenciada em Pedagogia: Administração Escolar para Exercício nas Escolas de I e II Graus e Orientação Educacional pela UMESP. Professora em cursos de Pedagogia e Psicopedagogia

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Economia & Negócios

investir em ações sociais é o melhor

negócio

Após descobrir que podem lucrar com ação social, empresas cada vez mais buscam alternativas de investimentos na área, como as linhas de financiamentos do BNDES Da Redação

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azer o bem sem olhar a quem se tornou um provérbio obsoleto no meio empresarial se tratando de incentivos a programas sociais, dando lugar a uma outra máxima igualmente conhecida: ação gera reação. Neste caso, ação por parte das empresas e reação vinda do impacto benéfico de desenvolvimento à sociedade e à economia da empresa. Esta consciência em que todos ganham, junto com o prestígio e uma divulgação maior das vantagens econômicas em financiar projetos socioambientais, tém provocado um aumento no número de empresas que investem nestas ações e incentivado, direta ou indiretamente, a criação de novas instituições. Segundo dados da Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (ABONG), entre 1996 e 2002, o número de Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos (FASFIL) cresceu de 105 mil para 276 mil entidades. Período em que houve maior procura por financiamentos para ações socioambientais por parte das ONGs e empresas que desejavam instituir novos programas de melhorias para os colaboradores e população próxima. De acordo com a lei Federal 9.249/95, referente à renúncia fiscal, este incentivo pode ser feito por empresas de lucro real (impostos calculados considerando todas as receitas) destinando 1,5% deste valor para projetos nas áreas de educação e pesquisa ou 2% para programas de melhorias para trabalhadores, dependentes

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Quanto maior esse impacto, melhor a condição do financiamento.

e à comunidade. Dessa forma, muitas corporações enxergaram que poderiam financiar ações socioambientais, sem a preocupação de gerar um desfalque no financeiro, ao contrário, sendo possí-

vel até se isentar de impostos. Recurso usado para beneficiar instituições que possuem o título de Utilidade Pública Federal ou o registro de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), ou seja, organizações já formadas com projetos bem definidos. No entanto, para dar início a uma ação social, ou até mesmo implantar novidades, é preciso ter capital, com isso, empresas e entidades têm utilizado outros meios para dar suporte a estas ações e gerar retorno ao investidor, como as opções oferecidas pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social


(BNDES). Os financiamentos aprovados por ele para investimentos em programas sociais de empresas resultam em uma soma de R$ 102 milhões. Segundo Júlio Ramundo, superintendente da área de inclusão social do BNDES, o Banco oferece linhas de financiamentos para investimentos sociais de empresas de todos os portes. Esses investimentos podem beneficiar a comunidade com a realização de projetos sociais que melhorem a qualidade de vida da população local, ou gerar melhorias na própria empresa, com investimentos voltados para o bem-estar dos empregados. Ambos os casos fazem parte das prioridades das políticas operacionais do BNDES, ou seja, têm condições favoráveis de financiamento (TJLP - Taxa de Juros de Longo Prazo do BNDES, mais spread de 0% a 1% ao ano e até 100% de participação do Banco). O BNDES ainda destina recursos do Fundo Social do Banco, não-reembolsáveis, para apoiar projetos e investimentos de caráter social, nas áreas de geração de emprego e renda, serviços urbanos, saúde, educação, habitação, meio ambiente, alimentação, desenvolvimento regional e social. Como exemplo, o superintendente citou o projeto implementado no estado do Piauí, onde o BNDES aprovou

recursos (não-reembolsável) no valor de R$ 12 milhões para a reestruturação do sistema hospitalar, envolvendo mais de cem hospitais da região. “Para aprovarmos o empréstimo, fazemos uma

itens Financiáveis • Obras civis destinadas à instalação, expansão, reforma e outras benfeitorias; • Serviços técnicos especializados, tecnologia da informação e capacitação; • Aquisição de máquinas, equipamentos e materiais permanentes; • Desenvolvimento, difusão e reaplicação de tecnologias sociais aprimoradoras de políticas públicas.

itens não Financiáveis • Ações de caráter legal e obrigatório; • Treinamento relacionado às atividades empresariais; • Ações e projetos sociais contemplados com incentivos fiscais; • Aquisição de terrenos e outros bens imóveis; • Ações de marketing institucional ligadas a causas e campanhas; • Ações associadas ao desempenho comercial e competitiva ou ao desenvolvimento direto de mercado consumidor; • Custeio e manutenção de atividades e benefícios adicionais voltados para funcionários, que tenham caráter permanente e possam ser caracterizados como política de recursos humanos, tais como: planos de saúde, previdência, seguros, auxílios de moradia, de escola, entre outros.

avaliação do impacto que o programa social da empresa terá sobre os beneficiados. Quanto maior esse impacto, melhor a condição do financiamento” - ressalta Ramundo.

Microcrédito Produtivo orientado O BNDES também coordena o Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado (PNMPO) que aumenta o acesso ao crédito aos microempreendedores populares, gerando trabalho e renda para as áreas com menor capital. Em 2006, as operações aprovadas pelo BNDES para o PNMPO alcançaram o nível recorde de R$ 48,1 milhões, com crescimento de 140% na comparação com os R$ 20,1 milhões aprovados no ano anterior. Em 2007, até 31 de maio, o BNDES aprovou operações no valor de R$ 5,3 milhões. Para estreitar a relação entre beneficiados e financiadoras, as operações aprovadas pelo BNDES são direcionadas para os agentes repassadores, entre eles, cooperativas centrais, bancos cooperativos, OSCIPs, agências de fomento, responsáveis pelo desembolso do valor financiado.

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Economia & Negócios

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termo Renúncia Fiscal é para muitas entidades de assistência social uma incógnita e um entrave jurídico. Apesar de um direito legal, na prática significa uma longa jornada para a obtenção de isenções fiscais. O resultado é um cenário de absoluta dificuldade de sobrevivência de muitas organizações do Terceiro Setor, que continuam a pagar impostos que não lhes são devidos. O jurista Ives Gandra Martins, um dos ícones do direito nacional, com mais de 100 títulos publicados, explicou que a Constituição Brasileira garante às entidades beneficentes sem fins lucrativos a imunidade tributária. Esclarece ainda que, imunidade é a vedação de cobrança de tributo, de forma perene e que só pode ser revogada ou modificada através de processo de emenda constitucional. As imunidades tributárias referentes a

Motivo da imunidade fiscal? Erroneamente, muitos entendem que ao conceder imunidade ou isenções, os legisladores estão fazendo favor ao particular. A idéia é exatamente o contrário. Recebem imunidade ou isenções, os particulares que favorecem o público, executando e suprindo atribuições do Estado, com atendimento de interesses coletivos, sem fins lucrativos, muitas vezes melhor e com menor custo de atendimento à população. Desse modo, entidade beneficente é aquela que atua em favor de outrem que não seus próprios instituidores ou dirigentes, podendo ser remunerada por seus serviços.

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ade fiscal

A imunidade fiscal é um direito constitucional, das entidades de assistência social, mas a prática mostra outra realidade Liane Uechi essas organizações são municipais, estaduais e federais. Enquadram-se aí o Imposto de Renda, Imposto sobre Serviços, IPTU, ITBI, IOF, ICMS, IPVA, IPI, dentre outros. Porém, vivemos uma condição atípica, segundo Gandra, “O Brasil é o único país do mundo em que a Constituição se subordina ao legislador ordinário e não o inverso, como deveria ser. Há exemplos absurdos envolvendo entidades que atuam há mais de 70 anos e que tiveram suas imunidades caçadas, em função de novas regras estabelecidas, sem consistência jurídica” – relatou. Nesse caso estão algumas instituições que tiveram canceladas suas declarações de utilidade pública, exigidas para que a entidade receba o Certificado de Fins Filantrópicos pelo CNAS (Conselho Nacional de Assistência Social – órgão do Ministério da Previdência e Assistência

social), que por sua vez é uma das exigências para obtenção da isenção da respectiva cota patronal previdenciária, que é de 20%, sobre a remuneração dos empregados. A briga nesse caso esbarra nos conceitos. A Constituição não conhece a expressão “entidades filantrópicas”, ela fala em “entidades beneficentes de assistência social”. Já em relação aos demais impostos, a realidade mostra uma sistemática onde as instituições precisam solicitar ao Fisco uma isenção, que já lhe é assegurada pela constituição. “O Fisco não tem que dar autorização, tem sim, que fiscalizar se essas entidades se enquadram na situação de imunidade” – afirmou Gandra. Daí a decorrência de inúmeros litígios por cobranças indevidas. As organizações fazem uso do Mandado de Segurança para garantir seus direitos, mas segundo o advogado,

ISENÇÃO OU IMUNIDADE

CONSTITUIÇÃO ASSEGURA A IMUNIDADE

Isenção é a dispensa do recolhimento de tributo que o Estado concede em determinadas situações. Cabe ao legislador ordinário autorizar as isenções. Imunidade é a proibição ou vedação de cobrança de tributo, estabelecida em sede constitucional. Somente o legislador constituinte pode conceder essa imunidade.

A cobrança de impostos federais, estaduais e municipais, das organizações civis sem fins lucrativos, definidas como entidades de assistência social ou de educação, bem como das fundações instituídas por partidos políticos, e que preencham os requisitos da lei, é, portanto, proibida constitucionalmente, conforme: Artigo 150 - Sem prejuízo de outras garantias asseguradas aos contribuintes, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: ...

Ives Gandra Martins essas causas podem levar até dez anos, na Justiça, para ser concluído. O termo renúncia fiscal, largamente utilizado nesses casos, também não é o correto. “É preciso entender que nesses casos não existe renúncia fiscal. Só quem tem direito a alguma coisa, pode renunciar a ela. A Constituição Brasileira diz que as entidades beneficentes têm imunidade fiscal. O governo só poderia renunciar se tivesse direito ao tributo. Imunidade constitucional é a vedação absoluta ao poder de tributar essas entidades” – concluiu o tributarista.

VI - Instituir impostos sobre: ... c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de educação e assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei; ... Já o artigo 195 § 7º, preconiza: “São isentas de contribuição para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei”.

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Cota não é sufici

Na tentativa de suprir a lei de cotas, instituições investem na capacitação pr ainda despreparado para receber os benefícios da legislação

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pós 14 anos de existência, a Lei de Cotas, para inclusão de pessoas portadoras de deficiência (PPD) no mercado de trabalho, ainda encontra resistência para adequação. Sua viabilidade esbarra na desqualificação profissional e na falta de uma abordagem inclusiva nas empresas. A adoção dessa legislação foi imposta pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e não tem a intenção de fazer caridade, mas sim, promover formas igualitárias e oportunidades para as minorias. De acordo com especialistas, não basta criar vagas para atender a legislação, é preciso gerar oportunidades e vantagens para todos os envolvidos. Essa colocação profissional deve promover ganhos reais para todos os envolvidos: para a pessoa com deficiência, para a empresa, para os colaboradores e para um ambiente profissional mais humanitário. 14

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De acordo com uma pesquisa realizada pelo IBGE, o Brasil possui 24,5 milhões de pessoas com alguma deficiência, mas somente 9 milhões estão trabalhando, em função da falta de qualificação. Do total, apenas 3,2 milhões freqüentaram escolas, e, somando-se a este agravante, muitos não querem abrir mão da aposentadoria que é cedida pelo Estado, enquanto o deficiente não está empregado, podendo receber este benefício por toda a vida. Principais dificuldades para a capacitação Segundo o psicólogo Carlos Alberto M. Jorge, coordenador do Instituto Horizonte Brasil, esta situação é o reflexo da falta de acessibilidade nas cidades, do preconceito e da defasagem de informação, o que dificulta a inclusão dessas pessoas. “Se a pessoa é portadora de deficiência congênita ou se adquiriu du-

rante a infância, há agravantes maiores. O período escolar infantil é o de maior importância para a base do conhecimento e do interesse educacional e social do indivíduo, e influi, portanto, na entrada futura no mercado de trabalho” - completa. Pouco diferente daqueles que adquiriram a deficiência enquanto crianças, indivíduos adultos, que já tinham vida social ativa e desempenhavam algum trabalho, também necessitam de cuidados quanto à reabilitação e estímulo para retorno à atividade profissional. Em ambos os casos, o despreparo ou a falta de continuidade dos estudos, os desqualificam para o mercado. Lacuna que vem sendo preenchida por entidades que se especializaram no recrutamento de PPDs, auxiliando, tanto os futuros empregados quanto as empresas a se adaptarem a nova realidade de inclusão obrigatória. o papel do Terceiro Setor na qualificação do deficiente As entidades do Terceiro Setor têm se mostrado imprescindíveis na recolocação de profissionais com deficiência no mercado profissional. O Instituto Horizonte Brasil (IHB) é uma delas. Por meio do Projeto Banco de Talentos, o Instituto desenvolve um trabalho voltado aos indivíduos socialmente excluídos. “A legislação obrigou as empresas a enxergarem as PPDs de uma forma diferente e se adequarem a isso, agregando valor perante à sociedade e abrindo portas para novos clientes. Diante disso, nosso trabalho é recolocá-los no mercado por meio de cursos de capacitação pessoal e profissional até a contratação, e auxiliar as empresas quanto à adaptação no local” - destaca Mario Queiroz Andreoli, secretário executivo do IHB.


ciente

ão profissional do público

O Instituto recebe cadastro de interessados no banco de dados do site do IHB (www.institutohorizonte.org. br). Os dados são analisados e passam por um processo de seleção minucioso. “Com o resultado deste processo, podemos encaminhá-lo de maneira adequada para empresa que fez a solicitação das vagas” - relaciona Jorge. na empresa As empresas são avaliadas e adaptadas à recepção das PPDs, passando por três fases de implementação: a análise de cada departamento da empresa e indicação de possíveis cargos, a divulgação aos funcionários sobre os aspectos físicos, psicológicos, sociais e legais das deficiências e por fim, realizar a adaptação da estrutura do local para o acesso ao novo funcionário. Após estas três etapas, inicia-se o processo seletivo para a triagem necessária. investindo na inclusão Cientes do déficit do aprendizado, outras instituições também estão investindo no acesso, inclusão e capacitação do público portador de deficiência. O

O despreparo ou a falta de continuidade dos estudos, os desqualificam para o mercado.

Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) deu início, em 1999, ao Projeto Estratégico Nacional de “Inclusão de Pessoas com Necessidades Especiais, nos Programas de Educação Profissional”, com ele deficientes físicos, mentais, auditivos, visuais e pessoas com altas habilidades (conhecidas como superdotados) foram encaminhadas aos cursos profissionalizantes da rede, que conta com 84 escolas e 64 unidades escolares móveis. Hoje denominado Projeto Senai de Ações Inclusivas (PSAI), o programa atingiu um atendimento de mais de 5.000 alunos.

213/91 – Trata da obrigatoriedae empregabilidade Art. 93. A empresa com 100 ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas com deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: até 200 empregados de 201 a 500 de 501 a 1.000 de 1.001 em diante

2% 3% 4% 5%

Parágrafo 1º - A dispensa de trabalhador reabilitado ou de deficiente habilitado ao final de contrato por prazo determinado de mais de 90 dias, e a imotivada, no contrato por prazo indeterminado, só poderá ocorrer após a contratação de substituto de condição semelhante.

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realizando s

S

R

Projeto da FPF promove mudança de vida a jovens da Livi Carolina

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sonho de milhares de brasileiros é ver sua nação composta por cidadãos dignos que saibam exigir e executar seus diretos e deveres, formando uma sociedade justa, sem preconceitos e com potencial para superar seus próprios limites. Para grande parte da população isto é apenas um sonho, mas para pequenas comunidades, que têm o apoio de programas de esporte como impulsionador e formador da cidadania em jovens e adolescentes, este sonho está mais próximo de se tornar realidade. Com menos de três anos de atuação, o Projeto Nosso Sonho, uma iniciativa

da Federação Paulista de Futebol (FPF) em parceria com a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo, tem dado a oportunidade para aproximadamente 1.200 jovens, entre 7 e 14 anos, enxergarem uma outra realidade. Para isso, a FPF aprimorou o trabalho para desempenhar uma ação profissional de impacto. Comprovando que não basta só fazer o bem, é preciso fazer direto. Sonho? Próximo a comunidades com risco social, o Departamento de Responsabilidade e Inclusão Social da FPF, implantou o Nosso Sonho ainda de forma amadora e bene-

O Time, que está sob o comando do técnico Nosso Sonho, foi escalado para alterar o curso da vida de muitos jovens. Superação Carreira

Dedicação Companheirismo

Motivação

Aprendizado

Respeito ao próximo Planos

Transformação

Amizade Estímulo Projeto Nosso Sonho

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Economia & Negócios

o sonhos

ns das comunidades próximas

Parte do time do projeto Nosso Sonho. volente, com a intenção de proporcionar atividades para os jovens da redondeza que passavam o tempo ocioso nas ruas. Os treinos, que ainda acontecem no Nacional Atlético Clube, ficaram lotados, porém, após um período de atuação, o presidente Marco Pólo detectou que o interesse excessivo pelo projeto estava também ligado ao fato dos garotos receberem alimentação antes e após os treinos. “Quando se descobriu esta situação foi preciso fazer mudanças, criar melhorias ao projeto e se unir a profissionais e empresas que pudessem auxiliar. Neste momento fui convidado a fazer parte do departamento de responsabilidade e inclusão, onde assumi o posto de vicepresidente da área de responsabilidade social” - conta Paulo Sérgio Nascimento, ex-jogador que atuou na seleção tetra campeã da Copa de 1994. Como medidas emergenciais de melhoria, Nosso Sonho passou a contar com o apoio de empresas, como a Wilson, Gatorade e Nestlé. Também foi contratado o serviço de uma consultoria do Terceiro Setor para auxiliar o departamento quanto à legalização do projeto e a ampliação do atendimento aos jovens e famílias da região. “Eu, dentro de campo, conheço muito bem o meu trabalho. Sei o que é necessário para ser um bom atleta, mas reconheço minhas limitações à frente deste projeto. Por isso, procurei o suporte de pessoas sérias que têm nos ajudado na reestruturação conforme as leis” - declara o vice. Segundo a consultora, Cristiane Guimarães, era preciso construir um projeto que abrangesse não somente a área

esportiva, mas também a área social, bem como aprová-lo junto aos órgãos de defesa da Criança e do Adolescente, conforme recomendado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Atualmente, o objetivo do Nosso Sonho se baseia na educação e socialização da criança por meio do esporte. Afastálas das drogas, da violência doméstica, ensinando valores éticos, morais e de cidadania. Com este formato, o programa recebe crianças e adolescentes procedentes de famílias de baixa renda ou com problemas de adaptação social, encaminhados pela FEBEM e/ou Casa de Recuperação. Agora os jovens inscritos têm um vínculo maior com o projeto por meio do desenvolvimento escolar acompanhado, da autorização prévia dos pais para participação dos treinos e recebem, além dos lanches durante os treinos, cestas básicas. Segundo Nascimento, medidas como estas ainda são pequenas diante da necessidade daqueles jovens.

se matriculou no colégio. Atualmente, a coordenadoria do Nosso Sonho está em busca do registro no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo (CMDCA-SP) que permite as empresas, tanto da iniciativa privada como de órgãos governamentais, investirem no projeto e terem a contrapartida da dedução no Imposto de Renda, facilitando a negociação com investidores.

reestruturando o Sonho De acordo com Cristiane Guimarães, o Projeto Nosso Sonho voltou ao seu conceito inicial. Agora está em processo de reformulação a partir do planejamento e elaboração do estatuto, passando a agir em todos os setores de socialização: esporte, lazer, educação, promoção e integração social, buscando a oficialidade de seus trabalhos. Segundo ela, o melhor exemplo do sucesso do projeto é o de um garoto que, ao saber que era preciso estudar para entrar no Nosso Sonho,

Atividades durante o treino. Julho 2007

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Meio Ambiente

Licenciamento Ambiental

Eduardo Sanches

O licenciamento ambiental tem importância inconstestável na sustentabilidade ambiental, mas ainda esbarra na dificuldade de compatibilizar-se com o tempo exigido pelo mercado.

O

licenciamento ambiental é um dispositivo que permite ao órgão público analisar os impactos que o empreendimento provocará no meio ambiente, considerando a comunidade envolvida. Através do licenciamento, o órgão ambiental pode validar os controles projetados pelo empreendedor para reduzir ou eliminar os efeitos negativos ou então, exigir outros controles que sejam mais eficazes. Pode ainda indeferir o processo de licenciamento. Existem três tipos de licenças ambientais no Estado de São Paulo: Licença Prévia: valida o projeto; Licença de Instalação: permite a implantação do Projeto e captação de recursos financeiros; Licença de Operação: após a implantação, permite a operação. O tema causa bastante desgaste quando abordado, principalmente para os empreendimentos que possuem prazos curtos para a sua implementação e que muitas vezes não são estabelecidos pelos próprios empreendedores e sim, pelo mercado. Hoje, com o grande avanço tecnológico, todos os segmentos tornaram-se muito mais dinâmicos e instáveis. Para ser 18

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competitivas, as empresas precisam estar adaptadas à essa mudança constante e adequar-se rapidamente ao que o mercado lhes impõe. Se algo dentro desse fluxo de mudança não acompanha essa velocidade, torna-se um gargalo que pode propiciar muitos insucessos e desvantagem competitiva. O que fazer? Uma alternativa seria buscar locais com uma sistemática mais veloz de licenciamento. E quando isso não é possível? Buscar as representações para, em fóruns específicos, identificar alternativas junto aos órgãos competentes. Dentro dessa realidade, algumas ações estão sendo adotadas, atividades desenvolvidas pelo DAIA (Departamento de Avaliação de Impactos Ambientais) da secretaria de Meio Ambiente de São Paulo estarão sendo realizadas pela CETESB. Esta descentralização deve propiciar ganho em relação ao tempo de análise, pois reduz algumas atividades burocráticas de envio de documentos dentro dos órgãos envolvidos. Não podemos esquecer que o processo de licenciamento é de grande importância para a sustentabilidade ambiental, em sinergia com o desenvolvimento econômico e equidade social. Os estudos ambientais

solicitados pelos órgãos públicos não se limitam a aspectos técnicos de emissões de poluentes e respectivos controles para atendimento legal. Esses estudos buscam analisar, além do atendimento legal, todos os impactos que podem ser provocados na comunidade envolvida no processo. Entende-se como processo a fase de implementação do projeto, fase de teste e fase de operação. Todos esses cuidados irão propiciar à comunidade usufruir desse desenvolvimento econômico, com proteção e segurança quanto aos impactos analisados. Grandes investimentos estão sendo realizados em vários segmentos industriais e necessitam de prazos cada vez mais curtos para a sua implantação. A nossa sociedade precisa desse desenvolvimento para que o impacto na economia possa refletir em ganhos para todos e transformados em melhor educação, segurança, saúde e outras necessidades importantes e urgentes. Hoje, frear o desenvolvimento industrial promove uma reação em cadeia que impacta diretamente no cidadão, principalmente da nossa região da Grande São Paulo, que direciona positivamente para grandes investimentos, principalmente no setor químico e petroquímico. No Brasil temos acompanhado grandes movimentos, no setor industrial, de fusões e cisões, compras e vendas. A nossa região não pode ficar para traz nessa grande escalada industrial, uma região que, historicamente, sempre foi muito importante e muito contribuiu para esse desenvolvimento. Eduardo Sanches Gerente de Meio Ambiente, Segurança, Saúde e Qualidade de Grupo Petroquímico. Professor universitário de Gestão Ambiental e de Pós-Graduação (MBA).


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Participe do concurso para escolher meu nome.

Faça você mesmo!

CoNHEÇa Nossa turma Julho 2007

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Nossa turma Conheça parte dessa turminha, comandada pelo nosso mascote, que vai ajudar a construir um novo mundo.....

NEOSABIDO: esse nosso amigo é muito inteligente e sabe de tudo. Por isso é sempre consultado pela turminha.

NEOMIAU: esse curioso gatinho é nosso investigador, entra em todos os lugares e traz as novidades mais fresquinhas.

NEOFLORA: centenária, já viu muita coisa, por isso é rigorosa com nossos amigos e quando necessário sabe ser brava.

Como surgiu Nosso mascote: De um monte de lixo, embalagens vazias, sucatas, surgiu nosso amigo. De uma composição química ainda desconhecida, certos materiais, caixinhas, latinhas, isopor, papelão, fizeram aparecer nosso mascote. Por sua origem, ele defende, com todas as suas forças o meio ambiente, a coleta seletiva de lixo e o uso correto dos recursos naturais. Ele foi encontrado por nosso amigo Henrique, quando este voltava da escola, ele estava escondido e assustado perto de um saco de lixo

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Regulamento 1.O concurso Neo Mondo Kids será realizado no período de 5 de agosto a 10 de setembro de 2007. 2.Poderão participar crianças matriculadas do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, com até 14 anos. 3.Para participar, basta criar um nome para o mascote Neo Mondo Kids. O autor do nome mais criativo ganhará um MP3. 4.Envie o nome sugerido à Redação do Instituto Neo Mondo no e-mail concurso@neomondo.com.br, junto com seus dado (nome, idade, filiação, endereço e telefone). 5.As sugestões serão avaliadas pelo Conselho Editorial da Neo Mondo Kids. 6.O participante pode encaminhar quantas sugestões desejar até 5 de setembro de 2007. 7.A escolha será no dia 10 de setembro de 2007, no Instituto Neo Mondo.


teen

Palavra

ma

por Marina Mergulhão Luiz

NEOMUJO:

Até

muito observador e caseiro, sentimental e preocupado com as questões ambientais. É o melhor amigo do Neosabido.

quando?... O

NEOAU: bagunceiro por natureza, adora provocar e criar confusões com suas brincadeiras, sempre acompanha e defende nosso mascote.

rasgado. Passado o susto inicial e feitas as apresentações, nova surpresa: ele não estava sozinho, diversos outros amiguinhos saíram do saco: Neoflora, Neomiau, Neomujo, e muitos outros, que agora fazem parte dessa divertida turminha. Henrique apelidou o novo amigo de E.T., mas precisamos agora encontrar um nome para ele. Você pode nos ajudar? Envie sua sugestão para o e-mail: concurso@neomondo.com.br. O melhor nome receberá um MP3 e terá sua foto publicada na edição nº4 da revista Neo Mondo. 8.O nome do vencedor será publicado na edição nº4 da Revista Neo Mondo Kids. 9.O prêmio será retirado no Instituto Neo Mondo. 10.A participação é restrita a leitores da região metropolitana de São Paulo. 11.Não podem participar familiares de funcionários do Instituto Neo Mondo. 12.Os casos não previstos neste regulamento serão decididos pela comissão julgadora, cuja decisão será soberana. 13.Após 60 dias contados a partir da data de publicação do nome escolhido, o contemplado que não retirar o prêmio, perderá seu direito. 14.Esta é uma promoção cultural, sem qualquer modalidade de sorte ou pagamento por parte dos participantes, de acordo com a lei º 5.768/71 e decreto nº 70.951/72 – artigo30.

acidente aéreo com o Airbus da TAM é mais um fato horrível que daqui um tempo será esquecido pela mídia e pela sociedade, assim como todos os outros casos não só de acidentes como também de violência.E nós não podemos deixar que isso aconteça, senão isso se tornará comum na sociedade brasileira. Estamos tristes, revoltados e pensando como reverter essa situação, mas como diz o cantor Gabriel o Pensador na música “se liga aí”: “Pensa,o pensamento tem poder, mas não adianta só pensar, você também tem que dizer, diz porque as palavras têm poder, mas não adianta só dizer você também tem que fazer, faz porque você só vai saber se o final vai ser feliz, depois que tudo acontecer”. O que aumentou ainda mais nossa indignação, foram os gestos obscenos cometidos por assessores do presidente Lula comemorando a notícia de problemas técnicos com o avião da TAM. Fico envergonhada de ter pessoas desse “naipe” em nosso governo comandando nosso país. Se houvesse mais união na sociedade com a inclusão de todos, se todos respeitassem as diferenças e escolhas de cada ser humano, talvez isso não aconteceria, talvez não teria tanta corrupção, talvez não teria tanto sofrimento e tantas mortes inocentes. Ao invés de cada um fazer o seu, vamos nos juntar e fazer o NOSSO!

Marina Mergulhão Luiz Tem 13 anos, está cursando 9º ano do ensino fundamental do Colégio Stocco Julho 2007

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BrINQuEDo DE

PaPEL maCHÊ • 1 caixa vazia de pasta de dente • bolinhas de isopor • varetas de pipa ou espetos de churrasco • palitos de dente • papel higiênico • pincel grosso e fino • cola branca • tesoura • tinta guache ou acrílica de várias cores

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Pegue uma bolinha de isopor e espete-a num palito de churrasco. Transpasse o palito na caixinha, deixando a parte da bolinha do lado aberto.

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7 Faça uma bolinha de papel higiênico umedecido com cola, para o nariz. Depois de colar bem todas as partes do corpo, cole tiras de papel higiênico na peça.

Pegue agora o palito de churrasco e transpasse na lateral da caixa para formar os braços.

8 Espere secar bem.

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Faça um furinho com o espeto na tampa.

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Pegue uma caixa de pasta de dente, aperte o centro da peça e corte ao meio.

Faça dois cortes, um de cada lado para depois encaixar os braços.

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Pegue duas bolinhas de isopor pequenas e espete-as com palito de dente (metade de cada lado), para formar as orelhas do brinquedo.

9 Agora é só pintar. Está pronto!

Expediente: Diretor Executivo: Oscar Lopes Luiz - Diretor de Comunicação: Ivan Lima Santos - Diretora de Redação: Liane Uechi (MTB 18.190) Coordenadora Pedagógica: Luciana Stocco de Mergulhão (Mestre em Educação) - Revisão: Instituto Neo Mondo - Projeto Gráfico: Instituto Neo Mondo e Linking Propaganda Diretor de Ilustração: Ricardo Girotto - Diretor de Arte: Adriano Ferreira Barros - Correspondência: Instituto Neo Mondo - Rua Caminho do Pilar, 1012 - sl. 22 - Santo André – SP Cep: 09190-000 Para a Neo Mondo: assinatura@neomondo.com.br - redacao@neomondo.com.br - Para anunciar: comercial@neomondo.com.br - Tel. (11) 4994-1690 - Presidente do Instituto - Julho Neomondo 2007 22 falar com Neomondo: oscar@neomondo.com.br


Meio Ambiente

Brasil cuida de sua maior riqueza subterrânea Aqüífero Guarani exige legislação própria para a preservação e bom uso de sua área Livi Carolina

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cumuladas no subsolo da terra, entre os grãos de areia de grandes rochas arenosas e porosas que absorvem e armazenam a umidade do solo, estão as águas subterrâneas de um dos maiores reservatórios transfronteiriços do planeta, o Aqüífero Guarani. Tal como uma pérola valiosa oculta pela cobertura da concha, este valioso aqüífero (rocha que suga a água) tem extensão de aproximadamente 1,2 milhões de km2 e volume aproximado de 46 mil km³, esta gigante esponja está espalhada entre: Argentina, que obtém 225.500 mil km2, Paraguai, com 71.700 mil km2, Uruguai, que tem a menor porção, 58.500 km2 e Brasil, com cerca de 70% de sua totalidade. São 840 mil km2, divididos em oito estados: Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.

Intitulado Guarani em homenagem aos povos indígenas que ocupavam a área do aqüífero, ele se sobressai em meio a uma discussão mundial sobre uma possível escassez deste recurso vital nas próximas décadas. Afinal, embora a Terra seja chamada “Planeta Água” – tendo sua superfície composta por 70% deste elemento – somente 2,5% constitui o volume de água doce, entre calotas polares, geleiras, rios, lagos e lençóis d’água. Porém, dentre este total, somente cerca de 0,3% está disponível para as necessidades do consumo humano. Privilegiadas, a maioria das regiões por onde o Guarani passa são abastecidas por sua abundância de águas já filtradas em função da percolação (filtragem natural feita pelas areias). Segundo Nadia Boscardin, uma das autoras do livro “Aqüífero Guarani: a verdadeira integração dos países do Mercosul”, a utilização do recurso

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Meio Ambiente

subterrâneo tem se transformado em uma alternativa viável, principalmente onde as águas da superfície tornam-se cada vez mais poluídas. Sendo assim, o Aqüífero Guarani, representa uma importante reserva hídrica para o abastecimento público nas regiões onde suas águas são potáveis. Também rico em sais minerais, o perímetro de terras na superfície do aqüífero é caracterizado como o mais fértil do país, usa-

do para cultivo de culturas de cevada, milho, soja, sucroalcooleiro (que produz álcool e açúcar). Outra alternativa de emprego deste lençol freático, tem sido a redução de energia em atividades dos setores industriais e agropecuários que requerem temperaturas mais elevadas da água - uma vez que podem variar entre 30 e 68ºC ao longo do percurso. A alta temperatura também tem gerado lucros para o turismo destas localida-

des. Estações e estâncias térmicas, como Termas de Jurema, Mabu Thermas & Resorts e o Complexo Hidrotermal de Piratuba, têm atraído turistas para as regiões onde o índice térmico é maior. O turismo hidrotermal é basicamente o uso que o Uruguai e Argentina dedicam ao aqüífero, comprovando o potencial desta pérola aqüífera no desenvolvimento socioeconômico dos locais por onde passa.

Formação As regiões onde hoje está o aqüífero, no período préhistórico, ainda com pouca vida animal e vegetal, era um deserto. Com o passar do tempo, os ventos formaram um extenso campo de dunas implantado sobre o continente que foi recoberto por lavas vulcânicas. Estas lavas, quando se solidificaram, cobriram a areia de alta porosidade, permitindo o acúmulo de água na região. Isto faz com que as águas das chuvas tenham a facilidade de escorrerem até o local subterrâneo onde ficam armazenadas.

Crédito: KITLL Soeren Tage (2000)

Autores propõem melhorias ao projeto

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Para os autores do livro “Aqüífero Guara-

e governos na implantação das ações

ni: a verdadeira integração dos países do

voltadas à utilização racional dos recursos

Mercosul” (Nadia Boscardin, José Roberto

hídricos e do Aqüífero. Este gestor, for-

Borghetti e Ermani Francisco da Rosa

mado por representantes da sociedade

Filho), além do Comitê Executivo, deveria

civil dos quatro países, teria o apoio dos

ser criado um Comitê Gestor responsável

governos locais, como membros consulti-

pela fiscalização e orientação às empresas

vos e orientariam:

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Superfície do Guarani


Mercosul em defesa do guarani Para defender sua riqueza da ação descontrolada do homem, os Governos dos países do Mercosul se uniram no desenvolvimento do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, com recursos do Banco Mundial (BIRD), Global Environment Facility (GEF), cujo objetivo é apoiar estes países na elaboração e implementação de um marco comum institucional, legal e técnico para administrar e preservar o Guarani. De acordo com o secretário de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, João Bosco Senra, a meta do projeto é trabalhar em conjunto para evitar a depredação e mau uso dos recursos do aqüífero. “Estamos fazendo um diagnóstico, por meio de estudos, mapas e cadastrando poços para apontar medidas de

preservação antecipada, junto com universidades das regiões do aqüífero”, explica Senra. Dentre as ações do projeto estão: a instalação de rádios, campanhas de educação ambiental nas escolas e nas comunidades para educar a população quanto ao uso sustentável da água, principalmente, aqueles que trabalham com a agropecuária para evitar possíveis contaminações na área do aqüífero. Além de orientar a população, o programa de proteção visa efetuar pesquisas para o tratamento (dessalinização) do Guarani. Mesmo com a fiscalização dos órgãos estaduais competentes - já que as águas subterrâneas são de domínio dos Estados - Nadia Boscardin espera que, com a finalização do projeto, sejam criadas leis que promovam uma fiscalização mais efetiva na utilização do aqüífero.

A elaboração de um “Plano de Utilização Racional dos Recursos Hídricos do Aqüífero Guarani” e a orientação aos usuários na implantação de obras sociais e ambientais na região onde se localiza o seu empreendimento e na recuperação ambiental (no caso de haver poluentes e degradação); O desenvolvimento e a implementação de medidas de motivação dos principais usuários dos recursos hídricos em relação às vantagens da administração com consciência ambiental; A determinação de estratégias, prioridades e ações da política ambiental relativa ao Aqüífero Guarani; com a criação e patrocínio do lançamento de prêmios para a gestão ambiental; A condução de pesquisa sistemática para identificar as áreas críticas ambientais onde é mais necessário agir com urgência. Julho 2007

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Meio Ambiente

Perigo

Apesar de colocar em risco a população, a atividade criminosa de soltar balões ainda é comum em nome da tradição Liane Uechi

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ometer uma ação ilegal, colocar em risco vidas humanas, provocar queimadas em matas, derrubar aviões, incendiar casas e empresas ou ainda provocar acidentes trágicos em refinarias, mutilações, queimaduras...Todas essas violações poderiam fazer parte de uma lista de atos terroristas. Porém, são conseqüências de uma atitude que está muito mais próxima de nossa realidade do que se imagina, praticada por pessoas comuns, às vezes nossos vizinhos. Não é exagero, todas essas mazelas citadas são resultados da fabricação e soltura de balões. Quem solta balões conhece os riscos a que está submetendo o restante da sociedade, mas muitas vezes o faz por considerar o delito uma arte e uma tradição. Sob o pretexto de enfeitar o céu e aplicar um aprendizado de pai para filho, coloca conscientemente, sob perigo iminente as pessoas que participam da atividade e principalmente, quem estiver sob o balão no momento da

queda. Não há como saber onde e quando ele irá descer e quem ou o que irá atingir. Órgãos públicos, indústrias, meios de comunicação travam há muito tempo uma luta à base de campanhas de prevenção, educação e repressão. Soltar balões é crime, previsto pela lei 9605 artigo 42, que define pena de 1 a 3 anos de reclusão e multa de até R$ 7.500,00. Mas ainda assim, os baloeiros se especializam em driblar a fiscalização e a lei, constróem artefatos cada vez maiores e mais perigosos. O alcance dos grandes balões é espantoso. Têm sido avistados a 15.000 pés de altitude, pois empregam buchas acionadas em seqüência, o que prolonga a permanência dessas “bombas” no ar. Os balões hoje usam recursos como bujões de gás, baterias de automóveis, cordões especiais e arames, dentre outros materiais de alta resistência. Quando o balão vai cain-

no c

do, novas circunstâncias geram perigo, pois os artefatos são alvos de tentativas de resgate, gerando novas problemáticas, que vão de infrações de trânsito, invasão de domicílio, quedas de telhados, queimaduras, etc. Conforme o capitão Luciano de Souza, chefe da seção operacional do Corpo de Bombeiros de Santo André – SP, os meses de junho e julho são os mais críticos, pois a tradição do balão está ligada às festividades juninas. Para piorar é um período caracterizado pelo ar seco e ventos, que favorecem o alastramento do fogo. “Contamos com o bom senso da população que pode denunciar de forma anônima, através do telefone 181, quando perceber alguma movimentação de grupos com o intuito de soltar balões” – disse o capitão. Segundo ele, outro agravante está no armazenamento, manuseio e comércio ilegal de fogos, que tende a crescer nesses meses e aumentar a incidência de queimaduras e mutilações.

Caçador de baloeiros O guarda civil metropolitano de Mauá, Sandro da Silva Rodrigues, participa de um trabalho bastante efetivo na repressão de crimes ambientais. A Corporação mantém o GOPA – Grupo de Apoio e Patrulha Ambiental, que tem colecionado inúmeros sucessos no patrulhamento e prisão de baloeiros. “No mês de junho, fizemos algumas buscas e conseguimos efetivar a prisão de um grupo de 18 pessoas, que se preparava para soltar balões” – explicou ele, que diz conhecer os principais pontos onde os grupos costumam se encontrar para a atividade. Rodrigues explicou que o perfil dos

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baloeiros indica pessoas de várias idades, organizadas em grupos e com poder aquisitivo de médio para alto. As peças produzidas também variam de tipos e tamanhos podendo chegar a 14 metros e transportar até 15 dúzias de fogos de artifícios. “Há balões que levam de 2 a 3 meses para serem construídos”. O trabalho, segundo ele não pode ficar somente na repressão. Rodrigues visita escolas e outros órgãos como a Guarda Mirim de Mauá, num trabalho de conscientização e informação ambiental, orientando as novas gerações sobre as conseqüências desse ato criminoso.


o Céu

Da esq. para dir. Jorge Garcia Peixoto e João Carlos Hermenegildo em frente aos tanques de produtos químicos.

Indústria cria rotina de observação As indústrias petroquímicas mantêm, de forma contínua, uma rotina de observação do céu. “Todos os nossos funcionários são orientados a informar imediatamente se algum balão estiver nas proximidades” – informou João Carlos Hermenegildo, responsável pela segurança industrial da Unipar Química, indústria do Pólo de Capuava, em Santo André. Na iminência de queda dentro da empresa, inicia-se uma verdadeira operação para captura do objeto, antes que ele caia e incendeie - o que poderia

provocar acidentes graves. O gerente de produção da Unipar, Jorge Garcia Peixoto, explicou que as indústrias químicas e petroquímicas trabalham com produtos inflamáveis. “Temos diversos dispositivos de segurança para evitar acidentes dessa natureza, mas um balão pode trazer outros impactos para a produção e para o meio ambiente, até mesmo se cair na rede de alta tensão e exigir uma parada de emergência não programada” – disse. Nesses casos, os equipamentos entrariam em processo de despres-

surização, que geraria gases que precisariam ser queimados no Flare (torre existente nas indústrias para queima), com prejuízo para o meio ambiente. Segundo levantamento do PAM (Plano de Auxílio Mútuo), que compõe as brigadas de incêndio das 10 indústrias associadas da APOLO (Associação das Indústrias do Pólo Petroquímico do Grande ABC), em 2006 caíram 27 balões dentro das empresas, contra 47 em 2005, 35 em 2004, 27 em 2003, 22 em 2002 e 113 em 2001.

aeroporto de Congonhas/Infraero, explicou que mesmo os pequenos balões geram complicações, pois podem ser sugados pelas turbinas e causar problemas mecânicos, incêndios e decolagens de emergência. Muitas vezes, os balões são avistados

pelos próprios comandantes durante o vôo. Ainda nesses casos há transtornos, pois é preciso solicitar desvio de rota. Em casos de queda na pista, mais transtornos, porque há a necessidade de interditá-la para a retirada do objeto.

Em rota de colisão Os balões representam grande terror para a aviação, pois uma colisão no ar entre um objeto de mais de 10 metros e uma aeronave a 600 Km/h, pode representar a queda do avião. Esdras Barros, coordenador de prevenção e emergências do

Soltar balão é crime

Capitão Luciano de Souza, denunciar ajuda

Em defesa do meio ambiente, a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, em sua Seção II, que trata dos crimes contra a flora, estabelece: “Art. 42. Fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em áreas urbanas ou qualquer tipo de

assentamento humano: Pena – detenção de um a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.”

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nononon

Saúde

O milagre do

sor

Neomater promove programas de humanização minimizando o estresse da internação e oferecendo tratamento de ‘besteirologia’ para a ala pediátrica Da Redação

Q

uem assistiu ao filme Patch Adams O Amor é contagioso (1998), conheceu o trabalho verídico do médico Hunter Patch Adams e seu método inovador de aliar aos tratamentos tradicionais à alegria do palhaço. A proposta contaminou hospitais do mundo inteiro com ações de humanização, com o intuito de aproximar o paciente do ambiente externo. Entre as instituições brasileiras que seguem esta linha, está o Hospital e Maternidade Neomater, em Santo André, que após passar por uma reestruturação em 2003, deu início aos projetos de humanização, em especial na ala pediátrica, com base na Resolução da Lei nº 41/95, referente aos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados, aprovada por iniciativa do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda). Segundo Paula Vieira, gerente de marketing do hospital, o objetivo dos programas é reduzir o estresse do paciente e da família diante da internação. “As ações de humanização tentam trazer um pouco da vida ‘lá de fora’ para dentro do hospital”. Para iniciar a implantação, o corpo médico foi orientado a adotar uma nova postura de maior respeito à situação do paciente e da família. O simples olhar nos olhos e a explicação clara e objetiva sobre os procedimentos médicos necessários para a recuperação, são atitudes que diminuem a tensão entre médicos, pacientes e envolvidos.

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-- Julho 2007 Neomondo Neomondo Julho 2007 Neomondo >> Capa

“A humanização no atendimento pode ser verificada na formação da equipe, que conta com psicólogos e assistente sociais, muitas vezes somente para ouvir as expectativas das crianças e dos pais. Além disso, em datas comemorativas, como aniversários, natal, páscoa, promovemos festas com a participação de todos no hospital”, destaca Juan Carlos Ustasiz, chefe da pediatria do Neomater. Após o resultado positivo da aproximação dos médicos, o primeiro projeto a ser inserido foi o ‘Contadores de História’, da Associação Viva e Deixe Viver, que atua em sete estados brasileiros e nos Estados Unidos, na Virginia. Eles adotam a abordagem: Não somos médicos. Posso te contar uma história? E, é claro, se a resposta for positiva, diariamente os contadores entram nos quartos e retiram da mala colorida os instrumentos para aguçar a imaginação. “Nosso objetivo é mexer com a criatividade das crianças e estimular o interesse pela leitura. Para isso, criamos com ela um novo conto e fazemos mágicas e esculturas de balões” - relata José Paulo Borella, responsável pelos contadores voluntários do Neomater. Segundo Borella, algumas crianças se interessam tanto que começam a escrever suas próprias histórias e não se cansam de pedir aos pais para contar-lhes mais e presenteá-las com novos livros. “No final de ano, doamos 100 mil exem-

plares de livros para todas as crianças, e o que nos incentiva a continuar este trabalho é que 50% dos livros são aproveitados” - diz o contador. A quarta-feira também é um dia esperado para as crianças que gostam de arte. Este é o dia que a artista plástica Nali Vieira ministra técnicas de pintura. “Aqui eles conseguem se distrair e exteriorizar na tela aquilo que estão sentindo” - afirmou. São mais de 15 crianças que encontram na pintura uma maneira de esquecer um pouco seus problemas. No projeto mais recente, as crianças são submetidas três vezes por semana a um tratamento de “besteirologia”, com os doutores da Operação Hospalhaço. “Quando as crianças vêem os palhaços há mudanças nos semblantes, uma resposta positiva de afetividade. E as brincadeiras lúdicas melhoram o estado psicológico, ajudando-as em uma série de fatores, inclusive na recuperação” - declara Ustasiz. Para André Correia, responsável pelo projeto, o palhaço é uma figura inocente, que não conhece as regras da sociedade, assim como a criança, por isso há uma afinidade e o personagem consegue fazer a criança esquecer, pelo menos por alguns minutos, o porquê de está ali. Não há comprovação real de que o sorriso pode curar as enfermidades do corpo, mas é evidente que ele é o causador do entusiasmo e da alegria da alma daqueles que esperam por ela.


do

orriso Grupo Hospalhaço durante tratamento de “besteirologia”

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Social

eCoLogiA de filho para pai

Evento promovido pela CiaEco desperta nas crianças a responsabilidade ambiental e faz delas agentes divulgadores da preservação ambiental Da Redação

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nvestir na criança para alcançar o adulto. Esta é a estratégia usada pela ONG Companhia Ecológica (CiaEco) que promove a conscientização e educação ambiental nas escolas do Estado de São Paulo. Dentre as ações, a CiaEco se reuniu com a secretaria de educação e promoveu a I Olimpíada Ecológica, na qual, crianças e jovens, do ensino fundamental ao superior, tiveram a oportunidade de dar sugestões de melhorias para a preservação do Planeta. Foram cerca de 200 desenhos, textos, maquetes e projetos inscritos baseados no tema comum: Terra, planeta água até quando? A exposição destes trabalhos aconteceu no dia 28 de junho no Centro de Logística de Exportação (CELEX), onde foram avaliados por uma comissão julgadora que analisou cada uma das quatro categorias, divididas de acordo com o ano escolar dos jovens. Entre os jurados e personalidades envolvidas com o evento estavam: o Secretário Estadual do Meio Ambiente, Xico Graziano; a Diretora Regional de Ensino do Estado de São Paulo, Walkíria Cattani;

O poder público hoje é devedor de projetos ambientais, por isso é importante a sociedade se mobilizar

Arquiteto e Urbanista, Hélio Dias; a representante do Banco Real, Linda Murasawa e, entre outros, o presidente do Instituto Neo Mondo, Oscar Lopes Luiz. Para o vereador Paulo Frangue, que acompanhou a abertura do evento e conheceu as exposições, esta iniciativa tem fundamental importância para chamar a atenção do poder público quanto à necessidade de se atentar às questões de preservação do meio ambiente. “O poder público hoje é devedor de projetos ambientais, por

isso é importante a sociedade se mobilizar. Isso tem acontecido após o susto das informações divulgadas pela mídia quanto à ‘destruição do planeta’. A imprensa despertou a população à mobilização do governo, este é um processo necessário” – diz o vereador. Além das escolas que se inscreveram para a Olimpíada, alunos de outras unidades de ensino também foram convidados a prestigiar a exposição. A professora da E.E. Érico de Abreu Sodré, Claudete Deodato levou cerca de 30 alunos da terceira série. Segundo ela, esta consciência do cuidado ambiental também tem sido aplicada na escola onde trabalha e afirma que atingir as crianças é o melhor caminho para chegar aos pais. Os nomes dos ganhadores da I Olimpíada Ecológica ainda não foram divulgados, enquanto isso, aqueles que participaram esperam ganhar os prêmios dos primeiros três colocados: Primeiro - Notebook, Segundo - iPod e Terceiro - TV portátil LCD 7 polegadas.

Casa Verde de Ana Maria Braga Em paralelo à Olimpíada, outro projeto chamava a atenção dos visitantes que chegavam ao local. Ao lado do auditório onde estavam os trabalhos, homens atuavam intensamente na construção da Casa Verde, que segue os padrões da sustentabilidade, construída com materiais ecológicos. A obra que dará lugar ao Berçário de mudas Ana Maria Braga, com capacidade de produção de 130 mil mudas por ano, foi promovida pela CiaEco e concebida pelo urbanista e arquiteto Hélio Dias, com o objetivo de se tornar exemplo de soluções construtivas ecosustentáveis. “A Casa Verde fala na prática o que o governo e a comunidade em geral discutem. É possível fazer algo sustentável”, declara o arquiteto. 30 30

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De acordo com Dias, o conjunto da obra ecológica se torna 30% mais barata do que o convencional, além de oferecer o custo benefício térmico, pois a temperatura da casa não passa de 22ºC e a durabilidade da construção também é maior, sendo que em 30 anos ela continuará intacta. Para o presidente da Companhia Ecológica, Carlos Cunha, a idéia de levar as crianças para conhecer a Casa Verde é de provocar um aprendizado ambiental que não mais será esquecido, embutindo neles a visão ecologicamente correta. Logo que finalizada, a Casa Verde será homologada pela UNESCO e pela Craterre da França, como arquitetura eco-sustentável.


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Especial

Bioco

mudando a matriz e

Três décadas a enxerga ne ss

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entro de um pequeno laboratório no nordeste brasileiro, sem investimentos externos e de modo manual, nasceu a idéia que está mudando a matriz energética mundial: o biodiesel. Apesar da pouca tradição em pesquisa científica, o talento brasileiro está propondo alternativas sustentáveis para a inevitável escassez de petróleo, diante de um aumento exponencial de consumo. O biodiesel, motivo de tanto interesse internacional, tem um inventor e ele se chama Expedito Parente, um engenheiro químico e professor universitário, cearense, que já foi chamado, erroniamente, de “poeta da tecnologia”, quando na década de 70 apresentou o fruto de suas pesquisas. Ele lembra do descrédito e do desinteresse na sua proposta de transformar vegetais oleaginosas e gordura animal em fonte de energia. Na época seu achado foi batizado de pró-diesel. Parente registrou a patente, mas a idéia não encontrou terreno fértil. Hoje, três décadas depois, o assunto tomou conta do mundo, Expedito já foi aos quatro continentes apresentar a tecnologia brasileira que mostrou uma saída de sustentabilidade e que já vem sendo utilizada por países como a Alemanha. Os benefícios do biodiesel são inúmeros, trata-se de uma energia limpa, abundante, renovável e de alta eficiência. Porém mais do que uma solução energética, Parente acredita que o invento tem outras missões, inclusive social, através da geração de empregos, que pode acabar com a triste história da miséria no campo. A soja, o girassol, o amendoim, o algodão, a mamona, o babaçu, dentre outras, são as matérias-primas para a fabricação do combustível. 32 32

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Royalties Inventar o processo de obtenção do combustível não fez do cientista um milionário. A patente prescreveu em 1990, não foi utilizada. Ele diz que não tem qualquer frustração por conta disso. “Minha vida não tem retrovisor. Só olho pra frente” – brinca, Parente tem hoje uma empresa, a Tecbio, Tecnologias Bioenergéticas Ltda, com sede em Fortaleza, que

fornece tecnologia brasileira para a montagem de usinas de produção do biodiesel, das pequenas às grandes plantas industriais. Firmou também um contrato com a Boeing e a Nasa, para desenvolvimento do bioquerosene, que já foi testado em avião, com excelente performance. “As pesquisas devem continuar por mais dois anos aproximadamente” - informou.

$ Custo-benefício O custo do novo produto ainda é mais alto que o usual, derivado do petróleo, mas Parente acredita que é uma questão de tempo, necessário para o aprimoramento do processo industrial. “Foi assim com o etanol, cujo preço médio do metro cúbico (mil litros) em 1980 era de U$ 700,00 e hoje é de U$ 200,00. A tendência será a mesma e também será importante a desoneração de impostos para torná-lo mais competitivo” - exemplificou. O ganho inquestionável está no custo

benefício. Ele é ecologicamente correto, é biodegradável, não corrosivo e não poluente. A partir da mistura de 25% do produto ao óleo diesel os ganhos ambientais já são surpreendente, pois a fuligem desaparece e ainda não produz resíduos como o enxofre, gerando créditos de carbono. Seu subproduto é a glicerina. O professor explicou que das porções desse produto, uma parte é lipídica (óleo) e outra e protéica, que pode se transformar em ração.

Usinas de Biodiesel O biodiesel pode ser usado puro ou misturado com o petrodiesel em qualquer proporção. O Programa Brasileiro de biodiesel torna obrigatório, inicialmente, o uso na proporção de 2%, o que já representa uma

demanda de 800 milhões de litros anuais do nosso combustível. Conforme Parente, o país conta atualmente com 6 usinas de grande porte e 9 de pequeno, que produzem juntas cerca de 610 milhões anuais de litros.


combustível

z energética mundial

as após a apresentação do Biodiesel, o mundo ne sse achado um caminho de sustentabilidade Liane Uechi

Matéria Prima Preparação da Matéria Prima Catalisador (NaOH ou KOH)

Óleo ou Gordura

Metanol ou Etanol

Reação de Transesterificação

Separaçao de Fases

Desidratação do Álcool

Recuperação do Álcool da Glicerina

Destilação da Glicerina

Resíduo Glicérico

Glicerina Destilada

Recuperação do Álcool dos Ésteres Excessos de Álcool Recuperado Purificação dos Ésteres

Eras de energia Parente explica que a humanidade já passou por diversas eras de energia: a era do fogo, da lenha, do carvão mineral e atualmente a do petróleo. Segundo ele, o futuro próximo nos reserva a Expedito Parente era solar-direta e indireta. A direta é através da captação dos raios solares e a indireta, através do biocombustível, que utiliza a energia das plantas, que são alimentadas pela energia solar. O biocombustível tem três grandes missões, na sua visão. A primeira é ambiental, com a diminuição do efeito estufa e das emissões atmosféricas, a segunda é social, proporcionando a geração de riquezas no campo e a terceira é estratégica, tornando mais tranqüila à transição da era do petróleo.

Biodiesel Julho 2007

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Cultura

Transformando lixo em arte Cooperativa encontra na arte uma maneira de mudar a vida de seus cooperados e de reutilizar os resíduos de condomínios Livi Carolina

N

a natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Embora essa seja uma lei do físico Lavoisier, até parece que foi inspirada no trabalho desenvolvido pela Cooperativa de Arte Alternativa e Coleta Seletiva (Cooperaacs), cujo empenho tem sido transformar aquilo que muitos já não vêem utilidade em verdadeiras obras de arte. Além de ensinar um novo ofício e estimular habilidades na comunidade interessada em aprender a ‘pintar o sete’. Formada pela união da necessidade, habilidade e credibilidade, a Cooperaacs iniciou seus trabalhos em 2001 a partir da iniciativa de Vilma Peramezza, administradora do condomínio comercial Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. Somente a coleta seletiva, adotada pelo condomínio em 1990, não era suficiente para causar impacto e reduzir o número de lixo, que chegava a cerca de cinco toneladas diárias, o que resultava em um custo mensal de 12 mil reais em transporte e armazenagem. Ao promover palestras, cursos e exposições de obras recicladas, Vilma conheceu a habilidade do artista Sandro Rodrigues em extrair arte do lixo. Faltava então quem desse maior credibilidade à obra. Neste momento o artista plástico e cenógrafo, Silvio Galvão – criador do Departamento de Efeitos Especiais da TV Cultura para os programas Rá-Tim-Bum, Glub-Glub, 34

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Artesão Felipe, com cerca de 1,80m ficou pequeno ao lado da obra.


Aprendizes durante a oficina de reciclagem. Mundo da Lua e Castelo Rá-Tim-Bum – uniu-se ao grupo para criar e desenvolver a decoração natalina do condomínio, e mais tarde, as obras de maior destaque: Dom Quixote e O Fazedor de Montanhas. Ainda tímida e com técnicas em adaptação, a decoração de natal se tornou tradição, abrindo espaço para a fundação da Cooperativa de Arte, em 2004. Hoje, o condomínio dispõe o material – junto com outras cooperativas de coleta, Galvão idealiza, modela e esculpe em isopor e Rodrigues – atual presidente da Cooperaacs, junto com a equipe de artesões da cooperativa, produz a obra. De acordo com o artesão Felipe Santos, que acompanhou o processo de desenvolvimento da cooperativa de perto,

Fazedor de montanhas: atração no Plaza Shopping Mauá

para formar uma equipe de produção foi preciso capacitar os interessados com palestras e oficinas, ministradas a cada três meses, aproximadamente. “Eu nunca havia trabalhado com arte até conhecer o Sandro, com ele aprendi o ofício de transformar resíduos em obras. Mas, mesmo aqueles que já têm habilidade com a arte, encontram certa dificuldade em lidar com o material, por isso esses cursos são necessários”, diz Santos. E Rodrigues completa: “o material que trabalhamos é agressivo, de baixa qualidade, por isso é importante termos pessoas qualificadas para extrair do rude a delicadeza”. Os alunos que se destacam nos cursos, e que mostram interesse em dar continuidade ao trabalho, são convidados a fazer parte da equipe de artesões.

A cada grande obra são necessárias cerca de 60 pessoas. Agora os planos da Cooperaacs se baseiam em efetuar parcerias com a prefeitura e empresários para ampliar o local de trabalho. A estrutura física da casa, alugada no bairro do Belém, está pequena para comportar a demanda, mas, não só o local necessita de uma ampliação. O presidente afirma que é preciso capacitar os funcionários quanto às questões pertinentes à uma cooperativa. “Temos a necessidade de ampliar nossa visão, esclarecer dúvidas de funcionamento e sanar a deficiência na captação de recursos. Nos preocupamos tanto em oferecer o melhor no operacional, que estamos deficientes quanto a administração de uma cooperativa“, admite.

de garrafa, a armadura de Dom Quixote de latas abertas e para a criação do Rocinante foram usados briquedos, parte de ferro, ventilador... Em quatro meses, a produção exigiu cerca de dez toneladas de lixo. “Para esse tipo de trabalho, em que a procura por matéria-prima é maior, recorremos também a outras cooperativas que vendem os resíduos já coletados” - revela o artesão Felipe Santos. Usando outra técnica, a equipe da Cooperacs dedicou cerca de dois meses para produzir O Fazedor de Montanhas. Inspirado em um catador real, como também em seu cachorro Boy, a obra se destaca pelos detalhes: a semelhança com os modelos, a expressão dos olhos, os pêlos do cachorro, o tênis. Para esculpir os personagens e o carrinho,

foram usados materiais recicláveis ou reaproveitáveis. “O isopor do boneco e do cachorro foram comprados de uma escola de samba e ‘soldados’ para criar grandes blocos. Ao todo foram usado 700 quilos de isopor que seriam jogados na natureza” - conta Sandro.

obras de maior destaque Embora as decorações natalinas do Conjunto Nacional tenham dado à Cooperaacs visibilidade do trabalho dos cooperados, foram as esculturas Dom Quixote e O Fazedor de Montanhas que renderam o reconhecimento nacional. A primeira a ser produzida foi a peça Dom Quixote, composta pelas esculturas do excêntrico fidalgo, seu fiel escudeiro Sancho Pança e seu inseparável cavalo, Rocinante. A obra foi produzida em 2005 em homenagem aos 400 anos da publicação do livro Dom Quixote de La Mancha do romancista, dramaturgo e poeta, Miguel Cervantes. Com quase dois metros de altura, as peças foram compostas por pequenos materiais encontrados em meios aos resíduos. O colete de Sancho Pança foi feito com tampas Consultoria do terceiro setor Criar uma cooperativa que atue na área de reciclagem, pode não ser a melhor opção neste caso, uma vez que há tributação em sua operação, como acontece com uma empresa do segundo setor. O

Detalhe do Rocinante ideal seria buscar a qualificação de associação, e com ele ter direitos vinculados ao terceiro setor, beneficia-se da inunidade fiscal, reduzindo custo e viabilizando a finalidade fim.

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Cultura

Catacumba Urbana 36

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O artista Alexandre Órion inicia a segunda fase do projeto artístico Ossário. Após desenhar com panos úmidos nas paredes sujas de um túnel em São Paulo, utiliza a fuligem dos panos para pintar telas. Liane Uechi

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brincadeira do “Lave-me” nos vidros sujos do carro foi a técnica que inspirou o artista plástico Alexandre Órion a criar uma catacumba urbana, formada por centenas de desenhos de crânios, nas paredes imundas de fuligem do túnel Max Feffer – que liga a avenida Europa à avenida Cidade Jardim, em São Paulo. Poderia ser apenas mais uma pintura, não fosse a técnica escolhida, ao invés de tinta ele utilizou panos úmidos. Quem olhava de longe, imaginava tratar-se de grafitagem, pois a limpeza removia cerca de dois centímetros de sujeira, “pintando” de branco e dando um efeito muito real. Com criatividade, o artista enviou sua mensagem de alerta. “O túnel já é uma caverna, o que fiz foi provocar, mostrar o que as pessoas querem esquecer, pois infelizmente, aprendemos mais pelo incômodo e os crânios remetem à morte explícita” – disse Órion. Isso aconteceu há um ano, mas ainda hoje traz frutos ao artista, que expôs em julho, no Sesc Pinheiros uma pequena mostra do trabalho realizado. Ele lembra que durante as 13 madrugadas, que passou no túnel desenhando os crânios, as visitas da polícia eram constantes, até porque o local é totalmente monitorado por câmeras, mas como limpar não é crime, após a constatação, os policiais iam embora, para voltar na noite seguinte. Na 13ª madrugada, quando já havia uns 300 metros de crânios desenhados e a catacumba tomava um aspecto pictório, evidenciando a realidade e simbolicamente demonstrando no

que a poluição transformaria a cidade, caminhões pipas da limpeza pública chegaram e apagaram (somente) os 300 metros desenhados/limpados por Órion. A intervenção artística que foi denominada Ossário, ainda não terminou. Com os panos sujos, o artista iniciou a segunda etapa desse inusitado projeto, decantou a fuligem e confeccionou tinta preta, que agora está sendo utilizada para a pintura de telas, num caminho inverso, retratando animais, automóveis e coisas belas. “Por subtração, pintei a morte no túnel. Por adição, estou usando a mesma fuligem para pintar a vida, nas telas” – disse o artista. A mensagem é clara e denota que temos o poder de transformar, de reverter, de corrigir a rota. Todo o processo, que inclui a pintura no túnel, decantação, criação da tinta e pintura das telas, está registrado em fotos e vídeos que serão expostos numa amostra individual, em São Francisco, nos Estados Unidos.

Por subtração, pintei a morte no túnel. Por adição, estou usando a mesma fuligem para pintar a vida, nas telas.

Filtro Órion se considera um filtro, captando a realidade e devolvendo-a no formato artístico. “ Eu vivo da arte e a arte me mantém vivo, por isso mesmo, preciso fazer dela um instrumento transformador” – concluiu o artista. Dentre seus trabalhos estão imagens pintadas em muros e paredes da cidade, cujo resultado visual surpreende pela interação com o cotidiano. E que podem ser conhecidas no site: http://www.alexandreorion.com

Alexandre Órion, durante a execução do trabalho que, depois de finalizado, foi apagado pela limpeza pública

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Precisa-se Santo André Centro de Auxílio à Vida Doações: Alimentos em geral, principalmente arroz e feijão. Rua Filipina, 70 – Pq. Novo Oratório Cep: 09301-970 - Telefone: 4401-2120 E-mail: prcamilocav@hotmail.com Em caso de dúvida, falar com: Alexandre

São Bernardo do Campo

A seção “Classificado Solidário” é um espaço gratuito, destinado a divulgar as necessidades de doações ou serviços voluntários de instituições sociais. Não é permitida a solicitação de valor em espécie. A veracidade das informações aqui prestadas são de total responsabilidade da entidade solicitante. Mande seu anúncio para classificadosolidario@neomondo.com.br, até o dia 15 de cada mês, com nome da instituição, responsável, endereço, telefone ou e-mail. A publicação passa por análise do Conselho Editorial.

limpeza externa. Feminino – cuidado com crianças de 0 a 4 anos e limpeza interna. Com nível superior: Psicólogo, fonoaudiólogo, médico (preferencialmente pediatra). Rua dos Macucos, 14 - Pq. dos Pássaros São Bernardo - SP Cep: 09861 - 350 Telefone: 4343-8632 / 4392-7492 E-mail: assisbrac@assisbrac.org.br Em caso de dúvida, falar com: Sérgio Gutierrez

ASSISBRAC - Assistência Social Beneficente de Resgate ao Amparo à Criança

Fundação Comunidade da Graça

Voluntários masculino para: serviços gerais: jardineiro, pequenos reparos e

Voluntários para: Auxílio médico e especialistas, costureiras, professores e artesões.

São Paulo

Doações: Roupas, sapatos, brinquedos, alimentos não perecíveis. Rua Salvador do Vale, 09 - Vila Formosa - SP Cep: 03362-015 Telefone: 6672-3232 E-mail: fcg@fcg.org.br Em caso de dúvida, falar com: Vlademir

Ação Comunitária Beneficente do Jardim São Carlos

Voluntários para: esportes, teatro e artesanato. Doações: Roupas, brinquedos e sapatos. Av. César Augusto Romaro, 172 - Jd. São Carlos - SP Cep: 08062-000 Telefone: 6545-1875 E-mail: rimartins@ig.com.br Em caso de dúvida, falar com: Rita

Glossário

A não: As pessoas afetadas pelo nanismo são vítimas de um preconceito peculiar: o de sempre serem consideradas engraçadas. Não há nada de especialmente engraçado em ter baixa estatura, fato que não torna ninguém inválido nem diminui sua dignidade. B em-Estar Social: Expressão referida às condições, dadas pelo Estado, para garantia dos direitos econômicos e sociais. O Estado de BemEstar Social é aquele que oferece bens

e serviços de forma democrática, numa concepção atual. E xclusão Social: Destruição dos meios de sobrevivência, marginalização no usufruto dos benefícios do progresso e no acesso às oportunidades de emprego e renda. E cossistema: Relação entre os organismos vivos de uma determinada área e o meio ambiente, considerando a diversidade biológica, as cadeias alimentares, as condições atmosféricas, temperatura, qualidade

de água e luz solar e ainda os elementos químicos e os fatores a que os organismos estão expostos. Havendo equilíbrio entre estes elementos, a continuidade do ecossistema é assegurada. O desequilíbrio de um ecossistema ocorre por uma ação agressora externa ou pela alteração da relação entre seus elementos. No Brasil, existem seis ecossistemas, entre os quais a floresta Amazônica, que é maior floresta tropical do mundo. Fonte:http://www.dhnet.org.br/inedex.htm

Dicas de Livros “Responsabilidade Social Empresarial” , de Gilson Karkotli. Editora Vozes,. Petrópolis,RJ, 2006.

“Tributação do terceiro setor no Brasil”, de Leandro Marins de Souza. Editora: Dialética, 2004

O livro Responsabilidade social empresarial é extremamente inovador sobre o prisma da gestão da responsabilidade social, uma vez que aborda os mais importantes temas que estão em discussão no mercado e também na academia. Este livro é de fácil leitura e apresenta várias ramificações da responsabilidade social, de forma acessível e didática. Seu público alvo é bastante abrangente, pois aborda temas de interesses de acadêmicos, docentes, discentes, profissionais liberais, Terceiro Setor, Estado, empresários de todos os segmentos. Aborda também outros assuntos específicos e de curiosidade acadêmica e de mercado.

Depois de tratar de aspectos históricos que esclarecem sobre a origem e conceito do Terceiro Setor, abordando os contextos sócio-econômico-político do desenvolvimento, o autor cuida de diversos assuntos jurídicos relativos ao tema, como o percurso evolutivo e a consolidação de seu desenvolvimento, através da Constituição Federal de 1988; a reforma do marco legal, as formas jurídicas que podem assumir essas organizações, assim como os títulos e qualificações que podem pleitear. Discorre ainda sobre as imunidades e outros benefícios destinados a estas entidades.

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