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for Editora 4 Capas
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CRIAÇÕES GENIAIS EM FORMATOS VARIADOS
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Inovando no design e na tecnologia, a Favo lança a sua coleção 2011. O destaque está na Cozinha da linha Colore Voga em Poliéster, que traz novos padrões de cores. Surpreenda-se ainda com prateleiras com Led, com o design do corian e com a TV de LCD embutida na porta do armário. Favo, especializada em fazer com que o seu bem-estar em casa fique ainda melhor.
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w w w. fa vo m ove i s . co m . b r
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EDITORIAL
M-1
Vivian Carrer Elias: pág. 82
Esta revista é uma publicação da 4 Capas Editora e Fortuna – Gestora em Comunicação de Luxo, distribuída via correio exclusivamente aos moradores da Vila Nova Conceição e Jardins VENDA PROIBIDA
CONSELHO EDITORIAL Denilson Milan, Doron Menache Sadka, Georges Schnyder e Mariella Lazaretti
Rosane Aubin: pág. 52
Diretor Executivo – Georges Schnyder georges@4capas.com.br Diretora Editorial – Mariella Lazaretti mariella@4capas.com.br Gerente de Publicidade – Ruth Nór ruth.nor@4capas.com.br Direção de Arte – Nina Franco ninafranco@4capas.com.br Colaboraram nesta edição: Edgard Reyman, Lizia Bidlowsky, Luciana Bianchi, Mari Hirata, Marco Antonio de Rezende, Rosane Aubin e Vivian Carrer Elias (texto); Danilo Borges, Luis Cersosimo, Marilia Pedroso e Ricardo D’Angelo (fotos); Fabio Santos, Paula Portella (arte); Drica Cruz (stylist), Silvio Rogério da Silva (tratamento de imagem); Ruth Figueiredo e Gil Bertolino (revisão)
Ricardo D’Angelo: pág. 68
Rua Andrade Fernandes, 283 CEP 05449-050, São Paulo, SP Telefax (11) 3023-5509
André Clemente e Edu Passarelli: pág. 78 E-mail: 4capas@4capas.com.br Para anunciar Tel. (11) 3521-7329 Diretor Executivo – Denilson Milan denilson@fortunacom.com.br Diretor Comercial – Doron Sadka doron@fortunacom.com.br Produção Gráfica - Doron Central de Compras Gráficas , Tel. (11) 3813-9799 doroncentral@uol.com.br IMPRESSÃO IBEP Gráfica Av. Alexandre Mackenzie , 619 Jaquaré - SP - Cep. 05322-000 Tel. (11) 2799-7799/ 2169-7799 A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. As pessoas não listadas no expediente não estão autorizadas a falar em nome da revista ou a retirar qualquer tipo de material sem prévia autorização emitida por carta timbrada da redação.
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Marília Pedroso: pág. 30 Marco Antonio Resende: pág. 68
Pequenos frascos, grandes ideias A tecnologia hoje é commodity. Assim como um saco de arroz ou uma chapa de aço, ela virou artigo básico. O que diferencia um produto de outro é o traço ousado do designer, a imaginação do artesão que, ao mesmo tempo em que eleva sua criatividade aos céus, precisa ter os pés bem fincados na terra para alcançar um bom resultado, que alie forma, função e emoção. Esta edição faz uma homenagem ao talento desses profissionais, capazes de encher nosso dia a dia de conforto e beleza. Foi de uma designer gráfica, a diretora de arte Nina Franco, a ideia de fazer um ensaio que relacionasse o visual da mulher com determinados perfumes e seus frascos. Ela e a stylist Drica Cruz deram asas à imaginação e escolheram nove aromas que simbolizam nove tipos de mulher, da recatada e cândida à sensual e ousada, passando pela clássica que não dispensa um frasco de Chanel No 5. O resultado, elegante e perfumado, está nas páginas a seguir. E por falar em elegância, Luciana Bianchi, nossa correspondente em Londres, produziu um perfil do multifacetado Yohji Yamamoto, um estilista que nada contra a corrente da vulgaridade, tem a coragem de admirar as imperfeições e usa tecidos fiados com técnicas ancestrais em tempos de uniformidade tecnológica. Os experts André Clemente e Edu Passarelli fazem uma radiografia das cervejas DeuS e Duvel; e Vivian Carrer Elias enumera programas imperdíveis em São Paulo e Paris. Ricardo D’Angelo, nosso fotógrafo, craque em registrar os pratos mais premiados dos melhores restaurantes do mundo, reproduz os achados que o jornalista Marco Antonio Resende garimpou nas feirinhas de antiguidades mais in do planeta. À fotógrafa Marília Pedroso coube fazer os inspirados retratos dos alfaiates que ainda exercem esse ofício nobre e especial, em São Paulo. No Brasil, a jornalista Rosane Aubin pesquisou e entrevistou algumas das mentes mais criativas do design para chegar a quatro nomes que fazem o Brasil brilhar lá fora e aqui. Raul Pires chefia a equipe que desenha o exterior dos carros da tradicional Bentley, na Inglaterra, e foi responsável pela revitalização da marca quando redesenhou o Continental GT. Fernando Prado é o recordista brasileiro em prêmios iF. O casal responsável pela criação dos móveis da Fetiche, em Curitiba, inspira-se em peças nostálgicas, como os banquinhos caipiras de pinus e taboa, para elaborar produtos de elegância admirável. E o pessoal da Tátil, liderado pelo criativo e ecológico Fred Gelli, criou a marca da Olimpíada 2016. É ouro! Para você – e só para você – um grande momento de leitura e diversão. Just in case Caso você queira alterar seu nome, seu endereço, dar sugestões e se manifestar ou deixar de receber esta publicação, entre em contato com justfor@4capas.com.br.
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19/05/2011
CADA ROLEX É FEITO PARA A GRANDEZA. O DATEJUST CRIADO EM 1945 FOI O PRIMEIRO RELÓGIO DE PULSO A EXIBIR A DATA ATRAVÉS DE UMA ABERTURA
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ACRESCENTADA ALGUNS ANOS DEPOIS, É RECONHECIDA COMO UM PADRÃO ROLEX DE DESIGN. AGORA EM UM TAMANHO MAIOR E MAIS DISTINTO DE 41 MM, O DATEJUST II É A EVOLUÇÃO NATURAL DE UM CLÁSSICO.
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SUMÁRIO 10. trends
lEVEZA E PoDEr o carro que é leve, veloz e voa; a BmW lança uma bicicleta para levar no bagageiro; o diamante mais puro do mundo, em anel da tiffany
16. ÍCone
EXClusIVo E loGo AlI Galeria dos jardins abriga hotel de apenas um quarto
18. just to know
GÊnIos nA rEDE
Inteligência e inovação nas palestras do tED; a jovem que faz mobília com papelão reciclado
22. just who
YohjI YAmAmoto o estilista que revoluciona a alta-costura é tema de exposições, documentário e livro
30. esPeCial
AlFAIAtArIA os profissionais que cortam, costuram e guardam segredos de homens poderosos
40. Moda
PErFumE DE mulhEr looks que combinam com alguns dos perfumes mais especiais do mundo
52. who´s who
tAlEntos BrAsIlEIros
62.brands 62. brands
joIAs Com PErsonAlIDADE Van Cleef & Arpels, uma grife centenária que mantém a capacidade de surpreender
68. just it
AChADos E mEnu solIDárIo Feirinhas ao redor do mundo e os chefs japoneses que cozinharam para desabrigados
72. where
turIsmo PElA umBrIA onde o programa é colher, comer e rezar
78.drinks 78. drinks
DEus E o DIABo nA tErrA DAs CErVEjAs Deus e Duvel, feitas na Bélgica, e seus segredos
82.Calendário 82. Calendário
o mElhor DA VIDA Dicas para divertir-se em são Paulo, londres, tóquio e Paris
90. Caderno VnC
umA mAnEIrA noVA DE VEnDEr Gestão comercial centralizada potencializa a capacidade de vendas
106. CliCk
PoEsIA ConCrEtA luiz Cersosimo capta, no Ibirapuera, um jogo de luz, sombra e arquitetura moderna
os nomes que fizeram o Brasil entrar no primeiro time do design
Foto marÍlia Pedroso
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Superleve, superpotente, supercarro
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uando parecia impossível que o Gallardo Superleggera, lançado em 2007, ficasse mais leve, a marca italiana Lamborghini, que produz alguns dos carros esportivos mais desejados do mundo, mostrou que é capaz de se superar. A nova versão do modelo, o Superleggera LP 570-4, pesa 70 quilos a menos do que o anterior, sendo o veículo mais leve da marca em circulação. O desempenho do carro, consequentemente, está bem melhor: o motor V10, com 5,2 litros de cilindrada e potência máxima de 8.000 rpm, atinge 100 km/h em apenas 3,4 segundos e consegue chegar a 325 km/h. Com menos peso e mais tecnologia, as emissões de carbono do carro caíram 20,5% em relação ao modelo anterior. Sobre rodas de aro 19, com 4,39 metros de comprimento, 1,90 metro de largura e apenas 1,17 metro de altura, a máquina tem mais da metade de seu material feito de fibra de carbono. Leve e veloz, o carro voa. Preço: R$ 1,6 milhão. MAIS INFORMAÇÕES: WWW.LAMBORGHINI.COM
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trends t e n t a ç õ e s
a BMW De DuaS roDaS
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m tempos ecologicamente corretos, a Mini, marca do grupo BMW, comemora o retorno das bicicletas dobráveis lançando uma versão muito mais moderna e prática. a Mini Folding Bike, por ser de alumínio, pesa apenas 11 quilos. Mas, não se engane, quando desdobrada, é tão sólida quanto portátil: tem oito marchas e rodas de 20 polegadas, e os para-lamas possibilitam que a visão não seja comprometida com chuvas e neblinas. a ideia é que as pessoas possam levá-la no porta-malas dos carro como opção de transporte. em cor preto fosco, a bike é mais um exemplo de inovação no design e praticidade da marca. o modelo será vendido já montado a partir de agosto na internet e em lojas da Mini e custará 499 euros.
MAIS INFORMAÇÕES: WWW.MINI.COM
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DIaMante ÚnIco
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tiffany & Co. trouxe ao Brasil o anel mais valioso da linha tiffany engagemenrt Ring. O solitário montado em platina leva um diamante de 2,03 quilates, considerado um dos mais puros existentes no mundo com lapidação esmeralda. essa forma de esculpir a gema, em facetas, confere ainda mais brilho e proporciona à pedra um jogo de cores. Os lapidadores fazem 32 facetas na parte superior e 24 na inferior, e criaram esse tipo de design especialmente para os diamantes, daí o valor que eles adquirem. O anel, que não tem nome e é peça única, é o mais caro de toda a rede no Brasil. Preço: R$ 426.000.
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MAIS INFORMAÇÕES: WWW.TIFFANY.COM
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SUÍTE SINGULAR – JARDINS - SÃO pAULO Um lugar para respirar arte, tranquilidade e tratamento exclusivo
Um hotel
para chamar de seu A teoria do “menos é mais” será p o s t a à p r o v a c o m a i n au g u r a ç ã o d a Su í t e S i n g u l a r , u m e s p a ç o c o m u m ú n i c o q ua r t o , e n c r a v a d o numa galeria de arte, nos Jardins P o r EDG A RD RE Y M A NN f o t o s m a r í LI A PEDROSO
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Com o nome de Suíte Singular, nascerá em agosto, segundo sua proprietária, a artista plástica Lilian Bonemy, o menor hotel do Brasil. Composto de uma única suíte de cerca de 110 metros quadrados, ele fará parte do Espaço Singular, um misto de galeria de arte e centro de eventos, na Rua Estados Unidos, vizinho ao Consulado da República Popular da China, no coração do Jardim América, em São Paulo. Lilian tem, aqui e no exterior, uma carreira de sucesso como pintora, mas boa parte da vida também prestou consultoria de paisagismo, decoração de hotéis e produção de festas. Esse background foi o que a inspirou a investir num espaço que reunisse todo o seu expertise. “Conheço muito bem o público corporativo que frequenta os hotéis. Como artista plástica, sinto que é necessário tirá-los um pouco da aridez do ambiente de negócios e deixá-los respirar um pouco de arte”, propõe a artista e empresária, que já produziu obras para o Hotel Meliá, e que tem como sócios investidores responsáveis pela construção do WTC Sheraton, inaugurado em 1995, no bairro paulistano do Brooklin. Com o Espaço Singular, Lilian certamente pretende atrair um público acostumado a admirar suas obras, que incluem quadros e uma linha de acessórios femininos, que estão expostos na loja do novo empreendimento. O espaço possui também várias salas para workshops, reuniões e auditório. Tudo cercado de natureza. “Fiz questão de manter as árvores que estavam aqui e só complementei com um trabalho de paisagismo”, o que, além de muitas plantas, inclui um chafariz no jardim na frente da casa, que cria uma barreira sonora agradável e neutraliza o barulho dos automóveis da sempre congestionada Rua Estados Unidos. Na suíte, que fica nos fundos do terreno e cujo projeto do interior ficou a cargo da arquiteta Silvana Mattar, praticamente não se ouve som nenhum, a não ser o farfalhar das folhas e o canto dos pássaros. A suíte dará acesso à galeria por meio de uma marquise. Como, no entanto, ela fica no andar superior da edificação, a marquise serve como passarela para o andar de cima da galeria. É um uso versátil do mesmo projeto, pois uma marquise que faz as vezes de passarela pode muito bem servir a eventos de moda. A proprietária não revela os valores, mas sabe-se que só a suíte terá um custo aproximado de 300.000 reais, e uma diária chegará perto de 1.000 reais. O hóspede contará com uma camareira exclusiva e o serviço de cozinha igual ao oferecido pelo restaurante. Como parte integrante do complexo, obviamente, o hotel deverá hos-
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pedar artistas que farão exposição na galeria e, assim, não precisarão ficar se deslocando entre dois endereços, o que é um grande conforto em se tratando de uma cidade como São Paulo, com um trânsito caótico. Outro fator que diferencia o hotel é a maior intimidade que um tratamento exclusivo promove. “Hotel convencional é muito formal, rígido e, se o hóspede for famoso, tem dificuldades até para andar pelas dependências. Aqui, ele se sente totalmente em casa, e ainda pode, por exemplo, trazer amigos para jantar.” A suíte já está sendo requisitada por noivas que pretendem fazer o casamento e a recepção no mesmo espaço, claro, mas tudo a partir do segundo semestre. E ela tanto poderá servir para a noiva se preparar para a cerimônia, como para um ambiente romântico na noite de núpcias, uma vez que a suíte terá um jardim particular e facilidades, como ofurô para banhos relaxantes. Versátil, o novo espaço justifica o nome, segundo Lilian: “Quando me perguntam como é o espaço, convido a pessoa a vir até o local. E cada um que vem, enxerga uma possibilidade de criar um evento de acordo com sua profissão ou sua visão pessoal. Aqui tudo é singular”.
Suíte com ofurô e decoração oriental em 110m2 de área
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Espaço Singular / Suíte Singular • Rua Estados Unidos, 1097, Jardim América, São Paulo. Tel. (11) 5506-0370.
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JUSTTO KNOW
Por Rosane Aubin e VIVIAN CARRER ELIAS
Bobinas: a beleza de reciclar
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Casa de papelão
la tem 30 anos, mas já passeou por vários universos. Milene Gandolfi formou-se em publicidade, fez pós-graduação em design de interiores em Milão, trabalhou na Edra, a marca italiana de móveis que primeiro apostou nos irmãos Campana, e hoje, de volta a São Paulo, cria objetos e decora ambientes em eventos corporativos e culturais. Em 2010, venceu um desafio ao apresentar um projeto sustentável para a Semana Mesa São Paulo, realizada pela revista de gastronomia Prazeres da Mesa e pelo Senac. “Foi uma conquista e tanto criar toda a ambientação em papelão”, diz a designer. Primeiro ela foi ter um contato direto com o material, visitando a fábrica do grupo Orsa, em Paulínia, que forneceria o insumo. “Lá percebi aqueles favinhos que se formam na lateral, e decidi trabalhar com isso.” Resultado: mesas, paredes, cadeiras e sofás confeccionados com tiras de papelão – totalmente reciclado e reciclável – empilhadas a partir de cálculos exatos ficaram tão charmosos que fizeram o público esquecer a matéria-prima original. Atualmente, Milene pesquisa, para uma empresa, o reúso do bagaço de cana. “Estou fazendo um protótipo de bolsa para carregar laptops com banners reciclados e usando o bagaço da cana para os forros, para amenizar o impacto.” Os testes, já avançados, permitirão o uso do mesmo material para estofar sofás, poltronas e até para servir de enchimento para almofadas. Com a ajuda do pai, engenheiro químico, e de amigos, ela faz testes em seu sítio de Ibiúna, onde também mantém um orquidário. A paixão por investir em novos materiais e formas de criação vem do berço. A mãe de Milene, geógrafa, sempre estimulou os dotes artísticos da moça. “Desde pequena sempre fui incentivada. Enquanto as outras crianças usavam lápis de cera normais, eu tinha um feito de cera de abelha que formava um alto-relevo nas pinturas”, diz. A versatilidade foi adquirida com a passagem dos anos. Na pintura, a designer aperfeiçoou a capacidade subjetiva e os traços criativos; no curso de publicidade, o foco nos negócios; e, no curso de design de interiores, aprendeu tanto a desenhar objetos quanto a criar ambientes bonitos e aconchegantes. Na Edra, Milene conta que teve uma experiência-chave ao trabalhar diretamente com o designer-chefe da empresa italiana, Massimo Morozzi. “Trabalhei com moda, hotéis, na decoração do espaço da marca.”
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Embrulhado para presente
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paulista Esther Giobbi, com seu escritório de arquitetura e decoração de interiores, atua com estilo contemporâneo misturado a referências clássicas dos anos 40. Entre seus projetos estão a reforma do Restaurante Charlô e a da loja de calçados Shutz, além da restauração do Jockey Club de São Paulo. Mas não é só por grandes projetos que ela é reconhecida. Esther Giobbi representa marcas francesas, como Des Lamps, L’Artisan, as cerâmicas da Compagnie de la Chine et de L’Orient e a casa de bordados Jean François Lesage. Recentemente, inaugurou sua terceira loja, no Shopping Iguatemi, em São Paulo. Lá, assim como nas outras duas, vende essas marcas, foca em produtos de decoração e também de uso pessoal para presentes. MAIS INFORMAÇÕES: WWW.ESTHERGIOBBI.COM.BR
Novidade fora do sério
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Kare, empresa alemã de design, conhecida por seus produtos cosmopolitas e irreverentes, acaba de inaugurar o primeiro espaço no continente americano, e a cidade escolhida para receber a loja foi São Paulo. O espaço tem 1.000 metros quadrados, dois andares e projeto assinado pelo arquiteto parisiense Nicolas Chopiton. O showroom exibe diversos ambientes temáticos de acordo com cada linha lançada, refletindo o conceito alegre, urbano e jovem da marca, fundada em 1981. Com seu design inovador e fora do comum, a Kare cria produtos ligados à moda e à cultura pop e oferece itens para a decoração de toda a casa: de mobiliários a pequenos objetos. A marca é responsável pela criação de alguns “best-sellers” que fizeram história, como as luminárias clássicas, os regadores divertidos, as cadeiras futuristas e os móveis no estilo vintage. Com produtos diferentes, descolados, coloridos e um pouco loucos, a Kare promete emprestar a São Paulo um pouco de sua cara.
MAIS INFORMAÇÕES: WWW.KARE-SAOPAULO.COM
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ideias GeNiais a um CliQue 1
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Num vídeo, o ex-presidente americano Bill Clinton (foto 1) assume que não fez nada para evitar o massacre de Ruanda durante seu governo. Em outro, Bill Gates (foto2) o dono da Microsoft, abre um pote cheio de mosquitos Aedes aegypti ameaçando sua plateia de ricos com a possibilidade de eles pegarem a dengue: “Não há razão para só os pobres terem essa doença”. Antes, ele havia dito que há muito mais investimento em pesquisas contra a calvície do que em enfermidades que matam os pobres. Dan Barber, o dono do restaurante Blue Hill, que prega a gastronomia sustentável e baseada em ingredientes locais, arranca risinhos constrangidos da plateia: “Se todos os insetos fossem extintos, a vida na Terra desapareceria em 50 anos; se a humanidade desaparecesse, a Terra floresceria”. Esses e centenas de outros vídeos de algumas das mentes mais brilhantes e criativas do mundo podem ser acessados na internet, no site www.ted.com, uma espécie de universidade do alto conhecimento que já teve as “aulas” vistas mais de 300 milhões de vezes em 150 países. O design tem lugar de destaque na programação, definida pela sigla TED – Tecnologia, Entretenimento e Design. As palestras são em inglês, mas várias estão traduzidas no link www.ted.com/ translate/languages/por_br. O grande desafio dos participantes é falar em um tempo pequeno, de 5 a 20 minutos – mas, é claro que alguns, entre eles a cantora Natalie Merchant, ex-Ten Thousand Maniacs, ficam bem mais tempo no ar, sem que ninguém tenha a ousadia de reclamar. Estão lá os
mais-que-top arquitetos sir Norman Foster e Frank Gehry; o brasileiro Jaime Lerner, falando de cidades organizadas; os cantores David Byrne, Bono Vox e Annie Lennox; o artista plástico também brasileiro Vik Muniz; o cientista Stephen Hawking... Há muita gente quase desconhecida, mas inventiva, como é o caso do menino africano William Kamkwamba, que se tornou celebridade internacional de uma hora para outra. O garoto, semianalfabeto, construiu um gerador de energia a vento no Malaui, na África, e ficou famoso depois de contar seu feito no TED. A história do TED começou em 1984, quando um grupo de milionários começou a reunir-se em Monterey, Califórnia, para escutar histórias inspiradoras de artistas, cientistas e aventureiros. Em 2002, quando o evento já havia mudado para Long Beach, o grande upgrade foi dado quando o editor de revistas Chris Anderson adquiriu os direitos de organização e decidiu popularizar as palestras, postando tudo na internet. Atualmente, o TED original espalhou-se pelo mundo. Esse movimento – expresso no slogan ”Ideas Worth Spreading”, algo como ideias que valem a pena divulgar – começou na Europa, com o TED Global, realizado em Oxford, Inglaterra, e culminou com a criação do TEDx, em que grupos de vários lugares criam eventos parecidos. Em São Paulo, acontece todo mês o TEDx Vila Madá, na Vila Madalena (programação no site www. tedxvilamada.com.br). E já foram feitos o TEDx Amazônia, o TEDx São Paulo e o Sudeste (realizado no Rio). WWW.TED.COM
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VALE A PENA VER... • Philippe Starck (foto3), conquista a plateia quando fala de sua teoria, sobre o que diferencia um inteligente de um gênio. Para ele, quanto mais para o alto um homem olha, mais inteligente é; mas corre o risco de, no exagero, trombar com Deus. Divertido e inteligente. • O canadense Frank Gehry (foto 4) é considerado um dos maiores arquitetos da atualidade. O título de sua conferência, “Frank Gehry as a Young Rebel”, diz tudo. Ele mostra seus móveis de papel dos anos 60, conta que foi convidado para projetar um restaurante japonês em forma de peixe, depois de ter desenhado, bêbado, peixes sobre guardanapos em um jantar, e que por fim decidiu cortar a cabeça e o rabo do peixe porque ficou difícil construir essa parte. • A engenhoca criada pelo engenheiro Adam Sadowsky (foto 5) para a banda OkGo começa com peças de um jogo de dominó caindo e dando a partida a centenas de outros pequenos aparelhinhos até finalmente bater em um sistema que jateia tinta sobre os quatro integrantes do grupo. Animadíssimo. • O músico Jake Shimabukuro (foto 6) quer convencer o planeta de que todos seriam mais felizes se ouvissem e tocassem o ukulelê, uma espécie de cavaquinho havaiano. Ele toca Bohemian Rhapsody, do Queen, divinamente. • O compositor Eric Whitacre (foto 7) quis mostrar o que a tecnologia pode proporcionar: reuniu 185 vozes de 12 países de forma virtual – cada um gravou sua participação individualmente e depois postou no You Tube – e colocou todos juntos para cantar Lux Aurumque. De arrepiar.
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milão para todas as desCulpas
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uitos motivos levam as pessoas de todo o mundo a Milão: a beleza, a história, a arte, a moda, a gastronomia e as compras. Pensando nisso, o Hotel Principe Di Savoia montou pacotes para atender aos diferentes tipos que visitam a cidade. O Pacote Descubra Milão é destinado àqueles que desejam respirar a arte da cidade. Ele inclui entradas e descontos para diversos museus, um livro de arte ou design e um guia. O Pacote de Negócios, para homens e mulheres que estão em Milão a trabalho, inclui serviços como conexão wi-fi por toda a estada e transfer para o aeroporto. O Pacote Maquiagem oferece tratamento facial e
sessão de maquiagem para aquelas que desejam aprender a obter o melhor de si com um trio de sombras na bolsa. E, por fim, o Pacote Romântico, o preferido dos casais apaixonados, inclui jantar a dois, morangos e champagne no quarto. Bom lembrar aos habitués do Savoia que os mimos de sempre prosseguem, a limousine que leva os hóspedes para a Catedral de Milano, o personal stilyst que refaz o guarda-roupa do cliente levando ao hotel, se necessário, todas as roupas para prova. Os pacotes variam de 281 euros a 846 euros, e também incluem duas noites de hospedagem no hotel e um elegante e farto bufê de café da manhã.
INFORMAÇÕES: WWW.HOTELPRINCIPEDISAVOIA.COM
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JUST who
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foto da esquerda: Koichi Inakoshi foto: Nick Knight, direção de arte: Peter Saville
Os fantasmas e as
MUSAS de Yohji Yamamoto Três exposições em Londres, uma autobiografia e um documentário celebram as três décadas da carreira do ícone vanguardista da alta-costura POR Luciana Bianchi, de Londres
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“Sou um epicurista, um anarquista! Odeio o poder!” O icônico vestido de noiva de seda de Yamamoto exposto em Londres no The Wapping Project
“Adoro o Brasil, um país único, e tolerante. Sou grato por meus antepassados judeus terem sido tão bem recebidos lá”
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m estilista que não se interessa por modismos. Que não acentua ou explora as curvas femininas. Que admira a imperfeição e a fraqueza humana. Yohji Yamamoto não é só uma grife, mas é também um símbolo de posicionamento ideológico e pessoal. Para ele, glamour é sinônimo de identidade e de liberdade de expressão, e sua missão nos últimos 30 anos se opõe à da maioria dos estilistas de sua geração. Estas e outras pérolas de um designer que se autointitula iconoclasta ganhou um conjunto de três exposições sobre seu trabalho e sua vida, em Londres, além de uma autobiografia (My Dear Bomb) e um documentário (It Is My Dream). Tudo isso no momento em que consagra sua volta de uma quase falência, com a inauguração de uma loja Y-3, de sua decana parceria com a Adidas, na 24 Conduit Street. Não é pouco, e não é nem o começo do que este personagem guarda debaixo de seu blazer preto. Sua vida é rodeada de mistérios, dramas e surpresas. Para muitos, sua estética é subversiva, para outros, ele é o Messias da moda. Sua filosofia se opõe à moda massificada – seus tecidos são feitos por artesãos japoneses de Kyoto, que usam técnicas ancestrais de fiação para quimonos datadas de 1555. Apesar de fazer coleções masculinas, sua dedicação e inspiração são voltadas em grande parte para a mulher. Enquanto outros estilistas tentam transformar, com suas criações, aqueles que vestem, impondo o padrão de beleza em voga e oferecendo uma nova imagem, Yamamoto quer permitir que se revele a própria identidade dos que vestem suas roupas.
“Sejam somente mulheres” Avesso à exploração da sexualidade feminina, elemento marcante na alta-costura internacional, suas roupas representam a mulher lutadora, independente, e perfeita em suas imperfeições. “Vivemos em um mundo masculino, em que os homens ocupam uma posição privilegiada. O que quero com meu trabalho é dizer às mulheres que posso ajudá-las!”, afirma ele. Em seu talhe, a expressão da face deve ser ressaltada, e não as curvas do corpo. A obsessão de nossa sociedade com a sexualidade e a exploração do corpo feminino é, segundo o estilista, um veneno que afeta nossa sensibilidade: “Mulheres, não usem a sexualidade para subir na
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foto: Donata Wenders
Por trás dos bastidores da moda – Yamamoto em meio ao processo criativo
vida. Não importa se você é a esposa de alguém, ou seguiu uma carreira profissional – não faça de nenhuma dessas posições sua identidade”, diz ele. “Mulheres, por favor, sejam sempre – e somente – mulheres!” Yamamoto costuma dizer que o artista deve ser revoltado sempre. Sua maior missão é realizar seu trabalho protegendo a identidade do ser humano. Introspectivo, intelectual e inconformado, não se enquadra em estilos, eras ou tendências. Muitos o chamam de minimalista, mas ele recusa o termo: “Não me considero um minimalista. Meu estilo é bastante complexo em termos de corte e montagem”. A complexidade não se limita somente ao uso de materiais e técnicas artesanais. Seu trabalho é profundo, emocional, suas criações relatam as dores de guerras passadas, evocando a memória dos pais e filhos que morreram precocemente, e também revela histórias de amor, coragem e sobrevivência. Ele se expressa por meio de seus tecidos e cortes assimétricos, usando a textura, o monocromatismo e a forma para criar peças confortáveis e elegantes. Yamamoto vai mais fundo em sua autoanálise: “Sou um epicurista, um anarquista! Odeio o poder!”.
foto: Monica Feudi
“Sem rumo, perguntei se poderia ajudála em seu trabalho de costureira. Minha mãe ficou furiosa, eu teria de aprender as técnicas básicas de costura”
De pintor a costureiro Em sua autobiografia, recém-lançada pela editora Ludion Editions, Yamamoto expõe pela primeira vez, em detalhes, a perda do pai na guerra e sua entrada no mundo da moda. Seus conflitos existenciais, suas contradições pessoais e a obsessão pela individualidade são resultado de uma infância sofrida: “Nasci em Tóquio em 1943, dois anos antes de a Segunda Guerra Mundial acabar. Meu pai foi forçado a servir na guerra e nunca retornou à casa. Soubemos de sua morte, mas não recebemos o
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O design antissilhueta e os cortes assimétricos e andróginos caracterizam a grife Yamamoto
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As mulheres que vestem Yamamoto são independentes e expressam sua própria identidade
uero ver Q . a v i t e cansa a i e f erros. A e o ã s ç e i õ e ç f r per m, disto e d “Acho a mposta” r i o s e e d d u t , i s t e é uma a cicatriz o ã ç i e f r pe
Suas roupas não se dedicam só a uma elite privilegiada pela beleza e pelas formas esculturais
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foto: Monica Feudi
Coleções atemporais e marcantes, complexidade em termos de corte e montagem
corpo. Enterramos em seu lugar a câmera fotográfica Leica que ele tanto adorava.” Sua mãe, Fumi, continuou de luto por muitos anos. Mulher forte e determinada, criou o filho com seu ofício de costureira, trabalhando dia e noite. Essa imagem da mulher forte vestindo negro ficou marcada em sua vida e tornou-se sua assinatura mais tarde. Porém, as mulheres que vestem Yamamoto não são tristes, desesperadas ou com medo do desafio. Ao contrário, são mulheres que aceitam as adversidades da vida e lutam para vencer. “Meu sonho era ser pintor, mas, quando vi quanto minha mãe lutava para me manter e pagar meus estudos, decidi estudar Direito na Keio University, para agradá-la”, diz em sua autobiografia. “No final, percebi que não era o que eu queria para meu futuro. Sem rumo, perguntei se poderia ajudá-la em seu trabalho de costureira. Ela ficou furiosa e me disse que, se eu realmente queria ajudá-la, teria de aprender as técnicas básicas de costura.” Depois de três anos de dedicação, Yamamoto formou-se no renomado Bunka Fashion College. Em 1969, venceu uma competição entre os estudantes e o prêmio foi uma viagem a Paris. Ali, o jovem estilista estudou os grandes mestres da alta-costura, como Chanel, Christian Dior e Balenciaga, mas considerou esse conhecimento completamente irrelevante para seu trabalho. Ainda em Paris, tentou apresentar seus desenhos e ideias às revistas de moda, sem muito sucesso. Desiludido com a experiência, recebeu o apoio total de sua mãe, que acreditava em seu talento. A mãe investiu o pouco que tinha para promover a carreira do filho, vendendo sua loja para financiar a abertura do primeiro negócio de Yamamoto, em 1972. “Sempre detestei o desejo de certas mulheres de copiar a imagem das modelos de revistas. O ateliê de minha mãe era cheio de mulheres que queriam atingir essa imagem. Estava determinado a todo custo a evitar a promoção dessa imagem de boneca que os homens adoram!” O lançamento de sua primeira coleção feminina, em Paris, foi comparada metaforicamente a uma bomba atômica, com uma repercussão devastadora. A crítica ficou enlouquecida. Alguns diziam que era o fim do mundo da moda, outros acreditavam que seria o início de uma nova era. Acompanhado de sua então namorada, Rei Kawakubo, da Comme des Garçons, Yamamoto iniciou uma revolução no mundo da moda, com seu novo conceito antissilhueta e cortes assimétricos e andróginos. A partir de então, ele não parou mais de polemizar com os fashionistas. Seja subvertendo os estereótipos do masculino e feminino, seja criticando os conceitos
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de beleza e poder, suas coleções nunca saíram da moda, mas continuaram anos após anos sendo referência sem representar um período fixo. As coleções de Yamamoto são até hoje consideradas atemporais. “Acho a perfeição feia e cansativa. Uma imposição. Quero ver cicatrizes, desordem, distorções e erros. Um ser humano livre não deseja a perfeição!”, diz. Seus desfiles apresentam modelos magras, gordinhas, homens idosos, barrigudos e carecas. Yamamoto diz que costura para todos, não só para uma elite privilegiada pela beleza e pelas formas esculturais.
“Escuto os tecidos” Com planos de fazer um trabalho unindo filme e moda, o Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou, de Paris, encomendou, em 1989, um documentário ao cineasta alemão Wim Wenders. Intitulado A Identidade de Nós Mesmos. Foi a primeira obra do gênero a questionar o mundo da moda, fazendo ao mesmo tempo um perfil de um grande estilista. No documentário, Wenders comenta que seu interesse pelo trabalho de Yamamoto começou quando ele vestiu as roupas do estilista pela primeira vez. O diretor, leigo em moda, vestiu uma camisa e uma jaqueta sem saber que eram de Yamamoto, e disse: “Parece que estou vestindo uma roupa nova que já havia sido vestida por mim há anos”. Segundo Yamamoto, os tecidos contam histórias e são eles que indicam a forma: “Sempre começo pelo tecido. É preciso escutá-lo!”, afirma. Ele tenta com sua moda redefinir o conceito de tempo. Suas peças não são clássicas nem tampouco futuristas. Enquanto outros estilistas fazem coleções de bolsas, ele prefere costurar um bolso a mais no casaco ou na calça, tornando a bolsa obsoleta para acompanhar seus modelos. Na opinião de Yamamoto, a cor negra acentua o caráter do material. No novo documentário intitulado It Is My Dream (Este É Meu Sonho), dirigido por Theo Stanley, que será lançado em julho, o estilista inicia dizendo: “Em toda a minha vida me senti confortável de preto, fora da luz e no silêncio. Minhas raízes se relacionam com uma Tóquio bombardeada e o lado obscuro da vida sempre me atraiu”. Seus traumas de infância e as reflexões sobre as guerras passadas o levaram, em 2008, a fundar o projeto Yohji Yamamoto Fund for Peace. Com o objetivo de auxiliar a relação entre os chineses e os japoneses, a fundação tem como meta ajudar os jovens estilistas e os modelos de talento na carreira. O desfile do Yamamoto Fund for Peace, no World Heritage Site, em Beijing, no mesmo ano, ficou marcado não só
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Homenagem à dançarina Pina Bausch, um dos 80 vestidos de Yamamoto expostos no Victoria & Albert Museu, em Londres
na história da moda, mas também como um projeto artístico pacifista. Yamamoto confessa se sentir responsável por representar a voz de seu pai e tantos outros, que foram forçados a lutar em uma guerra, perdendo a vida injustamente, e considera este o seu projeto mais importante realizado até hoje.
Da falência à segunda rodada Ironicamente, apesar do sucesso cada vez maior, sua empresa foi forçada, devido à recessão, a pedir falência em 2009, sendo salvo por uma injeção de fundos da empresa financeira Integral Corporation. Com isso, Yamamoto deixou de ser o dono de sua marca, mas por outro lado pôde respirar aliviado, sem se preocupar mais com as finanças. Sua autobiografia, My Dear Bomb, lançada em fevereiro deste ano, tem como introdução duas cartas – uma de Wim Wenders, e outra de Yamamoto, em resposta. Nas cartas, eles falam sobre suas falências, e Yamamoto diz que havia cogitado a aposentadoria poucos meses antes do ocorrido, mas que agora continuaria trabalhando: “Considero esta virada como o início do meu capítulo final!”, disse ele em sua resposta a Wenders. E o capítulo final foi aberto com chave de ouro. A parceria de Yamamoto com a empresa Adidas completa dez anos da marca Y-3, outra tacada revolucionária do mestre. Y-3 foi a primeira empresa esportiva a fazer parceria com um designer, criando uma nova grife e, em comemoração de uma década de sucesso, acaba de abrir a primeira loja em Londres, onde JUST For esteve presente. Mas as comemorações não param por aí. As três décadas da marca Yamamoto (Y) são festejadas com uma exposição ainda não vista até hoje. O Victoria & Albert Museum, em Londres, abriu uma exposição (em cartaz até julho) que ocupa seis áreas, incluindo a sala mais importante do museu, o Tapestry Room. Aproximadamente, 80 peças originais estão expostas no museu em uma instalação que permite aos visitantes acompanhar a evolução da grife em ordem cronológica e os trabalhos mais marcantes da carreira de Yamamoto. Em outra galeria, The Wapping Project (em cartaz até julho), o icônico vestido de noiva de seda branca com crinolina de bambu está exposto de forma dramática no meio de uma estação hidráulica, em uma exposição intitulada Yohji Making Waves. Em outra galeria, The Wapping Project Bankside, sete dos principais fotógrafos internacionais que contribuíram com o estilista expuseram até maio seus trabalhos sobre o artista. Yamamoto esteve na abertura dos eventos e voltará a Londres no próximo mês para uma pequena reunião entre estilistas e jornalistas, incluindo JUST For, onde falará com profundidade sobre seu trabalho, sua filosofia e seus planos. Sobre as novas tendências e a moda, sua opinião não mudou nos últimos 30 anos. “Não sigo a moda e não me interesso por moda de um modo geral. Eu só me interesso em como cortar as roupas. Não sou um estilista, sou um alfaiate!” Para mais informações sobre as exposições em Londres:
www.vam.ac.uk • www.thewappingprojectbankside.com • www.thewappingproject.com Para ver o trailer do novo documentário:
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www.thisismydreamthefilm.com/trailer.html www.yohjiyamamoto.co.jp • www.y-3store.com
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ESPECIAL
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Os guardiões da tesoura
Eles eram centrais na vida de qualquer homem elegante. Hoje, os alfaiates são poucos, mas seguem orgulhosos de seu ofício artesanal que exige tempo, dedicação e discrição para lidar com políticos, artistas e grandes empresários fiÉis ao estilo taylor made P o r E D G A R D R E Y M A N N FOTOS m a r Î l i a P E D R O S O
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“Ai, que vida ingrata o alfaiate tem, quando ele erra, estraga o pano todo, quando ele acerta, a r o u p a n ã o c o n v é m ” (Música “Cortando o Pano”, de Luiz Gonzaga)
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uantos profissionais ganharam uma música de Luiz Gonzaga? Quando o alfaiate tornou-se letra da mazurca “Cortando o Pano”, de Luiz Gonzaga, Miguel Lima e J.Portela, em 1946, a profissão era uma espécie de legado sagrado que passava de pai para filho, como um relógio Patek Philippe. Havia o alfaiate de primeiro ano, como diz a letra graciosa, que cortava muito pano até chegar a ser um Martinez ou um Bacchetto, dois dos alfaiates que disputavam a clientela da high society paulistana nas décadas de 1950 e 1960. Não, não era uma vida ingrata em seu auge, e não o é agora. Talvez no passado, quando esses profissionais eram invariavelmente tratados pelo sobrenome, ter um alfaiate da Rua Quintino Bocaiuva (como o italiano Bacchetto) ou da Praça Ramos de Azevedo (como o espanhol Martinez) era sinal de dignidade e poder. Ser alfaiate, então, significava ter certa intimidade com personalidades públicas. Afinal, dentro de um ateliê de costura, um Oswaldo Aranha em cuecões, ou um Getúlio Vargas em mangas de camisa, podia se sentir à vontade para expor ao amigo alfaiate a estratégia final para a Revolução de 1930. Lucubrações de lado, o alfaiate ainda é tudo isso, mas em menor número. No universo fashion, ele deu lugar ao estilista e designer. O que não é a mesma coisa. Alfaiate em sua verdadeira e completa acepção, está habilitado a fazer roupas de homem; não apenas calça, paletó, colete e camisa, mas cuecas, lenços, gravatas, pijamas, batinas, togas, casacas, calça bombacha, fraques, smokings... tudo com maestria, e melhor do que qualquer alternativa que se possa achar em lojas. Um terno feito artesanalmente pelos poucos pro“Antigamente, os aprendizes de alfaiate eram introduzidos no ofício garotos ainda, por imposição familiar. Ajudava a aumentar os rendimentos, mas sem prejuízo para a criança”
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fissionais que ainda restam na profissão sai por cerca de 3.000 reais. Se o tecido pedido for um Ermenegildo Zegna, um Dormeuil, um Cerrutti, ou um Holland & Sherry, a conta pode passar dos 10.000 reais. Nada absurdo, se comparados a ternos prontos do próprio Ermenegildo ou Armani. O fato é que a clientela encolheu: muitas da profissões relaxaram quanto às regras de indumentária. Apenas o alto escalão executivo, cavalheiros do mercado financeiro e profissões mais formais como a advocacia ou a política ainda requerem o uso diário de terno. Pegue uma das fotos de torcida na arquibancada do Pacaembu na década de 1950, magistralmente sacadas por Thomaz Farkas, e veja como se ia ao estádio: todos os torcedores trajavam paletó, mesmo numa tarde ensolarada. Antigamente, os aprendizes de alfaiate quase sempre eram introduzidos no ofício garotos ainda, por imposição familiar. Era corriqueiro fazer de um menino um aprendiz do ofício. Ajudava a aumentar os rendimentos da família, mas sem prejuízo para a criança. Augusto Ulián, de 84 anos, 72 de profissão, lembra que gostava mesmo era de mecânica. “Tinha um tio mecânico a quem eu costumava observar trabalhando, mas minha avó não queria me ver em um trabalho que ficasse com as mãos sujas. Como eu tinha um tio alfaiate, ela me mandou trabalhar com ele”, diz, recordando os tempos em que morava na cidade de Tabapuã, no interior de São Paulo. Sua família possuía uma pequena propriedade rural com plantio de café. Seu Augusto acordava de madrugada, ajudava a tirar leite das vacas e depois ia cuidar do café que seguia para o beneficiamento. Às 8 da manhã já estava na escola e, depois do almoço, ajudava o tio alfaiate. Não se arrepende. O respeitável, discretíssimo e confiável Augusto Ulián atende, desde 1998, em seu ateliê, na Galeria Ouro Fino, e convive pacificamente com estrelas do mundo fashion alternativo e oficinas de piercing que ali aportaram nas últimas décadas. Outro que seguiu o molde à risca foi Milton Silva. Garoto levado, apanhava muito e, como castigo, seu pai, um alfaiate rigoroso, o obrigava a ficar ao lado dele costurando, ao pé da máquina. “Tomei gosto pela coisa, ajudei papai, mas ele quis que eu me formasse. Virei professor, dei aulas por quatro anos, mas minha ‘cachaça’ era mesmo a alfaiataria”, diz o bem falante e diplomático Silva, de 70 anos, hoje o mais requisitado alfaiate de São Paulo. Possui 18 funcionários em seu ateliê, na Galeria Metrópole, no Centro, e tem em sua lista de clientes os políticos Geraldo Alckmin, José Serra, o ator Toni Ramos, além de ministros e advogados. Mas talvez o exemplo mais representativo da tradição
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Augusto Ulián e sua máquina de costura alemã Pfaff, joia tão preciosa quanto os alfaiates
da alfaiataria paulistana seja Valerio Taddei. Ele diz ter começado aos 13 anos: “Papai era alfaiate e trabalhava no ateliê do meu tio, Evandro Taddei, que foi um dos maiores que São Paulo já viu”, afirma. Uma nobre linhagem o precede: outro tio também era alfaiate e suas duas tias também se casaram com alfaiate, todos italianos ou descendentes. Valerio Taddei herdou os clientes do tio Evandro, o Tesoura de Ouro do ofício, quando ele morreu. Logo depois, em 1962, abriu o próprio negócio na Rua São Bento, onde se concentravam os grandes alfaiates. Mais tarde, mudou-se para a Galeria Metrópole, e depois para a Rua Augusta, último reduto da fina alfaiataria paulistana, onde ficou até 1992. Hoje, com 78 anos, atendendo em sua casa, no italianíssimo bairro da Mooca, trabalha com o filho Valerio Taddei Júnior. Ambos se revezam nas tesouras, embora caiba ao filho, de 53 anos, pelo maior vigor da idade, a tarefa de atender os poucos clientes que restaram da fase de glória da profissão. “Praticamente, fui sustentado pela família Lunardelli, atendi toda a família, e hoje só ficou o neto. Mas também atendi o ex-governador Paulo Egydio Martins, o Eduardo Suplicy, o Victor Civita e seu filho Richard Civita.” Embora discretos, os alfaiates sempre deixam escapar alguma curiosidade sobre seus clientes. “Quando o Alckmin me pede um terno, só pergunto se ele engordou ou emagreceu”, diz Milton Silva, que afirma ter uma sintonia perfeita com o governador. “Ele é meio relaxadinho, às vezes aparece com o paletó abotoado e
todo mundo vê que está apertado porque ele engordou, mas já o conheço tanto que ele nem vem provar.” Com o Serra também é assim. “Eles dois nunca reclamam, são tranquilos, mas alguns dão trabalho ou pouco valor ao ofício.” Entre os que dão trabalho, o alfaiate Milton Silva lembra o caso do colunista Gilberto Luiz di Pierro, o Giba Um. “Uma vez, ele marcou comigo às 19 horas e chegou duas horas depois. Eu tinha um compromisso importante. Vendo que eu estava meio nervoso, ele disse: ‘A Fernanda Montenegro aqui sou eu’. Atendi, mas depois disso, quando ele me pediu um serviço, eu simplesmente devolvi o tecido e disse que não faria mais nada para ele.” Outro que não deixou boas recordações foi o político Paulo Maluf: “Não tivemos briga, nada, mas acho que ele é um cara que não valoriza o alfaiate. Parece nunca estar satisfeito”. Entre os exigentes, Milton Silva teve Jô Soares, nos tempos em que trabalhava no ateliê de Bruno Minelli, entre 1980 e 2000. “O Jô é exigente e entende do assunto. Ele costumava fazer jaquetões, e a calça tinha de ser justa, com caimento perfeito, não podia ter dobrinhas. Uma vez ele começou a reclamar de uma roupa, e eu disse que ela estava bonita. Ele falou: ‘Está bonita porque eu sei me vestir’.” Outro famoso que Milton atendia era o apresentador Fausto Silva. “Ele é um gozador, nunca deu problema, mas tem um corpo difícil. Tem tórax muito grande e quadril pequeno.” Já Antonio Ermírio e Delfim Netto, dois antigos clientes, não se preocupam com a moda: querem roupa que não
“ E r r e i n o c o r t e , s e u Zé M a r i a n o , Pe ç o d e s c u l p a s p e l o m e u e n g a n o , S o u a l f a i a t e d o p r i m e i r o a n o , Pe g o n a t e s o u r a e v o u c o r t a n d o o p a n o ”
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“ Se De u s a j u d a o t e r n o s a i b a c a n o , Pe l o s i s t e m a n o r t e - a m e r i c a n o , N ã o f a ç o r o u p a p r a q u a l q u e r f u l a n o , ” pegue, que fique muito confortável,” diz Silva, ciente de que talhes assim não ficam tão elegantes. Valerio Taddei guarda uma história bastante curiosa, embora marcada por um acidente trágico. “Eu atendia o Luizinho Suplicy, primo do (senador) Eduardo Suplicy, e ele sofreu um acidente de carro e morreu. No enterro, um parente dele me procurou e disse que tinha visto meu nome no terno que o Luizinho estava usando no dia do acidente”, relembra o alfaiate, que 15 dias antes havia entregado uma encomenda de dez ternos para o cliente. Outra história, bem mais alegre, foi a que envolveu o piloto de Fórmula 1 Rubinho Barrichello. Ele ainda estava na equipe Stewart, no começo da carreira, quando o patrão, o ex-campeão mundial da categoria, Jackie Stewart, o convidou para um coquetel e disse: “Quero ver você bem-vestido, hein?” Rubinho foi a seu Taddei e encomendou um smoking, que, conforme relatado depois por Rubinho, abafou com o patrão Stewart. Augusto Ulián atendeu ninguém menos do que o costureiro Clodovil Hernandes. Eles se conheceram há cerca de 20 anos, quando Augusto foi atender um cliente na Avenida Europa e o costureiro estava lá. “Deixei meu cartão e, dias depois, ele me levou um sobretudo para eu ajeitar. Aí, comecei a atendê-lo em seu ateliê. Nós nos dávamos bem, e ele geralmente pedia que eu deixasse os paletós sempre mais acinturados. Curiosamente, ele não gostava de abertura atrás no paletó. Fiz mais de dez costumes para ele, quando se mudou para Brasília,” diz Augusto, mostrando um paletó xadrez que estava na loja para uma pequena reforma. O solicitante é Maurício Petiz, ex-assessor e amigo, que acabou herdeiro de alguns paletós do saudoso costureiro, morto em 2009. Pontualidade e paciência são alguns dos princípios que todo alfaiate deve ter para se dar bem na carreira. Não se pode prometer e não cumprir, principalmente quando o cliente está mandando fazer, por exemplo, seu terno de casamento. “Sempre pergunto para o cliente qual é o dia de entrega. Se ele diz que não tem pressa, marco uma data mesmo assim. Se for casamento, não tem jeito. Se aceitar o trabalho, tenho de entregar”, afirma Silva, opinião também corroborada por Ulián. Ambos garantem nunca terem atrasado uma encomenda de casamento.
“Tomei gosto pela coisa, ajudei papai, mas ele quis que eu me formasse. Virei professor, dei aulas por quatro anos, mas minha ‘cachaça’ era mesmo a alfaiataria”, diz o bem falante e diplomático Milton Silva, de 70 anos, hoje o mais requisitado alfaiate de São Paulo.
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Nenhum alfaiate visita o cliente com sapatos que não estejam lustrosos. É preciso mostrar que elegância deve se refletir no seu modo de vestir.Ao lado, Valerio Taddei, pai e filho
Quem procura um alfaiate certamente deseja ter uma roupa que se amolde bem ao corpo e tenha um caimento perfeito. Em meios mais formais, onde, seguindo aquele velho ditado, “a roupa faz o monge”, uma roupa bem talhada faz toda a diferença. É o que chama atenção. Quando um trabalho é benfeito, garantem os alfaiates, as pessoas perguntam quem faz sua roupa. É isso que levou Silva, Ulián e Taddei a ser tão requisitados por clientes importantes. Milton Silva fez o fraque do príncipe Frederico, da Dinamarca, quando este se casou em 2004. E o de seu padrinho também. Tanto gostaram que um diplomata japonês, convidado da festa, veio depois ao Brasil para lhe pedir um costume. Ulián fez o terno do embaixador francês no Brasil, Jean de la Tour, quando da visita do general De Gaulle, em 1964. Ulián é também o alfaiate de Emílio Odebrecht. Nessa profissão o “santo de casa” tem de fazer milagres. Milton nos atendeu em seu momento mais à vontade: estava de calça e camisa sociais e, claro, gravata. Augusto Ulián vestia a calça e a camisa feitas por ele. E um colete de lã, “com mais de 30 anos”, feito por sua mulher, que poderia ser vendido como novo. Valerio Taddei, pai e filho, estavam muito bem compostos, sendo que o fillho vestia calça e colete pretos e camisa branca. Seguindo um velho mandamento, nenhum deles visita um cliente com sapatos que não estejam lustrosos e perfeitos. Ou seja, nessa profissão é preciso mostrar que elegância deve se refletir no seu modo de vestir. O ofício de alfaiate corre um risco de extinção pela urgência de ganhar dinheiro rápido. É preciso ser paciente e ir subindo degrau por degrau, mas são poucos os que têm essa qualidade. Valerio Taddei Júnior diz que de vez em quando anuncia no jornal uma vaga para alfaiate. “Vem um monte de gente, mas, como a maioria trabalha em indústria, não sabe fazer um terno completo, só manga, bolso ou caseado”, diz. Para ele, se um profissional pensasse em termos menos imediatistas, no longo prazo teria um retorno financeiro garantido com a profissão: “Eles não têm visão. E a União dos Alfaiates, que ministra um curso há anos, até hoje não formou quase ninguém como alfaiate completo”.
De fato, a União dos Alfaiates, fundada em 1934, inaugurou há cinco anos um curso de alfaiate, o Projeto Sob Medida, que ensina como fazer calças, blazers e ternos. Cada uma dessas peças leva ao menos cinco ou seis meses de aprendizado, o que significa ao menos 18 meses de estudo para poder se lançar no mercado. A maioria, no entanto, prefere o curso de calceiro, e logo parte para a indústria, já que o mercado está aquecido. Segundo o secretário e ex-presidente da União, Alexandre Mirkai, há menos profissionais do que o mercado precisa. Alexandre abriu seu ateliê em 1961, no bairro de Moema, onde está até hoje. A profissão lhe deu uma bela vida: “Tenho carro bom, casa com piscina, criei e formei meus filhos e tenho 17 funcionários trabalhando comigo,” diz. Os alfaiates são unânimes em afirmar que um principiante com visão terá um bom futuro. Jamais sofrerão com o desemprego. Mas, mesmo assim, estão sem herdeiros a quem possam legar tão nobre ofício.
SERVIÇO Milton Silva – Avenida São Luís, 187, 2o piso, loja 16. Centro, São Paulo. Tel. (11) 3159-5022. Augusto Ulián – Rua Augusta, 2690, 2o piso, Jardim Paulista, São Paulo. Tel. (11) 3081-0919. Valerio Taddei – Rua Camé, 93, Mooca, São Paulo. Tel. (11) 2605-9045. Alexandre Mirkai – Avenida Aratãs, 323, Moema, São Paulo. Tel. (11) 5561-2479. União dos Alfaiates e Camiseiros do Estado de São Paulo – Avenida Ipiranga, 1267, 2o andar, Centro, São Paulo. Tel. (11) 3288-4226. Projeto sob Medida, informações no tel. (11) 3313-0250. www.alfaiates.org.br
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FOTO: MARCELO SPATAFORA
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UNIQUE GARDEN E
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m meio a uma natureza exuberante, o Unique Garden SPA & Resort esconde muitos segredos, além de sua sofisticada tranquilidade, situado a apenas 50 quilômetros de São Paulo. Um oásis – repleto de flores raras e pássaros – para relaxar, meditar e contemplar. Cercado de árvores e montanhas, no coração do Parque Estadual da Cantareira, em Mairiporã, o Unique Garden SPA & Resort é um refúgio para o espírito. Repleto de belezas naturais, ar puro, conveniências e serviços especializados, incluindo cuidados exclusivos para seu pet. A proposta “Reencontre o prazer de ser e de sentir” ronda o hotel sugerindo aos hóspedes viver o ócio a sua maneira.
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FOTOS: MARCELO NAVARRO
Em 330.000 metros quadrados de jardins aromáticos, chalés privativos e um centro exclusivo de massagens terapêuticas e corporais, todos esses cuidados especiais foram pensados para que o hóspede possa desfrutar privacidade em um ambiente de beleza sem precedentes. A Vila Contemporânea, desenhada especialmente pelo arquiteto Ruy Ohtake, reflete o espírito do local, com ofurô e vista para a colina. Os exclusivos Chalé das Flores e o Chalé Presidencial, privativos e ideais para desfrutar inesquecíveis momentos, ou a Vila Mediterrânea, com varandas voltadas para uma praça de flores, perfeita para uma boa leitura no final da tarde. Para que o hóspede possa ter dias repletos de bemestar e saúde, o cenário gastronômico do Unique Garden propõe opções variadas de cardápios totalmente orgânicos em seus três restaurantes – “Único SPA no Brasil com selo Green Kitchen”. Uma proposta culinária dirigida para cada hóspede por meio de dietas balanceadas, mas sem privações. Sob a ótica do chef e a sentinela da nutricionista, o principal objetivo é oferecer equilíbrio ao corpo por meio da reeducação alimentar e a cada refeição uma nova experiência. Para purificar o corpo e o espírito, toda a água consumida no hotel emana das fontes naturais (avaliadas como das melhores águas do mundo), rica em silício e
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FOTO: MARCELO NAVARRO
FOTO: ROBERTO FERRARI
PUBLIEDITORIAL
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MODA
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Detalhe do banquinho R540, cujo nome se refere ao raio de 540 milímetros: lúdico e colorido, com tramas de espaguete, ele é confortável para os adultos e serve de brinquedo para as crianças
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FOTO: FLAVIO RIBEIRO
Ouro em design As mentes criativas que ajudaram a colocar o Brasil no primeiro time Por Rosane Aubin
“Não somos mais coadjuvantes, somos protagonistas.” A frase, de Luciano Deos, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Design e sócio do escritório GAD, resume o que o pessoal da área já notou: o país virou, num período de poucos anos, um dos maiores celeiros em criação de produtos e ideias do mundo. Com muita graça, talento e criatividade, os profissionais brasileiros vão ocupando posições-chave no universo do design. Neste ano, ficamos em décimo lugar no Oscar do segmento, o iF Design Awards, na Alemanha. Na fábrica da tradicionalmente “very british” Bentley, em Crewe, na Inglaterra, quem manda no desenho do exterior dos carros é um brasileiro, Raul Pires. E Luciano Deos, um dos maiores nomes da área de branding, será o presidente do júri da seção de Design do Festival Internacional da Publicidade de Cannes neste ano. É uma lista tão extensa de gente criativa e talentosa que pedir aos especialistas da área que apontem os destaques exige deles uma parada para pensar. Deos e Chico Homem de Mello, professor da Faculdade de Urbanismo e Arquitetura (FAU) da USP, são unânimes em apontar um nome que andou pipocando no noticiário: Fred Gelli, do estúdio Tátil, do Rio de Janeiro. Ele e sua equipe, que faz um trabalho cheio de alma e brasilidade, ganharam entre 139 agências a concorrência para a marca das Olimpíadas de 2016. No iF, um dos maiores responsáveis pelo empurrão que colocou o Brasil no décimo lugar do ranking deste ano é o designer Fernando Prado: só em 2011 ele ganhou três prêmios, e tinha mais nove na estante. Seu segredo: iluminar com estratégia esperta casas, edifícios e escritórios com luminárias cheias de bossa. Lá de Curitiba, o casal responsável pela Fetiche Design promete repetir o fenômeno dos irmãos Campana com seus móveis. Vergalhões de aço e espaguetes daquele tipo usado para fazer cadeiras populares ganham ar elegante. “A linha deles é incrível”, diz Marisa Ota, uma caçadora de talentos que comanda as duas feiras mais inovadoras do Brasil, a Paralela Gift e a Paralela Móvel, em que os participantes são especialmente convidados por um conselho curador. Conheça as criações e a trajetória desses grandes talentos.
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Fetiche Design
Um preto velho veste Armani Paulo Biacchi e Carolina Armellini, de Curitiba, conheceram-se durante o curso de design industrial da Universidade do Paraná, casaram-se, têm duas cachorras, a Brita (diminutivo de Cabrita) e a Chanel (de Coco Chanel), e um escritório de design, o Fetiche, que apesar de ter sido aberto há apenas três anos já figura com brilho no cenário da criação de móveis no Brasil. Selecionados pela curadora Marisa Ota, eles chamaram atenção na feira Paralela Móvel, um espaço exclusivo dentro da Abup Móvel, com a coleção Vergalho, feita com os vergalhões de aço usados na construção civil. “No caminho para o estúdio, a Carol parou em frente a uma obra e comentou que achava interessante os cavaletes que guardam lugar para os caminhões”, diz Paulo. “São feitos pelos operários, com vergalhões soldados e placas de madeira, por essência urbanos e improvisados”, diz Carolina. Eles preservaram o ar despojado, exploraram as soldas e deixaram o desenho leve, valorizando as ranhuras do aço com o acabamento emborrachado. Outro detalhe importante: a mesa é composta de dois cavaletes e de um tampo de madeira maciça tauari dividido em três tábuas, tudo para facilitar o transporte. Além de andar por aí de olho em tudo o que acontece na cidade, os dois designers também inspiram-se em ícones da cultura popular brasileira. Um deles, o banco de pinus com assento tramado em taboa, virou o Pai João. “É um banquinho caipira em traje de gala,
Inspirada nas pernas de fora das modelos em um desfile de vestidos curtos, a cadeira Urbana tem pés de madeira e corpo emborrachado, suave ao toque, como uma pele
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um Preto Velho vestindo Armani”, diz Paulo. E ficou elegante mesmo. Para a trama do assento, eles escolheram espaguetes de plástico, do tipo usado em cadeiras à venda em lojas populares, pretos. A estrutura do banco é feita de madeira ebanizada e os pés torneados de laca brilhante preta. E estava pronto o banquinho caipira em traje de gala. Outro destaque entre as criações da dupla é o banco R540, inspirado nos bancos de jardim do interior e também com trama de espaguete. O nome vem do raio da peça, que tem 540 milímetros. Essa medida garante o conforto de quem senta e foi cuidadosamente calculada, assim como a forma de tramar os fios de espaguete. Colorido, nostálgico e gostoso de sentar, o banquinho serve de brinquedo para as crianças e peça de decoração para os adultos, com suas cores vivas e charmosas. Antes de criar a Fetiche, Paulo Biacchi trabalhou num escritório de design de móveis em Milão e desenhou para Casas Bahia, Dellano e Eucatex. Atualmente, a dupla está criando duas linhas de móveis para área externa, uma de fibra sintética no estilo Boho Chic para uma fábrica de Minas Gerais, outra de madeira certificada inspirada nos Jardins do Éden, para uma empresa gaúcha. Em agosto, vão lançar outros produtos da Fetiche e uma coleção exclusiva para a Schuster. Além disso, desenvolvem produtos para a Tok & Stok, para uma marca de iluminação, finalizam peças para uma exposição em Paris, em 2012, e desenham bolsas de couro. Ufa!
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FOTO: DIEGO CAGNATO
FOTO: FLÁVIO RIBEIRO
A cadeira Barraco, o banquinho Pai João e peças da coleção Vergalho: Paulo Biacchi e Carolina Armellini bebem na fonte popular para criar peças de ar contemporâneo que imprimem um ar inovador no mercado de móveis
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FERNANDO PRADO As luminárias Bauhaus, Let It Be e Lift, todas premiadas no iF: a primeira permite regular altura e foco; a segunda lembra uma serpente, com haste flexível; e a terceira fica apoiada na parede à altura que o usuário escolher
Forma, função e emoção
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Todo ano é a mesma coisa. Quando chega o resultado do iF Design Award, o principal prêmio do setor no mundo, um nome sempre se repete: Fernando Prado. Só em 2011 foram três: pelas luminárias Fina, Geo Edge e Linha Bauhaus, todas para a Lumini, empresa na qual ele é o designer- chefe. Apesar de ser tão festejado em seu meio, Prado tem um perfil cool, típico de quem trabalha duro para chegar a bons resultados. Acha que as principais características de seu trabalho são a criatividade e a simplicidade, e que o bom design pode ser definido por doses equilibradas de “forma, função e emoção”. Uma de suas luminárias mais conhecidas é a Bossa, que serve tanto para iluminar a mesa quanto o ambiente. “Percebi que as luminárias pendentes que ficam sobre as mesas ficam ociosas a maior parte do tempo. Aí, surgiu a ideia de desenvolver uma peça versátil com a opção de mudar o efeito de luz”, diz. Para ele, o objetivo principal do design é melhorar a vida das pessoas, de forma prática ou emocional, além de contribuir para o desenvolvimento do mercado, da produção e da sustentabilidade. Cada criação de Prado tem um detalhe inovador, que faz de cada peça um objeto único e diferenciado. A linha Geo Edge, por exemplo, é feita para a iluminação externa de edifícios e painéis e tem como principal qualidade a discrição – não interfere na arquitetura das fachadas –, que só pôde ser atingida com um esquema inovador de dissipação de calor. Outra peça premiada no iF, a Lift tem um suporte delgado que se apoia na parede e permite que a cúpula de madeira de onde sai a luz seja movida ao longo da haste: o usuário pode escolher onde deseja fixar o foco de luz. Esse cuidado com cada peça, mais a capacidade de liderar e trabalhar em equipe, faz de Prado uma unanimidade tanto em seu meio quanto fora. Para Luciano Deos, Fernando Prado é “o designer” brasileiro por excelência.
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FOTO: SERGIO HUOLIVER
Fred Gelli e sua equipe já ganharam mais de 100 prêmios e tiveram sua marca em forma de Pão de Açúcar escolhida para as Olimpíadas
O ano de 2011 começou bem para a Tátil, que tem escritórios no Rio e em São Paulo. Criada em 1980 por Fred Gelli, a Tátil já ganhou mais de 100 prêmios entre nacionais e internacionais. Foi anunciado, durante a festa de Réveillon no Rio, que o logo da agência de design e branding havia sido escolhido para simbolizar as Olimpíadas. “Queríamos chegar a uma marca-escultura, para uma cidade-escultura. Fico feliz que conseguimos”, afirma Gelli. A empresa, que vinha numa trajetória de ascensão, ganhou ainda mais pontos. “O branding é o último grito da moda. E a Tátil é uma empresa inventiva, que joga o jogo mundial”, diz o designer e professor Chico Homem de Mello. A criação da marca da Rio 2016 tem tudo a ver com a história de Gelli, que, além de ser sócio fundador da empresa, também é professor da PUC-RJ, onde criou o curso de ecoinovação. A marca, que por seu formato pode ser tridimensional, traz três pessoas de mãos dadas num desenho que lembra o perfil do Pão de Açúcar e remete aos braços abertos do Cristo Redentor e ao movimento, uma das características da cidade. O processo de criação, coletivo, reuniu equipes multidisciplinares do Rio e de São Paulo. Das mais de 50 peças finalizadas, a escolhida foi a mais transformada coletivamente. “Nossos colaboradores mergulharam no espírito olímpico, na diversidade harmônica, na energia contagiante e na natureza exuberante do Rio e do Brasil. Trabalhamos juntos em cima do tema central: paixão e transformação”, diz Gelli. Entre os clientes da Tátil estão Coca-Cola, Natura, Nokia, Tim, Fiat, Grendene e Walmart.
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Tátil
Aquele abraço
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FOTO: PETER ROBAIN
RAUL PIRES Em alta velocidade Raul Pires tem apenas 42 anos, formou-se em design industrial pelo Mackenzie e hoje ocupa um posto de causar inveja a qualquer homem apaixonado por carros. Ele é chefe de design exterior na tradicional montadora britânica Bentley, onde chefia uma equipe formada por profissionais de várias nacionalidades. Em 1999, foi o responsável pela revitalização da marca com o Continental GT. Mora na Inglaterra há 11 anos e, atualmente, aproveita o começo do verão de lá para cuidar do jardim. “Estou ficando velho, ou me tornando um inglês.” Conheça as ideias e um pouco da trajetória desse brasileiro apaixonado por carros e Fórmula 1. Como você, à época um jovem, conseguiu revolucionar o design de um carro tradicional em seu primeiro grande projeto? Raul Pires – Minha atração por carros esteve presente desde que me lembro. O que me atraía não era necessariamente a potência, a velocidade ou a força do motor, mas a aparência e a forma do carro. Isso ainda é válido até hoje, embora o lado mecânico seja muito importante. Estudantes de design, na década de 1980, que queriam desenhar carros eram encarados como sonhadores, e com razão, considerando o mercado para essa profissão na época. Eu sempre gostei de carros da Volkswagen, talvez por influência de minha família, que dirigia VW, e também porque meus dois únicos carros aí no Brasil eram da marca. Foi meio natural que meu sonho como estudante fosse virar designer da VW no Brasil. Acabei fazendo estágio em São Bernardo, passei pela Skoda, na República Tcheca, e estou na Bentley há 11 anos. Quando cheguei à Bentley, sabia que essa era uma oportunidade única, agarrei-a com garra, trabalhei muito duro e o resultado foi o design do Continental GT, que se tornou o modelo mais bem-sucedido na história da marca. O que você considera o grande achado do Continental GT? O GT preencheu uma lacuna que existia no mercado, é um carro exclusivo, luxuoso e fácil de usar, com performance de supercarro. Em outras palavras, o carro confortável de todo dia, que atinge 320 quilômetros por hora. Você disse que se inspirou nas formas do esportivo R-Type, de 1950. Poderia falar mais sobre esse insight e o que ele significou para o sucesso de sua criação? No começo do projeto, é normal procurar ideias e inspirações. Numa visita ao museu da Bentley vi o R-Type ao vivo pela primeira vez. Na minha opinião, o Bentley antigo é mais bonito. Usei algumas linhas no GT, como a que sai da roda dianteira, a que atravessa a lateral e o para-lama da roda traseira. Você continua pintando em suas horas vagas? Para ser honesto, não muito. No momento, quando não estou desenhando carros, estou fazendo alguma coisa com meus filhos, que são pequenos e cheios de energia. O que emociona você na arte e na vida? O lado artístico do designer é muito importante. E se manter informado no que acontece na área de design em geral, não somente em carros, na moda, na música, em exposições, é essencial para manter o lado criativo afinado.
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FOTO: STUART HAMILTON
O que costuma fazer nos dias de folga? É começo do verão por aqui, e estou passando bastante tempo arrumando o jardim... Estou ficando velho ou me tornando inglês... (risos) Qual é a contribuição do designer à indústria? Num mercado em que o acesso à tecnologia é mais fácil e amplo do que antes, o design tem uma posição única e muito importante na exclusividade e na originalidade e também no apelo de compra. Como a qualidade dos produtos em geral tem o mesmo nível, o design tornou-se essencial na diferenciação de imagem e no sucesso. Você, como chefe de equipe, busca que características em seus colaboradores? Talento, atitude e espírito de equipe. Os automóveis da Bentley têm design sofisticado e um trabalho quase artesanal em seu interior, exigem um tempo para sua formulação e execução. Essas seriam as características do luxo, atualmente, em contraponto a um mercado em que produtos ficam obsoletos logo que são lançados? Quando desenhamos, sempre levamos em consideração o tempo que o carro vai ficar em produção. Mas, mais importante, o design de um Bentley tem de ser o que chamamos timeless, ou seja, o design não necessariamente segue a moda, o que pode ser perigoso e ele parecer velho em alguns anos. Respeitamos o que pode torná-lo um clássico do futuro: a qualidade, as proporções e a originalidade. Qual é seu maior sonho atualmente? Pretende continuar no design de carros ou gostaria de criar outro tipo de produto? Continuar sonhando...
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Raul Pires e os carros Continental GT e Mulsanne: as formas arredondadas inspiradas num antigo modelo da marca, criado em 1950, revitalizaram a Bentley
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Job: whirpool -- Empresa: DM9 -- Arquivo: 74355-022-AFF-KIT-AnR_Just-For-VNConceicao_Modern-Bras_465x295_pag001.pdf
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Brands
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história das grandes marcas O casamento que deu origem à empresa: a francesa Estelle Arpels e o holandês Alfred Van Cleef uniram-se em 1896, em uma festa glamourosa
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Tiara de ouro, platina e diamantes, criada em 1976 e usada pela princesa Grace, de Mônaco
Van Cleef & Arpels Uma exposição magnífica em Nova York mostra como Salomon Arpels e seu genro, Alfred Van Cleef, caíram nos colos mais cintilantes do mundo P o r L i z i a B y d l o w s k i F O T O s j o i a s P a t r i c k G r i e s / V a n Cl e e f & A r p e l s
Museus, a casa por excelência das artes e da história,
há tempos que vêm abrindo portas para outras manifestações da capacidade humana de criar maravilhas. Entre estas, as mais cintilantes são as joias – justamente as estrelas da exposição Set In Style – The Jewelry of Van Cleef & Arpels, em que mais de 350 peças assinadas pela centenária joalheria francesa encantam os visitantes do Cooper-Hewett Museum, de Nova York. Colares, braceletes, tiaras, objetos e desenhos espalham-se pelos salões do museu (antiga mansão da milionária família Carnegie) e enchem os olhos sem nunca deixar de surpreender. “A receita para fazer uma joia inigualável é parecida com as da haute cuisine: mestres empregam técnicas especiais para misturar e enfeitar ingredientes da mais alta qualidade, criando algo muito maior do que a soma das partes”, diz o texto de apresentação da exposição.
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Cooper-Hewitt smithsonian
O broche com um pássaro que segura uma briolette de diamantes – a peça, de 1971, é confeccionada de ouro amarelo, safiras e diamantes amarelos e brancos; abaixo, ambiente da exposição
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Fundada em 1896 pelo francês Salomon Arpels e seu genro holandês, Alfred Van Cleef, ambos de famílias de comerciantes de pedras preciosas, a joalheria progrediu sob a direção de Van Cleef, mais voltado para o design, e seu cunhado Charles Arpels, excelente vendedor, de personalidade envolvente e principal responsável por cativar suas clientes famosas. Em 1906, a dupla (mais tarde, outros dois cunhados, Julien e Louis, também entrariam para o negócio) instalou a primeira butique Van Cleef & Arpels no número 22 da Place Vendôme, em Paris,onde permanece até hoje. Além desta, existem atualmente outras 44 butiques Van Cleef & Arpels no mundo, sendo seis nos Estados Unidos e oito na China, maior foco de investimento da empresa hoje em dia. A joalheria francesa é famosa pela predileção por cores fortes (ousou – quando isso ainda era pecado no meio – misturar diamantes e rubis com corais e pedras menos nobres), por desenhos e técnicas inovadoras, por uma portentosa lista de clientes – e, claro, pelos preços astronômicos. Tudo isso está à vista no Cooper-Hewitt Museum, disposto em longas mesas no centro dos salões (“tipo bufê”, na opinião de críticos mais ferinos) e dividido em temas. “Inovação”, o mais impressionante deles, trata, entre outras práticas que a marca inaugurou, da técnica de engaste de pedras patenteada pela Van Cleef & Arpels em 1933, em que, em vez de sustentadas por garras, as gemas são lapidadas de forma a se encaixar em uma espécie de tela invisível, dando ao conjunto uma unidade incomparável – amplamente comprovada no magnífico broche Peônia, que reproduz a flor em fulgurantes rubis e diamantes. Também traz cinco exemplares de minaudières, como são chamadas as pequenas carteiras de festa na forma de caixinhas decoradas, feitas para acomodar batom, chaves e cigarros, que a joalheria criou em 1930 inspirada no hábito da milionária (e cliente) americana Florence Jay Gould de usar a cigarreira para acompanhar trajes de gala. Outra maravilha, o colar Zip, de ouro e diamantes, foi sugestão de mais uma cliente poderosa, a duquesa de Windsor, e cumpre o que promete: ao ser fechado como, mal comparando, uma calça jeans, vira um belo bracelete. O uso diversificado das joias, aliás, é marca registrada da Van Cleef & Arpels e comparece em vários momentos da exposição, como no diamante amarelo de 95 quilates, pendurado no bico de um pássaro num broche que pode ser removido e transformado em pingente. Passado o auge de suas inovações técnicas e prestígio na primeira metade do século passado, a Van Cleef & Arpels foi vendida para o conglomerado de luxo Richemont, em 1999. “A família não se entendia mais e isso estava afetando os negócios”, disse Claude Julien Arpels, neto dos fundadores, ao concordar, em 2003, finalmente, em vender sua parte; ele é hoje o único com esse sobrenome a preservar um lugar no
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Charles Arpels, em 1907, em uma caleça, na Place Vendôme, em Paris; ao lado, aquarela mostra o estudo para um bracelete com clipes florais de 1947
conselho diretor da empresa. Em seus mais de 100 anos de atividade, a Van Cleef & Arpels nunca deixou de estar entre as mais importantes marcas da alta joalheria mundial. Sua presença de peso (medido em muitos quilates) nas coleções de artistas, milionárias e cabeças coroadas – é a joalheria oficial do Principado de Mônaco –, aparece com destaque na exposição, composta de peças emprestadas e do próprio acervo da empresa. De Grace Kelly, cliente preferencialíssima, são mostradas a estonteante tiara de diamantes que usou no primeiro casamento da filha mais velha, Caroline, e o conjunto de anel, colar, brincos e pulseira de pérolas e diamantes que ganhou de noivado do príncipe Rainier. De Elizabeth Taylor, possuidora de joias vistosas, pode ser admirado o par de brincos de safira que Richard Burton lhe presenteou por combinar com seus olhos. De Eva Perón, o magnífico colar com cinco fieiras de diamantes. Por inocente que possa parecer a exibição de uma coleção de joias, esta causou polêmica: Karen Rosenberg, do The New York Times, indignou-se com o fato de Set In Style ter sido bancada pela própria Van Cleef & Arpels, uma escancarada ação de marketing, e ainda por cima no Cooper-Hewitt Museum, instituição sustentada com recursos públicos. Nada que espante o público – a fila para ver a cintilante extravagância continua virando o quarteirão.
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LInHa dO TEMPO
O colar Scylla, de 2008, é feito de diamantes e ouro branco
Charles Arpels, irmão de Estelle, em 1910
1896
fundação da joalheria em paris por alfred van cleef e salomon arpels; em seguida os três filhos do último juntaram-se à empresa, entre eles charles
1906
inauguração da primeira butique, na place vendôme
1930
lançamento da primeira minaudière, que seria depois copiada por todas as joalherias
1933
patenteado o engaste misterioso, uma nova técnica de incrustação
1942
fugindo da segunda guerra, a família vai para os estados Unidos, onde se estabelece
1950
lançamento do colar Zip, que fecha como um zíper e vira um bracelete
1976
surge o primeiro perfume, first
1999
a van cleef & arpels é comprada pelo conglomerado richemont
2005
apresentação da coleção pierres de caractère, composta de 100 peças com pedras excepcionais, para comemorar o centenário em 2006 da primeira butique em paris
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primeiro perfume masculino em nove anos, midnight in paris é lançado poucos meses antes do filme de Woody allen do mesmo nome, a quem homenageia
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Minaudière de 1935
Bracelete de 1937, feito em diamantes e rubis: a peça foi usada pela atriz Marlene Dietrich
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Por Marco Antonio de Rezende
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Achados
Peças das feiras de Porta Portese, Ladra, Berlim: tempos ruins para uns, bons para outros
que alguém perdeu M e r c a d o d a s p u l g a s ? H u mm . . . o n o m e n ã o i n s p i r a , mas objetos de qualidade podem estar a nossa espera em barracas anônimas ao redor do mundo
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ogo depois da reunificação da Alemanha, no início dos anos 1990, meu filho, então com 5 anos, sumiu por intermináveis minutos entre a multidão e as antiguidades da feira de domingo da Strasse des 17 Juni, em Berlim. Com minha mulher à beira de uma crise nervosa, conseguimos localizá-lo pouco depois, sereno e alegre, encantado com os brinquedos de uma barraca de imigrantes turcos. Depois do susto, voltamos felizes para o hotel carregando os troféus do domingo: do Vietnã do Norte, um abridor de cartas feito de um pedaço de avião americano derrubado durante a guerra (ao menos é isso o que diz a inscrição em inglês, em baixo-relevo, na lâmina); uma xícara de chá com belo design Bauhaus (mas de gosto duvidoso, pois tem no fundo o símbolo nazista); e um delicioso baldinho de areia feito de folha de flandres, do fim dos anos 40, com estampas infantis e a inscrição Made in the United States Zone, Germany. Para quem gosta de garimpar achados é possível que a Feira da Ladra, de Lisboa, o Marché aux Puces, de Paris, e a Feira do Parque Ismaylovsky, de Moscou, representem tanto essas cidades quanto o Mosteiro dos Gerônimos, o Arco do Triunfo ou o Kremlin. Tenho alguns exemplos para mostrar como nesses lugares, que costumam ser ao mesmo tempo caóticos e instigantes, sempre é possível encontrar peças interessantes. Da Feira da Ladra lisboeta ainda guardo um portaguardanapos de aço, de desenho déco, que custou a bagatela de 1 euro (não vale mais que isso mesmo...). O mercado romano de Porta Portese – tomado nos últimos anos por ondas sucessivas de imigrantes eslavos, filipinos e, agora, cingaleses – costuma oferecer coisas mais preciosas. De um comerciante italiano que dizia se abastecer no depósito de objetos cenográficos de Cinecittà, comprei um par de colunas de madeira, machetadas, e uma fabulosa luminária de opalina verde – único objeto que carreguei pessoalmente nas mãos em minhas seis ou sete mudanças de casa. Também
em Porta Portese, garimpei uma bojuda radiovitrola, daquelas que aparecem nos desenhos de Tom e Jerry, totalmente anos 1950. Valeria hoje um bom dinheiro em lojas de “modernariado”, se eu não tivesse cometido a bobagem de transformá-la numa espécie de bar, com uma prateleira para bebidas e outra para copos. A Feira do Parque Ismaylovsky, em Moscou, foi particularmente rica no início dos anos 1990, quando, na crise pós-comunista, muitas pessoas precisaram vender os pequenos tesouros de família. De lá, trouxe três conversation pieces: um porta-retratos pantográfico, ainda com fotos de senhoras e crianças de uma família da aristocracia pré-revolução; uma pequena escultura de porcelana mostrando um garotinho com a boina e a estrela vermelha dos jovens pioneiros do comunismo (a versão stalinista do escotismo), abraçado a seu cão pastor; e um par de gravuras que poderiam ter saído do ateliê de Kasimir Malevitch, fundador do movimento suprematista russo. A porcelana, descobri depois, tinha gravadas as iniciais GFZ, de Gossudarstvennyi Farforovyi Zavod (Fábrica Estatal de Porcelana). Até a revolução comunista, o nome da empresa de São Petersburgo era Imperatorskii Farforovyi Zavod (Imperial Fábrica de Porcelana), e produzia exclusivamente para a aristocracia local peças decoradas com uma rede de frisos azul-cobalto sobre fundo branco e detalhes dourados. Depois do fim da monarquia, dedicou-se a produzir peças de propaganda soviética e miniaturas dos líderes do regime. Privatizada em 1993, a fábrica agora se chama Lomonosov e pertence a um fundo de investimentos americano. As gravuras sem assinatura, talvez prova de artista, estão na minha parede. Mandei emoldurá-las num sanduíche de vidro porque foram gravadas, naqueles tempos difíceis, no verso em branco de página arrancada de um livro de história da arte italiana. Malevitch, como o poeta Ossip Mandelstam e tantos outros artistas do período soviético, foi perseguido pelo regime de Stalin e acabou torturado e morto no exílio siberiano.
* Marco Antonio de Rezende é jornalista, morou 20 anos na Europa e correu o mundo como correspondente internacional da revista VEJA.
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Por Mari Hirata, DE TóquIO
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O chef Masayuki Okuda, do restaurante Alchecciano, participou do comboio do reconforto
Menu da
solidariedade
G r a n de s c he f s j a p o n e s e s s e t o r n a r a m he r ó i s n a c i o n a i s a o c o z i n h a r p a r a de s a b r i g a d o s n a s á r e a s a f e t a d a s pe l o t e r r em o t o
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ma pequena ilha como o Japão é como o mundo em miniatura. Nesse ecossistema, um pequeno ato isolado é multiplicado e levado a grandes consequências. Imagine, então, quanto a tríplice catástrofe (terremoto, maremoto e acidente nuclear) sobre a ilha mudou o modo de viver de cada japonês no dia a dia. Nada mais triste do que ver agricultores que sempre evitaram pesticidas e adubos químicos duvidosos jogando fora a produção de legumes e cereais orgânicos por causa da radiação. Aqui estou eu. Já virou rotina no nosso dia a dia ajudar de alguma forma a região do norte. Não só por questão de solidariedade, mas porque também nos demos conta, aqui em Tóquio, de que somos completamente ligados a eles, tanto na eletricidade (nossa fornecedora há dezenas de anos) quanto nos produtos básicos de nossa despensa. A região de Tohoku nos abastecia de peixes e frutos do mar e também de legumes, arroz, saquê e frutas. As áreas que sofreram a entrada do tsunami eram grandes plantadoras de arroz. Constatou-se que levará anos para que o sal do mar seja eliminado da terra. Em terra salgada não se produz bom arroz e tampouco um razoável saquê. A deliciosa Wakame, tão presente no nosso dia a dia, era cultivada quase completamente em Iwate e Fukushima, e nesta última região o mar continua ainda com graves níveis de radiação. Passamos ao hábito de ler atentamente a origem de cada produto no supermercado, evitando ao máximo os provenientes da região afetada. E isso vai agravando ainda mais a situação precária da região. Por isso, vários chefs se uniram para ajudar os produtores locais. Hoje os grandes cozinheiros estão reunidos em torno do projeto Soul of Tohoku, onde celebridades do mundo da gastronomia, como o chef Murata (Kikunoi), o chef Mikuni (Hotel de Mikuni) e o chef Tokuoka
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(Kitcho) são os grandes mentores de ações solidárias e de conscientização. Com seus nomes poderosos e o numeroso staff, conseguem angariar fundos e levar a mídia aos eventos. Quem encabeça a ação é o chef Masayuki Okuda (Alchecciano), de Yamagata, a 3 horas de Tóquio, que, apesar de não estar na região mais atingida nem entre os cozinheiros mais conhecidos do grande público, sempre foi um líder no uso de produtos locais em sua cozinha e teve sempre grande ascendência sobre os demais profissionais do país. Esses heróis da gastronomia foram os primeiros a agir in loco e a cozinhar para a população dos abrigos. Em lugares em que o gás e a luz nem estavam restabelecidos, esse comboio do reconforto chegava em cozinhas ambulantes, armados com panelas, fogões e ingredientes, e ofereciam comida boa para uma população moral e fisicamente abalada. Para quem estava sobrevivendo de bolinho de arroz frio, enlatados e pão doce, comer algo quente e fresco é um sopro de alegria e estímulo para seguir em diante. Agora esses chefs estão agindo também com a ajuda de técnicos e medidores de radiação em alimentos e ajudando na limpeza dos terrenos cobertos por destroços e lodo marinho para o início do plantio na atual primavera. Dessa maneira, eles puderam retomar o uso de alguns produtos em seus próprios restaurantes dando o exemplo para a retomada do consumo nas casas japonesas e no exterior. Sabemos que essa ajuda não será momentânea. Eu mesma faço parte de um grupo chamado Pão Solidário, em que dou aulas de panificação. Todo o produto feito lá é vendido e a renda doada a uma conta bancária destinada aos órfãos de Fukushima. Talvez leve décadas para aquela parte do país voltar a ser o que foi um dia. Mas os japoneses entenderam que somente uma atividade conjunta a longo prazo poderá fazer o país superar a realidade atual.
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• Restaurante Alchecciano shimoyamazoe 83, tsuruoka shi Yamagata japan, tel. 0235787232 www.alchecciano.com/al-checciano.html • Ginza: Yamagata san-den-dero (Ginza 1-5-10) • Yudero 191 (no 2o andar do Gransta Dinning) • Soul of Tohoku www.soulofjapan.org/english • Pão Solidário japaosolidario.blogspot.com
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where Vocação para o divino: igrejas, azeites, vida saudável, embutidos inigualáveis
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Colher, comer e rezar Na Umbria, terra do azeite extravirgem, do agroturismo e dos santos, a hora da refeição é sempre uma bênção
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Por Mariella Lazaretti, de Perugia e o País da Bota é hoje o lugar onde a agricultura sustentável tornouse emblemática por conseguir realizar o sonho entre a tradição e o progresso, nada mais justo do que estar reservado à região da Umbria, encravada no centro do país, o apelido de “O Coração Verde da Itália”. Desde que os italianos comem pasta, acontece naquela região o que o resto do mundo deseja resgatar da época de nossos avós – quando o leite recém-tirado era entregue na porta pela manhã, o verdureiro trazia a colheita fresca da semana e o açougueiro avisava à freguesia a chegada de uma partida de toucinho fresco. Na Umbria, isso jamais deixou de acontecer. Lá é a terra onde ainda é real a figura do homem do campo, com força, dignidade e tradição inquebrantáveis, que se impõe a tarefa de manter vivos ingredientes do tempo em que os papas dirigiam o país. Com pequenos cultivos de lentilha, da fagiolina (pequeno feijão cultivado desde a Antiguidade), do trigo, do grão-de-bico e das olivas, assim como das limitadas produções de queijo e carne curados artesanalmente, a Umbria é uma força espetacular da economia agrícola. Não à toa, o Coração Verde detém uma infinidade de produtos com os selos DOP (Denominação de Origem Protegida) e DOC (Denominação de Origem Controlada), que comprovam, segundo os critérios da União Europeia, a especificidade de suas características e proveniência geográfica.
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Ă€ esqu., a doceira Sandi fundada em de 1860, a dir., a porchetta vendida nas ruas. PĂĄgina ao lado: a uva passa e os catadores de oliva, o ouro verde.
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Só em Perugia há três regiões DOC de vinhos, mas o forte são os azeites extravirgens, cuja “capital” é a cidade de Trevi. Todo o Estado, composto de pequenas cidadezinhas medievais encarapitadas nas colinas, perpetua sua fresca e exuberante cozinha festejando cada colheita com pratos típicos criados pela primeira vez para esse mesmo fim há centenas de anos. Cada colina com seus produtos, cada produto com sua data de colheita, cada colheita com seu prato típico, cada prato típico com sua festa. E così, la nave vá... O tempo passa em preguiçosas badaladas nos sinos de Perugia, Spoleto, Spello, Foligno, Trevi, Trento, Nocia, Montefalco, Narni, Orvietto, Assisi, e nas dezenas de outras maiores e menores cidades acomodadas na área mais verde do país, a 2 horas de Roma. Se você é um gourmet das antigas, do tipo que prefere espuma na hora do banho e tomates carnudos, azeite extravirgem, trufas negras e queijo de cabra na hora da refeição, escolha a Umbria como seu próximo destino de férias. Além da comida confortante, do banho de história da arte italiana em cada esquina, lá também está uma interessante concentração de santos de peso da Igreja Católica. Em Assisi, nasceu e está toda a história de São Francisco de Assis. A linda cidadezinha inclinada abriga a basílica, o claustro, museus e pontos de peregrinação em devoção ao santo. Lá também é a cidade de Santa Clara, que era amiga de Assis e foi sua seguidora. Uma puxadinha de 10 minutos de carro e se chega a Roccaporena, próximo a Spoleto, onde nasceu Santa Rita de Cássia, a das causas impossíveis. Em todas as praças sempre haverá gratas surpresas gastronômicas. A começar pela “porchetta”, o porquinho recheado e assado vendido pelas ruas das cidades
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As casas de frios provenientes da cidade de Norccia, considerados os melhores embutidos da Umbria, são imperdíveis. Na Cantina di Spelo, que fica na cidade homônima, provar um sformatino de batata com funghi porcini e ovos mexidos com tartufo local pode levar o comensal às lágrimas de comoção. O segredo está justamente no frescor dos ingredientes. Um dos donos da casa, Fausto Benedetti, traz a matéria-prima de sua própria cooperativa agrícola, a alguns quilômetros dali. “O mais longe que chegamos é na Toscana, onde compramos a vaca Chianina”, diz Benedetti. Uma pequena parcela da enorme produção do óleo em toda a área passou a exibir o galardão DOP, desde 1998. O selo assegura não só a segurança alimentar, as técnicas de produção e as regiões de cultivo, que garantem um nível de 0,6% máximo de acidez, mas atesta a origem histórica da cultura de azeites no mundo que os umbros avocam para si. “A tradição oleica da Umbria descende dos etruscos e foi sucessivamente difundida pelos antigos romanos no mundo”, diz o engenheiro George Bocarone, presidente da Câmara de Comércio da Umbria. “Nosso azeite é um patrimônio da humanidade.” Embora seja considerada uma área com possibilidades de culturas agrícolas variadas, a paisagem é tomada por oliveiras das variedades Moraiolo, Leccino, Frantoio, Dolce Agogia, Rajo e San Felice. Base da comida italiana e mais ainda da alimentação umbra, os azeites que recebem o DOP saem de produções de butique e são vendidos a 39 dólares a garrafa (no Brasil, podem chegar a 100 reais). Por isso o azeite é chamado de “ouro verde”. “Todo umbro quer produzir seus próprios azeite e vinho”, dizia a professora de história da arte Francesca Grandi. “Investir nessas terras é o melhor retorno de dinheiro que uma pessoa
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À esq., ruas de Perugia, acima , vista de Spoletto, abaixo, casa de carnes e embutidos
poderá ter como complemento na aposentadoria, além de garantir boa comida sempre.” Para os turistas que curtem agroturismo, a Umbria é o paraíso. Quase todas as olearias DOP possuem albergos elegantíssimos; algumas delas oferecem aulas de culinária Cansado do silêncio rural, o turista sempre poderá correr para a capital, Perugia, cuja história e arquitetura remontam aos etruscos. Com seu labirinto encantador de escadarias, vielas, edifícios e igrejas levantadas entre 1300 e 1500, a cidade ferve com a energia das universidades instaladas na cidade. O novo e o antigo caminham juntos na educação degli bambini e no dia a dia das cidades. É exercício impossível comer ou ver alguma coisa sem que uma historieta ou tradição surja como nota de pé de página em cada conversa. Na doceira Sandi, fundada em 1860, entre as prateleiras de madeira maciça e balcões de vidro trabalhado, ficamos sabendo que o doce Torcolo di San Constanzo é em formato de anel, feito com passas, frutas cristalizadas e nozes que simboliza tanto a decapitação de San Constanzo, o santo padroeiro da cidade, quanto a união de dois apaixonados. O ciaramicola é um bolo com o qual as jovens noivas presenteiam seus noivos, mas, como só isso parece não ter sido o bastante para o folclore da cidade, seu formato, com um orifício e duas “pontes” ao meio, representa também os cinco distritos de Perugia e sua fonte central. O bombom Baci também nasceu em Perugia, em 1903. Sua história qualquer perugino sabe de cor. Reza a lenda que Luisa Spagnoli, esposa de um dos sócios da doceria Perugina, apaixonou-se pelo filho dele, Giovani Buitoni, que era gerente de inspeção. Ela criava bombons e os enviava ao amado com bilhetinhos apaixonados. O romance ficou em segredo até a morte de Luisa, quando Giovani resolveu fabricar os bombons que ela lhe enviava – de chocolate escuro e amêndoas. Batizou-os de cazzoto, soco na tradução do italiano, e por essa escolha infeliz
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só conheceu o sucesso quando trocou o nome para Baci (beijos), e passou a colocar na embalagem mensagens de amor. Hoje, a marca Perugina pertence à Nestlé – mas essa parte os peruginos detestam contar; viram os olhos de desgosto com a perda irreparável de um pedacinho de sua tradição para uma multinacional sem brasão e pés de oliva no quintal.
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ONDE FICAR
Le dimore di san Crispino – um pequeno e charmoso hotel que fica aos pés de assisi. São poucos quartos, ótimo restaurante e um spa. O mesmo hotel possui uma versão histórica no centro de assisi, onde está instalada em um edifício medieval restaurado. www.assisibenessere.it agriturismo malvarina – um albergo onde dona Maria e seu filho Claudio Fabrizi ensinam a cozinhar e oferecem hospedagem. Simpático, caloroso e com muito charme. Comida divina. www.malvarina.it Country house Casco dell’acqua – em trevi, possui uma vista maravilhosa para as cidades próximas, além do ruído delicioso do rio Clitunno. www.cascodellacqua.it informações sobre agriturismo: www.stradaoliodopumbria.it
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E O DIABO
NA TERRA DO SOL por andré clemente e edu passarelli fotos antónio rodrigues e paulo mercadante
AS CERVEJAS BELGAS MAIS FESTEJADAS DO PLANETA GOURMET TRAVAM UMA DISPUTA `A MESA
A dicotomia entre Deus e o diabo também existe no mundo da cerveja. Dois dos ícones cervejeiros mundiais carregam o tema nos rótulos de seus produtos. A cerveja DeuS é produzida na Bélgica, pela Bosteels. A Duvel, também belga, é feita pela Moortgat e significa diabo na tradução do flamenco. Ambas são bastante complexas, e merecem muita atenção na degustação – o que não deixa de ser adequado ao nome que carregam. Com inúmeros atributos sensoriais, a DeuS e a Duvel são o que podemos chamar de verdadeiras cervejas gourmet, abrindo inúmeras opções para a harmonização com comidas.
Cervejas à mesa Escolhemos a Churrascaria Barbacoa, em São Paulo, para testar as alternativas de harmonização da DeuS e da Duvel com carnes. Com um bufê variado, encontramos opções de peixes, aves, cortes suínos e bovinos. Participaram da degustação o jornalista Ricardo Castilho, da revista Prazeres da MESA, e Marcelo Cury, médico e grande apreciador de boas cervejas. A harmonização com os peixes salmão e robalo, ambos crus, mostrou que a força alcoólica da DeuS se sobrepôs ao sabor dos pratos, enquanto a Duvel se saiu bem. Com o atum, a DeuS foi melhor. Com o frango assado, ambas as cervejas se mostraram mais potentes. Com as carnes (picanha, bife ancho e costela bovina), a Duvel foi mais versátil. Com a carne de cordeiro e com o caviar, a DeuS foi imbatível. Veja a seguir a diferença de fabricação e sabores entre essas cervejas “bíblicas” e se aventure você também a harmonizá-las.
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DUveL
Preocupado com a expansão do estilo Pilsen, o cervejeiro da Moortgat resolveu criar uma cerveja semelhante na aparência, mas com as características de uma verdadeira belga, ou seja, alcoólica, frutada e de sabor intenso. Contase, porém, que ao provar sua criação pela primeira vez saltou-lhe a força da bebida. Com a aparência semelhante à Pilsen, corpo leve e fácil de beber, o próprio cervejeiro não percebeu logo de cara a potência do álcool. Mas, após alguns copos, ao levantar da cadeira, exclamou: “Essa cerveja é do diabo!”. E, assim, foi batizado o novo rótulo da Moortgat: Duvel. A Duvel é do estilo Strong Golden Ale, ou seja, é uma cerveja dourada e forte, com 8,5% de teor alcoólico. Outra característica marcante é a presença de lúpulo, com notas florais no aroma e amargor intenso. A refermentação na garrafa intensifica as notas condimentadas e as frutadas.
O esTILO sTrONG GOLDeN aLe
Aroma: complexo, com muitas notas frutadas, levemente condimentado, álcool de baixo a moderado e notas de lúpulo. Os ésteres lembram frutas como pera e maçã. Lúpulo: traz notas florais. Aparência: cor de amarelo a dourado, boa transparência, espuma com formação intensa, resultando na famosa “renda belga” nas paredes do copo, conforme ela é consumida. Sabor: um casamento de frutado, condimentado e álcool, balanceado por uma leve característica de malte. Os ésteres lembram pera, laranja e maçã. Álcool, lúpulo e fermento: notas moderadas e condimentadas. Amargor: tipicamente de médio a intenso.
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DeUs
Produzida com base em um raro processo no meio cervejeiro, a DeuS é elaborada pelo método champenoise, comum no mundo dos champanhes. Isso significa que, depois de sua fabricação, ela segue para uma vinícola, onde é engarrafada e recebe uma dose de açúcar e levedura específica para espumantes. Colocada em pulpitres, repousa por um ano, passando pelo processo de remouage (a bebida é levemente girada duas vezes ao dia para decantar os sólidos no gargalo), depois pelo dégorgement (a parte sólida depositada no gargalo é congelada e retirada) e por fim recebe uma rolha de alta pressão. Deve ser servida em taças flûte e tem grande formação de perlage, à semelhança dos espumantes.
O esTILO BIÈre BrUT
Aroma: herbáceo, cítrico e com notas frutadas. Lúpulo: dá o toque herbáceo, lembrando um grama molhada. Aparência: amarelo ouro, translúcida, com muita carbonatação e ótima formação e persistência de espuma. Sabor: fino, envolvente, refrescante e com uma leve sensação alcoólica. Álcool, lúpulo e fermento: puro malte, passa pelo processo champenoise, fica um ano nas caves da região de Champagne descansando e sofre a segunda fermentação na garrafa. Alto teor alcoólico, 11,5%. Amargor: moderado.
O mÉTODO CHamPeNOIse
Há apenas quatro fabricantes de bière brut no mundo. Dois belgas e outros dois, quem diria, brasileiros. Na Bélgica, a pioneira a utilizar o método foi a Malheur, que a partir da produção de sua cerveja de estilo tripel (a Malheur 10) iniciou, em 1999, o projeto de sua bière brut. É também a única no mundo a produzir o estilo dark brut, mais escura, com maltes torrados. Considerado um estilo raro e peculiar, a bière brut tem na belga Deus seu exemplar de excelência e requinte de produção. É maturada e tem sua primeira fermentação na Bélgica, quando então é levada à cidade de Reims, na região de Champagne, onde se finaliza o processo de produção. No Brasil, temos duas microcervejarias que inovaram, investiram e se dedicaram ao especial método champenoise. A primeira a chegar ao mercado foi a Lust, da cervejaria Eisenbahn, de Blumenau, Santa Catarina. Da mesma família, a Lust Prestige é uma versão aprimorada da Lust, que fica durante um ano em processo de maturação (enquanto a outra matura por três meses), em uma vinícola catarinense. A mineira Wäls Brut é a grande novidade. Lançada em março, inovou duas vezes. Primeiro ao construir uma cava exclusiva e especializada para a produção da bière brut na própria cervejaria em Belo Horizonte - enquanto as demais geralmente locam uma cava em vinícolas. Com longa maturação, essas cervejas bière brut obtêm sabores e aromas raramente encontrados nas produzidas pelo método comum. SERVIÇO/ SERVICE Barbacoa • são Paulo, sP; barbacoa.com.br Belgian Beer Paradise • são Paulo, sP; beerparadise.com.br
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SÃO PAULO
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FOTO: DJAN CHU
Sabores, aromas e cores Com ambiente e lustres tão coloridos quanto as embalagens dos chás que lá são vendidos e servidos, a casa de Daniel Neuman e Leandro Toleado aposta na bebida como a protagonista do cardápio. The Gourmet Tea oferece chás da marca que leva o mesmo nome da casa. São 35 opções, divididas entre chás-pretos, brancos, verdes, rooibos e ayurvédicos. Servidos in natura, vêm acompanhados de uma jarra preparadora de chás e um cronômetro para marcar o tempo correto do preparo da bebida. Comidinhas também estão no menu, como os legumes ao curry com arroz de jasmim (R$ 22,70) e o bolo de frutas secas e Cinnamon Orange (R$ 6,90). Os amantes do chá estão bem servidos: além das divertidas latas da bebida, a casa também vende uma linha completa de acessórios para seu preparo.
FOTO: TADEU BRUNELLI
FOTO: TADEU BRUNELLI
THE GOURMET TEA • Rua Matheus Grou, 89, Pinheiros. Tel. (11) 26912755. Todos os dias, das 10 às 19 h.
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Menu rotativo e delicioso
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O novo restaurante de Andrea Kaufmann tem uma regra: as compras ditam o que deve ter no cardápio, e não o contrário. Com isso, o AK Vila oferece um menu enxuto com espaço para pratos e ingredientes novos, que podem surgir a todo o momento dependendo da disponibilidade dos alimentos a cada mês Diferente do AK Delicatessen, restaurante que Andrea comandou por três anos, o cardápio não é categoricamente judaico, o que é uma pena. Entradas, grelhados de carvão, acompanhamentos, saladas, pratos feitos da panela e sobremesas compõe o menu variado e refletem uma cozinha simples e despretensiosa. O andar superior do restaurante pode ser reservado para eventos com até 60 pessoas. O ambiente tem lareira, sofás e uma cozinha equipada. Lá, as pessoas podem cozinhar para seus convidados ou optar pelo menu fechado oferecido pelo restaurante.
FOTO: HENRIQUE PERON
AK VILA • Rua Fradique Coutinho, 1240, Vila Madalena. Tel. (11) 3231-4496. De terça a sexta-feira, das 12 às 15 h e das 20 h à 0 h; sábado, das 12h30 às 16 h e das 20 h à 0h30; domingo, das 13 às 17 h.
Delícias francesas de A a Z Um pedaço da França acaba de se instalar no Itaim Bibi. A Saint Honoré é uma mistura de padaria, confeitaria, empório e oferece refeições para pequenas, médias ou grandes fomes durante o dia. Um croissant com cholate pela manhã, um sonho à tarde, um picadinho com um belo ovo estalado às sextas-feiras no almoço. Os sócios da casa carregam uma bagagem de experiência na área, uma vez que comandam também o Le Marais Bistrô e o Due Cuocchi. O espaço tem três andares, uma chocolateria precisa, uma padaria com paezinhos quentes o tempo todo, doces fantásticos, e pratos de rotisserie francesa para serem aquecidos em casa, como pato confit, coelho e cordeiro. A varanda charmosa, o jardim externo e o espaço para os animais de estimação remetem a uma atmosfera parisiense. A tartine de tomate com queijo brie (R$ 25) e o pão ao chocolate (R$ 5) valem a visita. ST. HONORÉ • Rua Pais de Araújo, 185, Itaim Bibi. Tel. (11) 30712932. De segunda-feira a sábado, das 8 às 22 h; domingo, das 8 às 19 h. www.sthonore.com.br
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Conexão Recife, Rio de Janeiro e São Paulo A cidade de São Paulo foi escolhida para sediar a Galeria Moura Marsiaj, resultado da união inédita de duas renomadas galeristas que atuam em cidades diferentes: Mariana Moura, no Recife, e Laura Marsiaj, no Rio de Janeiro. A parceria é um reflexo do aquecimento do mercado e do crescente interesse das pessoas por arte contemporânea. A galeria representa 24 artistas, sendo quatro deles estrangeiros. O calendário da galeria conta com seis exposições no decorrer do ano. Até o fim de julho o espaço das galeristas exibirá os trabalhos da artista Amanda Melo, que abordará temas como o idealismo e sua falta, e a forte presença do individualismo na contemporaneidade. GALERIA MOURA MARSIAJ • Rua Mateus Grou, 618, Pinheiros. Tel. (11) 3031-1061. De terça a sexta-feira, das 10h30 às 19 h; sábado, das 12 às 18 h.
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Shakespeare Globe
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A nova temporada do teatro Shakespeare Globe foi aberta. Para os amantes do escritor e também de experiências à moda inglesa vale a visita, seja para assistir a uma peça ou para uma das exposições. Construído com os padrões originais do teatro de 1576, apresenta todos os anos uma seleção de peças, apresentadas no estilo da época, em que parte da audiência fica em pé ao ar livre e parte nos camarotes. Uma das peças mais aclamadas dos últimos anos, Anne Boleyn, voltará aos palcos em julho. Tickets on-line • www.shakespearesglobe.com
The Guilbert Scott O St. Pancras Renaissance London Hotel, ao lado da estação histórica de trem com o mesmo nome, acaba de passar por uma restauração superlativa de 150 milhões de libras esterlinas. Cenário de várias produções e filmes, como Batman Begins e o videoclip Wannabeque lançou as Spice Girls, o hotel acaba de reabrir suas portas. O novo restaurante e bar, no alto do edifício de arcos góticos, foi chamado The Gilbert Scott, em homenagem ao arquiteto. O chef Marcus Wareing assina o menu, e Chantelle Nicholson dirige a casa. O menu, estilo brasserie, tem bases históricas e é 100% britânico! FOTO: MANUEL HARLAN
The Guilbert Scott • www.thegilbertscott.co.uk
Notting Hill Carnival Carnaval em Londres? Não parece um programa para os nascidos no país do samba… Esse Carnaval, porém, é em agosto e tornou-se nos últimos anos um dos mais populares da Euopa. Teatral e multicultural, celebra no bairro alternativo de Notting Hill a diversidade étnica da capital cosmopolita inglesa. São dois dias de festa com mais de 1 milhão de visitantes e 50.000 participantes. A data será anunciada em breve Notting Hill • www.nottinghill-carnival.co.uk
Hampton Court Palace Flower Show Que os ingleses gostam de jardinagem, não é novidade. Em julho, porém, o hobby é levado a sério. O Hampton Court Flower Show é o maior do mundo e recebe a visita de amantes de jardinagem de vários países. As entradas têm de ser reservadas com antecedência, tamanha é a popularidade do evento. De 5 a 10 de julho. www.rhs.org.uk/Shows-Events/Hampton-Court-Palace-Flower-Show/2011
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Ryugin, nova estrela no Japão Muitas vezes o sucesso e o reconhecimento vêm antes de fora do que de seu próprio país. Um bom exemplo disso é o restaurante Ryugin, do chef Seiji Yamamoto.Neste ano, ele passou da 49a posição para a 20a na colocação dos 50 Best Restaurants in the World. E claro que isso chamou a atenção dos japoneses. O chef Yamamoto, que era, até a última lista sair em abril, um pouco ignorado por seus pares, tornou-se um herói aos olhos dos jovens aspirantes à cozinha. Não é fácil quebrar as tradições da secular cozinha japonesa. Calma lá! Não esperem provetas, espumas e alimentos desestruturados. Yamamoto não envereda por esse caminho, e quem um dia já esteve no elBulli, de Ferran Adrià, vai atá achar que a cozinha do Ryugin é comportada e tradicional. Mas quem conhece bem a rigidez da cozinha tradicional notará que cada prato e cada técnica milenar japonesa foram reestudados, melhorados, e muitas vezes reinventados, resultando em outros sabores e texturas. Aqui vou falar de um prato que nunca comi melhor: a Unagi (enguia de água doce) presente no menu atual do restaurante só até setembro. Yamamoto escaneou o peixe para estudar a melhor maneira de cortá-lo sem deixar uma espinha sequer. O chef grelha o peixe, voltando o lado gorduroso para a brasa, conseguindo assim uma carne muito macia com a casca crocante e defumada. Difícil acreditar que seja o mesmo peixe viscoso com gosto de lodo de rio.Sob novas tecnologias, mas principalmente sob o efeito de sua sensibilidade, o chef Seiji Yamamoto faz uma cozinha um degrau acima da de seus colegas, atingindo o equilíbrio perfeito entre o tradicional e o moderno e representando a gastronomia japonesa do futuro.
Museu Ghibli Neste momento, o Japão quer ver coisas leves. Por isso, a exposição dos Estudios Ghibli está sendo um sucesso. Até o ano 2012, os artistas dessa “Disney Japonesa” fazem uma bela mostra que o povo do Sol Nascente gosta de ver. Hayao Miyazaki, o criador de sucessos como Meu vizinho Totoro, Nausicaa e a Viagem de Chihiro, é considerado um herói. Raramente visto na TV e bem menos ainda badalando nas noites da capital, quando Miyazaki aparece é sempre para denunciar alguma ação contra o meio ambiente ou para mobilizar a opinião pública para o restabelecimento de um córrego ou um pequeno bosque. A exposição de desenhos A Vista do Ônibus Gato mostra um pouco o Japão rural,aquele que não tem usinas nucleares nem uma população usando máscaras protetoras. A mostra é uma boa desculpa para conhecer esse museu um pouco fora do centro de Tóquio (Mitaka) e tem uma atmosfera encantadora. Ghibli Museum • 1-1-83 Simorenjaku, Mitaka-shi, Tokyo 181-0013. Das 10 às18 h, fechado às terçasfeiras. www.ghibli-museum.jp/en/
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P or V i v i a n c a r r e r e l i as FOTO: DAVID ATLAN
PARIS
LYFESTYLE EM PARIS Depois de uma longa busca pelo lugar perfeito para uma nova loja, a Rue Castiglione foi eleita para receber a CH Carolina Herrera. O ambiente elegante, de 300 metros quadrados, vai abrigar a CH, linha lifestyle da marca que foi idealizada pela herdeira Carolina Jr. e lançada em 2001. A ideia da grife é ir além da moda e abrigar todo o universo do luxo. A CH possui 70 lojas e mais de 150 pontos de venda em multimarcas de 16 países da Europa, Oriente Médio e América. Londres, Nova York e São Paulo são algumas dessas cidades. Mas Paris, convenhamos, é Paris.
FOTO: ANTOINE MANICHON
CH CAROLINA HERRERA • 10, Rue Castiglione, Paris – www.Carolinaherrera.Com
ESCULTURAS DE UM CATALÃO Miró Sculpteur pode ser um nome incomum para a exposição de um artista imensamente conhecido por suas pinturas. Mas a capital francesa resolveu homenagear um dos maiores artistas do século XX ao realizar uma mostra que revela outro lado de Joan Miró. No Musée Maillo, até o dia 31 de julho, estão expostas mais de 100 esculturas, 22 cerâmicas, um grande quadro a óleo e 19 obras sobre papel de sua autoria. A arte de esculpir, a que se dedicou durante a última metade de sua vida, resultou em peças rústicas e que lembram a estética primitivista. MIRÓ SCULPTEUR • Musée Maillo: 61, Rue De Grenelle, Paris
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GRANDE MODELO POR GRANDES FOTÓGRAFOS
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A modelo britânica Kate Moss é tema da exposição Kate Moss by the Biggest Photografers, na Gallerie de L’Instant. Com 37 anos, ela foi um dos maiores nomes da moda e uma das top mais bem pagas do planeta. Na mostra, é possível encontrar fotos tiradas por alguns dos maiores fotógrafos do mundo. Profissionais como Rankin, Paolo Roversi, Patrick Demarchelier, Richard Dumas e Mary McCartney clicaram diferentes momentos de sua vida, marcada por fama, dinheiro, beleza e alguns escândalos.
UM PALÁCIO, AGORA, OFICIALMENTE Desde que abriu as portas, em 2002, o Park Hyatt Paris-Vendôme vem sendo considerado um empreendimento especial, tendo recebido diversos prêmios. Sua localização excepcional, importância histórica, uma vez que a fachada pertenceu à antiga casa de alta-costura Paquin, e seu restaurante estrelado pelo Michelin deram ao Park Hyatt o título informal de “Palace Hotel”, designação usada no decorrer dos anos por muitos hotéis de Paris. Há um ano, porém, o governo francês resolveu transformar o conceito “Palace Hotel” em uma categoria oficial, estabelecendo critérios específicos e um júri de especialistas para avaliar os cinco estrelas parisienses. O Hyatt foi um dos nomeados como “Distinction Palace”, tornandose, oficialmente, muito mais que um cinco estrelas.
FOTO ACIMA: CÉCIL MATHIEU
KATE MOSS BY THE BIGGEST PHOTOGRAFERS • La Gallerie De L’instant: 46, Rue De Poitou, Paris. Até 14 De Setembro
PARK HYATT PARIS-VENDôME • 5, Rue De La Paix, Paris, vendrome.hyatt.com
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91 Com o serviço concentrado em um gestor a VNC garante eficiência, comodidade e segurança aos clientes
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onhecida por serviços exclusivos e especializados, a VNC busca sempre facilitar a vida dos seus clientes. É com esse objetivo que a empresa passou a oferecer uma gestão comercial centralizada para atender aqueles que desejam vender seus imóveis. A idéia é estabelecer um compromisso com o proprietário, que passa a contar com um gestor que irá intermediar a relação entre e os outros corretores de imobiliárias parceiras. Esse gestor se torna responsável por passar para os outros profissionais da área todas as informações do imóvel. “Assim, evitamos que o cliente precise lidar com muitos profissionais ao mesmo tempo e tenha de repetir várias vezes as mesmas informações”, explica o diretor Marcos Goggi. Outra função do gestor é informar sobre os melhores horários para as visitas ao imóvel, sem que elas atrapalhem a rotina do proprietário ou prejudiquem de alguma maneira o andamento do negócio. O agendamento das visitas sempre passa pelo responsável pela conta, o que garante mais segurança e menos traba-
lho ao proprietário. Além disso, esse gestor sempre dará um feedback ao cliente, seja positivo ou negativo, para deixá-lo sempre a par das opiniões dos possíveis compradores. “Mais do que uma gestão centralizada, a VNC oferece serviços exclusivos de consultoria, assumindo um comprometimento mais sério com as ações de venda”, explica Luciane Amarante, responsável pela Área de Relacionamento da VNC. A empresa tem muita responsabilidade ao recolher as informações que serão passadas aos clientes, pesquisando os diferenciais do imóvel, seu valor real de mercado e a idoneidade dos documentos. Além disso, a VNC estabelece uma estratégia de mídia direcionada para que a informação da venda chegue ao cliente comprador de forma eficiente e sem ruídos na hora da escolha da compra. As ações de mídia não são engessadas: são criadas para contribuir com a agilidade da informação de venda. Assim, a gestão centralizada sai do papel do mero discurso de mercado, ganhando transparência e voz proativa no sucesso da fidelização do trabalho.
Os serviços exclusivos e direcionados que a VNC Pronto Private oferece não têm custo aos clientes: • Open House: O gestor do imóvel realiza uma visita técnica previamente agendada com o proprietário para que os corretores autônomos de imobiliárias parceiras conheçam os diferenciais e detalhes da planta. Os imóveis de revenda são tratados como se fossem lançamentos.
comercial aos clientes, corretores autônomos e imobiliárias parceiras.
• Foto profissional: Feitas por fotógrafo profissional, as imagens, mais o descritivo do imóvel, são disponibilizados em CD, proporcionando uma visita virtual ao imóvel.
• Sistema de canal de TV interno: Imagens do imóvel serão divulgadas nas TVs internas nas agências, estratégia que permitirá à área comercial um conhecimento minucioso do negócio.
• E-mail MKT: A VNC envia newsletter ao banco de dados permanentemente atualizado da VNC Pronto Private, único no mercado imobiliário organizado de forma criteriosa: estratégia
• Segurança: A VNC oferece ao proprietário a lista dos corretores autônomos que prestam serviço à empresa, para garantir que só pessoas credenciadas sejam autorizadas a visitar o imóvel.
• Website: Destaque do imóvel nos sites da VNC Pronto (www.vnc.com.br); Inserção no website Associados Pronto Imóveis (www.pronto.com.br);
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LUIZ CERSOSIMO
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www.luizcersosimo.com.br Fotógrafo há 20 anos, Luiz Cersosimo é um especialista em observar – e clicar, claro – cidades, obras de arquitetura, paisagens urbanas e ambientes. Atualmente, sua paixão pelas capitais brasileiras é o motor de uma série de livros sobre esse tema. Esta foto registra um momento especial no Parque do Ibirapuera: com a Oca ao fundo, a luz do sol recortada pelas árvores rabisca traços geométricos no solo. A imagem faz parte da obra Arquitetura do Olhar. No site do fotógrafo, mais cliques no acervo Fine Art.
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