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Capítulo 1

A preservação dos bens culturais em um museu da área da Saúde

De forma a orientar melhor a leitura do e-book, apresentamos alguns fundamentos da área de Bens Culturais. A preservação dos bens culturais depende da relação entre o objeto e a memória, seja ela coletiva, seja individual, estabelecendo um vínculo entre o homem e o tempo histórico em que viveu, resgatando e preservando tanto a reminiscência como a necessidade de autoconhecimento. Jacques Le Goff (1990) considera a imortalização da memória uma combinação de documentos ou monumentos históricos, em que podemos incluir objetos museológicos. Os artefatos podem preencher lacunas da memória, representando o desenvolvimento e os conceitos estéticos e sociais da época de sua utilização, colaborando para a compreensão dos fatos. De acordo com a Constituição Federal de 1988, no Artigo 216, é conceituado patrimônio cultural como sendo os bens:

“de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira” (Constituição Federal, Art. 216).

Dessa maneira estão salvas as

“formas de expressão, os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas; as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artísticoculturais; os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico” (IPHAN, 2014).

Para isso, é necessário e importante que acervos museológicos e particulares sejam preservados, conservados, estejam inventariados e tenham fácil acesso para comunidades e pesquisadores. Com a finalidade de que o acervo seja seguro, isento de riscos e possa servir de apoio para a comunidade, a implementação de programas para cuidar dos objetos que a compõem é necessária e pode ser entendida como uma combinação de todas as ações destinadas à preservação. Segundo o Dicionário IPHAN, a preservação é associada à gestão prática (Sant’Anna, 2015), que pode ser compreendida como política, um conjunto de ações administrativas voltadas a proteger e a salvaguardar os bens culturais.

Começa com a atribuição de valor e tem continuidade na implementação de ações que visam proteger o bem, incluindo, entre outras coisas, a identificação, o inventário, a gestão e até mesmo o controle da temperatura, do manuseio, do acondicionamento, do transporte e da exposição. É a junção da conservação, da higienização e da restauração. A conservação, por outro lado, busca retardar ou inibir a ação temporal e a não preservação, exigindo uma série de intervenções físicas diretas, tratamentos mecânicos ou químicos que possam ser necessários e, em alguns casos, ambos. Inclui a higienização, que é a eliminação máxima de sujidades extrínsecas presentes em uma obra, desde que isso não prejudique a sua estrutura (Conservar Patrimônio, 2007).

Esse procedimento é necessário, com frequência sistemática, para garantir o monitoramento do estado de conservação e possível ataque biológico. Assim, quando uma obra está em preocupante estado de conservação, a restauração se torna imprescindível e age profundamente, mas ainda assim respeitando ao máximo a originalidade, a integridade e as características do bem. As intervenções podem ser químicas, estruturais, estéticas, de desinfestação e, se preciso, de pequenos reparos para manter o objeto o mais próximo possível do original e deve ser feita sempre por um especialista da área.

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