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Acondicionamento x armazenamento

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Capítulo 1

Capítulo 1

O acondicionamento é a colocação de objetos sensíveis ou que necessitam de cuidados para manter sua integridade em recipientes adequados e livres de substâncias que possam influenciar em sua degradação, enquanto o armazenamento é o fato de guardar objetos no local adequado, inclusive em caixas de acondicionamento.

O contato com materiais instáveis pode ter origem no ambiente do acervo por meio do uso de produtos inadequados para higienização ou mesmo pela aplicação de vernizes, adesivos, tintas e outros produtos que produzem gases que colaboram no processo de deterioração dos objetos. Além disso, agentes internos que constituem sua formação ou ao qual foi exposto durante sua fabricação podem interferir de acordo com seu estado de conservação e acondicionamento. Quando lidamos com suporte em papel, por exemplo, precisamos ficar atentos à tinta utilizada para escrever o documento, podendo conter componentes que a longo prazo podem ocasionar danos ao material. A tinta ferrogálica, por exemplo, é constituída da combinação de ácido gálico com sulfato de ferro, sendo insolúvel em água e instável quimicamente, favorecendo a deterioração dos documentos.

Para evitar instabilidades, além de manter o acervo higienizado com produtos adequados e o ambiente com boa ventilação, mantendo o ar sempre limpo, filtrado e com UR controlada, é necessário um cuidado com o acondicionamento dos objetos. Usar sempre caixas de plástico corrugado ou de papelão micro-ondulado, desde que forrado com papel alcalino de pH neutro, envelopes livres de ácido ou filme de poliéster conforme a necessidade (MELLO e SANTOS, 2004). Para melhor compreensão dos fenômenos de acidificação e demais termos químicos pertinentes à area, recomendamos a leitura da publicação: Química aplicada à Conservação e Restauração de bens culturais: uma introdução, do Prof. Dr. João Cura D’Ars Figueiredo Júnior, publicado em 2012.

Grande parte dos problemas de armazenamento decorre das más condições construtivas, da distribuição dos objetos no acervo e do acondicionamento inadequado. Assim como a dissociação se refere à desorganização de sistemas, levando à perda de objetos, de dados e de informações relevantes para as coleções, tal como a dificuldade de associar informações a objetos. Ao distribuir o acervo no edifício, deve-se cuidar para que não fique próximo a áreas úmidas, como copa, cozinha, poço de elevador e banheiros, evitando o risco de infiltração e infestação de insetos e roedores. Devese evitar que instalações hidráulicas sejam expostas e manter o hábito de verificar periodicamente sinais de problemas nos ambientes.

As estantes precisam ficar afastadas das paredes para melhorar a ventilação e facilitar o acesso à higienização. É fundamental: planejar a distribuição do acervo e a proteção de entradas diretas da luz solar; verificar e substituir etiquetas e rótulos sempre que estiver com sinais de deterioração, evitando o extravio de informações; cuidar da recolocação inadequada de objetos e livros após o uso; prever o compartilhamento de informações de funcionários com previsão de aposentadoria; atualizar hardwares para acesso legível de informações e backups de segurança do inventário e registros referentes às coleções (SPINELLI; PEDERSOLI, 2010).

É de extrema necessidade que, além da higienização preventiva e da organização, o acervo possa contar com o acondicionamento adequado, com espaços e passagens amplas, mantendo todos os acessos facilitados à higienização. É essencial a presença de mobiliários específicos, como armários metálicos para esculturas, arquivos de pastas suspensas ou deslizantes para documentos, livros e processos e mapotecas de aço verticais ou horizontais para grandes documentos ou tubos com tampa.

Recomendam-se caixas de polionda de gramatura 500g nas cores branca, cinza, prata ou transparente, para maior resistência e organização documental. Caso seja necessário o armazenamento em caixas de papelão microondulado, elas devem estar forradas internamente com papel alcalino ou de pH neutro, evitando que a acidez do papelão seja transferida. Para pastas, o ideal é papelcartão, papelão forrado com papel de pH neutro ou de polionda; no caso de documentos grandes em tubos ou material aberto, é recomendado que sejam protegidos com filme de poliéster (SPINELLI; BRANDÃO; FRANÇA, 2011). No capítulo a seguir, abordaremos os agentes de deterioração dos bens culturais.

Capítulo 2

Agentes de deterioração

garantindo sua preservação e acesso aos cidadãos”

(IBERMUSEUS; ICCROM, 2017). São eles: forças físicas, criminosas, fogo, água, pragas, poluentes, luz, temperatura inadequada, umidade relativa do ar inadequada e dissociação.

Em relação aos desastres naturais e guerras, pontuamos que a segurança em museus é um conjunto de medidas destinado à proteção física do acervo, das pessoas que ali trabalham e do edifício onde ele está instalado. A salvaguarda do patrimônio são medidas aplicadas para proteger a cultura de uma civilização de ameaças decorrentes de ações intencionais ou acidentais, derivadas das ações do homem ou da natureza. Deve ser considerada a conservação preventiva, a segurança do trabalho, segurança contra incêndios, segurança da informação e do patrimônio. Recomenda-se estabelecer prioridades dentro do gerenciamento de riscos e um Plano de Emergências (IBERMUSEUS; ICCROM, 2017).

Em uma abordagem breve, pontuamos neste capítulo os agentes de deterioração, de forma a contextualizar as ações de conservação e as atividades educativas realizadas durante o projeto da ChimicArte com o MHMPR, em 2022. Para a escrita deste capítulo, utilizamos como referência principal o Plano de Gerenciamento de Riscos: salvaguarda & emergência, da Biblioteca Nacional, de autoria de Jayme Spinelli e José Luiz Pedersoli Jr.

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