Luteranos no Brasil: comunidades no Sínodo Paranapanema
Ficha catalográfica
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
L u t e r a n o s n o B r a s i l : c o m u n i d a d e s n o S í n o d o P a r a n a p a n e m a . - - 1 . e d . - - C u r i t i b a , P R : F a r o l d o s R e i s : S í n o d o P a r a n a p a n e m a , 2 0 2 4 .
V á r i o s c o l a b o r a d o r e s .
B i b l i o g r a f i a .
I S B N 9 7 8 - 8 5 - 6 9 1 2 6 - 1 7 - 1
1 . I g r e j a E v a n g é l i c a d e C o n f i s s ã o L u t e r a n a n o
B r a s i l 2 . I g r e j a s l u t e r a n a s - B r a s i l - H i s t ó r i a
3 . V i d a c r i s t ã - A u t o r e s l u t e r a n o s .
2 4 - 2 3 0 4 6 6 C D D - 2 8 4 . 1 8 1
Índices para catálogo sistemá tico:
1 . B r a s i l : I g r e j a s L u t e r a n a s : H i s t ó r i a 2 8 4 . 1 8 1
A l i n e G r a z i e l e B e n i t e z - B i b l i o t e c á r i a - C R B - 1 / 3 1 2 9
Ilustração da Capa: Aquarela da primeira Igreja Luterana Evangélica de Curitiba, por Hugo Calgan, Século XIX. Retirada da obra Pintores da paisagem paranaense, editada por Cassiana Lacerda.
Ilustração da Guarda: “Sermão de Martinho Lutero” detalhe de um retábulo (1547) de Lucas Cranach, o Velho (14721553), na Igreja Santa Maria em Wittenberg.
Coord. Sinodal de Educação Cristã Contínua: Marilda Kirchof
Coord. Sinodal de Diaconia: Elizabeth Flemming
Conselho Sinodal de Música: Luciano Ferreira
Conselho Sinodal da Juventude
Evangélica: Stephanie Corcini Blum
Representante Sinodal da Obra Gustavo Adolfo (OGA) : P. Jefferson Schmidt
Associação Sinodal da Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas (OASE)
Presidente: Wilma Devantier
Produção de Conteúdo
Conselho Sinodal de Comunicação:
Pastor Nilton Giese (coordenador)
Elizabeth Flemming
Pastora Roana Clara Gums
Pastor Daniel Euclésio Rovieri do Nascimento
Missionário Ricardo Neumann
Coordenação e produção editorial
Núcleo de Mídia e Conhecimento
Editor
Fábio André Chedid Silvestre
Projeto gráfico e diagramação
Danielle Dalavechia Chedid Silvestre
Revisão Gramatical
Juliana Maria Gusso Rosado
Elizabeth Flemming
Imagens
Sínodo Paranapanema
Cada Comunidade/Paróquia foi motivada pelo Conselho Sinodal de Comunicação a fazer o resgate de sua história. Nesse sentido, muitas pessoas foram envolvidas, entre ministros e lideranças. Aos poucos, todas as Comunidades foram coletando e organizando esse material que, posteriormente, foi repassado para o Conselho Sinodal de Comunicação para organização e verificação com vistas à produção do livro.
A coordenação e produção editorial ficou sob a responsabilidade do Núcleo de Mídia e Conhecimento (NMC), parceiro no Projeto 200 anos de Presença Luterana – Sínodo Paranapanema.
Sumário
21 1 REGIÃO SUL
23 1.1 Paróquia Cristo Redentor (Curitiba)
31 1.2 Comunidade Luterana Igreja de Cristo (Curitiba)
35 1.3 Paróquia de Confissão Luterana Campos de Lapa
39 1.4 Paróquia Norte de Curitiba
53 1.5 Paróquia Castelo Forte em Pinhais
59 1.6 Paróquia Cristo Salvador (Curitiba)
67 1.7 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Bom Pastor (Curitiba)
72 1.8 Comunidade Evangélica Luterana Melanchton (Curitiba)
75 1.9 Comunidade Luterana da Cruz (Curitiba)
79 1.10 Comunidade Nova Esperança (Curitiba)
84 1.11 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Concórdia (São José dos Pinhais)
88 1.12 Comunidade Evangélica Luterana no Litoral Paranaense (Paranaguá)
91 1.13 Comunidade Evangélica Luterana em Araucária – CELAR
92 1.14 Comunidade da Consolação (Curitiba)
94 1.15 Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba – União Paroquial (CELC-UP)
97 2 REGIÃO CENTRO
98 2.1 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Novo Horizonte (Palmeira)
106 2.2 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Bom Pastor (Ponta Grossa)
111 2.3 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Castro
119 2.4 Paróquia Luterana das Araucárias (Irati)
131 2.5 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana
Cachoeira (Entre Rios – Guarapuava)
135 2.6 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Monte Alegre (Telêmaco Borba)
138 2.7 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana
Trindade (Guarapuava)
143 3 REGIÃO NORTE E OESTE
145 3.1 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Assis–SP
150 3.2 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Rolândia–PR
154 3.3 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Presidente Venceslau-SP
157 3.4 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Campo Mourão-PR
165 3.5 Comunidade Evangélica Luterana em Marília-SP
172 3.6 Comunidade Evangélica Martin Luther (Ivaiporã-PR)
174 3.7 Comunidade Evangélica Luterana em Londrina-PR
178 3.8 Comunidade Evangélica Luterana em Maringá-PR
180 3.9 Comunidade Evangélica Luterana em Araçatuba-SP
182 3.10 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana
Apresentação
por Alfredo Jorge Hagsma – Pastor Sinodal
Rosane Pletsch – Vice Pastora-Sinodal
“Nunca esqueçam o Senhor, nosso Deus..., tomem cuidado para não ficarem orgulhosos e esquecerem o Senhor, nosso Deus, que os tirou do Egito. Portanto, não pensem que foi com sua própria força e com o seu trabalho que vocês conseguiram todas essas riquezas. Lembrem do Senhor, nosso Deus, pois é ele quem lhes dá força para poderem conseguir riquezas...” (Deuteronômio 8)
Com essas palavras, Moisés alertou o povo hebreu antes de tomar posse da terra prometida, Canaã. Para não ser tomado pelo orgulho ou por qualquer outro sentimento de autossuficiência, Moisés deixa bem claro que toda força vem de Deus. Assim podemos ler em muitos Salmos: “O Senhor é a minha força e o meu escudo; com o todo o coração eu confio nele. O Senhor me ajuda...” (Sl 28.7), ou seja, toda conquista do povo de Deus precisa ser vista como conquista com Ele. É nessa perspectiva que as Comunidades cristãs continuam se reunindo, pois sabem que uma pessoa sozinha, isolada, não é capaz, mas a vida em cooperação, em Comunidade, tem mais força e é algo próprio da fé. E Deus mesmo motiva para o encontro quando Jesus diz: “Porque, onde estiverem 2 ou 3 reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18.20).
É nesse sentido que, como Sínodo Paranapanema, queremos contar a narrativa de nossas Comunidades. Não se trata de uma história de esforços, conquistas e lutas somente de pessoas, também, e especialmente, de pessoas e Comundiades que confiaram em Deus. Todas as Comunidades foram erguidas e edificadas a partir da vida de fé e, assim sendo, são dádivas divinas. É o próprio Deus, por meio da ação do Espírito Santo, que constrói Comunidades. Assim foi no passado, é no presente e será no futuro.
Este ano estamos comemorando 200 anos de Presença Luterana contínua no Brasil, isto é, desde o surgimento das primeiras Comunidades fundadas em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, e São Leopoldo, no Rio Grande do Sul. No Sínodo Paranapanema não há Comunidades com 200 anos, a mais antiga completa 158 anos neste ano, mas é claro que o motivo da celebração e da gratidão também é nosso. Uma Igreja com Comunidades bicentenárias, e muitas outras mais que centenárias, não se mantém por forças próprias, portanto, sem dúvida, é a presença divina, através de pessoas, que possibilita tamanha graça.
Contar a história de nossas Comunidades é, antes de tudo, testemunhar um relacionamento que deu certo. A parceria entre Deus e as pessoas, Criador e criatura, sempre dá certo quando o Criador conduz e a criatura em fé se deixa conduzir. Convidamos os leitores e leitoras para que as histórias registradas neste livro sejam lidas por esta perspectiva: história do povo de Deus e do povo com Deus. Boa leitura!
O Sínodo Paranapanema
por Alfredo Jorge Hagsma
– Pastor Sinodal
O Concílio Geral Extraordinário realizado em fevereiro de 1997, na cidade de Ivoti, no Rio Grande do Sul, aprovou a nova Constituição da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), dando origem a 18 Sínodos, marcando, assim, a reestruturação da IECLB – que já não seria mais organizada por Regiões Eclesiásticas, mas, sim, por Sínodos.
As primeiras Assembleias Sinodais Constituintes foram realizadas em 1997, foi o ano da transição. Portanto, no ano da celebração dos 200 anos de Presença Luterana no Brasil, os Sínodos completam 27. Uma experiência relativamente nova, se comparada com os 2 séculos de história da Igreja no Brasil.
O Sínodo Paranapanema, com sede em Curitiba (Rua Treze de Maio, 928), é um dos 18 Sínodos que compõem a IECLB. De acordo com os dados estatísticos (ano base 2022), o Sínodo Paranapanema reúne 15.328 membros (pessoas batizadas) congregados em 60 Comunidades e 30 Paróquias e/ou Comunidades com função paroquial. A extensão geográfica do Sínodo Paranapanema vai do litoral paranaense, região metropolitana de Curitiba (região Sul), região central (região centro) e norte do PR, região noroeste de SP até Três Lagoas no Mato Grosso do Sul (região norte). O Rio Paranapanema, que faz a divisa dos estados do Paraná e de São Paulo dá nome ao Sínodo.
SÍNODO – palavra grega
Sin= juntos. odos= a caminho; “juntos a caminho”
"Sínodo" significa “juntos a caminho” ou “caminhar juntos”.
Comunidade: local onde as pessoas congregam, encontram-se.
Paróquia: é formada por várias
Comunidades na mesma região geográfica, tem função administrativa, de gestão.
Comunidade com função paroquial: é uma Comunidade que não está ligada a outra Comunidade para formar uma Paróquia e por isso ela, além de congregar pessoas, tem a função administrativa.
Mapa: Portal Luterano.
Mapa: João Pedro Waskow Hagsma
Obs: Cidades sedes das Paróquias/Comunidades com função paroquial.
Mapa: João Pedro Waskow Hagsma
Sobre a Logomarca
A logomarca do Sínodo Paranapanema é inspirada no modelo da IECLB, que, por sua vez, tem como pano de fundo os pilares do Palácio do Planalto, sede da Presidência do Brasil. Assim fica marcado que somos Igreja no Brasil. Em seu meio se observa o globo terrestre e sobre ele a cruz, significando que como pessoas cristãs vivemos e atuamos neste mundo, orientados pelos valores do Evangelho. Em torno do globo, observam-se pessoas em movimento e de mãos dadas, apontando para a importância da vida comunitária e o caminhar na mesma direção, isto é, em direção ao Reino de Deus. As mãos dadas simbolizam, também, a diaconia e a solidariedade, que é uma das marcas essenciais das pessoas cristãs em todos os lugares. Assim, o Sínodo Paranapanema e suas Comunidades desejam ser espaço de promoção de vida comunitária alicerçada nos ensinamentos do Evangelho, a partir dos quais se busca por orientação, transformação de vidas e mudança da realidade onde estamos inseridos e, não por último, de anúncio da graça da salvação em Cristo Jesus.
luteranos.com.br ieclboficial
“Eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” 2024 Mateus 28.20b
Irmãos e irmãs em Cristo!
Em Êxodo 13.21 lemos: O Senhor ia adiante deles, durante o dia, numa coluna de nuvem, para guiar pelo caminho; durante a noite, numa coluna de fogo, para os iluminar.... Nesta passagem encontramos o relato sobre como Deus acompanhou seu povo na saída da terra da escravidão, em direção à terra que mana leite e mel, um lugar novo, de vida e bênçãos, sem opressão e escravidão.
Em 2024 a IECLB celebra, com gratidão e alegria, o jubileu dos 200 anos de Presença Luterana no Brasil. Este é um tempo de rememorarmos o caminhar de Deus ao lado do povo, homens e mulheres de fé evangélico-luterana, que chegaram no Brasil em busca de melhores condições de vida para suas famílias, em busca de terra, para nela viver e produzir. Celebrar este jubileu equivale a demonstrar respeito com os que nos antecederam; gratidão a Deus e confiança frente aos desafios que a Igreja tem no porvir.
A iniciativa do Sínodo Paranapanema em reunir, neste ano de jubileu, elementos da história das comunidades que integram o Sínodo, é uma iniciativa louvável. Cada povo e cada grupo social têm a necessidade de conhecer os caminhos que trilhou, os desafios que venceu. Conhecer a sua história, registrá-la para a posteridade e, a partir deste processo, avaliar por quais caminhos a Igreja e suas Comunidades irão caminhar, é uma ação afirmativa e de identidade. A história da IECLB merece ser brindada com iniciativas como a deste livro, pelo qual a Presidência da IECLB expressa gratidão ao Sínodo Paranapanema.
A promessa de Deus, como visto em Êxodo 13.21, é caminhar ao lado do povo frente a seus desafios, oportunidades, bênçãos e alegrias. Neste ano jubilar, a IECLB tem como Tema: IECLB. Igreja de Jesus Cristo, e o Lema Bíblico afirma: Eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos (Mateus 28.20). Celebrar com júbilo, gratidão e alegria os 200 anos de presença lute rana no Brasil é, antes de tudo, expressão de fé e confiança na promessa de Jesus, ou seja, de que ele estará conosco todos os dias. Confiemos nessa maravilhosa promessa e sirvamos com alegria!
Porto Alegre, agosto de 2024.
Prefácio
por Pastor emérito Johann F. Genthner
Paróquias e Comunidades de todas as regiões do Sínodo Paranapanema resgataram parte da sua história para registrá-la neste livro. Isso é muito interessante. Quantos detalhes não vão aparecer? Veja um exemplo da Comunidade Concórdia, de São José dos Pinhais: no dia do lançamento da pedra fundamental, na Rua Joinville, compareceu tão pouca gente que o Presidente da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba – União Paroquial (CELC-UP) na época perguntou: “Vamos transferir este ato para mais tarde ou vamos cancelar o lançamento da pedra fundamental?”. O pequeno grupo decidiu, então, manter a cerimônia.
Para os membros das Comunidades, isso significa se conscientizar de sua história como Comunidade Luterana vinculada à IECLB. Junto à presença luterana em nossa cidade, em nosso estado ou país, com o trabalho tradicional, muitas iniciativas novas foram colocadas em prática; mas nem todas com bom êxito. Passos corajosos foram dados por parte de ministros e ministras e dos membros engajados em assumir a missão de Deus neste mundo. Como pastor ativo nesta caminhada, fui convidado a contar como iniciei a missão em Curitiba, no Setor Sul. Foi assim:
Em dezembro de 1978 viemos, de mudança, de Pirabeiraba – SC, para assumir o Setor Sul de Curitiba. Nessa área, havia 2 grupos de trabalho (ainda não eram Comunidades), no bairro Hauer e no Boqueirão, e um grupo de estudo bíblico em São José dos Pinhais. Recebi da CELC uma lista de 80 famílias. Menos da metade delas não queria se ligar ao Setor Sul de Curitiba nem à nossa Igreja. No bairro Hauer, tinha uma capela (Capela da Cruz), uma sala de reuniões para os grupos de trabalho e para a Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (OASE), e uma residência para o caseiro. No bairro Boqueirão, também tínhamos uma capela (Capela Melanchton), um pequeno salão, um grupo de OASE e uma casa onde morava uma família. No início, nós moramos numa casa alugada da família Johannes Blümel. A participação nos cultos girava em torno de 5 a 8 pessoas. Muito pouco, se considerarmos a extensão da área do Setor Sul de Curitiba, que abrangia o município de São José dos Pinhais e os seguintes bairros de Curitiba: Boqueirão, Hauer, Fanny, Xaxim, Vila São Pedro, Jardim Paranaense, Bairro Novo, Sítio Cercado, Pinheirinho, Uberaba, Guabirotuba, Parolin, Cajurú – até a linha do trem – e região da CEASA. A maioria das ruas próximas à região onde morávamos era cortada por riachos e córregos, sendo essa área o nosso ponto de partida para a missão.
Na época, a vida eclesiástica era centralizada no Centro de Curitiba, na Comunidade Cristo Redentor, na Rua Trajano Reis, 199. Houve uma campanha chamada Mordomia, que tentava reunir famílias luteranas nos bairros. O caminho até o Centro era longo, e quem tinha carro ia, com facilidade aos cultos na Comunidade Cristo Redentor.
Era necessário, de fato, abrir novas frentes de missão em Curitiba. E, em janeiro de 1979, nos perguntávamos: onde e como iniciar? Não havia casamentos nem batismo, nem confirmações, nem falecimentos que oportunizassem o contato com os membros. Um colega me aconselhou a ir até uma farmácia e comprar calmante para aguentar a solidão. Ele não via perspectiva de trabalho nem de futuro. Comecei a visitar as famílias que constavam na lista que recebi da CELC–UP. Passei a ser visto como um líder de Igrejas pentecostais ou até mesmo de seitas. Precisei de um tempo para me acostumar a um trabalho missionário com tantas dificuldades. Os membros que vinham aos cultos na Melanchthon e na Cruz não queriam se envolver e se justificavam com a rotatividade dos pastores, que vinham e, pouco tempo depois, iam embora. Com essa situação, senti a minha própria fé sendo desafiada e provocada, então me dediquei a um tempo de reflexão, meditação e estudo da Bíblia. Estudei, também, a situação da cidade de Curitiba, sua geografia, história e população. Na época, o Boqueirão era visto como trampolim para famílias que vinham dos estados do Sul e tentavam fixar residência em Curitiba. Dessa forma, encontrei muitos migrantes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, assim como eu e minha família também éramos.
Cheguei à conclusão de que deveria insistir nas visitas aos membros que constavam na lista e, a partir dessas pessoas, conhecer a vizinhança e o parentesco entre eles. Muitas vezes, ao meio-dia, dava uma volta de bicicleta para ver onde havia um funeral e me oferecia para celebrar uma cerimônia de despedida no cemitério. Constatei que o talar causava estranheza, porém, a conversa antes e depois do enterro me ajudou a encontrar membros luteranos. Entre estes conheci muitos que,em pouco tempo, se transformaram em líderes importantes. O contato, cada vez maior, com essas pessoas, foi animador. Na mesma época, surgiu um trabalho temporário num orfanato no bairro Xaxim, onde conheci muitas pessoas e pude ampliar contatos. Quando, finalmente, consegui reunir os primeiros quatro confirmandos, fiquei aliviado e feliz e pensei: “Acho que agora podemos começar a caminhar”. Foi com esses adolescentes que criamos um primeiro grupo de jovens. Também passei a oferecer “horas bíblicas” nos lares. Pouco a pouco, os membros que frequentavam os cultos começaram a confiar em nossa missão. O trabalho para estabelecer e fortalecer as Comunidades (da Cruz, Melanchthon, São Mateus e Concórdia, em São José dos Pinhais) nos custou de 6 a 8 anos de dedicação intensa. Incentivamos e capacitamos os membros para a liderança nas atividades comunitárias e, a partir dessa formação, surgiram grupos como, por exemplo, de orientadores do culto infantil, de grupos de casais, o grupo de jovens GAMA, o presbitério, além de outros tantos colaboradores.
Durante as visitas, eu já sondava pessoas com perfil para serem contatos da Igreja e, assim, comecei a formar núcleos espalhados pela região do Setor Sul de Curitiba. Chegamos a ter 36 núcleos. Com essas lideranças fazíamos reuniões mensais, nas quais realizávamos levantamentos das pessoas carentes de algum atendimento (doenças, pobreza, conflitos de relacionamento ou outros problemas) e tínhamos uma noção da realidade à nossa volta. Com isso, tínhamos informações importantes para preparar visitas ou para alguma iniciativa comunitária, como a ação que desenvolvemos num domingo de Advento: depois de várias reuniões de preparo, organizamos um mutirão para a entrega de um boleto, de um cartão-postal de Natal e de folhetos da Igreja. Formamos duplas de visitação e, para cada uma, havia uma lista de endereços dos membros a serem visitados. No final do dia, todos os visitadores se reuniam na capela da Cruz para um livre depoimento. Essa partilha, antes de ir para casa, era indispensável – quanta informação valiosa os visitadores nos davam! O evento era encerrado com um momento de oração.
Paciência, empenho e dedicação foram fundamentais para que, junto de muitas lideranças voluntárias, conseguíssemos dar sustentação à Paróquia Sul, hoje desmembrada em várias Comunidades, que, com todas as Comunidades e Paróquias do Sínodo, contam suas histórias, em palavras e imagens, nas páginas a seguir.
Foto: Pastor Karl Frank
“A criação toda é o mais belo livro da Bíblia, onde Deus se inscreveu e desenhou."
(Martin Luther)
1 REGIÃO SUL
1.1 Paróquia Cristo Redentor
(Curitiba)
Em 1975, a Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba (CELC), até então a única Paróquia na cidade, passou por um processo de desmembramento geográfico e administrativo, e seus membros foram realocados em 5 Paróquias, ligadas em união paroquial (CELC-UP).
A área central, onde já existia o templo histórico da Igreja do Redentor/ Colégio Martinus (na Rua Trajano Reis) e a Igreja de Cristo (na Rua Inácio Lustosa), passou a se chamar Paróquia Cristo Redentor. Aquela foi uma época de transição, com profundas tensões e muitas mudanças, além, é claro, da perda de muitos membros que não concordaram com a sua formação.
No ano de 1979, surgiram, na Comunidade do Redentor, dois novos grupos: o Grupo de Jovens CATIVAR e o Grupo de Adolescentes para Cristo da Igreja Luterana (APCIL), como frutos do trabalho de Friendereich Zwiener (Tante Fiddi), do Pastor Bruno Gottwald e de mais algumas lideranças daquela época. Vários desses jovens e adolescentes passaram por um avivamento e despertamento missionário, o que levou muitos deles a cargos de liderança na própria Comunidade do Redentor e em outras Comunidades e Paróquias da região. A atuação deles também foi marcante em várias agências missionárias, como a Mocidade para Cristo (MPC), a Aliança Bíblica Universitária (ABU) e os Atletas de Cristo.
No final do ano de 1981, o Pastor Bruno se transferiu para Blumenau (SC), e em seu lugar assumiu o Pastor Remy Hofstätter, que, no início, foi auxiliado pelo Pastor Werner Fuchs e pelo obreiro Eurico Schoernard.
Nessa época, a jovem liderança do Grupo Cativar e mais alguns membros da Comunidade decidiram formar uma chapa para concorrer ao novo Presbitério da Paróquia. Contrários a uma chapa formada basicamente por jovens, os presbíteros em exercício conseguiram anular o resultado de duas eleições. Na terceira eleição, todavia, a própria Comunidade reconheceu o grupo de jovens como novos líderes e eles puderam, então, assumir a gestão comunitária.
No final de 1986, o Pastor Remy se transferiu para Joinville (SC). Em janeiro do ano seguinte, a IECLB enviou um pastor recém-formado, Rui Petry, para ajudar na Paróquia até que se contratasse um pastor definitivo. A Comunidade decidiu pela permanência do Pastor Rui, que foi homologada pela direção da IECLB e, assim, houve continuidade no trabalho, marcado por uma série de mudanças. A nova forma de pensar, planejar e executar as ações provocou um crescimento significativo na frequência aos cultos e nos grupos existentes na Redentor. O empenho e o comprometimento de todos – presbitério, pastores e demais lideranças – fizeram com que a Comunidade crescesse em número de membros e em recursos financeiros.
Com o resultado positivo das mudanças, pouco tempo depois, foi contratado o Pastor Egon Lohmann para o segundo pastorado e, logo em seguida,
em setembro de 1990, o Pastor Jacson Homero Eberhard, para o terceiro pastorado. Ligados ao Movimento Encontrão, os dois pastores adotavam uma linha teológica alinhada ao pensamento das lideranças jovens, agora presbíteros.
Com esses ministros e mais alguns obreiros, formou-se a equipe ministerial que passou a coordenar as diversas áreas e ministérios da Comunidade, dando-se ênfase ao trabalho entre jovens e adolescentes, Ensino Confirmatório, Escola Dominical e formação de novas lideranças.
No início dos anos 1990, passou a ser celebrado, à noite, um segundo culto dominical, conduzido por jovens que procuravam um espaço de adoração mais contextualizado.
Em 1993, o Movimento Encontrão iniciou uma escola de formação teológica em Curitiba: o Centro de Pastoral e Missão (CPM). E, com apoio da Comunidade do Redentor, passou a desenvolver projetos conjuntos.
Em maio de 1994, uma grande festividade, em comemoração aos 100 anos de construção do templo da Igreja do Redentor, reuniu lideranças das diferentes Comunidades da cidade e de outras Igrejas também.
Em meados dos anos 1990, com um remanejamento interno das atividades ministeriais, o Pastor Rui Petry começou a desenvolver um trabalho com os universitários de Curitiba, em parceria com a CELU.
Em 2001, com a mudança do Pastor Rui para Florianópolis (SC), Celso Misfeldt, que foi presidente da Paróquia e líder ativo entre os jovens, foi contratado como novo obreiro em funções pastorais. Mais tarde, tendo concluído o curso de Bacharel em Teologia pelo CPM, o Missionário Celso foi designado pela IECLB como novo ministro da Paróquia Cristo Redentor de Curitiba.
Entre o final da década de 1990 e dos anos 2000, foi iniciado um trabalho evangelístico e diaconal na Comunidade do Redentor com pessoas carentes, que se dirigiam à Comunidade para pedir todo tipo de ajuda. A constatação de que a maioria dessas pessoas era proveniente de Almirante Tamandaré, região metropolitana de Curitiba, fez com que a Comunidade decidisse alugar um espaço lá mesmo, em Almirante Tamandaré, para melhor atender a população em suas necessidades.
Esse projeto, de cunho social, liderado pelo obreiro Marlon Passos, e que contou com a ajuda de muitos voluntários (entre eles, Rosângela Bieberbach), cresceu e acabou dando origem a uma Comunidade, à qual foi dado o nome de “Comunidade de Jesus”. Com a oferta de contraturno escolar sob o nome de Projeto Dorcas, a iniciativa passou por várias reformulações e, em 2008, com a contratação de Darclê Susan Westphal da Cunha, foi reestruturada a partir de uma visão de desenvolvimento social. Hoje, tendo Darclê como Diretora e uma equipe multidisciplinar, o Projeto Dorcas atende cerca de 300 crianças e adolescentes por dia. Em 1999, foi oficialmente instalada, no bairro Campina do Siqueira, a Comunidade Monte Moriá, atendida pelo Missionário Celso Misfeldt, em tempo parcial até 2008, e, em tempo integral, a partir do ano seguinte.
Com a aposentadoria do Missionário Celso, o Missionário Airton Palm assumiu a Comunidade Monte Moriá. Airton também está à frente da Comunidade Vivenda, projeto resultante de um movimento de “plantação de Igreja” da Comunidade do Redentor, iniciado no segundo semestre de 2018. Com um trabalho ainda incipiente, esse projeto foi afetado pela pandemia da Covid19 e só foi retomado em agosto de 2022, com endereço e horário diferentes, assim como boa parte do público envolvido era diversa também.. O que não mudou nesse movimento, que expressa parte da teologia e missiologia da Redentor enquanto Comunidade de Cristo, é o chamado para cativar pessoas que hoje são conhecidas como "desigrejadas".
No final da década de 1990, a Comunidade contratou uma jovem estudante de teologia, Lúcia Helena Klug, que se dedicou ao trabalho com mulheres e ao aconselhamento.
O Pastor Jacson Homero Eberhardt, com seu principal dom, o ensino, acompanhou vários grupos de estudos e implementou o Curso Alpha, que se tornou porta de entrada de novos membros e reavivou outros tantos, que estavam apáticos quanto à própria fé. Ele também era responsável pelo culto da manhã, que tem como perfil, ainda hoje, a manutenção da liturgia tradicional. A partir de dezembro de 2009, P. Jacson foi pastorear uma Comunidade na cidade de Florianópolis-SC, retornando à Comunidade do Redentor de Curitiba em 2019.
O Pastor Egon Adolfo Lohmann, mesmo atendendo, desde 1999 e de forma integral, o trabalho pastoral na Comunidade de Cristo (Igrejinha), auxiliou a equipe ministerial da Comunidade do Redentor na área de poimênica, nas visitas, nos ofícios de sepultamento e em alguns cultos. Em 2007, ele se aposentou, sendo desligado do quadro de ministros da Paróquia Cristo Redentor.
Em 2002, a Comunidade do Redentor convidou, para entrar no seu quadro de ministros, o Pastor Marcos Antonio da Silva, o primeiro pastor na história da Comunidade sem sobrenome alemão. O trabalho com os jovens, então liderado por Enio Osterberg, assim como o culto da noite, passaram a ser da responsabilidade do Pastor Marcos. Em 2004, com algumas lideranças jovens, participantes dos grupos ZOÉ e LIMBO, o Pastor Marcos criou o Ministério Jovem, ao qual foi agregado o trabalho com os adolescentes do Ensino Confirmatório e os grupos Kairós e Dynamis (esse último, uma reorganização dos grupos ZOÉ e LIMBO).
Em 2008, a Paróquia contratou, para trabalhar na Comunidade de Cristo, o Pastor Edgar Leschewitz, que também auxiliou a Comunidade do Redentor em algumas atividades ministeriais, como o trabalho com casais e o rodízio na celebração dos cultos da manhã e da noite. Também em 2008, o Missionário Samuel Scheffler assumiu o Ministério Jovem como o primeiro ministro de tempo exclusivo ao trabalho com os jovens. Sua grande contribuição ao Ministério Jovem
foi despertar na galera jovem uma consciência maior da Missão Integral, através de parcerias com projetos missionários e visitas a esses campos, além dos retiros e da formação de uma nova liderança. Ele permaneceu na Comunidade até fevereiro de 2018. Passaram, depois, pelo Ministério Jovem: Pastor Matheus Negri, até agosto de 2018, e o Pastor Aislan Henrique Greuel, até fevereiro de 2023. Atualmente, o Ministério Jovem é coordenado por Ketlin Schuhmacher Steinheuser.
A partir de 2012, as lideranças das duas Comunidades, Redentor e de Cristo, optaram pela separação mais clara dos trabalhos pastorais exercidos pelo Pastor Edgar, que passou a atender, com exclusividade, a Comunidade de Cristo, cujas lideranças também buscavam por mais autonomia administrativa e financeira. Durante o ano de 2013, a vontade de tornar a Comunidade de Cristo totalmente autônoma, desvinculada da Paróquia Cristo Redentor, tomou corpo e, no início de 2014, depois de 67 anos da unificação, as duas Comunidades voltam a ser independentes.
O Pastor Marcos Antonio da Silva ficou na Redentor até maio de 2019, mesmo ano em que entrou na Comunidade o Pastor Bruno Gauthier, que permaneceu na função até agosto de 2023.
Já em 2004, a Comunidade também organizou o Ministério de Artes e Louvor, que ficou sob a coordenação de Marcell Silva Steuernagel até agosto de 2015. Na sequência, assumiram a função: Danni Diestler Costa, até novembro de 2018, e Fernando Berwig Silva, até julho de 2021. Em 2011, percebeu-se que a área de aconselhamento precisava de uma maior organização e efetividade.
Para estruturar o novo ministério, foi contratada a Sra. Rosângela Ramos da Silva Bieberbach, que ali permaneceu até o final de 2013. Neste mesmo ano também, a Comunidade contratou o Pastor Valdir Raul Steuernagel, por um período de quatro anos, para atuar, principalmente, na área de planejamento estratégico, pastoreio de casais (com foco em casais jovens) e na mentoria de pessoas. Tendo sido o primeiro e o último ano trabalhados em tempo parcial, os dois restantes foram em tempo integral.
Um dos ministérios que sempre recebeu atenção por parte da Comunidade do Redentor, e nos últimos anos foi uma das prioridades de investimento, é o Ministério Infantil. Em 2015, Priscila Figueiró foi contratada para que, junto às coordenadoras, pudesse dar a esse Ministério uma dinâmica mais eficaz no trabalho com as crianças. Ela permaneceu no cargo até julho de 2016. Na sequência, Doris Perleberg Buchweitz assumiu a coordenação, ficando até dezembro de 2021. Desde então, a função vem sendo exercida por Cristiele de Moraes da Cruz.
Nos últimos anos, a Comunidade tem-se preocupado muito com os processos de comunicação, com ênfase no “saber comunicar bem” e na produção de materiais bem elaborados, que auxiliem na dinâmica da Igreja. Para isso, é importante investir nas redes sociais e, de forma especial, na página de internet, que tem um alcance inimaginável. Atualmente, Paulo Eduardo Sell é o responsável por todos os processos de comunicação, com o objetivo de que a Comunidade propague e divulgue, de maneira criativa, relevante e eficiente, a mensagem do Evangelho.
Vale destacar que esse trabalho já vinha sendo feito, há alguns anos, por vários colaboradores: Keren Moura, Dan Queirolo, Erika Hegenberg e Martina Seefeld.
A equipe administrativa da Comunidade do Redentor, em geral, sempre foi um dos esteios para a boa funcionalidade da Igreja, contando com o empenho e o comprometimento de todos. Em 2006, a Comunidade decidiu contratar uma gerente administrativa paroquial, função exercida por Arlete Frizzo até outubro de 2015, com zelo e dedicação. No final de 2015, foi contratado Marcel Mendes para um novo cargo de gestor, em que, além de administrar a Paróquia, ajudava na gestão de processos ministeriais em busca de maior efetividade. Marcel Mendes permaneceu no cargo até outubro de 2015. Atualmente, a nossa secretaria é atendida por Sandra Helena Xavier Barbosa (desde março de 2014) e, no setor financeiro, Nádia Aparecida Bendlin Vieira (desde janeiro de 2014).
Sendo gratos por todos os que passaram pela administração, cremos que eles foram e são mais que funcionários: vivem suas funções como ministérios e servem com alegria ao Reino de Deus, colocando seus dons a serviço da Comunidade do Redentor.
A Paróquia Cristo Redentor faz parte da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba – CELC, juntamente com outras 14 Paróquias e Comunidades com funções paroquiais na cidade de Curitiba e Região Metropolitana.
Ao longo desses anos, a vocação da Comunidade do Redentor sempre foi anunciar o Evangelho da salvação mediante a fé em Jesus Cristo. Esse anúncio não é apenas oral, mas também acontece por meio de ações missionárias que geram acolhimento e desenvolvimento na formação de pessoas que fazem a diferença em seus próprios contextos. Assim, queremos ser uma Igreja que olha para a frente e que continua sendo relevante em nossa cidade. Ser um lugar em que as pessoas permaneçam conectadas com Jesus
Finalizamos com a palavra de 1 Samuel 7:12:
“Até aqui nos trouxe o Senhor”.
E cremos que Ele continuará a sua obra entre nós.
Ministério de Comunicação da Comunidade do Redentor
1.2 Comunidade Luterana Igreja de Cristo (Curitiba)
No ano de 1866, é fundada a Comuna Evangélica Luterana de Curitiba e, pouco tempo depois, em 1869, o pregador-professor Johann Friedrich Gaertner organiza uma “Escola Alemã” dentro da Comunidade, onde ele seria professor e diretor. Mas, no ano de 1884, o Conselho Escolar decidiu separar a administração da Comuna e fundou a Associação da Escola Alemã –adepta ao Positivismo e com ênfase no ensino laico. Com a Proclamação da República do Brasil em 1889, o ensino laico também se fortaleceu de maneira que, em 1891, a Associação da Escola Alemã eliminou o Ensino Religioso da sua grade curricular.
Um grupo de pessoas da Comuna Evangélica Luterana não concordava com a retirada do Ensino Religioso da grade curricular e decidiu criar uma nova escola, que fosse administrada pela Comuna e, na qual, essa disciplina fosse contemplada. Depois de adquirir um terreno na Rua Inácio Lustosa, no ano de 1900, o Pastor Siegfried Schulz fundou, ali, uma nova escola alemã com Ensino Religioso. Ao redor desta, surgiu uma nova Comunidade Luterana em Curitiba: a Christuskirche (“Igrejinha”), fundada oficialmente em 13 de agosto de 1901 e filiada à Federação das Igrejas Luteranas da Gotteskasten, ligada à Igreja territorial da Baviera.
Inicialmente, a Comunidade era atendida pelo Pastor Otto Kuhr, que residia em Joinville-SC, e pelo Pastor Alfred Hess, que residia em Curitiba-PR. A partir de 1908, eles contaram também com a ajuda do Pastor Karl Frank, que era cunhado do P. Hess. O P. Hess, com vários problemas de saúde, regressou para a Alemanha e, de 31 de dezembro de 1910 em diante, o Pastor Karl Frank se tornou oficialmente o pastor da Christuskirche. Além dessa Comunidade, o P. Frank também atendia grupos de famílias luteranas em Serra Negra (Guaraqueçaba-PR), Vila Guaíra/Curitiba, Araucária, Piraquara e Paranaguá. O culto de lançamento da pedra fundamental do templo da Christuskirche aconteceu no dia 11 de agosto de 1912, conduzido pelo Pastor Otto Kuhr, que trouxe a palavra bíblica de Efésios 2.20 “...edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular". e pelo Pastor Karl Frank que lembrou as palavras de Lucas 12.32 “Não tenham medo, pequeno rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-lhes o Reino". O P. Frank denominou a pedra fundamental de Ebenezer, lembrando que até aqui nos trouxe o Senhor (1.Samuel 7.12).
Apenas 6 meses depois, em 26 de janeiro de 1913, o templo, já edificado, foi consagrado. A Sra. Elizabeth Hess, esposa do Pastor Frank, pintou a imagem de Jesus Cristo, sobre o altar, olhando para Jerusalém (Lucas 19.41-44). Essa imagem também aponta para a preocupação diaconal, pois o olhar de Jesus transcende os limites da Comunidade. O aspecto catequético, que levou à criação dessa Comunidade, também está presente no templo, através dos buracos nos bancos da Igreja, onde originalmente eram colocados os tinteiros.
O Pastor Karl Frank e sua esposa, Elizabeth Hess, conduziram essa Comunidade por 40 anos. Ela, desde o início, foi professora de artes, com especial destaque para a pintura. Em 1919, com as diaconisas Schwester Klara (irmã do P. Frank) e Schwester Henriette, ambas recém-chegadas da Alemanha, iniciou-se o trabalho diaconal de atendimento a pessoas idosas e doentes, principalmente àquelas com gripe espanhola. Esse trabalho diaconal foi intensificado com o médico alemão Dr. Joachim Graf, que se casou com Esther Frank, filha de Elizabeth e Karl. Em 1928, sob a liderança da senhora Gudrum Werner, foi inaugurado o primeiro Kindergarten (Jardim de Infância) de Curitiba, que teve memoráveis professoras, como Tante Helm, Margarida Linzmeyer e Regina Janke. As duas filhas do casal Frank, Esther e Ella, a partir de 1930, começaram a fazer apresentações musicais no templo, precursoras do programa que hoje chamamos de Música na Igrejinha.
Por muitos anos, a Christuskirche manteve suas atividades primordialmente em língua alemã. Mas, a partir dos anos 2000, começou a celebrar cultos e demais atividades em português. Atualmente, somente um dos cultos dominicais, às 9h, é celebrado em língua alemã. O segundo culto de domingo, às 10h30, e o culto de Oração das quartas-feiras são conduzidos em português.
Hoje já não há mais uma escola alemã, mas os aspectos diaconal e cultural ainda se destacam nas atividades da Comunidade. No primeiro sábado de cada mês, acontece o Música na Igrejinha, com apresentações musicais de estudantes e docentes da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Fazemos parte também da Oficina de Música de Curitiba, um evento internacional, que acontece sempre no mês de janeiro. Desde 2020, temos um grupo de Diaconia que, semanalmente, prepara entre 80 e 100 marmitas para as pessoas em situação de rua. Esse grupo também realiza campanhas de arrecadação de cobertores, agasalhos e alimentos, que são doados para as pessoas em situação de vulnerabilidade social, para o Projeto Dorcas, em Almirante Tamandaré, e para o CERENE, na Lapa-PR. Além disso, reunimos, semanalmente, o coral da Comunidade, grupos de Estudos Bíblicos, o grupo de OASE e, aos domingos, acontece o Culto Infantil, sob a liderança de várias colaboradoras. A Comunidade também atende pastoralmente o Lar de Idosos Ebenezer, com um culto mensal.
Damos graças a Deus que as palavras bíblicas proferidas no lançamento da pedra fundamental, em 1912, se tornaram bênção para essa pequena Comunidade no Centro de Curitiba. Rogamos que essa bênção de Deus continue iluminando, desafiando e conduzindo a Christuskirche no testemunho
Pastor Nilton Giese
1.3 Paróquia de Confissão Luterana
Campos de Lapa
A Comunidade Evangélico-luterana na Lapa–PR, foi oficialmente fundada em 14 de setembro de 1890. Ela tinha 26 membros, provenientes de diferentes colônias de imigrantes do sul do nosso país, e foi nominada Evangelischen Kirchgemeinde (Comunidade Evangélica Alemã).
No dia 1º de janeiro de 1892, a Comunidade decidiu construir a Igreja, que também servia, no início, como escola que ensinava o idioma alemão. Nela, ainda hoje, é possível ver o púlpito e a mesa do Senhor juntos, fazendo a unidade entre pregação da Palavra e meios do Evangelho.
Em 27 de novembro de 1892, a Assembleia Geral, em proposição feita pelo P. Wilhelm Quast, que atendia as famílias aqui residentes, a partir de Rio Negro/Mafra, determinou que o senhor David Wiedmer, a serviço em Brüderthal/SC, fosse contratado como pastor e professor, a partir de 1º de janeiro de 1893. Ele, com seus muitos dons e talentos, atendeu, em ministério itinerante, muitas Comunidades em diferentes cidades nos Estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. Prof. David serviu à Comunidade da Lapa, onde fixou residência com a sua esposa, a Sra. Anna Rochet, até o fim de sua vida, exercendo o ministério junto à Comunidade local por 50 anos!
Os membros construíram a Igreja e a escola. A segunda, com a ajuda da Sociedade Missionária na Suíça, foi construída em 1903. Mais tarde, próximo do fim da Segunda Guerra Mundial, o terreno foi alienado pela Prefeitura Municipal. Quanto à Igreja, fato é, e registrado seja e permaneça, que os membros buscaram viver e crer na Igreja contra a qual “os portais do inferno não prevalecerão” (Mt 16.18). E, com base nessa fé, não obstante as muitas dificuldades, valendo-se do serviço em mutirão e da voluntariedade, edificaram a “Casa de Prédicas” ou “Casa de Orações”. Então o mote dos membros foi: caso a Palavra de Deus e as pessoas cristãs crentes batizadas forem silenciadas, então, o diabo, o deus deste mundo, dele tenha misericórdia! Os membros primeiros confessavam: Gott walts. Ich wagst!. Isto significa um pouco descritivo, rebuscando o filete dourado da história: “Deus o quis, nós ousamos ser Comunidade e escola, para as quais Cristo é importante". Não só para preservar a língua, mas em inserção contínua na sociedade local, os membros da Comunidade também ajudaram a fundar, construir e manter o Clube Teuto-brasileiro, hoje Clube 7 de Setembro. Nem a discriminação religiosa, nem o cerco da Lapa, no contexto da Revolução Federalista, em 1894, que muito danificou a Igreja e que ceifou a vida de membros, acuaram o processo de inculturação da Comunidade. Ela pôde se valer do Catecismo Menor traduzido e impresso em língua portuguesa pelo pastor e professor David Wiedmer. Ele, que também foi tipógrafo, vereador e médico homeopata.
No primeiro artigo dos Estatutos da Comunidade Evangélica Alemã da Lapa, está escrito que a Comunidade tem “por fim cultivar a vida cristã e a doutrina evangélica, tendo por base a Escritura e as confissões da Reforma Alemã”. Isso foi muito importante para os nossos membros; e ainda hoje é vital.
Com a morte do primeiro pastor residente, a Comunidade permaneceu, por quase 50 anos, sendo atendida por pastores e estudantes de Teologia vindos das cidades de Curitiba-PR e Rio Negro-PR. Ultimamente, a Paróquia conta, novamente, com um pastor residente e isso se deve, em boa medida, à criação da localidade do Núcleo Leiteiro, um Projeto de Assentamento ou “experiência de Reforma Agrária que deu muito certo”, atraindo membros evangélicos de confissão luterana, especialmente do estado de Santa Catarina, que se reuniram e fundaram uma Comunidade em 04 de março de 2009.
Assim, com duas Comunidades, a Paróquia tem conseguido fazer frente ao que se exige e possibilita um Campo de Atividade Ministerial. A diaconia e a missão, da perspectiva evangélica de confissão luterana, têm marcado o presente e, como fruto, com ajuda e doação de parte do terreno pertencente à Comunidade em Lapa, foi criado, em 2000, o Centro de Recuperação Nova Esperança (CERENE), Unidade Lapa, a primeira no Estado do Paraná.
Isso posto, atualmente, como no passado, as famílias inscritas junto à Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Campos de Lapa, composta, hoje, com duas Comunidades (Lapa e Núcleo Leiteiro) vivem a fé e o amor centrados no fortalecimento da comunhão via pregação e ministração dos Meios da Salvação de Deus; no aprofundamento bíblico-teológico; na vivência e no anúncio existencial do Evangelho de Jesus Cristo; no exercício do sacerdócio geral, na família, na Comunidade e na sociedade; no crescimento espiritual e na ação evangelizadora, pastoral, catequética, terapêutica e diaconal.
Pastor Airton Hermann Loeve
(Com a colaboração dos presbitérios de Campos de Lapa e Núcleo Leiteiro)
Templo atual de Santa Felicidade.
1.4 Paróquia Norte de Curitiba
1.4.1 Comunidade da Ascensão (Pilarzinho)
Formação da Comunidade Ascensão e da Paróquia Norte
A Comunidade da Ascensão teve seu início com o projeto Missão Suburbana, quando foi iniciada a descentralização das Paróquias da Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba (CELC). Nesse projeto, criaram a Paróquia Norte, que abrangia as Comunidades de Santa Felicidade, Itaqui, Witmarsum e Pilarzinho. Portanto, ficou estabelecido que a sede da Paróquia seria no Pilarzinho. Na época, pelos anos 1977/1978, o trabalho estava sendo coordenado pelo Pastor Friedrich Gierus. Inicialmente, os cultos eram oficiados na garagem da sua casa; depois, passaram a acontecer no porão da Escola Internacional de Curitiba, enquanto as reuniões do presbitério ocorriam nas casas dos membros. Conforme o livro de ata nº 1, a primeira Assembleia Paroquial foi realizada no dia 20 de julho de 1980, sob a coordenação do P. Carlos F. R. Dreher, ocasião em que foi eleito o primeiro Presbitério Paroquial.
Construção de uma sede para a Comunidade Evangélica Luterana do Pilarzinho
No ano de 1979 foi adquirido o primeiro terreno do Sr. Herbert Zuckow; o segundo foi doado por ele. A partir daí seguiu-se a luta, sempre com muito esforço e dedicação dos presbíteros, juntamente com a colaboração e contribuição de todos os membros, para construção de um centro comunitário. Foram organizados muitos mutirões para almoços, jantares, rifas, bingos, vendas de cacarecos e programações diversas, para angariar fundos, até conseguirem, no ano de 1982, inaugurar o centro comunitário, primeiro espaço próprio da Comunidade, para os seus encontros e suas celebrações. Nesse período, as crianças da Escola Dominical se reuniam na garagem da casa do Pastor Burger e, com o projeto da construção do centro comunitário, já havia sido planejada a construção de uma capela. Assim, a dedicação e o empenho para angariar fundos continuou intensamente, e, no ano de 1983, inauguraram a capela, que foi construída sobre o centro comunitário. Com isso, a Comunidade pôde usar o espaço do centro para encontros da Escola Dominical, que acontecia simultaneamente ao culto.
O empenho com a construção continuou, agora, para construir uma casa pastoral, uma
vez que o terreno já tinha sido adquirido, ao lado da capela e do centro comunitário. Em 21 de abril de 1985, foi inaugurada a casa paroquial, e o pastor passou a residir junto à Comunidade. Também uma secretaria local, com a presença de uma pessoa para atender os membros, tornou-se importante. Então, a partir de setembro de 1985, contrataram uma secretária, em parceria com a Paróquia, para os atendimentos na sede da Comunidade.
Missão e formação de grupos
O olhar atento à missão sempre esteve presente por parte das lideranças e do pastor responsável, desde o início da formação da Paróquia Norte. No entanto, o processo de descentralização trouxe consigo alguns desafios. Um deles: nem todos os membros que residiam nos bairros, e ficaram estabelecidos como sendo da Paróquia Norte, estavam plenamente de acordo e disponíveis a participar da nova Comunidade, já que a localização da Comunidade Evangélica Luterana do Pilarzinho ficava próxima ao Centro, onde já eram membros há mais tempo. Isso fez com que muitas famílias optassem em continuar na Comunidade de origem, sem acolher a ideia de descentralização. Junto a isso, ainda havia a falta de relacionamento entre os membros, o que dificultava a congregação.
Assim, logo se viu a necessidade de fazer um levantamento das famílias que residiam na área que foi estabelecida como Paróquia Norte, mais especificamente a Comunidade do Pilarzinho, e fazer contato com elas. Era preciso reunir essas famílias, juntar finanças para construção da nova sede, fortalecer o convívio e o pertencimento a essa nova congregação. Então se formou um grupo de visitação, com o intuito de ir ao encontro de pessoas, ouvir, chamar e acolher esses membros para participarem da Comunidade do Pilarzinho. Esse grupo contribuiu muito e trouxe grandes resultados no
O grupo da OASE já se reunia desde 1973. Inicialmente, mulheres dos bairros Bom Retiro, Vista Alegre, Mercês e Pilarzinho formaram esse grupo, cujos encontros aconteciam, inicialmente, na casa do P. Friedrich Gierus e, depois de algum tempo, na casa de Rose Marie Smoger Schirmer. Além de trabalhos manuais, colocados à venda com o objetivo de angariar fundos para uma futura estrutura comunitária no bairro, essas senhoras também organizaram, com o apoio dos seus maridos, cafés e jantares beneficentes. Com a doação do terreno na Rua Moisés Saif, a OASE foi a propulsora da vida comunitária e da concretização do sonho de um local para cultos e encontros. Ao longo dos anos, o grupo da OASE Marta continuou promovendo encontros alegres e divertidos de canto, meditação, oração, sorteios e lanches de confraternização, com o desejo de ser uma “Marta" completa: a que trabalha e a que ouve o conselho de Jesus: “Buscai primeiro o Reino de Deus”.
A Escola Dominical acontecia paralelamente aos cultos. Também eram feitos encontros festivos entre as Comunidades da Paróquia, com o objetivo de promover integração entre as crianças e os confirmados e as confirmadas das diferentes Comunidades.
Estudos Bíblicos e Noites de Oração eram eventos que aconteciam, inicialmente, nas casas dos membros, uma vez ao mês, sendo coordenadas por membros da Comunidade e, às vezes, pelos próprios ministros. Quando os encontros passaram a acontecer na sede da Comunidade, houve um aumento significativo de participantes.
Os jovens estavam envolvidos, desde o início, na vida da Comunidade, com encontros esporádicos, participando também de programações e eventos organizados fora da Paróquia. A partir de 1992, fez-se uma parceria com a Faculdade de Teologia Evangélica (FATEV) para que os estudantes do Curso de Missão orientassem e organizassem o grupo. Durante essa caminhada, houve tempos em que o grupo esteve mais estável, contando com boa participação; e outros, com menos participantes, ou, inclusive, com tempos de pausa.
Um grupo de casais se formou com o objetivo de acolher as pessoas nos cultos e assumir a arrumação da Igreja. O canto e o louvor durante os cultos também mereceram atenção: uma regente foi contratada e o Coral União, formado a partir de então, participava dos cultos e se apresentava em ocasiões festivas das três Comunidades da Paróquia Norte.
Considerando o perfil das famílias que compunham a Comunidade, percebeu-se que havia um grupo considerável de “seniores”. Então, foram oferecidas reuniões com idosos, uma vez ao mês, com atividades diversas e um café no final, como um espaço de convivência e confraternização.
Mesmo com todo o desafio de se constituir como Comunidade e de construir o espaço do zero, a ajuda solidária para a Creche Bom Samaritano, para o Lar Ebenezer, para o Hospital Evangélico (hoje, Mackenzie), para o Projeto Dorcas e outras frentes, sempre esteve presente na Comunidade. Mais tarde, esse movimento acabou originando o Grupo de Diaconia, que, além do trabalho missionário de ajuda a entidades assistenciais, também se empenhava na realização de bazares e rifas, cujos valores eram destinados à compra de um piano e à construção do novo templo.
Construção do Novo Templo
Após alguns anos de caminhada, surgiu, na Comunidade, o desejo de ter um templo para as suas celebrações. Para que essa meta fosse alcançada, uma comissão de construção, criada em 2001, iniciou uma campanha de arrecadação de fundos e que foi abraçada por toda a Comunidade. A dedicação do Templo aconteceu em 18 de fevereiro de 2018. Dezessete anos depois de muita dedicação, esforço e abnegação, o sonho virou realidade. Os membros da Comunidade Evangélica Luterana do Pilarzinho eram, em sua maioria, pessoas idosas e acreditavam que a obra seria um belo atrativo para as famílias mais jovens e seus filhos, com os cultos sendo celebrados num templo e não em uma capela.
Paralelamente à construção do templo foi elaborado e aprovado um projeto para a confecção dos vitrais, sendo seis de cada lado, com as palavras pronunciadas por Jesus Cristo em diversas passagens do Evangelho de João; e um central, acima do altar, com a Ascensão de Cristo. São vidros com 48 cores, importados especificamente para o templo. Na parte frontal foi colocado o vitral da Rosa de Lutero. A Igreja, verdadeira obra de arte religiosa e que faz parte da Rota Cultural de Curitiba, é resultado de um trabalho meticuloso, realizado com a dedicação de muitas pessoas, com transparência e prestação de contas constante.
Mudança do nome da Comunidade
Com o desejo de ter um nome que trouxesse em si um significado teológico, depois de longas conversas, levantamento de nomes e votações, em março de 2006, um novo nome foi escolhido para Comunidade, que passou a ser denominada “Comunidade da Ascensão".
A Comunidade Ascensão segue a caminhada...
Na caminhada da Comunidade, muitas coisas se modificaram. Atualmente, temos bem menos jovens em nossa Comunidade. Por isso, o trabalho missionário acaba se voltando mais para adultos e idosos. Desde 2010, sob a coordenação da dirigente Arlete Born, temos um Grupo de Dança Sênior que se reúne semanalmente para os ensaios. Ali se cultiva acolhimento, amizade, comunhão, espiritualidade viva e contagiante. O grupo é aberto para outras confissões religiosas e, sempre que possível, participa de encontros, apre-
O Grupo de OASE hoje tem um outro perfil, bem mais “sênior” e, por isso, com menos trabalhos manuais, mas com muito convívio, louvor, oração e
reflexão. Muitas senhoras já não conseguem mais se deslocar sozinhas, para ir e vir nos encontros. Então, temos um trabalho diaconal de integrantes do próprio grupo de OASE, que se dispõem a pegá-las e levá-las novamente para suas casas, de maneira que possam continuar participando dos encontros. O grupo mantém uma rotina de integração com outras OASEs, através de visitas, cafés e encontros celebrativos. O Grupo também ajuda muito nas iniciativas solidárias da Comunidade, com doações e assistência.
O trabalho com as crianças e os adolescentes do Ensino Confirmatório sempre tem recebido especial atenção. Muitos voluntários têm ajudado, tanto nos encontros dominicais, como na organização de apresentações, passeios, retiros e acampamentos. A intenção é promover amizades, alegria em estar presente e vontade de participar, de maneira que possam experimentar o amor de Deus acontecendo na vivência comunitária.
O empenho em oferecer celebrações cativantes, com acompanhamento musical de qualidade, com atenção especial ao acolhimento, é uma constante na vida da Comunidade.
Quando se fala em dízimo e oferta, é lindo ver que cada um contribui financeiramente como pode e de acordo com o seu coração. E assim nos mantemos, com muita consideração e respeito à situação individual de cada membro. Aqui todos têm espaço, vez e voz. E assim seguimos nossa missão!
Presbitério da Comunidade Ascensão, gestão 2022/2025
1.4.2 Comunidade Santa Felicidade (Curitiba)
O resultado do trabalho comunitário
Santa Felicidade é um importante bairro curitibano, cujos habitantes são, na maioria, descendentes de imigrantes italianos que desembarcaram no Paraná, no século XIX. Alguns se estabeleceram em Morretes e outros subiram a Serra do Mar, a fim de firmar raízes na capital da província. Com usos e costumes próprios do país de origem, veio, também, a religião predominante: a Católica.
Esse foi o perfil de Santa Felicidade por várias décadas, até que, em meados do século passado, surgiram na “colônia” descendentes de origem anglo-saxônica, principalmente alemães, suíços e ingleses. Logo, para cá trouxeram hábitos próprios e novas doutrinas religiosas, entre as quais destacamos a Igreja Evangélica de Confissão Luterana.
Os luteranos aqui radicados, sem opção de um templo mais próximo, viam-se obrigados a frequentar a Igreja do Redentor, na Rua Trajano Reis, o que dificultava uma presença mais assídua nos cultos dominicais. Por isso, o Pastor Germano Burger despertou, num grupo de luteranos de Santa Felicidade, a ideia de constituírem uma nova Comunidade da Igreja, ligada à Paróquia Norte, do Pilarzinho, e o desafio foi aceito.
Templo improvisado
Como não havia estrutura própria, o grupo começou a se reunir na casa de Raulino de Bruns, que, gentilmente, cedeu as instalações de uma área externa para a realização de cultos. A partir do primeiro, realizado em 20 de novembro de 1983, os cultos passaram a ser celebrados quinzenalmente e, mais tarde, uma vez por semana, sempre aos domingos. O local, improvisado, transformava-se numa pequena capela, onde também aconteceram alguns batizados. Com a participação de cada vez mais pessoas, surgiu a necessidade de um espaço mais amplo.
Busca por um novo local
A vontade de ter um lugar próprio para a realização dos cultos, junto à necessidade de melhor acomodar seus participantes, gerou a realização da primeira reunião oficial, em 23 de novembro de 1985, para debater o assunto. Essa fase, de busca por uma nova sede, liderada pelo pastor Germano, implicou em inúmeras visitas a locais capazes de abrigar o templo, até que,
no início de 1987, a Comunidade conseguiu comprar um terreno na Rua Luiz Bozza, 129, com recursos vindos da Obra Gustavo Adolfo (OGA) e de mais duas doações que, na época, totalizavam DM 30.000,00 (trinta mil marcos alemães). Nesse terreno, havia uma casa de madeira de 60 m², semiacabada, sem piso e com as paredes de madeira tortas por causa da baixa qualidade do material. Muitos mutirões, com a presença incansável de membros e familiares, foram necessários para dar condições de uso ao imóvel, que foi bem utilizado para todas as atividades da Comunidade. Na realização de eventos, principalmente almoços, era estendida uma lona na lateral da casa para abrigar os participantes do sol e da chuva. Posteriormente, com nova ampliação do salão, foi retirada a cozinha e construída uma nova, juntamente com uma churrasqueira, em uma área externa coberta. O primeiro culto no Centro Comunitário aconteceu no dia 3 de agosto de 1987, quando foi eleito o primeiro presbitério. A data oficial de fundação da Comunidade, todavia, é 18 de outubro de 1987, no culto que também marcou a investidura do presbitério.
A realização do sonho
A construção de uma Igreja foi um sonho acalentado por muitos anos e só colocado em prática a partir da decisão do presbitério, em reunião, no dia 4 de abril de 1995. Na Assembleia Geral Extraordinária, em 19 de maio de 1996, foi definido o local para a construção do templo e, em 29 de setembro de 1996, aconteceu o lançamento da pedra fundamental. Dois anos mais tarde, em 20 de setembro de 1998, foi realizada, com destaque, a Festa da Cumeeira.
Do início da obra até a inauguração da nova Igreja, grandes esforços foram despendidos para arrecadar os recursos necessários. Cada etapa da construção foi minuciosamente estudada, a fim de não resultar simplesmente num prédio, mas numa obra de arte, onde os fiéis pudessem se sentir muito bem e mais perto do Senhor.
Junto à Igreja foi construída uma torre, no interior da qual foram instalados dois sinos (trazidos de Blumenau) e que, ao soar, lembram os fiéis da vida em comunhão e do tempo de louvor. Nas janelas e em dois biombos frontais há belos vitrais, instalados com o apoio do projeto de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Curitiba. O vitral Comunidade Santa Felicidade (nome usado para a captação de recursos junto à Prefeitura), foi executado por Osmar Horstmann, Loire Nissen e Soraya Wellner.
O templo foi inaugurado no dia 1º de dezembro de 2002, com o intuito de não ser um prédio exclusivo de um grupo, mas um patrimônio de toda uma coletividade. Afinal, ali, além da prática de atos religiosos, também seriam realizados eventos culturais, oportunizando, assim, uma convivência maior e altamente benéfica para a aproximação entre as pessoas e o louvor a Deus.
O pátio foi calçado com paralelepípedos centenários desativados das ruas da cidade de Curitiba. No período de 2003 a 2006, foram adquiridas as cadeiras da Igreja e também foi concluído o fechamento das divisas, a fim de dar mais segurança ao local.
No dia 30 de março de 1991, sob a coordenação do P. Johannes Wille, aconteceu a primeira reunião para a instalação do grupo da OASE, que recebeu o nome de Tabita, inspirado nas palavras de Atos 9.36 que dão identidade ao grupo até hoje: “era uma notável discípula pelas boas obras e ajuda aos pobres”. Assim, o grupo tem apoiado e participado ativamente das ações da Comunidade.
Em 1998, a Sra. Cora de Bruns constituiu um coral com a intenção de cantar no culto de inauguração do templo. Desse modo, surgiu o Madrigal Felicidade que, por 22 anos, atuou na Paróquia Norte com participações não só lá mesmo como em diversas outras Comunidades. O grupo chegou a gravar dois CDs: no seu 10º aniversário, “Entra na roda com a gente” e, em 2017, “Cristãos, alegres, jubilai!”. Mais tarde, com a participação de cantores da Christuskirche, o nome mudou para Madrigal Felicidade e Igrejinha. Acompanhado do teclado de Vera Einsiedel, o Madrigal participou de todos os Encontros de Corais do Sínodo Paranapanema, além de eventos culturais em outras Igrejas, hospitais e até em residências, como apoio espiritual. O trabalho com crianças e confirmandos teve impulso com a atuação da Sra. Hannelore Quandt, sendo que o primeiro Culto de Confirmação realizado na Comunidade ocorreu em novembro de 1991. Outra atividade muito importante, com o objetivo de aumentar a participação de membros e trazê-los para o seio da Comunidade, foi a de visitação, organizada por setores, com respectivos representantes.
Assim, com o objetivo de atender pessoas em situação de vulnerabilidade, houve a distribuição de cestas básicas arrecadadas nos cul tos, a realização dos feirões de usados (com a presença notória de várias mulheres da comunidade nessas tarefas) e muitas outras ações também foram
No ano de 2008, foi aprovada a construção de um novo Centro Comunitário. Desde então, a captação de recursos financeiros foi feita através de doações dos membros e realizações de almoços e de feirões de usados. Após várias reuniões, optou-se pela demolição do Centro Comunitário de madeira que, por diversos anos, acolheu a realização de eventos. Com pouco espaço, a obra do novo Centro Comunitário foi planejada em dois pisos e, logo no início, uma surpresa: o terreno tinha uma mina de água. Foi necessário dar robustez aos alicerces com sistema de bate-estaca e isso encarece a construção, iniciada em novembro de 2012, com a parte estrutural pré-moldada. Durante bom período, a agenda de eventos diminuiu e, quando necessário, contávamos com o espaço da Comunidade do Pilarzinho para realizá-los. Os cultos infantis, por exemplo, por falta de espaço, passaram a ser realizados nos sábados à tarde.
Em setembro de 2014, realizou-se o 1º almoço de Ação de Graças no primeiro piso concluído do novo Centro Comunitário. Segundo piso, cobertura e telhado foram concluídos no 1º semestre de 2016. Esse período da construção foi marcado por muitos eventos promovidos em favor da obra e dos recursos necessários para sua conclusão: bufê de sopas no Dia das Mães; jantar de diversas massas, no Dia dos Pais; além de festas juninas e dois almoços anuais. Os feirões de usados também foram intensificados, com dedicação de mulheres que trabalhavam bravamente nessa missão. Assim, os recursos foram sendo arrecadados e aplicados no espaço em construção. A fase de acabamentos da obra perdura até os dias atuais. Em 2023, por exemplo, construiu-se a cobertura da churrasqueira e uma área de lazer.
De 2011 até agora, fizemos vários eventos com as crianças e os jovens no Dia das Crianças. Alguns, em forma de “passa-dia” num clube ou chácara; outros, na modalidade “noite do pijama”, com muitas atividades e brincadeiras de integração.
Outro evento marcante acontece no 3º domingo de dezembro: o Culto de Natal das Crianças. A história do nascimento de Jesus é contada através de um presépio vivo ou em forma de teatro. Não só para crianças e jovens, mas também para os adultos, esse culto já virou tradição.
Entre as ações sociais realizadas pela Comunidade, destacamos a doação de cestas básicas a famílias necessitadas da própria Comunidade. Uma iniciativa que cresceu muito no tempo da pandemia da Covid-19, quando muitas famílias carentes do bairro contaram com a generosidade dos membros. Com o mesmo objetivo, também foram realizadas campanhas de arrecadação de roupas e calçados que, junto a mantimentos, foram doados a instituições de caridade.
Muitos são os desafios frente à missão de Deus neste mundo. Sendo um dos seus instrumentos, a Comunidade organiza e realiza encontros e seminários para a formação de suas lideranças, em prol de uma Igreja de confissão luterana presente e atuante em Santa Felicidade.
Egor Webster, Relindo Schlegel e Roseli Hauenstein
1.4.3 Comunidade Cristo Rei (Itaqui – Campo Largo)
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Cristo Rei, originou-se no início da década de 1950, quando o Pastor Heinz Soboll percorreu a região de Campo Largo e vizinhanças à procura de membros luteranos.
Os primeiros membros encontrados são originários do Estado de Santa Catarina, mais precisamente das cidades de Pomerode e Blumenau, e que para aqui migraram a fim de suprir a mão de obra na fábrica Porcelana Schmidt S.A. Os membros, na época, reuniam-se, para os cultos na Igreja Presbiteriana, na Rua Mato Grosso, antiga rodovia que ligava Curitiba aos Campos Gerais e hoje denominada Avenida Fritz Erwin Schmidt, que cedia seu templo à Comunidade luterana, ainda em formação. Mais tarde, em 1963, quando se reunia na residência do Sr. Leopoldo Engel, esse grupo de luteranos já almejava ter um local próprio para a celebração dos cultos e sonhava com a sua Igreja, onde todos pudessem se reunir.
Ainda no ano de 1963, o Sr. Fritz Erwin Schmidt, diretor-presidente da fábrica de porcelana, doou o terreno onde atualmente está situada nossa Comunidade. Além da doação do terreno, constituído na época por oito
lotes, Sr. Fritz também mandou edificar um salão em alvenaria, que funcionava como centro comunitário, onde os cultos passaram a ser realizados. Mais tarde com a construção do templo definitivo, esse espaço foi estruturado para servir como casa pastoral.
Depois do P. Heinz Soboll, foi o P. Karl Mehler que assumiu a assistência espiritual àqueles membros e, em 15 de agosto de 1963, celebrou o primeiro culto, um culto campal, sob a sombra de eucaliptos frondosos que ali existiam.
Em 1976, sob a coordenação do Pastor Gierus, foi eleita a primeira diretoria, que teve como presidente o Sr. Jorge Wachholz. Até então, o Sr. Helmuth Struck representava a Comunidade junto à CELC.
A Comunidade construiu dependências para a realização de almoços e festas, com o objetivo de angariar fundos para o seu desenvolvimento e, em 1977, passou a fazer parte da Paróquia Norte da CELC.
Como o Centro Comunitário começou a ficar pequeno, foi lançada a pedra fundamental para a Igreja em 24 de maio de 1981. Em 27 de março de 1983, num culto de confirmação, o espaço, mesmo inacabado, passou a ser utilizado para as celebrações.
Entre as décadas de 1960 e 1980, havia um grupo de famílias luteranas residentes na Colônia Witmarsum, em Palmeira-PR, cujos membros também passaram a comungar na Comunidade Cristo Rei.
A Comunidade Cristo Rei, nos dias atuais, conta com 75 famílias ativas, o que representa algo em torno de 170 pessoas.
A residência pastoral, depois da inauguração do templo, em 1983, foi ocupada por diversos pastores. Dentre eles: Johannes Willie, Hildeberto Jankowski, o casal Ivário e Marlete Giese, Marcelo Hofstatter e, por último, o P. Mauri Perkowski. Atualmente, ela está desocupada.
A Comunidade, desde os primórdios de sua existência, conta com Grupo de OASE, Ensino Confirmatório e Culto Infantil e até já teve Grupo de Canto. Especialmente a OASE tem desenvolvido trabalho social muito relevante, entre eles o atendimento anual, em forma de visita à Comunidade, há mais ou menos 30 anos, de alunos especiais da Associação Erceana de Campo Largo (ERCE), que é uma entidade especializada na recuperação de crianças e jovens. Nessa ocasião, esses alunos recebem atendimento espiritual, participam de brincadeiras variadas e, no final, de um lanche. Também já há 10 anos, a Comunidade recebe a visita de crianças e jovens especiais da Escola Neuza Barbosa, com o mesmo propósito. Além disso, todos os anos, participa do rodízio de visitas ao Lar Ebenezer e promove eventos, como cafés, integrando e interagindo com as demais OASEs da Paróquia.
O Ensino Confirmatório se encontra em plena atividade, assim como o Culto Infantil, sob a coordenação de pessoas voluntárias. Com essas crianças e esses adolescentes, ao menos uma vez por ano, é realizado o Acampadentro, aproveitando o espaço grande e privilegiado que a Comunidade tem.
Por iniciativa de alguns pastores que aqui atuaram, houve grande integração ecumênica, durante muito tempo, com a Comunidade Católica Santa Cecília, com celebrações conjuntas.
Todos os anos também, por ocasião das celebrações de final de ano e a convite da diretoria da Porcelana Schmidt, o pastor conduz uma meditação devocional para os funcionários dessa empresa e, em geral, com a presença e participação do padre da comunidade Católica.
O Presbitério, por sua vez, motiva os ministros a realizarem, na medida do possível, visitas aos membros, principalmente aos mais afastados e/ou necessitados. Essas visitas, ultimamente, também vêm sendo feitas por presbíteros, de forma indistinta, a todas as famílias.
Por último e não menos importante, cabe ressaltar que o Presbitério, em conjunto com voluntários da Comunidade, organiza três eventos anuais: dois almoços comunitários e a Noite da Sopa, todos com a finalidade de angariar recursos para investimento na manutenção de suas instalações e atividades.
Hoje queremos, de forma especial, render louvores a Deus por essa empreitada, por esse belíssimo espaço de culto que Deus nos proporcionou. A Ele sejam a honra, a glória e o louvor, hoje e sempre. Amém!
Marlene Borchardt, Elisabeth Busch e Sigmund Engel
Vitral interno Comunidade da Ascensão – Curitiba-PR.
1.5 Paróquia Castelo Forte em Pinhais
1.5.1
Comunidade Bom Samaritano (Pinhais)
No ano de 1976, o Pastor norueguês Kjell Nordstokke e sua esposa, Kazumi, vieram para o Brasil a fim de fazer trabalho missionário. Como ministros na, então, Paróquia Nordeste de Curitiba, deram início a um ponto de pregação no Distrito de Pinhais, município de Piraquara-PR, na casa do casal Geraldo e Maria Hach Mohr, reunindo-se, quinzenalmente, aos domingos, às 10h. Participavam três famílias e o pastor.
No princípio dos anos 1980, iniciou-se a construção de uma creche e, junto dela, uma capela. O objetivo de atender a demanda das famílias carentes da região inspirou o nome dado, respectivamente, à Creche Bom Samaritano e à Comunidade Bom Samaritano. Às mães, que não tinham como trabalhar e deixar seus filhos em casa, a creche ofertava cursos de corte e costura, cabeleireiro e datilografia, na intenção de profissionalizá-las.
No dia 22 de novembro de 1981, o Pastor Jan Otto Langmoen realizou o primeiro batismo na Comunidade, até então chamada de Comunidade Evangélica de Curitiba. A criança batizada: Juliana Hoffmann Leite, filha do casal Luiz de Freitas Leite e Lucia Hoffmann Leite.
Em 13 de março de 1982, foi criada a Comunidade Bom Samaritano, vinculada à Paróquia Nordeste. As muitas lideranças envolvidas nesse processo, ficam aqui representadas pela Missionária Inger Oybeck. O primeiro presbitério eleito foi: Wilson Baade (presidente), Siegfried Böving (vice-presidente), Ivonete Böving (secretária), Sueli Leysen (vice-secretária), Nelson Alves (tesoureiro), Bruno Popper (vice-tesoureiro), Luiz de Freitas Leite e Geraldo Mohr (vogais).
A primeira cruz de madeira e o altar da Comunidade recém-criada foram doados pelo Sr. Arlindo Schuck.
Em 15 de janeiro de 2009, foi constituída a Paróquia Castelo Forte de Pinhais, localizada na Rua 24 de Maio, 394, na Estância Pinhais, município de Pinhais-PR , e a ela estavam ligadas duas Comunidades: a Bom Samaritano, em Pinhais; e a São Tiago, em Piraquara.
A Paróquia Castelo Forte tem várias frentes de trabalho, nas quais procura envolver diferentes pessoas no servir a Deus. Ao longo da vida na Igreja, somos convidados e convidadas a ouvir o chamado de Deus, bem como a propagar a sua boa nova, através de atividades diversas e de nossos dons.
Depois de um tempo com o Campo de Atividade Ministerial fechado e de muitos desafios enfrentados, aos poucos, estamos revitalizando nossa Paróquia e, assim, proporcionando momentos de convívio comunitário e fortalecimento da fé. A reflexão na Palavra de Deus nos aproxima como família de Jesus Cristo; os encontros de Estudos Bíblicos, nas casas dos membros, uma vez ao mês em cada Comunidade, aprofundam conhecimentos.
Os Grupos da OASE são dois: Rute, em atividade na São Tiago, desde março de 1983; e o Isolde, na Bom Samaritano. Ambos com encontros quinzenais. Em 2024, também foram retomadas as atividades com os jovens, para os quais foi disponibilizada uma sala. Eles mesmos estão mobilizados, reformando e adequando o espaço.
A fim de promover e ampliar a vivência da espiritualidade, realizamos diversos cultos temáticos que auxiliam nessa entrega a Deus e nesse pertencimento do “ser Igreja”. Cultos em datas especiais têm tido uma participação cada vez maior, fortalecendo a comunhão e resgatando a relação de cada um de nós com Deus.
Como parte do mesmo corpo, e para mantermos nossa unidade, celebramos, todos os anos, a Reforma. É um momento para revigorar a nossa caminhada na fé cristã e enfatizar nossa identidade confessional como “Igreja de
Paralelamente, são ofertadas oportunidades de formação, cursos e seminários. Desse modo, somos gratos a Deus por sempre nos ter auxiliado e capacitado para vencer os desafios. Ele nos permitiu chegar até aqui. Seguimos felizes, porque “até aqui nos ajudou o Senhor” (1 Samuel 7.12b). Rogamos a Ele que continue nos conduzindo e nos fortalecendo como Paróquia Castelo
Lucia Hoffmann Leite, Júlio Falgember Junior e Juliana Hoffmann Leite dos Santos
1.5.2 Comunidade São Tiago (Piraquara)
O casal Mathias e Sophie Grotepass veio, com sua filha Elisabeth, do estado de Santa Catarina para Guarituba (Piraquara-PR), em meados de 1950. O casal tinha uma visão comunitária cristã, de origem luterana, e, chegando no Guarituba, sentiram a necessidade de congregar com outras famílias. Assim, ao construir sua casa, projetaram uma sala grande para realizar reuniões e estudos bíblicos.
Sophie entregava leite para seus clientes em Curitiba, num percurso todo feito de carroça. Aproveitando a ocasião para conversar com o pastor da Igreja alemã que ficava na Rua Inácio Lustosa, em Curitiba, acabou criando um laço comunitário luterano e, em pouco tempo, surgiu o primeiro ponto de pregação luterana no Guarituba, na sala da casa da família Grotepass. Com as vindas do pastor agendadas, a matriarca ia às casas das famílias da região e convidava conhecidos para os cultos. Os cultos, em alemão, aconteciam um domingo por mês, no período da tarde, sendo celebrados, alternadamente, pelos pastores Karl Müller, Heinz Ehlert e Martin Johannes Blümmel. Batizados, confirmações e casamentos aconteciam na Igreja em Curitiba. Por um período, as lideranças luteranas reunidas em Guarituba passaram a realizar seus encontros comunitários na Igreja dos Menonitas, cujas famílias estavam de mudança para Witmarsum-PR. No dia 5 de julho de 1965, foi realizada uma reunião entre as famílias luteranas, com o objetivo de escolher o primeiro presbitério (presidente: Ernst Lindner; secretário: Raul Reckelberg; vice-secretário: Bernhard Jülg; tesoureiro: Fritz Haase). A
primeira meta estabelecida era arrojada: angariar recursos financeiros para comprar o imóvel usado para as reuniões. Em 25 de julho de 1965, as famílias luteranas compraram, por meio de doações de seus membros, o imóvel pertencente aos menonitas, onde está localizada, até hoje, a Comunidade Luterana do Guarituba.
Em 1989, foi definida a construção de um novo templo, pois, o que estava em uso, era todo de madeira e precisava ser reformado. Quatro anos depois, no dia 12 de setembro, a nova Igreja foi inaugurada. Com a madeira daquela demolida, foi construída a primeira casa de caseiros, ocupada, na época, pelo casal Ilário e Mariana Stele.
Um sino, presente do casal Marcos e Elisabeth Jensen, foi instalado e inaugurado em 31 de outubro de 2004. No ano seguinte, os desafios continuavam, e era urgente construir um novo salão comunitário. O dinheiro para a obra foi conseguido através de eventos e doações de membros. Desde então, o espaço é usado, mas ainda não foi oficialmente inaugurado.
No ano de 2012, foi realizada uma assembleia para a escolha de um nome para a Comunidade, até então denominada Comunidade Evangélica de Confissão Luterana do Guarituba. O nome, então escolhido, foi: Comunidade Evangélica de Confissão Luterana São Tiago, pertencente à Paróquia Castelo Forte.
Karin von Scheidt de Araujo, Cleverson Antônio Carvalheiro de Araújo, Emilia Stecko Danilenko, Eleonora Butzke, Marilene Wachholz von Scheidt, Waldemar von Scheidt e Anylize Wachholz von Scheidt
Culto Comunidade Martin Luther – Igreja em construção.
1.6 Paróquia Cristo Salvador (Curitiba)
Uma Paróquia missionária
A Paróquia Cristo Salvador de Curitiba é fruto do Programa de Missão Urbana da IECLB, na década de 1970, e de convênio com a Missão Norueguesa, que contribuiu financeiramente para o sustento dos pastores e das missionárias. Investimentos iniciais vindos da Noruega também auxiliaram na construção da casa pastoral, da Creche Bom Samaritano e do templo na Comunidade Martin Luther.
O grande êxodo rural ocorrido nas décadas de 1960 e 1970 mudou o perfil das cidades, refletindo também na Igreja em Curitiba. Houve a necessidade de descentralização das atividades, com o objetivo de alcançar os membros já residentes, mas também os que estavam vindo para Curitiba. A Paróquia, criada em 1975, foi denominada de Paróquia Nordeste.
Em 1º de dezembro de 1975, o Pastor Kjell Nordstokke assumiu o pastorado na Paróquia/Comunidade e o local para dar início às atividades foi na Rua Recife, 431 (Cabral), num imóvel que servia, também, como casa pastoral.
Na área de abrangência da Paróquia Nordeste, já havia a Comunidade de Guarituba, fundada em 5 de julho de 1965, e cujo salão comunitário foi construído em 1976. Nesse mesmo ano, foi criado o Ponto de Pregação em Pinhais, onde quatro famílias se reuniam na casa de um membro para estudos bíblicos e, a partir de 1977, foram realizados cultos aos domingos. Em 1980, com a construção do Centro Social (Creche Bom Samaritano), as atividades passaram para este local e foi formada a Comunidade Bom Samaritano.
Em 1982, com o programa de visitação, famílias em Quatro Barras começaram a se reunir mensalmente para estudos bíblicos e culto infantil. Seis anos mais tarde, os cultos foram celebrados, mensalmente, nas residências dos membros e, em 1995, foi lançada a pedra fundamental para a construção do Centro Comunitário.
Em 2004, houve o desmembramento da Paróquia Nordeste, com a criação da Paróquia Castelo Forte, abrangendo as Comunidades de Guarituba, Trindade e Bom Samaritano. Em 2005, a Comunidade da Trindade voltou a fazer parte da Paróquia Nordeste.
Em 2007, foram dados passos concretos para a independência jurídica da Paróquia e, em 2008, a Cristo Salvador era uma Paróquia com CNPJ próprio, formalmente desmembrada da CELC.
Essa caminhada demonstra a ação de Deus abençoando o trabalho missionário e transformando a realidade dos bairros em que a missão acontecia.
Paróquia Cristo Salvador – motivação para a Missão Urbana em Curitiba
Kjell e Kazumi, um jovem casal, com uma filha pequena, veio para o Brasil para servir como missionários. Ele, norueguês, e ela, japonesa, vieram em junho de 1974 para aprender a língua portuguesa e conhecer a realidade brasileira, a situação religiosa e manter os primeiros contatos com a IECLB. Em junho de 1975, houve contato formal entre as duas instituições: a Sociedade Missionária Norueguesa e a IECLB. Entre as áreas de atuação pautadas, estava a Missão Urbana em Curitiba, com o objetivo de alcançar os luteranos não ativos e os migrantes, considerando o grande crescimento de Curitiba e a centralização da Igreja na cidade.
O processo foi rápido e, já em 26 de novembro de 1975, o casal Kjell e Kazumi chegou a Curitiba, sendo oficialmente instalados em 7 de dezembro, logo encarando como desafios: a missão urbana, a de acompanhamento, de caminhar com aqueles que não sabem aonde chegar, criando um ambiente de amizade e comunhão como Igreja local, e não novas fronteiras.
P. Kjell logo foi considerado membro do corpo ministerial de Curitiba, com os mesmos direitos e deveres; seu mentor foi o P. Gierus, e o pastor distrital, P. Silvio Schneider.
Por onde começar? Pesquisas no arquivo de membros; conversas com as lideranças, destaque ao Sr. Otto Brehm; além organização e realização de visitas, muitas visitas.
A casa era propícia para desenvolver atividades como escola dominical, OASE e Grupo de Jovens. Logo foi iniciado o grupo de estudos bíblicos e, depois, cultos, que eram a manifestação do convívio criado. A fragilidade com relação à língua se tornou um ponto forte, estimulando a colaboração e o voluntariado.
Como ênfase para o convívio e a integração, Kjell ressalta a importância da mesa para compartilhar. Se comemos juntos, somos transformados para relações, seja na hospitalidade, seja na Igreja. Churrasco não é só festa, mas também uma forma de incluir pessoas com dons e garantir a comunhão.
O que marca a trajetória até aqui: acolher ainda hoje a quem chega e quem está no caminho; transmitir a imagem de um Deus bondoso, que acompanha; ser testemunha; ser uma bênção no lugar em que vivemos e congregamos.
Deus
chama e capacita
Inger Oybeck sempre soube que seria missionária, porém, não sabia que direção seguir. Em 1975, a Missão Norueguesa celebrou convênio com a IECLB, e ela foi convidada para vir ao Brasil, país sobre o qual não sabia muito. O choque cultural e a dificuldade com a nova língua foram inevitáveis. Depois de um tempo no Rio de Janeiro, onde se familiarizou com o português, Inger fez, em outubro de 1976, uma visita a Curitiba, e seu primeiro contato foi com a Comunidade de Guarituba.
Em dezembro, logo depois do retorno definitivo, vieram as férias de verão. O que fazer? Visitas. Começar uma Comunidade é fazer visitas, muitas visitas. Como o primeiro trabalho foi com o público infantil, a missionária intensificou as visitas às famílias com crianças, fazendo reuniões semanais.
Em Pinhais, antes de serem construídos a Igreja e o Centro Diaconal, Inger visitou uma escola na proximidade e conseguiu autorização para iniciar um trabalho com as crianças na própria escola. Quando a Igreja ficou pronta, todos os sábados, ali se reuniam em torno de 80 crianças. Em Weissópolis, bairro de Pinhais, havia uma casa, onde, semanalmente, um grupo de 40 crianças, aproximadamente, envolvia-se nas atividades. Já na Martin Luther, no bairro Boa Vista (Curitiba), a família de Erica Weingartner disponibilizou a casa, em cuja garagem o culto infantil era realizado. Logo cedo, aos domingos, Inger pegava a Kombi da Paróquia e, de casa em casa, buscava as crianças para o culto.
O início não foi fácil, pois era um movimento de ir ao encontro das pessoas, procurar, visitar, conversar, conhecer sua realidade e motivá-las à participação. As dificuldades se apresentavam maiores por ser mulher, pois havia poucas no campo ministerial. Oybeck não era pastora mas missionária/catequista, uma jovem com 25 anos, solteira. Não foram poucos os desafios para se estabelecer como obreira da Igreja.
O foco principal foi o trabalho com crianças e jovens. Muitos retiros, festas juninas, capacitação de orientadores de culto infantil, implantação de visitas às crianças com 4 anos de idade, convidando-as para o culto infantil, embrião do Missão Criança. O violão, companheiro fiel, foi ferramenta importante para a realização do trabalho missionário, cativando crianças e jovens.
Nas próximas páginas, um pouco da caminhada de cada Comunidade...
1.6.1 Comunidade Martin Luther (Curitiba)
Foi criada em 1975, na Rua Recife e, como o espaço era pequeno para as atividades da Comunidade, foram construídos a Casa Pastoral e o Centro Comunitário na Rua Estados Unidos, 1950 – Boa Vista, onde a União Paroquial possuía um terreno. Em 12 de março de 1978, foram inauguradas as novas instalações e, em 1980, planejou-se a construção da Igreja, inaugurada em 22 de novembro de 1981, com o nome de “Igreja Martin Luther”.
Em 1982, foi criado o primeiro coral infantil com a regente Flavia Dreher.
Em 1990, foi construída uma nova área ao lado da Igreja para abrigar a secretaria da Paróquia/Comunidade, salas para o Culto Infantil e creche para as crianças durante os cultos. Em 1997, com a compra de um apartamento (Rua Estados Unidos, 1977) para servir de residência pastoral, a área para o trabalho de grupos foi estendida à antiga casa pastoral, e o salão comunitário foi ampliado. Em 1991, foram adquiridos os bancos para a Igreja e três sinos de aço.
Os grupos mais antigos são: Culto Infantil (1976), Grupo Cantares (1976), Grupo de senhoras Rebeca (1976), Coral Martin Luther (1979). Destaca-se também a Semana de Arte e Artesanato, desde 1982.
A diaconia também é fator de destaque com várias iniciativas desde o princípio. O formato atual, de atendimento mensal a famílias necessitadas, iniciou em 1993, com 10 famílias. Hoje são 26, que recebem cestas básicas e têm assistência espiritual e atendimento individual.
No ano de 2000, surgiu a oportunidade de oferecer aulas de instrumentos musicais e, novamente, criar um coral infantojuvenil, sob a regência de Lilian Ludtke. Esse coral recebeu o nome de Coral Favo de Mel. No período da pandemia, o coral se fortaleceu, manteve ensaios online por meses e gravou vídeos. Nessa caminhada, além do desenvolvimento dos dons musicais, são marcantes o envolvimento familiar, o desenvolvimento da fé e os vín-
As atividades relacionadas às crianças, sempre foram prioridade na Comunidade, destacando-se o Culto Infantil, a Escola Bíblica de Férias, os retiros de crianças, as festas juninas, as oficinas temáticas e os eventos de formação para os orientadores. Desde 1989, as crianças com 4 anos recebem convite específico para um culto especial e participação no Culto Infantil. Em 2006, teve início a implantação do programa Missão Criança, com acompanhamento das crianças batizadas, desde o batismo até a confirmação, com o envolvimento da Comunidade por intermédio dos padrinhos de oração. O Culto de Tomé, desde 2006, também como uma proposta nova, passou a ser celebrado, focando a oração, a intercessão. No ano de 2007, teve início um curso de Teologia para os membros da Paróquia e, pelo prazo de 2 anos, o P. Jörg Garbers, da Faculdade de Teologia de São Bento do Sul, foi o orientador.
Em 2007, ainda, aconteceu o primeiro Retiro Paroquial de Família, em Faxinal do Céu, onde houve uma grande integração das Comunidades.
Atualmente, a Comunidade tem diversas iniciativas na capacitação de novas lideranças, visando à renovação nas áreas de Culto Infantil, Missão Criança, música e trabalho com jovens.
Foto da esquerda: Culto Infantil, em 1981.
Foto da direita: Retiro, em 1979-80.
Foto ao lado: Inauguração de Martin Luther.
1.6.2
Comunidade da Paz (Colombo)
A criação da Comunidade da Paz foi fruto do projeto “Missão Colombo”, aprovado pelo Presbitério da Paróquia em 14 de março de 1991, e patrocinado pela Obra Gustavo Adolfo da Alemanha (OGA), por um período de 5 anos.
Foi constituída em Assembleia Geral Extraordinária no dia 27 fevereiro de 1993, em Colombo, nas dependências da residência adquirida, junto com um terreno de 610 metros quadrados, pagos com recursos da OGA e da Comunidade Martin Luther.
Já em 1986, um grupo de estudo bíblico se reunia na residência da família Engelmann, transferido, mais tarde, para a casa da família Estevam. Em novembro de 1989, um segundo grupo foi formado, com reuniões na residência da família Horbach.
Em 26 de março de 1995, foi lançada a pedra fundamental para a construção do Centro Comunitário com dois pavimentos (243 m2), abrigando o templo na parte superior e, na parte inferior, cozinha, salas para reuniões e escritório pastoral.
A OASE teve início no mês de abril de 1996, com reuniões mensais, aos sábados. A Paróquia Cristo Salvador, em Curitiba, tem, desde maio 2005, um trabalho social junto à Comunidade da Paz, com crianças carentes e suas famílias, denominado de Projeto Paz.
Em 2009, foi implantado o Bazar de Produtos Usados, nas dependências da Casa Pastoral, com a finalidade de gerar recursos para os lanches e custeio do projeto de apoio a crianças do entorno que tem crescido anualmente, em especial as que viviam em risco social, e hoje estão acolhidas sob medida protetiva na Casa Lar 7 Anjos. Aulas de espanhol, dança, artesanato e bijuterias eram algumas das atividades que, em 2011, se juntaram às aulas de música, com canto coral e aulas de violão, sob a orientação da Professora Lilian Ludtke e da Pastora Adriane Sossmeier.
Em 2013, não só crianças, mas também adolescentes, tinham aulas de violino e um trabalho com terapeutas ocupacionais, viabilizado com recursos vindos da Fundação Luterana de Diaconia (FLD).
Atualmente, o projeto conta com dois profissionais da área de Música, com aulas de violão e canto, além de voluntários voltados ao atendimento de crianças, adolescentes e mães, tendo também aulas de artesanato e estudos bíblicos.
1.6.3 Comunidade da Trindade (Colombo)
Foi constituída em Assembleia Geral Extraordinária em 19 de junho de 1994, nas dependências da residência da Sra. Isolda Schmoelz, no município de Colombo-PR, e já contava com a participação de 10 famílias.
Cabe lembrar que, já em 9 de maio de 1976, o Pastor Kjell oficiou o primeiro culto em Quatro Barras e, a partir de setembro de 1982, famílias da área se reuniam mensalmente com a Sra. Rosicler Roeder Voos para estudos bíblicos. No mesmo horário dessas reuniões, até 1986, o Sr. Airton Roeder reunia as crianças para celebrar culto infantil. Dois anos mais tarde, ainda nas casas dos membros, outros cultos passaram a ser oficiados regularmente.
A Comunidade Martin Luther, através de doações por parte de várias famílias e da própria Comunidade, além de empréstimos, conseguiu comprar 2 lotes com 784 metros quadrados, para construção do futuro salão da Trindade, cuja pedra fundamental foi lançada em 8 de outubro de 1995. Nesse espaço passaram a ser realizados, além de cultos quinzenais, diversas atividades dos grupos: Culto Infantil, Ensino Confirmatório, JE (Juventude), Presbitério, Estudos Bíblicos, Aconselhamento e Visitação.
Em 18 de junho de 2006, ocorreu a inauguração do templo, onde os cultos passaram a ser realizados.
Rosicler Roeder Voss
Igreja Comunidade da Trindade
1.7 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana Bom Pastor (Curitiba)
Sabe aquela boa ideia que deu certo? Pode-se, também, considerar uma proposta que justificou o esforço: a Comunidade Bom Pastor de Curitiba, Comunidade com função Paroquial, completou 46 anos em 2023.
Um olhar na janela do tempo
O crescimento da cidade de Curitiba e dos luteranos, no final da década de 1970, levou a uma descentralização paroquial. Lembrando, até então, havia a Comunidade da Rua Inácio Lustosa e a Comunidade da Rua Trajano Reis. Assim, surgiram cinco novas Paróquias com a missão de multiplicar os locais de pregação da Igreja Luterana. Da Paróquia Sudoeste, uma das cinco, fazia parte a Comunidade Bom Pastor.
Informações coletadas contam que alemães e descendentes, que há muitos anos habitavam o bairro Villa Guayra, encontravam-se numa associação denominada Gartenbau Verein, cuja sede seria, futuramente, a Casa Pastoral, originando a Comunidade Villa Guayra.
Relato Pessoal I:
“Em 1929, o Pastor Karl Frank realizava cultos na Villa Guayra, aos domingos, depois do almoço, uma vez por mês. O Sr. Matthes, em cuja residência os membros se encontravam, convidou o meu falecido pai para participar de um culto e para também conhecer a GartenbauSiedlung (Colônia de Jardins). Um dia, meu pai e eu, logo depois do almoço, tomamos o bonde até o asilo na Marechal Floriano e, de lá, fomos a pé, pela Avenida Guaira, a atual Avenida Presidente Kennedy. Naquele tempo nem nome tinha; era uma estradinha de carroças. Quando chegamos ao rio Guaira, que, então, servia de bebedouro para cavalos, a gente tinha que pular sobre ele. Vieram ao nosso encontro dois moços. Meu pai, que pouco dominava o idioma português, mandou-me perguntar onde ficava a Vila Guaira. Eles responderam: – Daqui para frente, tudo é Vila Guaira. Meu pai admirou-se, pois somente se via campo. Perguntei, então: – Onde fica a famosa Gartenbau Siedlung? Caminhamos mais um bom tanto, atravessando o campo e finalmente descobrimos a casa dos Matthes. Depois do culto, nós, moleques, brincávamos de esconde-esconde. Um dos moleques se perdeu na capoeira. Custou para achá-lo.” (Sr. João Dittmar, segundo Presidente da Villa Guayra)
Muito antes da Paróquia ser criada, nasceu a OASE Madalena:
“Nos anos 60, o Pastor Karl Mehler dava cultos na Vila Guaíra, os quais eram realizados na Igreja Menonita, por não haver, ainda, no local, nem templo nem centro comunitário. O Pastor Mehler convidou algumas senhoras, com a intenção de formar um grupo de OASE. No dia 6 de março de 1963, sob a orientação do Pastor Martin Merklein, aconteceu a primeira reunião com as senhoras Frau Klassen, Frau Boeckler, Magdalena Gabriel, Erica Schmidt e Luize Knesebeck, nas dependências da Igreja Menonita. Foi assim que surgiu o grupo OASE Madalena. Outras senhoras foram aderindo, o grupo cresceu e passou a se reunir na residência da Sra. Maria Gerlinger. Com a transferência do Pastor Merklein para outra cidade, a orientação do grupo ficou a cargo de outros pastores, dentre eles o Pastor Günther Boebel. A partir de 1968, a OASE Madalena passou a realizar seus encontros numa sala da casa situada à Rua Pará, 723, pertencente à Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba, onde também eram realizados os cultos. Dali, mudou-se para o salão do Centro Comunitário da Vila Guaíra, na Rua Pará, 699, que fora construído nesse meio tempo.” (Texto extraído do Jornal O Caminho – Junho/1988)
Paróquia Sudoeste
A criação da Paróquia Sudoeste foi impulsionada com o retorno do Pastor Martin Merklein e sua família, de Campo Mourão para Curitiba, no ano de 1977. Graças a esse idealista e dedicado pregador é que se consolidaram as Comunidades Nova Esperança, no Portão; Bom Pastor de Curitiba, na Vila Guaíra; o Colégio Martinus, sede Portão; e o Núcleo Leiteiro da Lapa.
“Como o passarinho necessita de um ninho, assim precisa a Comunidade de um lugar adequado para se reunir. Quando, em 1977, a Paróquia foi criada, os cultos e reuniões aconteciam na residência do Pastor, na Vila Guaíra; na casa da família Klein e no refeitório da Fábrica Bosca S/A, no Portão. Tanto na Vila Guaíra, como no Portão, foram construídos, primeiramente, Centros Comunitários e, mais tarde, Templos.” (Prof. Sérgio Odilon Nadalin)
Relato pessoal II:
“Cheguei com minha família em Curitiba em 3 de março de 1977 (antes já tinha feito um estágio nesta cidade, de 62 a 64). Eu fui o primeiro pastor desta recém criada Paróquia, denominada naquele tempo “Setor Sudoeste” . Sou pai ou parteiro? A Paróquia não tinha estrutura: nem fichário, nem carro, nem telefone, nem diretoria, nem templo. No terreno da Rua Pará tinha montes de lixo, valetas, capoeiras – bom para as crianças brincarem de esconde-esconde. Mudou algo nestes 15 anos? O que mudou nas vidas dos paroquianos? O essencial fica desconhecido", diz o Pequeno Príncipe. (Pastor Martin Merklein, na sua despedida, após 15 anos de dedicação à Comunidade Bom Pastor)
Tributo Aos Primeiros Líderes Da Paróquia Bom Pastor
Lembramos da frase “ao citar alguns, esquecemos de outros tantos”. No entanto, fazemos questão de registrar os nomes dos Presidentes da Paróquia nos primeiros 15 anos e que viabilizaram o legado que hoje temos. Pela ordem: Adolfo Bofinger, João Henrique Dittmar, Alberto Castro, Sergio Odilon Nadalin, Ney Jaques Rodrigues e Roberto Russi Neto.
Relato Pessoal III:
“... A apresentação inicial do projeto à equipe do presbitério, quando mencionamos a forma do templo, descrita como “nem redonda, nem quadrada”, fez as pessoas rirem e, imediatamente, simpatizarem com o projeto. Porém, nem tudo foi um “mar de rosas”. O primeiro pedido de alvará à Prefeitura Municipal de Curitiba foi indeferido, frustrando a equipe que se esforçara para atender todos os parâmetros urbanísticos e entraves documentais. (...) Desenhar este projeto com tinta nanquim em papel vegetal, como se fazia naquele tempo, foi emocionante, tendo em vista o amplo público a ser atingido e a função simbólica da obra. Eu havia concluído o Curso de Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná em 1978, e o tema proposto foi desafiador, mas permitiu pesquisas e contatos enriquecedores.” (Angela Stutz Tows, arquiteta que projetou o templo da Comunidade Bom Pastor com formato fora do tradicional, um hexágono)
Os textos mencionados como “relatos pessoais" ilustram o desenrolar dos fatos no tempo que nos antecedeu. A atual Comunidade Bom Pastor foi constituída como Comunidade em 3 de março de 1977; elevada à categoria de Paróquia na assembleia do dia 13 de abril de 1980; e, há poucos anos, voltou a ser Comunidade. Lá se vão mais de 46 anos, durante os quais instalações foram acrescentadas e, depois, substituídas; pessoas se alternaram nas lideranças; e, num processo contínuo, a Comunidade se renova e se prepara, para acompanhar o desenrolar de seu tempo, atualizando sua história. Somos muito gratos pela nossa bonita caminhada. Deus sempre esteve conosco.
Ernani Siegfried Brune
Fonte: registros do professor e historiador Sergio Odilon Nadalin e documentos encontrados na Comunidade Bom Pastor.
Da esquerda para direita, de cima para baixo: 1. Coral, 2. Batismo, 3. Jovens, 4. Missão Criança.
1.8 Comunidade Evangélica Luterana
Melanchton (Curitiba)
Nossa história
O projeto embrionário que, mais tarde, deu origem à criação da Comunidade Melanchton, foi o de estudos bíblicos da Palavra de Deus, realizados na casa da família de Walter Gerhardt Blümel e da família Stahnke, sob a orientação do Pastor Heinz Ehlert, no Boqueirão, na década de 1960. Naquele tempo, a precariedade do transporte público dificultava o deslocamento e a participação das famílias luteranas estabelecidas naquele bairro, pois os cultos eram celebrados na Igreja do Redentor e na Igreja de Cristo, no Centro de Curitiba. Também os filhos e as filhas tinham dificuldades para participar do Ensino Confirmatório. Assim, as famílias sentiam falta de uma
Procurada por representantes do pequeno grupo de famílias luteranas e solidária com a falta de um lugar onde essas famílias pudessem se reunir em culto, a Comunidade Menonita do Boqueirão cedeu a Igreja situada ao lado do Colégio Erasto Gaertner. Os cultos eram realizados sempre no terceiro domingo do mês, no período da tarde (data da mesma época, o início
As famílias luteranas, todavia, continuavam a se ressentir da falta de um espaço próprio para a celebração de seus cultos e suas atividades afins.
Empenhadas no desejo de construir um templo luterano, a sua Igreja, no bairro Boqueirão, sete famílias se envolveram em uma campanha de arrecadação de fundos destinados à compra de um terreno para a edificação da obra. A campanha frutificou, e o recurso arrecadado permitiu a compra de dois lotes de terreno, área que, primeiramente, abrigou o templo de madeira, todo construído com doações da Comunidade, cuja pedra fundamental foi lançada em 18 de outubro de 1970. No início do ano seguinte, mais precisamente no dia 31 de janeiro, foi celebrado o culto de inauguração.
Com o primeiro objetivo – ter um local mais próximo para se reunir em culto – alcançado, a Comunidade seguiu buscando novas metas, como a construção da casa pastoral, do salão comunitário e, posteriormente, a Igreja edificada em alvenaria. Empenho e generosidade não faltaram, e novas metas foram se concretizando.
A formação e a constituição da Comunidade do Boqueirão passou de sonho para realidade, tornando-se um importante local de encontro e vida em comunhão. Na nova Igreja, cujo culto de consagração aconteceu apenas em 8 de novembro de 2015, desde o início já aconteciam os cultos e outras atividades comunitárias.
A Comunidade do Boqueirão, denominada Melanchton, em homenagem a Philipp Melanchton (reformador, astrólogo e astrônomo alemão, principal líder do luteranismo após a morte de Martin Luther), é a concretização de um sonho, é testemunho de um trabalho espiritual e físico, prova da força criadora e empreendedora de pessoas engajadas na sublime tarefa de levar Cristo para mais e mais pessoas.
Nossa Gratidão
Olhar para trás e poder testemunhar a evolução e o crescimento da Comunidade Melanchton é gratificante. Foram anos de muito trabalho, muita dedicação e muito empenho dos pastores e das famílias luteranas pioneiras, às quais devemos toda nossa gratidão e nosso reconhecimento pelo espírito empreendedor e visionário. A atuação conjunta dos pastores e das famílias favoreceu para que as pessoas luteranas do Boqueirão não se dispersassem.
Em meio século (Jubileu de Ouro comemorado no ano de 2020), passaram e foram acolhidas pela Comunidade Melanchton várias gerações.
Ao observar a lista dos primeiros membros e dos atuais, percebe-se que muitos sobrenomes se repetem, demonstrando que a ligação familiar entre os membros e a Comunidade é muito forte.
Agora, já com mais de 50 anos de atividades, pastores e pastoras, presbíteros e presbíteras, famílias, membros e demais colaboradores da Comunidade Melanchton foram acompanhados pelas bênçãos especiais de Deus. Somos enormemente agradecidos e reconhecemos que a presença misericordiosa de Deus acompanha todas as famílias até hoje.
Que nosso Deus Eterno continue conduzindo todas as lideranças e as famílias da Comunidade com força e fé, para prosseguirem no sonho das pessoas fundadoras da Comunidade Melanchton.
Mônica Blümel, a partir de relato da Sra. Irene Blümel
Ponto de Pregação São Mateus.
Foto da casa alugada na Rua Cel. Antônio Ricardo dos Santos, 1139,
1.9 Comunidade Luterana da Cruz (Curitiba)
No início do ano de 1967, um grupo de moradores da Vila Fany, membros da Comuna (atual CELC), dirigiu-se ao Presbitério da Comuna com o pedido de um espaço mais próximo a eles para a realização de cultos, Escola Dominical e Ensino Confirmatório.
Em março, sem esperar pela resposta da CELC, a família de Henrique
Rempel cede um espaço em sua casa para a realização de um culto e reunião. A partir desse culto ficou combinada a realização de estudos bíblicos, quinzenalmente, na mesma residência. Em agosto, após a família Rempel sofrer um acidente, os estudos bíblicos passam a ser nas casas dos demais membros da região, em sistema de rodízio.
Diante da necessidade de ter um espaço próprio para os cultos, ainda em 1967, foi alugada uma casa na Rua Cel. Antônio dos Santos, 1139, no bairro Vila Hauer. No dia 25 de dezembro, à tarde, ali aconteceu um culto, o primeiro do Setor Sul e, dessa data em diante, os cultos passaram a ser celebrados todos os domingos com a colaboração de pastores aposentados, pregadores leigos e pastores da Comuna.
Em março de 1968, iniciaram os encontros do grupo da OASE e da escola dominical. As participantes da OASE, em reunião do presbitério, informaram o desejo de oferecer churrascos, periodicamente, após os cultos dominicais.
Vila Hauer.
Esses recursos seriam aplicados no Projeto Fany, que previa a construção de um templo no bairro de mesmo nome.
Em maio de 1968, o Sr. Wilson Baade comunicou o recebimento da resposta a uma carta enviada sobre a transferência de uma capela que estava montada em Santa Isabel do Ivai, à disposição de Curitiba, Setor Sul (não há registro, infelizmente, a quem o Sr. Baade encaminhou esse pedido).
Consta em ata, do dia 22 de agosto de 1968, um agradecimento ao Sr. Paulo Bartz, então presidente, pelo auxílio recebido na ocasião da compra de um lote na Rua Isaías Régis de Miranda, nº 50, no bairro Vila Hauer, onde a capela supracitada veio a ser montada. Um culto de dedicação foi celebrado em 24 de novembro de 1968.
Em 1969, foi cogitada a ideia de ter um Centro Comunitário e a possibilidade de se adquirir um terreno maior. Assim, foi apresentado um esboço de uma subdivisão de uma quadra de lotes no Vila Hauer, planta Fany, dos quais seriam utilizados cerca de 5.200 m² de um total de 24 lotes, sendo que 16 destes seriam vendidos a terceiros e 8 seriam adquiridos pela Comuna. A disposição desses lotes em forma de cruz inspirou a escolha do nome da Comunidade: Comunidade da Cruz.
Após a aquisição destes oito lotes, ficou autorizada a construção da base para transferência da Capela da Rua Isaías Régis de Miranda, assim como também foi construído um espaço comunitário onde passaram a ser realizados os encontros de OASE, da Escola Dominical, do Ensino Confirmatório, além de reuniões em geral.
Com o segundo pastorado do Setor Sul, sentiu-se a necessidade de uma Casa Pastoral, que foi construída com recursos da OGA, sendo hoje a Casa Pastoral da Comunidade. Na sequência, em mais ou menos dois anos, foi construída a cancha de esportes.
No dia 21 de março de 1993, em culto festivo, foi feito o lançamento da pedra fundamental, dando início à construção de um novo templo. Antes do lançamento, porém, foi retirada a capela de madeira, já sem condições de uso por causa do mau estado da estrutura.
Dois anos depois, em outubro de 1995, foi inaugurado o templo da Comunidade Luterana da Cruz, na Rua Sônia Maria, 190 – Vila Hauer. Um ano após a inauguração do templo, iniciou-se a construção do atual Salão
OASE, Escola Dominical, Coral Ecumênico, Mulheres, Missão Criança, Ensino Confirmatório, Casais, Homens, Estudo Bíblico e Visitação são os grupos e/ou atividades comunitárias das quais os membros de todas as idades
Agradecemos a todas as famílias, aos pastores Martin Blümel e Heinz Ehlert e, em especial, a Deus, por ter-nos conduzido durante toda a caminhada, permitindo que um sonho se tornasse realidade.
foi
Foto de 24 de novembro de 1968, onde foi feita a consagração da Capela situada na Rua Isaías Régis de Miranda, nº 50. A capela
doada da cidade de Santa Izabel do Ivaí.
Foto atual do templo inaugurado em outubro de 1995, na Rua Sônia Maria, nº 190.G
1.10 Comunidade Nova Esperança
(Curitiba)
“A vida só pode ser entendida olhando para trás, mas precisa ser vivida olhando para a frente.”
(Sören Kierkengaard)
Em busca de um lugar para se reunir, ouvir e estudar a Palavra de Deus e estabelecer uma identidade comunitária, algumas famílias pertencentes à Paróquia Bom Pastor, na Vila Guaíra, planejaram e colocaram em prática a fundação de uma Comunidade no bairro Portão. Essas famílias residiam no bairro e seus arredores como também participavam dos cultos na Comunidade Bom Pastor. A partir de 1977, um pequeno grupo de pessoas passou a se reunir, regularmente, na residência da família Klein e Dietzsch, e também no refeitório de uma fábrica da região, para definir os primeiros passos e viabilizar a nova Comunidade. O grupo cresceu e, em pouco tempo, já se falava na aquisição de um terreno próprio. E assim aconteceu: um terreno foi comprado na Rua Arthur Mohr, e ali foi construído um Centro Comunitário, a princípio, com duas salas e uma cozinha. A pedra fundamental foi lançada no dia 2 de abril de 1978 e a inauguração aconteceu no dia 1º de outubro do mesmo ano. O primeiro nome adotado por essa Comunidade foi Igreja da Paz.
No período inicial da Comunidade, todas as atividades eram planejadas em consonância com a Paróquia Bom Pastor, à qual ainda estava vinculada. A primeira assembleia para a constituição da Comunidade foi realizada no dia 5 de dezembro de 1982, com a presença de 14 membros e o acompanhamento do P. Martin Merklein. Em 1983, deu-se início ao projeto de construir um espaço físico maior, que serviria como templo. No mesmo ano, o Colégio Martinus do Centro abriu uma unidade escolar nas dependências da nova Comunidade.
A viabilidade financeira da Comunidade era, em grande medida, possibilitada por contribuição voluntária de alguns membros inscritos e, principalmente, por iniciativas para arrecadação de valores por meio de campanhas, festas e outras programações.
Desde o princípio, conforme consta em registros e atas, a Comunidade estava envolvida na manutenção financeira do Lar Ebenézer, do Colégio Martinus, da Creche Bom Samaritano, da CELC, do Sínodo e da própria IECLB, a partir de atividades diversas, festas e almoços comunitários e envio de ofertas. Ao mesmo tempo, em 1985, a Comunidade adquiriu um novo terreno para a construção do templo, que foi iniciada em 1986, com recursos vindos da OGA. A obra foi inaugurada em 7 de junho de 1987.
Em 1989 estabeleceu-se o segundo campo ministerial da Paróquia da Vila Guaíra, cujo pastor passaria a residir no bairro Portão. Neste mesmo ano foi comprado um terreno com uma pequena casa de madeira, na Rua Arthur Mohr, onde o P. Rui Bonato, definido para esse segundo campo ministerial, passou a residir.
Em 1994, decidiu-se pelo nome “Nova Esperança” e, três anos mais tarde, criou-se a Comunidade Nova Esperança (CNE) como “Comunidade com funções paroquiais”, com pastorado próprio, desvinculado da Paróquia Bom Pastor. Iniciou-se a construção de uma nova casa pastoral, inaugurada em 1998, ano em que o Pastor Dietmar Wimmersberger assumiu as atividades ministeriais.
Além das campanhas evangelísticas que são colocadas em prática e o projeto missionário na Vila Barigüi (periferia de Curitiba), há um trabalho de conscientização sobre o dízimo e ofertas como forma de gratidão a Deus e como suporte financeiro para a expansão das atividades comunitárias.
O Planejamento Missionário (PAMI) aborda temas como visão missionária transcomunitária; valorização da comunhão como forma de crescimento da família cristã; ênfase na salvação pela fé pessoal em Jesus Cristo; sacerdócio universal de todos os crentes; e ênfase em pequenos grupos para o discipulado.
No início dos anos 2000, o empenho de ministro e demais lideranças favoreceu o crescimento da Comunidade, em número, nas iniciativas missionárias e na viabilidade financeira.
No ano de 2008, o P. Dietmar encerrou suas funções e, em seu lugar, assumiu o P. Oscar Jans, a partir de 2009.
Devido às constantes necessidades de ajustes financeiros e à reorganização de atividades, a Comunidade decidiu, em 2011, encerrar, tanto o projeto Missão Barigüi, quanto o seu vínculo com a Comunidade de Araucária. A instabilidade na participação efetiva dos membros também inviabilizou outros projetos.
Em 2013, depois de encerrado o período de atuação do P. Oscar, o campo de atividade ministerial ficou um ano em vacância, até que, em 2015, o P. Renato Raasch assumiu o pastorado, após alguns anos de estudos para doutorado na Alemanha. Com a vinda desse pastor, todas as reuniões do Presbitério tinham um espaço para formação de lideranças e o
desenvolvimento de um planejamento missionário, sendo a mesma ênfase dada em todos os ministérios da Comunidade. Visando a uma nova dinâmica comunitária, algumas iniciativas foram adotadas: leitura e reflexão sobre temas que oportunizem crescimento pessoal e espiritual; planejamento para uma ampla reestruturação física da Comunidade e aquisição de novos organização da Comunidade a partir de Pequenos Grupos (PGs) que se reúnem nas casas; revisão periódica do planejamento missionário, visando à temática de revitalização de Comunidade e discipuformação, organização e avaliação feitas nos passa-dias de ministéatividades comunitárias em consonância com as decisões de presbitério e com as linhas mestras estabelecidas pelo Planejamento Missionário. Com o crescimento da Comunidade e a subsequente expansão da vida em comunhão, seja nos cultos, seja nas demais atividades, surgiu a necessidade da contratação de um auxiliar para a área de música e louvor, função atualmente exercida pelo teólogo Daniel Reinke.
O período da pandemia da Covid-19, em 2020-21, possibilitou uma intensa reestruturação dos espaços físicos: salas, pátios, estacionamento, muros e calçadas. Essa reestruturação proporcionou, já no período pós-pandemia,
uma nova dinâmica e novas possibilidades para a Comunidade Nova Esperança e suas lideranças. Para concluir esse histórico, é necessário registrar que o foco das ações desenvolvidas na CNE está voltado à construção de uma Igreja Missional, Evangelizadora e Discipuladora. Somos uma Comunidade cristã que aceita e enfrenta os desafios do nosso tempo e do nosso contexto. Assim, nos empenhamos para transmitir, em linguagem simples, contemporânea e profunda, o que Deus tem preparado para as pessoas que querem viver como discípulas de Jesus Cristo.
“Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”
Que estas palavras, encontradas em 1 Pedro 2.9, e o amparo fiel do Espírito Santo nos mantenham inspirados!
P. Renato Raasch e Iris Wiedemann
1.11 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Concórdia (São José dos Pinhais)
A história da Comunidade Concórdia, em São José dos Pinhais, teve início em 1977, quando cinco famílias se reuniram para estudos bíblicos, orientadas pelo Pastor Martin Blümmel, da Paróquia Sul de Curitiba. No ano seguinte, a Comunidade se tornou um ponto de pregação dessa Paróquia, com coordenação do Pastor Johann Friedrich Genthner. Ainda em 1978, o Grupo Sara, da OASE, foi formado por iniciativa de mulheres, com Ursula Rothert liderando
À medida que as atividades avançaram, um grupo de trabalho foi formado para propor a criação de uma Comunidade. Sob a liderança de Wilson Ahrens, esse grupo convidou famílias luteranas de São José dos Pinhais para uma reunião
em 18 de janeiro de 1980, onde foi definida a criação da Comunidade e a construção de um salão comunitário. Na época, a Comunidade contava com 60 famílias inscritas, que se reuniam mensalmente na residência da família Alves para cultos, e na residência da família Zadrozny, para o Ensino Confirmatório.
Cresceu o desejo de ter um lugar próprio para encontros e cultos. O terreno onde seria a construção do salão comunitário e, futuramente, do templo, foi doado pela família de Arthur Poland. Os trabalhos começaram em fevereiro de 1980 e, em 26 de outubro do mesmo ano, ocorreu a solenidade de lançamento da pedra fundamental do salão da Comunidade Evangélica Luterana Concórdia. As obras ocorreram em regime de mutirão, lideradas por Argenho Decker, membro da Comunidade e o único profissional de construção a conduzir a obra. Seus auxiliares eram todos voluntários. Em junho de 1982, o salão, ainda a ser concluído, já estava em uso.
Destaca-se o papel do Grupo da OASE Sara, que apoiou desde o início as atividades, realizando eventos para sustentar financeiramente os trabalhos. Em 1979, antes mesmo do início da Comunidade, foi realizado o primeiro Café do Avental, para o qual foram convidados grupos de senhoras de outras Comunidades.
Nos anos seguintes, novos grupos foram se formando, incluindo o primeiro grupo de juventude em 1981, liderado pelo jovem Marcos Antônio Rodrigues; o Culto Infantil, em 1983, que se reunia no Conjunto Urano, na residência da família de Vilmar Schulz, e que, em 1984, passou a se reunir já no salão da Comunidade, na Rua Joinville, 3007.
Em março de 1993, os pastores Johann F. Genthner (da Comunidade Melanchton) e Baldur van Kaick (da Comunidade da Cruz) passaram a compartilhar o trabalho na Comunidade Concórdia. Enquanto o P. Genthner assumia a Escola Dominical e a Juventude, o P. Baldur era o responsável pela celebração dos cultos, orientação da OASE e do Ensino Confirmatório.
Somente em 1995, após constantes manifestações pela necessidade de um pastor ou pastora exclusiva para a Comunidade, a IECLB aprovou o projeto enviado, que contou com o auxílio financeiro da Martin Luther Verein, da Alemanha. Assim, em fevereiro de 1996, a Pastora Vera Maria Immich começou o seu trabalho, enviada pela IECLB, para o seu primeiro campo de atividade ministerial. Nesse momento, para apoiar o louvor, iniciou-se o trabalho com o Grupo Vocal, coordenado por Arlete Schulz.
A inauguração do templo da Comunidade Concórdia, cuja construção havia sido iniciada em 1997, com a participação do engenheiro civil Wilson Ahrens e do arquiteto Robert Henry Schulze, ambos membros da Comunidade, foi realizada em 12 de março de 2000. Nesse dia, durante o culto, havia, na mesa do altar, uma massa de pão levedando e o seu crescimento foi comparado com a esperança e a confiança no futuro da nossa Comunidade. Nos anos seguintes, em comemoração ao aniversário do templo, a Comunidade organizava a festa de Kerb, com comidas e músicas típicas alemãs.
Em 2004, houve o desmembramento da Paróquia Sul em Paróquia de São José dos Pinhais. Em dezembro do mesmo ano, a Pastora Vera encerrou seu período de atividade ministerial. Nos anos seguintes, o Grupo Vocal se tornou um coral, e o projeto Missão Criança foi implantado.
A Comunidade foi crescendo aos poucos, e outras pastoras e pastores deram continuidade aos trabalhos já iniciados, enfrentando diversas mudanças e desafios. Com a chegada da pandemia de Covid-19, em 2020, a Comunidade precisou se reinventar para vencer o distanciamento social. Os grupos passaram a se encontrar de maneira virtual, os cultos foram transmitidos pela internet e demais atividades tomaram outros formatos.
Hoje, somos uma Comunidade que se reúne virtual e presencialmente, promovendo: a comunhão entre seus membros, de forma acolhedora, nos cultos, com o auxílio do grupo de Acolhida e Liturgia. Desse modo, sintetizam diversas áreas de atuação: o estudo da Palavra nos grupos de Estudo Bíblico, de Mulheres e de Jovens; a Educação Cristã Contínua, desde o Missão Criança, Culto Infantil, passando pelo Ensino Confirmatório, até os grupos de pessoas adultas; e o louvor a Deus por meio do coral e das aulas de música. Para que essas atividades aconteçam, a Comunidade contou, e ainda conta, com lideranças engajadas que auxiliam na missão de propagar o Evangelho no contexto em que estamos inseridos; e o Presbitério, como importante motivador, conduz o trabalho para que os bons resultados continuem sendo alcançados.
Somos Igreja de Cristo na cidade de São José dos Pinhais há mais de 40 anos e continuamos com o propósito de, assim como o fermento faz crescer a massa, contribuirmos para o crescimento do Reino de Deus neste mundo, por meio de nossa presença luterana e testemunho cristão.
Roana Clara Gums e Petra Laus Henning
Pastora
1.12 Comunidade Evangélica Luterana no Litoral Paranaense (Paranaguá)
A chegada de algumas famílias evangélico-luteranas ao litoral paranaense despertou a necessidade de buscar um espaço para a celebração de cultos e a realização de outras atividades eclesiásticas e comunitárias. A família Neiwerth veio de Curitiba, da Comunidade Bom Pastor, e fixou residência e comércio no balneário Shangrilá, em Pontal do Paraná. Também chegaram famílias em Matinhos (Arend, Becker, entre outras), Paranaguá e Morretes. Em algumas ocasiões, os cultos e encontros foram celebrados nas casas dos próprios membros e no templo presbiteriano em Paranaguá. Neste, inclusive, aconteceu, em 30 de junho de 1995, a Assembleia Geral Extraordinária, em que foi aprovada a criação da Comunidade Evangélica Luterana do Litoral
Ao longo da sua história, a Comunidade teve algumas dificuldades para manter um atendimento pastoral constante e eficiente. Por longos anos houve rotatividade de pastores, e as celebrações ficavam a cargo de estagiários, pastores de outras Comunidades e até do P. Werner Brunken, quando era Pastor Sinodal. Em Shangrilá, a família Neiwerth, desde os anos 2000, colocou a sua casa à disposição, e já virou tradição a celebração do Advento e do Natal por lá. Em Matinhos, as atividades tiveram início com encontros de estudo bíblico na oficina da família Arend.
Por algum tempo, esses encontros foram coordenados pelo pastor da Comunidade de Garuva, vinculada ao Sínodo Norte-catarinense.
Em busca de recursos para a própria sustentabilidade, a Comunidade estabeleceu uma parceria com a Missão Norueguesa, através da qual foi adquirido um lote com templo que, posteriormente, foi vendido para outra denominação. Com os recursos dessa transação, foi comprada uma nova sede, em Paranaguá, na Rua Berlim, 72. Neste ano de 2024, quando a IECLB celebra os 200 anos de presença luterana no Brasil, a Comunidade no Litoral Paranaense alcança um estágio razoável na solidificação do seu trabalho missionário. Mais especificamente, nos últimos 3 anos o ministro e as lideranças locais têm conseguido resolver pendências de toda ordem, e o objetivo, a curto e médio prazos, é semear e crescer, semear e colher bons frutos. Somos imensamente gratos a Deus pois há espaços físicos adequados e disponíveis para celebrações e outras atividades em Paranaguá, Pontal do Paraná, outros balneários e, inclusive, na casa dos membros.
P. Dalcido Gaulke
1.13 Comunidade Evangélica Luterana em
Araucária – CELAR
A Comunidade Evangélica Luterana em Araucária (CELAR), congrega pessoas residentes no município de mesmo nome, na Região Metropolitana de Curitiba. Durante 21 anos, funcionou como um ponto de pregação ligado à Comunidade Nova Esperança e, a partir de 2013, passou a fazer parte da Comunidade Bom Pastor (ambas de Curitiba), ainda como ponto de pregação.
Nos arquivos de registro de cultos, consta a data de 24 de julho de 1994 como o primeiro culto realizado em Araucária, na residência do casal Pedro e Arlene Schwingel, e conduzido pelo Pastor Rui Bonato. No ano de 1994, cultos também foram celebrados pelo P. Jorge Schieferdecker, pelo Sr. Paulo Sommer e pelo casal Nelson e Ilse de Carvalho. Cabe também mencionar as famílias Michel, Porn, Herr e Hanisch, entre outras, como responsáveis pela caminhada inicial do ponto de pregação de Araucária. Ainda vinculada à Comunidade Nova Esperança, a CELAR também teve cultos conduzidos pelo P. Dietmar Wiemersberg e pelo P. Oscar Elias Jans.
Em 2013, a Comunidade de Araucária iniciou uma nova etapa junto à Comunidade Bom Pastor, com Ministério Compartilhado dos Pastores Eder e Bianca Weber. A Pa. Bianca Ücker Weber exerceu atividades pastorais parcialmente em Araucária, sendo responsável pela elaboração do projeto missionário que viabilizou o pastorado integral.
No dia 20 de março de 2016, foi criada a CELAR, com a instalação do Pastor Jorge Schieferdecker. A CELAR passou a ser uma Comunidade vinculada à Paróquia Bom Pastor de Curitiba, que deixou de ser Comunidade. Cinco anos mais tarde, em 2021, a Paróquia Bom Pastor foi extinta, e a Comunidade CELAR passou a ter o status de Comunidade com função paroquial.
Hoje, a Comunidade é constituída por 27 famílias, totalizando 70 membros, com a atuação voluntária do P. Jorge Schieferdecker. A logomarca da Comunidade Evangélica Luterana em Araucária – CELAR foi estabelecida pela pastora Bianca Weber, em 2013, tendo sido criada pelo P. Cláudio Kupka, de Porto Alegre-RS. A referência à árvore araucária, pela localização; ao crescimento da fé e na Palavra; a pessoas/grupos interconectados; à cruz que une a todos; aos vários tons de verde; em alusão aos diferentes graus ou intensidades de vínculos e de estágios da fé entre as pessoas e grupos da comunidade. A CELAR tem sua sede à Rua Rosália Kaminski, 124, bairro Porto das Laranjeiras, município de Araucária, Região Metropolitana de Curitiba-PR.
Ricardo Jorge Klitzke
1.14 Comunidade da Consolação (Curitiba)
É preciso dizer que a Pastoral surgiu primeiro, a partir de uma demanda percebida pela Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba – União Paroquial (CELC-UP) que, entre outras funções, administra o Cemitério Luterano de Curitiba. As famílias enlutadas, que tinham uma concessão de sepultura no cemitério e não integravam nenhuma Comunidade cristã, muitas vezes, precisavam de um “acompanhamento”. A CELC-UP criou, então, como um projeto, a Pastoral da Consolação. Os objetivos, no início, consistiam em: realizar os sepultamentos, celebrar cultos em memória na capela e, quando solicitado, agendar visitas e/ou encontros para conversar e partilhar a dor.
A Pastoral atuava, também, junto à capelania dos hospitais Evangélico e das Clínicas, em Curitiba, dando suporte a pacientes e seus familiares, além de manter um cronograma de visitação e acompanhamento a corais. Hoje, essa prestação de serviços se mantém no Hospital das Clínicas, conduzida pelo Pastor voluntário Adair Franklin, e no Hospital do Idoso Zilda Arns, sob responsabilidade da Pa. Vera Maria Immich.
A celebração mensal dos cultos, organizada pela equipe pastoral, então liderada pelo Pastor Odair Braun, passou a ser semanal. O crescente número de pessoas que iam ao cemitério para visitas e aproveitavam para assistir ao culto era de se chamar a atenção. Por isso, a CELC-UP, a equipe de ministros, o Sínodo Paranapanema e alguns frequentadores mais assíduos desses cultos, em diálogo fraterno, definiram pela criação de uma Comunidade.
Assim surgiu a nossa história: no dia 5 de março de 2006, na capela do Cemitério Luterano de Curitiba, em culto celebrado pelos pastores Werner Brunken (então, pastor sinodal), Odair Braun e Vera Maria Immich, realizou-se a assembleia para constituição da Comunidade da Consolação. Quase 100 pessoas participaram do culto, que contou com a presença de lideranças da CELC-UP, do grupo musical Madrigal Felicidade e de membros da nova Comunidade.
Considerando a importância do trabalho que vinha sendo realizado pela Pastoral, a Comunidade da Consolação surge com o desafio de executar aquilo que o profeta Isaías diz: “Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de coração: sede fortes, não temais” (Is 35.3-4a). A Comunidade da Consolação fez dessa passagem bíblica o seu lema e, vale registrar: o trecho “Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes” inspirou a Sra. Elfriede Ehlert na criação de uma escultura em argila, exposta, desde 2016, na capela principal do Cemitério Luterano (imagem ao lado).
Atualmente, Pastoral e Comunidade da Consolação fazem uma dupla praticamente indissociável, e as atividades de uma estão mescladas às atividades da outra. Enquanto Comunidade, todavia, temos funções paroquiais
e estamos vinculados à CELC-UP e ao Sínodo Paranapanema. Nosso planejamento estratégico, além de ter objetivos e metas estabelecidos à luz do Plano de Ação Missionária da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (PAMI da IECLB), reitera nosso compromisso com o Evangelho, com os princípios teológicos da confessionalidade luterana e com os documentos normativos da nossa Igreja. Junto à IECLB, ao Sínodo Paranapanema e à CELC-UP, a Consolação mantém suas obrigações administrativas e confessionais e se caracteriza pela ênfase no acolhimento, apoio e consolo, ramificada em diferentes atividades: cultos semanais, culto infantil, cultos especiais, grupo de apoio na dor e no luto, grupo de oração e o coral. Além dessas atividades, com dia e hora marcados, a Consolação realiza o Café de Inverno, o Café de Advento e, mais recentemente, o Dia da Confraternização – oportunidades valiosas para a prática da vida em comunhão e que reúnem não só as lideranças e os membros da Comunidade, como também amigos e familiares. Se, em nossa caminhada, olharmos o presente, visualizaremos a marca dos 18 anos, comemorados em março de 2024. Impossível não fazer uma relação: no ano em que a IECLB celebra 200 anos de presença luterana no Brasil, a Comunidade da Consolação alcança sua “maioridade”. Se, por outro lado, olharmos para trás, veremos passos dados com firmeza, na busca permanente de ações que fortaleçam a nossa identidade e que nos mantenham fiéis, não só aos “pilares” da IECLB, mas, principalmente, à palavra, à obra e aos ensinamentos de Deus.
Elizabeth Flemming
Culto da fundação da Comunidade, março de 2006.
1.15 Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba – União Paroquial (CELC-UP)
A primeira Comunidade Evangélico-Luterana em Curitiba teve seu início em 1866 na Rua Trajano Reis, 190, e era chamada de “Comuna”. Desde o início, a Comuna teve uma escola (Gemeinde Schule), criada pelo Professor/Pastor Johann Friedrich Gaertner. Essa escola funcionava no segundo andar da casa pastoral e, anos mais tarde (1884), ela passou a ser dirigida por uma Sociedade Escolar, com forte influência do movimento Positivista.
As divergências da Comuna com a Sociedade Escolar se agravaram com a eliminação do Ensino Religioso da grade curricular. E em 1898, a Comuna deixou de ser a mantenedora da Gemeinde Schule, e, por isso, ela mudou de lugar. Saiu da Comuna e foi instalada num prédio onde hoje é a Praça 19 de Dezembro. Diante dessa situação, em 1901, um grupo de pais e mães da Comuna, criaram uma nova escola, com Ensino Religioso, na Rua Inácio Lustosa, 309. Ao redor dessa nova escola surgiu uma nova Comunidade Luterana. E, em 1912, essa nova Comunidade construiu seu templo/escola, chamada de Kleine Kirche/Christuskirche. A partir de 1915, começou a funcionar nesse lugar o primeiro Jardim de Infância de Curitiba. Em 1917, a Escola Alemã - dirigida pela Sociedade Escolar – passou a chamar-se Colégio Progresso. Em 1933, o Colégio Progresso foi a primeira escola alemã no Brasil a conseguir autorização para ter o curso ginasial. Em 1943, tudo acabou. Com a dissolução da Sociedade Escolar e o fechamento do Colégio, em função da 2ª Guerra, o patrimônio do Colégio Progresso passou para a Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Paraná.
Com as dificuldades decorrentes da Guerra, e para não perder a administração do Cemitério Luterano, as duas Comunidades Luterana de Curitiba (Comuna e Kleine Kirche/Christuskirche) se uniram em 1942, como uma só Igreja, chamada agora de Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba (CELC).
Logo depois da Guerra, em 2 de fevereiro de 1948, por iniciativa do Pastor Heinz Soboll, foi criada uma nova escola de ensino primário, mantida pela recém-criada CELC. Em 1953, essa escola recebeu autorização para instalar o curso ginasial, chamado de Ginásio Martinus. Em 1965, a união do curso primário com o curso ginasial passou a se chamar Colégio Martinus.
No final dos anos 1960 e durante os anos 1970, a CELC marcou a presença luterana em Curitiba construindo casas de apoio para estudantes luteranos que vinham de outras cidades. E, ainda no final dos anos inaugurou o Lar Ebenezer para pessoas idosas.
A CELC fortaleceu, ainda mais, a presença luterana em Curitiba, com o projeto de transformar os Pontos de Pregação, nos bairros, em Comunidades. Esse projeto foi chamado de “descentralização”. Pastores da IECLB e do exterior foram convidados a trabalhar na CELC, com o objetivo de procurar famílias luteranas nos bairros e utilizar as casas pastorais ou as casas de famílias-membro, para realizar cultos e encontros de formação ou de estudos bíblicos. Esse projeto de descentralização criou as demais comunidades luteranas que temos hoje em Curitiba.
Nesse mesmo período, para manter uma relação entre os pastores, comprar terrenos e dar apoio às novas Comunidades, foi constituída a Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba – União Paroquial (CELC-UP) e todas Comunidades que iam surgindo foram registradas sob o mesmo CNPJ da CELC-UP.
Depois, a partir do ano 2003, por dificuldades administrativas no Colégio Martinus e no Hospital Evangélico, a CELC-UP incentivou as Comunidades a constituírem CNPJ próprio e, assim, passou as propriedades para cada Comunidade. Essa nova realidade minimizou a atividade missionária na União Paroquial, fazendo com que Paróquias e Comunidades fossem em busca da própria sustentabilidade.
No entanto, é preciso destacar que a CELC, e depois também a CELC-UP, sempre tiveram como objetivo marcar presença luterana decisiva em Curitiba e Região Metropolitana, não só com as Comunidades e Paróquias a ela vinculadas, mas também com o Cemitério Luterano, o Colégio Martinus, o Lar Ebenezer, o Lar Luterano de Retiros (em Curitiba) e a Creche Bom Samaritano (em Pinhais). Por isso, temos hoje esse legado e responsabilidade de manter e fortalecer a União Paroquial, com o objetivo de integrar e valorizar o trabalho pastoral de nossas Comunidades na Região Metropolitana de Curitiba, em diálogo e cooperação com as instituições educativas e diaconais ligadas à CELC-UP.
Pastor Nilton Giese
2 REGIÃO CENTRO
Comunidade Quero-Quero atual.
2.1 Paróquia Evangélica de Confissão
Luterana Novo Horizonte (Palmeira)
A Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Novo Horizonte foi criada em 15 de outubro de 2010. Situada no município de Palmeira-PR, é constituída pelas Comunidades Evangélicas de Confissão Luterana de Quero-Quero, de Witmarsum e de Jacuí. Apesar de existir como Paróquia há pouco tempo, suas Comunidades têm uma caminhada mais longa.
A Comunidade Luterana na Colônia Quero-Quero completa, em 2024, 147 anos de atuação na Região dos Campos Gerais do Paraná, a Comunidade Luterana na Colônia Witmarsum completa 42 anos e a Comunidade Luterana em Jacuí, 54 anos de existência.
No início, as Comunidades eram atendidas por ministros e ministras de Paróquias e Comunidade vizinhas, sendo que, a partir de 2011, depois da criação da Paróquia, passou a contar com ministros e ministras que atuaram exclusivamente nela: P. Jerry Fischer (2011 a 2013); P. Rodrigo Gustavo de Lima (2014 a 2023); P. Cláudio Rieper (a partir de 2023).
Atualmente, na Paróquia Novo Horizonte, são realizados os cultos regulares em todas as Comunidades, além dos trabalhos específicos de cada Comunidade, tais como: Ensino Confirmatório, grupos de Culto Infantil, OASE, Estudo/Curso Bíblico, Visitação, Juventude Evangélica (JE), Diaconia (culto do quilo) e o Canto Coral da Comunidade de Quero-Quero.
Instalação Pastor Cláudio Rieper.
Paróquia Novo Horizonte – conselho reunido.
2.1.1 Comunidade em Colônia Quero-Quero
A Comunidade em Colônia Quero-Quero, situada a 10 km da sede do município, tem cerca de 500 membros (150 famílias). Essas famílias são, em sua maioria, descendentes de imigrantes russo-alemães, que chegaram a essa região do Paraná em 1877. Logo nos primeiros anos, para celebrar a própria fé, essas pessoas se reuniam em Comunidade, sendo atendidas pelo P. Erhald Schulze, de Curitiba, e o P. Wilhelm Fugmann, de Ponta Grossa, que realizaram os cultos e demais trabalhos até 1953.
Dentre os grupos e atividades da Comunidade, cabe destacar que, tanto a OASE quanto a Juventude Evangélica têm uma longa caminhada. Em 2 de fevereiro de 1945, foi fundada a Sociedade das Moças Luteranas, que, mais tarde, veio a se tornar o grupo da Ordem Auxiliadora das Senhoras Evangélicas (OASE). Nesse mesmo período, formou-se o grupo da Juventude Evangélica (JE). Assim como a OASE, é possível que o grupo de JE tenha mais de 70 anos de história, pois muitos pais, tios e avós dos integrantes atuais da Juventude Evangélica Luterana de Quero-Quero (JELQQ) participaram do grupo no passado.
O primeiro presbitério só foi constituído em 1932, por Heinrich Hartmann (presidente), pelo casal Antonio e Roberta Angelotti, por Mase Kersten (secretário) e por Fernando Wiegand (tesoureiro). O P. Schulze era o integrante de honra. O professor Antonio, por sua vez, fazia as leituras nos cultos e, esporadicamente, também os oficiava.
Em 11 de novembro de 1956, foi instalado o P. Erhart Kroll, cuja prioridade era atender a Comunidade de Quero-Quero, que, até então, vinha sendo atendida pelo P. Heinz Friedrich Soboll, de Curitiba.
A celebração dos cultos acontecia uma vez por mês, nos domingos à tarde. Em 1962, P. Kroll e sua família saíram de férias para a Alemanha por 6 meses, sendo substituído pelo P. Felde. Em 28 de agosto de 1963, assumiu o P. João Pedro Brükheimer. Em 1968, durante as férias do P. Brückheimer, dona Lúcia Hinsching assumiu os trabalhos com as Comunidades. Com o retorno do P. Brückheimer, por decisão do presbitério, Lúcia Hinsching foi convidada para continuar com dedicação em tempo integral nos trabalhos comunitários, como OASE, Ensino Confirmatório, Culto Infantil, Jovens e Cultos.
Atuaram nesta Comunidade, desde 1901 até 2011, os seguintes ministros e ministras:
• 1901 – P. Erhald Schulze e P. Joseph Hohl;
• 1902 – P. David Wiedmer, P. Karl Frank, P. Wilhelm Fugmann, P. Brepohl;
• 1907 – P. Otto Kuhr;
• 1904 a 1972 – P. Heinz Friedrich Soboll e P. Werner Anderson Affen;
• 1932 a 1955 – Missionário Paul Arthur Nelzer;
• 1956 a 1970 – P. João Pedro Brückheimmer, P. Fühlul, P. Erhald Kröll, P. Robert A. Felde, P. Adauto Beckhãusen, P. Charles Werlich ;
• 1971 a 1977 – P. Peter E. Mathiessen, P. Paulo R. Rüchert e Pa. Maria Luiza Rüchert;
• 1977 a 1982 – P. Charles D. Eidum, P. João P. Bertoch, P. Charles Roberto Hoepner, P. Hariberto E. Gutknecht, P. Pedro Dietz Beuttenmmüller;
• 1983 a 2010 – Missionária Nelsi Krüger assumiu os trabalhos comunitários, como OASE, Ensino Confirmatório, Culto Infantil, Jovens, e até Cultos quando os pastores não podiam vir.
• 2006 – P. Paulo Afonso Butzke, P. Edwin Fickel e Pa. Carolina Dienstmann Fickel.
Em dezembro de 2010 foi encerrada a parceria com a Comunidade Bom Pastor de Ponta Grossa e, com isso, a Paróquia Novo Horizonte passou a ter os próprios ministros e ministras.
Presbitério da Comunidade de Quero-Quero, gestão 2023/2024
2.1.2 Comunidade em Colônia Witmarsum
A Comunidade da Colônia Witmarsum, localizada a 30 km da sede, conta com 80 membros (25 famílias) e chega aos seus 42 anos de existência em 2024. Inicialmente, eram dois grupos de membros da IECLB que se reuniam em separados; um, atendido pela Paróquia Evangélica Luterana dos Campos Gerais (Ponta Grossa-PR); e o outro, atendido pela Comunidade Evangélica Luterana de Curitiba (CELC).
O grupo atendido por Curitiba tem registros em ata de encontros que aconteceram a partir de fevereiro de 1982. Já o atendido por Ponta Grossa tem registros verbais de encontros em meados do ano de 1990. Ambos realizavam celebrações, reuniões e demais atividades nas garagens das casas de membros e/ou familiares, no Colégio Fritz Kliewer e também na Igreja Evangélica Menonita (Igreja da Torre), gentilmente cedida pelos nossos irmãos Menonitas. Como nenhum dos dois grupos, por causa do limitado número de membros, tinha condições de desenvolver um trabalho condizente com as necessidades, em setembro de 2007 se uniram e fundaram a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Witmarsum, que passou a ser atendida pela Paróquia Evangélica Luterana dos Campos Gerais – Ponta Grossa-PR. Essa Comunidade celebrou seus cultos no salão nobre do Colégio Fritz Kliewer até julho de 2012, quando foi inaugurada a sede própria, conseguida através de doações e de recursos provenientes de festas/eventos.
Desde junho de 2010 a Comunidade faz parte da Paróquia Novo Horizonte –Palmeira-PR, que também é composta com as Comunidades de Jacuí e Colônia Quero-Quero, entrando oficialmente em vigor com suas atividades em janeiro de 2011. Cabe ressaltar, aqui, o importante papel do Pastor Emérito Gerd Uwe Kliewer, que conduziu, de maneira brilhante, os processos de unificação dos grupos e, posteriormente, da fundação da Paróquia Novo Horizonte.
Comissão organizadora 2024
Início - Culto campal.
Culto de Ação de Graças (atual).
2.1.3 Comunidade em Jacuí (Campo Largo)
A Comunidade em Jacuí está localizada no interior do município de Campo Largo, a 50 km de Palmeira, com 50 membros (15 famílias). As estradas que levam a essa Comunidade são extremamente precárias e, em dias de chuva, não se consegue chegar à localidade. Os membros são pessoas humildes e valorizam muito a sua Comunidade.
A Comunidade foi fundada em 1970, tendo como um dos fundadores o Sr. João Martin Lederer. O P. João Pedro Brükheimer iniciou as atividades com cultos às terças-feiras, que, mais tarde, quando se tornou Comunidade independente, passaram para os domingos. Durante esse tempo, dona Lúcia Hinsching assumiu os demais trabalhos comunitários.
De 1977 a 1985, o P. Charles Eidum conduziu a Comunidade. De 1986 a 2010, foi a vez do P. Hariberto Gutknecht e, basicamente no mesmo período (1983 a 2010), a Missionária Nelsi Kruger assumiu os trabalhos comunitários, como OASE, Ensino Confirmatório, Culto Infantil, Jovens, e até Cultos, na ausência dos pastores.
Presbitério da Paróquia, gestão 2023/2024
Primeira diretoria da Paróquia formada em 15 de outubro de 2010.
Foto tirada após o Culto da Comunidade de Jacuí Pastor Jerry Ficher.
Antiga Comunidade Jacuí.
2.2 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana Bom Pastor (Ponta Grossa)
1894 – 2024: 130 anos da Comunidade Luterana Bom Pastor em Ponta Grossa
A Comunidade Bom Pastor e a presença dos luteranos em Ponta Grossa completa 130 anos de história em 2024. Uma trajetória que começou com a imigração dos alemães do Volga, que chegaram ao Paraná em diversos grupos, entre 1878 e 1879, seguida da formação das primeiras Comunidades eclesiásticas nas cidades de Curitiba, Lapa e Imbituva e, mais tarde, em Ponta Grossa.
Assim que chegaram ao Brasil, os imigrantes alemães foram recebidos pelo governo brasileiro com toda amabilidade e enviados para o Paraná sob cuidados especiais do presidente da Província, Dr. Lamenha Lins. Em seguida, foram para a região dos campos, apropriada para o assentamento e para a cultura do trigo.
Na região dos Campos Gerais, os imigrantes se instalaram em Moema, Taquari, D. Gertrudes, Pellado, Guaraúna, Botuquara e Tavares Bastos; em Papagaios Novos, Quero-Quero, Lago e Pugas; em Mariental e Johannisdorf. Outras localidades da região também receberam os alemães do Volga, como Imbituva, Entre Rios, Valinhos, Antônio Rebouças e Faxinalzinho.
Somente após a imigração é que o desenvolvimento da Igreja no interior do estado do Paraná pôde ser iniciado, pois, até então, o reduzido número de alemães evangélicos não possibilitava o serviço regular da Igreja.
Logo que chegaram ao Paraná, os alemães do Volga procuraram pelo Pastor Boecker, na cidade de Curitiba, solicitando o serviço religioso. Por intermédio de Boecker, eles conseguiram o seu primeiro pastor, Fr. Willh Hosensack, que passou a residir nas colônias de Moema, Botuquara, Papagaios Novos e Quero-Quero.
Em Ponta Grossa, os primeiros alemães chegaram por volta de 1875. Naquele ano, o quadro urbano já havia sido ampliado e carroceiros alemães movimentaram as estradas para Curitiba e para o interior do Estado, fator que possibilitou o desenvolvimento do comércio e das comunicações. Por meio da ligação ferroviária com Curitiba e Paranaguá e pela estrada de ferro de São Paulo-Rio Grande, Ponta Grossa se tornou uma encruzilhada comercial.
Esses foram os primeiros passos para o início da Comunidade Evangélica que aconteceram em 1894, quando o Pastor Schulze veio de Curitiba para dar início à organização. A primeira diretoria foi constituída por Friedrich Naumann, presidente; pelo Professor B. Apetz, guarda-livros; e por Oscar Baer, tesoureiro. Entre os demais eleitos estavam Wilhelm Metzenthin, Wilhelm Naumann, Franz Krohn, Johann Albach e Oscar Roedel. Algumas reuniões foram realizadas para a criação dos estatutos da Comunidade e o Sr. B. Apetz, como professor, por muitas vezes, pregou e ministrou cultos de leitura.
Em 1897, foi a vez do Pastor Wiedmer iniciar o seu trabalho em Ponta Grossa. Sua trajetória ficou marcada pela compra de um terreno para a Comunidade, onde foi construída uma casa de madeira que, de início, serviu como templo e, depois, como casa pastoral. Mais tarde, um novo templo e uma casa pastoral foram construídos. Ponta Grossa, a sempre cidade campestre, tinha sido ligada a Curitiba por estrada de ferro. Por essa razão, em 1897, o Pastor Wiedmer chamou Gustav Berchner como pastor e professor para a Comunidade, ali permanecendo até 1900.
Após a partida de Berchner para Curitiba, veio para Ponta Grossa o Pastor José Kohl, que até então servia Entre Rios. Ele e o P. Wiedmer, antes de tudo, organizaram as atividades escolares e recomendaram que a Comunidade fosse ligada ao Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros estados – isso aconteceu em 4 de agosto de 1906.
P. Kohl saiu da sua função e, em seu lugar, foi eleito o Pastor Otto Kuhr Senior, que atuou na Comunidade até 1911. Em paralelo, ele também foi pregador itinerante do Sínodo e percorria, a cavalo, os municípios de Castro, Ponta Grossa, Ipiranga, Carambeí, Witmarsum e Guarapuava. Em 1908, a imigração alemã teve grande incremento, fazendo com que Otto Kuhr precisasse viajar muito, razão pela qual a Comunidade recebeu o Pastor Karl Frank como vigário. Quando Karl Frank assumiu a colônia dos Papagaios, veio para Ponta Grossa, em 1911, o Pastor Wilhelm Fugmann, que aqui permaneceu por 54 anos. E o P. Otto Kuhr foi liberado para continuar como pregador itinerante, atendendo a regiões vizinhas.
Com a criação da Comunidade escolar, as aulas eram ministradas no templo, em situação considerada precária. Por essa razão, foi arrecadado dinheiro para construir uma casa própria para a escola, a qual foi inaugurada em 1916. A velha igrejinha de madeira, que serviu de moradia para os pastores Berchner, Hohl, Kuhr e Fugmann, com o tempo, foi se deteriorando. Como não compensava reformá-la, decidiu-se construir uma nova casa pastoral no mesmo alinhamento com a Igreja e a escola, na Avenida Belo Horizonte, atual Avenida Dr. Francisco Búrzio. Em 1928, a casa escolar foi alugada à recém-fundada Sociedade Alemã de Auxílio à Escola. Nesse mesmo ano, o templo sofreu alterações em seu estilo e ficou mais bonito. Mas, com o passar do tempo, o espaço ficou pequeno para a Comunidade, e diversos planos foram elaborados, com propostas de construção de uma nova Igreja, digna da cidade, e que, anos mais tarde, passou a ser chamada de Bom Pastor. Segundo estatísticas de 1928, cerca de 230 membros (famílias) faziam parte da Comunidade naquela época. Atualmente, a Comunidade Bom Pastor conta com 700 membros e, há mais de um século, destacou-se em diversas áreas: na educacional, com a Escola Bom Pastor; na assistencial, com a Creche Martin Lutero, hoje localizada no Núcleo Santa Mônica; e na saúde, com o antigo Hospital Evangélico. Hoje, a Bom Pastor atua em parceria com a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital do Câncer, além de desenvolver outros projetos em prol da sociedade.
P. Diego Ernani Biehl
Fonte: Livro Os alemães no Paraná – livro do centenário
2.3 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em
Castro
Em 1880, chegaram a Castro os primeiros alemães evangélico-luteranos, que eram artífices. No entanto, aqui se dedicaram à agricultora, pois na Região Sul do Brasil precisava-se de mão de obra para desenvolver a pequena e média propriedade e produzir alimentos com intuito de abastecer o mercado interno. Em 1890, mais 25 famílias alemãs da Volínia aqui se estabeleceram, na pequena colônia denominada Santa Clara, construíram uma capelinha e uma escola e, de tempos em tempos, eram atendidos pelo Pastor David Wiedmer. Os imigrantes alemães priorizavam em suas vidas a fé e a educação. Junto aos esforços de estabelecer a Comunidade de fé, foi formada a “Sociedade Educacional 1890” (Clube dos Alemães), que foi uma escola alemã significativa para a cidade.
No 1° Advento de 1899, os luteranos, em Castro, reuniram-se na Igreja Presbiteriana para “organizarem para si e para seus descendentes, a situação da Igreja”. Naquela ocasião, liderados por Evaldo Gaertner, Luis Albrecht, João Damaski e o Pastor itinerante Otto Kuhr, foi fundada a Paróquia Alemã Evangélica Luterana do Advento. A Bíblia deveria ser a única norma da fé e da vida de seus membros. Posteriormente, Otto também foi o primeiro pastor da Comunidade de Castro. Os cultos, no início, eram realizados no templo da Igreja Presbiteriana, gentilmente cedido pelos irmãos.
2.3.1 Comunidade Evangélica Luterana do
Advento em Castro
No ano de 1900, adquiriu-se, do Sr. José Marques, o terreno da atual Comunidade Luterana em Castro. No mesmo ano, fundou-se uma escola paroquial para onde também os cultos foram transferidos.
Logo chegou o Pastor Christiano Wiesinger, que permaneceu por 31 anos. Após, o P. Karl Bergold esteve dois anos à frente das atividades, seguido pelo P. Leonard Hoesch, que orientou a Comunidade por cinco anos.
Com o passar dos anos, chegaram tempos mais difíceis. Em 1939, o Pastor Leonhard Striffler (avô do castrense Marcos de Macedo Striffler), assumiu a Comunidade e a dirigiu durante a 2a Guerra Mundial até a sua aposentadoria, em 1950. Durante esse período turbulento, o Pastor Striffler teve a difícil tarefa de manter a Comunidade unida e arrecadar fundos para o desenvolvimento dos trabalhos.
Com a proibição da língua alemã e de viajar, imposta aos alemães, paralisou-se totalmente o trabalho pastoral, consequentemente, reduzindo o número de membros. Na década de 1950, coube ao P. Frederico Hösch orientar a vida comunitária.
O sonho do novo templo, construído em estilo triangular, simbolizando o Deus Triúno, só se concretizou em 23 de janeiro de 1966, tempo no qual se encontrava o P. Reinaldo Seibel. Entrementes, em 1961, já havia sido inaugurado o templo da Comunidade Luterana em Maracanã, formada por alemães em situação de diáspora, que vieram até a Colônia Maracanã a convite do cônsul alemão Aeldert. Em 1987, inaugurou-se o templo da Comunidade Luterana em Carambeí, formada por um pequeno grupo de alemães que se instalaram na região, em meados de 1899, por ocasião da construção da Ferrovia São Paulo-Rio Grande. O templo de Arapoti, por sua vez, data de outubro de 2001. Este ponto de pregação, em Arapoti, surgiu a partir do assentamento de famílias deslocadas das terras inundadas pela Usina Hidrelétrica Itaipu Binacional. Ao longo dos anos, os pastores que atuaram na Paróquia, cada um com seu jeito especial e que, deixaram marcas significativas, foram: P. Otto Kuhr, P. Christiano Wiesinger, P. Karl Bergold, P. Leonardo Hoesch, P. Leonardo Striffer, P. Frederico Hösch, P. Reinaldo Seibel, P. Douglas Benkendorf, P. Egon Marterer, P. João Pedro Brückheimer, P. Olavo Porath, P. Nelson Sommer, P. Osnildo Friedmann, P. Euclésio Rambo, P. Alfredo Malikoski, Pa. Bianca Bartsch e, atualmente, P. Daniel Euclésio Roveri do Nascimento. Assim, “Até aqui nos ajudou o Senhor.” (Salmo 7. 12b). Chegamos aos 125 anos da presença luterana em Castro, em 2024. Atualmente, a Paróquia Luterana de Castro conta com três Comunidades – Castro, Maracanã e Carambeí – e um ponto de pregação em Arapoti, num total aproximado de 500 membros. Sempre haverá motivos para agradecer a Deus, visto que, em sua misericórdia, tem abençoado o trabalho de frágeis mãos humanas.
Por isso, antes de tudo, é necessário exaltar a misericórdia de Deus por ter assistido a Comunidade Luterana de Castro durante esses 124 anos, manifestando-lhe a mensagem salvadora de Jesus Cristo, nosso advogado, e de seu amor divino. Que o nosso Triúno Deus continue derramando a sua bênção sobre a nossa Igreja e sobre as Igrejas Cristãs em geral, para que testemunhemos aos outros o amor de Deus em Jesus Cristo, a comunhão e a fraternidade como visível expressão da fé. “E seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é o cabeça, Cristo” (Efésios 4.15).
Reinauguração do templo - dedicação 28/05/23.
Ponto de pregação em Arapoti
O surgimento do Ponto de Pregação em Arapoti procede de um momento histórico econômico do Brasil em relação à construção da Binacional Hidrelétrica ITAIPU e suas consequências.
Desde 1975, o governo federal prometia pagar um preço justo pela indenização, como pôde ser verificado mediante a ampla propaganda veiculada na região, de acordo com a documentação existente no Centro de Documentação da Itaipu Binacional em Foz do Iguaçu. Porém, em 1978, eram poucas as famílias que haviam recebido as indenizações (FERNANDES, 2000: 65), sendo, ainda, por um preço muito abaixo do esperado. Algumas famílias foram transferidas para projetos de colonização no Mato Grosso, ou no Norte do País, como foi o caso do Projeto Pedro Peixoto, no Acre. Essa situação fez com que, no mesmo ano de 1978, as Igrejas Luterana e Católica (por meio, da CPT – Comissão Pastoral da Terra), bem como alguns sindicatos de trabalhadores rurais, começassem um trabalho de organização nas Comunidades, formando, em 1980, o Movimento Justiça e Terra, numa luta contra a política do governo. O Movimento agiu promovendo a organização das famílias, mediante espaços de conscientização, bem como auxiliando nas negociações com o governo, conquistando o aumento do preço das indenizações, mais dois assentamentos nos municípios de Arapoti e Toledo. O templo, inaugurado em janeiro de 2001, foi construído com o trabalho árduo e recurso dos membros locais e da Comunidade mãe, Castro.
2.3.2 Comunidade Evangélica Luterana em Carambeí
Nos anos de 1922 a 1929, estabelecerem-se na colônia holandesa alguns alemães luteranos, entre os quais se destacaram Emil Gehrmann, Walter Engfer e Georg Schmidt, onde fixaram residência e fizeram, aqui, sua 2ª terra natal. Hoje, todos estão falecidos, mas os filhos, os netos e os bisnetos deles ainda hoje se encontram por aqui. Os luteranos, naqueles tempos, realizavam os cultos na Igreja Evangélica Reformada de Carambeí, permanecendo filiados, todavia, à Comunidade Evangélica Luterana de Castro. Na época, contava com 25 famílias. No dia 10 de abril de 1969, foi realizada a 1ª reunião das senhoras luteranas de Carambeí, dirigida pela Sra. Lucia Hinsching, e contando com a presença das Sras. Joana Gehrman, Luiza Schmidt, Katte Hoffmann, Griseldes Los e Iolanda Degger. Esse grupo passou por altos e baixos. Em 1973, inscreverem-se na OASE. Em 1981, o grupo contava com 14 senhoras. Elas realizavam bazares, jantares, barracas de bolos para angariar fundos em prol da compra de um terreno e da construção da Igreja, cuja pedra fundamental foi lançada em 30 de março de 1985.
Inauguração do templo 07/06/1987.
Em 1983, o atual terreno, medindo 1.375 m², foi comprado de um membro da Comunidade, Sr. Horst Gehrmann, no valor de 500,00 cruzeiros, pagos em duas parcelas. É importante frisar que esse empreendimento contou com a participação ativa de toda a Comunidade, como também a colaboração da Comunidade Evangélica Reformada de Carambeí, seus membros e amigos.
Apesar de várias vozes contra, devido à situação de crise mundial, a maioria dos membros não desanimou e foi em frente, na esperança e fé em Deus. Em 1984, foram realizadas várias reuniões, sempre com o mesmo tema: a construção da Igreja. Entre várias plantas apresentadas, a Comunidade optou pela planta desenvolvida pelo Pastor Olav Porath.
A Comunidade contou com a doação espontânea de muitos membros em material de construção e dinheiro. A planta foi elaborada pela Construtora Iapó Ltda, sendo doação do Sr. Guenther Rudeck.
Em 13 de março de 1988, iniciou-se a obra, sendo a comissão formada pelos senhores Reinaldo Gehrmann, Rolf Engels e Adolf Engfer.
Em 1985, a Comunidade era composta por estes membros: Rolf Engels e família, Otilia Engfer, Reinaldo Gehrmann e família, Joana Gehrmann e família, Horst Gehrmann e família, Hilda Osolnik, Elie Gehrmann, Alice Boltjes e família, Helmut Gehrmann e família, Werner Seifert e família, Geraldo Doegger e família, Germano Bernardo Doegger e família, Germano Schmidt e família, Rodolfo Schmitdt e família, João Schmidt e família, Herbert Gehrmann e família, Adolf Engfer e família, Hubert Engels e família, Olivan Lourenço e família, Conrado Sens e família, Eduardo Sens e família, Emerich Mondel e família, Oscar Hoffmann e família, Werner Bauchrowitz e família e Egon Muller e família.
A Comunidade teve como representantes: Walter Engfer, Emil Gehrmann, Walter Gehrmann, Germano Schimdt e Reinaldo Gehrmann.
Culto festivo do lançamento da pedra fundamental.
2.3.3 Comunidade Evangélica Luterana
Maracanã
A Comunidade do Maracanã tem seu início como resultado da lei brasileira de 1934, que regulava a entrada de estrangeiros que atendessem exclusivamente a necessidade de serviços agrícolas. A fazenda Garcez foi dividida em 2 partes: Terra Nova Garcez e Terra Nova Maracanã, doravante Colônia Maracanã. Para a parte Garcez, foram destinados os imigrantes alemães; enquanto a Colônia Maracanã recebeu migrantes vindos de Santa Catarina e demais estados brasileiros. A Colônia tinha uma administração e o gerenciamento principal feitos pelo Sr. Cônsul Aeldert. A administração auxiliava os colonos com alimentos, sementes e adubos para o plantio. A ideia inicial era que os colonos vindos de Santa Catarina e outras regiões auxiliassem os novos imigrantes na nova vida, uma vez que já tinham adquirido algumas noções de agricultura.
Em uma situação de escassez e muita dificuldade por parte dos migrantes, mas com muita fé e perseverança, deu-se início a um empreendimento pela educação e, logo depois, pela formação da Comunidade, sendo reunidas forças e recursos para a construção do espaço de culto, buscando seguir a luz de Cristo. O resultado desse esforço foi a construção,em tempo recorde de quatro meses, do templo da Comunidade, inaugurado em 17 de agosto de 1960, pelo Pastor Reinaldo Seibel. Importante salientar que a inscrição que se vê ao adentrar no templo é “Suche Jesum und sein Licht alles andre hilft dir nicht.” (Em Português: Procure Jesus e sua Luz, todo o resto não serve!)
Daniel Euclésio Roveri do Nascimento e Lilian Koller Hunsch
Presbitério Maracanã.
Igreja do Maracanã (antiga).
Porta principal da Igreja atual de Irati-PR.
2.4 Paróquia Luterana das Araucárias (Irati)
“Rendei graças ao Senhor, porque Ele é bom; porque a sua misericórdia dura para sempre” (Salmos 106.1).
A Paróquia de Irati, no Paraná, hoje denominada Paróquia Luterana das Araucárias, foi fundada em 24 de abril de 1981 e abrange seis municípios: Irati, Rebouças, Teixeira Soares, Imbituva, Prudentópolis e Ipiranga. Sua sede está localizada na cidade de Irati, tendo aproximadamente 500 membros inscritos, e é formada por sete Comunidades (Apóstolo Paulo, Irati, Ipiranga, Rebouças, Teixeira Soares, Prudentópolis, o Bom Pastor) abrangendo as zonas urbana e rural das referidas cidades.
A Paróquia também é reconhecida pela parceria que mantém, desde o ano de 1993, com a Paróquia de Walsrode, no norte da Alemanha. A parceria de visitação criou profundos laços de amizade. A cada dois anos, um novo grupo formado por 5 pessoas da Paróquia, viaja para a Alemanha, permanece por três semanas conhecendo as Comunidades parceiras, projetos e instituições, além de conviver e morar com as famílias. O mesmo acontece quando, a cada dois anos, um grupo da Alemanha vem ao Brasil.
Igreja atual – Irati-PR.
2.4.1 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana O Bom Pastor em Gonçalves Junior
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana O Bom Pastor em Gonçalves Junior foi fundada por imigrantes alemães e holandeses no dia 24 de abril de 1911. Através do empenho do diretor da colônia, Virgílio dos Santos, o Governo Federal doou uma fração de terras à Comunidade para a construção de uma Igreja e uma escola.
No dia 30 de setembro de 1912, com a presença do diretor da Colônia, do Pastor Otto Kuhr e da diretoria da Comunidade, foi realizada a cerimônia de lançamento da pedra fundamental.
Até a fundação da Paróquia de Irati, a Comunidade pertencia à Paróquia de Castro. O pastor costumava vir de trem, desembarcava na cidade de Irati, onde uma família o buscava de carroça, e permanecia por alguns dias na localidade, celebrando ofícios, cultos e visitações. Era hospedado por famílias da Comunidade. Para o retorno, outra família o levava até a cidade de Irati, onde, de trem, voltava a Castro.
Atualmente, a Comunidade tem, aproximadamente, 110 pessoas-membro, sendo reconhecida pela capacidade de união e envolvimento das famílias.
2.4.2 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana em Ipiranga
Nas décadas de 1960 e 1970, um grande processo migratório surgiu no Brasil. Famílias migraram do Rio Grande do Sul e do Oeste de Santa Catarina para novas áreas de colonização em busca, de melhores condições de vida. A construção da Usina de Itaipu também teve sua influência nessa migração. Em 1978, algumas famílias evangélico-luteranas oriundas do Rio Grande do Sul, do Oeste de Santa Catarina e de Santa Helena (PR), vieram morar em Ipiranga. Até então não havia Comunidade Luterana ali, eles precisavam se deslocar até Ponta Grossa para participar dos cultos. Com o aumento de famílias luteranas, criou-se um ponto de pregação. No dia 19 de setembro de 1979, foi celebrado o primeiro culto na casa de um dos membros, sob a coordenação da Diaconisa Irmã Lúcia, da Paróquia dos Campos Gerais – Ponta Grossa.
A partir de 1981, a Comunidade de Ipiranga foi incorporada pela nova Paróquia criada, com sede em Irati. Todos esses impulsos despertaram o desejo de constituir um grupo de OASE. Então, no dia 29 de abril de 1982, realizou-se a primeira reunião do grupo, tendo como local a residência da Sra. Anna Hein.
Em 1984, a Comunidade construiu uma pequena capela de madeira para celebrar cultos e demais encontros. Posteriormente, adquiriu uma nova área na entrada da cidade, onde, em 1996, inaugurou o novo templo, em uso até os dias atuais. O ano de 2024 é marcante para a história da Comunidade. No dia 10 de maio, juntamente com outras Igrejas evangélicas do município, foi decretada a data de 31 de outubro como Feriado da Reforma Protestante. No dia 23 de junho, ocorreu a inauguração da torre e dedicação de um sino, além da reforma e pintura exterior do templo.
2.4.3 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana em Irati
A Paróquia Luterana das Araucárias, na época Paróquia de Irati, buscou recursos junto à Martin Luther Verein (Alemanha) e, no dia 24 de julho de 1985, comprou um terreno com uma construção inacabada no bairro Rio Bonito. Investiu alguns recursos e, no dia 21 de setembro, com a obra concluída, convocou as famílias luteranas que residiam em Irati e na região para um culto. Nesse dia, ocorreu a fundação da Comunidade de Confissão Luterana em Irati. A primeira diretoria da Comunidade somente seria eleita em 6 de maio de 1987.
Aproximadamente um ano após a fundação da Comunidade, surgiu o desejo de construir uma Igreja. Para arrecadar recursos, decidiu-se pela realização da 1ª Deutsches Fest , em 1987. Esta continua sendo realizada anualmente até os dias atuais.
Animada com o sucesso dos seus eventos, a Comunidade decidiu vender a propriedade do Rio Bonito em 30 de novembro de 2000. Em agosto já havia sido adquirido um terreno no bairro Alto da Glória, onde, posteriormente, foi construído o seu novo templo e centro comunitário.
Os cultos no início de 2001 foram celebrados no Templo da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB), a quem a Comunidade é eternamente grata. No dia 24 de maio de 2001, foi celebrado o primeiro culto na nova propriedade. Em 2004 a Comunidade construiu as dependências, onde há sala de reuniões e churrasqueira.
Na data de 10 de junho de 2007, ocorreu o lançamento da pedra fundamental. E, finalmente, no dia 29 de setembro de 2013, a Comunidade celebrou a conclusão de seu templo. O Pastor Dr. Nestor Paulo Friedrich, então Pastor Presidente da IECLB, o Pastor Sinodal, Jorge Schieferdecker, e Pastor Célio R. Seidel celebraram o Culto de Dedicação do novo templo.
Atualmente, a Comunidade tem 130 membros e, mesmo sendo pequena e tendo suas dificuldades, presta um lindo testemunho de amor e fé.
2.4.4 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana em Rebouças
Vários luteranos residentes no município de Rebouças participavam de celebrações realizadas na casa do Sr. Ivo Glitz, desde o ano de 1983. Somente na década de 1990, surgiu a vontade de construir a sua Igreja. Aos 16 dias do mês de julho de 1994, reuniram-se 31 pessoas no paiol da família de Ivo Glitz, na localidade de Barra dos Andradas, interior de Rebouças, onde deveriam se manifestar para, oficialmente, fundar a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Rebouças.
Formou-se uma comissão constituída por Ivo Baum, Evaldo Dickel e Vilibaldo Publitz, encarregados de auxiliar e convidar pessoas para a formação do primeiro presbitério, que foi eleito em Assembleia Comunitária realizada no dia 13 de agosto de 1994.
A Comunidade buscou recursos junto a organizações na Alemanha, conseguiram adquirir uma área na cidade de Rebouças, construíram uma bela Igreja e continuam se reunindo em gratidão a Deus pela vida e suas inúmeras bênçãos. No ano de 2024, a Comunidade conta com 35 pessoas-membro. Uma Comunidade pequena, mas que busca se manter viva e ativa frente aos desafios atuais.
2.4.5 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana em Prudentópolis
Os primeiros luteranos chegaram a Prudentópolis em 1980. Para os cultos, precisavam se deslocar até a cidade de Guamiranga. Mais tarde, começaram a se reunir em culto na casa do Sr. Valdir Probst, em Prudentópolis.
Posteriormente, reuniam-se na chácara do Sr. Guilherme Weber. Então, perceberam que precisavam de um local para construir uma Igreja.
Reuniram-se no dia 9 de abril de 1985 para tomarem conhecimento da oferta de um terreno que seria doado pela prefeitura de Prudentópolis.
Em culto e posterior reunião, no dia 28 de maio de 1985 no CTG Rincão da Amizade, foi eleito o primeiro presbitério da Comunidade.
Somente em 1992, o prefeito Vilson Santine doou um terreno no bairro Vila Mariana, onde o primeiro culto foi celebrado, no dia 18 de abril de 1993. É o local onde a Comunidade construiu sua Igreja e celebra cultos a Deus até hoje. Uma Comunidade viva e atuante, onde congregam aproximadamente 35 pessoas.
2.4.6 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana Apóstolo Paulo em Palmar (Imbituva)
A Comunidade Apóstolo Paulo, na localidade do Palmar – Imbituva, surgiu da extinção da Comunidade do Lageado e da Comunidade São Lucas em Ivaí. A Comunidade do Lageado recebeu a doação de um terreno no ano de 1981, mas foi fundada apenas no dia 11 de julho de 1984. A Comunidade teve que sair desse local, pois houve pressão por parte de um área, que havia sido doada sem documento registrado.
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana São Lucas também surgiu na metade da década de 1980. Por causa da saída de muitos membros e dificuldades diversas, ela foi extinta no ano de 1998. Ambas as Comunidades extintas formam hoje a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo Paulo em Palmar.
Com a venda da propriedade acima mencionada, adquiriu-se uma área na localidade do Palmar, interior do município de Imbituva. Uma parte do terreno foi doada pelo Sr. Alfredo Alves de Almeida. Construiu-se primeiramente um Centro de Eventos, onde seriam realizados cultos, atividades e eventos. A construção da Igreja ficaria para o final, visto que a Comunidade estava decidida a construir de forma definitiva e o melhor possível. Oficialmente, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Apóstolo Paulo em Palmar foi fundada no dia 26 de junho de 1998, tendo a dedicação de seu templo no dia 1º de setembro de 2002. Uma Comunidade viva e atuante, onde congregam aproximadamente 45 pessoas. A Comunidade Apóstolo Paulo surgiu das dificuldades enfrentadas pelas Comunidades que a antecederam.
2.4.7 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana em Teixeira Soares
A Comunidade em Teixeira Soares iniciou a sua história em 1972, com a chegada de seis famílias oriundas do Rio Grande do Sul. No início, a Comunidade se reunia na casa dos membros. Conforme as atividades iam acontecendo, começaram a utilizar uma sala da Escola Municipal localizada no bairro Vila Nova.
No dia 10 de agosto de 1977, na residência do Sr. Friedrich Wilhelm Bernhardt, em Teixeira Soares, orientado pelo Pastor Paulo Rüchert, foi formado o primeiro presbitério da Comunidade.
No ano de 1988, a família Pott doou um lote urbano e ali foi construído o primeiro espaço para cultos e encontros, um pequeno barracão ao fundo do terreno. Com o passar do tempo e com muito trabalho e dedicação dos membros, foram construídos um templo e um salão comunitário.
Hoje a Comunidade é formada por 30 famílias e conta com 700 m2 de área construída, com uma boa estrutura para desenvolver suas atividades.
P. Jefferson Schmidt
Construção da Igreja atual.
Antigo salão da comunidade.
2.5 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana
Cachoeira (Entre Rios – Guarapuava)
2.5.1 Comunidade Cachoeira
(Entre Rios – Guarapuava)
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Cachoeira, em Guarapuava-PR, foi fundada em 27 de abril de 1952 e, desde então, marcada por muitas lutas. Formada com a imigração de alemães étnicos, refugiados da 2ª Guerra Mundial, um grupo que veio da antiga Iugoslávia (especialmente Sérvia e Croácia), Hungria e Romênia, e que são chamados de Donauschwaben, ou “suábios do Danúbio" – “suábios", pois vieram da região do sul da Alemanha chamada de Suábia; e “Danúbio" por terem descido o rio Danúbio até a região dos Bálcãs. Portanto, os Donauschwaben, após passarem os horrores da guerra, foram obrigados a deixar a sua antiga pátria rumo à Áustria. Ali, foram acolhidos e viveram por cerca de 6 anos como refugiados. Diante dessa situação, a Ajuda Suíça para o Exterior (ASE) adquiriu, na região de Guarapuava-PR, 5 fazendas destinadas a dar um novo começo a esse povo. Por volta de 80 famílias evangélicas imigraram, formando, na Colônia Cachoeira, uma Comunidade de fé, que teve, nos três primeiros anos, a assistência do Pastor Karl Gehring. Depois, com a saída do P. Gehring, foram aproximadamente 25 anos sem ter um pastor residente. Graças à fé das pessoas, os trabalhos permaneceram, não só com as visitas pastorais esporádicas, como também com a dedicação de leigos que assumiram muitas tarefas durante esse período.
Numa linha cronológica, a Comunidade Cachoeira foi atendida pelas seguintes pessoas: P. Karl Gehring (de 1952 a 1954), P. Schuster (de 1979 a 1984), P. Johannes Knoch (de 1984 a 1993), P. Rolf Baade (de 1994 a 1998), P. Milton Jandrey e Pa. Márcia Helena Hülle (de 1998 a 2008), P. Matthias Ristau (de 2004 a 2009), P. Vernei Hengen e Pa. Sandra Fanzlau (de 2009 a 2014), P. Ari Käfer (de 2014 a 2019), Pa. Lucimeri Lichtenfels de Campos (de 2013 a 2016) e P. Samuel Leitzke (de 2020 – até agora).
Hoje, a Comunidade Cachoeira é uma Igreja viva, que busca servir ao nosso bom Deus, lançando sementes do Seu reino neste mundo. Além dos cultos, enriquecidos com uma variedade musical, há grupo de mulheres, OASE, artesanato, grupo de casais, Culto Infantil, Missão Criança, Ensino Confirmatório e Estudo Bíblico. A todos esses trabalhos, voltados ao engrandecimento do Reino de Deus, juntam-se as ações em favor do próximo e das causas sociais que nos rodeiam. A Palavra de Deus tem feito a diferença em nossas vidas e assim caminhamos, tendo a certeza de que o nosso Senhor Jesus Cristo tem ido à nossa frente!
2.5.1 Comunidade em Pinhão
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Pinhão, começou suas atividades no ano de 1987, por meio da migração de muitos membros luteranos, oriundos especialmente do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná, inclusive. Para essas pessoas, que escolheram a região em busca de nova perspectiva para suas vidas, o início foi muito difícil. Outra cidade, outro clima, mas, com a ajuda de Deus, tudo foi superado. Os cultos eram, então, celebrados nas casas dos membros e na Fazenda Fundo Grande. Nosso primeiro Pastor foi o Sr. Johannes Knoch, um entusiasta na formação dessa Comunidade. A Prefeitura do Município de Pinhão doou um terreno, localizado no Bairro São Cristóvão, onde foi construído um pavilhão de madeira, que serviu a Comunidade, por muito tempo, como local de culto. No ano de 1997, a Comunidade Cachoeira, vinculada à mesma Paróquia, decidiu construir uma nova Igreja e, com essa construção, o antigo templo, que era de madeira, foi desmontado e doado à Comunidade em Pinhão. No mesmo ano, tínhamos o nosso templo, uma linda Igreja, que serviu a Comunidade até o ano de 2023, quando decidimos pela edificação de um novo templo de alvenaria. Que Deus continue abençoando esse bonito trabalho no município de Pinhão!
2.5.2
Comunidade
em Goioxim
Por volta do ano de 1990, algumas famílias luteranas migraram, especialmente do Rio Grande do Sul, para a região central do estado do Paraná. Muitas se fixaram no município de Goioxim. As dificuldades do início (Goioxim era um lugar retirado e longe de recursos) foram vencidas com muito trabalho e dedicação e, certamente, com a ajuda de Deus. Uma das preocupações dessas famílias estava relacionada à fé. Por isso, uma Comunidade foi formada, com cultos realizados nas próprias casas. Depois de muita luta, conseguimos construir nosso templo e um Centro Comunitário e, apesar de pequena, somos uma Comunidade unida, empenhada em manter e fortalecer a fé cristã em nosso município.
2.5.3 Comunidade em Campina do Simão
A Comunidade em Campina do Simão teve sua origem nos anos de 1989 e 1990, época em que as famílias Grenzel, Metz e Marmet, vindas do sudoeste do Paraná, aqui se instalaram. Na época, Campina do Simão era um distrito, e as dificuldades foram enfrentadas na certeza de que o nosso bom Deus estava à nossa frente para nos guiar!
No início, os cultos eram realizados nas casas dos membros e conduzidos pelo pastor Johannes Knoch. Após algum tempo, conseguimos o espaço da Escola do Xerê para as nossas celebrações. Nos anos 1999 e 2000, com o fundamental apoio da Obra Gustavo Adolfo (OGA), construímos nosso templo. Atualmente, temos por volta de dez famílias que congregam nessa Comunidade, com a certeza da presença, do amor e do cuidado de Deus!
P. Samuel Leitzke com a colaboração de lideranças das Comunidades
2.6 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana Monte Alegre (Telêmaco Borba)
A história que passamos a relatar teve início na década de 70. Aqui, onde hoje é o município de Telêmaco Borba, temos a grande fábrica de papel e celulose: a Klabin Papel e Celulose. Ela iniciou suas atividades em 1934, com a aquisição da fazenda Monte Alegre, para construção da primeira fábrica de papel de imprensa, e foi inaugurada em 1946. Hoje, é uma das 10 maiores fábricas de papel e celulose do mundo e a maior da América Latina, produzindo diversos tipos de papel para diferentes embalagens. A fábrica atraiu muitos empregados, que se estabeleceram com suas famílias em vilas de operários e níveis técnicos.
Em meados da década de 1960, famílias de confissão luterana se conheceram e começaram a se reunir em casas. Os casais Isolde Fugmann Von Baranow e Claus Baranow, Geraldo Érico Speltz e Ruth Rosidete Speltz, além de Raul Mário Speltz e Eda Speltz, foram as peças-chave para que tudo acontecesse. Assim que se conheceram, entraram em contato com outras famílias luteranas e iniciaram cultos e estudos bíblicos nas casas.
À medida que as famílias foram aumentando, fez-se necessário providenciar um espaço maior, com mais conforto. Surgiu, então, a ideia de pedir emprestado o espaço da Igreja Presbiteriana do Brasil, que, gentilmente, cedeu o seu templo em harmonia (nossa gratidão a essa Igreja irmã).
O pai da Sra. Izolde Baranow, que fora pastor por muitos anos em Ponta Grossa, colaborou com o grupo que havia-se formado, dando-lhes apoio pastoral. Na sequência, foi João Pedro Brueckheimer que, vindo a Telêmaco Borba para atendimento mensal e celebração de culto com batismos e santa ceia, ficava hospedado em casas de famílias, que ainda ajudavam nas despesas de deslocamento do pastor. Todas as economias e os recursos arrecadados nos eventos (onde eram vendidos bolos, tortas, café, trabalhos manuais, entre outros) eram destinados para a construção de uma pequena Igreja que pudesse acolher o grupo que já havia-se formado com as famílias Baranow, Speltz, Reipert, Horst Gehard, Theis, Ossian Salo, Braun, Boska, Iank, Engel e Ribeiro.
O sonho da Igrejinha começou a se tornar realidade, graças à ajuda da Campanha Vale do Tibagi, que doou um terreno em Cidade Nova, (atual Telêmaco Borba), por intermédio do Sr. Geraldo E. Speltz, gerente do Departamento Florestal, que também fez a doação da madeira. Através do casal Fugmann, a Igreja recebeu a doação de um órgão que pertencia à Igreja de Ponta Grossa, e que, em 1952, foi substituído pelo grandioso órgão holandês.
Foram anos de trabalho, dedicação e muito amor demonstrados, principalmente, pelas famílias Baranow e Speltz, para manter essa pequena Comunidade.
A primeira Igreja foi inaugurada no dia 24 de agosto de 1969. O tempo passou e veio a necessidade de fazer o cadastro como pessoa jurídica. Assim, em 18 de julho de 1972, foi registrado o estatuto da Comunidade, denominada Comunidade Evangélica Luterana Monte Alegre (CELMA), sendo seu primeiro presidente o Sr. Geraldo Érico Speltz; e a primeira secretária a Sra. Izolde von Baranow.
Nesse momento da história da Comunidade, é preciso registrar, também, o apoio da irmã Lúcia, que era ligada à Paróquia de Ponta Grossa e auxiliava a Igreja em cultos, Ensino Confirmatório, OASE, visitas a enfermos e outras circunstâncias. Seu apoio foi fundamental e, por isso, a Comunidade manifesta a sua gratidão.
Entre as décadas de 1970 e 1990, outras famílias, como Santos, Ferreira, Naegeler, Hermann, Braun e Engel, empreenderam na construção de um novo templo, sob a presidência do Sr. Orlando Santos – que, mais uma vez, mobilizou a Comunidade. Através de eventos festivos e contribuições dos membros, com um grande esforço, e tendo como mestre de obras o Sr. Rodolfo Braun, foi construída a nova Igreja. O templo passou por uma reforma no período de 2010 a 2012, sendo presidente da Comunidade, nessa ocasião, o irmão Edson Zenz. O apoio de todas as famílias da Comunidade, com doação de recursos materiais e financeiros foi fundamental para que tudo estivesse concluído no primeiro semestre de 2013.
Em janeiro de 1996, eu, Pastor Cleodo Fruhauf, minha esposa, Maria Ivone Ferreira Fruhauf, e nossos filhos, Lucas e Talita, passamos a residir em Telêmaco Borba, assumindo a função pastoral. Somos gratos a Deus pela recepção e pelo apoio dos irmãos no cumprimento da tarefa de evangelização e edificação da Comunidade.
Em julho de 2022, celebramos 50 anos de presença luterana na cidade, num culto festivo que contou com a presença dos fundadores, Geraldo Èrico Speltz e sua esposa Ruth Rosidete Speltz; o Sr. Raul Mário Speltz e familiares. Também prestigiaram o evento a Sra. Ilona Baranow, filha do casal fundador; o Pastor Sinodal, Alfredo Jorge Hagsma; e o prefeito da cidade, Sr. Márcio Artur de Mattos. A Câmara de Vereadores do município, em sessão especial, prestou homenagem à Comunidade Luterana Monte Alegre, pelo seu Jubileu de Ouro. Nossa gratidão aos fundadores e aos membros que em todos esses períodos contribuíram, junto com suas famílias, seus dons e seus talentos, para que a Comunidade pudesse cumprir seu papel e sua missão, aqui, em Telêmaco Borba e região. Nosso lema é: ”Semear a palavra para colher corações que amem a Jesus e honrem a Deus com as suas vidas”. E o lema bíblico é: “O Senhor nosso Deus, seja convosco, assim como foi com nossos pais; não nos desampara e não nos deixa; a fim de que o Senhor incline o nosso coração para andarmos em todos os seus caminhos e guardarmos os seus mandamentos e os seus estatutos, juízos que ordenou a nossos pais (I Reis 8.57-58).
Maria Ivone Ferreira Frühauf
2.7 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana
Trindade (Guarapuava)
A Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Trindade, com sede em Guarapuava-PR, na Rua Padre Salvador Renna, 1370 – Santa Cruz, é constituída por três Comunidades: Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Martin Lutero, de Guarapuava; Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Pitanga; e Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Santa Maria do Oeste.
A Paróquia Trindade, com uma história recente, foi estabelecida no final do ano de 2016. Antes disso, as três Comunidades, que agora compõem a Paróquia Trindade, eram afiliadas à Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Cachoeira, em Guarapuava, cuja sede está localizada no distrito Entre Rios, Colônia Cachoeira, na Av. Áustria 865, Guarapuava-PR. Após uma extensa fase de discussões acerca da viabilidade de fundar uma nova Paróquia, o Conselho Paroquial da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Cachoeira, em Guarapuava, no uso de suas atribuições, decidiu cindir parcialmente seu campo de atuação, criando a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana Trindade, no dia 16 de dezembro de 2016.
2.7.1 Comunidade em Pitanga
A história da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Pitanga começa com a chegada das famílias Müller, Rambo, Fischer, Schmitt, Schvim, Fuchs, Resse, Cornélius, Engel, Fiebieg, Santos e Khum na região central do Paraná, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, vindas do Rio Grande do Sul. Assim, essas famílias buscaram a IECLB e encontraram a Paróquia de Cachoeira, na Colônia Cachoeira, em Entre Rios, Guarapuava – PR. No início, foram atendidos como ponto de pregação, e os cultos e encontros aconteciam nas casas dos membros.
A Comunidade em Pitanga foi fundada em janeiro de 1981 e, entre os anos 1981 e 1983, foi atendida por Martin Schoster, o então pastor da Paróquia Cachoeira. A partir de julho de 1981, os cultos passaram a ser realizados em uma escola localizada na Vila Nova Carazinho, em Pitanga. Em 1983, a Comunidade
adquiriu seu primeiro terreno na cidade de Pitanga, onde foi construído um salão para a realização dos cultos. Em 1985, esse terreno foi vendido para a aquisição de outro, onde está localizado o templo atualmente. A partir de 1986, com muita dificuldade e aos poucos, teve início a construção do templo, a qual ocorreu ao longo de três anos. Durante esse período, os cultos foram realizados em outra escola, localizada na Comunidade Borboleta de São Roque, em Pitanga.
Em 2002, foi construído o primeiro salão de festa da Comunidade e, em 2005, foi lançada a pedra fundamental do templo atual da Comunidade, inaugurado em fevereiro de 2006.
Entre 2008 e 2013, a Paróquia foi atendida pelo Pastor Vernei Hengen e pela Pastora Sandra Fanzlau. Entre 2014 e 2020, foi atendida pela Pastora Lucimeri Licthtenfels. Sendo que, no final de 2016, a Comunidade de Pitanga, juntamente com a Comunidade de Guarapuava e a Comunidade de Santa Maria do Oeste, passou a integrar a Paróquia Trindade.
Entre os anos 2020 e 2022, a Paróquia Trindade foi atendida pelo Pastor Henrique Arnold. E, desde fevereiro de 2023, está sendo atendida pelo Pastor Luan Rodawelly.
Uma característica importante dessa Comunidade, desde 1988, é a dependência das festas comunitárias para atender o orçamento paroquial. Portanto, durante a pandemia de Covid-19, entre os anos 2020 e 2022, semelhantemente a outras Comunidades luteranas, a Comunidade de Pitanga passou por dificuldades financeiras, pois não havia a possibilidade da realização dessas festas.
Cremos que, a partir de 2023, estamos, com fé em Deus, construindo uma história de recomeço e superação de dificuldades, buscando o crescimento da Comunidade em prol do Evangelho de Jesus Cristo.
2.7.2 Comunidade Martin Lutero
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Martin Lutero de Guarapuava iniciou sua história no dia 26 de maio de 1984, quando, em assembleia extraordinária, os membros da atual Comunidade, juntamente com representantes da Paróquia Cachoeira e com a presença do Pastor Martin Schuster, deliberaram pela sua fundação.
A primeira sede da Comunidade foi o prédio situado na Rua Guaíra, 3638, Guarapuava-PR, funcionando como capela para celebrações e cultos. Em 18 de dezembro de 1994, os membros da diretoria da Comunidade se reuniram para discutir o desejo dos membros de vender o mencionado prédio e adquirir um terreno para a construção de um novo templo. No ano seguinte, 1995, já com a aprovação do Conselho Paroquial da Paróquia Cachoeira, iniciou-se o processo de venda. Em troca do prédio, onde eram realizadas as reuniões e os cultos da Comunidade, os compradores transferiram cinco lotes situados no Jardim Adolfo Lonzini, Santa Cruz, em Guarapuava-PR, esquina das Ruas Presidente Zacarias e Capitão Frederico Virmound, proximidades do Lago, com área de 2.395,62 m², acrescidos pelo valor de R$15.000,00. É importante ressaltar que, desse terreno, 389,69 m² foram desapropriados pela Prefeitura Municipal de Guarapuava para regularizar o Parque do Lago, restando, assim, 2.005,93 m² para a Comunidade.
Tendo sido concluído esse processo de compra e venda, teve início o planejamento de construção do novo templo, cujo projeto arquitetônico foi definido no ano de 1996 e aprovado no dia 4 de abril de 1997. A conclusão das obras se deu no ano de 1998, tendo a Prefeitura Municipal de Guarapuava expedido o Certificado de Conclusão de Obras no dia 5 de maio do mesmo ano. Entretanto, o piso do templo foi finalizado apenas em 1999, quando também o púlpito recebeu revestimento em madeira.
Atualmente, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Martin Lutero de Guarapuava, além de celebrar cultos semanalmente, tem atividades com diversos grupos, tais como: Culto Infantil, tarde recreativa para crianças e jovens, grupo de jovens, grupo de mulheres, grupo de louvor, grupo de Ensino Confirmatório, grupo de estudo bíblico, grupo de casais, além da venda de cucas. Todas essas atividades visam fortalecer a vivência comunitária e servir de instrumento para anúncio do Evangelho de Jesus Cristo.
2.7.3 Comunidade
em Santa Maria do Oeste
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Santa Maria do Oeste iniciou sua história em meados de 1984, quando um grupo de famílias luteranas provenientes do Rio Grande do Sul, composto de 25 a 30 pessoas aproximadamente, instalou-se na cidade de Santa Maria do Oeste. Faziam parte desse grupo as famílias Calgaro, Hentjes, Woiand e Ketermann. Inicialmente essas famílias participavam na Comunidade de Pitanga, mas, em 1986, sob a liderança do Pastor Johan Knoch, estabeleceu-se um ponto de pregação na casa da família Woiand. A Comunidade de Santa Maria foi oficialmente fundada em 12 de junho de 1994. Posteriormente, sob a orientação do Pastor Milton Jandrey, foi elaborado um projeto solicitando auxílio da OGA, culminando na construção da Igreja em um terreno gentilmente doado pela família Woiand. A inauguração solene do templo ocorreu no dia 24 de novembro de 2002.
Atualmente, a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Santa Maria do Oeste celebra cultos quinzenalmente, tendo, também, um grupo de encontro familiar no qual os membros podem desfrutar de um rico momento de louvor, meditação na Palavra de Deus, comensalidade e comunhão cristã.
P. Luan Rodawelly
REGIÃO NORTE E OESTE 3
LUTERANOS NO BRASIL: COMUNIDADES NO SÍNODO PARANAPANEMA
Igreja da Colônia Rio-grandense, Maracaí. (Foto aérea na página anterior)
3.1 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana
em Assis-SP
3.1.1 Comunidade Evangélica em Colônia Riograndense
Em novembro de 1922, a área hoje conhecida como Colônia Riograndense, bem no início da colonização, recebeu a primeira visita de um pastor. Este foi Heinrich Wrede, natural da Alemanha, que, até então, exercia suas funções pastorais em Santa Maria de Jetibá-ES, onde também morava com a esposa e os filhos.
O P. Wrede comprou um sítio particular na colônia, na Barra Mansa, município de Maracaí, e se mudou definitivamente para o local. Após o P. Wrede ter-se mudado, realizou-se o primeiro culto, no dia 28 de setembro de 1924, em sua residência. Conforme registros próprios, a Comunidade foi fundada nessa data, porém, os cultos ainda vinham sendo celebrados em sua residência. De acordo com dados guardados por membros, a Comunidade, foi reconhecida legitimamente e divulgada no Diário Oficial do município de Maracaí somente em 13 de setembro de 1929, com o nome de “Igreja Alemã da Colônia Riograndense”. A Igreja contava com a participação de 28 famílias-membro.
Com o passar dos anos, foi necessário adquirir um local para que o templo luterano pudesse ser construído. Então, em 1931, foi comprado da família Dassow o terreno onde ainda hoje é a sede da Comunidade. Em 1936, a Comunidade construiu um salão que acabou servindo de escola primária, a qual posteriormente foi transformada na primeira casa pastoral.
O P. Heinrich Wrede atuou na Colônia Riograndense de 1924 a 1939, quando foi de férias para Alemanha e, devido à guerra, ficou impossibilitado de retornar ao Brasil, justamente por ser de nacionalidade alemã. Entre 1939 e 1947, a Comunidade foi atendida pelos pastores vizinhos: P. Hans Zischler, de Rolândia, e P. Karl Mehler, de Presidente Venceslau. Somente em 1947, o P. Mehler se mudou e assumiu os trabalhos na colônia, onde permaneceu até 1952. Foi quando chegou o Pastor Johannes Knoch.
Em 1954, foi construída uma casa para zeladores. Na sequência, iniciou-se a construção do novo templo, o qual hoje utilizamos. Esse templo foi inaugurado no dia 22 de março de 1959 e, com a madeira do antigo templo, foi construído o salão velho, ainda hoje existente, porém modificado com o passar dos anos. Somente em 1990 começou a ser construído o novo salão paroquial, em uso até hoje.
O P. Knoch atuou na Paróquia até 1975. Nos anos seguintes, a Comunidade foi atendida por: P. Leonard Creutzberg (1976-1978); P. Clóvis Lindner (19791982); P. Helmut Sauer (1983-1987); P. Mauro Behling (1988-1995); P. Daniel A. Dammann (1995-2002); P. Ronei Odair Ponath (2002-2003); P. Valdir Frank e Pa. Marli Lutz (2003-2007); P. Jorge Dumer (2007-2013); P. Luiz Temóteo Schwanz (2013-2019); Pa. Maria Marilene Eckerleben (2019-2020) e, desde 2020, a Pa. Paula Trein vem exercendo o seu ministério nessa Paróquia. Da Comunidade da Colônia Riograndense expandiram-se novas Comunidades e um ponto de pregação, que formam a Paróquia Evangélica Luterana em Assis.
3.1.2
Comunidade Evangélica Luterana em Assis
Esta história começa por volta de 1968, quando alguns moradores da Colônia Riograndense se mudaram para Assis. Regularmente, o P. Johannes Knoch vinha da Colônia e realizava cultos na casa de Erica Köhler ou na casa da família Hölzle. Nessa mesma época, Ida Erne doou um lote para a construção de uma capela. Foi então que os desafios começaram, pois tinham o lote, mas faltavam recursos para a construção.
Como solução, no dia 19 de fevereiro, um grupo de senhoras se reuniu para comemorar o aniversário de Maria Magdalen Karsten Krug. Após a comemoração, esse dia ficou marcado como a fundação da OASE em Assis, que ficou encarregada de articular ações para viabilizar a construção da Igreja e de uma casa para a zeladora.
Os membros se mobilizaram em prol da construção, alguns doaram materiais, outros dinheiro e as mulheres se reuniram para um bazar. Os homens da Comunidade trabalharam na construção da Igreja, que, depois de muito esforço, tomou forma, e os ofícios passaram a ser realizados no templo. Por volta de 1966, realizou-se uma ampliação interna no templo, a construção de um salão de festas e de uma nova cozinha, que segue funcionando até os dias atuais.
Ponto de Pregação em Cruzália-SP
Por volta de 1976, os membros moradores do município começaram a se reunir para estudos bíblicos e encontros com crianças, pois o deslocamento até a Colônia nem sempre era possível. Os encontros aconteciam no salão cedido pela Igreja Católica. Num desses dias, em que iriam se reunir, encontraram o salão fechado, e então a Sra. Iria Reinecke convidou a todos para se reunirem em sua casa, onde todos os encontros, então, passaram a acontecer. Mais tarde, com a chegada do P. Clóvis, as senhoras da OASE também começaram a se reunir a fim de fazer trabalhos manuais para o bazar das festas do Dia das Mães e Dia dos Pais. P. Clóvis incentivou a construção de um salão de festas para concentrar todos os encontros. A necessidade foi aumentando conforme as reuniões foram crescendo. Então, as Sras. Antônia Henschel e Gerda Rosenacker, juntamente com o prefeito à época (1982), conseguiram a doação de um lote para a construção de um salão comunitário, que começou no mesmo ano. Em uma reunião da OASE, o salão recebeu o nome de Pavilhão Luterano de Cruzália, e o primeiro ofício foi realizado em 11 de dezembro. A partir de então, os cultos passaram a ser realizados neste local. Com o passar do tempo, em 1999, a Comunidade adquiriu o lote ao lado do pavilhão, com a intenção de construir um templo. Por volta de 2015, a construção foi iniciada, e, atualmente, os cultos acontecem no templo, denominado “Templo Luterano Martin Luther”, que está em fase de acabamento.
Ponto de Pregação em Maracaí-SP
Em 28 de fevereiro de 1988, houve a fundação do grupo da OASE de Maracaí, com nove senhoras, sob a orientação do P. Mauro Behling, que se despediu do grupo em 1995. Foi um momento de muita emoção, pois com ele foi escrito um capítulo muito importante na história do grupo.
Com a chegada do P. Daniel, logo em sua primeira reunião, ao saber que a OASE não tinha um local próprio, ele lançou um desafio: a construção de um templo em Maracaí. Todas as mulheres aderiram à ideia.
A primeira dificuldade foi de que o grupo era pequeno e formado só por mulheres. Elas perceberam que a Comunidade deveria se unir, e isso aconteceu, pois, na noite de 4 de maio de 1996, com a presença de 56 pessoas, o pastor celebrou o primeiro culto em Maracaí.
A Comunidade Kolping, autorizada pelo padre Bastos, cedeu por um longo período um espaço para que fossem celebrados os cultos mensais. Após esse período, ainda sem um local definitivo, os cultos passaram a ser celebrados na creche Maria Emília de Jesus, cedida por sua diretoria. As dificuldades eram grandes, pois nessa época poucas pessoas colaboravam para as promoções que visavam arrecadar fundos para construção, mas, diante de cada obstáculo vencido, a esperança crescia.
Após uma longa procura, o pastor encontrou o local onde seria construído o templo. Em assembleia extraordinária na Colônia, foi aprovada a compra do terreno, e assim, no dia 23 de julho de 1998, o Sr. Helmut Henschel assinou o documento de aquisição do terreno, onde hoje se localiza o templo. Em 1999, a Comunidade em Assis fez uma doação do antigo templo de madeira, localizado em Tarumã, que poderia ser usado na construção, e a Comunidade da Colônia doou os velhos bancos da Igreja. A diretoria decidiu dar início à obra que, 102 dias depois, estava totalmente concluída.
Anelise Elsner Spindola
3.2 Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Rolândia-PR
Em 27 de novembro de 1995, foi criada a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Rolândia. Mas essa história começou muito tempo antes, com a chegada de migrantes, vindos do Sul do Brasil, e imigrantes, alemães e suíços, entre outros, quando houve a abertura de novos caminhos da estrada de ferro e colonização do Norte do Paraná. Numa carta datada de 30 de outubro de 1933, o então presidente da Sociedade Alemã de Estudos Econômicos em Além-Mar, Erich Koch-Weser, solicitou ao Conselho Maior da Igreja Evangélica da Alemanha que enviasse um pastor para Rolândia, já que o contingente de famílias de imigrantes europeus do Norte do Paraná havia crescido muito. Durante os anos de 1933 e 1934, a Comunidade “Heimtal” (como também era chamada) era por diversas vezes visitada pelo Pastor Heinrich Wrede da Colônia Riograndense, do estado de São Paulo. Em 31 de janeiro de 1934, o senhor Oswald Nixdorf, engenheiro agrônomo, fundador da Colônia Rolândia, enviou carta ao Pastor Sinodal Sheerer, do Sínodo Evangélico Luterano de Santa Catarina, Paraná e outros Estados,
propondo uma parceria financeira entre a Associação Colônia Roland e o Sínodo, para construir uma casa pastoral, uma Igreja de madeira, uma escola com internato, adquirir um sino e um harmônio, mencionando a presença de 50 famílias luteranas. Em agosto de 1934, o Gemeindeverband enviou à Rolândia o pastor auxiliar Theo Rogowsky, que permaneceu até 1935 e, além de Rolândia, atendeu as Comunidades de Nova Danzig (Cambé) e Londrina. Em telegrama, datado de 4 janeiro de 1936, foi possível ler o anúncio da chegada do Pastor Johan Georg Zischler (mais conhecido como Hans Zischler). Formado no Seminário para a Diáspora, em Neuendettelsau, Baviera, o P. Zischler, em 1933, havia sido enviado para a Comunidade em Bom Jardim, no Paraná, onde foi pastor itinerante. Em dezembro de 1935, recebeu da direção do Sínodo Santa Catarina, Paraná e outros Estados, a incumbência de dirigir-se para Rolândia e entrar em contato com os colonizadores, para a formação de uma Comunidade luterana na região. Assim, o Pastor Hans Zischler foi instalado na Comunidade em 16 de fevereiro de 1936, em um culto oficiado pelo P. Karl Frank, de Curitiba, nas dependências da Escola Alemã, onde eram oficiados os cultos e o Ensino Confirmatório.
“Em 29 de março de 1936, num culto festivo foi oficialmente fundada a Comunidade Evangélica Luterana de Rolândia, anexando-se a ela 6 famílias evangélicas de Nova Danzig, hoje conhecida por Cambé. Dia 22 de março, uma semana antes, deu-se a fundação da Comunidade em Londrina, e dia 31 de março, fundou-se a Comunidade Heimtal, ambas filiadas a Rolândia” (p. 2, Memórias do P. Zischler)
A primeira diretoria da Comunidade em Rolândia foi formada por Otto Hesse (presidente), Max Eidam (vice-presidente), Helmuth Glodius (tesoureiro), Erich Kahl (secretário) e, como colaborador leigo, foi designado o Sr. Johann Müller. No ano de fundação, a Comunidade já estava constituída por 103 famílias-membro. Em 10 de maio de 1936, num culto campal, na fazenda Rolândia, de propriedade do Sr. Osxald Nixdorf, foi celebrado um culto de Batismo, em que foram batizadas 11 crianças. Em 16 de julho de 1937, foi construída a casa pastoral, a primeira construção de alvenaria em Rolândia, em um terreno doado pela Companhia de Terras Norte do Paraná. Os cultos, que antes eram celebrados na Escola Alemã, passaram a ser celebrados na casa paroquial. Em outubro de 1946, foi lançada a pedra fundamental da Igreja de Rolândia e, em 4 de setembro de 1949, ela foi inaugurada em culto festivo. Quatro anos mais tarde, à meia-noite, ao iniciar o ano de 1954, ouviu-se o primeiro repicar dos 3 sinos, fundidos pela firma Irmãos Müller, de Curitiba, que levam a inscrição Glauben (Fé), Hoffnung (Esperança) e Liebe (Amor). O salão comunitário (Jugendheim) foi inaugurado em 7 de julho de 1957.
Comunidade de Apucarana.
LUTERANOS NO BRASIL: COMUNIDADES NO SÍNODO PARANAPANEMA
Ponto de Pregação Mauá da Serra-PR – Igreja construída, a partir de iniciativa e empenho de Fritz Gerber e seu filho Edson Gerber (1968-2022), na propriedade da família.
Após 26 anos de atividade em Rolândia, o P. Hans Zischler foi substituído pelo P. Jürgen Fischer, que atendeu a Comunidade até 1972. Em 26 de junho de 1977, foi inaugurado o barracão de festas, carinhosamente nomeado “Hans Zischler”. E, em 19 de abril de 2015, o barracão recebeu o nome de P. Reine Luiz Lebtag, falecido em um acidente automobilístico em 23 de fevereiro de 1999. Ainda em 12 de agosto de 1979, foi inaugurada a nova casa pastoral. Data de 1952 a carta das primeiras famílias luteranas de Apucarana enviada ao P. Hans Zischler solicitando atendimento pastoral na região. Esse atendimento foi inicialmente prestado nas casas de famílias, no Clube XV de Novembro (pertencente à Colônia Alemã) e também na Igreja Presbiteriana, que emprestou seu templo até maio de 1964, quando foi inaugurada a sede própria da Igreja Luterana de Apucarana.
A existência da Comunidade havia sido formalizada em 15 de janeiro de 1963, tendo como primeira diretoria Henri Storm, (presidente), Evaldo C. Etgeton (vice-presidente), Milton Behend (secretário) e Frederico Sommer (tesoureiro). Era pastor, nesse tempo, P. Jürgen Fischer. Com o crescimento das atividades, a Comunidade sentiu a necessidade de ampliar seu espaço e, em 16 de novembro de 1997, foi inaugurado o novo templo da Comunidade, na frente da antiga sede. Por ocasião da inauguração, o Bispo Dom Domingos Gabriel Wisniewski enviou telegrama de congratulações à Comunidade.
Em 1979, eram celebrados cultos em Rolândia, Apucarana, Ivaiporã, Águas do Barreiro, Borrazópolis, Faxinal e também ocorreu um em Sertaneja. O P. Hermann Mülhausser escreveu em seu relatório anual, com alegria, ter sido chamado para celebrar um culto na cidade de Faxinal, iniciando-se um promissor trabalho na região. A partir dos anos 1990, discutiu-se a criação de uma nova Paróquia, com sede em Pitanga ou Ivaiporã, abrangendo as cidades de Ivaiporã, Borrazópolis, Faxinal e outras. Esse projeto se concretizou em 2003, com a criação da Paróquia em Ivaiporã.
Em Assembleia Extraordinária da Comunidade em Rolândia, no dia 7 de agosto de 1994, foi aprovada a criação da Paróquia Evangélica Luterana de Rolândia, cujo Conselho Paroquial teria 25 membros, representando todos os pontos de pregação atendidos, desde Ivaiporã até Cambé. E, assim, a Paróquia foi fundada em 27 de novembro de 1995, tendo a sede na Rua Cesar Albertotti, 189, Rolândia.
Atuaram na Comunidade em Rolândia: P. Johan Georg Zischler (1936-1962), P. Jürgen Fischer, (1963-1972); P. Hermann Mühlhäusser (1973-1981); P. Heinrich Schmitz (1982-1987); P. Edgar Ravache (1988-1991); P. Reine Luiz Lebtag (1992-1999); P. Elmar Santoro, (1999-2001); P. Waldir Schubert (2004-2005); PPHM Ronei Ponath (20032004); P. Diego Ernani Biehl (2006-2011); P. Allan Schulz (2012-2015); P. Renato Francisco Pagung (2016-2020); Pa. Ramona Elisabeth Weisheimer (2020-atual).
Pa. Ramona Weisheimer
3.3 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Presidente Venceslau-SP
A presença luterana, que culminou na formação da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Presidente Venceslau, surgiu como resultado da colonização de imigrantes alemães no estado de São Paulo, iniciada em 1847. A imigração alemã em Presidente Venceslau teve início em 1923, sendo que a maioria dos imigrantes era proveniente de uma região chamada Schwaben, próximo à Baviera (Alemanha). Mas o processo de imigração não cessou e, em 1924, chegaram mais ou menos 30 famílias, o que se repetiu até 1933, com a chegada de novas levas a cada 30 ou 40 dias –não apenas do Sul da Alemanha, mas, inclusive, da Romênia e russos originários da Bessarábia.
Os Imigrantes se concentravam em um bairro rural da cidade de Presidente Venceslau e se organizaram como uma cooperativa, formando a Colônia Aymoré. O primeiro culto luterano em Presidente Venceslau foi realizado pelo Pastor Heinrich Friedrich Wrede, no dia 14 de dezembro de 1924. O Pastor Wrede veio da Alemanha para o Brasil em 1904 e, em 1922, sabendo da colonização alemã no oeste paulista e depois de conhecer a região, instalou-se na Colônia Rio Grandense, próximo a Assis-SP.
As primeiras décadas da Igreja Luterana em Presidente Venceslau foram marcadas pelas visitas e pelos cultos realizados pelo pastor que atendia a Colônia Rio Grandense e, mais tarde, pelo pastor que atendia em Rolândia-PR. Vale ressaltar, todavia, que os membros se reuniam constantemente e, além dos cultos, promoviam atividades para interação e comunhão daqueles que já vinham de uma origem religiosa luterana ou se identificavam com a Reforma Protestante. Apenas em 11 de abril de 1976 deu-se origem à Paróquia Evangélica Luterana em Presidente Venceslau. No ano seguinte, 1977, a Paróquia recebeu o Pastor Manfredo C. Wachs como seu primeiro ministro. P. Wachs apresentou um plano de trabalho focado em visitas a membros afastados das Comunidades, bem como trabalho com juventude e escola dominical, e enfatizando que a ajuda do presbitério da nova Paróquia se fazia necessário. Com o passar dos anos, a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Presidente Venceslau foi atuando de forma missionária, e diversas Comunidades foram surgindo e sendo atendidas.
Templo antigo em Presidente Venceslau.
Além de Presidente Venceslau-SP, as cidades de Presidente Prudente-SP, Costa Machado-SP, Presidente Epitácio-SP e Bataguassu-MS integraram a Paróquia em algum momento da história. Na década de 1980, a Comunidade em Presidente Venceslau serviu como base para planejamento e atividade missionária e, com essa ação, surgiram as Comunidades luteranas de Três Lagoas (Mato Grosso do Sul), Andradina (São Paulo) e Araçatuba (São Paulo). Apesar de as Paróquias serem independentes umas das outras, encontros e retiros são organizados em parceria, trilhando o mesmo caminho de fé. Atualmente, a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Presidente Venceslau segue apenas com duas Comunidades. Durante os últimos anos, várias pessoas e famílias inteiras foram se afastando da convivência comunitária. Hoje, a Paróquia é formada pela Comunidade em Presidente Venceslau, onde a Paróquia é sediada, e pela Comunidade em Presidente Epitácio, ambas em São Paulo. Durante esse registro a Paróquia segue um processo de reestruturação para se tornar uma Comunidade com funções Paroquiais; e Presidente Epitácio seja atendido como um Ponto de Pregação.
Miss. Ricardo Neumann
3.4
Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Campo Mourão-PR
3.4.1 Comunidade Evangélica em Campo Mourão-PR
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Campo Mourão, no município em Campo Mourão-PR, foi fundada em 15 de novembro de 1953. Desde sua fundação, a Comunidade Evangélica de Campo Mourão-PR esteve filiada à Paróquia Evangélica de Maringá-PR. Somente no dia 23 de junho de 1966, a Comunidade Evangélica de Campo Mourão e as Comunidades de Lageado (Mamborê-PR) e Sussuí (Engenheiro Beltrão-PR) decidiram formar a Paróquia Evangélica de Campo Mourão. Desde 1950, todavia, algumas famílias já se reuniam para estudos bíblicos e cultos nas casas, fruto do trabalho missionário do pastor Johann Georg Zischler, mais conhecido como Hans Zischler.
Hans foi o primeiro pastor da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Rolândia-PR (1936-1962), era natural de Obenbrunn (Alemanha), estudou Teologia no Seminário Neundettelsau, na Baviera, onde se formou como missionário para o exterior.
Em 1952, o Pastor Wilhelm Volkamer, pastor em Maringá, iniciou o ponto de pregação que, no ano seguinte, acabou se tornando, oficialmente, a Comunidade Evangélica em Campo Mourão.
O P. Wolkamer, durante a década de 1950, oficiava os cultos nas casas, pois o primeiro templo veio a ser construído somente na década de 1960 (não consta registro oficial sobre o ano de construção, nem de inauguração).
Em dezembro de 1964, a Comunidade Evangélica em Campo Mourão, juntamente com a Paróquia, recebeu seu primeiro pastor residente, Otto Paul Martin Merklein, que ali permaneceu até abril de 1977, quando foi transferido para Curitiba-PR.
Uma característica marcante da história da Comunidade Evangélica em Campo Mourão é a participação de lideranças leigas no trabalho pastoral, ajudando na edificação da Comunidade, através de celebração de cultos e ofícios, na formação da Paróquia em Campo Mourão e na construção do templo e da casa pastoral.
Desde a década de 1950 até 2024, a Comunidade Evangélica em Campo Mourão foi pastoreada por: P. Hans Zischler (1950-1952); P. Wilhelm Wolkamer (1952-1964); P. Otto Paul Martin Merklein (1964-1977); P. Renato Seivert (1977-1980); P. Nelson Altevogt (1981-1989); P. Roberto Jorge Schmidt (19891998); P. Alexandre Fernandes Francisco (1998-2002); P. Arnaldo da Rocha Clemente (2002-2011); Pa. Silvia Mobs (2012-2018); P. Cláudio Rieper (20192022); Miss. Romildo Ricardo Ramlow (2023-atual).
Em 2024, a Comunidade Evangélica em Campo Mourão celebra, com toda a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, os 200 anos de Presença Luterana no Brasil e, simultaneamente, os seus 71 anos de história no município de Campo Mourão-PR.
Miss. Romildo Ricardo Ramlow
3.4.2 Comunidade Evangélica em Lageado
(Mamborê-PR)
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Lageado, no município de Mamborê-PR, foi fundada em 22 de abril de 1952. Até 1966, a Comunidade Evangélica em Lageado era filiada à Paróquia Evangélica em Maringá-PR. No dia 23 de junho de 1966, a Comunidade Evangélica de Lageado e as Comunidades de Sussuí (Engenheiro Beltrão-PR) e Campo Mourão-PR foram desmembradas da Paróquia em Maringá, constituindo, desde então, a Paróquia Evangélica em Campo Mourão.
Na década de 1950, crescia rapidamente a população no município de Mamborê-PR. Desse crescimento participaram muitos imigrantes luteranos vindos do Rio Grande do Sul e que, logo no início, tomaram a iniciativa de se reunir em Comunidade.
No dia 22 de abril de 1952, o pastor Wilhelm Wolkamer foi convidado para oficiar o primeiro culto na residência de Oscar Barth.
Nesse mesmo dia, após o culto, ocorreu uma assembleia para a fundação da Comunidade Evangélica em Lageado, cujo primeiro presidente eleito foi o próprio Oscar Barth. .
Por muitos anos, os cultos foram celebrados nas casas, mas, com o crescimento da população, foi decidido construir um templo na localidade de Sununu, num terreno doado pelo Sr. Oscar, e que foi inaugurado em 1954. Dez anos mais tarde, a Comunidade decidiu construir um templo novo, maior, com torre (sino adquirido e instalado em 1966) e mais bem localizado. O terreno foi doado, dessa vez, por Fredolino Appelt, e a obra foi inaugurada no dia 28 de maio de 1967.
Duas décadas depois (1989), o presbitério da Comunidade decidiu construir, no mesmo local, um novo templo e que foi inaugurado em 18 de abril de 1993.
O ano de 2002 foi marcado pela comemoração do 50º aniversário da Comunidade Evangélica em Lageado, com um culto de Ação de Graças, resgate histórico e uma grandiosa festa.
Em 2024, a Comunidade Evangélica em Lageado alegremente celebra, com toda a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, os 200 anos de Presença Luterana no Brasil, assim como os seus 72 anos de história no município de Mamborê-PR.
Eliza Savariz
3.4.3 Comunidade Evangélica em SussuÍ
(Engenheiro Beltrão-PR)
A Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Sussuí, no município de Engenheiro Beltrão-PR, foi fundada em 7 de janeiro de 1950. Essa Comunidade, juntamente com as de Lageado (Mamborê-PR) e Campo Mourão-PR, esteve filiada à Paróquia Evangélica de Maringá-PR até o dia 23 de junho de 1966, quando foram desmembradas e passaram a constituir a Paróquia Evangélica em Campo Mourão.
A história da Comunidade Evangélica em Sussuí está diretamente relacionada à colonização do município de Engenheiro Beltrão, por volta de 1950. O processo migratório para a região foi marcado, principalmente, pelas famílias vindas do estado de Santa Catarina, em especial da região de Taió e, em sua maioria, luteranas.
As famílias Graf, Hendrich e Roder foram as pioneiras, chegando à localidade em 17 de julho de 1948. Paulo Graf, já em 1934, fez parte de uma expedição que mediu a extensão do rio Ivaí, reconhecendo, assim, o potencial produtivo da região. Anos mais tarde, veio, juntamente com outras famílias catarinenses, morar em definitivo em Sussuí.
Com o afluxo de mais famílias luteranas, percebeu-se a necessidade de formar uma Comunidade Evangélica. Paulo Graf tomou a iniciativa de fazer contato com um pastor em Curitiba, expressando o desejo de um atendimento pastoral para as famílias da região e a possível formação de uma Comunidade. Os primeiros atendimentos pastorais foram feitos pelo Pastor Hans Zischler, da Paróquia em Rolândia-PR, e que, de acordo com registros de 1949, veio de Rolândia para oficiar o primeiro culto. As celebrações, que passaram a acontecer trimestralmente, geralmente aos sábados e domingos, às vezes eram canceladas porque o pastor não conseguia carona ou porque a estrada não dava condições de acesso. Para reunir a Comunidade, os filhos do senhor Paulo, Edgar e Conrado Graf, iam de casa em casa para avisar às famílias que haveria culto. Com o crescimento das famílias colonizadoras e os cultos que vinham sendo realizados, decidiu-se fundar uma Comunidade evangélica luterana em Sussuí. No dia 7 de janeiro de 1950, reuniu-se na casa do Sr. Paulo Graf, para a 1ª assembleia, um grupo de 12 pessoas, que elegeu o primeiro presbitério. Com a fundação do município de Maringá em 1947, a região eclesiástica decidiu criar a Paróquia Evangélica em Maringá, da qual a Comunidade Evangélica em Sussuí passou a fazer parte, já contando com 38 famílias. As primeiras celebrações eram realizadas em língua alemã e aconteceram durante longo tempo na casa da família Graf e, em seguida, na casa de Karl Hindrichs. No dia 7 de maio de 1952, a queda de uma árvore feriu mortalmente o Sr. Karl Graf, o então tesoureiro da Comunidade. Com a previsão de construir um templo para a Comunidade celebrar os cultos, a decisão foi edificá-lo exatamente no local do acidente, como uma homenagem a Karl Graf. Tendo sido iniciado em 1955, e inaugurado em 1956, o templo foi erguido por meio de doações de dias de trabalho e de produtos das colheitas que, de algum modo, viraram recursos para a compra de material. No ato da pedra fundamental, inclusive, toda Comunidade se reuniu para uma grande festa, com entrega de donativos visando arrecadar dinheiro para a execução da obra.
No dia 8 de janeiro de 1956, foi inaugurado, oficialmente, o templo da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Sussuí. Na ocasião, estiveram presentes o Pastor Hans Zischler (Rolândia) e o Pastor Wilhelm Volkamer (Maringá), que pastoreou a Comunidade até janeiro de 1964. Após 34 anos, foi decidido demolir esse primeiro templo, que era todo de madeira, para construir um novo, de alvenaria, cuja pedra fundamental foi lançada em agosto de 2000. No local do antigo templo, existe hoje um memorial a Karl Graf. No rastro dos 200 anos de Presença Luterana no Brasil, celebrados por toda a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil em 2024, a Comunidade Evangélica em Sussuí também celebra os seus 74 anos de história no município de Engenheiro Beltrão-PR.
Simone Jedlicka
3.5 Comunidade Evangélica Luterana em Marília-SP
A presença luterana em Marília completa, no mês de novembro, 65 anos. A proposta de se iniciar um projeto missionário no município do interior do estado de São Paulo foi decidida em assembleia da Missão Evangélica Luterana no Brasil, realizada no dia 3 de abril de 1959, uma sexta-feira, na cidade de Londrina-PR. Nesse mesmo ano, o Pastor Robert Maland, conhecido como Pastor Roberto, e sua família chegaram dos Estados Unidos e, em seguida, foram designados para iniciar esse novo projeto missionário.
Esse foi um momento em que muitos pastores luteranos da Igreja de Minnesota (EUA) vieram se estabelecer no Brasil, cheios de fé e boa vontade para servir a Deus, fundando Comunidades, pregando, incentivando o povo a viver como filhos de Deus.
Sete meses após a assembleia da Missão Evangélica, no dia 17 de novembro de 1959, uma terça-feira, o pastor Roberto participou de uma reunião evangelística em uma fazenda localizada a 5 quilômetros de Marília, onde 136 pessoas estiveram presentes para ouvir a mensagem do Evangelho. Nesse local, o pastor fez diversas amizades. Em um desses encontros, sua esposa, Ana, o informou sobre o interesse do fazendeiro Hans Peter Wirth, conhecido como Dr. Pedro, e de sua família de participarem do projeto missionário na cidade de Marília. O Pastor Roberto foi, então, à Fazenda Paredão, no município de Oriente, localizado a 25 quilômetros da cidade de Marília, para visitar o Dr. Pedro. No domingo seguinte, dia 22 de novembro de 1959, Dr. Pedro, sua esposa, Margot Wirth, e filhos foram a Marília visitar o Pastor Roberto e o informaram sobre o interesse que outras pessoas também tinham de participar do projeto missionário na cidade.
Ao reunir essas pessoas, o primeiro culto luterano realizado em Marília aconteceu no dia 29 de novembro de 1959, às 9 horas da manhã, na Rua Carlos Gomes, em um galpão atrás de uma casa alugada da família Figueiredo, para residência e encontros da Comunidade. O culto teve a participação de várias famílias, como os Gehrmann, Tanner, Wirth, Sahrbach entre outras. O púlpito e o altar foram feitos com caixas de madeira compensada, doadas pela família Maland. O Sr. Egon Gehrmann esculpiu uma cruz, usando o tronco de uma árvore. Os bancos usados na oportunidade foram doados pela Igreja Presbiteriana de Marília.
Nesse primeiro culto, 27 pessoas estiveram presentes para celebrar o início desse novo projeto missionário. A primeira festa de Natal para as crianças foi realizada no dia 23 de dezembro de 1959. No dia 15 de abril de 1960, após a Comunidade distribuir convites em 470 casas, a escola bíblia de férias teve seu início. No primeiro dia, foi registrada a participação de 11 crianças e, no último, 24. No dia 25 de junho, foi realizada a primeira reunião de evangelização no salão, com a participação de 75 pessoas. No dia 4 de outubro, a Igreja designou uma comissão para a compra de um terreno e a construção de novas instalações da Comunidade em dois lotes. A construção da casa pastoral foi iniciada no dia 19 de janeiro de 1962, na Rua Comandante Romão Gomes, nº 40. No dia 15 de março, a comissão da Igreja se reuniu com um arquiteto para projetar o primeiro templo luterano de Marília. No dia 14 de outubro, a Comunidade em Marília recebeu a missionária Toshiko Arai, que havia embarcado de Yokohama, no Japão, e que muito contribuiu nos trabalhos da Comunidade. Com o intuito de colaborar com esse projeto missionário, duas famílias da Comunidade doaram um terreno, consagrado no último domingo do mês de dezembro de 1962, para a construção do templo, com recursos iniciais vindos do exterior. O senhor Jakob Sahrbach doou o terreno na Rua Júlio Mesquita, 326. Os muros se ergueram. Os bancos, o altar, e a pia batismal foram feitos na Fazenda Paredão. Para a torre, foi comprado um sino.
A parte superior, onde ficam o órgão e os carrinhos, o salão de lado, a sacristia e os dois banheiros, foi, então, planejada e executada. O primeiro culto na Igreja, ainda sem piso, aconteceu no dia 14 de abril de 1963, mesmo com o prédio ainda não concluído. Uma semana depois, dia 21, foi realizado o primeiro Culto de Confirmação, no qual foram confirmados os membros Henrique Tammer, Oscar Tammer, Astrid Sichelschmidt e Evelyn Wirth. O culto de consagração do templo foi celebrado no dia 30 de junho de 1963, sendo conduzido pelos pastores Robert Maland (Pastor Roberto) e Roberto Kasperson. Esse culto contou com a participação do conjunto instrumental da Colônia Riograndense e ainda teve a presença de diversos pastores evangélicos de diferentes denominações da cidade de Marília. No mês de dezembro de 1966, foi realizada a primeira apresentação da peça teatral de Natal chamada “Eis a estrela de Belém" e que teve, que teve como regente o maestro Hercy Pereira. O espetáculo ainda contou com a participação da banda da escola Cristo Rei, de Marília.
A Comunidade não tem relatos precisos de quando o Pastor Roberto foi enviado a outro campo missionário, sendo substituído pelo Pastor Oscar Grant (de Londrina), que ficou na Comunidade em Marília com a sua família até o final de 1967. Nesse período, foi adquirido o salão na Rua 9 de julho, antes um empório no Morro do Querosene, que primeiro foi alugado, depois comprado, em 1966. O salão serviu como ponto de pregação aos domingos à tarde. Na despedida do Pastor Grant, foi realizada uma confraternização com a participação da juventude evangélica de Marília na Fazenda Paredão, em Oriente. Um ano depois, em 1968, o Pastor Eugênio Foehringer assumiu o pastorado na Comunidade em Marília, substituindo o pastor Grant. O pastor Foehringer trabalhou muito com jovens, incentivando-os ao teatro. Viajou com eles para outras cidades, cantando e pregando. O salão da Rua 9 de julho continuou sendo usado, tanto para cultos aos sábados à noite como para a alfabetização de adultos.
Naquele tempo, as meninas do lar do município de Oriente-SP frequentavam a Igreja, sendo trazidas pelo Sr. Pedro Wirth. No começo dos anos de 1970, a juventude de Marília participou do seu primeiro acampamento, realizado na Comunidade em Londrina. Nesse mesmo período, também foi iniciada a tradição de se realizar cultos e piqueniques anuais na Fazenda Paredão, no município de Oriente, onde os momentos de comunhão e confraternização entre os jovens da Comunidade eram ainda mais fortalecidos. No ano de 1974, a Comunidade recebeu um micro-ônibus. Assim as meninas do lar, em Oriente, podiam assistir a escola dominical, receber Ensino Confirmatório e muitas foram confirmadas na Igreja. Depois desses anos de pastorados intensivos com os missionários americanos, seguiu-se um tempo sem presença pastoral em Marília.
Os missionários americanos retornaram aos Estados Unidos. A Comunidade em Marília permaneceu na condição de campo missionário até o ano de 1975 e, depois, passou a fazer parte da Paróquia Evangélica Luterana em Assis. A partir de então, os pastores da Paróquia em Assis ajudaram a Comunidade no seu crescimento na fé, entre eles: Leonhardt Creutzberg, Clovis Lindner, Helmut Joachim Sauer, Mauro Behling e Daniel Dammann.
Porém, essa mudança não foi bem recebida pelos membros da Comunidade em Marília. O número de cultos caiu e, com poucas celebrações realizadas na cidade, muitos membros se afastaram. Nesse novo cenário, a Comunidade quase encerrou as suas atividades. Em 1996, a Comunidade em Marília pôde contar novamente com um obreiro residente: o catequista Beno Berg, que se mudou para Marília com sua família e assumiu as atividades pastorais, trazendo um novo momento à Comunidade.
No ano de 2001, Beno Berg foi ordenado ao ministério pastoral pelo então Pastor Sinodal Germano Burger. O Pastor Beno Berg ficou vinculado à Igreja até o ano de 2004, assumindo, então, a posição de pastor voluntário na Comunidade, até o ano de 2007. Nesse ano, a Paróquia decidiu mudar a sua estratégia de presença naquela região, colocando um pastorado na cidade de Maracaí, para acompanhar a Comunidade da Colônia Riograndense, e os pontos de pregação Maracaí e Cruzália, bem como outro pastorado na cidade de Marília, para acompanhar as Comunidades em Marília e Assis. O Pastor Jorge Dumer assumiu o primeiro pastorado e foi residir em Maracaí. O Pastor Ivo Schoenherr assumiu o segundo pastorado e foi residir em Marília, e ambos motivaram as Comunidades para a vivência de sua fé.
Com o crescimento dos trabalhos, surgiram novos pontos de pregação nas cidades Ourinhos e Paraguaçu Paulista. O Pastor Ivo Schoenherr permaneceu em Marília até o final de 2016, quando se aposentou. A partir de então, a Comunidade em Marília se desvinculou da Paróquia em Assis e formou sua própria Paróquia, sendo responsável pelos pontos de pregação de Ourinhos e Paraguaçu Paulista. Esse grande projeto foi realizado com auxílio do Sínodo Paranapanema e verbas encaminhadas da Alemanha. Esse novo projeto contou com a instalação da Pastora Paula Trein, que ficou à frente dos trabalhos e realizou diversas atividades que contribuíram para o fortalecimento da Comunidade. A Pastora Paula permaneceu em Marília até o final do ano de 2019, quando se transferiu para a Paróquia em Assis.
No ano de 2020, a Igreja enviou para Marília a Pastora Maria Marilene Eckerleben, com a missão de dar continuidade a esse projeto. A Pastora Maria teve uma participação muito importante na Comunidade durante a pandemia de Covid-19. Apesar das restrições e inúmeras dificuldades desse período, a Pastora Maria conseguiu desenvolver os cultos na Comunidade e permaneceu em Marília até o mês de abril de 2023, quando aceitou o convite para ser transferida ao estado de Rondônia.
Com a transferência dela, desde o mês de maio de 2023, as atividades na Comunidade em Marília foram assumidas de forma voluntária pelo Pastor Beno Berg. Desde o mês de janeiro de 2024, ele conta com o apoio do membro e estudante de Teologia das Faculdades EST Rafael Venchiarutti, que reside no município de Tupã. Rafael também assumiu de forma voluntária as atividades na Comunidade em Marília, o que representou um grande acréscimo para a Igreja local. Atualmente, os cultos na Comunidade em Marília acontecem todos os domingos às 9h30, na Rua Júlio de Mesquita, 326, e, mensalmente, no município de Tupã.
Rafael Venchiarutti
primeiro templo de Ivaiporã (em frente estão alguns membros fundadores).
3.6 Comunidade Evangélica Martin Luther (Ivaiporã-PR)
A Paróquia Evangélica em Ivaiporã tem sua história ligada às Paróquias de Campo Mourão, de Maringá e Rolândia. Ivaiporã se localiza na região centro-norte do Paraná, entre Guarapuava e Londrina, uma região essencialmente agrícola, que, dos anos 1950 até a década de 1970, cultivava café. Os luteranos que aqui residem têm sua origem em Brusque-SC. Todos vieram para Ivaiporã em busca de terras férteis, sendo atraídos pelo plantio de café entre os anos de 1950 e 1960. Entre os primeiros luteranos estão a família Christen, a Libert e a Hort. Aqui não havia Igreja Luterana, por isso, os cultos aconteciam em casas. Tudo começou na Linha Pindaúva, às margens do rio que leva o mesmo nome. As famílias eram atendidas com cultos e ofícios, celebrados por pastores que vinham das Paróquias citadas acima. O pastor que atendeu com mais frequência foi, o já falecido, Pastor Reiner Lebtag. Em 1965, segundo registros no cartório, a Comunidade comprou seu terreno em Ivaiporã, legalizando-o em nome da “Igreja Lutherana” (Igreja dos alemães de Brusque). A sede da Comunidade continua nesse mesmo lugar, hoje, na esquina da Rua Pedro Koltum com a Rua João Vitor de Andrade. Inicialmente, era para ser apenas um Segundo Pastorado de Rolândia. Mas, a partir de 1999, com a chegada do Pastor Elmar Santoro a Rolândia e, com o apoio do Plano de Ação Missionária da IECLB – PAMI, no dia 7 de dezembro de 2003, os pontos de pregação de Mauá da Serra, Faxinal, Borrazópolis e Cândido de Abreu (até então fazia parte de Colônia CachoeiraGuarapuava), se reuniram em Assembleia e decidiram formar a Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Ivaiporã, elegendo seu primeiro
O
O primeiro Batismo.
presidente Sr. Vanderlei Haag Hort, vice-presidente Laerte Dau, a secretária Márcia Martins Mattos Hort, a vice-secretária Heidi E. Haider Seidel, o tesoureiro Valdemar Hort, a vice-tesoureira Lore G. Jorge. O pastor eleito pela Assembleia, foi o Pastor Elmar Santoro, cuja investidura aconteceu em fevereiro de 2004, ministrada pelo Pastor Sinodal Werner Brunken. Nessa mesma Assembleia também foi aprovado o Novo Estatuto que, a partir daquele momento, regeria a vida do novo campo missionário, agora efetivamente criado e aprovado.
O pastor Elmar permaneceu na Paróquia em Ivaiporã até janeiro de 2013, quando se transferiu para Santa Rosa -RS. Em seu lugar, foi eleito o Pastor Voluntário Elemar Mai, que conduziu os trabalhos até dezembro de 2018. Em fevereiro de 2019, o Pastor Elmar Santoro retornou a Ivaiporã.
Em 2019, a realidade da Comunidade estava muito diferente de quando a Paróquia foi criada. Muitos membros, mudaram para outras cidades; alguns, voltaram para Brusque-SC; e outros, migraram para novas áreas em busca de terras. Assim, a Paróquia diminuiu muito em número de membros e a estrutura de Paróquia começou a pesar financeiramente. Dessa forma, a Assembleia decidiu transformar a Paróquia em Comunidade com função Paroquial, alterando, inclusive o nome para Comunidade Evangélica de Confissão Luterana Martin Luther em Ivaiporã. Alterou-se o nome, porque as pessoas confundiam a nossa Igreja com a Igreja Missouri.
A Comunidade Evangélica Martin Luther em Ivaiporã, juntamente com os Pontos de Pregação em Borrazópolis, Faxinal, Cândido de Abreu e o Assentamento 8 de Abril, somam, atualmente, 53 membros batizados.
P. em. Elmar Santoro
Templo atual atual reformado e, ao lado, a Comunidade atual.
3.7 Comunidade Evangélica Luterana em Londrina-PR
A história da Igreja Luterana em Londrina pode ser contada em 5 diferentes momentos. Vejamos a seguir.
3.7.1 Comunidade em Heimtal
Em 1931, chegaram as primeiras famílias luteranas vindas do estado de São Paulo. Em 15 de maio do ano seguinte, foi confirmada a primeira turma de 12 confirmandos, considerada como a data oficial da fundação da Comunidade. Participaram de sua fundação as famílias: Strass, Janz, Kisser, Furrer, Radetski, Gui, Kleber, Hill, Groskreutzer e Kuyart. O primeiro presbitério foi constituído por Johann Groskreutzer (presidente), Albert Janz (secretário) e Adolfo Kuyart (tesoureiro). Os cultos eram celebrados na primeira escola de Londrina, fundada em 1931, local onde também eram realizados os bailes.
O primeiro atendimento pastoral foi realizado pelo professor Franz Blumberg. Em 1933, o Pastor Wrede, vindo da Colônia Riograndense, hoje Paróquia em Assis (SP), foi o primeiro a atender esporadicamente a Comunidade. Nesse mesmo ano, em 16 de junho, foi batizada a primeira criança, Helmut Ferdinando Janz. Apenas em 1936 foi construído o primeiro templo. A partir desse período, a Comunidade em Heimtal passou a ser integrada à Paróquia em Rolândia, sendo atendida pelos pastores Theo Rogowski, Hans Zischler e Jürgen Fischer, respectivamente. Somente em 1970, a Comunidade em Heimtal passou a pertencer à Comunidade em Londrina.
3.7.2 Comunidade da Avenida Rio de Janeiro
Iniciou suas atividades em 1934, tendo como fundadoras as famílias: Heritt, Koelsch, Oberhausen, Schultheis, Lavin, Rotmann e Rewnski. Os primeiros cultos eram celebrados nas casas dos membros.
O primeiro batismo foi de Walter Koelsch, em 29 de dezembro de 1934, realizado na casa da família Heritt, na Rua Sergipe. Durante a Segunda Guerra Mundial, os cultos aconteciam na Igreja Metodista da Av. Rio de Janeiro. Apenas em 1946, foi construído o templo em um dos dois terrenos doados pela Companhia de Terras do Norte do Paraná.
Essa Comunidade também pertencia à Paróquia em Rolândia até 1970. Mas, a partir de 1967, começou um trabalho integrado de atendimento pastoral pelos pastores da American Lutheran Church e Paróquia em Rolândia.
3.7.3 Comunidade da Missão Americana ALC
A American Lutheran Church fundou a Missão Evangélica Luterana (MEL) em 1959, com as famílias: Ruhmann, Ferreira da Silva e Lück. No início, os cultos eram realizados numa casa na Rua Goiás. De 1960 a 1962, utilizaram um antigo teatro na Rua Belo Horizonte. Em 30 de setembro de 1962, foi inaugurado o templo do Jardim Canadá (onde hoje temos as celebrações), na Rua Paranaguá, 1381, um terreno cedido pelo Dr. Raul Lessa. Na placa, colocada na entrada do templo, constam os nomes dos pastores: John Harrison Abel e Gerald Jacobson, com o texto bíblico de Atos 4.11-12: “Jesus Cristo, a pedra angular da Igreja.” John Abel foi o primeiro pastor da Missão Americana em Londrina, seguido de James Jacobson, Robert Kaperson, Donald Richtman e Oscar Grant. A missão americana tinha como objetivo principal criar uma Comunidade missionária, enquanto a IECLB atendia os imigrantes alemães. Por causa dessas diferenças, existiam duas Comunidades luteranas em Londrina.
3.7.4 Comunidade Luterana do Jardim Canadá
Em 1969, as Comunidades da Av. Rio de Janeiro e da Rua Paranaguá já trabalhavam unidas. Os membros de ambas frequentavam os dois templos e existia um único presbitério, que se empenhava para formar uma nova Paróquia. No dia 1º de janeiro de 1970, essas Comunidades se desmembraram da Paróquia em Rolândia, e Heimtal se integrou à Comunidade em Londrina. Em 30 de maio de 1971, aconteceu o culto de fusão da Comunidade da Av. Rio de Janeiro com a da Missão Americana, bem como a reconsagração do templo reformado do Jardim Canadá, que se transformou em sede da Comunidade. Na época, o presbitério era formado por Osvaldo Rühmann (presidente), Arthur Patzer (tesoureiro) e Lauro Kleber (secretário), passando a ser atendida apenas por um pastor.
Em 1983, a Comunidade em Heimtal deixou de existir, e seus membros passaram a participar no centro. O templo e o terreno do Heimtal foram vendidos, o que possibilitou a construção do salão comunitário em 1984.
Em 1985, foi vendida a propriedade da Avenida Rio de Janeiro. No ano seguinte, foi construído o apartamento pastoral sobre o salão comunitário. Em 2005, o apartamento foi totalmente reformado, sendo transformado em salas para o trabalho do Culto Infantil, acompanhado de uma biblioteca, uma quitinete e um escritório pastoral.
A Comunidade possuía outra casa na Rua Alagoas, a qual foi vendida para a aquisição de um apartamento no Edifício Acácias, na Rua Santos, servindo como residência pastoral.
Vários pastores atuaram na Comunidade Evangélica Luterana em Londrina após sua fusão: Oscar Grant, até julho de 1975; Hans Spring, de outubro de 1976 até agosto de 1977; James Wilken, de outubro de 1977 a janeiro de 1982; Rubens Ruprecht de janeiro de 1983 a dezembro de 1988; Nésio Martens, de julho de 1989 até agosto de 2003; Nestor Ivo Nath, de abril de 2004 até meados de 2015; Telmo Noé Emerich de fevereiro de 2016 até o presente momento.
Além dos cultos dominicais às 9h30, a Comunidade Evangélica Luterana de Londrina tem os seguintes encontros regulares: Reunião da OASE, Juventude Evangélica, Culto Infantil, Grupo de técnica vocal, Grupo de louvor, Encontro de casais, Estudo Bíblico e Ensino Confirmatório. Diariamente, o pastor disponibiliza aos membros, via grupo de WhatsApp, devocional gravada por ele. A Comunidade é pequena, mas muito acolhedora. As pessoas se sentem bem nela e criam fortes laços de amizade.
3.7.5 Instituto Evangélico Luterano (IEL)
Foi construído no período em que a Missão Americana atuou no Brasil. Foi um lugar de formação para os filhos das várias famílias de pastores americanos que atuaram no norte do Paraná e no oeste de São Paulo, entre as décadas de 1960 e 1970. Serviu também como escola de ensino cristão para jovens de diferentes lugares do Brasil que buscavam um ensino bíblico mais aprofundado. Vários estudantes que passaram pelo instituto tornam-se pastores. Serviu também como casa de retiros, mas foi desativada na década de 1990.
P. Telmo Noé Emerich, com base no texto do Boletim Celebrai, edição comemorativa dos 50 anos de construção do templo, 2012.
3.8 Comunidade Evangélica
de Confissão Luterana em Maringá-PR
Maringá, Maringá!
Maringá nasceu como resultado da política de expansão populacional e ocupação do Oeste do Brasil durante a Era Vargas no Estado Novo. Migrantes e imigrantes das mais diversas origens vieram colonizar suas ricas terras virgens de muita mata e com uma fértil terra vermelha.
Em meio a essa diversidade de pioneiros, imigrantes luteranos alemães e luteranos de outros cantos do país vieram desbravar essa terra para trabalhar com a agricultura. O começo foi difícil, mesmo afeitos ao trabalho árduo e à vida comunitária, eles passaram por todo tipo de dificuldade: desde questões sanitárias e de habitação, até escassez de todos os tipos de recursos.
A fé inabalável desse povo fez com que ele se mantivesse firme no intento de colonizar essas terras. Então, tão logo se estabeleceram, começaram a idealizar a construção de uma sede da Comunidade luterana, local onde pudessem ouvir a Palavra de Deus, professar sua fé e se encontrar como Comunidade cristã.
Em junho de 1950, apenas 3 anos após a fundação da cidade, criaram a Comunidade Evangélica Luterana da Santíssima Trindade, que se mantém firme até hoje, em uma cidade que cresce a cada dia. O primeiro atendimento a comunidade foi realizado pelo pastor de Rolândia-PR, Hans Zischler. Na sequência, veio o pastor Wilhelm Volkamer, da Alemanha, o que nos faz lembrar o quanto a Igreja alemã ajudou no início da Comunidade. Pastor Volkamer, quando chegou aqui, não encontrou nem casa, nem templo, e morava na casa de uma das famílias luteranas e administrava os cultos em outras residências, conforme
a disponibilidade dos membros da Comunidade. Locomovia-se de motocicleta e ônibus por 19 pontos de pregação e Comunidades. O acesso era difícil, sendo que, muitas vezes, arriscava a própria vida para que todos pudessem ser atendidos. Ele trabalhou arduamente para manter acesa a fé de luteranos da Comunidade que se espalharam pela região.
Dois anos após sua chegada, foi adquirido um terreno na Rua Mem de Sá para a construção do templo e da casa pastoral. A casa pastoral, concluída antes, passou a ser utilizada para a realização dos cultos, tendo o primeiro acontecido no Natal de 1952. Facilmente, podemos imaginar a emoção que foi para aqueles poucos luteranos ao verem o seu trabalho em prol da fé se materializar e tomar forma de Igreja.
Após alguns anos, Pastor Volkamer adoeceu e teve que retornar para a Alemanha. Novos pastores o sucederam, com novos desafios e muito empenho em manter viva a fé luterana. A construção do templo foi fruto do trabalho árduo de inúmeros voluntários e doações, visto que eram tempos difíceis de safras ruins e inflação crescente. No final de 1964, foi lançada a pedra fundamental do templo, mesma época em que os cultos passaram a ser dirigidos em português. Em 1968, o Pastor Clifford Biel inaugurou o templo atual.
Em 1957, teve início o núcleo da OASE, a Ordem Auxiliadora de Senhoras Evangélicas, com o lema “Comunhão, Testemunho e Serviço". A OASE ainda hoje é muito atuante na Comunidade, sendo responsável por reunir as mulheres para uma maior vivência cristã, além de participar de praticamente todas as promoções da Comunidade.
Na década de 1980, a Comunidade se expandiu: foram criados o LarEscola Bom Samaritano e a Casa de Retiro, importantes atividades de diaconia da Igreja nesses últimos 40 anos.
E hoje?
Passados tantos anos, é visível que a IECLB em Maringá está bem constituída. É conhecida e se faz presente na cidade. Estrutura-se através de sua principal Comunidade em Maringá e através de Comunidades em municípios próximos. Seus vários grupos, além das celebrações, dão vida e fazem o Evangelho pulsar. Citamos alguns: OASE, Culto Infantil, Ensino Confirmatório, Presbitérios, Estudos Bíblicos, Estudo de Textos de Martin Lutero, Grupo de Bordado, Grupo de Diaconia, Pastoral da Família, Pastoral da Acolhida, Grupo de Louvor, Visitação e Comunicação. Seu planejamento missionário reforça uma Igreja viva, missionária, contextualizada e musical. Há muita gratidão por esse tempo vivido. O pedido segue sendo o mesmo: que o bondoso Deus siga conduzindo a sua missão através da IECLB em Maringá.
Pa. Rosane Pletsch e Gabriela Leal dos Santos
3.9 Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Araçatuba-SP
A Comunidade nasceu como o Segundo Projeto Missionário idealizado pela Missão Zero (MZ), a partir do Movimento Encontrão, IECLB, em Araçatuba, no noroeste do estado de São Paulo. Foi iniciado por uma Equipe Missionária formada por 12 adultos, entre eles o casal pastoral Oziel Campos de Oliveira Júnior e Cheryl. A equipe era formada por luteranos de diversos locais do Brasil, que, sentindo o chamado de Deus, vieram para contribuir, mudando-se para Araçatuba.
O início oficial dos trabalhos foi a partir da segunda quinzena de fevereiro de 1992, embora os primeiros já tivessem chegado no segundo semestre de 1991. Nos primeiros meses, as reuniões foram realizadas na casa de um casal missionário e, posteriormente, em um salão. Mais adiante, foi comprado um terreno para a construção do templo, que passou a ser utilizado no ano de 2002, aproximadamente, mesmo inacabado. O construtor principal se mudou com a família, vindo do Rio Grande do Sul, permanecendo em Araçatuba durante 4 anos e meio.
Atualmente, estamos com nosso quinto Ministro, Robson Kipert, e, daqueles 12 membros que iniciaram os trabalhos, permaneceu apenas um casal. Entre altos e baixos, Deus vem abençoando nossa Comunidade. Numa época em que as pessoas cada vez mais criam menos raízes, e num local onde não havia luteranos previamente, podemos afirmar que muitas pessoas puderam ouvir claramente sobre o Evangelho de Jesus e, várias tiveram suas vidas transformadas ao começarem um relacionamento pessoal com Deus.
Temos enfatizado o chamado de Jesus para sermos e fazermos discípulos, conforme a Grande Comissão, em Mateus 28.18-20. E, a partir da pandemia de Covid-19, o Ministério das Marmitas Solidárias foi um marco na Diaconia em nossa Comunidade, onde são preparadas de 150 a 170 marmitas, uma vez por semana, as quais são doadas a pessoas e famílias mais necessitadas.
Que Deus continue nos capacitando a contribuir para o crescimento do corpo de Cristo, a Igreja, nesta cidade!
Ricardo Luís Simões Pires Wayhs
3.10 Comunidade Evangélica de Confissão
Luterana em Três Lagoas-MS
Na década de 1980, surgiu uma visão missionária no grupo de evangelistas da IECLB: sair do “berço germânico” e formar Comunidades da IECLB com pessoas não luteranas de “berço", em cidades brasileiras onde a Igreja luterana ainda não havia chegado.
O Pastor Sergio Schaefer, ao apresentar esse desafio à Presidência e à Secretaria de Missão da IECLB, foi então, aconselhado, em 1986, a elaborar um projeto. “E sereis minhas testemunhas”, foi o lema da Igreja em 1987-88, o qual serviu de alavanca para a concretização do projeto intitulado Projeto de Missão Centro do Brasil.
Fundamentado na ideia de começar projetos em lugares onde a IECLB ainda era desconhecida, nomeou-se o projeto de “Missão Zero”, nome conferido ao projeto pelo então Secretário Geral da IECLB, P. Rolf Droste.
Para elaborar e coordenar esse projeto, formou-se uma equipe: Renato e Valmi Becker, Carlos Eberle e Marisa Drews, Irno e Marli Prediger, Sérgio e Vera Schaefer. Em março de 1988, o projeto pioneiro foi aprovado pelo Conselho Diretor na IECLB e incluído em seu orçamento geral.
A equipe traçou estratégias para a implantação do projeto em Três Lagoas-MS, cidade escolhida entre outras sondadas no bolsão sul-matogrossense, noroeste paulista, triângulo mineiro e estado de Goiás, visto que, nessa cidade, ouviu-se de duas pessoas locais as palavras do chamado macedônico “Venham para cá”. Assim, em janeiro de 1989, o P. Irno Prediger, a esposa Marli e seus filhos Andréa, Raquel, Patrícia e Estevão, juntamente com uma equipe missionária (pessoas que se instalaram profissionalmente na cidade para levantar seu sustento no campo missionário), iniciaram o trabalho de evangelismo na cidade.
Dentre essas famílias que se mudaram para Três Lagoas estava João Carlos de Oliveira, sua esposa, Elsa, e seus filhos, Joice e Tiago. Atualmente (2024), João Carlos é o presidente da Comunidade.
A casa pastoral, inicialmente alugada em dezembro de 1988, foi comprada alguns anos depois. Ao lado dessa casa, já havia um salão, que serviu de templo para os cultos e as demais programações da Comunidade em formação, de março de 1989 até outubro de 2010. Ao mesmo tempo, outra casa foi adquirida, com doações de amigos da missão, para a família do João Carlos. Esta, situada no bairro Bela Vista, onde também se iniciou a formação de uma Comunidade.
Outros dois evangelistas, muito importantes nesse processo de plantação da Comunidade, foram os irmãos Enio e Édio Osteberg. Édio retornou a Camaquã-RS em maio de 1993 e Enio permaneceu em Três Lagoas até início de 1999, quando foi cursar Teologia na Fatev, em Curitiba. Fizeram um trabalho missionário muito significativo em Três Lagoas, especialmente com jovens. Alguns deles permanecem membros da Comunidade até hoje.
A data da formação oficial da Comunidade é 10 de julho de 1990. No entanto, os cultos dominicais no bairro Santa Terezinha iniciaram já no primeiro domingo de março 1989. Desde o início, os cultos são semanais, aos domingos. No início de dezembro de 1989, foi feita a admissão do primeiro grupo de membros alcançados pelo trabalho missionário, dos quais ainda continua membro da Comunidade a Leila do Carmo Dias de Souza. Na data de admissão do segundo grupo de membros, em julho de 1990, foi, então, constituída legalmente a Comunidade, com a aprovação dos estatutos e eleição do primeiro presbitério, para o qual João Carlos de Oliveira foi eleito como primeiro presidente da Comunidade.
O trabalho no Bela Vista iniciou no segundo semestre de 1990, mas já havia um grupo de crianças do bairro que se reunia para escola dominical, na casa dos plantadores João e Elsa, desde 1989.
Em setembro de 1990 a Comunidade comprou o terreno onde, posteriormente, foi construído o templo do bairro Bela Vista. Uma casa velha que ali havia foi transformada em local de cultos dominicais e demais programações. Logo se construiu uma casa nos fundos do terreno, que serviu de moradia do casal Arlei e Mara Fabiana Bierhals, de Camaquã-RS, que vieram em julho de 1991 para ajudar no trabalho missionário. Arlei e Mara Fabiana permaneceram no bairro Bela Vista até 1996, quando assumiram a formação do ponto de pregação em Castilho-SP. O casal retornou a Camaquã em 2001, após dedicarem 10 anos ao trabalho na missão.
Irio e Ivone Osterberg, também de Camaquã, vieram para ajudar no trabalho missionário em Três Lagoas, em agosto de 1992, ajudando no trabalho do bairro Santa Terezinha até julho de 1996, quando foram residir no Bela Vista, na casa aos fundos do templo, até início do ano de 2000, quando foram à Fatev cursar Teologia. No bairro Bela Vista, além de ajudar o João no ponto de pregação, Irio foi o principal construtor do templo, edificado ao longo dos anos 90. Além destes, ainda outros dois casais ajudaram na formação da Comunidade: Geraldo e Márcia Schmitzhaus e Edson e Lisiane Hiller. Heraldo Antonio da Silva e sua esposa, Marta Bocato, ingressaram como membros da Comunidade em 1990. Heraldo assumiu o trabalho da Comunidade no bairro Santa Terezinha por cinco anos, de janeiro de 2000 até dezembro de 2004, na condição de líder pastoral; enquanto o P. Irno assumiu a coordenação da área missionária (Comunidades de missão em Três Lagoas, Andradina, Araçatuba, Birigui e Santa Fé do Sul), visto ser o único ministro ordenado na área. Em janeiro de 2005, o P. Irno retomou o trabalho pastoral da Comunidade em Três Lagoas, deixando a coordenação da área. No início de 2008, a Comunidade em Três Lagoas decidiu pela construção do novo templo. O lançamento da pedra fundamental e o início da construção ocorreu em 2008. O templo foi construído próximo aos dois locais de culto existentes então, visando unificar as duas pequenas Comunidades na cidade. A inauguração do templo e o primeiro culto foram em 10 de outubro de 2010, a partir de quando os membros das duas Comunidades (bairros Santa Terezinha e Bela Vista) passaram a celebrar seus cultos em conjunto e os dois locais de culto antigos foram desativados, sendo essa uma data significativa para a Comunidade, marcando um novo tempo.
Percebendo a necessidade de alcançar mais pessoas, cuidar daqueles que já faziam parte da Comunidade e levar a um crescimento numérico e espiritual, em fevereiro de 2008, iniciou-se o trabalho com células na Comunidade. Essa iniciativa conduziu a Comunidade a um crescimento, agregando novas pessoas. Foi nesse período, também, que o Missionário Samuel Coswig fez seu Período Prático de Habilitação ao Ministério em Três Lagoas.
Em fevereiro de 2011, o P. Irno ingressou no quadro dos pastores eméritos da Igreja, e o Miss. Valmir Röpke assumiu o pastoreio da Comunidade.
Com a vinda do Missionário Valmir, sua esposa, Gláucia, e seus filhos, o trabalho de células se intensificou ainda mais. Foram anos de ajustes, de aprendizado, também de tempos difíceis em Comunidade, mas sempre sendo cuidados por Deus.
Com a transferência do Missionário Valmir para outro CAM em janeiro de 2019, a Comunidade contou, mais uma vez com o P. Irno, até março de 2020, quando a Missionária Daline Moeller e seu esposo Paulo Scheuermann chegaram à Comunidade, assumindo o trabalho pastoral.
Nesses últimos quatro anos, a Comunidade tem vivido um tempo de renovo e recomeço, pois a pandemia Covid-19 também trouxe seus desafios. Alegramo-nos em ser uma Comunidade de missão, plantada por pessoas que, cheias do amor por Jesus, vieram a essa terra para ser uma comunidade luterana, que tem suas origens e características muito próprias da cultura e do povo local.
Não somos reconhecidos na cidade como uma Comunidade de cultura germânica. Depois de 35 anos, somos uma Comunidade com cerca de 150 membros que busca, com fidelidade ao Evangelho, levar o amor e a salvação de Jesus às pessoas de nossa cidade.
Agradecemos a Deus pela nossa história, por cada família que por aqui passou e que aqui está até hoje. Agradecemos grandemente a Deus por todo cuidado, amor e zelo que tem por nós!
P. em. Irno Prediger e Miss. Daline Luana Moeller Scheuermann
3.11 Comunidade Evangélica Luterana em
Andradina-SP
Andradina é um município localizado no oeste do estado de São Paulo e tem uma população estimada em 60.000 habitantes. Sua fundação foi idealizada em 1932, pelo fazendeiro Antônio Joaquim de Moura Andrade, maior criador de gado do Brasil na época e, por isso, conhecido como “Rei do Gado”. Em 30 de dezembro de 1938, Andradina se tornou um município e, a partir dele, outros surgiram. Um desses é Castilho, no qual, assim como em Andradina, foi iniciado um projeto de plantação de Comunidade. Andradina é o terceiro projeto de plantação da Missão Zero (agência de missão), depois de Três Lagoas-MS e Araçatuba-SP. A abertura desse projeto foi sugestão do então secretário de missão da IECLB, P. Rui Bernhard, numa visita que fez a Três Lagoas. Em novembro de 1993, a Coordenação da Missão Zero (MZ) iniciou uma incursão na cidade de Andradina, com o objetivo
de plantar ali uma nova Comunidade da IECLB, por meio de pessoas engajadas com a missão de Deus neste mundo.
Em 1993, houve uma reunião da Coordenadoria da Missão Zero em Lages-SC, na qual estavam presentes: Hilton e Edla Henn, Vitorino e Sandra Herbst e Avelino Franz, todos membros da Paróquia em Ituporanga-SC, Paróquia esta que apoiou o projeto de plantação em Andradina. Uma equipe formada pelos pastores Sérgio Schaefer e Irno Prediger, juntamente com o Sr. Hilton Henn de Rio Antinhas-SC, foram até Andradina em busca de um imóvel para iniciar o projeto de plantação.
Em novembro de 1993, foi adquirida uma residência em Andradina (pertencente à família Brenha). Esse local tornou-se a casa pastoral, e a verba para a aquisição foi uma doação da Secretaria Geral da IECLB. Como o projeto foi implantado por meio da Comunidade em Três Lagoas, (a mais próxima – 30 km) em janeiro de 1994, o imóvel comprado foi registrado no CNPJ dessa Comunidade. No mesmo ano, a família Henn foi enviada para o projeto de missão em Andradina.
A proposta era de que a família de Hilton se instalasse em Andradina buscando também emprego no comércio local, já que a ideia era de um ministério que conciliasse o trabalho habitual com a plantação da Comunidade. Nos anos iniciais, observou-se desenvolvimento saudável da Comunidade, recebendo a adesão de um bom número de pessoas.
O trabalho missionário estabelecido em Andradina permitiu que o primeiro culto fosse celebrado em 20 de março de 1994, com um pequeno grupo de participantes liderados pela família Brenha, ainda
hoje presente na Comunidade. Em maio do mesmo ano, foi adquirido um novo terreno com uma casinha de madeira na Rua Sete de Setembro, onde foram realizados, daí em diante, os cultos e as demais programações. Nesse mesmo terreno, em meados de 1997, foi construído o templo que é utilizado até o presente momento.
Juridicamente, a Comunidade se estabeleceu em 31 de outubro de 1994, com aprovação do seu estatuto, a profissão de fé dos primeiros membros e a eleição da primeira diretoria. Em janeiro de 1995, foi suspensa a ajuda financeira enviada por parte da Paróquia em Ituporanga-SC, conforme já acertado de antemão.
Assim, teve início a Comunidade em Andradina, composta com pessoas de diferentes etnias e procedentes de diversas raízes religiosas, sendo que, em seu início, a maioria não frequentava nenhuma Comunidade cristã.
Quando nos instalamos no bairro Passareli, havia apenas uma Comunidade Católica nas proximidades e, por isso, percebemos abertura para o anúncio do Evangelho. Já em meados de 1997, reuníamos em nossas celebrações cerca de 70 pessoas.
O Sr. Hilton Henn, juntamente com sua família, permaneceu à frente do projeto desde 1994 até meados de 2001, quando, então, mudou-se para Santa Fé do Sul-SP, para um novo projeto de plantação.
No início de 2002, foi designado para Andradina o ministro candidato ao ministério na IECLB, Eloir Trisch König, que permaneceu, após o período prático, como missionário da Comunidade até o ano de 2006. Após a saída do Miss. Eloir, várias pessoas passaram pela Comunidade, até que, em 2013, o Sr. Heraldo Antônio da Silva assumiu os trabalhos. Ele residia em Três Lagoas-MS e se deslocava semanalmente para atender a Comunidade.
Por conta de alguns percalços, muitas pessoas deixaram a Comunidade ao longo dos anos, até que, na pandemia de Covid-19, ela se enfraqueceu a ponto de restarem apenas 6 mulheres, que se mantinham fiéis.
Foi então que, no ano de 2021, com o apoio financeiro da IECLB, do Sínodo Paranapanema, de diversas Comunidades e famílias, chegou à Comunidade o missionário Paulo Rafael Moeller Melchiors e sua esposa, Nadila Melchiors Moeller, que assumiram o trabalho missionário com o objetivo de revitalizar a Comunidade. Em 2024, a Comunidade em Andradina celebra cultos com a participação média de 30 pessoas. Além disso, o casal está desenvolvendo a plantação de duas Comunidades, uma em Nova Independência; e a outra, em Ilha Solteira.
Miss. Paulo Rafael Moeller Melchiors
3.12 Comunidade Luterana em Santa Fé do Sul-SP
A Comunidade em Santa Fé do Sul surgiu por meio de uma parceria entre a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), a Sociedade Missionária Norueguesa (SMN) e Missão Zero (MZ), que realizou, com vários voluntários, nos dias 10,11 e 12 de outubro de 2001, o Projeto Missionário Operação Impacto na Cidade.
A Comunidade já contava, para seu início, com o grupo-base formado pelo casal Hilton e Edla Henn e filhos, que já tinham grande experiência com a plantação da Comunidade em Andradina-SP; pelo casal Vidar e Eli Bakke, missionários enviados da Noruega; e o casal Valdebrando e Marcia, que eram o contato local.
Com o avanço do trabalho missionário, muitas pessoas foram sendo acrescentadas à Comunidade que, desde seu início, reunia-se em um salão alugado, mas, a partir de 2010, pela graça de Deus, pôde ver o seu templo próprio ser construído com o auxílio das ofertas vindas da SMN e da Obra Gustavo Adolfo (OGA).
Com o templo construído, a Comunidade continuou sendo conduzida pastoralmente por Hilton Henn, Missionário da Missão Zero, até 2011, ano que findou seu contrato. Em 2007, já havia sido findado o contrato com Vidar Bakke, Missionário da SMN. No final de 2011, a Comunidade recebeu o Pastor da IECLB, Raul Berto, e sua esposa Eliana, que permaneceram por um ano; vindo, a seguir, o Missionário Alex Araújo, da Missão Zero, que permaneceu por pouco tempo. Após esse período, a Comunidade voltou a ser conduzida voluntariamente por Hilton Henn, tendo o apoio e cooperação de sua família e demais irmãos e irmãs da Comunidade.
A Comunidade permaneceu ativa dessa maneira até a pandemia de Covid19, quando as atividades foram interrompidas, retornando apenas em 2022, com a vinda do Missionário da IECLB Paulo Moeller, sua esposa Nadila e seu filho, atendendo primeiramente a Comunidade em Andradina-SP.
Atualmente, a Comunidade em Santa Fé do Sul é pastoreada por Thiago Cruz, sob a supervisão do Pastor Sinodal Alfredo Jorge Hagsma e do Missionário Paulo Moeller, juntamente com demais irmãos e irmãs capacitados, que auxiliam na condução da missão – que cresce de maneira saudável, com a graça de Deus!
A Comunidade em Santa Fé do Sul, desde seu início até hoje, é marcada por um grande sentimento de família. É, de fato, uma família para pertencer, uma família luterana, onde há lugar para todas as pessoas que desejam amar e servir a Deus e aos outros.
Hilton Henn
Lançamento da pedra fundamental.
4 MARTIN LUTHER: SACRO, ERUDITO E POPULAR
“Louvem o Senhor pelas coisas maravilhosas que tem feito. Louvem a sua imensa grandeza. Louvem a Deus com trombetas, harpas e liras; louvem com pandeiros, flautas e pratos musicais. Todos os seres vivos, louvem o Senhor!" (Salmo 150.2,3)
Muitos Salmos incentivam o louvor, a música e a arte. Martin Luther, ao perceber a relevância dessa recomendação bíblica, introduziu a música como um poderoso instrumento de missão e pregação do Evangelho. Ele defendia que o estudo da música e do canto era fundamental para a formação integral das pessoas, tornando-as aptas a enfrentar os desafios da vida.
As ideias de M. Luther, celebradas e relembradas durante os 500 anos da Reforma em 2017, deixaram um legado profundo, que ultrapassa as fronteiras da religião, influenciando a economia, a política, a educação e, sobretudo, a arte. A Camerata Antiqua de Curitiba, que neste ano de 2024 completou 50 anos de trajetória, reconhece que, na beleza do seu servir, há muito de inspiração motivada pelas ideias de Martin Luther.
Nesse contexto, é extremamente significativo celebrar os 200 anos da Presença Luterana no Brasil com música e arte. Desse modo, foi simbólico e grandioso o espetáculo musical da Camerata Antiqua de Curitiba, que, em seu cinquentenário em 2024, também brindou com uma programação primorosa a celebração dos 200 anos da Presença Luterana no Brasil, refletindo a influência de Martin Luther na obra dos clássicos.
Na Capela Santa Maria, sede da Camerata Antiqua de Curitiba, foram realizados três concertos com público total de mil pessoas, de 19 a 21 de abril de 2024. No Centro Cultural Mathias Leh, sede da Fundação Cultural SuábioBrasileira, na Colônia Entre Rios, Guarapuava-PR, foi realizado outro concerto aberto, para 450 pessoas, e um direcionado para formação de plateia juvenil, como contrapartida social, com 150 alunos de escolas públicas e privadas da região. Essas atividades foram gravadas e disponibilizadas para conhecimento público, ou seja, a Igreja vai muito além dos templos, é presença na sociedade como um todo.
Somos gratos também a todas as autoridades e colaboradores que tornaram possível a programação cultural nesse bicentenário, em especial ao Programa Nacional de Apoio e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura –PRONAC, pelo fomento econômico que tornou possíveis e acessíveis esses produtos culturais desenvolvidos, os concertos e o livro que está em suas mãos.
O futuro que se avizinha guarda notas de uma grandiosa presença luterana, na Fé em Deus e na conduta digna de pessoas cristãs cientes de seu papel e sua relevância na história, em suas Comunidades, famílias, mas, especialmente, na sociedade.
Celebremos! 200 anos não é pouco e, diante de tão bonita história, temos a certeza do que afirma o lema da IECLB para este ano de 2024: “Eis que estou com vocês todos os dias até o fim dos tempos” (Mt 28.20b).
"Até aqui nos ajudou o Senhor" (1 Sm 7.12).
Com essa certeza, confiamos a história que segue nas mãos de Deus.
Fábio André Chedid Silvestre (Núcleo de Mídia e Conhecimento)
O Sínodo Paranapanema, o Núcleo de Mídia e Conhecimento e a Camerata Antiqua de Curitiba prepararam um programa especial chamado de 200 Anos da Presença Luterana no Brasil 1824-2024, em alusão às apresentações que serão realizadas ao longo do ano para celebrar o bicentenário dos luteranos. Nessa playlist, você pode assistir à execução deste programa:
• No dia 23 de abril de 2024, concerto em Entre Rios, Guarapuava (PR).
• No dia 24 de abril de 2024, realização de uma edição especial do programa, na forma de oficina de música infantojuvenil, apresentada para a Comunidade escolar de Entre Rios.
• Nos dias 19, 20 e 21 de abril de 2024, realização da primeira apresentação do programa 200 Anos da Presença Luterana no Brasil 1824-2024, em alusão aos 50 anos da Camerata Antiqua de Curitiba (os eventos foram coproduzidos pelo NMC).
Acesse a playlist Martin Luther: Sacro, Erudito e Popular.
Este livro foi composto nas fontes da família Catamaran e Adobe Garamond Pro (Italic), cuidadosamente escolhidas para garantir legibilidade e conforto. Foi impresso em papel proveniente de fontes responsáveis, com madeira de reflorestamento, contribuindo para a preservação do meio ambiente.