EXPEDIENTE
Coordenação editorial
Inspire-C Arquitetura, Urbanismo e Patrimônio Cultural Núcleo de Mídia e Conhecimento
Edição, conteúdo e pesquisa
Fernanda Cheffer (Medusa Projetos Culturais e Comunicação)
Ilustrações e consultoria
Denni Capetta
Projeto gráfico e diagramação
Danielle Dalavechia (Núcleo de Mídia e Conhecimento)
Revisão ortográfica
Valéria Stüber
Revisão histórica
Antônio Cavalheiro
Kim Alan Vasco
PRONAC 220245 – MARCO ZERO: Projetos arquitetônicos e de restauro da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Rosário – Paranaguá.
LEITURA COMPLEMENTAR
BALHANA, A. P.; MACHADO, B. P.; WESTPHALEN, C. História do Paraná. Curitiba: Grafipar, 1969.
FREITAS, Waldomiro Ferreira de. História de Paranaguá: das origens à atualidade. Paranaguá: Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá, 1999.
MARTINS, Romário. História do Paraná. Coleção Farol do Saber. Curitiba: Prefeitura Municipal de Curitiba, 1995
VIEIRA DOS SANTOS, Antonio. Memória Histórica de Paranaguá. V. I e II. Curitiba: Vicentina, 2001.
WACHOWICZ, Ruy Cristovam. História do Paraná. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2010.
Carta ao Leitor
GrossaO que é ser paranaense?
O que é ser parnanguara?
Qual é nossa identidade cultural?
Culturas diferentes encontraram-se nesse território e estabeleceram conexões importantes para formar o que conhecemos hoje como Estado do Paraná. Nossa identidade cultural é uma confluência de muitas sociedades. Temos a marca dos povos indígenas, africanos, portugueses e outras etnias europeias, asiáticas e árabes. As contribuições desses indivíduos são diversas e intera-
gem com nossos modos de vidas, crenças, saberes, formas de expressão, celebrações, valores, sentidos e significados coletivos.
Nesse projeto, adotamos uma referência, um Marco Zero. Não é a marca dos primeiros habitantes, já que o território foi ocupado há milhares de anos, de modo intermitente, por sociedades primitivas e pelos povos indígenas. Por sua vez, os colonizadores europeus foram chegando e ocupando o território a partir do litoral e, de forma concomitante, a partir do interior, na região sudoeste, configurando por lá ocupações que foram perecendo ao longo do tempo.
O Marco Zero é referência histórica do início de um processo virtuoso, que culminou na formação do Estado do Paraná. Também, o primórdio da cidade de Paranaguá como conhecemos hoje, desenhada aos moldes do urbanismo português e que abriga um modo de vida pautado no modelo ocidental. Modelo esse que teve entre suas peças fundamentais a instituição da Igreja Católica, que foi fundada pelos colonizadores para congregar, assistir e administrar a população que ali se estabelecia.
A Catedral Diocesana de Paranaguá é referência dessa ocupação primordial, inclusive uma referência urbana, que se estabeleceu em um lugar elevado, e é a partir desse promontório que convidamos você a acompanhar essa jornada, a fim de conhecer um pouco mais sobre as referências históricas e culturais que nos fazem paranaenses e parnanguaras.
Vamos lá!
Letícia Nardi Coordenadora do Projeto Marco Zero
O Território de
Paranaguá é considerada a cidade mais antiga do Estado do Paraná e uma referência quando falamos do litoral sul brasileiro. Suas belas paisagens naturais contrastam com os casarões e edifícios que dispõem de elementos arquitetônicos luso-brasileiro e neoclássicos. O vai e vem de barcos pelo rio Itiberê e o cais de pedra atraem os turistas para a rua da Praia.
Para além de sua história e riqueza cultural, a cidade tem importante função na economia estadual e nacional há séculos, por meio das atividades portuárias e de navegação. Já no século XVII, era na Ilha da Cotinga, local do primeiro assentamento branco, que bandeirantes encontravam-se para o escambo.
No entanto, a história de Paranaguá, do Paraná e do Brasil começou muito antes da expansão portuguesa no litoral brasileiro...
Os registros mais antigos de população no território brasileiro são de 12 mil anos atrás, quando grupos de caçadores coletores se dispersaram por toda a América do Sul, após atravessarem a América Central, do Norte e o Estreito de Bering, respectivamente, vindos originalmente da Ásia.
O Paraná tem um sítio arqueológico datado de 9.000 anos atrás, o Sítio Ouro Verde, no vale do Rio Iguaçu, na região Sudoeste. Na região litorânea, as informações existentes remetem a ocupações em torno de 6.000 anos atrás. A maioria dos sambaquis tem datação de 4 a 5 mil anos, mas pesquisas mais aprofundadas podem revelar que as suas camadas mais primitivas sejam ainda mais antigas.
Os grupos indígenas que habitavam o Brasil antes do processo de colonização europeia representam os povos originários desse território. Estima-se que cerca de 5 milhões de indígenas viviam no território brasileiro no ano de 1500, aproximadamente, pertencentes a centenas etnias, com hábitos culturais, organização social, línguas e religiões diversas.
1. Diogo de Unhate, primeiro sesmeiro.
2. Hans Staden passou por Paranaguá em 1549. É dele a primeira ilustração do mapa da nossa baía.
Por volta de 1548, ocorreram os primeiros encontros entre brancos (espanhóis e portugueses) e grupos indígenas do litoral paranaense, a grande maioria carijós (tupi-guarani), que chamavam a baía de pernagua (grande mar redondo).
Domingos Peneda, régulo e matador, e outros bandeirantes fizeram a preação do indígena carijó.
Motivado pelas notícias da existência de ouro na região, grupos provenientes de São Vicente e Cananéia estabeleceram uma pequena vila na Ilha da Cotinga, entre eles estava Domingos Peneda, que ficou conhecido como o primeiro povoador da região. Nesta área, encontraram ouro de aluvião em diversos rios e exploraram a mão de obra dos carijós para a cata do minério.
A fim de escapar das eventuais incursões piratas que adentravam a baía, os colonizadores portugueses mudaram-se para o continente, instalando-se às margens do rio Itiberê, próximo a uma fonte de água doce, e construindo a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, considerada a primeira do Paraná.
Após um período sob domínio espanhol da região, o capitão bandeirante Gabriel de Lara recuperou o território para a Coroa portuguesa e notificou a existência de minas de ouro em Serra Negra, atual Guaraqueçaba. A descoberta acarretou na criação de um pelourinho, em 1646, e a elevação do povoado local à Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, em 1648. A intensa atividade aurífera provocou a instalação de uma Casa de Fundição na vila, uma das primeiras do Brasil.
A Coroa portuguesa instalou a Capitania de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá e, alguns anos mais tarde, a casa de câmara e cadeia local. Os escravizados foram a mão de obra que levantou os casarios e marcos civilizatórios do reino português no local.
Após um período de protagonismo político no Brasil colônia, a Capitania de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá foi extinta e incorporada à Capitania de São Paulo.
Os jesuítas, que já estavam na região desde a primeira ocupação na Ilha da Cotinga, inauguraram o Colégio dos Jesuítas, às margens do rio Itiberê. Menos de uma década depois, em 1759, a Coroa portuguesa expulsou a Companhia de Jesus de seu território nas américas, obrigando os padres a abandonarem o edifício de Paranaguá, que passou a ser ocupado por repartições públicas, como a alfândega.
Início da construção da fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres, na Ilha do Mel, com o propósito de proteger a entrada da Baía de Paranaguá.
Paranaguá é elevada à categoria de cidade, mantida até então pela intensa atividade portuária e o trabalho dos escravizados. Ciclos econômicos vinculados às atividades agrícolas são iniciados com a chegada dos imigrantes europeus no século XIX, como alemães, italianos e poloneses. O ciclo da erva-mate é considerado um dos mais longos, sendo o produto mais exportado pelo estado até a década de 1930.
O Incidente Cormorant, ocorrido na Ilha do Mel em 1° de julho de 1850, entrou para a história da navegação internacional e marcou o dia em que moradores de Paranaguá derrotaram a Marinha Britânica.
O Paraná é emancipado do estado de São Paulo, fato possível por meio de articulações intensas, que envolveram aristocratas de Paranaguá. No ano seguinte, foi criada a Capitania dos Portos do Paraná.
A Estrada da Graciosa é concluída, facilitando o acesso entre o litoral e o restante do território paranaense.
Com a presença do Imperador Dom Pedro II, foi lançada a pedra fundamental de construção da Estrada de Ferro entre Paranaguá e Curitiba. Inaugurada em 1885, a obra é uma referência da engenharia nacional, contribuindo para a consolidação da atividade portuária do estado.
Tropas da Revolução Federalista paralisam as atividades portuárias de Paranaguá.
Inauguração do porto Dom Pedro II.
O Porto de Paranaguá é o maior exportador de café do mundo.
O Setor Histórico de Paranaguá é reconhecido como patrimônio cultural do Estado do Paraná.
O Setor Histórico de Paranaguá é reconhecido como patrimônio material pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
O Fandango Caiçara é reconhecido como patrimônio imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Paranaguá atual Cidade Portuária
A inauguração do Porto Dom Pedro II, em 1935, foi um marco determinante para a cidade de Paranaguá e para a economia do Paraná. O porto não apenas impulsionou o desenvolvimento local, mas também destacou a cidade em nível nacional e internacional.
Com a estrada de ferro, inaugurada no final do século XIX, as demandas por atividades alfandegárias aumentaram, sendo preciso construir um prédio exclusivo para isso em 1911. Até então, as atividades estavam concentradas no antigo Colégio dos Jesuítas.
A constante modernização das atividades portuárias foram uma consequência de sua localização e dos séculos de experiência com as atividades de comércio e navegação. O Porto de Paranaguá foi (e ainda é) essencial para o fortalecimento dos ciclos econômicos do estado, como erva-mate, madeira, café, algodão, soja e milho. Hoje, o porto é reconhecido como o segundo maior em volume de exportações no Brasil e o primeiro da América Latina em movimentação de grãos. Este papel de destaque deve-se a sua infraestrutura avançada e localização estratégica, que facilitam o escoamento da produção agrícola e industrial, não apenas do Paraná, mas também de estados vizinhos e países do Mercosul.
Paranaguá é o 13° maior município do Paraná. Além do território continental, cinco comunidades insulares integram o município e estão dispersas nas ilhas, onde tradições caiçaras são mantidas, como a pesca, o fandango e a Folia do Divino. A Ilha dos Valadares é a única conectada ao continente por uma ponte, por onde transitam pedestres e ciclistas.
Herança indígena, negra, caiçara, portuguesa: riqueza cultural de Paranaguá
Os bens culturais estão presentes em diversas experiências nos grupos que compõem uma sociedade. Essas experiências concedem valores que podem tornar especiais e significativos lugares, estruturas edificadas, objetos, elementos naturais, celebrações, narrativas, memórias, crenças, práticas sociais, conhecimentos e técnicas, entre outros.
A dimensão temporal é fundamental para a preservação dos bens culturais, que se caracterizam pela transmissão entre as gerações. O compartilhamento dos bens culturais torna o patrimônio dinâmico: seus valores e significados podem se modificar e adquirir novos aspectos ao longo do tempo.
As conexões humanas estendem-se a grupos diversos, que permanecem unidos por laços de proximidade, interesses em comum e identidade cultural compartilhada que ultrapassa fronteiras.
Isto é, nossa herança cultural pode ser local, regional ou até mesmo global.
A herança cultural sempre é coletiva, tem significado para um grupo e conecta pessoas. Esses elementos são essenciais para agregar valor a um bem –cultural –, e é por meio deles que o grupo se identifica e deseja ser reconhecido pelos outros.
O patrimônio cultural forma-se a partir de referências culturais que estão muito presentes na história de um grupo e que foram transmitidas entre várias gerações. Ou seja, são referências que ligam as pessoas aos seus pais, aos seus avós e aqueles que viveram muito tempo antes delas. São as referências que se quer transmitir às próximas gerações. (IPHAN, 2016, p. 7)*
A condição portuária da cidade de Paranaguá favoreceu a constante miscigenação da sua população. A herança cultural local, que deu origem aos povos caiçaras, é diversificada e influenciada por guaranis mbya e carijós, descendentes de portugueses, espanhóis, africanos, alemães, italianos, entre outros.
Um exemplo da influência das diversas culturas locais é a religião. Assim como em outras regiões do Brasil, o sincretismo religioso faz parte da vida dos parnanguaras, e por aqui mistura-se com a própria história secular da cidade. Templos católicos, como a Igreja de São Benedito, são também pontos referenciais para as religiões de matriz africana.
A madeira de caixeta é utilizada para a produção dos instrumentos de fandango e do artesanato local.
*INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL (BRASIL). Educação Patrimonial: inventários participativos. Manual de aplicação / Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; texto, Sônia Regina Rampim Florêncio et al. – Brasília-DF, 2016.
Rota do Patrimônio Cultural de Paranaguá
1. Alexandra.
2. Antiga Santa Casa de Misericórdia.
3. Igreja de São Benedito Glorioso.
4. Fontinha da Camboa.
5. Ilha dos Valadares – reduto do fandango caiçara.
6. Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá.
7. Primeira Igreja Batista de Paranaguá.
8. Catedral Diocesana de Paranaguá.
9. Casa Monsenhor Celso e Brasílio Itiberê.
10. Praça dos povos árabes.
11. Instituto Estadual de Educação Dr. Caetano Munhoz da Rocha.
12. Casa Elfrida Lobo.
13. Casa Cecy.
14. Clube Literário.
15. Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá.
16. Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR.
17. Aquário de Paranaguá.
18. Praça de Eventos Mário Roque.
19. Mesquita.
20. Pelourinho.
21. Mercado do café.
22. Mercado do artesanato.
23. Rua da praia (R. General Carneiro).
24. Antiga alfândega.
25. Porto Dom Pedro II.
26. Irmãos Rebouças.
27. Estação ferroviária.
28. Palacete Visconde de Nácar.
29. Santuário de São Francisco das Chagas de Paranaguá.
30. Manguezal.
31. Rio Itiberê.
32. Ilha do Mel.
33. Gruta das Encantadas.
34. Fortaleza Nossa Senhora dos Prazeres.
35. Farol das Conchas.
36. Ilha da Cotinga.
37. Igreja Nossa Senhora das Mercês.
38. Opy – Casa de reza Mbyá-Guarani.
Patrimônio
O que é?
Lugares – Paisagens naturais ou construídas podem ser lugares especiais que fortalecem os significados e valores de grupos e comunidades, sendo referências no dia a dia ou em momentos especiais de determinado grupo.
Objetos – Os objetos contam histórias de comunidades e antepassados, revelando modos de vida, atividades diárias e práticas culturais. Além disso, podem ter importância relacionada às celebrações, aos rituais, ao trabalho e aos modos de vida.
Formas de expressão – A cultura de um grupo é expressa de várias maneiras, como por meio de linguagem visual, tradições orais, danças e lendas. Essas expressões comunicam a identidade cultural e podem ter significados religiosos, artísticos, de lazer ou de resistência.
Celebrações – As celebrações são transmitidas de geração em geração, mantendo sua essência e seu significado, mesmo que mudem de local ou sofram alterações.
Cada celebração tem características únicas na preparação, nas vestimentas, nas danças, nas comidas e nas encenações, podendo ser festas cívicas, religiosas ou de Carnaval ou comemorações de ciclos produtivos.
Saberes – São técnicas e conhecimentos usados para produzir produtos ou serviços que são considerados referências culturais. Estão relacionados à interação com o ambiente, às matérias-primas disponíveis, aos modos de construir, às práticas tradicionais, à culinária, à música, ao artesanato e à cura (benzeduras e pajelanças).
Patrimônio Material
O patrimônio material abrange imóveis, lugares, objetos, documentos, móveis e paisagens. Além disso, pode compreender cidades inteiras, sítios arqueológicos e coleções diversas. No Brasil, a proteção do patrimônio por meio de leis e convenções foi introduzida com a aprovação do Decreto Lei n° 25, de 1937, que estabeleceu o mecanismo de tombamento federal.
O Setor Histórico de Paranaguá foi o segundo núcleo urbano paranaense a ser tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2009. No entanto, o reconhecimento e resguardo da paisagem urbana já existia em nível estadual desde 1990, bem como municipal, por meio da delimitação da área no plano diretor da cidade de 1967.
Na realidade, a Paranaguá nos séculos XVIII e XIX é ainda perfeitamente identificável no conjunto urbano. Estendendo-se às margens do Itiberê, a cidade velha tem sua paisagem própria, formada por pequena trama de ruas e vielas tortuosas, onde se enfileiraram séries de casas térreas e assobradas construídas no alinhamento, sem recuo. Sobressaem-se, no conjunto, algumas edificações de maior vulto, portadoras no passado, de papel importante na vida local, como as igrejas, a antiga fonte, entre outras. (LYRA, 2006, p. 377)*
Paranaguá apresenta uma diversidade de bens culturais materiais, como sítios arqueológicos, igrejas, a Fortaleza da Ilha do Mel, o Colégio dos Jesuítas, imagens sacras e outros.
*LYRA, Cyro. I. C. de O; PARCHEN, Rosina C. A; LA PASTINA FILHO, José. Espirais do tempo – bens tombados do Paraná. Curitiba: Secretaria de Estado da Cultura, 2006.
Patrimônio
Imaterial
Décadas após o Decreto Lei n° 25, de 1937, a legislação de tombamento passou a abranger a preservação de bens imateriais, com a implementação do Decreto n° 3.551, de 2000. As referências culturais que se enquadram como patrimônio imaterial abrangem as celebrações e as formas de expressão e saberes, como festas tradicionais para uma comunidade, um dialeto específico, a forma de preparo de determinado prato típico, entre outros. Em Paranaguá, por exemplo, o Fandango Caiçara é considerado patrimônio imaterial.
1. Construtor de canoinhas de caixeta.
2. Violeiro construtor de instrumentos.
3. Cozinha caiçara: barreado, bijú e as casas de farinha.
4. Cipózeira, artesanato local.
5. Pesca da tainha na Ilha do Mel.
6. Catadores de caranguejo e pescadores artesanais.
7. Festa do Divino.
8. Dança da Balainha.
9. Capoeira.
10. Brincadeiras indígenas.
11. Grupo de músicos e coral da etnia Mbyá-Guarani da Ilha da Cotinga.
Eu Sou o Fandango
O Fandango o que é?
É verso e é poesia
É festejo e é fé
É música e dança
E batida de pé
O fandango de onde vem
Vem lá das arábias
Da Espanha ele vem
É de Portugal
E Açores também...
O Fandango quem que faz
O caboclo sitiense
É quem lembra mais
pescador, ilhéu
Na memória traz
O fandango onde é que tem
Tem lá por São Paulo
Em Morretes lá tem
Tem Guaraqueçaba...
E Parnanguara também
O fandango é pixirão
É puxada de rede
Trabalho, união
É gambar o arroz
num só multirão
O fandango é tocar
A viola e o machete
E o adufo rufar
É o som da rabeca
E o tamanquear
O fandango é versador
É poesia e verso
Improvisador
Desafio de poeta
E de cantador
O fandango é dançar
vai-e-vem duma saia
E em roda girar
trançado dum oito...
e no chão desenhar
O fandango é tradição
É folclore parnanguara
Ritmo do litoral
E patrimônio caiçara.
Denni Capetta (Paranaguá, 2020)
1. Boi Mamão. 2. Pau de fita.
3. Fandango.
A Preservação do
Patrimônio
Conhecer os instrumentos legais de proteção ao patrimônio cultural é um direito e um dever de todos. Por meio deles, podemos dialogar com o poder público, buscando medidas eficazes para agregar dinamismo e valorização à paisagem e identidade culturais.
O conhecimento também é uma maneira de ampliar a gama de referências culturais reconhecidas. Ao compreender os mecanismos e conceitos patrimoniais, podemos relacioná-los com nossas vivências comunitárias e aplicá-los no dia a dia.
Em Paranaguá, cidade mãe do Paraná, o patrimônio cultural é vivenciado na arquitetura, na gastronomia, nas expressões, nos objetos, nos modos de fazer, nos rituais e nas celebrações que exaltam a diversidade de povos que deram origem ao parnanguara.
A cidade tem, por exemplo, dezenas de sambaquis, considerados propriedades da União e protegidos por legislação própria. Estes locais requerem atenção e cuidado da população em prol de sua conservação. Os sambaquis representam os últimos vestígios dos povos que viveram no Brasil milênios atrás.
Por isso, cuidar do nosso patrimônio é preservar nossa história e exaltar nossas raízes!
A Preservação do
Marco Zero de Paranaguá
O prédio da Catedral Diocesana de Paranaguá é tombado em nível estadual como patrimônio histórico e artístico do Paraná, assim como em nível federal, por pertencer ao conjunto do Centro Histórico de Paranaguá. Trata-se, portanto, de um patrimônio parnanguara e de todos os paranaenses!
O Projeto Marco Zero foi concebido a partir da necessidade apresentada pela Diocese de Paranaguá, responsável pela Catedral, que passou a vivenciar com mais frequência, ao longo dos últimos anos, episódios adversos em razão da dificuldade de conservação e manutenção da estrutura física da igreja.
Os projetos técnicos e de restauro, iniciados em 2023 e que devem ser concluídos em dezembro de 2025, são documentos essenciais que embasam a proposta de intervenção no prédio, que precisa ser aprovada para execução pelos órgãos competentes.
A Diocese de Paranaguá
A fé cristã chegou ao Paraná com os colonizadores, na década de 1550. O legado da religião em Paranaguá vai além da fé, e envolve relações sociais, desenvolvimento regional, economia, calendário local e turismo em nível estadual e nacional.
A Paróquia de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá foi estabelecida em 5 de abril de 1655, pelo Prelado do Rio de Janeiro. Foi a primeira paróquia do estado do Paraná e a mais meridional do Brasil na época de sua criação, sendo símbolo do início da organização religiosa formal na região.
Já a Diocese de Paranaguá foi estabelecida em 1959, sendo formalmente desmembrada da Arquidiocese de Curitiba. Hoje, a Diocese abrange 13 municípios, sendo seis localizados na Região Metropolitana de Curitiba e sete na região do Litoral Paranaense. Os meses de setembro, outubro e novembro são especiais para os fiéis, quando são celebradas Nossa Senhora das Mercês, Nossa Senhora do Rosário e Nossa Senhora do Rocio, com novenas, procissões, missas e festas populares. Respectivamente, as comemorações acontecem na Ermida da Ilha da Cotinga, na Catedral Diocesana de Paranaguá e no Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio.
1. Igreja Nossa Senhora do Rosário do Saco do Morro de Guaraqueçaba*.
2. Paróquia Bom Jesus dos Perdões de Guaraqueçaba.
3. Paróquia São Pedro Apóstolo de Matinhos.
4. Paróquia São José e São Sebastião de Pontal do Paraná.
5. Igreja Nossa Senhora do Bom Sucesso de Guaratuba.
6. Igreja de Bom Jesus do Saivá de Antonina.
7. Igreja de São Benedito de Antonina.
8. Santuário de Nossa Senhora do Pilar de Antonina.
9. Paróquia Nossa Senhora do Porto de Morretes.
10. Igreja de São Benedito de Morretes.
11. Igreja de São Sebastião do Porto de Cima de Morretes.
12. Catedral Diocesana de Paranaguá.
13. Igreja do Glorioso São Benedito de Paranaguá*.
14. Santuário de São Francisco das Chagas de Paranaguá.
15. Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá.
Atividades Educativas
1) As referências culturais fazem parte do nosso convívio familiar e em comunidade. A partir dos conceitos e exemplos de patrimônio que mencionamos nas páginas anteriores, lhe convidamos para fazer uma reflexão sobre uma referência cultural vivenciada por você e sua importância.
2) Use os seus lápis de cor e a criatividade para colorir as ilustrações abaixo:
Os piratas e o primeiro milagre de Nossa
Senhora do Rosário
Em março de 1718, um galeão espanhol carregado de prata adentrou a baía de Paranaguá em busca de suprimentos antes de seguir viagem para a Europa. Mas um temido navio pirata, chamado “Louise”, estava no seu encalço desde alto mar!
O capitão espanhol decidiu ancorar na parte interna da Ilha da Cotinga, enquanto os piratas se instalaram do lado externo da Ilha, prontos para atacar. Quando perceberam a situação, os es panhois se aproximaram do porto da Vila de Paranaguá. A população ficou em pâ nico, temendo que os piratas não só roubassem o cargueiro, mas também invadissem a vila.
Desesperados, os mora dores se reuniram na igreja matriz e começaram a rezar o rosário, implorando pela proteção da padroeira, Nossa Senhora do Rosário. Foi então que o céu escureceu e uma tem pestade se formou! Desprevenidos e sem tempo para se esconder, os piratas foram atingidos pela fúria da natureza e naufragaram.