Editora Aden Ano XIV Nยบ 109
MERCADO
Salgadinho sem sal? Na tentativa de derrubar o estigma de alimento-problema e atrair o público adulto, fabricantes investem em novas fórmulas de snacks Por Nani Soares
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ompanheiro fiel do refrigerante, os snacks continuam firmes na preferência dos consumidores. Apesar das discussões sobre o excesso do consumo de sódio, não só as crianças e adolescentes como muitos adultos renderam-se ao produto e não abrem mão daquela batatinha crocante ou de um bom pacote de salgadinhos em frente à TV. A diferença é que agora a maior parte dos salgadinhos em nada lembra o famigerado "isopor com sabor". As variedades são muitas e o mix de produtos aumentou: além de embalagens de tamanhos diversos, há sabores impensáveis há alguns anos, como strogonoff, yakissoba, frango a passarinho, carne assada, frango grelhado, costela na brasa, provolone com ervas, milho verde com manteiga e churrasco. Até os integrais estão longe de serem insípidos: tem de queijo, de ervas e tomate com orégano.
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Enquanto alguns pais ficavam de cabelo em pé à medida que as novidades chegavam ao mercado, nutricionistas e entidades ligadas à saúde se mostravam vigilantes, bombardeando as empresas com estudos sobre os malefícios do produto. A alternativa da indústria foi procurar novas alternativas, principalmente quanto à fórmula. E está aí o maior desafio da indústria: desenvolver snacks que sejam saborosos, mas que não sejam prejudiciais à saúde, com um teor menor de gordura trans e de sódio. Mas como fabricar salgadinhos sem sal? Eis o enigma. Renata Figueiredo, diretora de Marketing de Snacks da PepsiCo, dona da Elma Chips (que detém marcas como Ruffles, Doritos, Cheetos, Baconzitos, Sensações, Opa! e Pingo d'Ouro, entre outras) explica que a PepsiCo mantém o que chama de "performance com propósito", que tem como um dos compromissos estimular as pessoas
a terem um estilo de vida mais saudável. Entre as metas globais está a redução em 25% de sódio por porção até 2015, a redução em 15% de gordura saturada por porção até 2020 e a redução em 25% da quantidade de açúcar adicionado por porção, também até 2020. Para atingir estas metas, desde 1999 a companhia vem alterando seu portfólio. O primeiro passo foi eliminar a gordura trans, substituindo a gordura hidrogenada por óleo de palma. Em 2009, a companhia passou a usar o óleo HOSO (High Oleic Sunflower Oil ou Óleo de Girassol de Alto Teor Oléico) e a primeira linha a utilizar foi a Fandangos. Em 2011, foi a vez de Cheetos ser reformulado, passando a ter 25% menos sódio e gorduras saturadas, não conter gordura trans, além de ser assado, feito de milho e também com óleo de girassol. "O HOSO é um óleo de girassol ainda mais saudável, pois não oxida a altas tem-
peraturas e não produz gordura trans, além de ter teor reduzido de gorduras saturadas e ser agradável ao paladar", explica Renata. Alinhada com este conceito, a empresa lançou também a linha Sensações ao forno, primeira linha de snack de batata assada do País e que contém 25% menos calorias que os concorrentes similares do mercado, assegura Renata. "Acreditamos que dentro de uma dieta correta e equilibrada todos os alimentos são permitidos, desde que consumidos de maneira balanceada. Além disso, estamos reduzindo significativamente a quantidade de sódio, gordura saturada e açúcar de nossos produtos". Apesar da preocupação em não ser alvo dos nutricionistas de plantão, a PepsiCo tem aproveitado a oportunidade para investir pesado em ações de marketing, divulgando as mudanças no portfólio, cada vez mais voltados para diferentes perfis de consumidores. Uma das últimas apostas foi o relançamento de Sensações, que ganhou um toque mais gourmet para atender ao público adulto, além de nova embalagem e sabores. "Fomos pioneiros para esse público que não tinha uma linha de snacks com sabores leves e sofisticados", diz Renata. O conceito gourmet foi reforçado pela parceria com a chef Morena Leite, do restaurante Capim Santo, em São Paulo, que permitiu oferecer aos consumidores conteúdo exclusivo com receitas e gastronomia no blog "Clube Sensações".
Nas regiões Norte e Nordeste, a novidade ficou por conta da exclusiva Sensações Queijo Coalho com toque de pimenta e coentro. Uma exclusiva embalagem de Cheetos, ao preço sugerido de 0,99, também foi desenvolvida especialmente para a região Nordeste. No resto do País, a companhia apostou na expansão do portfólio da marca Lucky, voltada a um perfil mais popular, com os salgadinhos Torcida e Fofura. "O mercado de snacks tem grande potencial e nossas principais marcas apresentam crescimento de dois dígitos ano a ano. A primeira tendência é conhecer o perfil do consumidor, entender e atender seus desejos e necessidades. Outra tendência é a consolidação das marcas fortes, que tragam sempre inovações e novidades para seu público, com reformulações, novas embalagens, retorno de sabores mais pedidos, edições limitadas etc.", avalia a executiva.
Expectativa e desafios Análise de consumo alimentar da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada em 2011 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também reforça o cenário positivo. Os produtos que mais registraram aumento no consumo foram cervejas (63,6%), salgadinhos industrializados (56,5%), salgados fritos e assados (53,2%), bebidas destiladas (44,7%), pizzas (42,6%), sanduíches (41,4%), refrigerantes diet ou light (40,1%), refrigerantes (39,9%), salada de frutas (38,8%) e chocolates (36,6%).
"Na lista de produtos que mais aumentaram o consumo estão salgadinhos (56,5%) e refrigerantes (39,9%)"
Renata Figueiredo, da PepsiCo: "Estamos reduzindo a quantidade de sódio, gordura saturada e açúcar em nossos produtos"
Mas nem tudo são flores para os fabricantes. Se o mercado está crescendo, aumenta também a competitividade. E mudar um produto não é uma tarefa simples como parece. Chen Wei Chow, diretor da Glico Alimentos, explica que tem sido difícil diminuir o teor de sódio aos níveis anunciados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), principalmente porque o consumidor atual não aceita a redução proposta. A determinação é que batatas fritas, batata palha e os salgadinhos de milho, entre outros produtos industrializados, tenham no máximo, 100 g de sódio. Desde 2001, a Anvisa também regulamentou a obrigatoriedade das informações nutricionais nos rótulos dos alimentos. A especificação das quantidades de energia, de proteína, de carboidrato, de gorduras (totais, saturadas e trans), de fibras e de sódio é atualmente obrigatória. A especificação 13
MERCADO que há dois aspectos: enquanto o óleo de girassol é identificado como saudável (ao contrário do da palma, ainda questionado), o fato de ser menos salgado não é bem aceito, pois para o consumidor produtos sem sal geralmente são sinônimos de sem sabor. "Se para um produto novo como a batata frita em óleo de Girassol já há uma maior dificuldade de aceitação (por ser menos salgado), imagine para um produto com mais de 30 anos, como o Ebicen", diz o executivo.
do tamanho da porção a qual as quantidades se referem também é obrigatória. E essa porção deve estar expressa em medida padrão de peso ou volume (g ou ml) e em medida caseira (colher, xícara, unidade). A Glico fabrica o famoso salgadinho Ebicen, conhecido especialmente pelo sabor camarão, além do Glico Snack, Croc-Cen e da batata frita ondulada, que foi reformulada e passou a ser feita com óleo de girassol e com menos sal, sendo batizada de Batata Ebicen + Leve. Embora o resultado tenha sido positivo, o executivo afirma que alterar a fórmula de um produto é um processo complexo e que em muitos casos pode comprometer as vendas. Isso por-
O Ebicen mantém a mesma fórmula desde o início e, segundo Chow, sempre teve como diferencial o fato de ser torrado e ter baixa quantidade de gorduras totais, ao contrário da maior parte dos outros snacks. O mesmo se deu anos depois em relação à gordura hidrogenada, muito comum na categoria: antes mesmo de as discussões sobre a gordura trans tornarem-se frequentes, a Glico já utilizava óleo de milho, além de ter abrido mão dos aromatizantes sintéticos. "Por sua origem oriental (e portanto mais leve), o Ebicen sempre teve um lado diferenciado em relação aos outros snacks. Esta identidade única junto ao consumidor garante um espaço nas gôndolas de São Paulo". Lançada em 2011, a Batata Ebicen + Leve foi o primeiro passo para a consolidação de uma nova linha de produtos da empresa, tarefa nada fácil, admite Chow. O maior empecilho é o próprio consumidor, que ainda não identificou o diferencial saudável do produto e ainda torce o nariz para a linha "nature-
ba". Curiosamente, houve um aumento nas vendas do óleo de girassol disponível no varejo, o que demonstra uma preocupação deste mesmo consumidor com as gorduras saturadas. Na avaliação dele, o mercado de snacks passa por um momento de mudança, difícil para as empresas, mas benéfico para o consumidor. Em 2011, a Glico registrou crescimento em volume de produção e faturamento, em relação a 2010. Em termos reais (volume de produção) o crescimento variou de 0% a 15%, dependendo da linha de produtos, mas a média ficou em 10%. "Normalmente, após qualquer reajuste de preços segue-se uma queda no volume de vendas. Em 2011, isto não ocorreu, sinal de que o consumidor teve mais dinheiro em caixa".
A nova era de snacks
Os novos snacks são elaborados com óleo de girassol e enriquecidos, além de um mix de sabores mais variado 14
Quem também resolveu apostar numa nova fórmula de snack foi a Nutrihouse, dona da marca Vitao, que em 2007 desenvolveu uma linha totalmente integral. Apesar de parecidos com
os salgadinhos tradicionais, inclusive na fórmula e sabor, os produtos da Vitao são assados, ricos em fibras e fonte de proteínas, além de não utilizarem glutamato monossódico e não conter corantes artificiais, garantindo uma menor quantidade de gorduras totais e menor quantidade de calorias quando comparados a outros produtos. Com um volume de produção e vendas bem inferior ao da líder Elma Chips, a Vitao optou por explorar outro nicho, investindo somente nos integrais. Ao contrário da maior parte dos snacks presentes no mercado - 50% do público consumidor é composto por crianças e adolescentes - a empresa focou no público adulto. Ainda assim, o público da Vitao é variado, sem distinção de idade, sexo ou classe soci-
al, prevalecendo mais o padrão de comportamento do consumidor. A estratégia tem dado certo e os números ficam positivos ano a ano. Em 2011, o crescimento nas vendas foi 18% superior ao de 2010. Eduardo Thomé, diretor comercial da Nutrihouse também defende a tese de que os salgadinhos podem ser alimentos saudáveis e tranquilamente introduzidos na dieta. Ele admite que, no começo, difundir este conceito foi a maior dificuldade da empresa, mas em pouco tempo a novidade agradou. Os snacks da Vitao foram destaque em uma pesquisa realizada com especialistas durante um teste comparativo que abrangeu as marcas Yokitos, Torcida, Ruffles e Cheetos.
Com a preocupação em relação aos hábitos alimentares, o consumidor foi gradualmente aceitando o pro-
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MERCADO recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E foi justamente o MS um dos primeiros a entrar na briga em defesa do consumidor. Com base em documentos da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em 2007, o governo brasileiro determinou metas para a eliminação dos teores de gordura trans dos alimentos industrializados no país e fechou um acordo de Cooperação Técnica com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), garantindo a redução gradativa dos teores de sal/sódio, açúcar e gordura saturada nos alimentos processados.
duto, o que permitiu aumentar a oferta no varejo. "Atualmente existe grande interesse pelo consumo de alimentos que, além de saborosos, tenham apelos mais saudáveis. Isto fez crescer o número de consumidores e também de concorrentes. É notável nas gôndolas que grandes marcas estão mudando os seus conceitos e alterando o posicionamento do salgadinho no mercado, projetando-o como um alimento mais natural e com melhores apelos nutricionais quando comparados com versões anteriores", argumenta. O executivo afirma ainda que o mercado de snacks está passando por alterações e a exigência por alimentos mais saudáveis está influenciando o posicionamento do produto. "A tendência é o desenvolvimento de produtos mais saudáveis, com propriedades nutricionais melhores. A tecnologia da indústria alimentícia permite trabalhar na fórmula de um alimento, reduzindo ou aumentando o percentual de alguns nutrientes, sem afetar consideravelmente o sabor ou a textura. Acredito que as mudanças que ocorrem na ca16
tegoria dos salgadinhos deixarão os produtos mais saudáveis sem descaracterizá-los".
Sal na medida certa Mas a quebra de paradigmas não é uma tarefa simples. Mesmo com mudanças na fórmula e com as empresas tentando apagar o estigma de vilão da alimentação, entidades, associações e nutricionistas continuam firmes na decisão de manter o produto na "lista negra". A justificativa é a associação do excesso de sódio a uma série de doenças crônicas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, problemas renais e cânceres. Dados do Ministério da Saúde indicam que, atualmente, o brasileiro consome, em média, 9,6 gramas de sal por dia, quase duas vezes mais que o
Prorrogado até 2014, no final de 2011 o acordo incluiu outras sete categorias populares entre crianças e adolescentes, entre elas salgadinhos, batatas fritas, biscoitos e bolos. Todas as metas, inclusive a adequação ao teor máximo (100 gramas), devem ser cumpridas até 2014 e aprofundadas até 2016. Segundo Mariana Del Bosco, nutricionista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), a obesidade é tida mundialmente como uma epidemia, com números alarmantes e crescentes por conta da piora na qualidade alimentar e do sedentarismo. No Brasil, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apontam que o brasileiro consome sal em excesso, o que implica em problemas de hipertensão arterial.
" O desafio das empresas é desenvolver produtos com menos sal, sem descaracterizá-lo, segundo nutricionistas"
Eduardo Thomé, da Nutrihouse: salgadinhos assados e focados no público adulto
No caso dos snacks, o grande desafio para a indústria e para os engenheiros é justamente desenvolver produtos com menos sódio em suas fórmulas e ainda garantir o sabor salgado, aponta Mariana. Apesar do dilema, as empresas têm se mostrado dispostas a procurar novas alternativas, principalmente porque o consumidor está propenso a consumir produtos mais saudáveis, com menos sódio, açúcar e gordura. Entretanto, para que seja considerado de fato saudável, é preciso haver uma redução severa dessas substâncias nos produtos e a simples adição de vitaminas, minerais e ferro não garantem saudabilidade. Além do sódio, é preciso ficar atento ao percentual de gordura, já que o ideal é que cerca de 30% das calorias da dieta sejam provenientes das gorduras, sendo menos de 7% de gorduras trans e saturadas. O grande problema é que muitas vezes o consumidor não sabe ao certo quanto pode consumir ou mesmo os valores nutricionais de cada porção. As próprias embalagens têm problemas de espaço, o que dificulta ainda mais a compreensão dos dados mais relevantes.
"Esse tópico merece atenção, já que na maioria das vezes os valores nutricionais não correspondem ao pacote inteiro. Por exemplo, um pacote com 90 g de salgadinho pode conter uma tabela nutricional baseada em uma porção de 30 g. Se consumirmos o pacote, será necessário multiplicar os valores do rótulo por 3", explica Mariana. Atualmente, existe na indústria alimentícia uma política de fortificar os alimentos, o que originou combinações como o iodo no sal, o ferro na farinha e a vitamina D no leite. Assim, mesmo com todos os agravantes, Mariana não condena o consumo de snacks, principalmente se estiverem incluídos em uma dieta equilibrada e variada. Não é aconselhável como opção de lanche escolar diariamente, por exemplo, mas é totalmente permitido em um dia especial. "O salgadinho pode fazer parte de uma alimentação saudável quando está num contexto adequado. Ou seja, está tudo certo se a criança alimenta-se superbem no dia a dia e leva um salgadinho para a excursão do colégio. Nesse caso, acredito que a fortificação do salgadinho não traz vantagens, já que o salgadinho não foi uma opção por conter vitami nas, mas sim por ser gostoso". 17
CHOCOLATE
Um doce presente
Pรกscoa lanรงa mais de 90 produtos e gera mais de 20 mil empregos temporรกrio Por Carlos Donizete Parra
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rincipal data do ano para os fabricantes de chocolate, a Páscoa será palco de lançamento de mais de 90 produtos e vai gerar mais de 20 mil empregos temporários, segundo números divulgados por empresas do setor de chocolate associadas à Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab). "A Páscoa é uma data tradicional no Brasil e tem nos ovos de chocolate o principal símbolo de comemoração e confraternização com a família e amigos", declara Getúlio Ursulino Netto, presidente da Abicab. Segundo a associação, em 2011 houve um aumento de consumo de 7% no período, em relação ao ano anterior, e foram produzidas 18 mil toneladas do produto. O aumento do poder aquisitivo e o bom momento econômico vivido pelo País deixa o setor otimista em relação às vendas deste ano. Segundo Ubiracy Fonseca, vice-presidente de chocolate da Abicab, o chocolate é uma categoria aspiracional e nos últimos anos observa-se um aumento significativo do consumo per capita. "É um produto que todos gostam. À medida que a renda das pessoas melhora, notase que produtos como o chocolate são acrescentados às cestas de compras". Em 2011, o mercado apresentou um crescimento de 11% em relação a 2010, registrando uma produção em torno de 390 mil toneladas (excluídos os achocolatados em pó). O Brasil ocupa, atualmente, a quarta posição entre os maiores produtores mundiais, atrás somente dos Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. O consumo per capita brasileiro é de 2,2 kg, sendo que São Paulo possui níveis pareci19
CHOCOLATE sumos de produção, principalmente o açúcar, a energia elétrica e a mão-deobra", detalha Martinho Paiva Moreira.
Empregos temporários A grande procura por ovos de chocolate no período da Páscoa exige um reforço de colaboradores temporários para a maioria das empresas fabricantes de chocolates. Todas as áreas, desde a fabricação até a comercialização e exposição dos produtos necessitam de mão-de-obra adicional.
dos com os da Itália, com o consumo per capita de cerca de 3,8 kg. A região Sul lidera o ranking brasileiro de consumo per capita no Brasil. Outro fator motivador para o setor de chocolate é que nos últimos cinco anos o consumo cresceu 39% em nível nacional. Apesar do aumento de consumo dos últimos anos, os números ainda são bem inferiores a países da Europa, cujo consumo chega a 6 kg per capita / ano. Os supermercados também esperam vender mais na Páscoa deste ano. Segundo levantamento feito pelo departamento de Economia da Associação Paulista de Supermercados (APAS),
as vendas dos supermercados de São Paulo devem crescer 10% neste período, em comparação com o ano passado. "A tendência de crescimento é verificada nos últimos anos. Os motivos são a alta da demanda e o aumento do poder de compra do consumidor, principalmente da classe C. Até pouco tempo, estes consumidores não tinham acesso a itens como ovos de Páscoa, por exemplo," afirma o diretor de Economia da APAS, Martinho Paiva Moreira. Ainda segundo o diretor da entidade, os preços devem ficar 9% mais altos que em 2011. "A alta deve ser influenciada pelo reajuste dos preços de in-
"Quase uma centena de lançamentos, licenciamentos e diversas inovações contribuem para o aumento do consumo de chocolate no Brasil" 20
Os consumidores encontrarão em mais de 800 mil pontos de vendas de todo o País, nas tradicionais parreiras de ovos de Páscoa, produtos já conhecidos e cerca de outras 90 novidades. Entre elas estarão os ovos trufados e de colher oferecidos pela Cacau Show, Nestlé, Kopenhagen, Munik e Chocolates Brasil Cacau, e também marcas e personagens consagrados. Como de praxe, a indústria do entretenimento vai marcar presença: o cantor Justin Bieber, o filme Crepúsculo, o grupo Restart farão a alegria da Páscoa dos adolescentes, enquanto que Ben10, Scooby-Doo, Meninas Super Poderosas e o Kung Fu Panda divertirão crianças na data mais doce do ano.
Destaques e inovação A Arcor apresenta novos brindes, formatos e gramaturas dos ovos, tendo entre os destaques o lançamento da série "Monstros Divertidos" nos sabores chocolate ao leite, chocolate branco e crocante, com tortuguitas personalizadas e assombrosas para colecionar, na forma de Lobisomem, Múmia, Frankenstein e Vampiro. Entre os brindes tem a lancheira para meninos e meninas, amplificador de voz, miniaturas de super heróis, entre outros.
Para isso, a empresa investiu 30% a mais na Páscoa deste ano, em comparação a 2011, e espera um crescimento de 20% no volume de vendas dos ovos. "Temos uma marca muito forte e expressiva no mercado infantil, que é a Tortuguita, além de licenças e brindes que impulsionaram as vendas da empresa no segmento", explica Ciro Mariani, gerente de marketing de chocolates da Arcor. A Páscoa é tão importante para o Grupo CRM (dono das marcas Kopenhagen e Chocolates Brasil Ca-
cau), que concentra 30% do faturamento anual da empresa em pouco menos de dois meses de venda. Para a Páscoa de 2012, serão cerca de 476 toneladas de itens sazonais como ovos achocolatados, coelhinhos, cenourinhas e produtos específicos para a data - cerca de 28% a mais que no ano anterior, fora as mais de 700 toneladas de itens regulares da linha. Isso deverá elevar o faturamento do grupo em 23% em relação a 2011, algo em torno de R$ 590 milhões. Depois de vender mais de 14 milhões de trufas a R$ 0,99, a Chocolates Brasil Cacau aposta também na
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CHOCOLATE estratégia de preços para vender sua linha de ovos de páscoa trufados, que chegarão ao mercado a R$ 34,90, nos sabores Tradicional, Meio a Meio, Maracujá e Cereja. Já a marca Kopenhagen, inova ao lançar uma nova figura de Páscoa, a lebre de chocolate ao leite em embalagem dourada e moldada. A galinha de ovos de ouro, em louça branca, vem cheia de ovinhos de chocolate. Para atender aos diabéticos, a grife lança uma caixa de bombons de chocolate ao leite diet. Além dessas novidades, tem a linha inspirada na culinária nacional, o Ovo 4 Clássicos, os Trufados em quatro sabores e o Ganache, entre outros. A Village vem no ritmo do Patati Patatá e Scooby-Doo e espera conquistar a preferência das crianças nas prateleiras dos supermercados e pontos de vendas. O ovo de 170g do Scooby-Doo traz o Shooter Racer (carrinho com disparador) que lança o Scooby-Doo para longe. A empresa traz também sua tradi-
cional linha de bolos e colombas em diversos sabores e formatos. A Mars traz para a Páscoa os tradicionais M&M´s e Twix, nas versões ovinhos de chocolate, e edição limitada em embalagem exclusiva leve 4 e pague 3, com 45g de produto gratuito, em adição aos 135g originais. M&M's Família e M&M's Mini completam os produtos que ganharão destaque nas gôndolas de PDV's em todo o Brasil. Acreditando na importância da brincadeira, imaginação, descoberta e interação entre pais e filhos, a Kinder apresenta o Kinder Ovo Maxi, com uma série de surpresas para montar e brincar com a imaginação. Outra novidade é o Kinder Ovo Natoons, uma série de surpresas de pelúcia para descobrir a natureza e estimular a imaginação de maneira diferente. Presente no mercado brasileiro há 16 anos, a Kinder é uma marca do Grupo italiano Ferrero, presente há 45 anos no mercado mundial de chocolate. Nesta Páscoa, a Ferrero mantém sua tradição de sofisticação e qualidade e coloca no mercado um portfólio de produtos diferenciados, entre eles os Ovos de Páscoa Ferrero Rocher & Gran Rocher, Ferrero Rocher Lata e Ferrero Ovo Acrílico. A empresa dedicou atenção especial ao lançamento de embalagens sofisticadas e, ao mesmo tempo, acessíveis aos consumidores. A Sunny Brinquedos aproveita o período para lançar os ovinhos Sunny Candies, linha de doces da empresa. Dentro de cada ovinho, a criança encontrará uma miniatura de personagens como Bob Esponja, Backyardi-
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gans, Thomas e amigos, Smurf ou Hello Kitty. Para quem gosta de segredos e muita sofisticação, a The King Cake, criou três ovos de chocolate no formato de porta jóias, em edição limitada: apenas 15 unidades de cada modelo, ao preço de R$ 210,00 cada ovo de 450g. A Hershey's lança Kisses gigantes para a Páscoa, com 820g de puro chocolate. "O maior Kisses do mundo", segundo informa a empresa, é quase quatro vezes maior que o Hershey's Kisses do tamanho regular, com 230g. "Desenvolvemos uma opção de presente exclusiva e diferenciada, com o sabor irresistível dos chocolates da marca", afirma Victoria Gabrielli, gerente de marketing de Hershey's no Brasil. A Pandurata, detentora das marcas Bauducco e Visconti e parceira da marca Hershey's, espera crescimento de 12% em faturamento com suas colombas pascais e 20% nas vendas de chocolates nesta Páscoa. Ao todo, serão produzidas pela companhia mais de 3 mil toneladas de chocolate e 6,5 milhões de colombas
pascais para a Páscoa de 2012. A marca Bauducco também apresenta um novo visual para as latas da Colomba Pascal. Inspiradas em ilustrações típicas da época, as versões trazem cores vibrantes e muito mais alegres, nos sabores frutas e gotas de chocolate. A Garoto renova mais de 90% de seu portfólio e mantém os tradicionais ovos de Páscoa Talento, Baton e Serenata de Amor, que contam agora com novas versões, como a volta do ovo Talento Trufas. Já a linha Serenata de Amor conta com duas estréias: os ovos Serenatinha de Amor (130g) e os ovos Serenata de Amor Coração (360g). Para o público infantil a marca Baton traz o Jubaton Surfista, o Super Baton (acompanhado de uma luminária) e o Baton 2 em 1. A Cacau Show traz para a Páscoa deste ano 53 produtos, entre eles os lançamentos Trio Gourmet, Ovo CS Doce de Leite, Ovo Premium Cointreau e Pacottone. A empresa vai sortear R$ 1 milhão entre os compradores de seus produtos, e para concorrer basta comprar R$ 50,00. A Munik inova com o lançamento do ovo que pode ser comido com colher e apresenta outras novidades nas
linhas Nobre, Mini Nobre, Exclusivo, Crocante, Saúde, Colomba e Kids. Para ser degustado com colher, o Nobre Avelã será comercializado na versão 180g.
A Nestlé traz lançamentos para todas as idades. Justin Bieber, ídolo dos adolescentes chega num ovo de 200g de chocolate ao leite e como brinde trará um colar com um pingente bem similar ao utilizado pelo cantor. Além disso, terá um card com uma imagem do astro autografada, e de um código para as fãs baixarem uma música no site. Outras novidades como o ovo Piratas do Caribe, Phineas e Ferb e a princesa Ariel fazem a alegria da garotada com muito sabor e interação. O ovo Piratas do Caribe apresenta uma embalagem diferenciada, que contém um mapa impresso internamente, que irá auxiliar nas aventuras da tripulação de fãs da saga de Jack Sparrow, enquanto se divertem com a promoção "Em busca do Tesouro". O brinde será um card 3D com imagens do filme, que contém um código promocional e dará direito ao acesso de um game on line. Os dez melhores jogadores ganharão prêmios como TV, home theater e Pack Blue Ray de Piratas. 23
TENDÊNCIA
ESCOLAS
no alvo
Empresas investem em produtos mais saudáveis para o público infantil, mas pais ainda demonstram dúvidas sobre os aspectos nutricionais dos alimentos e as melhores escolhas para o lanche escolar Por Nani Soares
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uma fase onde as crianças ganharam poder de decisão, o lanche escolar volta a ser tema de discussão entre pais, nutricionistas e educadores. Agradar os pequenos não é fácil, especialmente quando as sugestões dos especialistas fatalmente remetem a opções saudáveis, bem menos atraentes para as crianças do que doces, salgadinhos e refrigerantes. O consumo excessivo de alimentos calóricos na infância e adolescência é tão preocupante que no início de março o Ministério da Saúde lançou a Semana de Mobilização Saúde na Escola, para prevenção e controle da obesidade infantil, que contemplou 22 mil escolas públicas do País. No final de 2011, o MS já havia repassado R$ 118,9 milhões aos 2.495 que aderiam ao Programa Saúde na Escola, com a meta de promover, prevenir, educar e avaliar a saúde de crianças e adolescentes nas escolas. Ao contrário de algumas décadas, quando crianças rechonchudas eram sinônimo de saúde, o conceito passou a ser revisto. O aspecto saudabilidade trouxe mudanças no comportamento dos pais, que se vêem no dilema de agradar os filhos, mas sem colocar a saúde em xeque. Segundo especialistas, o caminho é criar na criança desde cedo o hábito de consumir produtos saudáveis na escola, permitindo algumas "extravagâncias" ocasionalmente, como o dia em que há passeios na escola. Mas o que fazer com aquela carinha feia, que insiste em fazer birra diante de um pão integral? Argumentar com as crianças não é uma tarefa tão simples assim, especialmente porque atualmente os pequenos são decididos e insistem em
fazer valer sua vontade - e alguns pais cometem o erro de ceder. Por outro lado, os próprios pais têm dúvidas quando às melhores sugestões, tanto para os filhos quanto para eles mesmos. Com a falta de tempo inerente aos tempos atuais, boa parte acaba optando por produtos industrializados. O lado positivo é que tais opções são práticas e fáceis de transportar. O negativo são os aspectos nutricionais. Foi justamente visando melhorar os produtos que as empresas iniciaram uma cruzada para agradar pais e filhos, tendo pela frente o desafio de desenvolver produtos saborosos e nutritivos. O Grupo Bimbo do Brasil, que acaba de investir US$ 29 milhões em uma nova fábrica no Distrito Federal e é dono da marca de bolinhos recheados Ana Maria, lançou duas novas versões do produto: Ana Maria sabor cenoura com chocolate, feito com cenoura e suco de laranja natural, e Ana Maria sabor Milk Shake de chocolate, enriquecido com vitaminas A e D, além de cálcio. Com pouco mais de 140 calorias por unidade, os bolinhos têm quantidades reduzidas de açúcares e gorduras e são feitos sem a adição de corantes artificiais segundo a empresa. "A marca Ana Maria inova ao lançar esses novos sabores, que oferecem ingredientes naturais sem deixar de agradar o paladar das crianças brasileiras", declarou Camilla Gravina, gerente da marca Ana Maria. Já a M. Dias Branco, que detém as marcas Fortaleza e Adria, lançou a linha de biscoitos Cream Craker nos
sabores fibras, amanteigado, pani e gergelim, além do Pani Fortaleza, biscoito com aparência, cheiro e sabor de pão francês. Apontada como a sexta maior do mundo segundo o ranking da Euromonitor International, no último trimestre de 2011 a M. Dias Branco totalizou 113,6 mil toneladas de biscoitos vendidos no País, 10,5% a mais que o mesmo período de 2010.
Praticidade X nutrição "Infelizmente, os hábitos alimentares infantis mudaram muito e hoje é mais comum encontrar alimentos industrializados nas lancheiras ao invés de sanduíches caseiros, frutas e sucos naturais. Os alimentos integrais e funcionais ainda são raros nas escolas, a não ser quando há um profissional nutricionista cuidando deste assunto", afirma a Dra. Vanderli Marchiori, nutricionista, fitoterapeuta e secretária da Associação Brasileira de Nutrição Esportiva. Em geral, os pais decidem o que as crianças devem levar na lancheira até os cinco anos de idade, mas a partir disso os pequenos começam a decidir o que querem, influenciados principalmente pelas propagandas, segundo ela. No que concerne aos pães, a preferência ainda é pelos de forma, sem casca e brancos (não integrais), além de bisnagas e pães de ovos. Embora o lanche escolar ainda seja um tema controverso, à medida que os pais estão mais preocupados com a saúde e revendo o próprio cardápio
"Com a meta de prevenir e educar, Ministério da Saúde repassou R$ 118,9 milhões do Programa Saúde na Escola" 25
TENDÊNCIA as são para produtos com fórmulas mais saudáveis, além das mono porções. "A variedade de pães com diferentes quantidades de fibras e grãos tem boa aceitação entre o público. Outra ação interessante são as embalagens com porções pequenas, ideais para pessoas que vivem sozinhas, grupo que tem crescido a cada ano", explica.
Para a Dra. Vanderli Marchiori, alimentos integrais ainda são raridade nas escolas. "A não ser quando há um profissional nutricionista cuidando do assunto" alimentar, estão incorporando mudanças também no cardápio infantil, que começa a apresentar alterações sutis. "Com esses novos produtos disponíveis, os pais estão trocando mais os salgadinhos em pacote (também chamados de chips) por sanduíches com requeijão ou geleia, por exemplo", diz Vanderli.
crescido cerca de 5% a 6% ao ano, tendo registrado 46% de crescimento entre 2006 e 2010, segundo dados da entidade. Ainda sem os números fechados de 2011, a estimativa é manter índices semelhantes. A justificativa para tanto sucesso é a versatilidade e vida útil do produto, maior do que a do pão francês, segundo Zanão.
Claudio Zanão, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias e Pães Industrializados (Abima) vê com bons olhos as regras direcionadas à publicidade infantil e diz que a indústria alimentícia deveria seguir o exemplo do setor de bebidas, que investiu no lema "beba com moderação", e criar o "coma com moderação", indicando que nenhum produto precisa ser banido do cardápio, desde que o consumidor fique atento à quantidade de calorias ingeridas diariamente.
Com o aumento da demanda, a disputa fica acirrada e as empresas são obrigadas a lançar opções com freqüência - o que acaba sendo uma vantagem para o consumidor. As tendênci-
Uma olhada rápida nos números e fica evidente o quanto os pais lançam mão dos produtos industrializados como salvação do lanche escolar: o mercado de pães industrializados tem 26
Embora os pais decidam o que levar na hora da compra, as empresas não têm dúvida da influência dos filhos nessa decisão. Lisiane Cohem, gerente de Marketing da Seven Boys, diz que a autonomia não é a mesma de algumas décadas, quando mães e avós decidiam quais alimentos filhos e netos deveriam consumir, baseando-se apenas nos seus próprios critérios de escolha. Forçar a criança a comer determinado alimento até podia ser uma prática comum, mas é quase impensável nos dias atuais. "Os pais apenas compram o que sabem que os filhos vão consumir. O poder de decisão mudou sim, pois atualmente a decisão de consumo - o "quero / não quero" - é muito forte, o que há duas décadas não ocorria. Não havia poder de escolha dos filhos", lembra. O lado negativo dessa independência é que aumentou o consumo de ali-
mentos com baixa qualidade nutricional. As mães têm cada vez menos tempo para preparar um lanche saudável e a criança acaba consumindo produtos industrializados várias vezes ao dia, desde pratos pré-prontos em casa até lanches em redes fast-food. O problema é que quanto menor a criança, maior a importância da qualidade nutricional dos lanches, especialmente porque o horário de aula pode ser o que a criança normalmente sente mais fome. Os frequentes maus hábitos podem comprometer não só a aceitação das refeições posteriores, como todo o desenvolvimento. Isso significa que se o lanche for frequentemente composto por guloseimas como doces, bolachas, salgadinhos, refrigerantes ou frituras, e, portanto, excessivamente ricos em calorias, dificilmente a criança não torcerá o nariz se tiver que comer algo mais saudável. Com duas unidades fabris em Porto Alegre (RS) e Belo Horizonte (MG) e mais 14 filiais, a Seven Boys mantém um portfólio com mais de 45 produtos, dentre os quais pães de forma, integrais, de milho e sovado. Entretanto, as opções de maior sucesso entre as mães são as bisnaguinhas. "É um dos lanches preferidos das crianças e das mães, pois além de gostosas são nutritivas e saudáveis (especialmente a versão vitaminada), quando consumidas adequadamente", explica Lisiane. Para ajudar na elaboração do cardápio escolar, o site da
empresa oferece diversas receitas, para diferentes gostos.
Cardápio variado Uma das maiores fabricantes de produtos para o público infantil, como bebidas lácteas, biscoitos e snacks, a PepsiCo acaba de lançar a Vitamina Toddynho, livre de conservantes e preparada com leite e polpa de frutas, que chega às gôndolas nas versões morango, banana e maçã; e mamão, banana e maçã. Antes de ser lançado, o produto foi testado por crianças e, claro, pelas mães, registrando um índice de aprovação de 80%, segundo a empresa. No mercado há 30 anos e líder na categoria, o Toddynho tradicional também foi reformulado e ganhou uma versão light, com apenas 92 kcal, além de menos açúcar e gorduras. Para aumentar o vínculo com as mães, a companhia disponibiliza no site do produto um calendário de lancheira, com sugestões para quatro semanas de lanches saborosos, diferentes e equilibrados. A PepsiCo já mantinha no portfólio opções saudáveis para o lanche, como os cookies da linha Quaker, ricos em fibras e encontrados em versões mini, fáceis de caber nas lancheiras. A água de coco Kero Coco, rica em potássio, cálcio e magnésio (e que ainda pode ser consumida direto na caixinha) também é uma sugestão para mães mais preocupadas.
"Pais só decidem o lanche até os 5 anos de idade. Depois disso, devem ficar atentos à influência da mídia nas escolhas da criança"
Claudio Zanão, da Abima, assegura que nenhum alimento precisa ser banido do cardápio. "A indústria alimentícia deveria criar o 'coma com moderação' Segundo Alexandre Salvador, gerente de marketing da PepsiCo, os hábitos infantis mudaram sim e influenciados pelas mães, que buscam mais variedade no sabor dos lanches dos filhos, evitando opções repetitivas e ao mesmo tempo incorporando hábitos saudáveis desde cedo. "Acreditamos que hoje as mães estão mais preocupadas com a alimentação dos seus filhos. O mais recente estudo realizado pela Nielsen sobre informação nutricional aponta que a maioria das mulheres brasileiras se preocupa com a saúde da sua família. A pesquisa mostra que 62% das mulheres, que fazem compras, checam as calorias indicadas nos rótulos antes de escolher algum produto e 52% verificam a quantidade de açúcares", observa Salvador. Ele explica que os produtos mais escolhidos para o lanche escolar são aqueles que têm porção controlada, conveniência (como os multipacks) e com um perfil nutricional mais equilibrado. No entanto, o gerente reconhece que embora a decisão de compra seja dos pais, as crianças influenciam cada vez mais no que será incluído na cesta de compras. 27
TENDÊNCIA da Elma Chips no Brasil e serviu como benchmark para as operações do produto nos Estados Unidos, América do Sul, Europa, Turquia e Arábia. A empresa também vai aumentar a capacidade produtiva das marcas Lucky, Elma Chips, Toddy, Toddynho, Quaker e Kero Coco, além de consolidar a integração da Mabel, adquirida em novembro de 2011. "A expectativa é tornar-se a terceira maior operação de alimentos da companhia nos próximos cinco anos. Hoje, o País representa o quarto maior mercado em faturamento para a companhia que está presente em mais de 190 países", explica Rizzo.
Desafio para os pais
Lisiane Cohem, da Seven Boys: pais só compram o que têm certeza que os filhos vão consumir Para atender às exigentes mamães de plantão, a meta tem sido aumentar as opções com redução de gorduras, açúcar e sódio, inclusive em categorias até então consideradas impróprias para o lanche escolar, como os salgadinhos. A empresa alterou algumas fórmulas e passou a utilizar óleo de girassol, além de investir em embalagens mono porção. As doses menores, aliás, são uma maneira de manter os snacks no cardápio infantil, equilibrando-os em meio a uma dieta adequada. Um pacote único contendo cinco snacks em mini embalagens de até 100 calorias, batizado de Lanchinho Sortido, foi a aposta da empresa para agradar as crianças sem confrontar os pais. "O lançamento oferece praticidade para o lanche dos pequenos, aliando o sabor e variedade que eles adoram, ao melhor 28
custo benefício", afirma Luiz Rizzo, gerente de marketing das marcas Cheetos e Fandangos. Em 2011, a PepsiCo investiu R$ 57 milhões no desenvolvimento e lançamento da linha de snacks Cheetos com novos valores nutricionais. A estratégia envolveu a adaptação de seis fábricas
Segundo a Dra. Roseli Rossi, nutricionista da Clínica Equilíbrio Nutricional, em São Paulo, uma série de fatores dificulta a escolha do lanche escolar, a começar pelo próprio sabor dos produtos disponíveis no mercado: sendo mais palatáveis, as crianças se adaptam rapidamente e se "viciam" com mais facilidade. Com isso, pode acontecer de mesmo as mães preparando lanches caseiros, a criança se recuse a levar. "Ela não quer ser a diferente da maioria que consome lanches vendi-
dos nas cantinas. Apesar de algumas cantinas escolares já terem opções mais saudáveis, ainda deixam muito a desejar pelas inúmeras opções de guloseimas e junk food que oferecem em conjunto", diz. Para ela, uma mudança no comportamento só será possível com mais informação sobre o assunto e um trabalho conjunto envolvendo pais e responsáveis pelas escolas. O alerta da especialista envolve também o poder de decisão infantil. Com uma influência tão evidente, as crianças têm uma participação cada vez mais precoce na sociedade. No entanto, decididas do que querem ou não, podem acabar fazendo escolhas erradas, que certamente repercutirão em sua saúde no futuro. Cabe aos pais exercer um controle maior, explicando sobre o que é melhor e argumentando sobre cada decisão, indica Roseli. "Alguns estudos mostram que um comercial de apenas 30 segundos já é o suficiente para conquistar uma criança e ela gravar o nome ou a imagem mostrada. Além disso, o acesso à mídia por elas é muito maior fazendo com que as empresas de alimentos se aproveitem disso e divulguem seus produtos". A influência da propaganda infantil não é privilégio apenas das classes mais abastadas e embora o resultado seja diferente para cada uma, a falta de informação ainda é o fator comum a todos os pais. Enquanto nas clas-
ses de menor poder aquisitivo o mito é achar que manter uma alimentação saudável significa gastar mais, nas classes A e B o problema não é financeiro, mas simplesmente a dificuldade sobre o que escolher. "Mesmo que os pais tenham a informação sobre os prejuízos na saúde dos filhos com o consumo de alimentos ricos em sódio e gorduras saturadas, a restrição ocorre na maioria das vezes até a criança não ter autonomia de escolher seu próprio alimento. Em suma, falta aos próprios pais consciência de que se eles não tiverem bons hábitos alimentares para darem o exemplo, as crianças dificilmente irão ter", observa Roseli. Ela reconhece o esforço das empresas e diz que os produtos até melhoraram, mas alguns estão longe de serem classificados como saudáveis. Mesmo aqueles que são enriquecidos, mantém em sua composição substâncias químicas prejudiciais como corantes, aditivos, sódio, gorduras e açúcares. "As melhores fontes de vitaminas, fibras e minerais ainda são os alimentos in natura, como as frutas, vegetais, carnes, aves, ovos, laticínios e grãos", diz. A proibição da venda de determinados produtos nas cantinas escolares, tão discutida por pais, nutricionistas e educadores, é defendida pela nutricionista, que é taxativa: os grandes
"Falta aos pais consciência de que se eles não tiverem bons hábitos alimentares, as crianças dificilmente terão", garante a nutricionista, Roseli Rossi
vilões das cantinas são salgadinhos, pão de batata, croissant, hot-dog, cheeseburguer, pão de queijo, bolachas recheadas, refrigerantes, balas, chocolates, bolos, brigadeiro e doces em geral. Já nas cantinas (cozinhas), frituras, empanados, excesso de carboidratos (massa, arroz, batata), empanados, molhos cremosos e sal, além da deficiência de verduras e legumes. Alimentos industrializados são mais difíceis de proibir, mas é preciso ficar de olho nas informações no rótulo. E completa: "O ideal é sempre optar pelas versões integrais seja do pão, torrada, salgadinho, cereal. Sempre incluir uma fruta (na forma de suco ou ao natural), de preferência sem açúcar, e uma proteína magra como iogurte, peito de peru, queijo branco, atum, patês com vegetais, tortas salgadas de frango e leite achocolatado". 29