2
abril 2017 PTDC/ATP-EUR/1180/2014
Balanço do primeiro ano de atividade O inventário NoVOID de ruínas e terrenos vacantes O Projeto NoVOID está a concluir um ano de atividade. Neste primeiro ano, a prioridade da equipa de investigação foi proceder à inventariação das ruínas e terrenos vacantes nas quatro cidades objeto de estudo Barreiro, Guimarães, Lisboa e Vizela. Tratou-se de uma tarefa morosa e exigente, que envolveu um varrimento exaustivo dos quatro perímetros urbanos. Quase 2.000 horas de trabalho foram despendidas na identificação, por deteção remota, dos espaços arruinados e vacantes. Um trabalho de grande minúcia baseado na foto-interpretação combinada de diversos tipos de imagens disponibilizadas em open-data na Internet, nomeadamente interpretação de fotografia aérea vertical
(ortofotos de alta resolução disponibilizados em WMS) e horizontal (Google Street View). Em situações onde a foto-identificação era pouco segura por não haver cobertura em Street View, foram feitos levantamentos de campo. Testes de calibragem realizados por amostragem em Lisboa e Barreiro comprovaram a eficácia da metodologia seguida e a fiabilidade dos resultados: a coincidência entre os dados obtidos por deteção remota e a situação observada no terreno foi superior a 96% nas ruínas, e chegou a 100% nos terrenos vacantes da cidade do Barreiro. Neste momento, está concluído o inventário georreferenciado das ruínas e terrenos vacantes nas quatro cidades, reportado aos anos de 2014 e 2015. Barreiro e Vizela têm além disso um inventário baseado em ortofotos de 2007, permitindo comparar a situação nessas cidades nas duas datas de referência. Esta cartografia será em breve disponibilizada ao público no website do Projeto NoVOID.
O SIG NoVOID Em complemento e associada ao inventário georreferenciado das ruínas e terrenos vacantes, o Projeto NoVOID desenvolveu ao longo deste ano uma base de dados de caracterização dos elementos inventariados. A informação foi recolhida através de trabalho de campo e recobre uma amostra aleatória de 20% dos terrenos vacantes e ruínas de cada cidade, totalizando 826 registos. O inventário georreferenciado e a base de dados associada constituem os elementos fundamentais do SIG NoVOID, que inclui também informação estatística, desagregada à subsecção, assim como informação cartográfica de proveniência diversa (COS 1990, COS 2010, instrumentos de gestão do território, etc.). Estes dados estão presentemente em fase de tratamento. Resultados da análise geoestatística e da modelação espacial desta informação começarão a ser divulgados pela Equipa NoVOID ao longo do verão de 2017.
Nesta Newsletter NoVOID
Primeiros resultados do Projeto - um resumo do Inventário NoVOID
Neste número 2 da Newsletter NoVOID damos-lhe a conhecer dados estatísticos essenciais de enquadramento das quatro cidades em estudo no Projeto. Também são divulgados os primeiros resultados da investi gação, com um resumo dos dados do inventário das ruínas e terrenos vacantes em cada cidade.
Fique a par da Agenda NoVOID
Descubra os eventos organizados pelo Projeto NoVOID e aqueles em que membros da equipa de projeto marcaram presença, com apresentações de resultados provisórios e intermédios. Marque na sua agenda as datas dos próximos eventos, que pode encontrar na última pági na da Newsletter.
Próximos passos da investigação
A próxima etapa do Projeto NoVOID consiste no estudo intensivo da biodiversidade, das interações entre humanos e não-humanos, e das apropri ações, ressignificações e usos sociais das ruínas e terrenos vacantes. Esta segunda fase da investigação incidirá num conjunto de casos selecionados em cada cidade, configurando es tudos detalhados de nível micro. A Equipa NoVOID vai reunir em breve com o Steering Group Committee para definir os locais que serão objeto de estudo. Mantenha-se a par das novi dades consultando regularmente o website do Projeto NoVOID.
http://www.ceg.ulisboa.pt/ novoid/ Ruínas industriais. Barreiro, 2017 (foto de A. Baptista)
Instituição de Investigação Principal
Instituições Participantes
Apoio
2 Lisboa
Barreiro
De acordo com os últimos censos, a cidade de Lisboa (84,9 Km2) registou um decréscimo da sua população residente na ordem dos 12 000 habitantes (de 564 657, em 2001, para 552 700, em 2011). Simultaneamente, verificou-se um aumento de 21% do número de edifícios residenciais (43 437, em 2001, para 52 496, em 2011) e de 48% do número de alojamentos familiares (217 715, em 2001, para 323 076, em 2011). Ao nível etário, existe um envelhecimento acentuado da população, com 201 idosos (população com 65 ou mais anos) por cada 100 crianças (população até 15 anos) em 2011. A esta dinâmica populacional associa-se um processo de crescente desindustrialização no concelho, patente na dissolução de 2 756 sociedades do setor da indústria, construção e energia, entre 2001 e 2011.
No Barreiro (6,7 Km2), considerando as três antigas freguesias que integram na totalidade os limites da cidade estatística (Alto do Seixalinho, Barreiro e Verderena), foi registado um decréscimo de 2,6% da população residente (20 522, em 2001, para 19 995, em 2011), acompanhado por um aumento de 25,9% do número de edifícios residenciais (3 638, em 2001, para 4 580, em 2011) e de 43,9% do número de alojamentos familiares (15 841, em 2001, para 22 795, em 2011). No concelho, verifica-se uma população em progressivo envelhecimento, com um aumento de apenas 10,2% das crianças dos 0 aos 15 anos (10 184, em 2001, para 11 221, em 2011), comparativamente a um aumento de 36,3% das pessoas com mais de 64 anos (de 12 484 para 17 011). A população residente ativa na indústria continuou em queda no concelho.
Caracterização geral
Espaços urbanos abandonados
No perímetro urbano de Lisboa foram identificadas 2 173 construções em ruínas (91,8 ha, com quintais arruinados), correspondendo a 1,08 % da área da cidade, e 772 terrenos vacantes (336,4 ha), que correspondem a 3,98 % da mesma área.
Caracterização geral
Espaços urbanos abandonados
No perímetro urbano do Barreiro foram identificados 377 polígonos em ruínas (15 ha), correspondendo a 2,2 % da área em estudo, e 169 terrenos vacantes (194,8 ha), que ocupam quase um terço (29,2 %) do perímetro da cidade.
Classes de espaços NoVOID identificados em Lisboa
Classes NoVOID - glossário Ruínas
construções ou artefactos imóveis, produzidos pela tecnologia e destinados à utilização humana ou a outros fins, que, por não se encontrarem fisicamente íntegros ou completos, se revelam incapazes de desempenhar a função para que estavam originariamente destinados. Ou seja, todas as construções que se encontram em simultâneo parcialmente destruídas ou incompletas e abandonadas, assim como edifícios que, mesmo não estando estritamente em ruínas, foram abandonados e se encontram emparedados/entaipados. Também incluem a categoria de ruínas as construções abortadas, isto é, edificações cujas obras de construção foram interrompidas e ficaram inacabadas.
Quintais arruinados
logradouros e espaços não edificados envolventes de construções em ruínas que visualmente possam ser considerados como partes integrantes das mesmas propriedades (posição relativa face a muros e cercas, acidentes de relevo, ruas e estradas, etc.). Estes espaços só configuram polígonos autónomos quando apresentam área superior à das construções em ruínas a que estão associados; caso contrário, serão considerados parte das ruínas.
Terreno vacante
terrenos não construídos, não agricultados e não ajardinados, com solo nu ou com coberto arbustivo e/ou herbáceo a dar sinais de abandono ou falta de cuidado, localizados no tecido urbano consolidado ou nas suas áreas de expansão, assim como espaços de antigas construções demolidas onde ainda podem subsistir fragmentos de edificações, entulho, ou impermeabilização do solo, situados no interior de zonas construídas ou na sua contiguidade, e que por isso formam ‘buracos’ no tecido construído.
Classes de espaços NoVOID identificados no Barreiro
Ruínas e Terrenos Vagos Nas Cidades Portuguesas Guimarães Caracterização geral Na cidade de Guimarães (23,5 Km2), observou-se um decréscimo da população residente de 52 181, em 2001, para 47 588, em 2011. Simultaneamente, verificou-se um aumento de 6% do número de edifícios (de 12 298, em 2001, para 13 033, em 2011) e de 19,3% do número de alojamentos familiares (de 22 229, em 2001, para 26 526, em 2011). A estrutura etária da população do concelho mostrou sinais de envelhecimento devido à redução substancial (menos 22,2%) do número de jovens dos 0 aos 15 anos (de 31 545, em 2001, para 24 544, em 2011), contra um aumento de 29% da população com mais de 64 anos (16 396, em 2001, para 21 135, em 2011). A esta dinâmica populacional associa-se um processo de crescente desindustrialização, patente na dissolução de 458 sociedades do setor da indústria, construção e energia, entre 2001 e 2011.
Espaços urbanos abandonados
de edifícios residenciais (3 286, em 2001, para 3 461, em 2011) e de 20,4% do número de alojamentos familiares (4 929, em 2001, para 5 934, em 2011). Ao nível etário, verifica-se no concelho uma tendência de envelhecimento da população, com a redução de 20,1% do número de jovens dos 0 aos 15 anos (4 917, em 2001, para 3 930, em 2011), comparativamente a um aumento substancial de 36,1% das pessoas com mais de 64 anos (1 968, em 2001, para 2 678, em 2011). A esta dinâmica populacional associa-se um processo de crescente desindustrialização no concelho, patente na dissolução de 101 sociedades na área da indústria, construção e energia, entre 2001 e 2011.
Espaços urbanos abandonados
No perímetro urbano de Vizela foi identificado um total de 70 polígonos correspondentes a edifícios em ruínas (2,1 ha), o que recobre 0,31% da área em estudo, e 139 terrenos vacantes (91,2 ha), que correspondem a 13,4% da área da cidade estatística.
Classes de espaços NoVOID identificados em Guimarães
No perímetro urbano de Guimarães foram identificadas 210 construções em ruínas (num total de 14 ha), o que corresponde a 0,6% da área urbana em estudo, e 218 polígonos de terrenos vacantes (124,7 ha), que correspondem a 5,31% da área em estudo.
Vizela Caracterização geral Apesar de um aumento da população residente de 4,9% no conjunto do concelho de Vizela, entre 2001 e 2011, a cidade (6,8 Km2) registou uma variação negativa de 2 065 habitantes. Simultaneamente, verificou-se um aumento de 5,3% do número
Terreno vacante em proximidade com habitação plurifamiliar. Guimarães, 2017 (foto de J. Sarmento)
Classes de espaços NoVOID identificados em Vizela
Edifício de habitação plurifamiliar com construção suspensa. Guimarães, 2017 (foto de R. Pereira)
2
2 Aconteceu Colóquio no CIUL, em janeiro de 2017 O Projeto NoVOID, em associação com o CIUL - Centro de Informação Urbana de Lisboa, organizou no passado dia 16 de janeiro de 2017 o colóquio Ruínas e Espaços Vacantes na Cidade: Pensar a Transitoriedade no Urbano. O encontro decorreu no auditório do CIUL, no Picoas Plaza, em Lisboa, e serviu para apresentar o Projeto NoVOID, a sua missão e filosofia, e discutir questões conceptuais relacionadas com o valor ecológico e urbanístico das vacâncias urbanas e a possibilidade de neles se desenvolverem usos temporários. Além de membros da Equipa NoVOID, participaram no colóquio, na qualidade de oradores, outros professores e investigadores da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa (CIAUD) e técnicos da Câmara Municipal de Lisboa.
O NoVOID em Filadélfia, EUA
O Projeto NoVOID esteve presente na 7th International Conference on Urban and Extraurban Studies, com uma comunicação intitulada 'Exploring urban decay: stories of dereliction and ruination in a Lisbon street' (E. Brito-Henriques). O encontro decorreu na Universidade da Pensilvânia, Filadélfia (EUA), em 9 e 10 de novembro de 2016.
O NoVOID em Dublin, Irlanda
O Projeto NoVoid participou no encontro The New Urban Ruins: Vacancy and the Post-crisis City (Trinity College Dublin, Irlanda, 1-3 março). O encontro teve seis sessões: a economia política do abandono; respostas bottom-up ao abandono; a regeneração de ruínas e arquitecturas obsoletas; a reapropriação do vazio; a política das ruínas; e a arquitetura das ruínas. A comunicação ‘Urban ruination: suspended projects in Guimarães, Portugal’ (J. Sarmento, E. Brito-Henriques & P. Morgado), fez uma introdução ao projeto NoVoid, explicando pressupostos e metodologias,
apresentou um conjunto de resultados preliminares nas 4 cidades e refletiu sobre uma amostra de casos diversos de vazios loteados em Guimarães. A apresentação e os resumos das várias comunicações estão disponíveis na página web do projecto.
O NoVOID no I Colóquio Ibérico de Paisagem Teve lugar em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, a 16 e 17 de março de 2017, o I Colóquio Ibérico de Paisagem. O Projeto NoVOID marcou presença com uma comunicação sobre 'Os espaços abandonados na cidade: alternativas aos modelos convencionais de recuperação da paisagem urbana' (E. Brito-Henriques, A. L. Soares & S. T. Azambuja).
O NoVOID em Ponta Delgada, Açores
O Projeto NoVOID esteve presente na International Conference Invisible Places: Sound, Urbanism and Sense of Place, que decorreu no campus de Ponta Delgada da Universidade dos Açores, entre 7 e 9 de abril de 2017, com uma comunicação intitulada 'Sounding the unheard city: an approach to the soundscapes of urban vacant lands in Lisbon' (D. Paiva & E. Brito-Henriques).
O NoVOID na II International Conference on Urban e-Planning
A Equipa NoVOID participou na II International Conference on Urban e-Planning, decorrida na Universidade de Lisboa a 20 e 21 de abril de 2017, com a comunicação ’Open-data based methodology for detecting and analysing urban voids’ (P. Morgado et al.).
Próximos Eventos
Equipa
Sessão Temática no 6th EUGEO Congress
Eduardo Brito-Henriques (coordenador), CEG/IGOT-UL João Sarmento (co-coordenador), U.Minho & CEG/IGOT-UL
Investigadores do Projeto NoVOID vão dinamizar uma sessão temática sobre 'Ruins and Vacant Lands in Shrinking Cities in Europe’, no 6th EUGEO Congress, a decorrer em Bruxelas (Bélgica), de 4 a 6 de setembro de 2017. EUGEO é a Associação das Sociedades Geográficas da Europa, que organiza a cada dois anos, alternadamente com os Congressos Geográficos Internacionais da UGI (União Geográfica Internacional), um grande congresso onde se reúne a comunidade de geógrafos europeus.
1st NoVOID Interim Seminar
O primeiro seminário intermédio do Projeto NoVOID vai decorrer no IGOT (Cidade Universitária R. Branca Edmée Marques), a 21 de setembro de 2017. Trata-se de um encontro, aberto ao público, para apresentação e discussão de resultados intermédios da investigação desenvolvida pelo Projeto NoVOID. Participará no encontro o Prof. Matthew Gandy, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), que fará uma conferência. O programa completo do seminário será divulgado brevemente. A entrada é gratuita, mediante inscrição, ficando condicionada à lotação da sala.
Ana Luísa Soares, CEABN/ISA-UL André Carmo, CEG/IGOT-UL António Lobato dos Santos, CIAUD /FA-UL Carlos Neto, CEG/IGOT-UL Cristina Cavaco, CIAUD/FA-UL Daniel Paiva, CEG/IGOT-UL Estêvão Portela-Pereira, CEG/ IGOT-UL Isabel André, CEG/IGOT-UL João Rafael Santos, CIAUD/FA-UL José Aguiar, CIAUD/FA-UL Maria Manuel Oliveira, Lab2PT/ U.Minho Mário Vale, CEG/IGOT-UL Marta Labastida, Lab2PT/U.Minho Paulo Morgado, CEG/IGOT-UL Sónia Talhé Azambuja, CEABN/ ISA-UL Teresa Barata Salgueiro, CEG/ IGOT-UL Assistentes de investigação/bolseiros: Rui Pereira, Lab2PT/U.Minho Ana Baptista, CEG/IGOT-UL Consultor internacional: Matthew Gandy, University of Cambridge
Contactos
Telefone +351 210443000 Email geral novoid@igot.ulisboa.pt Morada Edifício IGOT, Rua Branca Edmée Marques, Cidade Universitária 1600-276 Lisboa - Portugal Contacto CEG/IGOT-UL Eduardo Brito-Henriques, Prof. Dr. eduardo@igot.ulisboa.pt Contacto CAUD/FA-UL Cristina Cavaco, Prof.ª Dr.ª ccavaco@fa.ulisboa.pt Contacto CEABN/ISA-UL Ana Luísa Soares, Prof.ª Dr.ª alsoares@isa.ulisboa.pt Contacto Lab2PT/Univ. Minho Marta Labastida, Prof.ª Dr.ª mlabastide@arquitetura.uminho.pt