ISSN 2236-1022 A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
R$30,00 - novembro 2019
Ano 9 Número 53 Edição Digital São Paulo
CLÍNICA
PERFIL NUTRICIONAL DE CLIENTES COM HIPERTENSÃO ARTERIAL ATENDIDOS EM UMA CLÍNICA INTEGRADA DE ATENÇÃO À SAÚDE DO MUNICÍPIO DE BELO HORIZONTE-MG
FUNCIONAIS
EFEITOS DA FIBRA DA CASCA DO MARACUJÁ AMARELO NO TRATAMENTO DO DIABETES MELLITUS TIPO 2: UMA REVISÃO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DAS PREPARAÇÕES DOS CARDÁPIOS (AQPC) DO CENTRO DE CONVIVÊNCIA DO IDOSO DE ITAJAÍ, SANTA CATARINA www.nutricaoempauta.com.br
+
NOVEMBRO 2019ESPORTE
| GASTRONOMIA | SAÚDE PÚBLICA | EM FOOD NUTRIÇÃO PAUTA | PEDIATRIA 1
CENTRO UNIVERSITÁRIO
SAO CAMILO FORMANDO PESSOAS QUE CUIDAM DE PESSOAS
Nutrição Venha estudar na instituição que há mais de 40 anos forma nutricionistas altamente capacitados e reconhecidos pelo mercado de trabalho!
Nossos Cursos Graduação em Nutrição Guia do Estudante
Mestrado Profissional: Nutrição do Nascimento à Adolescência
saocamilo-sp.br saocamilo-sp.br | 0300 017 8585 0300 017 8585
Pós-Graduação: Gestão em Negócios de Alimentação de Nutrição Nutrição Esportiva em Wellness Nutrição Clínica
editorial por Sibele B. Agostini
Avaliação da Qualidade das Preparações dos Cardápios (AQPC) do Centro de Convivência do Idoso de Itajaí, Santa Catarina O envelhecimento rápido da população é um fenômeno observado mundialmente. No Brasil, a população idosa corresponde a 12% do total dos brasileiros. Até 2022, a taxa de crescimento será de 4% ao ano, transformando a saúde dos idosos em um desafio para a saúde pública. O processo de envelhecimento envolve múltiplos aspectos, abrangendo as áreas de saúde, previdência, educação, assistência social e habitação, integradas à questão socioeconômica, o que pode afetar a qualidade de vida dos idosos. O consumo alimentar é um dos principais fatores que contribuem para um envelhecimento saudável. A alimentação dos idosos requer um cuidado maior, pois nessa fase da vida o organismo passa por alterações psicofisiológicas que modificam o estado nutricional dessa população. O alimento deve estimular o apetite, ser saboroso, cheiroso, colorido e estar na textura e nas temperaturas ideais, além de conter todos os grupos alimentares. Neste contexto, o nutricionista tem papel essencial, a fim de minimizar os efeitos que surgem com o envelhecimento, com o intuito de garantir uma ingestão alimentar saudável nesses centros de convivência. Prepare-se para o Mega Evento Nutrição 2020, englobando o 21o Congresso Internacional de Nutrição,
NOVEMBRO 2019
Longevidade e Qualidade de Vida, 21o Congresso Internacional de Gastronomia e Nutrição, 8o Congresso Multidisciplinar de Nutrição Esportiva, 16o Fórum Nacional de Nutrição, 15o Simpósio Internacional da American Academy of Nutrition and Dietetics (USA), 13o Simpósio Internacional da Nutrition Society (United Kingdom), 13o Simpósio Internacional do Le Cordon Bleu (França), 21a Exposição de Produtos e Serviços em Nutrição e Alimentação, dentre outros, que será realizado em São Paulo em agosto de 2020 e já conta com parcerias com as principais entidades internacionais e nacionais do setor. E também o 16o Fórum Nacional de Nutrição 2020, que está sendo realizado nas principais capitais do Brasil.
Aproveite as informações científicas atualizadas desta edição da revista Nutrição em Pauta. Boa leitura! Dra. Sibele B. Agostini CRN 1066 – 3a Região
NUTRIÇÃO EM PAUTA
3
nesta edição Novembro 2019
5. Avaliação da Qualidade das Preparações dos Cardápios (AQPC) do Centro de Convivência do Idoso de Itajaí, Santa Catarina 12. Perfil Nutricional de Clientes com Hipertensão Arterial Atendidos em uma Clínica Integrada de Atenção à Saúde do Município de Belo Horizonte-MG 18. O Estado Nutricional de Mulheres no Climatério 25. Avaliação do Estado Nutricional de Pacientes Pediátricos Fibrocísticos Atendidos no Ambulatório de um Hospital Universitário em Belém/PA 30. Aplicativo “Nutricionando”, a Tecnologia na Avaliação Nutricional 35. Conscientização de Consumidores de um Restaurante Universitário sobre seus Comportamentos de Risco para a Contaminação Alimentar 40. Efeitos da Fibra da Casca do Maracujá Amarelo no Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2: Uma Revisão
Assine: (11) 5041.9321 assinaturas@nutricaoempauta.com.br FALE CONOSCO: (11) 5041.9321 contato@nutricaoempauta.com.br www.nutricaoempauta.com.br
46. Análise Microbiológica de Saladas de Frutas Comercializadas em Lanchonetes da Região Central de Belo Horizonte-MG 47. 15° Fórum Nacional de Nutrição 2018 – Resumos dos Trabalhos apresentados
A REVISTA DOS MELHORES PROFISSIONAIS DE NUTRIÇÃO
ISSN 2236-1022
Ano 9 - número 53 - novembro 2019 - edição digital
Editora Científica Diretor Conselho Científico
Consultor de Gastronomia Colaboradores Fotógrafo Assinaturas Indexação Editoração Eletrônica
4
NOVEMBRO 2019
Publicação Bimestral da Nutrição em Pauta Ltda ME - Atualização Científca em Nutrição - R. Republica do Iraque, 1329 cj 11 - Campo Belo - São Paulo - SP - Brasil - Tel 55 11 5041-9321 nucleo@nutricaoempauta.com.br - www.nutricaoempauta.com.br
Dra. Sibele B. Agostini | redacao@nutricaoempauta.com.br Cláudio G. Agostini Jr. | diretoria@nutricaoempauta.com.br Prof. Dra. Andréa Ramalho (UFRJ/RJ),Prof. Dra. Avany Fernandes Pereira (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Claudia Cople (UERJ/RJ), Prof. Dr. Dan Waitzberg (FMUSP/SP), Prof. Dra. Eliane de Abreu – (UFRJ/RJ), Prof. Dra. Fernanda Lorenzi Lazarim (UNICAMP/SP), Prof. Dra. Flávia Meyer (UFRGS/RS), Prof. Dra. Josefna Bressan (UFV/MG), Prof. Dra. Joy Dauncey (Cambridge/UK), Prof. Dra. Lilian Cuppari (UNIFESP/SP), Prof. Dra. Marcia Regina Vitolo (UNISINOS/RS), Prof. Dra. Maria Margareth Veloso Naves (UFG/GO), Prof. Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP/SP), Prof. Dr. Melvin Williams (Maryland/USA) , Prof. Dra. Mirtes Stancanelli (UNICAMP/ SP), Prof. Dra. Nailza Maestá (UNESP/SP), Prof. Dra. Nelzir Trindade Reis (UVA/RJ), Prof. Dr. Ricardo Coelho (UNIUBE/MG), Prof. Dr. Roberto Carlos Burini (FMUNESP/SP), Prof. Dra. Rossana Pacheco da Costa Proença (UFSC/SC), Prof. Dra. Sonia Tucunduva Phillipi (USP/SP), Prof. Tereza Helena Macedo da Costa (UnB/DF), Prof. Dra. Tais Borges Cesar (FCF-UNESP/SP).
Chef Patrick Martin - Le Cordon Bleu Brasil Chef Fabiana B. Agostini Alexandre Agostini assinaturas@nutricaoempauta.com.br A revista Nutrição em Pauta está indexada na Base de Dados PERI da ESALQ/USP Ydea Solutions Produzida em novembro de 2019
NUTRIÇÃO EM PAUTA
matéria de capa
Evaluation of Menu’s Preparations Quality of The Elderly Living Center of Itajaí, Santa Catarina, Brazil
Avaliação da Qualidade das Preparações dos Cardápios (AQPC) do Centro de Convivência do Idoso de Itajaí, Santa Catarina
RESUMO: A população brasileira com 65 anos ou mais tende a apresentar uma taxa de crescimento superior a 4% ao ano até 2022, transformando a saúde dos idosos em um desafio para a saúde pública. Este trabalho buscou avaliar a qualidade das preparações dos cardápios do almoço oferecidos no Centro de Convivência do Idoso do município de Itajaí-SC. Foi realizado um estudo transversal, não experimental, no qual foram analisados dois cardápios, de meses aleatórios, sendo um de 2017 e outro de 2018. Para avaliação, optou-se pelo método Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC). Os dois cardápios foram classificados como “regulares” na maioria dos itens analisados e as preparações com “fritura” e “doce mais fritura” foram consideradas “ótimas” em ambos. Enfatiza-se que o principal objetivo da alimentação saudável para os idosos é aumentar a expectativa e a qualidade de vida. ABSTRACT: Brazilian population that are 65 years old and over tends to show a growth rate of more than 4% per year up to 2022, making the health of the elderly a challenge for public health. The aim of this study was to evaluate the quality of lunch menu preparations offered at the Elderly Living Center of the municipality of Itajaí-SC. A cross-sectional, non-experimental study was carried out in which two menus were analyzed, from random months, one from 2017 to another from 2018. For the evaluation, the AQPC method was chosen. NOVEMBRO 2019
The two menus were classified as “regular” in most of the analyzed items and the preparation with sweet frying were considered “optimal” in both. It is emphasized that the main goal of healthy eating for the elderly is to increase the expectation and quality of life.
.................
Introdução
. . . . . . . . . . ........
O envelhecimento rápido da população é um fenômeno observado mundialmente (PAGOTTO; SILVEIRA; VELASCO, 2013; IBGE, 2015). Em 2013, os idosos representavam 11,2% da população mundial - proporção que deve aumentar para 21,2% em 2050, segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (UNITED NATIONS, 2013). No Brasil, a população idosa corresponde a 12% do total dos brasileiros. Até 2022, a taxa de crescimento será de 4% ao ano, transformando a saúde dos idosos em um desafio para a saúde pública (PAGOTTO; SILVEIRA; VELASCO, 2013; IBGE, 2015). O processo de envelhecimento envolve múltiplos aspectos, abrangendo as áreas de saúde, previdência, eduNUTRIÇÃO EM PAUTA
5
Avaliação da Qualidade das Preparações dos Cardápios (AQPC) do Centro de Convivência do Idoso de Itajaí, Santa Catarina cação, assistência social e habitação, integradas à questão socioeconômica, o que pode afetar a qualidade de vida dos idosos (OLIVEIRA et al., 2014). O consumo alimentar é um dos principais fatores que contribuem para um envelhecimento saudável (BRAGGION, 2005). Nesse período, a qualidade de vida está vinculada à manutenção da saúde nas dimensões física, social, psíquica e espiritual (MARTINS et al., 2009), sendo também influenciada por estresse social, perdas pessoais e diminuição da autoestima, o que pode levar à má ingestão alimentar e à perda do apetite (KUMPEL et al., 2011). A alimentação dos idosos requer um cuidado maior, pois nessa fase da vida o organismo passa por alterações psicofisiológicas que modificam o estado nutricional dessa população. O alimento deve estimular o apetite, ser saboroso, cheiroso, colorido e estar na textura e nas temperaturas ideais, além de conter todos os grupos alimentares (BRASIL, 2014). Segundo o Decreto nº 1.948, de 03 de julho de 1996, os centros de convivência constituem opções de destino e permanência diurna do idoso. Nesse local são desenvolvidas atividades físicas, laborativas, recreativas, culturais e de educação para a cidadania que colaboram para a autonomia e a prevenção ao isolamento social do idoso (BRASIL, 1996). A participação dos idosos nesses grupos pode contribuir para um envelhecimento saudável, trazendo também inúmeros benefícios, como propiciar amizades, melhorar a integração com os familiares, oferecer suporte social e incentivar a adoção de um estilo de vida mais ativo (LEITE et al., 2012; MEURER et al., 2012). Portanto, os centros de convivência de idosos têm como objetivos proporcionar melhora na qualidade de vida desses sujeitos e contribuir para a diminuição dos riscos de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) por meio de atividades e programas de promoção da saúde e prevenção de doenças (VERAS; CAMARGO JÚNIOR, 1995; VERAS, 2012). Para auxiliar na elaboração dos cardápios oferecidos nesses centros de convivência, deveriam ser utilizados padrões nutricionais e técnicas dietéticas, a fim de garantir cumprimento às normas de alimentação baseadas na qualidade, quantidade, adequação e harmonia. A proposta da Avaliação Qualitativa das Preparações do Cardápio (AQPC) foi desenvolvida por Proença et al. (2005). O uso desse método, que examina aspectos sensoriais, possibilita a adequação nutricional das refeições oferecidas, contribuindo para a saúde dos idosos. Com base no exposto, o objetivo desta pesquisa
6
NOVEMBRO 2019
foi avaliar a qualidade das preparações dos cardápios do almoço oferecidos no Centro de Convivência do Idoso (CCI) do município de Itajaí-SC.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Me to d ol o g i a . . . . . . . . . . . ........
A pesquisa foi caraterizada como transversal, não experimental, com finalidade exploratória e abordagem quantitativa e qualitativa. Foi realizada no CCI de Itajaí-SC, durante o ano de 2018, após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNIVALI, sob parecer número 2.845.540. O CCI é uma instituição pública aberta aos idosos vinculada à Secretaria Municipal de Assistência Social de Itajaí-SC, tendo como objetivo proporcionar melhor qualidade de vida a essa população. Recebe em torno 287 idosos que são divididos em dois grupos: um atendido nas segundas e quartas-feiras e outro nas terças e quintas-feiras, das 8 às 16 horas. Os idosos conhecem o CCI através de amigos que já são cadastrados na instituição, podendo realizar a matrícula no próprio local, no entanto as vagas são limitadas apenas para moradores do município de Itajaí. O cardápio do almoço servido é composto por dois tipos de salada, um tipo de prato proteico (variando em carne bovina, suína, ave e peixe), dois tipos de guarnição (arroz e feijão), um tipo de acompanhamento (cereais, raízes e tubérculos) e uma sobremesa (fruta ou sobremesa elaborada). A Secretaria de Assistência Social é a responsável pela aquisição dos alimentos, que são comprados uma vez por mês através do cardápio elaborado pela nutricionista da Secretaria. A cozinha do local dispõe de equipamentos de qualidade para que auxilie na elaboração das preparações, dentre eles, micro-ondas, 2 fornos elétricos industrial, 7 freezers, batedeiras, liquidificador, entre outros. A refeição é servida na forma de self service sendo porcionada a carne e a sobremesa. Sendo servidas em média 95 refeições diárias. Foram analisados dois cardápios, de dois meses, de forma aleatória, totalizando 32 dias úteis: 16 dias de 2017 e 16 dias de 2018. Adotou-se o método AQPC, proposto por Proença et al. (2005), avaliando os seguintes itens: presença de folhosos e frutas todos os dias; monotonia das preparações (sendo considerado monótono NUTRIÇÃO EM PAUTA
matéria de capa
Evaluation of Menu’s Preparations Quality of The Elderly Living Center of Itajaí, Santa Catarina, Brazil quando duas ou mais preparações tinham cores iguais); presença de dois ou mais alimentos ricos em enxofre (com exceção do feijão e carne vermelha); utilização de carne gordurosa; oferta de frituras (consideradas todas as preparações com técnica de preparo de frituras com imersão total dos alimentos), de maneira isolada ou associada a doces (sobremesas elaboradas) em um mesmo dia. Segundo Leão e Gomes (2010), cebola, pepino, alho, batata-doce, repolho, ovo, ervilha, milho e peixe são alimentos flatulentos. Philippi (2014) considera picanha, fraldinha, acém, capa de filé, filé de costela e contrafilé como carnes gordurosas. Para a classificação dos aspectos positivos e negativos dos cardápios, foi utilizada a metodologia adaptada de Prado, Nicoletti e Faria (2013). A oferta de folhosos e frutas foi classificada como aspecto positivo, enquanto a presença de cores iguais, duas ou mais preparações ricas em enxofre, carne gordurosa, fritura, doce e oferta de doce e fritura no mesmo dia foram qualificadas como aspectos negativos do cardápio, de acordo com os percentuais expostos no Quadro 1. O presente estudo teve como limitação a escolha do cardápio de forma aleatória, visto que o período do ano pode influenciar nos resultados da pesquisa, devido a sazonalidade.
Quadro 1: Critérios de classificação dos aspectos positivos e negativos dos cardápios, conforme Prado, Nicoletti e Faria (2013). Aspectos positivos Classificação Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo
Aspectos negativos
Categorias ≥ 90% 75 a 89% 50 a 74% 25 a 49% < 25%
Classificação Ótimo Bom Regular Ruim Péssimo
Categorias ≤ 10% 11 a 25% 26 a 50% 51 a 75% >75%
Para tabulação e análise dos resultados foi utilizado o programa Microsoft Office Excel®. As variáveis quantitativas contínuas foram expressas por meio de médias e desvios-padrão e as categóricas por meio de frequências absolutas (n) e relativas (%).
. . . . . . . . . . R e su lt a d o s e D is c uss ã o . . ........ Os resultados da análise dos dois cardápios do CCI de Itajaí-SC, pelo método AQPC, estão descritos na
Tabela 1: Análise dos cardápios do CCI de Itajaí pelo método AQPC durante o período de quatro semanas, 2017-2018. Semana
Dois ou mais Carne alimentos gordurosa com enxofre
Fritura
Doce
Doce mais fritura
2 2 4
2 2
2 2 2 2 8
-
50
25
12,5
50
-
4 4 4 4 16
2 1 3 2 8
3 2 4 9
-
1 1 2 2 6
-
100
50
56,25
-
37,5
-
Dias
Folhosos
Frutas
Monotonia
1ª 2ª 3ª 4ª Total
4 4 4 4 16
2 4 2 2 10
2 2 2 2 8
4 2 2 8
4 2 2 8
% ocorrência
100
62,5
50
50
1º 2º 3º 4º Total
4 4 4 4 16
5 5 2 2 14
3 3 2 2 10
% ocorrência
100
87,5
62,5
Cardápio 2017
Cardápio 2018
NOVEMBRO 2019
NUTRIÇÃO EM PAUTA
7
Avaliação da Qualidade das Preparações dos Cardápios (AQPC) do Centro de Convivência do Idoso de Itajaí, Santa Catarina Tabela 2: Classificação dos itens analisados nas preparações dos cardápios do CCI de Itajaí, segundo Prado, Nicoletti e Faria (2013), 2017-2018. ITENS Folhosos Frutas Cores iguais Dois ou mais alimentos com enxofre Carne gordurosa Fritura Doce Doce mais fritura
Cardápio I (2017) n
%
Classificação
n
%
Classificação
10 8 8 8 4 2 8 -
62,5 50 50 50 25 12,5 50 -
Regular Regular Regular Regular Bom Bom Regular Ótimo
14 10 16 8 9 6 -
87,5 62,5 100 50 56,25 37,5 -
Bom Regular Péssimo Regular Ruim Ótimo Regular Ótimo
Tabela 1. A partir dos percentuais de ocorrência nos cardápios, demonstrados na Tabela 1, os itens foram classificados quanto ao seu percentual de adequação e apresentados na Tabela 2. O cardápio I obteve classificação “regular” na maioria dos itens analisados, sendo eles folhosos, frutas, cores iguais, alimentos ricos em enxofre e doce. As preparações com fritura e doce mais fritura foram consideradas “ótimas” em ambos os cardápios, sendo considerado um resultado positivo, pois o consumo de preparações saudáveis pode trazer benefícios à saúde, incluindo a redução de morbimortalidade por DCNT. Apenas no cardápio I nenhum item apresentou classificação “ruim” e “péssima”. Já no II, a monotonia foi classificada como “péssima” e carne gordurosa como “ruim”. O CCI forneceu folhosos em 62,5% dos dias no cardápio I, classificando-se como “regular”, e 87,5% no cardápio II, classificando-se como “bom”, sendo eles alface, acelga e repolho. Apesar de não serem avaliados pelo método AQPC, os cardápios se compõem diariamente de legumes como tomate, cenoura, cebola, beterraba, pepino, milho, ervilha, vagem e abóbora, sendo intercalados durante a semana. Conforme o Guia Alimentar para a População Brasileira (BRASIL, 2014), legumes e verduras são ótimas fontes de fibras, vitaminas e minerais, contribuindo para a prevenção de DCNT, além de possuírem baixo teor calórico, o que os tornam indispensáveis na alimentação dos idosos (ZANON et al., 2007). Quanto à oferta de frutas diariamente (maçã, laranja e tangerina, oferecidas exclusivamente como sobremesa), o cardápio I teve ocorrência em 50% dos dias e o cardápio II em 62,5%, classificado como “regular”. No
8
NOVEMBRO 2019
Cardápio II (2018)
estudo de Ortolan e Schwarz (2015), realizado em uma Unidade de Alimentação e Nutrição (UAN) localizada em Guarapuava-PR, também utilizando o método AQPC, foi observado um baixo percentual no consumo de frutas do cardápio, com ocorrência de 40%, classificado como “ruim”. A baixa oferta de frutas nessa UAN se dá pela comumente utilização de preparações como sagu, gelatinas e pudins. Coutinho (2011) relaciona o baixo consumo de frutas por idosos, devido ao uso de próteses dentárias antigas e inadequadas, causando um desconforto e contribuindo para que os mesmos substituam o consumo das verduras e frutas por outros de consistências que exijam menos da mastigação. A insuficiente oferta de frutas pode atuar negativamente no processo de envelhecimento de idosos, levando a carência de nutrientes (MORAIS; GONÇALVES, 2010). A análise de cores iguais apontou monotonia em 50% no cardápio I, classificado como “regular”, e 100% no cardápio II, classificado como “péssimo”. Isso foi observado principalmente em relação às cores verde, branca e amarela, encontradas nas preparações com arroz, batata, frango, pepino e alface. A pesquisa de José (2014), realizado em uma UAN institucional, utilizando método AQPC, teve resultado próximo ao deste estudo, com o cardápio apesentando 50,98% das preparações monótonas, predominando as cores amarela e laranja, sendo classificado como “regular”. Segundo Ornellas (2007), um cardápio adequado deve apresentar dois princípios básicos: variedade e harmonia. A diferenciação das cores garante a oferta e o consumo de diversos grupos alimentares, o que torna a refeição mais prazerosa e diversificada (PASSOS, 2008). Veiros e Proença (2003) afirmam que a monotonia de cores pode NUTRIÇÃO EM PAUTA
Evaluation of Menu’s Preparations Quality of The Elderly Living Center of Itajaí, Santa Catarina, Brazil
interferir negativamente na escolha e na aceitação visual das preparações, visto que cores vibrantes despertam maior interesse pelos alimentos. Quanto à presença de dois ou mais alimentos ricos em enxofre, como, por exemplo, cebola, pepino, alho, batata-doce e repolho, ela foi notada em 50% dos dias em ambos os cardápios, classificando-se como “regular”. Esse percentual foi superior ao encontrado por Resende e Quintão (2016), estudo realizado em uma UAN de autogestão de uma empresa privada no estado de Minas Gerais, com a avaliação do método AQPC, verificou-se a oferta desse tipo de alimento em 37,50% dos dias. Salienta-se que os alimentos sulfurados podem causar sensação de mal-estar, flatulência e desconforto gástrico, devido à presença de oligossacarídeos não digestivos; portanto, deve-se evitar a presença de dois ou mais alimentos ricos nesse mineral (FERNANDES; CALVO; PROENÇA 2012; DELFINO; CANNITTI-BRAZACA, 2010). A oferta de carne gordurosa ocorreu em 25% dos dias no cardápio I e em 56,25% no cardápio II, sendo eles NOVEMBRO 2019
matéria de capa
classificados como “bom” e “ruim”, respectivamente. As carnes consideradas gordurosas foram picanha, fraldinha, acém, filé de costela e contrafilé. Estudo realizado por José (2014) em uma UAN institucional em Vitória-ES, através do método AQPC, obteve resultado superior ao do cardápio I e mais próximo ao do II, com a presença de carne gordurosa em 70,58% dos dias, classificando o cardápio como “ruim”. O excesso de colesterol e gordura saturada comumente encontrados nesses alimentos pode favorecer o aparecimento de DCNT, principalmente obesidade, dislipidemia e doenças cardiovasculares (SPOSITO, 2007). Quando avaliada a presença de fritura isolada no cardápio I, foi observado o aparecimento em apenas 12,5% dos dias, sendo na preparação de bisteca, classificada como “bom”. Já no cardápio II não houve preparação com fritura isolada, o que foi classificado como “ótimo”, resultado próximo ao do estudo de Prado, Nicoletti e Faria (2013) realizado em uma UAN no estado de Mato Grosso, pelo mesmo método, onde foi possível observar que a oferta de fritura isolada apareceu em 15% dos dias (n=3), NUTRIÇÃO EM PAUTA
9
Avaliação da Qualidade das Preparações dos Cardápios (AQPC) do Centro de Convivência do Idoso de Itajaí, Santa Catarina classificando o cardápio como “bom”. Acredita-se que a disponibilidade de equipamentos, como fornos e chapas, pode reduzir a presença de frituras no cardápio. A oferta de doces foi notada em 50% dos dias no cardápio I e 37,5% no cardápio II, sendo classificados como “regular”. O doce é ofertado exclusivamente como sobremesa, havendo intercalação de fruta in natura e sobremesa elaborada, como gelatina, arroz doce, sagu, pudim e torta de banana. Prado, Nicoletti e Faria (2013) descrevem resultados semelhantes aos aqui descritos, apontando a oferta de doce em 35% dos dias, sendo classificada como “regular”. O Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE, 2011) acentua que é importante considerar que o consumo elevado de alimentos com adição de açúcares pode substituir ou reduzir a ingestão de alimentos importantes para uma alimentação saudável. O aparecimento de doce associado à fritura em um mesmo dia não foi observado em ambos os cardápios, que foram classificados como “ótimos” nesse item. Esse é um aspecto positivo na alimentação dos idosos, pois o excesso desses alimentos predispõe o organismo ao aumento de peso e gordura corporal (CASTRO, 2014). Diante dos resultados, cabe aos profissionais da área da saúde que atuam em saúde coletiva e assistência social, especialmente os nutricionistas, criarem estratégias para estimular o consumo de uma alimentação saudável pelos idosos, considerando os hábitos alimentares, o estado de saúde, as condições culturais e socioeconômicas de cada indivíduo, para atender suas necessidades específicas, de modo a contribuir para sua boa saúde. É um direito de todos o acesso a alimentos de qualidade e em quantidades suficientes.
. . . ................. C onclus ã o . . . . . . . . . . .. . . . . . . .
Enfatiza-se que o principal objetivo da alimentação saudável para os idosos é aumentar a expectativa e a qualidade de vida e auxiliar na promoção da saúde e na prevenção de doenças. Neste contexto, o nutricionista tem papel essencial, a fim de minimizar os efeitos que surgem com o envelhecimento, com o intuito de garantir uma ingestão alimentar saudável nesses centros de convivência, visto que o fator socioeconômico dos idosos pode interferir em suas escolhas alimentares.
10
NOVEMBRO 2019
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores
Clara Luiza de Oliveira; Thuane Cristine de Amorim - Acadêmicas do Curso de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) Profa. Dra. Rosana Henn – Nutricionista. Mestre em Ciência dos Alimentos. Professora e pesquisadora do curso de Nutrição da UNIVALI Profa. Dra. Elisabeth Barth Almeida -Nutricionista. Mestre em Turismo e Hotelaria. Professora e pesquisadora do curso de Nutrição da UNIVALI
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ PALAVRAS-CHAVE: Dinâmica populacional. Idoso. Planejamento de cardápio. KEYWORDS: Population dinamycs. Aged. Menu planning.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ RECEBIDO: 15/5/19 - APROVADO: 9/10/19
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ REFERÊNCIAS
BRAGGION, G. F. Nutrição e atividade física: relação com a aparência corporal no envelhecimento. Revista de Nutrição Profissional, São Paulo, v. 1, n. 3, p. 35-42, 2005. BRASIL. Decreto nº 1948, de 3 de julho de 1996. Regulamenta a Lei n° 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências. Brasília, DF, 1996. BRASIL. Ministério da Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia alimentar para a população brasileira. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. CASTRO, A. G. P.; BANDONI, D. H.; JAIME, P. C. Promoção da saúde no ambiente de trabalho. In: BALCHIUNAS, D. Gestão de UAN: um resgate ao binômio alimentação e nutrição. São Paulo: Roca, p. 19-26. 2014. COUTINHO, R. F. Uma boa saúde geral do idoso passa pela boca. Revista Portal Divulg, n. 13, p. 12-13, 2011. NUTRIÇÃO EM PAUTA
Evaluation of Menu’s Preparations Quality of The Elderly Living Center of Itajaí, Santa Catarina, Brazil
DELFINO, R. A.; CANNITTI-BRAZACA, S. G. Interação de polifenóis e o efeito na digestibilidade proteica de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) cultivar Pérola. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 30, n. 2, p. 308-312, 2010. FERNANDES, A. C.; CALVO, M. C. M.; PROENÇA, R. P. C. Técnicas de pré-preparo de feijões em unidades produtoras de refeições das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Revista de Nutrição, Campinas, v. 25, n. 2, p. 259-269, 2012. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Mudança demográfica no Brasil no início do século XXI: subsídios para as projeções da população, 2015. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/ liv93322.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2018 IBGE. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009. Coordenação de Trabalho e Rendimento: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2011. JOSÉ, J. F. B. S. Avaliação qualitativa de cardápios em uma unidade de alimentação e nutrição localizada em Vitória-ES, Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, Rio de Janeiro, v. 9, n. 4, p. 975-984, 2014. KUMPEL, D. A. et al. Avaliação nutricional e consumo alimentar de idosos institucionalizados: relato de experiências. Contexto e Saúde, Ijuí, v. 10, n. 20, p. 777-782, 2011. LEÃO, L. S. C. S.; GOMES, M. C. R. Manual de nutrição clínica: para atendimento ambulatorial do adulto. 10 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010. LEITE, M. T. et al. Qualidade de vida e nível cognitivo de pessoas idosas participantes de grupos de convivência. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v. 15, n. 3, p. 481-491, 2012. MARTINS, J. J. et al. Avaliação da qualidade de vida de idosos que recebem cuidados domiciliares. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 22, n. 3, p. 265-271, 2009. MEURER, S.T. et al. Associação entre sintomas depressivos, motivação e autoestima de idosos praticantes de exercícios físicos. Revista Brasileira e Científica de Esporte, Florianópolis, v. 34, n. 3, p. 689-695, 2012. MORAIS, L. G.; GONÇALVES, I. C. M. Qualidade da alimentação e avaliação nutricional de idosas moradoras em uma instituição de longa permanência da cidade de Montes Claros-MG. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, n. 5, p. 247-253, 2010. OLIVEIRA, A. D. et al. A intersetorialidade nas políticas públicas para o envelhecimento no Brasil. Kairós Gerontologia, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 91-103, 2014. ORNELLAS, L. H. Planejamento de cardápio. In: ORNELLAS, L. H. Técnica dietética: seleção e preparo dos alimentos. 8. ed. São Paulo: Atheneu, 2007. p. 251-255. ORTOLAN, A. V.; SCHWARZ, K. Aplicação do método avaliação qualitativa das preparações do Cardápio NOVEMBRO 2019
matéria de capa
(AQPC) em uma unidade de alimentação e nutrição (UAN). Visão Acadêmica, Curitiba, v. 16, n. 1, 2015. PAGOTTO, V.; SILVEIRA, E. A.; VELASCO, W. D. Perfil das hospitalizações e fatores associados em idosos usuários do SUS. Ciência & Saúde Coletiva, Manguinhos, v. 18, n. 10, p. 3061-70, 2013. PASSOS, A. L. A. Análise do cardápio de uma Unidade de Alimentação e Nutrição institucional de Brasília-DF segundo método “Avaliação qualitativa das preparações dos cardápios”. Monografia (Especialização em Gastronomia em Saúde) – Universidade de Brasília, Brasília, 2008. PHILIPPI, S. T. Nutrição e técnica dietética. Barueri, SP: Manole, 2014. PRADO, B. G.; NICOLETTI, A. L.; FARIA, C. S. Avaliação qualitativa das preparações de cardápio em uma unidade de alimentação e nutrição de Cuiabá-MT. Unopar Científica Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 3, n. 15, p. 219- 223, 2013. PROENÇA, R. P. C. et al. Qualidade nutricional e sensorial na produção de refeições. Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina, 2005. RESENDE, F. R.; QUINTÃO, D. F. Avaliação qualitativa das preparações do cardápio de uma unidade de alimentação e nutrição institucional de Leopoldina-MG. Demetra: Alimentação, Nutrição e Saúde, Rio de Janeiro, v. 1, n. 11, p. 91- 98, 2016. SPOSITO, A. et al. IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose. Departamento de aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 88, n. 1, p. 1-19, 2007. UNITED NATIONS. World Population Prospects the 2012 Revision: highlights and advance tables. New York, 2013. Disponível em: <https://africacheck.org/wp-content/ uploads/2014/10/World-Population-Prospect-2012revision upload-to- AC.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2018. VEIROS, M. B.; PROENÇA, R. P. C. P. Avaliação qualitativa das preparações do cardápio em uma unidade de alimentação e nutrição - método AQPC. Nutrição em Pauta, São Paulo. v. 11, p. 36-42, 2003. VERAS, R. P. Gerenciamento de doença crônica: equívoco para o grupo etário dos idosos. Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 46, n. 6, p. 929-934, 2012. VERAS, R. P.; CAMARGO JÚNIOR, K. Idosos e universidade: parceria para a qualidade de vida. In: VERAS, R. P. et al. Terceira idade: um envelhecimento digno para o cidadão do futuro. Rio de Janeiro: Relume Dumará/Unnati/ Uerj, 1995. p.11-27. ZANON, R. et al. A UAN promovendo a saúde dos clientes: inclusão de preparações ricas em fibras no cardápio. Nutrire, São Paulo, v. 32, p. 129, 2007. NUTRIÇÃO EM PAUTA
11
Nutritional Profile of Clients with Arterial Hypertension Attended at Integrated Clinic of Attention to Health at Belo Horizonte-MG
Perfil Nutricional de Clientes com Hipertensão Arterial Atendidos em uma Clínica Integrada de Atenção à Saúde do Município de Belo Horizonte-MG RESUMO: A hipertensão arterial está entre os problemas de saúde pública mais importantes do mundo juntamente com o excesso de peso e obesidade. Este trabalho objetivou avaliar o perfil nutricional dos clientes hipertensos atendidos numa Clínica Integrada de Atenção à Saúde. Foram avaliados dados sociodemográficos, antropométricos e dietéticos dos prontuários. Foi observado que além da hipertensão 56% dos pacientes são portadores de hipercolesterolemia e 31% são diabéticos. A antropometria revelou que 23% são pré- obesos, 32%, 24% e 15% estão em obesidade Grau I, II e III, respectivamente. A avaliação da circunferência de cintura demonstrou que nos gêneros masculino e feminino 63% e 76% são de alto risco para doenças cardiovasculares, respectivamente. O percentual de gordura demonstrou que 81% dos homens estavam obesos e 19% pré-obesos. No grupo feminino 74% apresentou obesidade e 24% pré-obesidade. Conclui-se que há necessidade de medidas urgentes para controle dessas doenças e o nutricionista é parte importante deste processo. ABSTRACT: High blood pressure is among the most important public health problems in the world coupled with overweight and obesity. This study aimed to evaluate the nutritional profile of
12
NOVEMBRO 2019
hypertensive clients attended at an Integrated Health Care Clinic. Sociodemographic, anthropometric and dietary data were evaluated. It was observed that in addition to hypertension 56% of the patients are hypercholesterolemia and 31% are diabetic. Anthropometry revealed that 23% are pre-obese, 32%, 24% and 15% are in Grade I, II and III obesity, respectively. The waist circumference evaluation showed that in the male and female genders 63% and 76% are at high risk for cardiovascular diseases, respectively. The percentage of fat showed that 81% of the men were obese and 19% pre-obese. In the female group, 74% presented obesity and 24% pre-obesity. It is concluded that there is a need for urgent measures to control these diseases and the nutritionist is an important part of this process.
.................
Introdução
. . . . . . . . . . ........
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) está entre as enfermidades que mais predominam na sociedade moderna em todo o mundo, seguida da obesidade/excesso de peso (LUNA, 2002) e de outras doenças crônicas não NUTRIÇÃO EM PAUTA
clínica
Perfil Nutricional de Clientes com Hipertensão Arterial Atendidos em uma Clínica Integrada de Atenção à Saúde do Município de Belo Horizonte-MG transmissíveis (DCNT). É considerada uma epidemia e um dos principais problemas de saúde pública do mundo segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A história da HAS é longa, e sua cronicidade está associada a uma junção de fatores como evolução lenta e permanente, o aparecimento de doenças associadas, à falta de sintomatologia específica e a não continuidade do tratamento (ZANELLA et al., 2017). Estudos no Brasil tem evidenciado alta prevalência (CESARINO et al., 2008; ROSÁRIO et al., 2009; BRASIL, 2018), altos custos de tratamento (STEVENS, 2018) e necessidade de mais estudos, intervenções e políticas públicas. A obesidade, considerada um problema de saúde pública no mundo, também aumenta o risco de doenças como o diabetes e a HAS (BRAY, 2004), o que pode agravar o problema. Considerando-se as elevadas taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares no mundo e no Brasil e a alta prevalência da HAS, este trabalho objetivou avaliar o perfil nutricional dos clientes hipertensos atendidos na Clínica Integrada de Atenção à Saúde do Centro Universitário UNA.
. . . ............... Meto dol o g i a . . . . . . . . . .. . . . . . . .
O presente estudo, de caráter quantitativo, descritivo, transversal foi realizado com 66 indivíduos com idade entre 29 e 75 anos, com HAS atendidos na Clínica Integrada de Atenção à Saúde do Centro Universitário UNA, localizada em Belo Horizonte/Minas Gerais. A coleta de dados foi realizada durante a primeira consulta sendo as informações recolhidas através de prontuário e considerando as características sociodemográficas sexo, idade, estado civil, escolaridade, salário individual e familiar. Foram coletados dados relacionados aos hábitos alimentares, doenças atuais, doenças mais comuns na família, hábito de fumar, hábito de ingerir bebidas alcoólicas, prática de atividade física e orientação profissional para reeducação alimentar. A avaliação antropométrica foi realizada por meio da aferição do peso, estatura, dobras cutâneas, circunferência de braço (CB) e circunferência de cintura (CC). O peso foi aferido utilizando balança digital Welmy® com capacidade de 200 kg. A aferição da estatura foi realizada na NOVEMBRO 2019
própria balança, empregando a régua antropométrica. O índice de massa corporal (IMC) foi calculado utilizando a equação de Quetelet onde IMC = peso (kg)/altura (m)2 e classificado de acordo com a Organização Mundial de Saúde para adultos (OMS, 1995) e segundo o parâmetro de Lipschitz para idosos (LIPSCHITZ, 1994). A aferição das dobras tricipital (PCT), bicipital (PCB), supra ilíaca (PCSI) e subescapular (PCSE) foi obtida por meio do adipômetro Cescorf ® em (mm) e realizado em triplicata. Foram analisadas a partir do somatório das quatro dobras cutâneas: PCT, PCB, PCSI e PCSE segundo protocolo de Durnin e Wormersley (1974). A circunferência de cintura (CC) e de braço (CB) foram medidas com fita métrica inelástica. O IMC baseado nas recomendações do Ministério da Saúde (BRASIL, 2008) foi utilizado para classificar o risco de doenças cardiovasculares, em conjunto com a medida de CC que indica alto risco cardiovascular para mulheres, quando CC > 88 cm e para homens, quando CC > 102 cm. O projeto foi aprovado pelo Comitê de ética do Centro Universitário UNA sob número de protocolo n° CAAE 67531517200005098.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . R e su lt a d o s . . . . . . . . . . . ........
Foi observado que 76% e 24% dos clientes atendidos eram dos gêneros feminino e masculino, respectivamente. Dos 66 portadores de HAS 60% era casado, 58% recebe até R$ 1.000,00 reais por mês e 47% tem renda familiar de até R$ 1.000,00. Em relação à escolaridade foi observado que 30% possuía segundo grau incompleto e somente 1% era pós-graduado (Tabela 1). Sobre os hábitos alimentares foi observado que 73% alimentam-se em casa, 15% levam o almoço de casa e 12% consomem a refeição na rua. A maioria dos clientes (77%) preparam as refeições, 56% fazem de 4 a 5 refeições ao dia, 33% acima de 5 e somente 11% fazem até 3 refeições ao dia (Tabela 2). De acordo com os prontuários além da HAS, 13% dos pacientes são portadores de hipercolesterolemia, 7,5% diabetes e 3% pré diabetes. As doenças mais comuns na família desses portadores são hipertensão 60%, diabetes 28%, câncer 9% e hipercolesterolemia 3%. No quesito tabagismo e ingestão de bebida alcoólica, 91% não são fuNUTRIÇÃO EM PAUTA
13
Nutritional Profile of Clients with Arterial Hypertension Attended at Integrated Clinic of Attention to Health at Belo Horizonte-MG
Tabela 1 – Características sociodemográficas dos clientes da Clínica Integrada de Atenção à Saúde, Belo Horizonte, 2019. Frequência absoluta
Frequência relativa (%)
40 9 15 2
60 14 13 3
38 18 10
58 27 15
31 18 17
47 27 26
Primeiro grau incompleto Primeiro grau completo Segundo grau incompleto Segundo grau completo Terceiro grau incompleto Terceiro grau completo
9 8 20 9 9 4
14 12 30 14 14 6
Pós graduado Não informou
1 6
1 9
Parâmetro Estado civil Casado Divorciado Solteiro Viúvo Renda Individual Até R$ 1000,00 R$ 1000,01 a 2000,00 Acima de R$2000,01 Renda familiar Até R$ 1000,00 R$ 1000,01 a 2000,00 Acima de R$2000,01 Escolaridade
Fonte: os autores (2018).
mantes e 42% não ingerem bebidas. Na prática de exercício físico 64% são praticantes. A maioria dos pacientes estudados (58%) não tiveram orientação de profissional para realizar uma dieta ou reeducação alimentar (Tabela 3). Foi observado que 23% dos clientes são pré obesos, 32% obesidade Grau I, 24% obesidade Grau II e 15% obesidade Grau III. A avaliação da CC demonstrou que no gênero masculino 63% são de alto risco para doenças cardiovasculares. No gênero feminino 76% são de alto risco, 20% risco elevado e somente 4% estavam no parâmetro normal. O percentual de gordura obtido através da soma das quatro dobras demonstrou que 81% dos homens estavam obesos e 19% pré -obesos. Das mulheres, 74% apresentou obesidade e 24% pré - obesidade (tabela 4).
14
NOVEMBRO 2019
Tabela 2. Hábitos alimentares dos clientes atendidos na Clínica Integrada de Atenção à Saúde. Parâmetro Local onde se alimenta usualmente
Frequência Frequência absoluta relativa (%)
Em casa Na rua Na rua, levando o almoço de casa
48 8
73 12
10
15
51 15
77 23
7 37 22
11 56 33
Responsável pelo preparo das refeições O próprio cliente Outra pessoa Número de refeições relatadas Até 3 refeições 4 a 5 refeições Mais de 5 refeições
Fonte: os autores (2018).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . D is c uss ã o . . . . . . . . . . . . ........ No presente estudo a HAS prevaleceu no gênero feminino com cerca de 76%. No Brasil, as mulheres conhecem mais a sua condição de HAS do que os homens. Estudos ressaltam que mulheres percebem seus problemas de saúde mais do que os homens e procuram mais pelos serviços de saúde (BRASIL, 2007). Verificou-se maior prevalência de hipertensos casados (60%), concordando com um estudo que avaliou a qualidade de vida de hipertensos de um grupo de convivência, no qual 54% eram casados ou moravam com companheiro (a) e outro que avaliou os fatores sociodemográficos em hipertensos de São José do Rio Preto e observou que 63,9% eram casados. Entre os casados, o grau de responsabilidade familiar poderia representar um fator de risco para HAS (CESARINO, 2008; HAJJAR, KOTCHEN, KOTCHEN, 2006; MAGNABOSCO, 2007). Os resultados demonstraram que entre o grupo avaliado 58% possuía renda individual de até R$1000,00, 27% renda entre R$1000,01 a R$2000,00 e somente 15% renda superior a R$ 2000,01. As diferenças socioeconômicas desempenham importante papel nas condições de NUTRIÇÃO EM PAUTA
clínica
Perfil Nutricional de Clientes com Hipertensão Arterial Atendidos em uma Clínica Integrada de Atenção à Saúde do Município de Belo Horizonte-MG Tabela 3. Estilo de vida, condição clínica e histórico familiar dos clientes atendidos na Clínica Integrada de Atenção à Saúde, Belo Horizonte, 2019. Parâmetro Doenças associadas a HAS Frequência Frequência relatadas absoluta relativa (%) Diabetes 5 7,5 Pré Diabetes 2 3 Hipercolesterolemia 9 13,6 Doenças mais comuns na família Hipertensão 56 60 Diabetes 26 28 Hipercolesterolemia 3 3 Câncer 8 9 Tabagismo Fumantes Não fumantes Consumo de bebidas alcoólicas Consomem
6 60
9 91
38
58
Não consomem
28
42
42 24
64 36
28 38
42 58
Prática de atividade física Praticam Não praticam Orientação profissional para dieta Já teve Nunca teve
Fonte: os autores (2018).
saúde em decorrência de vários fatores, tais como acesso ao sistema de saúde, grau de informação, compreensão do problema e adesão ao tratamento. Em várias pesquisas observa-se taxas maiores de DCV nos níveis socioeconômicos mais baixos (CASTANHA, OLINTO, GIGANTE, 2003). O nível educacional tem sido apontado como o coeficiente socioeconômico mais importante no estado de saúde, principalmente na saúde cardiovascular e a baixa escolaridade está associada às maiores taxas de DCNT, em especial a HAS (MAGNABOSCO, 2007). De acordo com os prontuários além da HAS, 56% dos pacientes são portadores de hipercolesterolemia. Sabe-se que os mecanismos fisiopatológicos envolvidos na NOVEMBRO 2019
Tabela 4 - Avaliação antropométrica dos clientes atendidos na Clínica Integrada de Atenção à Saúde, Belo Horizonte, 2019. Parâmetro Índice de Massa Corporal Eutrofia Pré- Obesidade Obesidade Grau I Obesidade Grau II Obesidade Grau III Circunferência de cintura (masculino) Normal Risco Elevado Alto risco Circunferência de cintura (feminino) Normal Risco Elevado Alto risco Percentual de gordura (masculino) Pré-obesidade Obesidade Percentual de gordura (feminino) Eutrofia Pré-obesidade Obesidade
Fonte: os autores (2018).
Frequência absoluta 4 15 21 16 10
Frequência relativa (%) 6 23 32 24 15
16 8 42
25 12 63
3 13 50
4 20 76
13 53
19 81
1 16 49
2 24 74
gênese da HAS e da dislipidemia compartilham anormalidades metabólicas comuns, que podem agir sinergicamente ou até mesmo acelerar processo de aterogênese. Os níveis de colesterol plasmáticos estão correlacionados com a função endotelial e com a HAS (SAKURAI et al, 2003). O diabetes mellitus e a HAS são as duas doenças, cuja frequência aumenta com a idade, mais comuns nos países industrializados. Estima-se que 35% a 75% das complicações do diabetes possam ser atribuídos à HAS, cuja prevalência é particularmente alta nos pacientes diabéticos. Fatores como o aumento do IMC e o tempo de NUTRIÇÃO EM PAUTA
15
Nutritional Profile of Clients with Arterial Hypertension Attended at Integrated Clinic of Attention to Health at Belo Horizonte-MG
evolução do diabetes mellitus são determinantes da elevação da pressão arterial (OSTER, MATERSON, EPSTEIN, 1990). A obesidade é um dos fatores de risco para a HAS, portanto a manutenção de peso adequado é indispensável para a redução e/ou prevenção das complicações cardiovasculares, tais como hipertensão, dislipidemias e diabetes mellitus. A obesidade está associada à HAS, pois eleva o débito cardíaco, a volemia e a resistência periférica. A obesidade é responsável pela disfunção endotelial por meio dos mecanismos de aumento da vasoconstrição e redução na vasodilatação, auxiliando, assim, no surgimento de HAS e doenças cardiovasculares (MACHADO; SICHIERI, 2002). É importante destacar que as médias da circunferência de cintura apontaram alto risco cardiovascular. O estudo de Siqueira e Veiga (2004), mostrou que com o aumento da CC há também um aumento significativo da pressão arterial em homens e mulheres. O percentual de gordura também demonstrou dados alarmantes, o que preocupa devido a associação entre obesidade e DNCT (LOPES, 2007).
16
NOVEMBRO 2019
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . ........ O presente estudo demonstrou uma grande necessidade de estudos que reforcem os riscos do alto índice de DCNT, para que sejam traçadas intervenções de grande abrangência em saúde pública. O acompanhamento de um profissional de Nutrição é imprescindível para prevenção ou controle dessas condições, por meio da educação alimentar e do estímulo a adoção de um estilo de vida saudável, que poderá contribuir efetivamente para aumento da qualidade de vida e promoção da saúde.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores
Aline Jéssica Ferreira Gomes Santos; Jessica Souza e Silva; Laussane Caroline Oliveira Castro; Tamara Vivian de Menezes - Acadêmicas do curso de graduação em Nutrição do Centro Universitário UNA. NUTRIÇÃO EM PAUTA
Perfil Nutricional de Clientes com Hipertensão Arterial Atendidos em uma Clínica Integrada de Atenção à Saúde do Município de Belo Horizonte-MG Profa. Dra. Daniela Almeida Amaral - Nutricionista, UFOP. Mestre em Ciências Biológicas na área de concentração Bioquímica Estrutural e Fisiológica, UFOP. Docente do Centro Universitário UNA. Dra. Maria Marta Amâncio Amorim. Nutricionista, UFV. Mestre em Ciência de Alimentos, UFMG. Doutora em Enfermagem, UFMG. Pesquisadora da Universidade Aberta de Lisboa/CEMRI.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Avaliação Nutricional. Hipertensão. Estado Nutricional. KEYWORDS: Nutritional Assessment. Hypertension. Nutritional status.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Recebido – 6/6/19
aprovado – 28/10/19
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS
BRASIL, Ministério da Saúde. Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN: Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde. Brasília, 2008. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde. Vigitel Brasil 2017: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, 2018. 130. BRASIL, Ministério da Saúde. Sistema de monitoramento de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis. Datasus, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. VIGITEL, Brasília, DF, 2018. BRAY, G. A. Medical consequences of obesity. J Clin Endocrinol Metab. v. 89. n. 6, p. 2583-9. 2004. CASTANHA, M; OLINTO, M. T. A; GIGANTE, D. P. Associação de variáveis sócio -demográficas e comportamentais com a gordura abdominal em adultos: estudo de NOVEMBRO 2019
clínica
base populacional no Sul do Brasil. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, supl. 1, p.S55-S65, 2003. CESARINO, C. B et al. Prevalência e fatores sociodemográficos em hipertensos de São José do Rio Preto. Sociedade Brasileira de Cardiologia, v. 91, n.1, p.31-5, 2008. DURNIN, J. V; WOMERSLEY, J. Body fat assessed from total body density and its estimation from skinfold thickness: measurements on 481 men and women aged from 16 to 72 years. Br J Nutr, v. 32, n.1, p. 77-97. 1974. HAJJAR I; KOTCHEN, J. M; KOTCHEN, T. A; Hypertension: trends in prevalence, incidence, and control. Annu Rev Public Health, v. 27, p. 465-490, 2006. LIPSCHITZ, DA. Screening for nutritional status in the elderly. Prim Care. v. 21, p.55-67. 1994 LOPES, H. F. Hipertensão e inflamação: papel da obesidade. Revista Brasileira Hipertensão, v.14, n.14, p.23944, 2007. LUNA, R. L. Conceituação da hipertensão arterial e sua importância epidemiológica. Revista da SOCERJ, v. 15, n.4, p.203-209, 2002. MACHADO, P. A. N; SICHIERI R. Relação cintura-quadril e fatores de dieta em adultos. Revista Saúde Pública, v. 36, n.2, p. :198-204, 2002. MAGNABOSCO, P. Qualidade de vida relacionada à saúde do indivíduo com hipertensão arterial integrante de um grupo de convivência, 2007. Dissertação (Mestrado em Enfermagem Fundamental) - Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Physical status: the use and interpretation of anthropometry. Geneva: WHO, 1995. OSTER, J. R; MATERSON, B. J; EPSTEIN, M. Diabetes mellitus and hypertension. Cardiovasc Risk Factors, v.1, p.25-46, 1990. ROSÁRIO, M. T. et al. Prevalência, controle e tratamento da hipertensão arterial sistêmica em Nobres, MT. Sociedade Brasileira de Cardiologia, v. 93, n.6, p. 672-678, 2009. SAKURAI.M et al. Relationship of dietary cholesterol to blood pressure: the INTERMAP study. Journal of Hypertension, v.29, n.2, p. 222-8, 2003. SIQUEIRA, F. P. C.; VEIGA, E. V. Hipertensão arterial e fatores de risco. Revista Enfermagem Brasil, v.3, n.2, p. 189-197, 2004. STEVENS, Bryce et al. Os Custos das Doenças Cardíacas no Brasil. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, Rio de Janeiro, v. 111, n. 1, p. 29-36, jul. 2018. ZANELLA, S et al. Perfil nutricional e epidemiológico de pacientes atendidos em clínica de nutrição em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, São Paulo, v.11, n.68, p.677-684, 2017. NUTRIÇÃO EM PAUTA
17
The Nutritional State of Women in the Climateric
O Estado Nutricional de Mulheres no Climatério
RESUMO: O climatério é o período de vida da mulher onde não se pode mais engravidar de forma natural, passando da sua fase reprodutora para não reprodutora. O exercício, a dieta, o controle da massa corporal e hábitos de vida adequados podem melhorar a qualidade de vida, minimizando as mudanças decorrentes do envelhecimento. O objetivo desse estudo consistiu em analisar as evidências científicas sobre o estado nutricional de mulheres no climatério. Trata-se de uma revisão da literatura integrativa, onde utilizou-se materiais disponíveis na plataforma CAPES e na plataforma PubMed. Foram considerados artigos publicados nos idiomas português, espanhol e inglês no período de 2014 a 2018 em ambas. Conclui-se que diagnosticar precocemente e principalmente, prevenir a obesidade são fatores importantes para a redução da morbimortalidade nesta fase da vida da mulher, aumentando a duração e melhoria da qualidade de vida. ABSTRACT: The climateric is the period of life of the woman where one can no longer become pregnant in a natural way, passing from its reproductive to non-reproductive phase. Exercise, diet, control of body mass and adequate life habits can improve the quality of life, minimizing the changes due to aging. The objective of this study was to analyze the scientific evidence on the nutritional status of women in the climateric. It is a review of the integrative literature, using materials available on the CAPES platform and on the PubMed
18
NOVEMBRO 2019
platform. Articles published in the Portuguese, Spanish and English languages were considered in the period from 2014 to 2018 in both. It is concluded that early diagnosis and, mainly, prevention of obesity are important factors for the reduction of morbidity and mortality in this phase of the woman’s life, increasing duration and improving the quality of life.
.................
Introdução
. . . . . . . . . . ........
O climatério é o período de vida da mulher, em que não se pode mais engravidar de forma natural, deixando a sua fase reprodutora e passando para a fase não reprodutora. Nessa fase, ocorrem alterações endócrinas devido à diminuição da atividade ovariana, que leva às mudanças biológicas em função da diminuição da fertilidade e às mudanças clínicas consequentes das alterações do ciclo menstrual e de uma variedade de sintomas. O período do climatério é considerado após os 40 anos e termina por volta dos 65 anos. Essa fase é caracterizada por alterações menstruais, fenômenos vasomotores, alterações físicas, ósseas, NUTRIÇÃO EM PAUTA
O Estado Nutricional de Mulheres no Climatério
cardiovasculares e psicológicas que podem afetar a qualidade de vida, e não apresenta limites definidos de tempo de ocorrência, sendo variável para cada mulher, a perimenopausa, ou mais atualmente chamada de período de transição menopausal, é definida pelo início dos sintomas climatéricos até 12 meses após o término das menstruações (CAMARGO; CARDOSO, 2015). Durante a fase intermediária e posterior da vida adulta ocorre perda gradativa de células e o metabolismo celular é reduzido lentamente, acarretando mudança na capacidade de desempenho de diversos sistemas e órgãos. Essas mudanças, físicas e mentais, podem ocorrer rapidamente em alguns indivíduos e lentamente em outros, de acordo com cada organismo as mudanças serão maiores ou menores (ROSSI et al.,2015). O aumento da expectativa de vida leva a uma maior preocupação com a saúde e a qualidade de vida mesmo de pessoas ainda não idosas, com o intuito de viver mais e de viver bem, preocupados com o envelhecimento, principalmente, com a diminuição das incapacidades e dependências. O exercício, a dieta, o controle de massa corporal e hábitos de vida adequados podem melhorar a qualidade de vida, prevenindo ou minimizando as mudanças decorrentes do processo de envelhecimento. Sabe-se que atualmente, as mulheres têm se preocupado mais com as mudanças que ocorrem com o seu corpo, inclusive com o aspecto prazeroso do sexo, dissociado da finalidade puramente reprodutiva, a fim de obter uma melhor qualidade de vida, o que significa também ficar livre dos sintomas do climatério que prejudica seu bem-estar geral, tornando evidente a necessidade de atenção nesta área (ALVES et al., 2015) O objetivo desse estudo consistiu na busca de dados científicos sobre climatério e o estado nutricional de mulheres na menopausa, relacionando com a qualidade de vida nessa fase.
. . . ............... Meto dol o g i a . . . . . . . . . .. . . . . . . . Trata-se de uma revisão de literatura integrativa que tem como finalidade reunir e resumir conhecimento científico já produzido sobre o tema investigado. A pesquisa bibliográfica foi realizada em periódicos indexados nos bancos de dados: Nas plataformas CAPES e PubMed. Como critério de inclusão, pesquisaram-se artigos NOVEMBRO 2019
esporte
publicados nos idiomas português, espanhol e inglês no período de 2014 a 2018 em ambas as plataformas. Como critério de exclusão foram descartados estudos que não abordaram o climatério em relação ao estado nutricional, incompletos e indisponíveis gratuitamente. Foram encontrados 35 artigos na plataforma CAPES e uma busca com os mesmos descritores na plataforma PubMed, encontramos 52 artigos. A seguir, limitou-se a busca para dispor apenas dos estudos que apresentassem texto completo no idioma inglês, português, ou espanhol, em forma de artigo e que o assunto principal fosse climatério, estado nutricional e qualidade de vida, permanecendo 9 artigos na CAPES e 9 artigos no PubMed, totalizando 18 artigos.
. . . . . . . . . . R e su lt a d o s e D is c uss õ e s ........
Apresentamos a caracterização das produções científicas identificadas no período de 2014 até o ano de 2018, relacionadas ao Estado Nutricional e Mulheres no Climatério. Alguns autores concluem que as mulheres no climatério tendem a estar com excesso de peso, algumas com sobrepeso outras até obesidade, entre elas uma faixa pequena de mulheres eutróficas. Identificam também o risco de morbimortalidade que esse excesso de peso pode trazer a estas mulheres, com o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. De acordo com Conte et al (2017), destaca a importância do azeite de oliva e a educação nutricional, no tratamento das dislipidemias e também em relação a redução de riscos cardiovasculares, ao melhorar o perfil lipídico em mulheres dislipidêmicas no período do climatério, e que ambas as intervenções são mais eficazes quando associadas, embora existam resultados positivos em relação a diferentes lipoproteínas nas duas intervenções. Já Gonçalves et al (2016), constatou-se que a chance de sobrepeso e obesidade entre mulheres que não possuem casa própria é de duas vezes maior àquela observada entre as mulheres que possuem. Essa variável pode ser entendida como um indicador econômico e refere maior prevalência de sobrepeso e obesidade, como o estudo realizado com 440 mulheres que verificou que rendas mais baixas estavam associadas com excesso de peso. Uma pesquisa realizada com mulheres no climatério revelou que valores de IMC mais altos tiveram associação com NUTRIÇÃO EM PAUTA
19
The Nutritional State of Women in the Climateric
Tabela 1: Caracterização das produções científicas segundo os Autores e ano de publicação, Título do Artigo e Resultados (n=9). Teresina-PI, 2019. Autor e ano
Título
Resultados
Educação nutricional e azeite de A Educação Alimentar e a suplementação de azeite foram capazes de CONTE et al., oliva melhoram a dislipidemia melhorar o perfil lipídico das mulheres com dislipidemia no período do 2017 de mulheres climatéricas climatério. GONÇALVES Sobrepeso e obesidade e fatores Pela análise do IMC, 30,8% apresentaram sobrepeso e 35,2%, obesidade, totalizando 66% de excesso de peso. et al., 2016 associados ao climatério Entre as entrevistadas, de maioria entre 35 e 45 anos, observou-se predominância de mulheres de raça parda e com companheiro marital, com ASSUNÇÃO Qualidade de vida de mulheres menor predominância de sintomas. As mulheres que recebiam entre dois et al., 2017 climatéricas ou mais salários mínimos apresentaram menor intensidade de sintomas, ou mesmo não os apresentaram. Estes fatores podiam estar condicionados ao tipo de atividade exercida ou às condições de trabalho. A amostra foi composta por 102 mulheres, cuja média de idade era Risco cardiovascular avaliado 51,5±7,9 anos. Destas, 41 (40,2%) estava na pré-menopausa e 61 (59,8%) DALLAZEN; pelo índice de conicidade em na pós-menopausa. Todas as participantes possuíam alto risco cardiovasWINKELmulheres no climatério: análise cular pelo índice de conicidade, mas naquelas no período pós-menopausa, MANN; BERcomparativa entre os períodos a média desse índice foi maior em comparação às que estavam na pré-meLEZI, 2017 pré e pós-menopausa nopausa (1,25±0,0 vs.1,19±0,9). Ácido fólico nas mulheres cli- Consumo alimentar de ácido fólico aumentou no grupo experimental (+ BRAVO et al., matério após uma intervenção 7,55μg / dia); enquanto no grupo controle diminuiu (-4,64 μg / dia). Tam2016 nutricional (IEN). bém os níveis séricos do grupo controle diminuíram. Fatores associados à obesidade geral e ao percentual de gordura A prevalência de obesidade, segundo o IMC, foi 32,0%. Na análise bivaFRANÇA corporal em mulheres no clima- riada o nível de atividade física, paridade, anos de estudo e idade associaet al., 2018 tério da cidade de São Paulo, ram-se à obesidade segundo o IMC (p < 0,05) Brasil 91 mulheres foram incluídas, com média de idade de 52,1 anos(40% na pré-menopausa, 60% na pós-menopausa),62,6% apresentavam sobrepeso Relação entre estado nutriou obesidade e 70,3% Risco Cardiovascular Moderado (RCM).A média cional, consumo de alimentos ROSSI et al., da PS foi de 15 pontos, sendo maior em mulheres na pós-menopausa e não nutritivos e percepção do 2018 aquelas que consumiram ansiolíticos. A Pressão Sistólica (PS) não foi estresse em mulheres na peri associada ao índice de massa corporal (IMC) nem à distribuição gordumenopausa rosa. O consumo de comida não nutritiva foi semelhante nos dois grupos, apenas maior consumo de chocolates na pós-menopausa. Após ajuste para características sociodemográficas, não verificou-se assoHOFFMANN Padrões alimentares de mulhe- ciação significativa entre o estado menopáusico e os padrões alimentares. res no climatério em atendimenet al., 2015 to ambulatorial no Sul do Brasil Apenas idade, escolaridade e renda mostraram-se associadas com padrões alimentares.
Fonte: CAPES.
piores escores da escala que avalia a qualidade de vida. (GALLON; WENDER, 2012). Assunção et al (2017), realizou um estudo onde 27 (36%) mulheres apresentaram sobrepeso, e 24 (32%) se enquadraram com estado normal e outras 24 (32%) com
20
NOVEMBRO 2019
obesidade; 73,3% das mulheres analisadas não praticavam nenhum tipo de atividade física. A classificação nutricional e o nível de atividade física apontaram hábitos de vida pouco saudáveis, com maior risco de agravo de sintomas do climatério e desenvolvimento de outras comorbidades, NUTRIÇÃO EM PAUTA
O Estado Nutricional de Mulheres no Climatério
esporte
Tabela 2: Caracterização das produções científicas segundo os Autores e ano de publicação, Título do Artigo, Objetivo e Resultados (n=9). Teresina-PI, 2019. Autor e ano
Título
Resultados
GRYGIELHábitos nutricionais e estresse oxi-GÓRNIAK et dativo na idade pós-menopausa al., 2014 Associações entre ferro dietético e ingestão de zinco e entre ferro LIM et al., 2015 bioquímico e status de zinco em mulheres GRYGIEL-GÓRNIAK et al., 2016 OUDGHIRI et al., 2016 AWANIGATUNGA et al., 2016 GRYGIEL-GÓRNIAK et al., 2017
JUNG et al., 2017
PRENTICE et al., 2017
DELCHIARO et al., 2017 Fonte: PubMed.
Mulheres obesas tinham massa corporal elevada (> 90 kg) e aumento do IMC (35,0 a 29,9 kg / m2), refletindo o segundo grau de obesidade. A ingestão média habitual de ferro e zinco na dieta foi de 10,5 mg/ dia e 9,3 mg/dia respectivamente. Trinta e um por cento desta coorte estavam em risco de ingestões inadequadas de ferro na dieta, e 19% estavam em risco de ingestões inadequadas de zinco na dieta. A idade, a altura e a massa corporal magra das mulheres analisadas Antecedentes Genéticos, Adipocitoforam semelhantes; no entanto, a massa corporal e o conteúdo de cinas e Metabolismo Distúrbios em gordura corporal foram maiores no grupo com distribuição de gorsobrepeso e obesidade na pós-menodura visceral e isso indicou obesidade (IMC 30 kg m-2), enquanto pausa Mulheres os sujeitos ginóides estavam acima do peso. Influência do status de peso na As mulheres apresentaram uma média de IMC igual a 30,2 e 81% saúde física e mental de mulheres da amostra estava com sobrepeso ou obesidade, com uma média de marroquinas na peri-menopausa 96,4 cm de cintura circunferência e uma massa gorda de 42%. A maioria das participantes que relataram ter peso normal aos 18 Comprometimento físico e históanos permaneceram normais ou com transição para excesso de peso rico de peso corporal em mulheres e obesidade no primeiro ano. Quase metade dos participantes que rena pós-menopausa: A Iniciativa de lataram ter excesso de peso aos 18 anos transicionaram para a classe Saúde da Mulher de obesos ou mantiveram um excesso de peso IMC. As associações de dieta gênica em Tanto os fatores nutricionais quanto os genéticos estão relacionados mulheres pos- menopausais com ao perfil lipídico. A identificação da dieta genética é provável que as dislipidemia recentemente diagnos- associações forneçam informações úteis sobre a etiologia da dislipiticada demia pós-menopausa e em tratamento eficaz. Fatores demográficos, estilo de vida A estatura média e o IMC foram de 162,2 cm e 24,5 kg / m2, rese outros fatores em relação aos nípectivamente. A maioria das mulheres era caucasiana (61%) e nunca veis hormonais anti-Müllerianos em fumava (56%). Algumas mulheres (30%) frequentaram a faculdade. mulheres na maioria pré-menopausa Poucos eram usuários atuais de contraceptivos hormonais (4%). tardias Padrão dietético de baixa gordura e O risco de DCV em mulheres na pós menopausa parece ser sensível doença cardiovascular: resultados à mudança para um padrão dietético de baixo teor de gordura e, endo Iniciativa de Saúde da Mulher tre mulheres, inclui tanto o benefício da doença coronariana quanto randomizado julgamento controlado o risco de acidente vascular cerebral. Qualidade de vida, atividade física Dentre as mulheres mais ativas, as que praticam em média 1 hora e perfil nutricional de mulheres na de atividade por dia apresentaram níveis de vitamina D superiores a pós-menopausa com e sem deficiên- 20 ng/mL (76,9%), e as que se expõem ao sol apresentaram níveis cia de vitamina D acima de 30 ng/mL (34,6 %).
como hipertensão arterial. Para Dallazen et al (2017), as mulheres com risco cardiovascular baixo que estavam no grupo pós menopausa apresentaram valores maiores de Circunferência da Cintura (CC) e gordura corporal (%GC) em comparação NOVEMBRO 2019
às do grupo pré menopausa, enquanto que as mulheres com risco cardiovascular elevado no grupo pós menopausa apresentaram médias maiores de % GC, além de alterações bioquímicas em LDL-c, colesterol total e glicose . Com relação ao perfil lipídico e glicêmico das mulheres NUTRIÇÃO EM PAUTA
21
The Nutritional State of Women in the Climateric
deste estudo, observou-se que as do grupo pós menopausa apresentaram valores mais elevados de LDL-c, colesterol total e glicose. O estudo demonstrou a influência do período menopausal, onde as mulheres tem um risco maior de desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis. No estudo realizado por Hoffmann et al. (2015), entre a amostra total, 80% estavam com sobrepeso ou obesidade e 46,5% das mulheres estavam na peri menopausa. O padrão alimentar frutas e verduras apresentou associação significativa com idade, estado nutricional e menopáusico, em que as mulheres que apresentavam maior consumo eram as com maior idade, obesas e menopausadas. O padrão alimentar tradicional mostrou associação significativa com escolaridade, sendo este mais consumido pelas mulheres com escolaridade média. Em um estudo do tipo transversal Conte e Franz (2015), constatou que das 68 avaliadas, 44,12% (30 mulheres) apresentavam excesso de peso, e 36,76% obesidade grau I. É possível afirmar ainda que, 39,71% estavam com algum grau de obesidade, sendo estes resultados preocupantes, onde a população de estudo apresenta uma alta prevalência para ambas as classificações. Em relação à classificação do perímetro da cintura, constataram que 166 mulheres (79,04%) apresentaram valores de circunferência muito elevados. O que reflete em um alto risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e um pior prognóstico do estado nutricional, além do risco no desenvolvimento da síndrome metabólica, já que a circunferência da cintura é um dos critérios para diagnóstico desta síndrome. A Tabela 2 mostra uma prevalência de mulheres com uma média de IMC igual a 30kg/m², ou seja, a maioria está entre sobrepeso ou obesidade, com uma média de 96,4 cm de circunferência da cintura e uma massa gorda de 42%.Sobre a ingestão de micronutrientes principalmente ferro e zinco, a ingestão era inadequada e com deficiência de vitamina D, vitamina esta de suma importância nessa fase de vida. Entre os resultados foi possível observar que tanto os fatores nutricionais quanto os genéticos estão relacionados ao perfil lipídico. Segundo Górniak et al (2014), mulheres obesas tinham massa corporal elevada (>90 kg) e IMC aumentado (29,9 e 35,0 kg/m²) classificados como obesidade grau II. A massa gorda demonstrou grandes diferenças na quantidade de tecido adiposo, entre pacientes visceralmente obesos em relação aos magros. Os parâmetros lipídicos (CT, LDL e TGs) foram maiores e os de HDL foram menores em indivíduos obesos comparados com os
22
NOVEMBRO 2019
magros. A análise das frações lipídicas revelou hipercolesterolemia apenas em mulheres obesas. Em relação ao consumo de energia o estudo mostrou que a dieta era desequilibrada em ambos os grupos e caracterizadas pelo excesso no consumo de proteínas e gordura saturada. Os ácidos graxos ultrapassaram os valores recomendados (8% a 10%), entretanto, na dislipidemia os valores de referência devem ser menores que 7% da ingestão de energia. Além disso, o consumo de colesterol ultrapassou duas vezes o valor sugerido em recomendações nutricionais. O suprimento de carboidratos foi maior no grupo obeso e cumpriu o nível de ingestão aceito, atingiu cerca de 52% da ingestão de energia (incluindo uma quantidade adequada de sacarose). A ingestão média de fibra dietética estava perto do limite inferior do intervalo de referência de 20 a 40 g / d em ambos os grupos (GÓRNIAK et al., 2014). Os parâmetros antropométricos de dislipidemia em sujeitos normolipidêmicos foram comparáveis em ambos os grupos. Todas as mulheres tinham excesso de peso (IMC> 25 kg / m²) e caracterizada com distribuição visceral de gordura (WC> 80 cm). Além das diferenças no nível de LDL (usado como variável para classificar os pacientes como normolipidêmicos ou dislipidêmica) também observamos as diferenças em Colesterol Total (TC), Triglicerídeos (TG), e colesterol não-HDL entre os grupos analisados. O produto de acumulação lipídica (LAP) foi significativamente maior grupo dislipidêmico. A ingestão de energia como gordura total e ácidos graxos saturados (SFA) expressos em porcentagem do total de energia ingestão e analisados individualmente foram maiores nas mulheres dislipidêmicas. A ingestão dietética de colesterol foi maior no grupo dislipidêmico, enquanto a relação entre PUFA e SFA foi menor (GÓRNIAK et al., 2017). O estudo revelou que mulheres obesas possuem um maior risco de desenvolvimento de dislipidemias em relação às mulheres magras, possuindo as frações de colesterol ruim aumentados em contrapartida ao colesterol bom reduzido. A ingestão alimentar reflete tudo isso, pois há um consumo ultrapassado da ingestão adequada de colesterol e carboidratos, o que está diretamente ligado ao aumento nos níveis de colesterol e triglicerídeos. Segundo Rizzo et al. (2013), os anos anteriores a menopausa, as mulheres podem ganhar cerca de 0,8 kg/ ano, aumento este que, logo após a menopausa, pode corresponder a 20% da gordura total do corpo. Entretanto, a maior tendência de ganho de peso após a menopausa parece não estar relacionada somente à deficiência de estrogênio, mas principalmente a ingestão de alimentos suNUTRIÇÃO EM PAUTA
esporte
O Estado Nutricional de Mulheres no Climatério
perior às necessidades energéticas da mulher nessa faixa etária, pela redução do metabolismo basal. O estudo de Prentice et al. (2017), revelou que a diminuição no consumo de gorduras, teve influência em relação as frações lipídicas, mas em contrapartida o aumento no consumo de carboidratos, elevou os triglicérides já que o aumento desta fração lipídica está diretamente relacionada com o consumo de carboidratos, e principalmente os de alto índice glicêmico. O estudo também demonstrou que mulheres em uso de medicamentos para a redução do colesterol, teve influência na perda de peso em relação as mulheres que não utilizavam estes medicamentos. Para Delchiaro et al. (2017), os níveis de vitamina D e menor percentual de gordura corporal são exibidos por mulheres na pós-menopausa que realizam mais atividade e jardinagem em ambientes externos. Em geral, esta atividade é realizada ao ar livre, que aumenta a exposição à luz solar e consequentemente aumenta Níveis de 25 (OH) vitamina D. O equilíbrio entre os nutrientes se faz indispensável na manutenção dos processos biológicos. O cálcio e a vitamina D são elementos fundamentais ao organismo que devem ser considerados e ingeridos em quantidades adequadas a fim de impedir patologias em consequência das suas deficiências.
. . . ................ C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Os estudos evidenciam que as mulheres que estão na fase do climatério apresentam sobrepeso de acordo com o IMC ou obesidade abdominal, que é um dos fatores que predispõe doenças crônicas não transmissíveis. Em relação à dieta foi possível observar que era desequilibrada e caracterizada pelo excesso no consumo de proteínas e gordura saturada, com isso revelou que mulheres obesas possuem um maior risco de desenvolvimento de dislipidemias em relação às mulheres magras, possuindo as frações de colesterol ruim aumentadas e colesterol bom reduzido. Conclui-se que diagnosticar precocemente e principalmente, prevenir a obesidade são fatores importantes para a redução da morbimortalidade nesta fase da vida da mulher, aumentando a duração e melhoria da NOVEMBRO 2019
qualidade de vida, além de estar diretamente ligada as relações sociais e a autoestima que é bastante afetada. É necessária a conscientização das mulheres de se manter no peso adequado, promover estilo de vida saudável, onde se preza pela alimentação saudável tanto no decorrer da vida quanto nesta fase, assim como a prática de atividade física.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores
Profa. Dra. Liejy Agnes dos Santos Raposo Landim - Doutoranda em Alimentos e Nutrição/UFPI. Mestre em Alimentos e Nutrição/UFPI. Especialista em Nutrição Clínica nas Doenças Crônicas não transmissíveis/ UNESC. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina, PI, Brasil. Hielma da Costa Silva Nascimento; Ivana de Macêdo Vieira do Nascimento - Graduandas em Nutrição, Centro Universitário Santo Agostinho. Prof. Dean Douglas F. de Olivindo – Enfermeiro. Mestre em enfermagem. Especialista em saúde da criança e do adolescente. Especialista em formação pedagógica na área de enfermagem e especialista em saúde da família. Docente do Centro Universitário Santo Agostinho – UNIFSA, Teresina, PI, Brasil.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ PALAVRAS-CHAVE: Climatério. Estado Nutricional. Qualidade de Vida. KEYWORDS: Climateric. Nutritional Status. Quality of Life.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ RECEBIDO: 24/5/19 - APROVADO: 10/11/19
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ REFERÊNCIAS
ALVES, E. R. P. et al. Climacteric: intensity of sympNUTRIÇÃO EM PAUTA
23
The Nutritional State of Women in the Climateric
toms and sexual performance. Texto & Contexto - Enfermagem, [s.l.], v. 24, n. 1, p.64-71, mar. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/0104-07072015000590014. ASSUNÇÃO, D. F.S. et al. Qualidade de vida de mulheres climatéricas. Rev Soc Bras Clin Med., Belém, p.80-83, 2017. BRAVO, M. L R. G. et al. Ácido fólico em mujeres climatéricas después de una intervención nutricional. Diaeta, B.aires, p.20-27, 2016. CAMARGO, M. J. G.; CARDOSO, M. R. Percepções sobre as mudanças nas atividades cotidianas e nos papéis ocupacionais de mulheres no climatério. Cad. Ter. Ocup. Ufscar, São Carlos, v. 23, n. 3, p.553-569, 2015. Disponível em: CONTE, F. A. et al. Educação Nutricional E Azeite de Oliva Melhoram a Dislipidemia de Mulheres Climatéricas. Revista de Enfermagem: Ufpe On Line, Recife, V. 11, N. 8, P.3100-3107, 2017. CONTE, F. A; FRANZ, L. B. B. Estado nutricional e de saúde em mulheres pós-menopausa. Saúde Santa Maria, Catuípe - RS, v. 41, n. 1, p.85-92, 2015. DALLAZEN, F.; WINKELMANN, E. R; BERLEZI, E. M. Risco cardiovascular avaliado pelo índice de conicidade em mulheres no climatério: análise comparativa entre os períodos pré e pós-menopausa. Scientia Medica, [s.l.], v. 27, n. 4, p.2-6, 18 dez. 2017. http://dx.doi.org/10.15448/19806108.2017.4.28268. DELCHIARO, A. et al. Evaluation of Quality of life, Physical Activity and Nutritional Profile of Postmenopausal Women with and without Vitamin D Deficiency. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia [s.l.], v. 39, n. 07, p.337-343, 16 jun. 2017. http://dx.doi.org/10.1055/s-0037-1603892. FRANÇA, A.P et al. Fatores associados à obesidade geral e ao percentual de gordura corporal em mulheres no climatério da cidade de São Paulo, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, [s.l.], v. 23, n. 11, p.3577-3586, nov. 2018. http://dx. doi.org/10.1590/1413-812320182311.26492016. GALLON, C. W; WENDER, M. C. O. Estado Nutricional e Qualidade de Vida da Mulher Climatérica. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia,[s.l.],v. 34, n.4, p.175-183, abr. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/s010072032012000400007. GONÇALVES, J. T. T et al. Sobrepeso e obesidade e fatores associados ao climatério. Ciência & Saúde Coletiva, [s.l.], v. 21, n. 4, p.1145-1156, abr. 2016. http://dx.doi. org/10.1590/1413-81232015214.16552015. Cientifica Y Tecnologica (CONICYT). http://dx.doi.org/10.4067/s071775262007000600005. GÓRNIAK, B G et al. Genetic Background, Adipocytokines, and Metabolic Disorders in Postmenopausal Overweight and Obese Women. Biochemical Genetics, [s.l.], v. 54,
24
NOVEMBRO 2019
n. 5, p.636-652, 31 maio 2016.Springer Nature.http://dx.doi. org/10.1007/s10528-016-9743-z. GÓRNIAK, Bogna Grygiel et al. Nutritional habits and oxidative stress in postmenopausal age. Original Article. Poznan, p. 298-305. abr. 2014. GÓRNIAK, B. G. et al. The gene diet associations in postmenopausal women with newly diagnosed dyslipidemia. The Journal of Nutrition, Health & Aging. Poznan, p. 10311037. set. 2017. HOFFMANN, M. et al. Padrões alimentares de mulheres no climatério em atendimento ambulatorial no Sul do Brasil. Ciência & Saúde Coletiva, [s.l.], v. 20, n. 5, p.1565-1574, maio 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx. doi.org/10.1590/1413-81232015205.07942014. http://dx.doi. org/10.4322/0104-4931.ctoAO0574 . Acesso em: 13. maio. 2019. JUNG, S. al. Demographic, lifestyle, and other factors in relation to antimüllerian hormone levels in mostly late premenopausal women. Fertility and Sterility, [s.l.], v. 107, n. 4, p.1012-1022, abr. 2017. Elsevier BV. http://dx.doi. org/10.1016/j.fertnstert.2017. LIM, K. et al. Associations between Dietary Iron and Zinc Intakes, and between Biochemical Iron and Zinc Status in Women. Nutrients, [s.l.], v. 7, n. 4, p.2983-2999, 20 abr. 2015.MDPI AG.http://dx.doi.org/10.3390/nu7042983. OUDGHIRI, D. E. al. Influence of weight status on physical and mental health in Moroccan perimenopausal women. Pan African Medical Journal, [s.l.], v. 23, p.1-12, 2016. Pan African Medical Journal.http://dx.doi.org/10.11604/ pamj.2016. PRENTICE, R L et al. Low-fat dietary pattern and cardiovascular disease: results from the Women’s Health Initiative randomized controlled trial. The American Journal Of Clinical Nutrition, EUA, v. 106, p.35-43, 2017. RIZZO, A.C.B.; et al. Metabolic syndrome risk factors in overweight, obese, and extremely obese brazilian adolescents. Nutri Journal,12(19), 2013. ROSSI, L.; CARUSO, L.; GALANTE, A. P. Avaliação Nutricional: Novas Perspectivas. 2.ed. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. ROSSI, M. et al. Relación entre estado nutricional, consumo de alimentos no nutritivos y percepción de estrés em mujeres perimenopáusicas. Revista Chilena de Nutrición, [s.l.], v. 45, n. 2, p.105-111, 2018. WANIGATUNGA, A. al. Physical impairment and body weight history in postmenopausal women: the Women’s Health Initiative. Public Health Nutrition, [s.l.], v. 19, n. 17, p.3169-3177, 8 jun. 2016. Cambridge University Press (CUP). http://dx.doi.org/10.1017/s1368980016001415. NUTRIÇÃO EM PAUTA
pediatria
Evaluation of the Nutritional Status of Paediatric Fibrocystic Patients Treated at the Outpatient Clinic in the Ambulatory of a University Hospital in Belém / PA
Avaliação do Estado Nutricional de Pacientes Pediátricos Fibrocísticos Atendidos no Ambulatório de um Hospital Universitário em Belém/PA
RESUMO: Introdução: A fibrose cística pode ocasionar uma série de adversidades de ordem nutricional. Objetivo: Avaliar o estado nutricional de pacientes pediátricos fibrocísticos atendidos no ambulatório de um hospital universitário em Belém/PA. Métodos: Estudo descritivo, de corte transversal. Utilizou-se a antropometria para avaliação do estado nutricional e os parâmetros propostos pelas curvas da tabela de escore-Z para diagnóstico. Aplicou-se o teste qui-quadrado (χ2) para comparação de proporções, adotou-se o nível de significância de 5% (p<0,05) para todos os testes estatísticos. Resultados: a amostra foi composta por 79 pacientes, sendo 54,43% meninos. Observou-se que a maioria apresentava infecções e internações frequentes. O motivo mais frequente de internação foi asma com 54,43%. Com relação ao estado nutricional foram mais prevalentes eutroficos (p<0.0001). Conclusão: Apesar dos percentuais de adequação é fundamental considerar a prevalência de déficit nutricional, visto que se associa à degradação da função pulmonar e consequente atenuação da sobrevida.
NOVEMBRO 2019
ABSTRACT: Introduction: Cystic fibrosis may cause a series of nutritional adversities. Aim: To evaluate the nutritional status of paediatric fibrocystic patients treated at the outpatient clinic in the ambulatory of a university hospital in Belém/PA. Methods: Descriptive, cross-sectional study. Anthropometry was used to evaluate the nutritional status and the parameters proposed by the curves of the Z-score table for diagnosis. The Chi-square test (χ2) was applied to compare proportions; the significance level of 5% (P < 0.05) was adopted for all statistical tests. Results: The sample consisted of 79 patients, 54.43% boys. It was observed that most of them presented frequent infections and hospitalizations. The most frequent reason for hospitalization was asthma with 54.43%. Regarding nutritional status, the most prevalent were Eutrophic (P <0.0001). Conclusion: Despite the percentages of adequacy, it is essential to consider the prevalence of a nutritional deficit, since it is associated with the degradation of pulmonary function and consequent attenuation of survival
. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o
. . . . . . . . . . ........
A Fibrose Cística (FC) consiste em uma desordem autossômica recessiva, tal qual, prejudica diversos NUTRIÇÃO EM PAUTA
25
Avaliação do Estado Nutricional de Pacientes Pediátricos Fibrocísticos Atendidos no Ambulatório de um Hospital Universitário em Belém/PA sistemas do organismo em virtude da perturbação na função das glândulas exócrinas nas quais passa a se encontrar acúmulo anormal de secreção espessa, purulenta e aderente que obstruí ductos e glândulas de diversos órgãos, ocasionando diversas anormalidades (HAUSCHILDA et al., 2018; GOSS; BURNS, 2007). Dentre as principais disfunções ocasionadas pela FC destacam-se: desequilíbrio energético, alterações na circulação entero-hepática de sais biliares, má absorção dos nutrientes e metabolismo aumentado os quais apresentam impacto direto no estado nutricional destes indivíduos (HAACK; NOVAES, 2012). Alterações no estado nutricional na FC estão associadas à degradação da função pulmonar e consequente atenuação da sobrevida (KONSTAN et al., 2003) sendo portanto um importante indicador do prognóstico destes pacientes (HAACK; NOVAES, 2012; TURCK et al., 2016). Estando relacionada ainda à ocorrência de infecções, demora no período da cicatrização, além de influenciar o tempo de internação e favorecer a frequência destas que culmina em piora do estado nutricional, ocasionando na maioria das vezes óbito precoce (PILEGGI et al., 2016). Embora seja difícil quantificar a prevalência de alterações nutricionais entre pacientes pediátricos fibrocísticos, estudos sugerem que cerca de 50% tenham comprometimento do estado nutricional sendo a desnutrição a mais prevalente (HAUSCHILDA et al., 2018). Segundo a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) e a Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN), houve redução significativa nas taxas de desnutrição entre os anos de 1989 e 2006. Contudo, a Comissão Nacional de População e Desenvolvimento (CNPD) recomendou que novas pesquisas fossem realizadas para avaliar os percentuais atuais de alteração a fim de acompanhar a eficácia do Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que alterações no estado nutricional continuam a ser um problema relevante, principalmente, entre as regiões Norte e Nordeste (MAGALHÃES et al., 2013). A antropometria é o método mais utilizado para verificação de alterações nutricionais entre pacientes com FC, visto que se associa à função pulmonar e à sobrevida, constituindo-se como um método não invasivo, de baixo custo e fácil aplicação, tal qual se obtém resultados satisfatórios (HAUSCHILDA et al., 2018). A classificação do estado nutricional de crianças é realizada a partir da avaliação dos parâmetros propostos pelas tabelas de Escore-Z indicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e aprovado pelo Ministério da Saúde (MS), que dispõe a avaliação de Peso para Idade (P/I), Peso para Compri-
26
NOVEMBRO 2019
mento (P/C), Peso para Estatura (P/E), Índice de Massa Corporal para idade (IMC/I) e Estatura para Idade (E/I) (SISVAN, 2011). Assim, é imprescindível avaliar o estado nutricional de pacientes pediátricos fibrocísticos para que sejam identificadas alterações nutricionais, a fim de auxiliar no cuidado e assistência dos desequilíbrios nutricionais precocemente e efetivamente. Logo, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o estado nutricional de pacientes pediátricos fibrocísticos atendidos no ambulatório em um hospital universitário em Belém/PA.
. . . . . . . . . . Mate r i a l e Mé to d o s . . . . . . ........ Estudo descritivo, de corte transversal, realizado com 79 crianças atendidas no ambulatório de fibrose cística do Hospital Universitário João de Barros Barretos em Belém/PA no período de dezembro de 2018 a março de 2019. Foram incluídas no estudo crianças de ambos os sexos, na faixa etária de 1 a 12 anos de idade, as quais apresentavam condições físicas para realização de medidas antropométricas e tiveram o termo de assentimento assinado pelo responsável legal, tal qual foi esclarecido sobre os objetivos, metodologia, riscos e benefícios do estudo. Para avaliação antropométrica foram aferidos peso e estatura utilizando técnicas padronizadas e com equipamentos calibrados (FAGUNDES et al., 2004). As crianças <2 anos foram avaliadas utilizando-se balança Filizola pediátrica com capacidade de 16Kg. Na aferição de estatura, por sua vez, utilizou-se estadiômetro horizontal de madeira com subdivisões em milímetros. Para aferições de medidas de crianças >2 anos, utilizou-se uma balança Filizola do tipo plataforma com capacidade para 150 kg, tal qual apresentava estadiômetro acoplado, com a haste medindo 2,00 metros, com leitura em centímetros. Para o diagnóstico nutricional utilizou-se os parâmetros propostos pelas curvas da tabela de escore Z, sendo considerado para crianças com idade inferior a 2 anos: a avaliação de P/C; para crianças entre 2 - 4 anos: P/E; para criança entre 5 - 10 anos: P/I; e, por fim, para crianças >10 anos: IMC/I. Para determinação do perfil clínico, foram realizadas consultas nos prontuários das crianças entrevistadas, os dados foram coletados utilizando um questionário próprio elaborado pela equipe de pesquisa. Os dados coletados foram tabulados em prograNUTRIÇÃO EM PAUTA
pediatria
Evaluation of the Nutritional Status of Paediatric Fibrocystic Patients Treated at the Outpatient Clinic in the Ambulatory of a University Hospital in Belém / PA ma Microsoft Office Excel2009® e analisados no softwareBioestat versão 5.0. Foi realizada a análise descritiva e inferencial dos dados. Foi aplicado o teste qui-quadrado (χ2) para comparação de proporções, visando identificar uma possível diferença entre as categorias das variáveis avaliadas. Adotou-se o nível de significância de 5% (p<0,05) para todos os testes estatísticos. Esta pesquisa é parte de um projeto intitulado “Perfil Nutricional e Alimentar de Crianças Atendidas no Programa de Fibrose Cística em Um Hospital Universitário” seguindo, para a sua realização, as normas de pesquisas envolvendo seres humanos (Resolução n° 466/2012) do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e teve início somente após aprovação pelo comitê de ética em pesquisa do Hospital Universitário João de Barros Barreto/UFPA sob o parecer CEP/CONEP/MS 2.262.508.
mais frequente foi asma com 54,43%, seguido de indeterminação na causa com 27,85%.
. . . ................ R esu lt a do s . . . . . . . . . . .. . . . . . . .
Nota: *HIV - Human Immunodeficiency Virus; Fonte: Dados da Pesquisa.
De acordo com as características gerais da amostra deste estudo, constatou-se que 54,43% (n-43) eram do sexo masculino e 45,57% (n-36) do sexo feminino. Quanto à faixa etária, verificou-se que 53,16% (n-42) possuíam de 01 a 06 anos, enquanto os demais (46,84%; n-37) tinham idade entre 07 e 12 anos. Conforme a tabela I, que especifica a análise clínica dos pediátricos, 60,76% não possuía dificuldade para alimentar e 59,49% recebiam suplementação nutricional, se caracterizando como fatores relevantes para a manutenção do estado nutricional destes pacientes. Por outro lado, 72,15% e 68,35% apresentavam, respectivamente, infecções e internações frequentes, representando riscos para o declínio clínico-nutricional.
Tabela I – Perfil clínico de crianças hospitalizadas
em um Hospital Universitário em Belém/PA. Análise clínica
Infeção frequentes Internação frequente Suplementação nutricional Dificuldade para se alimentar
Sim
Não
N
%
N
%
57 54 47 31
72,15 68,35 59,49 39,24
22 25 32 48
27,85 31,65 40,51 60,76
Fonte: Dados da Pesquisa.
A tabela II demonstra os principais motivos de internação dos fibrocísticos. Constatou-se que o motivo NOVEMBRO 2019
Tabela II – Motivos de internação hospitalar de
crianças em um hospital universitário em Belém/ PA. Motivo de internação
N
%
Asma Doença de Chagas HIV Hepatite Meningite Tumor Pneumonia Indeterminado Total
43 3 2 1 1 1 6 22 79
54.43 3.80 2.53 1.27 1.27 1.27 7.59 27.85 100.00
No que se refere ao estado nutricional, houve diferença estatisticamente significativa para o estado nutricional de eutrofia para todas as faixas de idade anos com 83,33%; 2 - 4 anos com 87,50%; 5 - 10 anos com 86,48%; e > 10 anos com 75%) (Tabela III).
Tabela III – Classificação do estado nutricional a
partir do Escore-Z de crianças em um hospital universitário em Belém/PA. Faixa etária <2anos
Diagnostico
N
%
Eutrofia
5
83.33
Baixa Estatura
1
16.67
21 2 1 32
87.50 8.33 < 0.0001* 4.17 86.48
Baixo Muito baixo
2 1
5.405 < 0.0001* 2.703
Elevado
2
5.405
Eutrofia Magreza Risco de Sobrepeso
9 1 2
75.00 8.33 < 0.0001* 16.67
Eutrofia 2 a 4anos Risco de Sobrepeso Magreza Acentuada Adequado 5 a 10anos
>10anos
P < 0.0001*
Nota: *Teste Qui-quadrado de Pearson: p< 0,05 – diferença significativa; Fonte: Dados da Pesquisa.
NUTRIÇÃO EM PAUTA
27
Avaliação do Estado Nutricional de Pacientes Pediátricos Fibrocísticos Atendidos no Ambulatório de um Hospital Universitário em Belém/PA
. . . ................ Dis c uss ã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . As variáveis sobre as características gerais da população se mostraram semelhantes às encontradas em estudos epidemiológicos. No estudo de Silva et al. (2018) realizado com pacientes pediátricos fibrocísticos em um Centro de Referência no Espírito Santo identificou que 63,2% da amostra também eram pediátricos do sexo masculino. Outros dois estudos realizados em centros de referência obtiveram resultados semelhantes aos desta pesquisa, nos quais se identificou prevalência do sexo masculino (NERY; BERGAMASCHI; FILHO, 2019; LOPES, 2014). É importante ressaltar que pesquisas entre associação de gênero e incidência de FC ainda são reduzidas, necessitando de investigações aprofundadas. Com relação às internações hospitalares, estudo realizado em um centro de referência obteve resultados semelhantes onde se evidenciou que 72,22% da amostra possuíam história de internações hospitalares recorrentes (LOPES, 2014). A respeito dos principais motivos de internação, um estudo realizado com crianças de 0 a 3 anos identificou que as doenças do aparelho respiratório resultam na principal causa de internação neste grupo de indivíduos, acometendo 40,3% do grupo estudado (OLIVEIRA et al., 2010). Outro estudo realizado com crianças de diversas faixas etárias identificou que doenças agudas (67,6%) se encontravam entre as mais frequentes causas de internação, sendo os diagnósticos de broncopneumonias, pneumonia e outras afecções do trato respiratório (35,4%) as mais frequentes estre estes (PILEGGI et al., 2016). Complementando estas assertivas, uma revisão sistemática dispôs em seus resultados que as doenças respiratórias se encontram entre as principais causas de internações nas crianças brasileiras, destacando-se a asma e pneumonia (PEDRAZA; ARAÚJO, 2017). Com relação à avaliação do estado nutricional a partir da antropometria, constata-se que os dados desta pesquisa corroboram com estudos atuais da literatura científica, nos quais se observam prevalência de eutrofia para os parâmetros propostos pela tabela de Escore-Z. Como disposto no estudo de Silva et al.(2018), no qual 89,5% da amostra estudada encontrava-se eutrófica em todos os parâmetros abordados. Outro estudo, em que se utilizou a mesma análise estatística realizando divisão estratégica do total amostral entre: lactentes (<2 anos), pré-escolares (2 a 4 anos), escolares (5 a 10 anos) e adolescen-
28
NOVEMBRO 2019
tes (>10 anos) observaram-se prevalência de eutrofia em todos os parâmetros estudados com percentuais de adequação de 60%, 80%, 40% e 40%, respectivamente (NERY; BERGAMASCHI; FILHO, 2019). Um estudo realizado em um hospital universitário, tal qual, avaliou o perfil antropométrico a partir das tabelas de Z-score, constatou-se nos resultados destes que foram mais prevalentes crianças sem risco nutricional nos parâmetros de P/I, E/I e P/E (LOPES, 2014). Esses percentuais de adequação são reflexos de modificações positivas ocorridas no setor da saúde nos últimos anos. Diversos estudos demostram melhoras no setor público de saúde, principalmente no que se refere à avaliação nutricional para prevenção e manejo de alterações nutricionais. Essas evoluções colaboram para precoce e efetiva identificação de fatores de risco para desnutrição durante o atendimento ambulatorial, auxiliando – consequentemente na melhora prognóstica e consequente diminuição de morbimortalidade entre pacientes fibrocísticos pediátricos (PAIM, 2018). Porém verifica-se ainda a ocorrência de complicações nutricionais entre pacientes pediátricos fibrocísticos, tal como demostrado em uma pesquisa recente em que a desnutrição esteve presente entre diversos ciclos da infância sendo mais frequente entre Pré-escolares e escolares com valores respectivos de 10% e 40% (NERY; BERGAMASCHI; FILHO, 2019).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . ........ De acordo com dados da pesquisa, houve prevalência significativa para diagnóstico nutricional de eutrofia independente da faixa etária e dos diversos parâmetros propostos pelas curvas da tabela de escore Z (P/C, P/E, P/I e IMC/I) em pediátricos portadores de FC. Observou-se ainda que boa parte da amostra referiu se alimentar sem dificuldade e que faziam uso de suplementação. É importante destacar que não se deve negligenciar o pequeno percentual amostral de déficit nutricional, visto que a desnutrição é muito evidenciada nesta população e pode comprometer diversos aspectos clínicos e nutricionais, como desenvolvimento do comprimento/estatura, da função imunológica e cognitiva e consequentemente, sua qualidade de vida. Nesse contexto, é imprescindível o monitoramento e assistência nutricional adequada, a fim de se identificar alterações nutricionais precocemente, NUTRIÇÃO EM PAUTA
Evaluation of the Nutritional Status of Paediatric Fibrocystic Patients Treated at the Outpatient Clinic in the Ambulatory of a University Hospital in Belém / PA evitando longos períodos de internação e frequência de retornos. Possibilitando assim, redução de morbimortalidades e de custos ao sistema de saúde.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sobre os autores
Alícia Gleides Fontes Gonçalves; Luana Silva Batista - Acadêmicas do Curso de Graduação em Nutrição - Universidade Federal do Pará Ana Carolina Nascimento Casseb da Silva - Acadêmica do Curso de Graduação em Nutrição - Faculdade Uninassau Taciane Soares Ferreira Novaes; Sâmara Araújo dos Reis - Acadêmicas do Curso de Graduação em Nutrição - Faculdade Universidade da Amazônia Dra. Aldair da Silva Guterres - Nutricionista, Hospital Universitário João de Barros Barreto, Universidade Federal do Pará Dra. Rosileide de Souza Torres - Nutricionista, Hospital Universitário João de Barros Barreto, Universidade Federal do Pará Dra. Samara da Silva Queiroz - Nutricionista, Universidade Federal do Pará
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . PALAVRAS-CHAVE: Antropometria. Pediátricos. Estado Nutricional KEYWORDS: Anthropometry. Paediatrics. Nutritional status.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . RECEBIDO: 5/8/2019
-
APROVADO: 10/11/19
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS
FAGUNDES, A.A. et al. Vigilância alimentar e nutricional – SISVAN: orientações básicas para a coleta, processamento, análise de dados e informação em serviços de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 119p. 2004. GOSS, C.H.; BURNS, J.L. Exacerbations in cystic fibrosis. 1: Epidemiology and pathogenesis. Thorax. 62:360-7; 2007. http://dx.doi.org/10.1136/thx.2006.060889.
NOVEMBRO 2019
pediatria
HAACK, A.; NOVAES, M.R. Multidisciplinary care in cystic fibrosis: a clinical-nutrition review. Nutr Hosp. 27:362-71. 2012 HAUSCHILDA, D.B. et al. Associação do estado nutricional com função pulmonar e morbidade em crianças e adolescentes com fibrose cística: coorte de 36 meses. Rev Paul Pediatr. 36(1):31-38; 2018. http://dx.doi.org/10.1590/19840462/;2018;36;1;00006. KONSTAN, M.W. et al. Growth and nutritional indexes in early life predict pulmonary function in cystic fibrosis. J.Pediatr.142:624-30, 2003. https://doi.org/10.1067/ mpd.2003.152. LOPES, M.F.L. Perfil nutricional (antropométrico e bioquímico) de crianças atendidas no programa de fibrose cística a nível ambulatorial em um hospital universitário de Belém do Pará. 2014. 60 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Nutrição, Universidade Federal do Pará, Belém, 2014. MAGALHÃES, E.A. et al. Association between length of hospital stay and evolution of nutritional status of children admitted to a university hospital. Demetra. 8(2):103-14. 2013. NERY, L.C.L.; BERGAMASCHI, D.P.; FILHO, L. V.R.F.S. Avaliação do perfil nutricional em pacientes portadores de fibrose cística de acordo com a faixa etária. Rev Paul Pediatr. 37(1):58-64; 2019. http://dx.doi.org/10.1590/19840462/;2019;37;1;00007. OLIVEIRA, B.R.G. et al. Causas de hospitalização no SUS de crianças de zero a quatro anos no Brasil. Rev Bras Epidemiol, 13(2): 268-77; 2010. PAIM, J.S. Sistema Único de Saúde (SUS) aos 30 anos Ciênc. Saúde Colet, 23 (6); 2018. PEDRAZA, D.F.; ARAÚJO, E.M.N. Internações das crianças brasileiras menores de cinco anos: revisão sistemática da literatura. Epidemiol. Serv. Saúde; 26(1) , 2017. http:// dx.doi.org/10.5123/s1679-49742017000100018. PILEGGI, V.N. et al. Prevalence of child malnutrition at a university hospital using the World Health Organization criteria and bioelectrical impedance data. Braz J Med Biol Res.49(3):5012; 2016. http://dx.doi.org/10.1590/ 1414-431X20155012. SILVA, L.A. et al. Qualidade de vida de crianças e adolescentes com fibrose cística: importância da imagem corporal e impacto do estado nutricional, idade e raça/cor na percepção dos pacientes e responsáveis. Demetra. 13(3):675693 2018. https://doi.org/10.12957/demetra.2018.32295. SISVAN: Orientação para coleta e análise de dados antropométricos em serviço de saúde. Brasília, 76 p. 2011. TURCK, D. et al. Guidelines on nutrition care for infants, children, and adults with cystic fibrosis. Clin Nutr.35:557-77; 2016. https://doi.org/10.1016/j. clnu.2016.03.004. NUTRIÇÃO EM PAUTA
29
Application “Nutritioning”, the Technology in Nutritional Evaluation
Aplicativo “Nutricionando”, a Tecnologia na Avaliação Nutricional
RESUMO: Com o avanço tecnológico é visível a necessidade de novas tecnologias que serão utilizadas na automatização de inquéritos alimentares. Os principais ensejos dessas inovações tecnológicas são aumentar a qualidade, consistência e integralidade dos dados e o tempo de aplicação do instrumento. Dessa forma, o objetivo desse artigo é avaliar o aplicativo “nutricionando” por meio de teste piloto com alunos do curso de nutrição, buscando identificar sua aplicabilidade e possíveis melhorias. O aplicativo foi testado por 24 acadêmicos do sexto e sétimo semestre do curso de nutrição de uma Instituição de Ensino do Alto Vale do Itajaí-SC, e avaliado por meio de um questionário semiestruturado, o qual foi analisado com auxílio do Microsoft Excel. Os resultados obtidos foram positivos com respostas que expressaram um excelente grau de satisfação dos participantes, os quais destacaram o áudio, modernidade e praticidade, como um diferencial do aplicativo, sendo ainda uma ferramenta útil e prática ao paciente e ao nutricionista. ABSTRACT: With the technological advance is visible the need for new technologies that will be used in the automation of food inquiries. The main opportunities of these technological innovations are to increase the quality, consistency and integrality of the data and the implementation time of the instrument. In this way, the objective of
30
NOVEMBRO 2019
this article is to present the results of the pilot test of an application designed to modernize, expedite and bring convenience and reliability to food surveys. The application was tested by 24 students from the sixth and seventh semesters of the nutrition course, and evaluated through a semi structured questionnaire, which was analyzed using Microsoft Excel. The results obtained were positive with answers that expressed an excellent level of satisfaction of the participants, who emphasized the audio, modernity and convenience, as a differential of the application, and being a useful and practical tool to the patient and the nutritionist.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o
. . . . . . . . . . ........
A demanda por atendimento nutricional, tanto na rede básica de Saúde quanto em clínicas e consultórios, tem crescido significativamente, em decorrência do aumento da prevalência de doenças crônicas e do reconhecimento de que a adoção de uma dieta saudável representa um dos principais determinantes dessas doenças (CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS, 2008). Os inquéritos alimentares atuais são realizados NUTRIÇÃO EM PAUTA
Aplicativo “Nutricionando”, a Tecnologia na Avaliação Nutricional
manualmente, com a utilização de papel e caneta, o que torna o processo trabalhoso, demorado e sujeito a omissão por parte dos inqueridos. Ainda, quanto ao nutricionista, o abastecimento e processamento de dados se torna demorado e cansativo, aumentando prazo para entrega da intervenção ao paciente/cliente (CURIONI, 2013). A intervenção dietoterápica é comprovadamente reconhecida como tratamento isolado ou coadjuvante de doenças como obesidade, cardiovascular, hipertensão, diabetes melito, osteoporose e câncer. Porém, para que o tratamento nutricional seja eficaz, deve-se partir de um diagnóstico adequado, o que demanda conhecimentos aprofundados sobre os fatores que fundamentam o consumo alimentar individual (FISBERG, 2009). Baldo et al. (2015) e Guillén et al. (2009) destacam que o uso da tecnologia na área da saúde e alimentação possibilita uma oportunidade singular para a promoção de estilo de vida saudável, o tratamento e a prevenção de doenças crônicas, além de valorizar iniciativas de saúde pública, atingindo simultaneamente um grande público e até aumentando a capacidade de personalização das necessidades individuais de saúde. Nesse contexto, as Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) voltadas para a área da saúde, possuem diversas ferramentas que apoiam a estruturação e a organização dos dados e informações, possibilitando o armazenamento, processamento, acesso em tempo real e/ ou remoto e compartilhamento dos mesmos, seja pelos diversos profissionais envolvidos na assistência, bem como, pelo próprio usuário (GUIMARÃES, 2012). Tais tecnologias são consideradas um recurso global, o qual conecta diversos computadores criando uma rede de informações e que permite colaborar com o desenvolvimento e aperfeiçoamento das profissões da saúde (GUIMARÃES, 2012). Nesse contexto, novas tecnologias estão sendo utilizadas na automatização de inquéritos alimentares. Os principais objetivos dessas inovações tecnológicas são aumentar a qualidade, consistência e integralidade dos dados, reduzir os custos, o tempo de codificação dos dados e o tempo de aplicação do instrumento (SOUZA, 2014). Tendo em vista essa evolução tecnológica e abrangência cada vez maior da mesma em relação ao acesso da população, foi desenvolvido um aplicativo de modernização, que propôs agilizar, tornar prático e fidedigno o levantamento e processamento de dados para tomada de decisão do nutricionista. Com isso, o objetivo desse artigo é avaliar o aplicativo “nutricionando” por meio de teste piloto com alunos do curso de nutrição, buscando identiNOVEMBRO 2019
saúde pública
ficar sua aplicabilidade e possíveis melhorias.
. . . . . . . . . . . . . . . . Me to d ol o g i a . . . . . . . . . . . . .......
Trata-se de uma pesquisa transversal, exploratória de análise quantitativa, onde foi realizado o teste piloto para viabilização de um aplicativo de nutrição elaborado com objetivo de fornecer praticidade e agilidade ao nutricionista em seus inquéritos alimentares. Foi desenvolvido um projeto de pesquisa para elaboração de um aplicativo para nutricionistas, o qual foi elaborado com a plataforma de dados de informações nutricionais dos alimentos, tais como a Taco, Tucunduva, USDA, rótulo dos suplementos alimentares, as quais no aplicativo estão interligadas de forma a fornecer a mais fidedigna base de dados sobre o alimento de acordo com a informação passada pelo usuário via sistema de áudio, onde o mesmo verbaliza o que será consumido, o aplicativo processa a informação e a envia ao nutricionista em uma planilha detalhada. O programa cruza os dados obtidos, calcula valores de macronutrientes, micronutrientes, calorias, percentual de ingestão de proteínas, lipídios, carboidratos e fibras. Essas informações são recebidas pelo nutricionista que as utilizará para diagnóstico nutricional, tomada de decisão, prescrição, intervenção ou orientação dietética. O aplicativo ainda pode ser utilizado para desenvolvimento de pesquisas de ingestão alimentar de grupos, regiões ou áreas. Mediante o exposto, pretendeu-se através do teste piloto, validar esse aplicativo. O teste foi realizado com os alunos do curso de nutrição de uma Instituição de Ensino do Alto Vale do Itajaí-SC, do período noturno, que no momento da pesquisa cursavam matérias relacionadas a avaliação nutricional, sendo estes do sexto e sétimo semestre do curso. A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos sob o número de parecer 3.335.821. No dia do teste, os alunos receberam instruções dos pesquisadores de como utilizar a ferramenta, fazendo o registro das informações. Posterior ao teste, os alunos responderam a um questionário semiestruturado que avaliou os pontos positivos e negativos do aplicativo em relação a didática atual, sendo que estes tinham como opção NUTRIÇÃO EM PAUTA
31
saúde pública
Evaluation of Hygienic Sanitary Conditions of Salmon Sashimis Marketed in Japanese Cuisine Establishments in Ceilândia-DF
de escolha respostas como excelente, ótimo, bom, regular, ruim ou péssimo. As questões com opções diferentes ou respostas abertas estão expressas nos resultados e discussões. Os alunos participantes assinaram o TCLE- Termo de Consentimento e Livre Esclarecido. A análise dos dados se deu através da utilização do Microsoft Excel, onde os dados foram plotados, avaliados e expressos em percentual.
. . . ...... R esu lt a do s e Dis c uss õ es .. . . . . . . .
Atualmente novas tecnologias estão sendo utilizadas na automatização de inquéritos alimentares. Os principais objetivos dessas inovações tecnológicas são aumentar a qualidade, consistência e integralidade, reduzir os custos, o tempo de codificação dos dados e o tempo de aplicação do instrumento (SOUZA, 2014). Em vista disso, o presente estudo foi realizado e aplicado em 24 alunos do Curso de Graduação em Nutrição, matriculados no sexto e sétimo período, os quais responderam a um questionário após a realização do teste piloto. Desses participantes, ao responder o questionário, 91,66% (n=22) responderam excelente, para a capacidade de captação dos resultados expressos pelo aplicativo “nutricionando”, enquanto 8,33%(n=2) responderam bom. Em relação ao questionamento referente a facilidade em acessar os dados, 83,33% (n=20) responderam excelente e 16,66% (n=4) ótimo. Já quando questionados sobre a comparação da metodologia manual em relação ao aplicativo, 95,83% (n=23) relataram preferir utilizar o aplicativo. Na pesquisa de Souza (2014), foi desenvolvido um aplicativo de registro de 24 horas (R24h) para tablets, o mesmo foi testado com 80 voluntários que responderam ao teste manual e no aplicativo, sendo avaliado por 19 nutricionistas, as quais chegaram a conclusão satisfatória da utilização do aplicativo. Dados esses, que vão de encontro à afirmação de Barra (2017), que declara ser possível constatar uma proliferação de tecnologias e aplicativos móveis colaborando para a construção de uma nova modalidade de assistência em saúde. A tabela 1 apresenta a compilação de três questões que demonstram a maior qualidade referida ao apli-
32
NOVEMBRO 2019
cativo, bem como sua comparação com demais aplicativos disponíveis, quando a variável é o tempo para sua utilização.
Tabela 1. Critérios avaliados no teste piloto do
aplicativo “nutricionando”
Perguntas
Respostas
Percentual
Moderno/Prático Qual das seguintes palavras você usaria para descrever Ágil o aplicativo? Fidedigno
66,67%
O registro alimentar pelo Excelente aplicativo atendeu às suas necessidades/ expectativas? Bom
83,34%
Quanto tempo em relação aos aplicativos presentes no mercado foi necessário esperar para registrar as informações?
Muito menos que esperado Menos que esperado Mais que esperado
29,17% 4,16%
16,66% 70,84% 20,83% 8,33%
Fonte: Próprio autor (2018).
Pode-se verificar com esses resultados uma avaliação positiva no uso do aplicativo, sendo este mais moderno, ágil e fidedigno em relação a metodologia manual. Resultados esses que corroboram com o estudo de Baldo et al. (2015) e Liu et al. (2011), que atestaram a agilidade dos processos, avaliação e precisão dos dados quando processados em aplicativos. Quanto ao grau de satisfação com o registro através do aplicativo, 100% (n=24) assinalaram na escala hedônica muito satisfeito, assim como quando questionados sobre dificuldades encontradas, onde 100% (n=24) assinalaram não ter encontrado nenhuma dificuldade, ressaltando a boa aceitação do aplicativo para o público pesquisado. Todavia, Curioni (2013) atenta ao acesso, a motivação e aptidão no manuseio e aos custos operacionais dos usuários (público alvo) de smartfones e tablets, de suma importância na garantia da eficácia desta tecnologia e viabilidade na disponibilização de aplicativos. Ainda assim, ressalta que com a crescente popularização e crescimento dos dispositivos conectados à internet, estas tecnologias são imprescindíveis ao diagnóstico nutricional e gestão da saúde. NUTRIÇÃO EM PAUTA
Aplicativo “Nutricionando”, a Tecnologia na Avaliação Nutricional
Os participantes foram questionados ainda, sobre o grau de satisfação geral com o aplicativo “nutricionando”, sendo que mais uma vez 100% (n=24) dos participantes se mostraram muito satisfeitos. Em relação a resposta dos inqueridos quanto ao que mais gostou no aplicativo, 58,33%(n=14) descreveram agilidade e rapidez, 33,33%(n=8) descreveram como prático e fácil e 8,33% (n=2) citaram a modernidade e o comando de áudio como o ponto que mais chamou a atenção. Pode-se perceber que os aspectos como o comando de áudio, modernidade, praticidade e facilidade, representam um diferencial em relação aos aplicativos que se encontram disponíveis atualmente, uma vez que este, se mostra como uma ferramenta útil e prática ao paciente e ao nutricionista. Já no quesito, o que menos gostou no aplicativo, 91,66 % (n=22) dos participantes não responderam, sendo que 8,23% (n=2) em duas respostas descreveram não haver a tabela de medidas caseiras e o relatório não estar dividido por refeições. Todavia, cabe ressaltar que por se tratar de um teste piloto, realizado com o mínimo produto viável (MVP), apenas as principais funcionalidades foram testadas, e as questões levantadas estão em pauta após aprovação do teste piloto. Segundo Hurlley (2007) apud Araújo (2018) o teste piloto pode ser decisivo tendo em vista que pode revelar falhas sutis na estruturação do projeto ou na implementação do estudo, sendo importante instrumento para o refinamento das decisões metodológicas, principalmente em relação aos procedimentos de coleta de dados e análise deles. Por fim, se verificou a possibilidade, em uma escala de 1 a 10, de se indicar o aplicativo, onde foi obtido o seguinte resultado, 91,66% (n=22) dos participantes assinalaram o número 10, seguidos de 4,16% (n=1) assinalando o número 9, e 4,16% (n=1) assinalando o número 8, atestando que todos inqueridos indicariam o aplicativo, reforçando sua importância e funcionalidade. No estudo de Fares et al. (2012) onde se buscou comparar o estado nutricional da população de duas cidades de regiões diferentes do Brasil, houve a impossibilidade de avaliação concreta dos dados coletados, sendo que na discussão os autores relataram a dificuldade devido à dimensão do município, número de participantes e acesso dificultado, decorrendo na não verificação da ingestão alimentar da amostra selecionada, um aplicativo como o referido neste artigo seria uma ferramenta excelente que enriqueceria os dados, permitiria a realização do estudo de forma mais prática e ampliaria a cobertura do estudo. NOVEMBRO 2019
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . ........
O aplicativo “nutricionando” avaliado no presente estudo, obteve nota excelente em relação a sua proposta de apresentar uma ferramenta de trabalho ágil, moderna, prática e fidedigna aos inquéritos alimentares, confirmando a viabilidade do aplicativo testado e outorgando sequência ao desenvolvimento do projeto, inclusive na melhoria dos pontos citados pelos usuários a serem melhorados, como as medidas caseiras e relatório por refeições, fatores estes já em pauta, não aplicados por se tratar de um teste piloto em mínimo produto viável (MVP). Uma vez que o aplicativo foi testado com futuros nutricionistas com intuito justamente de avaliá-lo em relação a metodologia atual, cabe ressaltar a possibilidade de mais testes com público leigo, levantando questões como familiaridade com tecnologias e motivação ao uso, podendo com isso fortalecer e dar maior cobertura aos resultados obtidos neste estudo. Por fim, destaca-se que o aplicativo “nutricionando” poderá ser uma ferramenta com recursos ilimitados desde o carregamento de informações com todas as tabelas e cruzamentos de dados possíveis, tornando-o mais fidedigno e realista em relação a alimentação atual, com incontáveis funcionalidades, que irão de registro de dados off-line, a serem carregados quando o aparelho estiver em cobertura de rede ou wifi, e de chats ou alertas ao nutricionista e paciente se algo estiver em desacordo, ou seja, uma ferramenta que após os processos de desenvolvimento pode se tornar imprescindível nas tomadas de decisões do nutricionista, nas avaliações nutricionais e para fins de pesquisa.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores
Fernando José de Mello; Marcelo Koch - Acadêmicos do curso de Nutrição da faculdade Metropolitana de Blumenau – FAMEBLU. Profa. Dra. Roseane Leandra da Rosa - Nutricionista, Doutora em Ciências Farmacêuticas, Professora na Faculdade Metropolitana de Blumenau - FAMEBLU. NUTRIÇÃO EM PAUTA
33
Evaluation of Hygienic Sanitary Conditions of Salmon Sashimis Marketed in Japanese Cuisine Establishments in Ceilândia-DF
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
PALAVRAS-CHAVE: Aplicativo. Avaliação Nutricional. Tecnologia. KEYWORDS: Application. Nutritional Evaluation. Technology.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
RECEBIDO: 2/6/19 - APROVADO: 10/11/19
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, A. C. Pressupostos sobre a pesquisa científica e teste piloto. Porto, 2018. Disponível em <http://www. administradores.com.br/artigos/academico/pressupostos-sobre-a-pesquisa-cientifica-e-teste-piloto/109635/> Acesso em 23 setembro 2018. BALDO, C. et al. Diabetes Food Control: Um aplicativo móvel para avaliação do consumo alimentar de pacientes diabéticos. 2015, 12 pág. Dissertação (Mestrado em Nutrição). Universidade Federal de Passo Fundo, Passo Fundo-RS, 2015. BARBOSA, M. L. K.; ROESLER, V.; CAZELLA, S. C. Aplicativos móveis para controle da obesidade e modelagem do emagreça@saudável . 2016, 10 pág. Dissertação (Pós Graduação em Nutrição). CINTED- Universidade Federal do Rio Grande do Sul-UFRGS, Porto Alegre-RS, v.14, 2016. BARRA, D. C. C. et al. Métodos para desenvolvimento de aplicativos móveis em saúde: revisão integrativa da literatura. 2017, 12 pág. (Trabalho de Conclusão de Curso). Universidade federal de Santa Catarina UFSC, Florianópolis, 26 abr. 2017. CONSELHO FEDERAL DOS NUTRICIONISTAS. Diário Oficial da União. Resolução CFN no 417/2008. Dispõe sobre procedimentos nutricionais para atuação dos nutricionistas e dá outras providências. Seção 1:108-109. Brasília (DF); 2008.
34
NOVEMBRO 2019
saúde pública
CURIONI, C. C.; BRITO, F. dos S. B. B.; BOCCOLINI, C. S. O uso de tecnologias de informação e comunicação na área da nutrição. 2013. 9f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva). Instituto de Medicina Social/UERJ, Rio de Janeiro, RJ – Brasil, 2013. FISBERG, R. M; MARCHIONI, D. M. L; COLUCCI, A. C. A. Avaliação do consumo alimentar e da ingestão de nutrientes na prática clínica, São Paulo. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, v. 53, n. 5, p. 617-624, 2009. FARES, D. et al. Fatores associados ao estado nutricional de idosos de duas regiões do Brasil. 2012, 8f. Dissertação (Mestrado em Educação Física). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC, 2012. GUILLÉN, S. et al. New technologies for promoting a healthy diet and active living. Nutrition Reviews. Rockville Pike, Bethesda MD, USA. v. 67, n. 1, p. 107-10, 2009. GUIMARÃES, E. M. P.; GODOY, S. C. B. Telenfermagem: Recurso para assistência e educação em enfermagem. Revista Mineira de Enfermagem v. 16, n. 2, 2012. Disponível em http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/513. Acesso em 28 maio 2018. HOLANDA, L. B; FILHO, A. de A. B. Métodos aplicados em inquéritos alimentares. Revista Paulista de Pediatria, v. 24, n. 1, p. 62-70, 2006. Disponível em <http://www. redalyc.org/pdf/4060/406038915011.pdf> Acesso em 23 setembro 2018. IBGE. Pesquisa por amostra de domicílios, síntese de indicadores. Rio de Janeiro, 2016. Disponível em <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv98887.pdf> Acesso em 28 maio 2018. LIU, C, ZHU, Q., HOLROYD, K. A., SENG, E. K. Status and trends of mobile-health applications for IOS devices: a developer´s perspective. The Journal of Systems and Software. v. 84 p. 2022-2033, 2011. LOURENÇO, P. K. de A. C et al. Comparação de três programas computacionais utilizados na avaliação de recordatórios alimentares 24 horas. Journal of Health Informatics, Rio Grande do Norte, v. 3, n. 1, p. 13 – 8, 2011. OSELAME, C. S. Desenvolvimento de protótipo de aplicativo móvel de android para o controle e acompanhamento nutricional de saúde óssea em mulheres menopáusicas. 2015. 94 pág. Dissertação (Mestrado em Engenharia Biomédica). Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2015. SOUZA, B. T. Aplicativo de recordatório 24 horas pata tablete: gestão do desenvolvimento, avaliação de usabilidade e validação relativa do método. 2014. 4 pág. Dissertação (Mestrado em Nutrição Humana) - Faculdade de Ciências da Saúde, Universidade de Brasília. Brasília, 2014.
NUTRIÇÃO EM PAUTA
Awareness for Consumers from a Universitary Restaurant about Risky Behaviours for Feeding Contamination
food service
Conscientização de Consumidores de um Restaurante Universitário sobre seus Comportamentos de Risco para a Contaminação Alimentar
RESUMO: Nos sistemas de distribuição de refeições centralizado, como no self-service, há também a possibilidade de contaminação das preparações pelos comensais, devido o contato direto com os alimentos presentes no balcão de distribuição. Este estudo foi realizado no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), localizado em Realeza-PR, o qual produz, aproximadamente, 240 refeições por dia. A campanha de educação alimentar e nutricional consistiu-se na exposição fotográfica de material educativo com imagens de maus hábitos praticados pelos frequentadores de restaurantes self-service, já estudados anteriormente por Dall Mago, Ferreira e Fatel, em 2018, no intuito de estabelecer mudanças em relação a esses comportamentos praticados. Os resultados obtidos foram satisfatórios, uma vez que os frequentadores da unidade demonstraram curiosidade e interesse pela exposição. Porém salienta-se que para a realização de campanhas de educação para comensais é necessário a elaboração de materiais educativos NOVEMBRO 2019
com maior dinamismo, sendo estes chamativos, coloridos e com figuras, pois redações muito grandes acaba por reduzir o interesse do público sobre o tema a ser abordado. ABSTRACT: In centralized meal distribution systems, such as in self-service, there is also the possibility of contamination of the preparations by the diners, due to the direct contact with the food present at the distribution counter. This study was executed at the Universitary Restaurant (RU) of the Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), located at Realeza-PR, which produces, approximately, 240 meals in a day. The feeding and nutrition education campaign consisted on the photographic exposition of educational material with pictures portraying the bad habits practiced by the self-service restaurant goers, previously studied by Dall Mago, Ferreira and Fatel, in 2018, in order to stablish changes in relation to these behaviors. The results were satisfactory, since the visitors of the unit showed curiosity and interest in the exhibition. However, it should be emphasized that for education campaigns for clients, it is necessary to produce educational materials with greater dynamism, being these showy, colorful and with figures, because very large essays end up reducing the public’s interest in the subject to be addressed. NUTRIÇÃO EM PAUTA
35
Conscientização de Consumidores de um Restaurante Universitário sobre seus Comportamentos de Risco para a Contaminação Alimentar
. . . .............. Int ro du ç ã o
. . . . . . . . . .. . . . . . . . TOS et al., 2013).
Nos últimos anos no Brasil em decorrência das mudanças dos hábitos alimentares da população, a busca por alimentos prontos e de fácil preparo é cada vez maior. Desta forma, vem crescendo a procura pela oferta de refeições fora do lar, sendo que muitas vezes essa alimentação ocorre em comércios de rua, tais como barraquinhas e trailers. Porém, em 1998, surgiram as Unidades Produtoras de Refeições (UPR) do tipo self-service ou auto serviço, derivados dos fast-foods, aumentando esta oferta de alimentação fora do lar. O tipo self-service visa oferecer aos clientes opções diversificadas de produtos com a mesma qualidade, rapidez e segurança. As refeições são oferecidas em forma de buffet, obtendo grande aceitação da população que se alimenta fora de casa (SANTOS et al., 2013). Porém, a partir das mudanças que ocorreram, houve também um crescimento de doenças transmitidas por alimento e, por conseguinte, maior necessidade de cuidado em relação à estas doenças, uma vez que estas podem vir a ser transmitidas para a população (SANTOS et al., 2013). A contaminação dos alimentos por microrganismos pode ocorrer desde o seu recebimento até sua distribuição, sendo capaz de mudar as características físicas, químicas e organolépticas, levando até a deterioração do alimento (PONATH et al., 2016). Ademais, uma possível fonte de contaminação é o organismo humano, este detém vários microrganismo espalhados, sendo que as maiores concentrações estão nas mãos (unhas), no entanto, podem estar presentes também na boca, no nariz, nos cabelos, no suor, no sapato e nas fezes, os quais podem vir a transmitir várias doenças, mais especificamente as diarreias, que são uma das causas importante de morbidade e mortalidade (SALES et al., 2014). No que diz respeito ao sistemas de distribuição de refeições centralizado, como no self-service, as doenças transmitidas por alimentos pode ser originada tanto das pessoas que manipulam os alimentos como a partir dos hábitos dos comensais no momento do autosserviço, devido o contato direto com os alimentos presentes no balcão de distribuição, apresentando por estes hábitos inadequados de higiene pessoal e comportamentos impróprios no momento do autosserviço no buffet, comprometendo a segurança do alimento (ZANDONADI et al., 2007; SAN-
36
NOVEMBRO 2019
Desta maneira, o objetivo do estudo foi a realização de uma campanha de educação alimentar e nutricional para orientação e conscientização de frequentadores de um Restaurante Universitário (RU) sobre os maus hábitos praticados por estes ao servirem-se.
. . . . . . . . . . . . . . . . Me to d ol o g i a . . . . . . . . . . . .......
Trata-se de um estudo descritivo de um projeto de educação alimentar e nutricional realizado no Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), localizado em Realeza-PR, o qual produz, aproximadamente, 240 refeições por dia, sendo a oferta de refeições em dois períodos, o primeiro é o almoço que inicia-se das 11h30 às 13h e o segundo período conta com a oferta do jantar que ocorre das 17h40 às 19h10, havendo como público alvo do serviço, principalmente, os discentes, docentes e técnicos do centro de ensino superior supracitado. A campanha apresentou como o slogan “Comida Limpa: A responsabilidade também é sua!”, sendo esta iniciada no período de 16 de abril de 2018 à 20 de abril de 2018, durante o Estágio Obrigatório de Alimentação Coletiva do curso de Nutrição nos períodos de oferta do almoço e jantar. O projeto consistiu na exposição fotográfica de material educativo com imagens de maus hábitos praticados pelos frequentadores de restaurantes self-service, no intuito de estabelecer mudanças em relação a esses comportamentos praticados. Esse material foi fixado sobre a proteção do vidro dos buffets, facilitando a visualização dos mesmos por parte dos comensais. Os maus hábitos utilizados na elaboração da campanha de educação ao comensal foram descritos, inicialmente, no estudo de Zandonadi et al. (2007), o qual aponta as seguintes atitudes de risco: Não lavar as mãos imediatamente antes do autosserviço; Mexer no cabelo perto das preparações expostas no balcão; Falar em cima das preparações no balcão de distribuição; Deixar a gravata, a manga de camisas, bolsas, blusas, vestidos ou casacos tocarem nas preparações; Deixar parte do corpo encostar nas preparações; Tossir sobre as preparações; Espirrar soNUTRIÇÃO EM PAUTA
Awareness for Consumers from a Universitary Restaurant about Risky Behaviours for Feeding Contamination
bre preparações; Utilizar o utensílio de uma preparação em outra já servida no prato do consumidor; Trocar os utensílios das preparações; Deixar o utensílio cair dentro da preparação; Retirar alimentos do seu prato e devolvê-los às cubas com a mão ou utensílio disponível; Consumir alimentos antes da pesagem; Arrumar alimentos no prato com os utensílios das preparações. A justificativa da realização da EAN sobre maus hábitos dos comensais no momento do autosserviço, foi em função de que no estudo anterior realizado por Dall Mago, Ferreira e Fatel em 2018, demonstrou maior prevalência de contaminação dos alimentos na clientela do gênero feminino, em relação ao masculino, desta unidade (RU) a partir da totalidade de locais avaliados (RU e restaurantes comerciais).
. . . ....... R esu lt a do s e Dis c uss ã o . .. . . . . . .
Observa-se que o público que frequenta o restaurante universitário é diversificado, portanto apresenta
food service
hábitos diferenciados, e por conseguinte, os comportamentos observados quando estes estão no balcão de distribuição para a realização do autosserviço são distintos. Em 2018, Dall Mago, Ferreira e Fatel, realizaram uma pesquisa que avaliou às atitudes de riscos praticadas pelos comensais no momento do autosserviço, na qual, as atitudes avaliadas foram: mexer no cabelo perto das preparações expostas no balcão; deixar a manga de camisas, blusas, vestidos, gravatas ou casacos e bolsas tocarem nas preparações; espirrar e tossir sobre às preparações dispostas no buffet; deixar parte do corpo encostar nos alimentos; trocar utensílios de uma preparação para outra para servir-se, além deixar o utensílio cair dentro da preparação; arrumar alimentos no prato com os utensílios das preparações; retirar alimentos do seu prato e devolvê-los às gastronorms com a mão ou com o utensílio da preparação. Por fim, verificou-se com esta investigação que as mulheres frequentadoras do RU (Unidade de alimentação deste projeto) apresentam comportamentos de risco mais elevados para ocasionar contaminações alimentares, do que os homens, além que às atitudes mais frequentes foram: não lavar as mãos antes do autosserviço, neste caso não utilizar o álcool 70% nas mãos, arrumar alimentos no prato com os utensílios das preparações e falar em cima das preparações no balcão de distribuição (DALL MAGO;
Quadro 1: Exposição de fotos sobre o buffet de distribuição com as principais atitudes de risco praticadas pelos comensais.
Fonte: Elaborado pelas autoras, 2018. NOVEMBRO 2019
NUTRIÇÃO EM PAUTA
37
Conscientização de Consumidores de um Restaurante Universitário sobre seus Comportamentos de Risco para a Contaminação Alimentar FERREIRA; FATEL, 2018). Ademais, em 2013, segundo o estudo de Santos et al., realizado em UPRs do tipo self service do Município de Parnamirim do Estado do Rio Grande do Norte, mais de 70% dos casos de Doenças de Transmissão Hídrica e Alimentar (DTHAs) tinham origem através do manuseio inadequado do alimento pelo consumidor final. Deste modo, para evitar contaminações das preparações e garantir a segurança do alimento oferecido, se faz necessário desenvolver estratégias de educação alimentar e nutricional, com o intuito de reduzir o impacto das doenças de origem alimentar, e consequentemente prevenir e promover a saúde (SANTOS et al., 2013). Assim sendo, a partir dos resultados encontrados por Dall Mago, Ferreira e Fatel (2018), foi realizada a campanha de EAN, intitulada “Comida Limpa: a Responsabilidade também é sua!”, com o objetivo de orientar os clientes do RU sobre suas atitudes de risco no momento de servirem -se. Para a realização da campanha foi exposto sobre o vidro do buffet material fotográfico e figurinhas (Quadro 1) demonstrando às atitudes praticados pelos mesmos retratados pelos pesquisadores. Observou-se a partir da campanha que os resultados foram satisfatórios, e que os frequentadores da unidade demonstraram curiosidade pela exposição. Porém salienta-se que para a realização de campanhas de educação para comensais, é necessário a elaboração de materiais educativos com maior dinamismo, sendo estes chamativos, coloridos e com figuras, pois redações muito grandes acaba por reduzir o interesse do público sobre o tema a ser abordado. Deste modo, verificou-se que quando há necessiFigura 1: Slogan da campanha
dade do material elaborado conter informações expostas na forma de escrita, estas devem ser elaboradas com materiais que contenham cores para aguçar a curiosidade dos comensais, como a alocação do slogan da campanha na porta de entrada (Figura 1). Verificou-se que a estratégia de posicioná-lo em local de fácil visualização para todos, no caso na entrada para o buffet (Figura 2), obteve um resultado melhor, uma vez que várias pessoas leram às informações dispostas nos mesmo, enfatizando que esta leitura foi maior por parte dos homens. Figura 2: Banner com informações das principais atitudes dos comensais no momento do autosserviço.
É importante salientar que foi possível observar redução no comportamento de risco dos comensais em relação às suas atitudes frente ao balcão de distribuição, verificando-se que estes o realizam sem mexer nos cabelos, sem falar excessivamente sobre as preparações e, principalmente, houve maior utilização de álcool em gel nas mãos. Desta forma, a campanha atingiu seu objetivo apresentando, sendo de grande valia a investigação, como a pesquisa de Dall Mago, Ferreira e Fatel (2018) no local para verificação destes resultados.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . C onclus ã o . . . . . . . . . . . . ........
38
NOVEMBRO 2019
É importante destacar que com a realização de NUTRIÇÃO EM PAUTA
food service
Awareness for Consumers from a Universitary Restaurant about Risky Behaviours for Feeding Contamination
práticas simples de EAN, é possível modificar a realidade dos restaurantes e principalmente os preocupantes índices de maus- hábitos praticados por estes. Assim salienta-se a importância das boas práticas em serviços de alimentação, e a elaboração e implantação do Manual de Boas Práticas para cada unidade que ofereça este tipo de serviço, buscando garantir a qualidade e a harmonia dos alimentos com a legislação sanitária, proporcionando segurança alimentar a todos que frequentam o restaurante.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Sobre os autores
Profa. Dra. Elis Carolina de Souza Fatel - Professora, Doutora, do curso de Nutrição da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Realeza. Ana Claudia Garda; Andressa Damin; Franciele Aparecida de Oliveira Camara; Marilei de Fátima da Silva; Viviane Neusa Scheid; Thaiane da Silva Rios - Graduandas do Curso de Nutrição da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Realeza Dra. Sabrinne Luana Colling - Nutricionista pela Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) Campus Realeza e Responsável Técnica de Unidade de Alimentação em Nutrição em Realeza/PR.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
PALAVRAS-CHAVE: Educação Alimentar e Nutricional. Restaurantes. Doenças transmitidas por alimentos. Higiene dos alimentos. KEYWORDS: Food and Nutrition Education. Restaurants. Foodborne Diseases. Food Hygiene.
RECEBIDO: 7/5/2018 - APROVADO: 28/10/10
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........
REFERÊNCIAS
DAL MAGO, D; FERREIRA, H C; FATEL, E. C. S. Atitudes de riscos de consumidores de restaurantes ‘self-service e universitário’ de uma cidade do Sudoeste do Paraná. Revista Brasileira da Associação de Nutrição - Rasbran, v. 9, n. 1 (2018). Disponível em: https://www.rasbran.com.br/rasbran. Acessado em 26 de abril de 2018. FERNANDES, P; VIEGAS, S; BRAZÃO, R. Educar para prevenir: materiais sobre higiene e segurança dos alimentos baseado em evidência científica. Instituto Nacional de Saúde, 2017. Disponível em: http://repositorio.insa.pt/bitstream/10400.18/4878/4/Boletim_Epidemiologico_Observacoes_N20_2017_artigo7.pdf PONATH, F S; et al. Avaliação da higienização das mãos de manipuladores de alimentos do município de Ji-Paraná, Estado de Rondônia, Brasil. Rev Pan-Amaz Saude v.7 n.1 Ananindeua mar. 2016. Disponível em: http://scielo.iec. gov.br/scielo.php?pid=S2176-62232016000100008&script=sci_arttext&tlng=pt SALES, N. M. R., et al. Importância da higienização das mãos: Pesquisa observacional em restaurante de autosserviço. Revista de Saúde da Faciplac - Brasília, v. 1, n. 1, Ago - Dez 2014. Disponível em: http://revista.faciplac.edu. br/index.php/RSF/article/view/53/32 SANTOS, C. M. et al. Identificação da higienização simples das mãos dos consumidores antes das refeições em restaurantes tipo self service no município de Parnamirim - RN. Revista verde de agroecologia e desenvolvimento sustentável, 2013. Disponível em: <http://gvaa.com.br/revista/ index.php/RVADS/article/view/2161/1654>. Acesso em: 15 de março de 2018. ZANDONADI, R. P. et al. Atitudes de risco do consumidor em restaurantes de autosserviço. Rev. Nutr. vol.20 no.1 Campinas Jan./Feb. 2007. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-52732007000100002&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 15 de março de 2018.
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
NOVEMBRO 2019
NUTRIÇÃO EM PAUTA
39
Effects of Yellow Maracuja Peel Fiber in The Treatment of Diabetes Mellitus Type 2: A Review
Efeitos da Fibra da Casca do Maracujá Amarelo no Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2: Uma Revisão
RESUMO: O presente estudo buscou relacionar os efeito e toxicidade do uso da fibra da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis), através de uma revisão de literatura narrativa utilizando artigos pesquisados nas bases de dados PubMed, Medline, Scielo e Lilacs. O aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis tornou-se um problema de saúde pública, e, enfatizando o déficit funcional causado por uma de suas vertentes - o Diabetes Mellitus -, estudos sobre o uso de alimentos funcionais para combater e prevenir a evolução desta patologia cresceram exponencialmente. Observou-se que o uso da farinha da fibra da casca do maracujá amarelo possui um efeito hipoglicemiante, justificado por ações fisiológicas de sua fibra na mucosa intestinal, reduzindo a absorção dos glicídios. Por outro lado, ainda é necessário elencar uma quantidade maior de estudos para verificar o nível e a amplitude da toxicidade do uso da casca do maracujá amarelo, que pode causar distúrbios metabólicos. ABSTRACT: The present study sought to list the effect and
40
NOVEMBRO 2019
toxicity of the use of the fiber of yellow passion fruit peel (Passiflora edulis), through a narrative review of literature using articles searched in databases PubMed, Medline, Scielo and Lilacs. The increased of Chronic Non-communicable Diseases has become a public health problem, and emphasizing the functional deficit caused by one of its aspects - Diabetes Mellitus -, studies on the use of functional foods to combat and prevent the evolution of this pathology, grew exponentially. It was observed that the use of the fiber meal of the passion fruit peel has a hypoglycemic effect, justified by the physiological actions of its fiber in the intestinal mucosa, reducing the absorption of the glucose. On the other hand, it is still necessary to list a larger number of studies to verify the level and extent of the toxicity of the use of yellow passion fruit peel, which can cause metabolic disorders.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o
. . . . . . . . . . ........
O maracujá (do tupi Marakuya, “fruto que se serve” ou “alimento na cuia”) é um fruto produzido pela NUTRIÇÃO EM PAUTA
Efeitos da Fibra da Casca do Maracujá Amarelo no Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2: Uma Revisão
Passiflora edulis, sendo cultivado com fins comerciais. No Brasil, a produção de maracujá amarelo cresce; esse fruto é muito utilizado pela indústria na preparação de sucos e polpas (NASCIMENTO et al., 2013). A utilização de partes não convencionais de consumo dos vegetais como fonte de fibras vem sendo bastante estudado. O aproveitamento desses resíduos tem um grande potencial, tanto econômico quanto nutricional e ecológico. A utilização da farinha de casca de maracujá contendo fibras se apresenta como uma excelente ferramenta nos efeitos benéficos sobre a saúde. Um destes efeitos estudados é a redução dos níveis de glicemia quando utilizamos este composto, assim obtendo uma melhora no quadro de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) (NASCIMENTO et al., 2013; CAZARIN et al., 2014). O estudo funcional sobre a fibra da casca do maracujá e a sua associação com o tratamento do DM2, apresenta-se como um fator importante para o tratamento da hiperglicemia (JANEBRO et al., 2008), visto que o DM2 possui um alto índice de mortalidade no Brasil (LIMA et al., 2012). Porém, devemos correlacionar os seus benefícios e toxicidades para que a fibra seja utilizada da forma mais adequada (MEDEIROS et al., 2009). Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar o uso das fibras provenientes da casca do maracujá-amarelo na redução do índice glicêmico nos indivíduos portadores do DM2, verificar as possíveis reações tóxicas causadas pelo consumo elevado de glicosídeos cianogênicos, bem como, a quantidade segura de utilização destas fibras.
. . . ................. . Méto do .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . .
Para alcançar os objetivos propostos, foi utilizado como recurso metodológico uma revisão de literatura narrativa a partir de livros e artigos científicos em meio eletrônico de algumas bases de dados como o PubMed, Medline, Scielo e Lilacs. Foram pesquisados 37 artigos em inglês e português publicados entre os anos de 2007 e 2017. Destes, foram selecionados 23 artigos que se enquadravam no tema proposto. Os artigos escolhidos para pesquisa foram de ensaios clínicos com humanos, com animais e artigos de revisão de literatura que abrangem o tema proposto. NOVEMBRO 2019
funcionais
. . . . . . . . . R e su lt a d o s e D is c uss ã o . ........ Epidemiologia das Doenças Crônicas não Transmissíveis A relevância das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) no tocante atual de saúde das populações é, de fato, alta. Estas se apresentam como um dos maiores problemas de saúde pública atualmente e têm promovido um elevado número de mortes prematuras, diminuição significativa da qualidade de vida, além de impactos econômicos para famílias, comunidades e a sociedade em geral (MALTA et al., 2015). Em caráter geral, as DCNT são associadas a uma sociedade em envelhecimento, mas também podem estar relacionadas à hábitos de vida inadequados, tais como: alimentação indevida, tabagismo, alcoolismo, obesidade e estilo de vida sedentário. Desigualdades sociais, baixa qualidade de vida, baixa escolaridade, acesso restrito às informações e o fato de pertencer a grupos vulneráveis são condições que também devem ser consideradas nas intervenções às DCNT (OLIVEIRA; CALDEIRA, 2016). Essas doenças atingem indivíduos de todas as camadas socioeconômicas e, de forma mais intensa, aqueles pertencentes a grupos vulneráveis, como os idosos e os de baixa escolaridade e renda. Cerca de 80% das mortes por DCNT ocorrem em países de baixa ou média renda, onde 29% das pessoas contam menos de 60 anos de idade, enquanto nos países de renda alta, apenas 13% são mortes precoces (MALTA et al., 2014). Nas últimas décadas, o Brasil e muitos outros países não desenvolvidos passaram por intensas modificações demográficas: redução da fertilidade, diminuição da mortalidade infantil e de óbitos por doenças infecciosas, aumento da expectativa de vida, crescimento no número de idosos. Esses fatores, quando interligados com uma modificação nos padrões de alimentação e à redução da prática de exercícios físicos, fizeram com que as DCNT participassem efetivamente no perfil de morbimortalidade da população (CARVALHAES; MOURA; MONTEIRO, 2008). Diabetes Mellitus – Epidemiologia e Fisiopatologia O diabetes mellitus (DM) é configurado como um déficit crônico de funcionamento do pâncreas, caracterizado por hiperglicemia, resultante da secreção e/ou NUTRIÇÃO EM PAUTA
41
Effects of Yellow Maracuja Peel Fiber in The Treatment of Diabetes Mellitus Type 2: A Review
ação anormal da insulina (OLIVEIRA; CORREIA, 2012). O DM2 representa um custo elevado para os sistemas de saúde pública. Nos Estados Unidos, o custo estimado foi de U$174 bilhões em 2007. No Brasil houve aumento no número de hospitalizações por diabetes, proporções superiores às hospitalizações por todas as causas, o que pode traduzir o aumento da sua prevalência (FETT et al., 2010). Segundo a International Diabetes Federation (IDF), existem aproximadamente 387 milhões de pessoas com DM no mundo, e esse número vem aumentando significativamente, principalmente DM2, podendo, em 2035, chegar a 592 milhões de pessoas. Em 2014, o custo com despesas de saúde em indivíduos com DM foi de aproximadamente 612 milhões de dólares. A Organização Mundial da Saúde apontou o Brasil como o oitavo país com mais prevalência da doença (BERNINI et al., 2017). Em um estudo multicêntrico brasileiro foi verificado aumento da prevalência do diabetes - similar ao da intolerância à glicose -, que foi associado a fatores ambientais e modificações do estilo de vida, como a adoção da dieta ocidental e do sedentarismo (FETT et al., 2010). O DM é integrante das condições patológicas crônicas e conviver com ele, envolve um processo de gerenciamento que pressupõe o impacto da enfermidade na vida dos adoecidos, efetivando-se em esforços nos planos individual, relacional, cultural, material e no manejo da enfermidade; associados à experiência para compreender e “controlar” a situação de modo a viver tão normalmente quanto possível (BARSAGLINI; CANESQUI, 2010). Para o controle do DM2, é primordial um reajuste dos hábitos alimentares do indivíduo. Para tal, é necessário que haja integração entre a alimentação e os demais cuidados desenvolvidos pelo paciente (PONTIERI; BACHION, 2010). Os Alimentos Funcionais A utilização de alimentos com o objetivo de diminuir o risco de doenças é conhecida há milhares de anos. Os benefícios dos alimentos funcionais são originados de vários efeitos metabólicos e fisiológicos que contribuem para um melhor desempenho do organismo do indivíduo que usufrui dos mesmos (CARVALHO et al., 2013). A legislação brasileira não define especificamente o que são os alimentos funcionais, porém, alega a propriedade funcional como sendo “aquela relativa ao papel metabólico ou fisiológico que o nutriente ou não nutriente tem no crescimento, desenvolvimento, manutenção e outras funções
42
NOVEMBRO 2019
normais do organismo humano” (CASEMIRO; RAMOS, 2014). A utilização de alimentos com finalidade de redução do risco de doenças teve início no Japão, na década de 1980. Em 1990, criaram a categoria de alimentos denominada FOSHU (Foods for Specified Health Use), que tinha como princípio a promoção de alimentos que conferissem mais saúde à população (CARVALHO et al., 2013). Um alimento funcional pode ser classificado de acordo com o alimento em si ou conforme os componentes bioativos nele presentes, como, por exemplo, os probióticos, as fibras, os fitoquímicos, as vitaminas, os minerais, as ervas, os ácidos graxos ômega 3 (ω-3), além de determinados peptídeos e proteínas (CASEMIRO; RAMOS 2014). Existem outras duas formas de classificação desses alimentos: quanto à fonte, podendo ser de origem vegetal ou animal; quanto aos benefícios que oferecem, atuando em seis áreas do organismo - sistema gastrointestinal, sistema cardiovascular, metabolismo de substratos, crescimento, no desenvolvimento e diferenciação celular, comportamento das funções fisiológicas e como antioxidantes (CASEMIRO; RAMOS, 2014). Diversos estudos mostram a presença de substâncias polifenólicas, ácidos graxos poli-insaturados, fibras, entre outras, e a existência destas substâncias no fruto pode apresentar a capacidade do maracujá como um alimento funcional. (ZERAIK et al., 2010). Fibra da casca de maracujá e suas aplicações O maracujá (Passiflora edulis) é composto por 52% de casca, 34% de suco e 14% de semente. A farinha das fibras derivadas dos resíduos do maracujá amarelo é abundante em fibras alimentares (40,2% base seca), servindo como uma opção em dietas que necessitem desse complemento. A farinha da casca do maracujá é rica em pectina, uma fração de fibra solúvel que tem a capacidade de reter água formando géis viscosos, que atrasam o esvaziamento gástrico e o trânsito intestinal (FOGAGNOLI ; SERAVALLI, 2014). O maracujá Passiflora edulis, conhecido como maracujá azedo ou amarelo, é o mais produzido e distribuído. A casca e a semente do maracujá, subprodutos da indústria de alimentos, podem ofertar características de interesse tecnológico e biológico, porém, mais de 75% deste resíduo poderia ser utilizado como ingrediente rico em propriedades bioativas, que podem promover a saúde. Esta casca é composta pelo flavedo, que corresponde NUTRIÇÃO EM PAUTA
Efeitos da Fibra da Casca do Maracujá Amarelo no Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2: Uma Revisão
à camada externa de coloração verde a amarela, rica em fibras insolúveis, e o albedo, que corresponde à camada interna branca, que é rica em fibras solúveis, em especial a pectina, com pequenas quantidades de mucilagens. Além disso, a casca do maracujá Passiflora edulis é constituída por compostos fenólicos, que possuem atividade antioxidante e anti-infamatória (CAZARIN et al., 2014). A procura na medicina popular por fontes naturais para o tratamento de DCNT, entre elas o DM, se encontra em extensa crescente. A importância da utilização de alimentos que promovam uma melhora na tolerância a glicose para pacientes diabéticos tem sido largamente pesquisada (JANEBRO et al., 2008). As folhas e o fruto imaturo do maracujá amarelo (Passiflora edulis) possuem glicosídeos cianogênicos, como a prunasina, sambunigrina e amigdalina. A ingestão destes compostos apresenta-se como tóxica e, poden-
NOVEMBRO 2019
funcionais
do resultar em distúrbios respiratórios, vertigem, náuseas, vômitos, diarreia e fraqueza. Além disso, o uso indiscriminado de agrotóxicos na produção do maracujá, a fim de combater doenças e pragas, pode repercutir em implicações à saúde (COQUEIRO; PEREIRA; GALANTE, 2016). Em parâmetros bioquímicos, a hidratação da pectina ocorre pela adsorção de água à sua superfície ou pela incorporação ao interstício macromolecular. Na mucosa intestinal, há formação de uma camada gelatinosa, que altera a difusão e absorção de nutrientes. Em função dessa maior viscosidade do conteúdo entérico, podemos encontrar como resposta metabólica o decréscimo na absorção de carboidratos pelo organismo, mecanismo que pode explicar sua ação hipoglicemiante (MEDEIROS et al., 2009). Descrição similar podemos encontrar no estudo de Souza et al. (2008), onde é visto que esta fibra (pectina)
NUTRIÇÃO EM PAUTA
43
Effects of Yellow Maracuja Peel Fiber in The Treatment of Diabetes Mellitus Type 2: A Review
promove aumento de volume do bolo alimentar e da viscosidade das soluções no trato gastrointestinal, proporcionando saciedade, bem como, o retardo no esvaziamento gástrico através da ação da pectina reduz o pico glicêmico decorrente da ingestão elevada de carboidrato, reduzindo a absorção de glicídios. Desta forma, este recurso tem sido empregado em estados patológicos caracterizados por alterações no metabolismo glicêmico (COQUEIRO; PEREIRA; GALANTE, 2016). Em 2010, Braga et al. observaram redução da glicemia em ratos diabéticos duas horas após administração com a farinha da casaca do maracujá amarelo, justificada pela atividade da pectina acima descrita. Queiroz et al. (2012) administraram a farinha em portadores de DM2 e constataram redução de 14,6% nos níveis de glicose plasmática durante os primeiros 30 dias de experimento e, 25,7% após 60 dias. Os valores de hemoglobina glicada reduziram significativamente após intervenção. No intuito de avaliar, não somente o efeito terapêutico, mas também o potencial tóxico da intervenção, Medeiros et al. (2009) submeteram indivíduos a administração com a farinha durante oito semanas. O tratamento ofertou redução significativa na glicemia e peso corporal dos indivíduos, comparado aos valores pré-intervenção. Não foi observada toxicidade ou efeitos colaterais nesta dosagem e período experimental. Estudos avaliaram parâmetros de toxicidade após administração com a farinha da casca do fruto maracujá-amarelo, entretanto, não obtiveram resultados significativos (RAMOS et al., 2007; MEDEIROS et al., 2009). Estes estudos apresentaram duração máxima de oito semanas, portanto, não é possível afirmar a ausência de efeitos tóxicos com a administração crônica. Levando em consideração que o processo de trituração não é capaz de atenuar os níveis de glicosídeos cianogênicos presentes na casca do fruto e que os estudos toxicológicos restringiram-se a oito semanas, o emprego crônico desta intervenção com fins de saúde não é comprovadamente seguro (COQUEIRO; PEREIRA; GALANTE, 2016).
. . . ........ C ons idera çõ es Finais . . . . . . . . . . .
epidemiológicos ligados ao DM, fortaleceram o acréscimo dos estudos e embasamento teórico voltados para a funcionalidade de diversos alimentos, entre eles, a fibra da casca do maracujá amarelo (Passiflora edulis), a qual tem sido utilizada largamente nas prescrições nutricionais para o controle e redução dos índices glicêmicos. Podemos concluir, embasado nas descrições acima propostas, que esta fibra possui efeitos hipoglicemiantes com ampla justificativa fisiológica e bioquímica, porém, estudos mais amplos e delineados necessitam ser desenvolvidos, para ofertar segurança na administração, pois, existe uma possibilidade real de toxicidade através dos glicosídeos cianogênicos, que podem causar distúrbios metabólicos indesejados.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores
Dra. Lais Leite Pimentel Meira - Nutricionista pelo Centro Universitário dos Guararapes (UniFG). Pós-graduanda em Nutrição Clínica e Funcional pelo Centro Universitário dos Guararapes (UniFG). Profa. Dra. Vanessa Carolina das Chagas Barreto - Professora Esp. DNS I do Centro Universitário dos Guararapes (UniFG), nos cursos de Nutrição e Educação Física. Bacharel em Educação Física pela Universidade de Pernambuco – UPE. Nutricionista pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. Dra. Jullyane Mirelly Melo Vasconcelos – Nutricionista pelo Centro Universitário dos Guararapes (UniFG).
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ PALAVRAS-CHAVE: Nutrição. Diabetes Mellitus. Passiflora. Qualidade de vida. KEYWORDS: Nutrition. Diabetes Mellitus. Passiflora. Quality of life.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........
44
O aumento crescente das DCNT e dos dados NOVEMBRO 2019
RECEBIDO: 19/7/19 - APROVADO: 25/10/19 NUTRIÇÃO EM PAUTA
Efeitos da Fibra da Casca do Maracujá Amarelo no Tratamento do Diabetes Mellitus Tipo 2: Uma Revisão
. . . ................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REFERÊNCIAS
BARSAGLINI, R. A.; CANESQUI, A. M. A alimentação e a dieta alimentar no gerenciamento da condição crônica do diabetes. Saude soc., São Paulo, v. 19, n. 4, p. 919-932, dez. 2010. BERNINI, L. S. et al. O impacto do diabetes mellitus na qualidade de vida de pacientes da Unidade Básica de Saúde. Cad. Bras. Ter. Ocup., São Carlos, v. 25, n. 3, p. 533-541, 2017. BRAGA, A.; MEDEIROS, T. P.; ARAUJO, B. V. Investigação da atividade antihiperglicemiante da farinha da casca de Passiflora edulis Sims, Passifloraceae, em ratos diabéticos induzidos por aloxano. Rev. bras. farmacogn. v. 20, n. 2, p. 186-191, 2010. CARVALHAES, M. A. B. L.; MOURA, E. C.; MONTEIRO, C. A. Prevalência de fatores de risco para doenças crônicas: inquérito populacional mediante entrevistas telefônicas em Botucatu, São Paulo, 2004. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 11, n. 1, p. 14-23, mar. 2008. CARVALHO, J. A. et al. O alimento como remédio: considerações sobre o uso dos alimentos funcionais. Revista Científica do ITPAC, Araguaína, v.6, n.4, Pub.1, Out. 2013. CASEMIRO, I. P., RAMOS P. Produção científica sobre alimentos funcionais: uma análise das publicações brasileiras entre 2007 e 2013. Demetra: Alimentação, Nutrição & Saúde, v. 9, n. 4, p.925 – 941, 2014. CAZARIN, C. B. B. et al. Capacidade antioxidante e composição química da casca de maracujá (Passiflora edulis). Cienc. Rural, Santa Maria, v. 44, n. 9, p. 1699-1704, set. 2014. COQUEIRO, A. Y.; PEREIRA, J. R. R.; GALANTE, F. Farinha da casca do fruto de Passiflora edulis f. flavicarpa Deg (maracujá-amarelo): do potencial terapêutico aos efeitos adversos. Rev. bras. plantas med., Botucatu, v. 18, n. 2, p. 563569, jun. 2016. FETT, W. C. R. et al. Composição corporal de idosas diabéticas tipo 2: antropometria vs absorcimetria de raios-X de dupla energia. Rev. Nutr., Campinas, v. 23, n. 5, p. 695-702, out. 2010. FOGAGNOLI, G., SERAVALLI. E. A. G. Aplicação de farinha de casca de maracujá em massa alimentícia fresca. Braz. J. Food Technol., Campinas, v. 17, n. 3, p. 204-212, jul./ set. 2014. JANEBRO, D. I. et al. Efeito da farinha da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.) nos níveis glicêmicos e lipídicos de pacientes diabéticos tipo 2. Rev. bras. farmacogn., João Pessoa, v. 18, supl. p. 724-732, dez. 2008.
NOVEMBRO 2019
funcionais
LIMA, E. S. et al. Efeito hipoglicemiante da farinha do fruto de maracujá-do-mato (Passiflora nitida Kunth) em ratos normais e diabéticos. Rev. bras. plantas med., Botucatu, v. 14, n. 2, p. 383-388, 2012. MALTA, D. C. et al. Mortalidade por doenças crônicas não transmissíveis no Brasil e suas regiões, 2000 a 2011. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v. 23, n. 4, p. 599-608, dez. 2014. MALTA, D. C. et al. A vigilância e o monitoramento das principais doenças crônicas não transmissíveis no Brasil - Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Rev. bras. epidemiol., São Paulo, v. 18, supl. 2, p. 3-16, dez. 2015. MEDEIROS, J. S. et al. Ensaios toxicológicos clínicos da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis, f. flavicarpa), como alimento com propriedade de saúde. Rev. bras. farmacogn., João Pessoa, v. 19, n. 2a, p. 394-399, jun. 2009. NASCIMENTO, E. M. G. C. et al. Benefícios e perigos do aproveitamento da casca de maracujá (passiflora edulis) como ingrediente na produção de alimentos. Revista do Instituto Adolfo Lutz, [S.l.], v. 72, n. 1, p. 1-9, jan. 2013. ISSN 1983-3814. OLIVEIRA, S. K. M.; CALDEIRA, A. P. Fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em quilombolas do norte de Minas Gerais. Cad. saúde colet., Rio de Janeiro, v. 24, n. 4, p. 420-427, dez. 2016. OLIVEIRA, G. C.; CORREA, C. L. Capacidade funcional em pacientes com diabetes mellitus no município de Matinhos, Paraná. Fisioter. Pesqui., São Paulo, v. 19, n. 4, p. 357-362, dez. 2012. PONTIERI, F. M.; BACHION, M. M. Crenças de pacientes diabéticos acerca da terapia nutricional e sua influência na adesão ao tratamento. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 151-160, jan. 2010. QUEIROZ, M. R. S. et al. Effect of the yellow passion fruit peel flour (Passiflora edulis f. flavicarpa deg.) in insulin sensitivity in type 2 diabetes mellitus patients. Nutrition Journal. v.11, n.89, p. 1-7, 2012. RAMOS, A. T. et al. Use of Passiflora edulis f. flavicarpa on cholesterol reduction. Revista Brasileira de Farmacognosia, v. 17, n.4, p. 592-597, 2007. SANTOS, Rebecca Soares de Andrade Fonseca dos et al. Rede de Atenção à Saúde ao portador de Diabetes Mellitus: uma análise da implantação no SUS em Recife (PE). Saúde debate, Rio de Janeiro, v. 39, n. spe, p. 268-282, dez. 2015. SOUZA, M. M. et al. Cytogenetic studies in some species of Passiflora L. (Passifloraceae): a review emphasizing Brazilian species. Brazilian Archives of Biology and Technology, v.51, n.2, p. 247-258, 2008. ZERAIK, M. L. et al . Maracujá: um alimento funcional?. Rev. bras. farmacogn., Curitiba, v. 20, n. 3, p. 459-471, jul. 2010 . NUTRIÇÃO EM PAUTA
45
Microbiological Analysis of Fruit Salads Sold in Snack Bars of the Central Region of Belo Horizonte-MG
Análise Microbiológica de Saladas de Frutas Comercializadas em Lanchonetes da Região Central de Belo Horizonte-MG RESUMO: A salada de fruta, considerada uma opção saudável de consumo, pode ser alvo fácil de contaminação cruzada devido a manipulação incorreta e técnicas de higienização insatisfatórias. O presente estudo objetivou pesquisar a presença de Salmonella sp. e quantificar os níveis de coliformes a 45ºC em saladas de fruta comercializadas em lanchonetes da região central de Belo Horizonte - MG e compará-los com a legislação. Foram coletadas amostras de saladas de fruta em exposição para consumo de 10 lanchonetes localizadas em pontos aleatórios. Nas amostras foi avaliada a contagem de coliformes à 45°C e a presença de Salmonella sp.. O resultado de Coliformes a 45°C apresentou uma variação entre <3,0 e 5,0x10² UFC/g com 1 (10%) das amostras no limite estabelecido pela legislação vigente. Não foi detectado presença de Salmonella sp. Concluiu-se que técnicas de manipulação adequadas são fundamentais para redução da contaminação e do risco de doenças transmitidas por alimentos. ABSTRACT: Fruit salad, considered a healthy eating option, can be an easy target for cross-contamination in snack bars due to improper handling and unsatisfactory hygiene techniques. The present study aimed to investigate the presence of Salmonella sp. and to quantify the coliform at 45ºC levels in fruit salads commercialized in coffee shops
46
NOVEMBRO 2019
in the central region of Belo Horizonte - MG and compare them with current legislation. Samples were collected from fruit salads on display for consumption of 10 snack bars located at random points. In the samples the coliforms count at 45°C and the presence of Salmonella sp. were evaluated. The result of Coliformes at 45°C presented a variation between <3.0 and 5.0x10² CFU/g with 1 (10%) of samples in the limit established by current legislation. There was no presence of Salmonella sp. We concluded that proper handling techniques are essential to reduce contamination and the risk of foodborne diseases.
. . . . . . . . . . . . . . . . . Int ro duç ã o . . . . . . . . . . . . ....... A mudança do padrão de vida brasileiro com a crescente necessidade de dinamização do tempo proporcionou mudanças significativas dos hábitos alimentares, maior consumo de alimentos em restaurantes e lanchonetes e a busca por maneiras práticas de se alimentar fora do ambiente domiciliar. Essas mudanças geram a necessidade de adequação dos processos nos estabelecimentos que comercializam alimentos para minimizar os riscos de doenças associadas a práticas inadequadas de processamento e garantir a qualidade dos produtos servidos (CARDOSO, NUTRIÇÃO EM PAUTA
Análise Microbiológica de Saladas de Frutas Comercializadas em Lanchonetes da Região Central de Belo Horizonte-MG
SOUZA, SANTOS, 2005; CARVALHO; MAGALHÃES, 2007; GOMES, 2012; MALLON; BORTOLOZO, 2004). A busca por refeições prontas colaborou para o crescente número de estabelecimentos do ramo alimentício e para a diversificação dos serviços em lanchonetes, restaurantes, lojas de conveniência, redes de fast food, padarias, ambulantes, entre outros, gerando preocupação com a segurança alimentar (CARVALHO; MAGALHÃES, 2007; MALLON; BORTOLOZO, 2004). O consumo de alimentos nestes estabelecimentos é um dos fatores que coopera para o aumento da ocorrência de doenças transmitidas por alimentos (DTA) uma vez que a produção de refeições pode ocorrer com falhas no controle higiênicossanitário e sem o cumprimento das boas práticas de fabricação em pequena escala ou larga escala (AMSON, 2006; CARVALHO, 2007; WELKER, 2010). Os surtos, normalmente decorrentes de inúmeras falhas no processamento como binômio tempo-temperatura inadequado, falhas no processo de higienização, contaminação pelo manipulador, contaminação cruzada, utilização de sobras e matéria-prima de baixa qualidade são subestimados nos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos mas têm prevalência elevada e podem estar associados a microrganismos como Salmonella spp. e coliformes termotolerantes (LEITE, 2000; WHO, 1997; GERMANO; GERMANO, 2001; BRYAN, 1988; SILVA JÚNIOR, 1995). Tendo em vista os aspectos observados, este trabalho objetivou analisar a qualidade microbiológica de saladas de frutas comercializadas em lanchonetes da região central de Belo Horizonte - MG, visando detectar a presença de Salmonella e Coliformes à 45°C.
. . . .............. Meto dol o g i a . . . . . . . . . . . . . . . . . Trata-se de estudo exploratório, quantitativo, transversal realizado no município de Belo Horizonte-MG em que foram coletadas aleatoriamente 10 amostras de salada de frutas de lanchonetes localizadas na região central. As amostras foram obtidas a partir de produtos expostos para o consumo, acondicionadas em sacos estéreis e transportadas em caixas isotérmicas com gelo reciclável para o Laboratório de Análise Microbiológica de Alimentos (LABMICRO) do Centro Universitário UNA para serem processadas e analisadas. Foram analisados os NOVEMBRO 2019
gastronomia
microrganismos Coliformes a 45ºC e Salmonella sp. Para a diluição foram pesadas 25g de cada amostra e diluídas em 225 ml de água peptonada a 0,1%, obtendo-se a diluição 10-1. Para a obtenção da diluição de 10-2 pipetou-se 1ml da diluição 10-1 e adicionou-se em 9 ml de água peptonada a 0,1%. Em seguida pipetou-se 1 ml da diluição 10-2 adicionando 9 ml de água peptonada a 0,1% para a obtenção da diluição 10-3. Para a contagem de coliformes à 45°C foi utilizado o método dos tubos múltiplos, introduzindo-se 1ml de cada diluição em três tubos contendo 9ml de caldo Lauril Sulfato Triptose (LST), com tubo de Duhran invertido. Para a leitura do resultado, foi necessário a incubação dos tubos a 37°C por 24 horas. Após as 24 horas, os tubos com leitura positiva (tubos com turvação e gás visível no tubo de Durham) foram submetidos a testes com caldo verde brilhante para confirmação dos resultados. E para confirmar a presença de coliformes à 45°C, injetou-se uma pequena quantidade de cada tubo positivo em tubos de Durham invertidos contendo 9 ml de caldo Escherichia coli (EC) e estes permaneceram incubados por 24 horas à 45,5°C. Foi considerado como resultado positivo os tubos com turvação e presença de gás visível no tubo de Durham. Já para a pesquisa de Salmonella spp utilizou-se o método de pré-enriquecimento da amostra, inoculando 25g desta em 225 ml de água peptonada. Após esta etapa foi realizada a homogeneização da amostra e a incubação da mesma por 24 horas à 37°C. Em seguida 1 ml de cada diluição foi inserido em tubos contendo 10 ml de caldo Tetrationato (TT) e caldo Rappaport Vassiliansis (RV) sendo novamente incubados por 24 horas à 35°C. Uma pequena quantidade dos caldos enriquecidos foi inserida nas placas de Petri contendo Ágar Hektoen (HE) e Ágar Xilose Lisina Desoxicolato (Agar XLD). Posteriormente, estas placas foram incubadas invertidas por 48 horas à 37°C. Logo após esta etapa, colônias típicas foram inoculadas em tubos contendo Ágar Tríplice Açúcar Ferro (TSI). Para a leitura do resultado foi necessário a incubação dos tubos por 24 horas a 37°C. Após este tempo, considerou-se como resultado positivo os tubos com viragem do indicador vermelho de fenol para vermelho com produção de gás. Dos tubos positivos em TSI foi retirada uma alíquota e inoculada em tubos com o meio SIM. Os tubos positivos apresentaram crescimento difuso, enegrecimento do meio e reação negativa para indol após adição de 3 gotas de reativo de Kovacs. Os resultados obtidos foram comparados aos vaNUTRIÇÃO EM PAUTA
47
Microbiological Analysis of Fruit Salads Sold in Snack Bars of the Central Region of Belo Horizonte-MG
lores preconizados pela RDC nº12, de 2 de janeiro de 2001 (ANVISA, 2001). Todas as análises descritas seguiram a metodologia padrão do LABMICRO, baseadas na legislação vigente.
. . . ....... R esu lt a do e Dis c uss ã o . . . . . . . . . . A análise microbiológica demonstrou que não houve presença de Salmonella em nenhuma das amostras analisadas. A contagem de coliformes a 45°C apontou que 1 (10%) das amostras estava no limite permitido pela legislação vigente (tabela 1).
Tabela 1. Resultado da análise microbiológica das
saladas de frutas comercializadas em lanchonetes de Belo Horizonte-MG. Amostras
Coliformes a 45ºC (NMP/g)
Salmonella sp
1 2 3 4 5 6
< 3,0 9 < 3,0 9 < 3,0 < 3,0
Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente
7
5,0x102 < 3,0 4 < 3,0
Ausente
8 9 10
(p/a)
Ausente Ausente Ausente
A responsabilidade pela segurança dos alimentos perpassa todos os envolvidos na cadeia de produção, por isso, deve-se realizar fiscalização sanitária do processo produtivo de refeições (BRASIL, 2002) e das circunstâncias que podem facilitar a contaminação dos alimentos (BRASIL, 2004; HENRIQUES, 2014; PINHEIRO et al., 2005). Essa contaminação pode ocorrer em qualquer etapa do processamento (recebimento, armazenamento, pré-preparo, preparo e distribuição) podendo acarretar DTA. Entre os microrganismos mais envolvidos em surtos estão a Salmonella sp. o Staphylococcus aureus e os Coliformes (termotolerantes, totais ou à 45°C). Eles causam grande preocupação e sinalizam que medidas de controle devem ser implementadas (COELHO et al, 2010; WELKER,
48
NOVEMBRO 2019
2010, CARVALHO; MAGALHÃES, 2007). Silva et al (2018) analisando saladas de frutas comercializadas na região central de Vitória da Conquista - Bahia constataram que 33,33% estavam contaminadas por coliformes termotolerantes e 22,22% em desacordo com o padrão federal vigente. Para Salmonella, os resultados encontrados foram de ausência em todas as amostras. Santos et al (2015) analisando a qualidade microbiológica de salada de frutas comercializadas por ambulantes na cidade de Juazeiro do Norte – Ceará também encontraram 33,33% das amostras em desacordo com a legislação. Não foi encontrada presença de Salmonella em nenhuma amostra analisada. Souza, Carneiro e Gonsalves (2011) realizando análise microbiológica de 12 diferentes polpas de fruta congeladas mostraram que as amostras encontravam-se dentro dos padrões estabelecidos pela legislação com relação a coliformes totais, termotolerantes e Salmonella sp, porém 50% das amostras apresentaram valores acima do permitido para bolores e leveduras, sugerindo uma falta de controle sanitário e evidenciando que as condições higiênicas durante o processamento não estavam de acordo com as boas práticas de fabricação (BPF). Estudo de Farias, Bobermin e Ribeiro (2016) analisando saladas de fruta apontou 5% das amostras como impróprias para o consumo humano com coliformes termotolerantes acima do permitido pela legislação vigente. Também constataram que todas as amostras apresentaram ausência de Salmonella em 25g. Já Nogueira et al. (2017) analisando as características microbiológicas das saladas de frutas comercializadas por ambulantes de Juazeiro do Norte, CE demonstraram que 60% apresentaram Klebsiella spp. e Escherichia coli, seguido de E. coli, com 20% e Klebsiella spp. com 10%. Este resultado demonstra que mais microrganismos podem estar envolvidos na contaminação de saladas de frutas sem adequado controle higiênico sanitário. Pinheiro et al (2005) analisando amostras de goiaba, manga, melão japonês, mamão formosa e abacaxi minimamente processados e comercializados em supermercados da cidade de Fortaleza-CE demonstraram que 25 (25%), estavam contaminadas com Salmonella sp e 28 (28%), apresentavam coliformes fecais em valores superiores a 5,0 x 102 NMP.g-1. Nesse mesmo estudo os autores sinalizaram a necessidade de atendimento das boas práticas de fabricação e implantação da análise de perigos e pontos críticos de controle (APPCC) de forma a assegurar um produto saudável e seguro para o consumidor. Santos, Coelho e Carreiro (2008) analisando NUTRIÇÃO EM PAUTA
gastronomia
Análise Microbiológica de Saladas de Frutas Comercializadas em Lanchonetes da Região Central de Belo Horizonte-MG
polpas de fruta congeladas demonstraram que 4,3% das amostras apresentaram resultados positivos para coliformes totais e duas confirmaram a presença de coliformes termotolerantes e E. coli com valores entre 0,3 e 0,9 NMP.g–1. Além disso, 90% das amostras apresentaram contaminação por bolores e leveduras e não se enquadraram nos padrões estabelecidos pela legislação em vigor. De forma semelhante, Nascimento et al. (1999) analisando polpas comercializadas na cidade de São Luís–MA, constataram que 100% das amostras apresentaram contaminação por bolores e leveduras, apresentando contagens entre 1,0x105 e 1,1x108 UFC.g–1. Os resultados dos diversos estudos revelam que podem haver falhas no controle higiênicossanitário de alimentos durante o processamento e descumprimento das boas práticas de fabricação (BPF) e apontam a necessidade de adequação, treinamento das equipes por profissionais capacitados e a prática constante da supervisão (AKUTSU, 2005). Enfatiza-se, ainda, que a manutenção das temperaturas de segurança é importante para preservar a qualidade dos produtos e limitar a multiplicação bacteriana (FANTUZZI; PUSCHMANN; VANETTI, 2004; LIMA; OLIVEIRA, 2005). A qualidade higiênicossanitária como fator de segurança dos alimentos tem sido amplamente avaliada e discutida, uma vez que as DTA são um dos principais fatores que elevam os riscos de morbidade na América do Sul. A Organização mundial da saúde aponta que doenças provocadas por alimentos contaminados são, provavelmente, o maior problema de saúde no mundo contemporâneo (WHO, 1984) e realça a necessidade de providências.
. . . ............... C onclus ã o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Devido ao grande crescimento do comércio de alimentos torna-se fundamental implementar medidas para evitar o aumento das doenças transmitidas por alimentos. Somente o treinamento constante dos manipuladores, a aplicação das boas práticas de fabricação e dos procedimentos operacionais padronizados em todas as etapas do processamento de alimentos, o controle do binômio tempo-temperatura e a presença do Nutricionista como responsável técnico por estes estabelecimentos pode minimizar o risco de contaminação e crescimento microbiano garantindo a qualidade dos alimentos. NOVEMBRO 2019
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ Sobre os autores
Mariana Almeida Teixeira Rocha; Iara Matos Baêta Neves; Nair de Oliveira Neta - Acadêmicas de Nutrição do Centro Universitário UNA. Prof. Dr. Eric Liberato Gregório - Nutricionista, UFOP. Mestre em Ciências Biológicas: Fisiologia e Farmacologia, UFMG. Docente do Centro Universitário UNA. Profa. Fernanda Meneghelo Delvivo Fortes - Farmacêutica com habilitação em Bioquímica de alimentos, UFMG. Mestre em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, UFMG. Docente do Centro Universitário UNA. Profa. Dra. Daniela Almeida Amaral - Nutricionista, UFOP. Mestre em Ciências Biológicas na área de concentração Bioquímica Estrutural e Fisiológica, UFOP. Docente do Centro Universitário UNA.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ PALAVRAS-CHAVE: Análise microbiológica. Vigilância sanitária. Boas práticas de fabricação. KEYWORDS: Health Surveillance. Microbiological Analysis. Good Manufacturing Practices.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ RECEBIDO: 23/6/19 - APROVADO: 25/10/19
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ........ REFERÊNCIAS
AKUTSU, R.C. et al. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Rev. Nutr., Campinas, v. 18, n. 3, p. 419-42, Jun, 2005. AMSON, G. V. et al. Levantamento de dados epidemiológicos relativos à ocorrências/surtos de doenças transmitidas por alimentos (Dtas) no Estado do Paraná – Brasil, no período de 1978 a 2000. Ciência e Agrotecnologia, Curitiba, v. 30, n. 6, p. 1139-1145, 2006. BRASIL. Agência nacional de vigilância sanitária. Resolução RDC 216 de setembro de 2004. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF, 2004. BRASIL. Agência nacional de vigilância sanitária. Resolução RDC 275 de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/
NUTRIÇÃO EM PAUTA
49
Microbiological Analysis of Fruit Salads Sold in Snack Bars of the Central Region of Belo Horizonte-MG
Industrializadores de Alimentos e a Lista de Verificação de Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/ Industrializadores de Alimentos. Brasília, DF, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC n°12 de 02 de janeiro de 2001. Dispõe sobre o regulamento técnico sobre padrões microbiológicos para alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2001. BRYAN, F. L. Risks of practices, procedures and process that lead to outbreaks of foodborne diseases. J Food Protection. v.51(8). p. 663-73. 1988. CARDOSO, R. C. V.; SOUZA, E. V. A.; SANTOS, P. Q. Unidades de alimentação e nutrição nos campi da Universidade Federal da Bahia: um estudo sob a perspectiva do alimento seguro. Rev. Nutr., Campinas, v. 18, n. 5, p. 669-680, Oct. 2005. CARVALHO, L. R.; MAGALHÃES, J. T. Avaliação da qualidade microbiológica dos caldos de cana comercializados no centro de Itabuna-BA e práticas de produção e higiene de seus manipuladores. Revista Baiana de Saúde Pública, Salvador, v. 31, n. 2, p. 238-245, 2007. COELHO, A.I.M. et al. Contaminação microbiológica de ambientes e de superfícies em restaurantes comerciais. Ciência & Saúde Coletiva, v.15(Supl. 1), p.1597-1606, 2010. FANTUZZI, E.; PUSCHMANN, R.; VANETTI, M. C. D. Microbiota contaminante em repolho minimamente processado. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 24, n. 2, p. 207-211, 2004. FARIAS, M.L.S., BOBERMIN, D., RIBEIRO, D. H. B Qualidade higiênico-sanitária de saladas de frutas vendidas em quiosques de praias em Florianópolis - SC durante a temporada de verão de 2015. Rev Inst Adolfo Lutz. São Paulo, v.75:1700. P.1-8. 2016. FRANCO, B D G M., LANDGRAF, M. Microbiologia de Alimentos. São Paulo. Atheneu, 2003. GERMANO P.M.L., GERMANO M.I.S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos. São Paulo: Varela; 2001. GOMES, P. M. A. et al. Avaliações das condições higiênico-sanitárias das carnes comercializadas na feira livre do município de Catolé do Rocha-PB. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Mossoró, v. 7, n. 1, p. 225-232, 2012. HENRIQUES, P. et al. Atitudes de usuários de restaurante “self-service”: um risco a mais para a contaminação alimentar. Cad. Saúde Colet., Rio de Janeiro, v.22 (3): p.26674. 2014. LEITE, C. C. et al. Avaliação Microbiológica de polpas congeladas de frutas produzidas no Estado da Bahia. Higiene Alimentar, v. 11, n. 78-79, p. 69-73, 2000. LIMA JX, OLIVEIRA LF. O crescimento do restau-
50
NOVEMBRO 2019
rante self-service: aspectos positivos e negativos para o consumidor. Rev Hig Aliment. V.19, P.45-53. 2005. MALLON, C.; BORTOLOZO, E.A.F.Q. Alimentos comercializados por ambulantes: uma questão de segurança alimentar. Publ. UEPG Ci. Biol. Saúde, Ponta Grossa, pag. 6576, set./dez, 2004. NASCIMENTO, A. R. et al. Perfil microbiológico de polpas de acerola (Malpighia glabal) e abacaxi (Ananas comosus), produzidas e comercializadas na ilha de São Luís, MA. Higiene Alimentar, v. 13, n. 62, p. 44-47, 1999. NOGUEIRA, M. M. J et al. Avaliação das características microbiológicas das saladas de frutas comercializadas por ambulantes de Juazeiro do Norte, CE. BRASPEN J. v.32 (1). p.63-7. 2017. PINHEIRO, N.M.S. et al. Avaliação da qualidade microbiológica de frutos minimamente processados comercializados em supermercados de Fortaleza. Rev Bras Frutic. v.27(1): p.153-6. 2005. SANTOS, C. A. A; COELHO, A. F. S. CARREIRO, S. C. Avaliação microbiológica de polpas de frutas congeladas. Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, v.28(4): p.913-915, out.-dez. 2008. SANTOS, J.E.F. et al. Qualidade microbiológica de salada de frutas comercializadas por ambulantes na cidade de Juazeiro do Norte – Ceará. Revista Verde. Pombal-PB, v. 10, n.1, p. 01 - 03, jan-mar, 2015. SILVA JUNIOR, E. A. Manual de controle higiênico-sanitário em serviços de alimentação. 6.ed. São Paulo: Varela, 1995. SILVA, J.A.R.S et al. Análise microbiológica de saladas de frutas comercializadas na região central de vitória da conquista – Bahia. C&D-Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v.11, n.3, p.633-642, set./dez. 2018. SOUZA, G. C.; CARNEIRO, J.G. GONSALVES, H.R.O. Qualidade microbiológica de polpas de frutas congeladas produzidas no município de russas – ce. ACSA - Agropecuária Científica no Semi-Árido, v.7, n.3, jul/set, p.01-05. 2011. WELKER, C. A. D. et al. Análise microbiológica dos alimentos envolvidos em surtos de doenças transmitidas por alimentos (dta) ocorridos no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 8, n. 1, p. 44-48, 2010. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Foodborne diseases: possibly 350 times more frequent than reported. Press Release WHO/58 [1997 August 13]. 1997. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO0. The role of food safety in health and development. Genebra; 1984.
NUTRIÇÃO EM PAUTA
2019
15° Fórum Nacional de Nutrição 2019 – Resumos dos Trabalhos apresentados
Fórum de nutrição 2019 – Rio de Janeiro - 30 de março de 2019 - Área: Nutrição e Estética.
ANTIOXIDANTES E A PELE Rebeca L. (apresentadora), Maria V.UNIBRA, Recife – PE, Brasil. Resumo Introdução: A busca por uma alimentação saudável e balanceada não se limita somente à conquista da saúde perfeita, visto que a combinação da ingestão adequada de nutrientes com todo avanço biotecnológico pode proporcionar excelentes resultados estéticos relacionados à beleza e saúde de um modo geral (OLIVEIRA, 2008). Objetivo: Apresentar os principais alimentos antioxidantes e suas possíveis correlações com a integridade da pele. NOVEMBRO 2019
Metodologia: Foram realizadas revisões bibliográficas de artigos científicos por meio de bases de dados virtuais como SciELO e PubMed, do ano de 2008 a 2014. Resultados e discussões: O equilíbrio na alimentação aliado a um estilo saudável de vida é fundamental para a saúde da pele. A deficiência de nutrientes pode acarretar várias manifestações, dentre elas, o aumento na produção de radicais livres que danificam células sadias causando efeitos adversos como o envelhecimento (PUJOL, 2011). Então, é indispensável uma alimentação rica em antioxidantes, esse nutriente com efeitos benéficos e que o organismo produz é capaz de minimizar os danos à pele devido aos radicais livres. Estão dentre esses antioxidantes as vitaminas A, C e E, carotenoides e flavonoides (MANGGE et al., 2014). Os flavonoides possuem compostos ativos fenólicos presentes nos chás, café, maçã, uva, cerveja, cebola, vinho tinto raízes, folhas, galhos de plantas e sementes (JASKI; LOTÉRIO; SILVA, 2014). O Theobroma cacao (cacau), utilizado para a produção do chocolate, também possui NUTRIÇÃO EM PAUTA
51
Informação Baseada em Evidências Científicas
propriedades importantes na prevenção do envelhecimento cutâneo. As sementes de cacau são antioxidantes e atuam nos mediadores da inflamação; porém, grande parte da atividade antioxidante do chocolate é perdida durante seu processo de fabricação. O chocolate, devidamente processado, diminui os danos provocados pela radiação ultravioleta se comparado ao chocolate negro comum, a bebida de cacau reduz a sensibilidade da pele aos efeitos da radiação ultravioleta (NORONHA, 2014). Em suma, os compostos fenólicos possuem ação anti-inflamatória e propriedades importantes que impedem a ação dos radicais livres no organismo (SILVA et al., 2010). Diante disso a importância da escolha dos alimentos melhora a estética e com isso ameniza as desordens estéticas adquiridas com os anos de vida. Portanto, a melhor alternativa é comer alimentos com um maior potencial nutritivo (PUJOL, 2011). Conclusão: Diante do exposto o envelhecimento cutâneo é também afetado por fatores extrínsecos, como a radiação ultravioleta, tendo alterações causadas pelos radicais livres. É preciso intervir por meio de ingestão de alimentos com potencial antioxidante, inibindo então os efeitos nocivos provocados por esses radicais. Sendo assim, salienta-se a importância de uma dieta balanceada pelo nutricionista, aliado ao tratamento estético, trazendo então qualidade de vida e beleza. 15º Fórum Nacional de Nutrição 2019 – Belo Horizonte, 18 de maio de 2019, Nutrição Esportiva.
O IMPACTO DA SUPLEMENTAÇÃO PROTEICA NA HIPERTROFIA MUSCULAR DE DESPORTISTAS SOUSA, B.A.1; DRUMOND, M.G.2Faculdade Ciências da Vida – FCV, Sete Lagoas/MG – Brasil. 2Autor Apresentador: Maria Góes Drumond. Resumo Objetivo: Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência do consumo de suplementos proteicos na hipertrofia muscular de desportistas. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, descritivo, do tipo quantitativo, com amostra por conveniência constituída por indivíduos de ambos os sexos, com idade maior ou igual a 18 anos, alunos de uma academia do município
52
NOVEMBRO 2019
de Sete Lagoas /MG. A direção da academia assinou a carta de anuência autorizando a realização da pesquisa, todos os alunos foram convidados a participar e aqueles que aceitaram ser voluntários assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE. Para participar, os desportistas deveriam ter no mínimo três meses de treino. A coleta de dados ocorreu no mês de abril do ano de 2018. Aplicou-se um questionário semiestruturado denominado PUSA (Perfil dos Usuários de Suplemento Alimentar) adaptado de Albino e colaboradores (2009) cujas variáveis de interesse foram: sexo, idade, rotina de treinos, uso de suplementos proteicos, tempo de uso, motivos, profissional que prescreveu, frequência de consumo, se mantinham uma alimentação balanceada, se já foram orientados por Nutricionista e objetivo. Foram coletados os dados antropométricos disponíveis no banco de dados da avaliação física da academia, onde foi considerada a última avaliação realizada por cada participante e analisadas as variáveis: percentual de gordura (%G), percentual de massa magra (%MM), massa gorda (kg), massa corporal magra (kg) e massa corporal total (kg). A análise estatística foi realizada no software STATA versão 12.0 utilizando a distribuição de frequências para as variáveis categóricas com intervalo de confiança de 95% (IC95%) e aplicou-se o Teste T de Student para comparação da média de composição corporal entre os grupos suplementado e não suplementado com 5% de significância (p<0,05). Resultados: A amostra final foi constituída por 59 desportistas, sendo 28,8% homens e 71,2% mulheres, com idade entre 18 e 55 anos, que responderam todas as questões do questionário e possuíam dados antropométricos recentes (últimos 12 meses) salvos no banco de dados da academia. Em relação ao consumo de suplementos, 37,3% (n= 22) dos participantes relataram usar algum tipo de suplementação sendo os suplementos proteicos e de aminoácidos os mais consumidos (90,9%). O suplemento mais utilizado pelos desportistas foi o Whey Protein (68,2%). Apenas 18,2% afirmaram ter recebido indicação de Nutricionista. O grupo que utilizava suplementação proteica apresentou massa magra significativamente maior comparado ao grupo não suplementado (média = 7,8 kg). Conclusões: As evidências encontradas nesse estudo sugerem que a suplementação proteica associada ao treinamento de força exerce influência positiva na hipertrofia muscular de desportistas. A suplementação proteica se mostrou efetiva na hipertrofia muscular da população estudada. Entretanto, sugere-se a realização de outros estudos longitudinais com uma amostra maior para um melhor entendimento do impacto NUTRIÇÃO EM PAUTA
2019
da suplementação proteica na hipertrofia muscular, avaliando a influência do consumo alimentar, da frequência do treino e do uso concomitantes de outras substâncias ergogênicas. Recomenda-se orientar os desportistas a procurar um Nutricionista para que o consumo de suplementos seja seguro e de acordo com sua individualidade biológica, já que a maioria pratica auto indicação ou recebe recomendações de profissionais inabilitados. Fórum de Nutrição 2019 Obesidade e Cirurgia Bariátrica na Prática Clínica – Belo Horizonte 06/07/2019, Nutrição Clínica/Hospitalar.
ASPECTOS NUTRICIONAIS EM GESTANTES PÓS CIRURGIA BARIÁTRICA Taciane Campos Arthur (Arthur TC), Michele Pereira Netto (Netto MP), Jéssica Almeida Silva da Costa (Costa JAS). Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, Juiz de Fora, Brasil Autor Apresentador: Jéssica Almeida Silva da Costa (Costa JAS)
maternos e fetais. Em contrapartida, as carências nutricionais podem ser consequência do processo cirúrgico e justificam a necessidade de acompanhamento multidisciplinar periódico. As necessidades nutricionais em gestantes estão aumentadas para que haja o desenvolvimento adequado e saudável do feto. As gestantes pós bariátricas apresentam maiores carências nutricionais nesse período, não só pela parte restritiva disabsortiva da cirurgia, mas também pelas especificardes da gestação como náuseas, vômitos e refluxo gastroesofágico. Conclusão: Na gestante submetida a algum procedimento cirúrgico bariátrico, as avaliações e acompanhamentos devem ser realizados com cautela, visto que, une-se dois momentos de risco nutricional, tornando o período mais propício ao desencadeamento de desnutrição e problemas gestacionais.: Essa área de pesquisa apresenta uma parcela pequena dos trabalhos acadêmicos escritos e publicados, sendo necessário mais investimentos, estudos e divulgação dos efeitos benéficos do acompanhamento multidisciplinar e principalmente nutricional.
Resumo Objetivo: avaliar as recomendações de macronutrientes e micronutrientes e suplementação de gestantes pós cirurgia bariátrica de curto e longo prazo. Metodologia: Trata-se de uma revisão literária sobre recomendações nutricionais para gestantes pós cirurgia bariátrica. Utilizou-se as plataformas digitais como o Scielo, Google acadêmico, Medline, PubMed e as palavras chave foram: “obesidade mórbida”, “cirurgia bariátrica”, “estado nutricional”, “gestação” e “suplementação”. Também foram usados livros com temas relacionados a obesidade, cirurgia bariátrica e gestação. Após a elaboração de um banco de dados com os principais achados, foi destinado um período para leitura, análise da literatura e elaboração dos tópicos fundamentais para início da escrita. Feito isso, iniciou-se a escrita no programa Word, pela discussão, seguidos de resultados, introdução, conclusão e formatação consecutivamente. Resultados: Estudos apontam a cirurgia bariátrica como um dos melhores recursos utilizados no tratamento da obesidade mórbida com insucesso de tratamento convencional, promovendo aumento da fertilidade, sucesso na gravidez espontânea e redução de riscos NOVEMBRO 2019
NUTRIÇÃO EM PAUTA
53
54
NOVEMBRO 2019
NUTRIÇÃO EM PAUTA
NOVEMBRO 2019
NUTRIÇÃO EM PAUTA
55
56
NOVEMBRO 2019
NUTRIÇÃO EM PAUTA