Sexo
Tire suas dúvidas
1º emprego
Qual o seu caminho?
Moda
Bonita e barata Troca de escolas
Particular x pública Gravidez
Relatos de jovens
de jovens, Nossa fotógrafa ficou uma semana sem internet. Como milhões ela sentiu na pele que se conectar às redes sociais é uma obsessão. o real Fique ligado: curta sua web sem se esquecer da beleza do mund
editorial
sumário
Foto: Muller Silva Ilustração: Michael Douglas
CONSELHO EDITORIAL Angela Dannemann e Saulo Garroux COORDENADORAS DO PROJETO Amanda Rahra e Nina Weingrill EDUCADOR DE FORMAÇÃO Mauricio Monteiro Filho EDUCADORA DE TEXTO Ana Aranha EDUCADORES DE FOTOGRAFIA Guilherme Gomes e Lucas Albin EDUCADORES DE ARTE André Rodrigues e Juliana Mota ESTAGIÁRIAS Jenyssis Windenen, Mayara Paula, Natália Barbosa e Vanessa Ribeiro EQUIPE Amanda Cristina Soares, Ana Carolina de Oliveira, Anderson Ferreira, Ariana Moraes, Barbara Regina de Andrade, Beatriz Mendes, Bianca Dias, Carol Ventura, Caroline Sabino, Danilo Costa, Diogo dos Santos, Julieth Dias, Francisco Santos, Graciela Reis, Guilherme de Oliveira, Ingrid Souza, Jackeline Duarte, Carolyne de Freitas, Jawanne Rodrigues, Jenyssis Windenen, Jenyffer Stephany, Jéssica de Jesus, Jéssica Novais, Jhonny Oliveira, Kayam Mendes, Luciana da Silva Nascimento, Mariana Carvalho, Matheus Oliveira, Mayara Paula, Mayara Tavares, Muller Silva, Michael Douglas, Natália Barbosa, Rafaela Andrade, Rafael Rocha Correa, Stephany Dutra da Silva, Taís Gomes, Thalita Gomes, Vanessa Ribeiro, Vicktor Moraes
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Depois de aprender a tocar os instrumentos do jornalismo, os jovens Zziners mergulharam fundo no exercício de decifrar sua própria realidade e acabaram por reconstruir seu lugar no mundo. Entre as muitas descobertas dessa segunda edição, uma delas foi que a periferia e o centro, afinal, não são tão distantes assim. Foi o que aconteceu quando tiveram a coragem de enfrentar um tema doído: a muralha que separa a escola pública da particular. Os Zziners romperam essa fronteira e trocaram de papéis com alunos de uma das melhores escolas privadas de São Paulo. O objetivo era decifrar as diferenças que determinam futuros distintos para os jovens que crescem em lados opostos da muralha da educação (uma das mais altas a dividir nossa cidade, estado e país). E qual não foi a surpresa? Eles descobriram que adolescente é adolescente. A essência pouco muda em ambientes bem conservados ou em salas com a pintura descascando. Uma das conclusões dos Zziners foi que há, sim, diferenças entre as redes pública e particular, mas há muito mais semelhanças.
São muitos problemas e soluções explorados nessa segunda edição. O sedutor e viciante universo das redes sociais, a politização dos jovens nos grêmios escolares, as difíceis escolhas no momento de sair da escola e a indesejada gravidez na adolescência. Além das seções fixas onde eles buscam respostas para suas dúvidas sobre sexo e compartilham dicas de moda. A turma se fortaleceu quando o jornalismo deixou de ser um sonho para ser um ganha-pão. Neste ano, contratamos quatro Zziners: eles ganham bolsa estágio como repórteres ou fotógrafos no contra turno da escola. E conseguimos criar uma revista customizada, a Zzine na Copa. Nesse título, os jovens cobriram a Copa de Futebol que aconteceu entre os meses de março e maio no Campo do Astro. A revista gerou estágio para mais cinco Zziners ao longo dos três meses. Portanto, atenção, editores do Brasil: para tirar um Zziner da redação, a oferta tem que ser muito boa! Nosso concerto está afinado. E a gente quer tocar mais alto.
ZZINE É UMA PUBLICAÇÃO TRIMESTRAL DA ASSOCIAÇÃO EDUCACIONAL E ASSISTENCIAL CASA DO ZEZINHO Rua Anália Dolácio Albino, 30 – Parque Maria Helena CEP 05854-020 – São Paulo/SP – Fone (11) 5818.0878 DISTRIBUÍDA GRATUITAMENTE EM ESCOLAS PÚBLICAS E COMUNIDADE PRÓXIMA
saúde Preliminares são importantes? Como prevenir a gravidez? Leia e descubra.
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SE EU FOSSE VOCÊ Uma aluna da rede estadual no colégio particular. E vice-versa. Veja no que deu.
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1º EMPREGO O primeiro passo da vida profissional é escolher seu caminho. A gente te ajuda.
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ESTILO Você já é bonita. Com a maquiagem e a roupa certa, então, todo mundo vai perceber. Siga nossas dicas.
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CAPA O bichinho das redes sociais contaminou geral. Aproveite o mundo online, mas sem exagerar.
Acesse nossos canais e fique por dentro de tudo o que rola na Revista Zzine e na Casa do Zezinho. Foto de capa Jenyssis Windenen
ESSE GRUPO AÍ DE CIMA é capaz de harmonizar um concerto especial. Mas não de música clássica, como sugerem os instrumentos emprestados pela orquestra “Toca, Zezinho”. O som produzido por essa turma é o de um fervoroso fechamento jornalístico: debates entusiasmados, risadas nervosas, gritos de “cadê o texto?!” ou “achei a foto!”, choros emocionados e cliques... muitos cliques. A revista Zzine é fruto dessa energia. Essa é a segunda edição escrita, fotografada e pensada pelos jovens jornalistas de 15 a 21 anos. Todos os “Zziners” moram na região do Capão Redondo, nome que é símbolo da antiga periferia de São Paulo: bairro dormitório, violento, pobre. Símbolo antigo porque essas referências são do passado. Enquanto o centro dormia no ponto, o mundo girou rápido no Capão. E hoje os jovens daqui têm uma realidade bem mais rica e diversa a apresentar. Leia as nossas páginas e você vai descobrir as muitas periferias que esses jovens estão construindo: a adolescente, a vaidosa, a engajada, a sonhadora, a crítica, a ambiciosa – entre outras.
AGRADECIMENTOS Tia Dag, Corina Macedo, Gilson Martins, Maria Célia Gonçalves, Agenor Mendes, Renata Costa, Ana Beatriz Fernandes Nogueira, Rodrigo Ciríaco e Mesquiteiros, Edna Bley, Gil, Rodrigo Sousa, Zinho, Luis Otávio, Alexandre Zukemura, Luca Lopes, Larissa Ribeiro, Dalton Assis, Izabela Moi, Izabelle Ventura (Mascota), Fernando Genaro, todos os entrevistados, familiares e amigos dos Zziners, tios, tias e funcionários da Casa do Zezinho, professores e gestores de todas as escolas da região
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fb.me/Revistazzine fb.me/casadozezinho
migre.me/5v0WS
@revistazzine @casadozezinho
flickr.com/zzine
migre.me/5v0QY migre.me/7MD8S
revistazzine@gmail.com
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TRANSFORMAR Política se constrói com um tijolinho de cada vez. Aprenda essa engenharia com os grêmios escolares.
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GRAVIDEZ Ser mãe e ser adolescente não combina. Aprenda pelo exemplo, com os relatos de quem passou por isso.
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saúde Quando há relação sexual entre parceiros do mesmo sexo existe a necessidade de usar camisinha? No caso dos meninos, com certeza, porque tem a penetração. Pode rolar um sexo anal ou oral. O sexo anal tem uma grande possibilidade de trazer doenças e de machucar, pois não é uma região lubrificada. Então, a camisinha é sempre necessária. No caso das meninas, não tem penetração, mas mesmo assim a gente indica o uso de preservativo. Se uma menina for fazer sexo oral em outra menina, teria que colocar ou aquelas camisinhas de língua ou adaptar uma camisinha à boca, cortando-a ou usando um plástico celofane.
A camisinha pode estourar na hora do sexo? Opa, claro que pode. É assim: tem vários cuidados que qualquer pessoa tem que tomar com a camisinha. Não se deve guardar em carteiras, por exemplo. A forma que você abre a embalagem também é importante. Tem gente que corta com o dente ou com tesoura. Isso aumenta o risco de a camisinha estourar. E, se não colocar do jeito certo, corre o risco de estourar, sim.
Nosso corpo sofre mudanças quando iniciamos a vida sexual?
Na hora do sexo, ambos os parceiros podem usar camisinha?
Não ocorrem grande mudanças. O corpo vai se desenvolvendo independente disso. Existem mitos de que a menina que anda de um jeito diferente já transou. Isso não tem nada a ver. Muitas dessas coisas são fruto de um certo terrorismo, resultado da cultura machista em que ainda vivemos.
Para que duas camisinhas? Dá muito atrito de uma com a outra, não é legal e pode estourar. Se o casal está querendo ter mais segurança, camisinha é fundamental. Mas só um dos dois tem que estar usando, seja a masculina ou a feminina.
Quantos orgasmos uma mulher pode ter?
Quem não tem dúvidas ou inseguranças sobre sexo, que atire a primeira pedra. Quanto mais você souber sobre o assunto, mais vai se divertir. E nunca é demais lembrar: pratique sexo seguro! texto Amanda Cristina Soares foto Jenyssis Windenen ilustração Jenyssis Windenen e Bianca Dias
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Tem uma síndrome que se chama Síndrome da Excitação Sexual Persistente, em que uma mulher chega a ter 200 orgasmos por dia. A maioria das meninas vai querer ter uma síndrome dessa, mas tudo em excesso é ruim. As mulheres que têm essa síndrome ouvem qualquer barulhinho e já têm um orgasmo. Isso atrapalha o dia da mulher, traz constrangimentos, as pessoas vão achar que ela é uma tarada ou uma ninfomaníaca. A questão do orgasmo passa muito pela descoberta do próprio corpo. Eu prefiro não dar um número, pois, quando damos números, criamos normas. Então, se eu disser para você que o legal é ter cinco orgasmos por dia, a menina que tiver quatro vai falar: “Meu Deus, eu sou anormal!”. A que tiver seis, vai dizer: “Meu Deus, estou bem na fita!”
O que leva um homem a broxar? Ansiedade e cobrança são algumas das causas principais. Saindo um pouco dessa coisa mais médica, hoje a mulher avançou bastante e o cara ficou pra trás. O homem acaba sentindo muita cobrança, tem que ter o pênis grande. São muitas as pressões que ele tem. Isso acaba fazendo ele broxar.
As preliminares são importantes? As mulheres dizem que são. No mundo de hoje, só pensamos no imediato. Mas sexo é uma coisa tão legal que acontece entre as pessoas. Então, pra que a pressa? Temos que deixar todo estresse do dia a dia de fora e aproveitar o momento. Sexo não é só penetração.
Além da camisinha, quais são os outros métodos de prevenção à gravidez? Tem vários. Dá para pensar no DIU (Dispositivo Intrauterino) e no diafragma. É bom conversar com o médico. É ele quem vai indicar o melhor método para o casal. Existe uma pílula específica, que tem uma certa dosagem de hormônios para as adolescentes. Então, você deve conversar com o médico ginecologista para ver quais são as melhores orientações para o seu caso.
veja mais dúvidas e respostas sobre sexo no blog do zzine: www.revistazzine.org.br *As dúvidas desta reportagem foram esclarecidas pelo psicólogo e psicoterapeuta sexual, Alessandro Ezabella.
se eu fosse você
A repórter Mayara, aluna de escola pública, trocou de lugar com Mariana, aluna de escola particular. Elas contam o que viram de diferente, mas descobriram que adolescente é tudo igual, mesmo “do outro lado da ponte”.
texto Mayara Paula e Mariana Carvalho foto Jawanne Rodrigues e Jéssica Novais ilustração Juliana Mota
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Mayara estuda no Parque Santo Antônio. Mariana, no Itaim Bibi. Mayara estuda em escola pública. Mariana, em escola privada. Mayara é negra. Mariana, branca. Tudo indicaria que a vida dessas meninas nunca se cruzaria. Que cada uma poderia viver sua vida inteira sem saber qualquer coisa sobre a realidade da outra. Por outro lado, elas são duas adolescentes, que vivem na mesma Zona Sul da cidade de São Paulo. Talvez a diferença entre elas não seja assim tão grande. Na verdade, só o que as separa é uma ponte e muitos preconceitos. Elas se dispuseram a deixar tudo isso de lado. Cruzaram a ponte, questionaram os preconceitos e trocaram de escola por um dia. Mayara visitou o colégio Lourenço Castanho, onde Mariana estuda. E Mariana vivenciou a rotina na Escola Estadual Miguel Munhoz Filho, onde estuda a Mayara. De olhos, ouvidos e corações abertos, as meninas viram seus conceitos virarem de cabeça para baixo. Tudo isso para chegar à conclusão de que, apesar das diferenças, elas têm muitas coisas em comum.
Quando cheguei ao Lourenço Castanho, tudo que se passava pela minha cabeça era: Como eles irão me receber? Será que as meninas não vão me olhar com cara feia? Será que vou conseguir fazer o que eu planejei? Será que eles são chatos? Estava tensa. A partir dali, eu seria a nova e temporária aluna da escola. A Ita, aluna do Lourenço que me acompanharia ao longo do dia, me apresentou para algumas amigas ali mesmo no pátio e comecei a relaxar, pois no primeiro instante achei que não faria amizade com ninguém. Pensava que, ao chegar lá, encontraria um monte de branquinhos antipáticos e metidos, mas meus pensamentos mudaram muito sobre isso, pois me trataram super bem. Os alunos correram para as salas. Quando estava em frente à que seria a minha durante o dia, vi que a série e letra de identificação eram as mesmas da minha classe: 2º A. Quando entramos, o professor já estava lá. Na primeira aula, observei atentamente cada detalhe. Cadeiras, quadro negro, até o chão... É tudo diferente. A sala é super limpa, então os alunos não ligam de deixar suas mochilas, blusas e um monte de coisas espalhadas pelo chão. Sentia-me uma intrusa deslocada. Na aula de geografia, Ita estava super nervosa porque a professora entregaria a prova. Fernanda, uma amiga, me contou que não sabia por quê. “Todo mundo sabe que ela tem boas notas sempre”, disse ela. Na minha escola, ninguém se preocupa tanto com as notas. Hora do intervalo. É tudo um grande silêncio, eles conversam baixo. Observei que a grande maioria deles não liga muito para aquela bobagem de estarem “impecáveis, lindos e maravilhosos” que vejo muito em minha escola. No Lourenço, as alunas usam roupas básicas, nada de muito extraordinário como imaginava ser. Voltamos para a sala. Teríamos aula de química e de história da arte que, para Itamize, Fernanda e Mariana, era uma das aulas mais legais. Meu momento aluna do colégio Lourenço Castanho havia acabado. Sentia-me muito feliz por ter passado cada momento ali. Fora uma grande experiência, que repetiria mil vezes. Afinal, pude conhecer um pouquinho do universo dos alunos de escolas privadas e rever bastante meus conceitos sobre eles. Após esse meu dia emocionante, pude perceber que as condições financeiras não nos fazem nem melhores nem piores que os outros. Somos todos seres humanos com dificuldades, prazeres e sentimentos, vivendo em realidades muito diferentes, porém com bem mais semelhanças do que diferenças. Temos a mania de pensar somente nos nossos próprios umbigos, limitando-nos à nossas realidades, necessidades e sobrevivência, esquecendo que do outro lado da ponte há pessoas de muito caráter que têm muito a acrescentar a nossas vidas.
Era a minha vez de acordar às 5h30 da manhã e pegar um ônibus para o outro lado da ponte, para passar um dia na Escola Estadual Miguel Munhoz Filho. Encontrei a Mayara, aluna do Miguel Munhoz que tinha passado um dia na escola Lourenço Castanho, onde eu estudo, e chegamos um pouco antes de o portão abrir. O sinal - ou a sirene estranha que eles chamam de sinal - soou. A sala estava desordenada, mesas e cadeiras desalinhadas, e nem sempre muito firmes, paredes, lousa, janela, cadeiras e mesas com a marca dos alunos que passaram pela escola, rabiscadas e escritas com branquinho e todo tipo de caneta. Os alunos conversavam, ouviam música ou dormiam. Estavam de uniforme - jeans e camiseta branca -, mas cada um dava um jeito de se customizar, com um casaco, colar, boné ou qualquer outra coisa que lhes desuniformizava. Esperamos o professor de matemática chegar. Ele verificou as lições unanimemente não feitas e só teve tempo de passar um exercício sobre cones, a mesma matéria que estávamos tendo em minha escola. Ninguém fez. A segunda aula era para ter sido de geografia, mas a professora faltou, o que nos fez passar 50 minutos conversando. Na terceira aula, conversei com a professora de Português. Ela contou que a escola já havia sido exemplar, decaiu e estava executando a difícil tarefa de se reerguer. Comentou a deterioração do material, porém falou da parte “humana” que há na escola, que é o ponto forte do Miguel. Recreio. Mayara e eu fomos à cantina. Era um amontoado - sem critério e organização nenhuma de fila - de gente de todas as idades. A Mayara se enfiou no meio de todo mundo e conseguiu comprar um lanche. Arrependi-me profundamente de ter trazido lanche de casa, em vez de comer um cheeseburger que estava com uma cara ótima e custou menos da metade do que cobra a nossa abusiva cantina. Conversei bastante com a Mayara. Mesmo não tendo falado com o resto das pessoas, pude perceber que pouca coisa as difere de mim e dos meus amigos. A adolescência fala muito mais alto do que a classe social e o nível da escola. Muda a fachada, mas o interior é o mesmo: mesmas relações entre os alunos, mesmos assuntos (ainda que os gostos sejam um pouco diferentes), mesmo sentimento de “quero ir para casa”. Tem sempre o bobão, o “zoado” pela turma, a menina estudiosa... Escrevi na minha prova de sociologia do último trimestre deste ano, que foi sobre São Paulo e as músicas ‘Vida Loka’, dos Racionais MCs e ‘Não existe amor em SP’, do Criolo, que a ponte que nos separa é só uma nota de R$ 100. A realidade influi na personalidade, mas não a define.
INFORME PUBLICITÁRIO
primeiro emprego Acabou a escola e está em dúvida sobre o que fazer? Criamos um jogo para te ajudar a pensar melhor no seu futuro. Responda às perguntas e descubra seu caminho. texto Matheus Oliveira ilustração Michael Douglas
QUAL SUA PRIORIDADE: FORMAÇÃO OU CARREIRA? Carreira
Os dois
Formação
É mais importante simplesmente ter um emprego ou trabalhar no que gosta? Trabalhar
Qual pesa mais: experiência prática ou técnica?
Fazer o que gosto
Prática
Técnica
Você prefere segurança financeira ou se arriscar para realizar seu sonho? Estabilidade
Vale a pena entrar mais tarde no mercado de trabalho para se concentrar nos estudos?
Sonho
Sim
Não
Você está satisfeito com as opções atuais de emprego? Sim
Não Inicialmente, é melhor trabalhar na área ou estudar sobre ela?
Você quer inovar no mercado de trabalho? Sim
Estudar
Não
Trabalhar
Você gosta da ideia de ter um patrão? Você pediria demissão de um emprego para começar seu negócio? Sim
Nem pensar
Fazer o que?
Sim
Não
EMPREEDEDORISMO
MERCADO DE TRABALHO
FACULDADE
JOVEM APRENDIZ
Inovar é uma vontade. Sua cabeça está cheia de ideias e você sente não apenas vontade, mas também necessidade de correr atrás daquilo que sonha - mesmo que isso nem exista no mercado de trabalho.
Você procura o mercado de trabalho porque quer ver a coisa acontecer. Pra isso, precisa fazer algo, mesmo que não seja aquilo que mais lhe agrada, para ganhar seu próprio dinheiro.
Você prefere seguir um caminho mais seguro e apostar as suas fichas na educação. Mesmo que ainda não tenha decidido uma carreira, vê na formação acadêmica a sua chance de crescer.
Quer fazer algo, mas não sabe como começar? Você pode encontrar a solução nos programas de jovem aprendiz e nos estágios. Experimente o mercado de trabalho de forma leve e veja onde se adapta.
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A venda de bebida alcóolica para menores de 18 anos é proibida, pois prejudica o desenvolvimento desses jovens
estilo
Na real com poucos reais texto e foto Julieth Dias modelos Ingrid de Souza e Natália Barbosa MODA É UM ASSUNTO QUE NÃO SAI da boca dos jovens. Em letras de música, revistas e sites, percebemos que não importa que tipo de roupa o jovem veste, desde que seja uma legítima peça da marca da moda. É como se as grifes definissem as pessoas. Quanto mais famosa for a marca da roupa que você veste (que, na maioria das vezes, é a mais cara), mais “descolado” você é. Entretanto, o jovem não pode se esquecer de que, mais do que um acessório de marca, a roupa e o estilo são o que caracteriza a sua personalidade. Não falam um pouco, mas sim “um muito” sobre você. O que você veste constrói a imagem que os outros têm de você. Portanto, na hora de se vestir, não se esqueça de quem você realmente é. Não associe seu valor com o que você pode pagar. Isso passaria aos outros uma ideia de superficialidade que você, com certeza, não quer passar. Ou quer? Pra ajudar, veja a seguir algumas dicas que podem te dar uma mãozinha na hora de saber o que vestir, se conhecer, e, melhor ainda, gastando pouco.
Roupas Rua Voluntários da Pátria, Santana (Zona Norte/SP) Largo 13 de Maio, Santo Amaro (Zona Sul/SP) Rua José Paulino, Bom Retiro (Centro/SP) Sapatos e acessórios Ladeira Porto Geral - Shopping Porto Geral, (Centro /SP)
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texto Vanessa Ribeiro foto Jenyssis Windenen modelo Daniela Braga
1. PESQUISE! E não apenas os preços. A ideia é que você faça uma autopesquisa. Dê uma olhada no seu corpo e no seu guarda-roupa, veja o que te cai bem, o que você acha bonito e usaria em qualquer circunstância. Veja o que é bem “a sua cara”, o que faz você se sentir bem. Só compre quando você tiver certeza de que se trata de uma roupa que vai fazer parte da sua vida e não apenas mais um entulho caro no seu guarda-roupa.
2. NÃO PEÇA OPINIÃO
Você não tem que vestir o que os outros acham bonito, mas sim o que você gosta e te cai bem. Pode reparar que aquela peça que sua amiga te aconselhou a comprar ficaria muito melhor nela do que em você.
3. PECHINCHA
Em lugares como feiras e brechós, você pode tentar negociar um desconto. Isso facilita se você comprar mais que uma peça no mesmo local. Cuidado pra não exagerar, não faça propostas sem noção, ou vão rir da sua cara. Mas mesmo se achar que pode não conseguir, não tenha medo de arriscar. O máximo que você pode ouvir é um não. ONDE COMPRAR POR MENOS
Escolher um simples batom ou cor de sombra pode virar um grande dilema. Mas maquiagem não transforma ninguém, só realça a sua beleza. Confira as dicas da Zzine.
Não apenas o quê, mas como, onde e quanto economizar em suas compras. Acompanhe na nossa coluna dicas para ficar na moda ao escolher seu estilo.
4. PESQUISE DE NOVO
PRIMEIRA PARADA
Limpe a pele, hidrate-a e use protetor solar sempre, assim a pele fica bonita e uniforme. Se está aprendendo, comece com o básico. Sombras de tons marrom cintilante ou perolado caem bem com todos os tons de pele (se não usado em excesso). Batons e gloss devem ser do mesmo tom de boca ou um pouco mais forte, o visual fica natural sem perder o realce.
MIAU!
O delineador deixa o olhar mais marcante e sexy. Fica mais fácil com a técnica do pontilhado. Feche um olho e faça três pontos rentes aos cílios: um em cada canto e outro no meio. Junte os pontos com cuidado. Se quiser um look estilo gatinho, comece no canto perto do nariz e puxe uma pequena linha quando chegar ao final de toda extensão.
CADA OLHAR, UMA COR
A maquiagem colorida está em alta. Abuse para ter um visual charmoso e descontraído. A cor varia de pessoa para pessoa. Um tom de sombra que fica lindo na sua amiga talvez não caia bem em você. Como combinar os tons: Olhos mel: sombras douradas, verde e salmão. Evite o azul. Olhos verdes: tons de cobre, marrom, mel, cinza e grafite. Olhos pretos: combina com quase todas as cores. Cores claras com delineador preto deixam o olhar mais marcante. Olhos azuis: sombras em tons de bronze, dourado e marrom. Evite o laranja. Olhos castanho esverdeados: tons violeta, prata, rosa, mel, cobre, cinza e marrom Olhos acinzentados: tons de azul, lilás, grafite e preto. Olhos castanhos: tons de bronze, cobre, verde, laranja, azul, lilás e preto. Evite o marrom. #ficaadica A máscara de cílios ajuda a realçar o olhar. Use sempre.
SMACK!
Os shoppings não são os únicos lugares a que podemos recorrer quando o assunto é se vestir bem. Existem lugares onde tudo é BBB (Bom, Bonito e Barato!). Pesquise e compare preços. Veja nos shoppings as peças que te agradam, depois pesquise em feiras de roupas, brechós, lojas de rua e bazares quanto custa o mesmo tipo de roupa.
Os tons de batom deixam o visual mais bonito. As loiras devem evitar cores escuras e abusar dos tons de rosa e coral. Já as morenas e ruivas podem usar a maioria dos tons fortes. #ficaadica Quando abusar na sombra, diminua o tom do batom.
5. SAPATOS CONFORTÁVEIS
Pratique para saber o que combina com seu estilo e não pagar mico. Princesinha, roqueira, sensual, básica, sexy, colorida... enfim, o mais importante é ter bom senso e ser fiel a você mesma.
Quando se trata de conforto físico, a coisa é um pouco mais séria. Se o assunto é sapato, a dica é ir além da beleza, e procurar os confortáveis. E disso não se pode abrir mão por desconto algum no mundo. Mas mesmo nesse caso dá pra negociar. Avalie sempre a qualidade dos seus “pisantes” e não os compre apenas pelo preço. Afinal, não vale a pena comprar algo que só vá se usar uma ou duas vezes.
BÁSICA TOTAL
SEJA FIEL A VOCÊ
Se prefere um visual discreto, há o estilo nude, que disfarça as imperfeições e mantêm um ar natural. Nessa make, a pele deve ser bem feita com base, corretivo, pó facial e pouquíssimo blush. Nos olhos, máscara de cílios incolor ou preta. Use tons claros de batom e gloss para finalizar.
Zzine 13
capa
As mídias sociais vieram pra ficar e estão bagunçando os limites entre vida real e virtual. Saber usar bem as redes pode te ajudar nas relações e até na profissão, mas se liga: o Facebook não substitui o contato pessoal texto Vanessa Ribeiro fotos Jéssica Novais e Natália Barbosa ilustração Juliana Mota
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Sem dúvida, a quinta-feira foi um dos piores dias. A manhã foi super tranquila. Eu nem lembrava mais do computador. Estava firme e forte. Fui para a aula de design gráfico como de costume. De repente, me vi rodeada de Facebooks, Orkuts e sites de jogos. Nesse momento, quase enlouqueci. Não olhava direito para os monitores, pois não podia saber o que estava acontecendo no mundo virtual. A única coisa que me restou foi abrir o Word e começar a pirar lá, feito uma idiota. Não aguentava mais aquela tortura. Fui embora decidida a desistir”, conta Jéssica Novais, 16 anos. Jéssica, fotógrafa do Zzine, recebeu a seguinte missão: ficar 168 horas sem se conectar à internet. Por que a Jéssica? Porque ela é completamente viciada em mídias sociais. Não é só ela que é assim. As mídias sociais fazem muito sucesso no Brasil. Pesquisas mostram que adoramos estar conectados: 90% dos internautas brasileiros estão cadastrados em pelo menos uma das redes mais conhecidas (Orkut, Facebook ou Twitter, por exemplo). O sucesso é tão grande que somos o terceiro país com mais usuários no Twitter, o segundo no Facebook e o primeiro no Orkut. Em média, consumimos quase 25% do tempo online fuçando na vida alheia e interagindo em rede. O mundo gasta 110 bilhões de minutos por ano nas mídias sociais. Uma das que mais cresce nesse ranking é o Facebook. São mais de 500 milhões de usuários ativos. Segundo as estatísticas oficiais, o Facebook detém o maior acervo de fotos do mundo, com 2,5 bilhões de imagens enviadas ao site por mês. Se o Facebook fosse um país, só seria menor - em número de pessoas - que a China e a Índia. Esses números todos mostram que o bicho que picou a Jéssica - aquela do começo do nosso texto - já infectou todo mundo. Uma infecção que tem forte impacto nas relações entre as pessoas. Segundo o especialista em mídias sociais, Gil Giardelli, tem gente que já nasceu com o mouse na ponta do dedo e não aprendeu a fazer amigos na vida real. Uma pesquisa da empresa Internet Safety for Kids & Families mostra que os brasileiros criam perfis nas mídias sociais cada vez mais cedo, com nove anos em média. “São novas possibilidades de relações que não substituem
as antigas, mas acrescentam um novo olhar a elas”, diz Luiz Algarra, especialista no tema. Mas o Que sÃo MÍDIas socIaIs? Rede social é a interação de pessoas em um meio social, ou seja, um grupo de amigos, a turma da escola, o churrascão, a baladinha... Já as mídias sociais são as plataformas virtuais que usamos para ter contato uns com os outros. O que muita gente chama de rede social deveria, na verdade, ser chamado de mídia social. É que, como a gente transportou nossos contatos reais para o mundo tecnológico, a nossa rede acabou se fundindo (ou confundindo) com a rede de fios que leva a conexão a nossas casas. A primeira mídia social foi criada em 1997. Six Degrees (Seis Graus) durou quatro anos e era usada para adicionar e mandar mensagens para amigos. Como não havia muito o que fazer, deixou de ser utilizada. Seus membros, na época, não achavam atraente a idéia de trocar informações com desconhecidos. Em 2002, foi a vez da rede Friendster. Ela virou sensação. Porém, o sistema do site não resistiu ao crescimento rápido de usuários. O Linkedin, direcionado a contatos profissionais, foi criado em 2003. Mesmo ano em que nasceu o Myspace que, em apenas três anos, virou febre, mas depois perdeu espaço. Depois vieram Digg, Multiply, Flickr, Care 2, Ning, Orkut, Twitter e The Facebook, então restrito aos alunos de Harvard. No ano seguinte, o Facebook perdeu o “The” e se tornou acessível para alunos de outras universidades, abriu as portas para o acesso mundial e se tornou o sucesso que é hoje.
MuDou tuDo Para muitos, ter acesso a diversas pessoas rapidamente se tornou essencial. É fácil, econômico e não exige exposição. “A rede é o paraíso dos introvertidos por permitir o compartilhamento dos pensamentos mais profundos”, diz Luiz Algarra. Ela proporciona anonimato e há quem a busque exatamente por isso. Se você está em rede, não precisa estar perto para estar presente. Pode ter vários amigos e ficar por dentro de tudo o que acontece na vida de cada um. Isso pode ser ruim, porque acaba com a nossa privacidade, mas definitivamente tem um lado bom. A ONG Transparência Hacker, por exemplo, precisava arrecadar R$ 40 mil para comprar um ônibus e montar nele oficinas itinerantes para ensinar tecnologia e audiovisual a comunidades. O grupo conseguiu a verba e mais R$ 7 mil por meio do crowdfunding Catarse, uma rede social para arrecadar dinheiro: você doa para projetos e inciativas de que gosta e em que acredita. Essa democracia funciona bem nas mídias. Qualquer um pode falar sobre o que acontece no mundo. Se considerarmos incompletas as informações dos grandes veículos jornalísticos e quisermos saber mais opiniões sobre o assunto, além de dar a nossa, é simples: pesquisando e publicando nas mídias, é quase certo que a informação será lida e comentada. fuXIco onLIne Por tudo isso, as relações mudaram bastante. E as mídias contribuíram muito para isso. Dá para saber quem está ficando, namorando e até terminando. Para os jovens, tudo isso é muito
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se você briga no virtual, é só bloquear!
Não dá pra fazer isso.
se o namorado te conta uma piada chata, você pode mandar emoticons risonhos e deixá-lo satisfeito, se achando “o piadista”.
você tem que dizer que foi sem graça a piada. se você não disser, ele vai perceber. #Ficadica
se você estiver com vontade de beijar... Fica na vontade!
se você estiver com vontade de beijar... vira pro lado e parte pro abraço! *--*
Aniversário de namoro virtual, você ganha um bichinho que se mexe na tela do PC. ¬¬’
No namoro real, ele não pode fugir. você ganha bichinhos de pelúcia fofos que não se mexem, mas pelo menos você pode pegar :D
Zzine 15
capa incrível. Se o jovem está se sentindo só, basta acessar sua conta pessoal que o problema se resolve. Amigos combinam de entrar juntos para comentar publicações ou trocar mensagens sem sair de casa. Garotos combinam o rolê do final de semana e xavecam umas gatinhas. Meninas adoram fofocar, postar fotos e pesquisar a vida alheia. Outros copiam a lição de casa do colega, publicam coisas engraçadas e relembram os velhos tempos da escola postando fotos antigas - o que faz o maior sucesso. Os tímidos muitas vezes aproveitam o fato de estarem do outro lado da tela para se aproximar de pessoas com que não teriam coragem de falar pessoalmente. O amor também está sempre presente nas mídias sociais. Pelo menos uma vez por dia você pode ler um “eu te amo”. Até os mais envergonhados se sentem à vontade para se expressar. Mas a rede também pode servir como uma espécie de plataforma para acabar com
relações. Este é o caso de Daniela Braga, 15 anos, que viu escrito na tela do computador o ponto final de seu relacionamento. “Estávamos juntos havia três meses e o namoro não estava muito bom. No último dia de aula, cheguei e dei um selinho nele, que nem olhou na minha cara. No final do dia, descobri que ele havia terminado comigo pelo MSN quando eu estava off. Fiquei arrasada e morrendo de vergonha”, conta ela. As relações profissionais também são afetadas pelo uso das mídias. A maioria das empresas no Brasil proíbe que seus funcionários acessem do escritório. Porém, em algumas, seu uso é inevitável e algumas pessoas acabam tendo comportamentos virtuais inadequados. (Leia o boxe sobre “netiqueta”). Anderson Santos, 21 anos, web designer, sempre usava as mídias sociais para promover a empresa onde trabalhava. Seu superior não concordava, pois achava que Anderson estava
disperso. Depois de duas advertências verbais, ele foi proibido de usar as mídias. Não respeitou a ordem e acabou sendo demitido. Em casa, Anderson montou seu portfólio e publicou no Facebook. Um amigo compartilhou com outros até que seu trabalho chegou a seu atual patrão, que curtiu Anderson e seu perfil. E assim o web designer acabou conseguindo um novo emprego, no qual ele tem permissão para usar todas as mídias sociais. Não é todo mundo que gosta de se mostrar como realmente é. Nas mídias, existem muitas pessoas mal intencionadas e algumas até criam perfis falsos. São os chamados fakes, termo que significa “falsos” em inglês. Em sites de relacionamentos como Facebook, Twitter, Orkut e até MSN, os perfis falsos são muito comuns. Muitas vezes, eles são usados para homenagear algum ídolo e até mesmo pregar peças em colegas, criando amizade para descobrir alguns micos. No mundo fake,
5 regrinhas básicas para não pagar mico na rede. Não compartilhe informações muito pessoais. Há pessoas mal intencionadas na rede. Quando publicar alguma frase de brincadeira, não se esqueça dos emoticons, pois as pessoas podem interpretar sua frase de forma errada. Não faça das mídias sociais um diário. Não é necessário postar o que fez ou vai fazer no seu dia a dia. Antes de postar algo pare e pense se é isso mesmo que deseja publicar. Não acredite em tudo o que lê. Na rede são postadas muitas informações bizarras e falsas.
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Para ler o diário completo acesse www. revistAzziNe. org.br
DIÁRIO DE UMA CIBERVICIADA Jéssica passou uma semana sem internet. Confira aqui seu sofrimento:
Você se imagina ViVendo sem acesso às mídias sociais? é tudo muito livre. Como as pessoas não precisam se expor, sentem-se de alguma forma realizadas por poder fazer coisas de que, no mundo real, elas não teriam coragem, como publicar sacanagem e suas opiniões e intimidade. Algumas delas se envolvem e cuidam do fake como se fosse sua própria vida. (Leia no blog o relato de nossa repórter sobre sua experiência no mundo fake). Para Gil Giardelli, esse comportamento é típico das crianças. “As pessoas ficam infantis. É um processo muito forte na internet”. LIsta teLefônIca? o Quê? Antigamente para fazer um trabalho escolar, era preciso ir à biblioteca e gastar horas para conseguir achar o conteúdo necessário. Para matar a saudade, eram escritas muitas cartas ou se usava o telefone, porém nem todas as pessoas possuíam um. Era preciso consultar uma lista enorme de telefones, na maioria das vezes desatualizada. Em 1970, já existia a internet, sim, porém ela era usada apenas para fins militares. Em 1990, ela ficou mais encorpada, possibilitando o uso civil. A maioria da galera de 25 a 30 anos conta que, para usá-la, ficava até de madrugada para pagar mais barato, mas a cone-
xão caía muito e não existiam mídias sociais. Você se imagina vivendo assim? Não? Ufa... Ainda bem que isso mudou. Com a melhora na tecnologia, ficou mais imediata também essa mudança das relações interpessoais. Especialmente entre os jovens, que, segundo Saul Cypel, sentem mais necessidade de se conectar. Pesquisas mostram que 85% dos jovens dizem que não conseguem ficar mais de um mês sem acesso às mídias. “O adolescente tem uma necessidade de comunicação e a internet oferece isso”, diz Saul. Ele também explica que o contato tende a controlar o estresse, principalmente das adversidades naturais do dia a dia. A dificuldade de contato ficou no passado. Podemos hoje, na hora que quisermos e onde quisermos, ter acesso às pessoas. Estamos vivendo em um século em que a tecnologia vem tomando conta de todos. As relações mudaram e há diversas diferenças entre o contato pessoal e o online. Mas devemos lembrar que o computador que conecta as pessoas é apenas uma máquina. Não se deve deixar de lado as relações que temos pessoalmente. “O bacana é a vida verdadeira, que é a vida das flores, dos amigos”, analisa Gil Giardelli.
> Domingo :) De todos os dias sem internet, o domingo foi o pior. Não tinha nada pra fazer. > SegunDa :) Eu estava super feliz, porque não teria aula naquela semana. Mas a felicidade foi embora. Também ficaria sem internet. > Terça :) Peguei um livro numa biblioteca (Estação Carandiru). Não costumo ler livros, mas era o que eu tinha pra me distrair. > QuarTa :) Liguei o computador. Foi super difícil ligá-lo e não poder conectá-lo ao mundo. > QuinTa :) Me coloquem pra correr a maratona, me mandem atravessar o Brasil de jegue, mas não tirem minha internet nunca mais. > SexTa :) Tirei meu título de eleitor com a Vanessa e a Jawanne. Na volta, tive a idéia de tomar banho de mangueira. > SábaDo :) A primeira coisa que fiz foi entrar no meu Face. Fiquei mega feliz ao ver q ue o meu nome foi mencionado 74 vezes. No fim do dia a minha vida voltou ao normal. > ConCluSão :) Ficar sem internet foi torturante, mas por outro lado foi ótimo. A internet tem o poder de unir as pessoas, mas também tem o poder de afastá-las do mundo real.
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transformar
Muitos jovens são descrentes em relação à política e só querem “garantir o seu”. Outros tentam transformar a sua realidade através dos grêmios, que criam pontes com a direção e reivindicam os direitos dos alunos. Quando os jovens fazem as pazes com a política, ganham o poder de reconstruir a escola e o seu futuro. texto Kayam Mendes e Jenyffer Stephany fotos Jéssica Novais, Jawanne Rodrigues e Jenyssis Windenen
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Os integrantes do grêmio da escola Leopoldo Santana, onde a sirene foi trocada por música. Os alunos-políticos da chapa “Next” ficam de olho na manutenção do colégio.
ocê gosta de política? Passa tardes assistindo à TV Senado e não deixa sua mãe nem chegar perto daquela camiseta que você usa como amuleto na eleição? É difícil encontrar um jovem que responda sim a essas perguntas. A maioria foge mais das notícias de Brasília do que da prova final de física. No entanto, existe um lugar onde, mesmo sem perceber, os jovens e a política acabam se encontrando: a escola. É no principal ambiente onde vivemos que podemos encontrar o nosso jeito de transformar a realidade. Um exemplo disso é o que o pessoal da Escola Leopoldo Santana pratica em um dos mais tradicionais grêmios da zona sul de São Paulo. Com chapas desde 1978, a eleição é feita democraticamente, assim como todas as ações que o grêmio realiza. São festas, passeios, campeonatos esportivos, mostras culturais e mutirões de limpeza. A principal função do grupo na escola é criar a ponte entre a direção e os alunos. Isso aconteceu, por exemplo, quando os alunos estavam há cinco meses sem excursões e o grêmio levou a reivindicação à direção. Após insistir muitas vezes, conseguiram passeios: foram à Feira do Estudante, ao parque de diversões Hopi Hari e ao teatro. Samir Isaias dos Santos, o calouro do colégio, conta que na escola onde estudava antes de mudar para o Leopoldo não existia grêmio e a direção não permitia que os alunos interferissem nas decisões. “Lá, a direção só mandava, não ouvia o que os alunos pensavam. Aqui já é muito diferente!”, diz, todo tímido. Uma das ações mais criativas do grêmio foi a mudança do barulho dos sinais entre as aulas e no intervalo. No Leopoldo, a sirene foi trocada por músicas programadas. A cada dia é apresentada uma faixa diferente. Em um dia, a troca de sala acontece ao som de Billie Jean, de Michael Jackson. No outro Canta Brasil, de David Nasser e Alcyr Pires Vermelho. Adilson Alves de Oliveira, professor de Educação Física diz que a relação entre os integrantes do grêmio e o resto dos alunos é boa e que eles sempre estão dispostos a
melhorar a escola. Agata Silva Hirie, 17, vice-presidente da chapa “Next”, explica que o grêmio atual tem influência na escola porque o pessoal é instruído a ser amigável com todos, incentivando um clima de camaradagem. Com mais de vinte alunos, distribuídos nos três períodos, a chapa ganhou a eleição em agosto de 2010, com 980 de 1.300 votos. Até Luan César, que tem o interesse de criar sua própria chapa na próxima eleição, reconhece o trabalho da gestão atual. Segundo ele, o grêmio repõe tudo que falta, faz os reparos na escola e conserva todas as dependências. A maior dificuldade que o grupo encontra é na relação com a comunidade, que reprova os eventos fechados no colégio, devido ao volume da música. Assim como no Leopoldo, há diversos grêmios na cidade. Um grupo deles se reuniu para formar a Poligremia, com a intenção de discutir os assuntos que atingem os alunos das redes pública e particular. A associação é composta por mais de trinta estudantes, a maioria de escolas particulares de “elite”, mas a galera se mostra ativista para de-
fender uma educação pública de qualidade e procuram agrupar o máximo de pessoas para participar de fóruns de debate. Segundo Pedro Rocha, 16, estudante da Escola Técnica Estadual Takashi Morita e integrante da Poligremia, a intenção do grupo é brigar por uma sociedade mais justa, independente e rígida com o governo: “É maravilhosa a sensação de estar em manifestações, ouvir gritos de protesto e não se sentir só em uma causa. Nosso objetivo é reunir as escolas”. Eles já realizaram protestos contra o aumento da passagem do ônibus e contra a prova do Saresp, que avalia as escolas do estado de São Paulo. Pedro diz que a nota média do estado subiu depois que as provas passaram a ser aplicadas nas Etecs. Segundo ele, mesmo fazendo o curso técnico lá, muitos alunos continuam o ensino médio regular em escolas particulares. Dessa forma, o governo aumentaria a média do Saresp do estado. Enquanto grupos como a Poligremia e o grêmio da escola Leopoldo lutam, fazem protestos e se organizam para melhorar a qualidade de ensino, a grande maioria dos jovens
correm sozinhos atrás de seus sonhos: pagam cursos particulares ou frequentam os gratuitos, fazem pesquisas na internet, lêem livros, aprendem música e encontram uma infinidade de outras maneiras para crescer na vida. É isso que uma pesquisa feita pela Consultoria Retratos revela. A maioria dos 990 adolescentes, entre 16 e 18 anos, respondeu que a melhor forma de transformar o mundo é “cada um fazendo a sua parte”. Em segundo lugar, eles apontaram o voto e, em terceiro, a organização de grupos. A minoria citou protestos como o melhor modo de mudar o mundo. A maioria dos jovens não acredita na política convencional e no modo como ela é feita hoje. Mais da metade dos entrevistados não tem preferência por um partido. Eles responderam que a descrença é seu principal sentimento em relação à política. Talvez os jovens que estão tentando transformar a escola consigam criar um jeito diferente de fazer política e, assim, mudar a percepção da maioria. É certo que a política precisa mudar para atrair os jovens. Mas talvez só os jovens possam reinventá-la.
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gravidez ENGRAVIDAR NA ADOLESCÊNCIA é barra. Ter que abrir o jogo para os pais e pro namorado, aceitar as mudanças que seu corpo vai sofrer, agir como adulta, pensar em cuidar de alguém que não é você mesma, ter que ganhar dinheiro, desistir dos sonhos... Tudo muda. Ter menos de 16 anos e gerar um filho também é perigoso. Além da imaturidade emocional, a adolescente corre riscos de sofrer um aborto espontâneo (ou forçar um aborto, de forma ilegal, com remédios, por exemplo) e pode até morrer em decorrência disso. O aborto é a 3ª causa de morte materna no Brasil: de cada 100 mil mulheres grávidas, 940 morrem por essa razão. E os problemas não acabam aí. Uma criança exige muita atenção, amor e dedicação de seus pais. Durante um bom tempo, ela irá depender de você pra tudo: da comida até a formação de seu caráter. Seja você o pai ou a mãe, isso é sua responsabilidade. Os relatos abaixo são de adolescentes que já passaram por isso e que aprenderam que voltar no tempo é impossível, mas que replanejar a vida e seguir em frente não é.
UM FUTURO
NÃO SONHADO
Jéssica dos Santos Barbosa descobriu sua primeira gravidez aos 14 anos. Ela e o namorado não usavam camisinha. “Não tive informação sobre sexualidade em minha escola”. Depois que a menstruação atrasou, ela fez o teste na farmácia e outro de sangue para confirmar e ficou desesperada com o resultado, pois não sabia como iria criar uma criança sendo tão nova e com um namorado desempregado. Ela sentiu muito medo de ser expulsa de casa. O momento de contar para os pais foi um dos mais difíceis. Ela leu o exame ao lado da mãe, na sala de casa. “Meus pais ficaram chocados. Minha mãe chorou muito sem saber o que fazer”. Depois, ela chamou o namorado e deu a notícia junto com a mãe. Ele também não sabia o que fazer. Ela não pensou em abortar. Sua mãe pensou, mas logo desistiu. Ela teve a criança em 2002. Estava na 8ª série e conseguiu terminar o ano. Mas, no ano seguinte, engravidou novamente. Então, não conseguiu mais estudar. Parou no primeiro ano do ensino médio. Na segunda gravidez, Jéssica teve gêmeos, o que complicou mais sua situação. Aos 15 anos, já tinha que cuidar de três crianças. Ela contou muito com a ajuda de sua mãe, já que o pai das crianças não dá apoio. Apesar de perder boa parte de sua liberdade, Jéssica diz que se acostumou, pois seus filhos são “seus tesouros”. Mesmo passando por muitos altos e baixos como a perda de sua mãe e a separação do pai de seus filhos, ela superou as barreiras. Mas a vida é bem diferente do que ela tinha sonhado para o seu futuro. “Eu imaginava que, aos 23 anos, teria terminado meus estudos e estaria com uma profissão boa, minha casa e meu carro”, diz. “Agora tenho que trabalhar para o pão de cada dia dos meus filhos”.
GRÁVIDO? EU?
Sabe quando a gente pensa que poderia voltar no tempo e desfazer as coisas? Pois é... Conheça as histórias das vidas que mudaram depois de um teste de gravidez.
texto Carol Ventura, Graciela Silva Reis, Rafael Rocha, Taís Gomes e Thalita Gomes foto Jéssica Novais
Aos 16 anos, o dia a dia de estudos, trabalho e “balada” de Ilton Rodrigues, estava prestes a ser interrompido. Aos prantos, sua namorada ligou para o irmão dele e disse que o teste de gravidez tinha dado positivo. Dizia que tiraria a criança, pois Ilton não iria querer ser pai. Seu irmão disse: “Calma, vem pra casa que ele vai ficar com esse filho. Mesmo se ele não ajudar, eu e nossa família daremos um jeito”. Então, ele ligou para Ilton e contou tudo. Assustado, Ilton disse que era pra ela ir pra casa que ele iria dar um jeito, pois aquilo não era um “bicho de sete cabeças”, que, se isso tinha acontecido, eles iriam criar esta criança. Ele sentiu medo, mas, com o passar do tempo, começou a aceitar a ideia de ser pai. Se ele se arrepende de algo? “Nunca faltei com os bens materiais, meu filho teve tudo o que eu pude dar, mas não estava presente. Acho que a fiz sofrer muito, pois era muito baladeiro”. Quando ela ganhou neném, ele estava na balada. Assim que soube, mesmo meio embriagado, foi rápido para a maternidade, mas acabou perdendo esse momento especial. Mesmo após o nascimento, Ilton continuou ausente: “Nada mudou em minha vida, continuei com os estudos, o trabalho e as baladas, coisa da qual me arrependo até hoje”. A curtição dele - sofrimento para ela - foi um dos motivos da separação. Ilton viveu assim “até deixar de ser moleque”, como ele diz. Hoje, após altos e baixos, cuida muito bem de seu filho, que diz amar muito e de quem se orgulha. Mesmo com sua ausência, seu filho é um ótimo menino. Para este ano, Ilton aguarda o nascimento de sua “babiza”, que é como apelidou sua próxima filha. Ela é fruto do seu casamento atual e, dessa vez, ele não pretende cometer os mesmos erros. Agora, quando sua mulher estiver na hora do parto, ele vai estar lá segurando a sua mão.
MESMO BÊBADO, FOI PARA A MATERNIDADE, MAS ACABOU PERDENDO O MOMENTO ESPECIAL Zzine 21
INFORME PUBLICITÁRIO
“MUDARIA VÁRIAS COISAS, MAS NUNCA O FATO DE TER TIDO ESSA PRINCESA”
O PAI DA MINHA FILHA ABORTOU, MAS EU CONTINUEI GRÁVIDA! Pedi que entregassem o teste de gravidez no meu trabalho. O guarda que recebeu a encomenda era meu colega e me olhou com aquele olhar de reprovação. Eu logo disse: “Foi uma amiga que pediu”. Mas parecia que ele não tinha acreditado. Me tranquei no banheiro por duas horas. Li atentamente as instruções. Estava escrito para colocar a fita no vidro com o xixi e ver quantas marcas apareciam: uma para negativo e duas para positivo. Respirei bem fundo, parei, fechei os olhos e esperei o resultado. Apareceram dois riscos. Pensei na margem de erro do exame, pois queria aliviar a angústia. Fui falar com o pai da criança. Ele só dizia que aquilo poderia acabar com sua vida e que o melhor era eu abortar. Também pensei que essa fosse a melhor solução. Como eu ia fazer para criar uma criança aos 16 anos? O que eu ia ensinar a ela? O que falariam de mim? Resolvi falar com quem poderia me dar a melhor solução. Escrevi uma carta, pois não tinha coragem nem de falar para a pessoa mais importante pra mim que tinha acabado de “ferrar” com minha vida. Fiquei na agonia ao ver minha mãe ler a carta, esperando que ela me agredisse. Mas ela olhou pra mim com um olhar tão triste e disse apenas uma frase que me dói muito até hoje: “Você me decepcionou”. Ela poderia ter feito várias coisas para me machucar, mas fez com que meu ódio por mim mesma fosse a coisa que mais me ferisse. Após essa decepção, outras viriam. Voltei a falar com o pai da minha filha. Ele sugeriu que o melhor era eu injetar um remédio de cavalo para que eu abortasse. Perguntei: “Mas isso é coisa para animais! E se eu morrer”? Ele, com ar de deboche, falou: “Se acontecer, será uma consequência”. Consequência? Disse a ele que, se fosse assim, ele podia viver a vida dele, que, do MEU bebê, eu cuidava sozinha. Ele abriu mão. Eu não. Levantei a cabeça. Demorou um pouco para aceitar, mas logo minha filha virou a coisa mais importante da minha vida. Se eu pudesse voltar atrás, mudaria várias coisas, mas nunca mudaria o fato de ter tido esta princesa alegrando meus dias. Hoje, somos muito felizes eu, ela e minha mãe.
O EXEMPLO SOU EU
Paloma tinha 15 anos quando descobriu que ela e o namorado estavam “grávidos”. A primeira pessoa fora do casal que ficou sabendo foi uma amiga. Sua mãe já tinha percebido alguns dos sintomas. Para contar aos pais, Paloma pediu ajuda ao namorado. Eles reagiram muito mal à notícia. Ao contrário da maioria das gestantes dessa idade, Paloma não pensou no aborto em nenhum momento. “A criança não tem culpa de nada. A culpa é minha e do meu namorado”, assume ela. Quando anda na rua e sente o olhar dos outros se voltando para ela, tenta não se incomodar. Pensa que o problema é dela e que são só ela e o namorado que enfrentarão a responsabilidade. Paloma acha que a gravidez é algo que deve ser planejado. Mas, por mais difícil que seja ser mãe na adolescência, ela acha que quem comete esse erro deve encarar de forma madura, pois é uma vida que está em jogo. Hoje, ela até vê um lado bom de ter engravidado cedo, pois vai poder acompanhar os estudos de seu filho. Ela calcula que, quando ele estiver na escola, ela vai estar na faculdade. Assim, poderá estudar com o filho. Ela diz que não abandonará seus estudos, pois quer ser um exemplo para a criança.
“A CRIANÇA NÃO TEM CULPA DE NADA. A CULPA É MINHA E DO MEU NAMORADO” A venda de bebida alcóolica para menores de 18 anos é proibida, pois prejudica o desenvolvimento desses jovens
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