Distribuição Gratuita
Fevereiro / Março de 2016 - Ano 8 - nº 51 w w w. o b r a s e d i c a s . c o m . b r
MINAS GERAIS ARTE, PAISAGEM E HISTÓRIA 1
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EXPEDIENTE
EDITORIAL
A DOÇURA DE MINAS
Diretor-Geral Donizeti Batista Diretora Editorial Arquiteta Denise Farina
Ser Mineiro é ser religioso e conservador, é cultivar as letras e artes, é ser poeta e literato, é gostar de política e amar a liberdade, é viver nas montanhas, é ter vida interior, é ser gente.
Jornalista responsável Cris Oliveira - Mtb 35.158 Projeto Gráfico / Editoração Marcelo Arede Dep. Financeiro Bruna Lubre Sugestões contato@obrasedicas.com.br Vendas: Had Captações e Propaganda Ltda-ME 17 3033-3030 - 3353-2556 revistaobrasedicas@hotmail.com contato@obrasedicas.com.br www.obrasedicas.com.br
Ser Mineiro - Carlos Drummond de Andrade
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onhecer Minas Gerais e seus encantos não caberia numa edição ou mesmo num livro. De Ouro Preto a Inhotim, passando pela modernidade de Pampulha, Minas é um capítulo à parte na história do Brasil. Há que se descobri-la aos poucos e é só um pouquinho disso que nossa revista traz aos leitores nesta edição 51. Trazemos também algumas novidades da Revestir, que são muito bem vindas. Numa época de crise econômica, é pertinente descobrir o que as empresas estão lançando de novo e
Fevereiro / Março / 2016 Nº 51 - Ano 8 Foto: Denise Farina
Foto: Arquivo pessoal
revista obras e dicas
Denise Farina Diretora Editorial
Distribuição Gratuita. Dirigida aos setores relacionados à Construção Civil - São José do Rio Preto e Região. *Artigos assinados representam opniões dos autores. 4
denisefarina@denisefarina.com.br
competitivo no mercado da construção civil. O incrível Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, obra do arquiteto espanhol Santiago Calatrava, está em nossas páginas , assim como a entrevista da arquiteta Neide Senzi, que parece esculpir suas obras com luzes. Enfim, renomados arquitetos da região explicam a importância de se contratar um escritório de arquitetura, início primordial de uma obra bem planejada e entregue às mãos de quem sabe concebê-la. Boa leitura!
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ÍNDICE PAPO DE OBRA
PLATAFORMA BIM
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ESPECIAL
MAS AFINAL, O QUE FAZEM OS ARQUITETOS?
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PROJETO
A LUZ E SUAS MÚLTIPLAS FACETAS
18 a 21
ESPECIAL
MUSEU DO AMANHÃ REALIDADE DO HOJE
22 a 26
REVESTIR
14ª EDIÇÃO DA EXPO REVESTIR
28 a 30
CAPA
MINAS GERAIS ARTE, PAISAGEM E HISTÓRIA
32 a 37
CULTURA
BEM-VINDOS AO UNIVERSO MONDRIAN!!!
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OBRAS PREMIADAS BIBLIOTECA BRASILIANA
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PAPO DE OBRA
Foto: Divulgação
PLATAFORMA BIM
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IM vem do inglês Building Information Modeling, ou seja, significa Modelo de Informação da Construção. A Plataforma Bim consiste em representar fielmente tudo o que vai ser construído na obra, ainda no computador. Com ela é possível extrair informações do projeto, como quantitativo de materiais e peças, definir etapas e ordem em que cada elemento vai ser construído e verificar a compatibilização entre os projetos envolvidos numa mesma obra. Para saber mais sobre o tema, conversamos com o arquiteto Rafael Sinhorini, que ministra cursos e consultorias de Revit (um dos softwares do BIM), através da escola de 8
computação gráfica Área Z. Acompanhe os principais tópicos. Implantação Enquanto arquiteto, demorei um pouco para efetivamente trabalhar utilizando o BIM no desenvolvimento dos meus projetos. Meu primeiro contato foi há pouco mais de 08 anos, eu havia feito um curso básico de um dos softwares com essa tecnologia e já comecei a utilizá-lo em um dos maiores projetos que tínhamos em andamento. Resultado: por não ter total domínio das ferramentas acabamos perdendo todos os prazos combinados com o cliente. Hoje eu sei que
essa não é a melhor forma de implantar a tecnologia BIM. Nos cursos que atuo como Docente Certificado da Autodesk, uso parte das aulas para explicar sobre isso. O mais indicado é, em primeiro lugar, não desenvolver o primeiro projeto para um cliente na ativa. O ideal é reservar algumas horas por dia para que parte da equipe comece a utilização da nova tecnologia, mas desenvolvendo um projeto antigo do escritório que, preferencialmente, já tenha sido todo executado e que possui todos os itens já solucionados. Dessa maneira a equipe pratica de forma tranquila e os resultados aparecem muito mais rápido.
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PAPO DE OBRA
BIM Comecei a participar de fóruns, palestras e eventos organizados pela própria fabricante e fui percebendo o quanto a tecnologia BIM estava em foco e o quanto estavam surgindo novos softwares com essa plataforma. Acho que qualquer profissional que tenha um contato mais aprofundado com essa tecnologia, vai perceber que não existe uma opção entre BIM e CAD, talvez exista a escolha entre começar a utilizá-lo agora ou ir deixando para fazer isso mais para frente. BIM X CAD Quando pensamos em CAD, estamos falando apenas de um desenho auxiliado pelo computador. Quem utiliza um software CAD, basicamente realiza as mesmas ações que se realizava com prancheta, régua paralela, esquadros e escalímetros, a única diferença está na ferramenta em si, ao invés da lapiseira riscando sobre o papel, trabalhamos com um comando específico dentro do software para realizar tal ação. Trabalhar com o BIM exige um raciocínio bem diferente. Você não desenha uma linha que vai representar a função de uma parede, você efetivamente constrói essa parede, portanto, é preciso indicar do que essa parede é feita, como é formada a sua estrutura, quais elementos irão compor seus revestimentos e assim por diante. Tudo isso influência muito a forma de projetar, é preciso pensar em cada detalhe da obra, e apesar de um pouco mais complexo é isso que garante um melhor projeto, se comparado com o projeto desenvolvido em CAD. É justamente essa diferença na forma de pensar que, a meu ver, tem dificultado a implantação de tecnologia BIM. Aplicação Atualmente o uso de softwares BIM se aplica em basicamente todas as etapas da construção civil, desde grandes projetos de infraestrutura, até a área da construção de edificações passando por todos os tipos de projetos, arquitetônico, estrutural, elétrico hidráulico, automação, ar condicionado etc. Existem soluções para todas essas áreas. Capacitação Para fazer uso do BIM o arquiteto precisa fazer o curso. Procure uma escola com profissionais certificados e especialmente que 10
Foto: Divulgação
seja um Centro de Treinamento Autorizado, isso garante que o curso esteja numa mesma linguagem indicada por quem desenvolveu o software. Vantagens Atualmente o uso da tecnologia BIM envolve todos os ciclos de vida do edifício. É possível trabalhar nessa plataforma desde a análise de viabilidade do terreno, até a fase de demolição ou manutenção do edifício. Mas é importante ressaltar que, para isso, é necessário trabalhar com vários softwares ao mesmo tempo. Outras vantagens são: facilidade e agilidade na documentação (com a edificação toda modelada, a geração de desenhos como plantas, cortes e vistas é feita automaticamente pelo programa); facilidade na revisão e alteração de projetos; facilidade na compatibilização de projetos (se todos os envolvidos com o projeto trabalharem com a plataforma BIM, a compatibilização de todos esses projetos atinge um nível de excelência): cálculo solar (com a edificação toda modelada, é possível indicar com extrema fidelidade o caminho que o sol percorre em torno dela); quantificação de materiais e gerenciamento de obra (se a modelagem for realizada preocupando-se com a fidelidade de informações, será possível extrair a quantidade exata de todos
os materiais que envolvem a obra). Desvantagens Num primeiro momento, talvez a grande desvantagem seja o maior tempo para desenvolvimento de um projeto, porém isso pode ser minimizado com a prática dentro dos softwares. Quando entendemos que projetar em BIM é, efetivamente, reproduzir a obra dentro do computador, ficará fácil perceber que todo esse tempo “gasto” com o projeto vai refletir numa obra mais rápida e precisa, sem tantos problemas. Clientes Para o cliente só existem vantagens, pois ele terá um projeto mais fiel à realidade da obra, isso sem falar em alguns novos aplicativos desenvolvidos para o público leigo, onde existe uma conectividade com o projeto desenvolvido em BIM, e o cliente através de seu tablet ou smartphone consegue navegar pelo seu futuro imóvel, extraindo informações. Já conheço casos onde o uso da tecnologia foi solicitado pelo cliente no momento de fechamento do contrato. O próprio governo federal está de olho nessas vantagens que a tecnologia BIM traz para o contratante, e já está exigindo, em algumas de suas licitações, que os projetos sejam entregues em arquivos com extensões compatíveis com BIM.
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ESPECIAL
Fotos: Divulgação
MAS AFINAL, O QUE FAZEM OS ARQUITETOS?
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uitas pessoas ainda desconhecem as reais funções de um arquiteto, e isso não é somente entre leigos, acontece até mesmo entre pessoas que trabalham nas mais diversas funções da cadeia produtiva do mercado da construção civil. Outros acham que contratar um arquiteto é questão de status, por se tratar de mão de obra cara, muito específica, e que esse profissional vai acabar “criando” coisas que irão apenas encarecer o projeto. Mas a verdade é que os arquitetos são imprescindíveis para o bom resultado de um projeto. Por isso conversamos com alguns deles, que falam sobre as funções que exercem, os investimentos que os clientes terão que fazer, e o que levar em conta antes de contratar esses profissionais. Acompanhe.
Amanda Peixe “O arquiteto é o profissional que consegue aliar a forma e a função. Além de procurar uma estética adequada, ele tem como principal foco atender às funções que serão exercidas em cada ambiente. Além de medidas ideias ao corpo humano (ergonomia),
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ainda sabe adequar o espaço com as dimensões do mobiliário, circulação, etc. O projeto arquitetônico não deve contar apenas com o prédio, mas com toda programação de mobiliário, circulação, locação de pontos de elétrica/hidráulica e compatibilização de todos os projetos da obra. Não existe um preço médio, pois cada profissional oferece um tipo de serviço. Alguns fazem apenas projetos de decoração, outros fazem a total compatibilização de todos os projetos da obra. No nosso escritório cobramos um preço justo e acessível a todos os bolsos. Fazemos desde planos para pequenas casas de 60m² até grandes indústrias, tudo adequado às necessidades do cliente. O trabalho do engenheiro e do arquiteto são completamente diferentes e ambos necessários. O trabalho de um complementa o trabalho do outro. A experiência sempre acrescenta. Um bom profissional é aquele que nunca para de estudar, aprender e se aperfeiçoar. Existem profissionais que acabaram de se formar,
mas que sempre fazem cursos, estagiaram na área, também existem arquitetos formados há anos que fizeram poucos projetos e nunca se atualizaram. O tempo de formação não importa muito, o mais importante mesmo é o tempo de estudo e trabalho que o profissional tem na área. Na minha opinião, cada um é que deve saber o preço a cobrar pelo seu trabalho. A definição de fama é muito ampla, mas acredito que a melhor é estar ativo no mercado de trabalho com uma cartela de clientes satisfeitos. Quando você tem clientes felizes, é porque teve sucesso no seu trabalho. No nosso escritório tratamos cada projeto como um projeto de vida. Muitas pessoas economizaram e se programaram por muito tempo para executar sua construção. Por isso o nosso respeito ao cliente não fica apenas na sua obra, mas em todo o esforço que ele teve para chegar até aqui. O nosso trabalho é garantir que o cliente tenha o melhor custo x benefício, apresentar as melhores soluções, opções e novidades do mercado.”
Daniela Abudi “Nós, profissionais arquitetos, temos a formação para elaborar o projeto arquitetônico com funcionalidade e conforto, sem abrir mão dos padrões estéticos e sonhos do cliente. Pode-se contratar um arquiteto em três fases: para elaboração do projeto (adicionando os projetos complementares que são: elétrico, hidráulico e estrutural, feitos por engenheiros de cada área); para o acabamento, que é a escolha dos materiais e revestimentos, detalhes, gesso, iluminação, etc: e para a ambientação, que inclui o desenho de mobiliários e/ou escolha em lojas especializadas, tapeçaria, cortinas e decoração em geral. Quanto ao investimento, normalmente cobro o valor por m² de cada fase, que parte de R$ 35 a R$100 por metro quadrado, dependendo de até qual fase o cliente deseja chegar. Para qualquer tipo de obra é necessária à contratação de um arquiteto,
pois o profissional está apto a fazer reformas também, o que é sempre um desafio interessante, pois conseguir transformar um espaço em outro, com uma estrutura pré-estabelecida, exige muita criatividade. Sobre contratar um profissional que acabou de se formar, acredito que, em primeiro lugar deve existir confiança e empatia entre as partes, pois é um trabalho no qual entramos na vida pessoal dos clientes. Conversar com os já clientes e/ou fornecedores, e conhecer outros trabalhos realizados pelo profissional, é uma forma racional de exercer sua escolha. Acredito que a fama é uma forma de reconhecimento, mas infelizmente, no mundo globalizado de hoje, nem tudo que vemos é verdade, mas não acredito que pessoas que trabalham de forma errada se firmem no mercado por muito tempo, em qualquer área.”
Fábio Shiota “Em alguns processos e projetos é obrigatória a contratação de um responsável técnico, por exemplo, aprovações legais (alvará de construção, laudos técnicos, regularizações, reformas, entre outros) que dependem da emissão do registro de responsabilidade técnica (RRT). Além das obrigações legais, o arquiteto é o profissional capacitado em atuar desde a concepção do estudo preliminar do projeto até a execução da obra. Uma vez que o curso de arquitetura prioriza a disciplina de desenvolvimento de projetos, fazendo uso de novas tecnologias com a intenção de garantir o conforto, a sustentabilidade, a inclusão social e a humanização dos espaços construídos. O custo da mão de obra depende do serviço a ser contratado. No caso de projetos executivos com aprovações legais cobra-se por m², ou uma porcentagem do valor da obra. Por exemplo: o projeto de uma clínica médica de aproximadamente 200m², com aprovações legais junto à secretaria de obras e vigilância sanitária, cobramos em média R$ 50 o metro quadrado ,ou 5% do valor da obra. No caso de execução e gestão de obras, que envolvem os levantamentos orçamentários, a compra de materiais, a contratação da mão
de obra, o aluguel de equipamentos, entre outros, o valor a ser cobrado é de 10%. O arquiteto deve ser contratado de acordo com a necessidade do cliente. Suas atribuições permitem que ele realize projetos arquitetônicos novos ou de reforma, adequações de acessibilidade, levantamentos arquitetônicos, arquitetura de interiores, laudos técnicos, pareceres técnicos, assessoria, consultoria, assistência técnica e gestão de obras, entre outros. O melhor arquiteto é aquele que sabe quais são suas atribuições profissionais e tem o compromisso com a garantia da qualidade do seu trabalho e das suas relações. É aquele que investe na sua capacitação, buscando evoluir tecnicamente e ter uma relação direta com a execução da obra. Os novos profissionais se apropriam das novas tecnologias, dos novos conceitos, aplicando seus ideais de maneira proativa, e tem pelo projeto uma consideração como se fosse seu ‘primeiro amor’. Já os profissionais experientes têm a previsão sobre os possíveis eventos, e utilizam suas ‘cartas na manga’ para lidar com imprevistos da atuação profissional. A capacidade gera a fama, porém a fama
não garante a capacidade. O resultado de um trabalho bem feito capacita o profissional para enfrentar um mercado restrito e competitivo. A fama é a consequência do reconhecimento dos clientes e da sociedade de uma maneira geral, gerando a publicidade espontânea e estratégica. Os preços expressivos não necessariamente condizem com a fama, mas sim com o aumento e manutenção de uma estrutura formalizada, que requer mais recursos humanos e materiais.”
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ESPECIAL
Fotos: Divulgação
Ana Paula Martinez “Acredito muito naquela piadinha que diz: não é porque temos um rim que sabemos trata-lo da maneira correta. Nós, arquitetos, passamos boa parte das nossas vidas estudando e nos especializando para transformar sonho em realidade. Isso não quer dizer que faremos apenas do nosso jeito, mas sim aperfeiçoaremos, com técnica e conhecimento, o desejo do cliente, orientando nas escolhas e prevenindo erros. Eu afirmo e reafirmo que um projeto bem feito e bem resolvido promove muito mais satisfação do que um projeto mais barato e com menos envolvimento. Na minha concepção projetual leio o cliente, entendo seu dia a dia, se cozinha, se gosta de ler, o que espera da sua nova casa, entre outras informações tomadas no briefing da primeira reunião, busco referencias e a partir dai crio individualmente e exclusivamente o projeto. A alma do arquiteto é para
isso, transformar um projeto, uma obra, em vida diária e feliz. O mercado é bem variado e até nessa variação temos que tomar cuidado, pois um valor muito abaixo de mercado é de se pensar. Precisamos começar a ter mais valor do que preço. E tudo que envolve qualidade, envolve mais tempo, e o que envolve mais tempo envolve mais valor. A experiência deve contar sim, não sou a mesma arquiteta de quando sai da faculdade, o dia a dia nos melhora, e muito. Mas precisamos, no inicio, de pessoas que nos deem oportunidade para aprendermos. Amando o que faz, sendo honesto perante a isso, o resta se aprende. Eu acredito que, o que deve medir valor é o serviço que será apresentado, não acredito que fama condiz com qualidade. Para mim fama e sucesso é no boca a boca, quantos (clientes) te indicariam, por exemplo.”
Flávia Bonadio “Um arquiteto é responsável pelo projeto. Seja residencial ou comercial. O planejamento de onde se vai passar a maior parte do tempo depende exatamente do conforto que estes espaços podem te oferecer. Além do que, para as aprovações de projetos em prefeitura, vigilância sanitária, etc, é necessário o projeto arquitetônico sob a responsabilidade de um profissional. O custo varia para cada tipo de projeto, dificuldade e metragem. E assim como em outras profissões, quanto maior a experiência do profissional, maior o preço. Não é a fama que condiz com a capacidade. O sucesso não vem de graça. Existe muito trabalho por trás do sucesso. E depois de tanto trabalho e tanta experiência, não é possível se igualar com quem está entrando no mercado.”
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Luiz Veneziano “O arquiteto é o profissional técnica e legalmente autorizado a fazer o projeto arquitetônico, a exigência central para que um edifício seja construído ou reformado. Tem formação em conhecimentos bastante técnicos, o que o habilita a atuar em todas as fases do projeto, seja como consultor, autor, coordenador ou responsável técnico. Mas essencialmente, o arquiteto é o profissional que ‘constrói’ a cidade. Ele cria os espaços a serem utilizados por todos nós, as residências, ambientes de trabalho, lazer, estudo e por aí afora. Em todo ambiente construído deverá estar presente o trabalho do arquiteto. A falta da contratação do profissional da arquitetura também pode gerar desperdício na obra, ante a inexistência do projeto, elevando expressivamente seu custo final, e injustificando a não contratação do arquiteto, se acaso tal decisão fosse por ordem econômica. Mas não falamos ainda do senso estético que deve permear a atividade do arquiteto. A arquitetura poderá ser uma obra de arte, mas responsável para com as pessoas e seu contexto. Nesse aspecto artístico, podemos sentir a boa arquitetura, já que o belo nos afeta emociona e conduz. A atividade profissional do arquiteto urbanista é regulada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo, o CAU, que estabelece critérios para a remuneração do projeto arquitetônico de edificações, ou seja, os honorários do profissional. Trata-se de uma referencia a ser observada pelos profissionais e não tem a função de se sobrepor a negociação entre arquiteto e cliente. Basicamente, são duas formas de estipular os honorários: por percentual sobre o custo da obra e o cálculo pelo custo do serviço. Em media estipula-se, para um projeto arquitetônico médio, o percentual em torno 5% do custo final da obra. A escolha de um profissional de arquitetura, por parte do cliente, pode ser: por preço, afinidade com o trabalho, competência, etc. Na realidade, a escolha pode se dar por todas essas formas. Mas é fato que a experiência influi decididamente na qualidade do produto final. Estágios supervisionados du-
rante a graduação não são suficientes para a aquisição de experiência para o exercício profissional de forma satisfatória. Como em todas as profissões, o arquiteto há de ser um eterno insatisfeito com o conhecimento que possui, estando constantemente em busca de mais saber. O avanço tecnológico, em todas as áreas, muda drasticamente nossa vida, o que podemos sentir cada vez em menores espaços de tempo. O arquiteto deve ser um profissional constantemente conectado com esse avanço e deverá atualizar-se constantemente. Mas de alguma forma o profissional tem que começar sua carreira, seja em um escritório de arquitetura consolidado, em uma empresa, ou em carreira solo. Logicamente, de inicio, o que receberá em retribuição por seu trabalho, como em todas as profissões, terá um valor menor, pela pouca experiência a ser agregada. Mas isso não quer dizer que um recém-formado não possa desenvolver um bom projeto. Como se diz: cada caso é um caso e cada profissional é um profissional. Durante o exercício profissional, o arquiteto deve buscar uma linguagem própria de expressão de seu pensamento sobre a arquitetura, o espaço construído, aplicando essa linguagem a seus projetos, de forma a constituir-se uma identidade própria. Vemos isso no trabalho de muitos arquitetos que se destacam por todo mundo. Paralelamente, conforme sua produção for se desenvolvendo, suas obras vão ganhando destaque pela referida linguagem, pela qualidade projetual, beleza espacial e tantas outras qualidades, acarretando-lhe a nominada ‘fama’ profissional. Trata-se de um processo gradativo e natural, que deve ser buscado pela maioria dos arquitetos urbanistas. Mas não necessariamente a ‘fama’ esta atrelada a um bom projeto de arquitetura. Diversos fatores também podem contribuir para isso. Podemos exemplificar com o fato de um arquiteto fazer um projeto de uma residência para uma pessoa ‘famosa’ e ganhar expressão social e profissional pelo fato em si, mas não necessariamente pelo projeto que foi feito, não se discutindo aqui sua
qualidade. O certo é que, um arquiteto que tenha conseguido ascensão profissional, certamente agregara mais valor ao projeto arquitetônico, cobrando, por assim dizer, preços mais expressivos. Sempre levando em conta que, não necessariamente um projeto caro está atrelado a capacidade do profissional, ou mesmo a qualidade do produto entregue. Projeto caro ou barato não é expressão de um bom ou mau projeto.” 15
ESPECIAL
Foto: Divulgação
Roberto Magalhães “O material de trabalho do arquiteto é o espaço, como este espaço deve ser articulado e elaborado para abrigar a necessidade requerida de uma maneira estética com proporção e bom gosto, funcionalidade e tecnicamente correto. Os ‘porquês’ dependem muito em que área estamos atuando, pois a atuação do arquiteto é muito abrangente. Antes precisamos responder: para que precisamos de um arquiteto? Para construir uma residência, reformar, construir um consultório, loja, fazer o visual merchandising de uma loja ou marca, para construir uma empresa, projetar uma fachada, restaurar um edifício histórico, fazer a decoração, definir os revestimentos, projetar uma praça, um loteamento e assim vai. Atualmente, alem desta condição primordial de concepção do projeto, o arquiteto age como um grande gerenciador de informações, entre todos os profissionais envolvidos nos projetos complementares ao projeto arquitetônico e nas informações relativas à execução da obra. É impossível estabelecer um custo de forma genérica. Atualmente o custo no mercado é estabelecido por m², o meu próprio escritório trabalha desta forma, mas com certeza seria melhor estabelecer um custo em função das horas gastas para elaboração de um projeto, mas isto não é uma realidade nossa. Do ponto de vista jurídico há justaposição na área de atuação dos arquitetos e engenheiros, portanto não é necessário contratar um arquiteto para qualquer tipo de obra, pois o engenheiro pode ser contratado ao invés de um arquiteto. A necessidade pode ser do ponto de vista estético, funcional e técnico, neste ponto de vista, arrisco dizer que se a pessoa quer um espaço construído com uma estética bem definida e coerente, a necessidade de envolver um arquiteto no processo é essencial. Usei o termo ‘me arrisco dizer’ pois, há espaços construídos belíssimos, nos quais não foram envolvidos nenhum arquiteto, como é o caso da arquitetura vernacular. Se a ideia é dar oportunidade para o crescimento de um profissional que você per16
cebe que tem um potencial, mas carece de experiência pratica, a contratação de um recém formado é mais que recomendada. Agora, se a intenção é contratar o profissional mais barato, talvez na hora que você sentar para fazer o primeiro churrasco num domingo a tarde, você tenha o sol batendo bem no seu rosto, por exemplo. O valor de um projeto esta intimamente ligado ao tempo gasto para a sua elaboração e o padrão da construção a ser executada. Quanto mais experiente o arquiteto e maior o padrão da construção, o detalhamento vai num nível que beira a neurose. Como por
exemplo, projetar um criado mudo onde o fio do carregador do celular fica embutido de maneira a não aparecer e não amassar quando se encosta o criado mudo na parede. O mais importante, para mim, em relação à contratação de um arquiteto, é que a relação entre quem contrata e o arquiteto seja prazerosa. O cliente não deve ser para o arquiteto a pessoa que ‘estraga’ as suas boas ideias; e o arquiteto não deve ser para o cliente aquele que só fica ‘inventando moda’, para isto a relação entre os dois deve ser sincera e honesta, e isto é o importante.”
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PROJETO
A LUZ E SUAS MÚLTIPLAS FACETAS
NEIDE SENZI
A arquiteta e lighting designer Neide Senzi é a nossa entrevistada desta edição. Ela é especialista em Lighting Design com curso na Penn State University- USA em Architectural Lighting, e há mais de 25 anos realiza projetos de iluminação e consultoria na área de eficiência energética. Neide contou um pouco sobre seus desafios, as novidades do setor e, claro, a importância da iluminação. Confira. Obras&Dicas – “Deixo [...] neste livro, as imagens da luz que capturei nas mais diversas aplicações de arquitetura para que seus olhos vejam, interpretem, vivenciem, experimentem, associem, se emocionem e transformem o que veem em mais uma experiência da vida.” Essa é sua reflexão no tocante ao livro “Lighting Design”. Fale um pouco sobre essa experiência. Neide Senzi - Este livro surgiu a partir do convite da editora J.J. Carol, que selecionou profissionais de diversos segmentos, relacionados à arquitetura, e me convidou a representar o lighting designer, através da publicação de projetos realizados em 15 anos de
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atuação. Foi excitante, pois durante o processo pude recordar toda a minha trajetória, através de cada projeto desenvolvido e cada imagem coletada, que expressava o meu “sentir a luz”. Estou agora no processo de lançar outro livro com o tema “Iluminação em ambientes de saúde”, da VJ Editora. Ele surgiu pela vasta experiência neste segmento e aborda o pensamento do gerir, criar, construir e manter um projeto de um edifício de saúde, mas não tem o foco em ser um portfólio e sim um livro didático e técnico, onde convidei profissionais para participar, com enfoque em diversos segmentos dentro desta metodologia como: gestor hospitalar, arquiteto, interiores, enge-
Foto: Rubens Campos
nheiro de instalações, gerenciador da obra, e cliente. Enfim, uma coletânea de aspectos da metodologia de se construir, de fato, um projeto de excelência. Obras&Dicas - Quais são as tendência do momento quando o assunto é iluminação? Neide Senzi - O grande enfoque hoje é a economia de energia, pois estamos sendo impactados com aumentos progressivos e, sem dúvida, a iluminação vem sendo bastante discutida sob o aspecto da sustentabilidade e eficiência energética. Assim, tem que ser primordial abordar este aspecto em qualquer projeto luminotécnico e, sem dúvida, a busca por soluções que contribuem com esta otimização das contas de luz é primordial. Obras&Dicas - O que tem sido feito para equilibrar boa iluminação e menor gasto? NS – Fomos, durante muito tempo, bombardeados por produtos de baixa eficiência, mas com preço baixo de compra. Portanto, a qualidade da luz se restringia ao efeito, a dramaticidade dos ambientes e não se analisava seu custo energético. Se criava ambientes cênicos com alto apelo visual e estético, mas com lâmpadas de baixa vida útil, alta geração de calor e consumo, portanto a indústria sempre buscou novas tecnologias que equilibrasse esta equação. Nos deparamos com produtos de alta eficiência, mas com custo alto, ou vice e versa. Este tem sido um grande desafio. O&D - Acredita que as pessoas estão mais conscientes sobre a importância de um projeto de iluminação? NS - A luz tem um papel muito determinante nos ambientes, que é a identidade estética e visual transmitida aos espaços, à arquitetura, decoração. É ela que molda a imagem do espaço e nos impacta com a relação emocional que a luz transmite ao lugar. Ela pode ser aconchegante, íntima, acolhedora, nos transmitindo sensações de bem-estar, conforto e intimidade. É o que chamo do “humor” da luz, portanto ela atua tanto sob o aspecto estético como na emoção. É a magia da luz. O&D – Em qual proporção uma iluminação incorreta é capaz de prejudicar uma residência, ou ambiente comercial? NS - Não projetar, da forma como descrevi acima, é um risco, e a iluminação se transforma
Indústria e Laboratórios Mahle
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PROJETO
Foto: Byron-Prujansky
no vilão. Se distancia dos elementos da decoração ou arquitetura e nos envia informações erradas, resultando no caos visual, desvirtuamento estético e nos remete a uma confusão de sentimentos e de percepção do espaço ou seus elementos e, consequentemente, nos traz desconforto e empobrecimento visual. A escolha errada das luminárias geram efeitos perturbadores, ofuscam e desequilibram o espaço o que é muito comum, tanto quanto a cor da luz. Muitas vezes, a luz mais branca, acima de 4000 K, transmite um ambiente mais frio, impessoal, apático para ambientes de estar. Já as lâmpadas com luz mais morna transmitem relaxamento, e não são indicados para ambientes de trabalho frequente. Por isso, a necessidade de analisar todos os elementos de um projeto, as pessoas que irão frequentar ou viver naqueles ambientes, idade, funções, etc. Somente assim conseguimos formar uma imagem ideal da luz. O&D - Qual o erro mais comum que as pessoas comentem na iluminação? NS - É escolher a luminária apenas como peça decorativa ou de design, esquecendo do efeito a ela atribuída, quantidade de luz que proporciona ao ambiente, altura de instalação, posicionamento do facho luminoso, que pode gerar ofuscamento, calor excessivo, luz demais ou de menos. Enfim esta é uma análise atribuída ao estudo da escolha como um todo, não só pelo design, mas também por seus aspectos técnicos. O&D - Qual conselho daria a quem tem interesse de trabalhar no setor? NS - Primeiramente escolher esta especialidade pela paixão, e não porque está na moda ser lighting designer, como oportunidade financeira ou do momento de sua vida profissional. Esta especialização exige dedicação total, se atualizar a cada dia, buscar conhecimento incessante, pensar em luz 24 horas, pois com as constantes mudanças, o profissional não dedicado exclusivamente se desatualiza em questões de horas. O&D – Assim como em projetos arquitetônicos, os de iluminação também aliam o briefing do cliente com inspiração do profissional? NS - Ter o briefing do cliente é fundamental para se pensar e projetar a luz, entender seu modo de vida, seus hábitos, suas preferências, 20
Museu Pelé
seus gostos, a atividade que exerce em cada espaço. É uma conversa permanente, inclusive durante a obra, pois o projeto de arquitetura é orgânico, nasce e renasce a cada momento, assim como o pensar do cliente, portanto se atualizar com ele é imprescindível. O&D - Qual o maior desafio que você já encontrou durante seu trabalho? NS - Muitas vezes nos deparamos com o cliente desejando um efeito de luz, uma quantidade de pontos ou luminosidade, ou até um conceito da iluminação que sabemos que se distancia de sua real necessidade, ou que melhor se adéqua ao seu ambiente e uso deste espaço. Isso porque ele imagina um cenário como uma fotografia e não no dia a dia, no uso frequente daquele ambiente. Aí sim se faz necessário conversar muito, expor ideias e mostrar, de fato, que seria um risco, pois depois de instalada a iluminação, se torna bem complexa sua alteração.
Museu Pelé
Projetos Museu Pelé O Museu Pelé foi desenvolvido para expor todo o acervo de peças do ex-jogador Pelé e se localiza no Valongo em Santos, área do porto, onde o edifício original possuía apenas as paredes originais do século 19. Portanto, neste prédio foi construído outro, internamente em vidro e a estrutura da fachada foi toda restaurada e preservada, assim a iluminação foi concebida em dois conceitos distintos: da fachada, valorizando sua arquitetura colonial da época, enfatizando as janelas e os azulejos portugueses originais; e do acervo, onde se focou todos os objetos que contam a trajetória do Rei. A iluminação foi pensada em cada detalhe, e projetada ponto por ponto de forma individual, devido as grandes diferenças das peças expositivas. Assim, a focalização se deu caso a caso, pensada com muito cuidado para não competir com o valor de cada objeto expostos. “Ela devia acentuar e enfatizar, mas não competir. Foi um grande desafio, mas o resultado ficou diferenciado”, destaca Neide. O projeto foi todo concebido em led, desde os projetores da fachada até os spots da exposição. O objetivo era alcançar a melhor eficiência energética aliado ao baixo custo de operação e manutenção. Indústria e Laboratórios Mahle
A construção de 18 mil m² em um terreno de 125 mil m² em Vinhedo tem arquitetura de Loeb e Capote Arquitetos Associados. “O conceito da iluminação era estabelecer uma integração entre esta forte arquitetura, inovadora e contemporânea e, com a luz, criar uma identidade visual artística e cênica, nada usual para um edifício fabril”, pontua Neide. Com a arquitetura integrada ao entorno, os taludes do terreno são expostos com a cor natural da terra e estas paredes foram acentuadas com a iluminação mais amarelada do vapor de sódio, fixadas por trás das vigas, escondidas para gerar um impactante efeito cênico e contribui para a ambientação moderna e tecnológica dos espaços. No acesso principal, circulação, vestíbulo e entradas, as instalações prediais se encontram aparentes e foram suportes para o uso de lâmpadas fluorescentes azuis, estas lâmpadas, imperceptíveis, iluminam de forma indireta o espaço, gerando uma sensação de infinito e criando contrastes com a luz amarelada dos taludes. Este efeito acentua a transparência das grandes paredes de vidro, delineia a fachada e enfatiza os espaços internos, como também a luz indireta branca dos pilares que confere ritmo a fachada.
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ESPECIAL
MUSEU DO AMANHÃ REALIDADE DO HOJE
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Foto: Byron-Prujansky
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Museu do Amanhã foi construído no Píer Mauá, na zona portuária do Rio de Janeiro. São aproximadamente 30 mil m² com jardins, espelhos d’água, ciclovia e área de lazer. O prédio tem 15 mil m² e arquitetura sustentável e o projeto arquitetônico utiliza recursos naturais do local. A água da Baía da Guanabara utilizada na climatização do interior do museu é reutilizada no espelho d´água. O prédio foi projetado pelo arquiteto espanhol Santiago Calatrava. O edifício conta com espinhas solares que se movem ao longo da claraboia, projetada para adaptar-se às mudanças das condições ambientais. Dependendo da hora do dia, a aparência externa do prédio se modifica em prol da maior captação de energia solar. Isso porque o teto do prédio é formado por grandes abas, que se abrem e fecham de acordo com a intensidade do sol, privilegiando as placas fotovoltaicas, responsáveis pela captação de energia solar que é convertida em energia elétrica para o prédio. Para conceber o desenho do edifício, Calatrava considerou aspectos culturais e históricos da capital carioca e se inspirou em elementos da fauna e da flora brasileiras, numa pesquisa que levou a várias visitas ao Jardim Botânico, ao parque Lage e ao sítio Burle Marx. As obras tiveram início em 2010 e a inauguração aconteceu em dezembro de 2015. Está orçado em R$ 215 milhões, custeados pela venda dos CEPACs (Certificados de Potencial Adicional de Construção), ou seja, sem recursos do tesouro municipal. Teve o apoio da Fundação Roberto Marinho e conta ainda com um investimento de R$ 65 milhões do Banco Santander, seu patrocinador máster. A seleção de materiais foi realizada a partir de critérios ambientais, dando preferência aos que contêm componentes reciclados, baixa toxidade e alta durabilidade. A entrada de luz e ventilação naturais é privilegiada pela utilização de grandes esquadrias de vidro nas fachadas principal e posterior e esquadrias triangulares nas faces laterais. O projeto usa essencialmente o concreto como matéria prima, capaz de dar forma aos seus elementos curvos e/ou inclinados, além de funcionar como suporte para a estrutura metálica da cobertura, que se assemelha a um casco de navio invertido. O projeto conceitual da estrutura da cobertura foi desenvolvido no Brasil pela Projeto Alpha Engenharia. 23
ESPECIAL
Foto: Byron Prujansky
Saiba Mais
Trata- se de um museu de ciências que tem como objetivo explorar as possibilidades do futuro. Por meio de ambientes audiovisuais, instalações interativas e jogos, o público é levado a examinar o passado, entender as várias tendências da atualidade e imaginar futuros possíveis para os próximos 50 anos. O Museu do Amanhã é cheio de possibilidades. O conteúdo da exposição principal percorre uma narrativa multimídia estruturada em cinco grandes momentos – Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Nós –, cada um encarnando grandes perguntas que a humanidade sempre se fez – De onde viemos? Quem somos? Onde estamos? Para onde vamos? Como queremos ir? Em 2015 o museu recebeu, como doação, a escultura Puffed Star II, do renomado artista norte-americano Frank Stella. O trabalho consiste de uma estrela de vinte pontas e seis metros de diâmetro que foi instalado no espelho d’água do museu, em frente à Baía de Guanabara.
Espaço Atrio 24
Espaço Vida
Fotos: 1 e 3 Byron Prujansky - Foto 2: Thales Leite
Espaço Matéria
Arquitetura
Arquitetura
Espaço Cosmos 25
ESPECIAL
Santiago Pevsner Calatrava Valls
Nasceu em Valência em 28 de julho de 1951, é arquiteto e engenheiro cujo trabalho tem se tornado bastante popular nas últimas décadas. Calatrava licenciou-se em arquitetura em 1974. Mudou-se para Zurique para estudar engenharia civil, licenciando-se em 1979 e doutorando-se em 1981. O partido de seus projetos é considerado único e altamente influente. Torna-se difícil estabelecer um perfil da arquitetura de Calatrava, devido a sua complexidade e heterodoxia irredutíveis a fórmulas que combinam uma presença visual marcante com conhecimentos tecnológicos sólidos. Frequentemente inspirado por formas orgânicas como esqueletos, seus trabalhos elevaram o desenho de certas obras de engenharia para novos patamares. Calatrava gosta de evidenciar o movimento das forças que animam as construções. Introduz soluções móveis e configurações dinâmicas, frequentemente assimétricas. Talvez por isso seja classificado como um dos mais ativos “estruturistas” contemporâneos. Também gosta de dotar suas realizações de conotações organicistas e surrealistas. Inspira-se primordialmente nos seres da natureza (antropomórficos, harmonias e equilíbrios dos esqueletos ou das formas naturais, articulações-rótulas, tendões-cabos); assume muitos riscos na busca de um estilo próprio que se baseia na natureza. Em sua curta trajetória, já tem obras suficientemente importantes para ser reconhecido. Dotado de um grande talento para o desenho, também se ocupou de pesquisas paralelas à sua arquitetura. Fonte: Wikipédia
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Espaço Pensamento
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REVESTIR
Fotos: Divulgação
14ª EDIÇÃO DA EXPO REVESTIR
ANTECIPAMOS AS TENDÊNCIAS
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rofissionais do setor, empresas revendedoras e grandes fabricantes que ditam tendência quando o assunto é revestimentos em geral, estão ansiosos para a chegada da 14ª edição da Expo Revestir, que acontece entre os dias 01 e 04 de março, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Para os mais curiosos, a Obras&Dicas adianta alguns lançamentos que irão movimentar o evento deste ano.
A Nina Martinelli mostra, em primeira mão, a linha Brick, feita de cerâmica e que traz a possibilidade de diversos acabamentos, o que propõe versatilidade na escolha. Indicado para todos os ambientes, internos e externos, o Brick possui fácil manutenção e a alta durabilidade da cerâmica. 28
Fotos: Divulgação
Os principais lançamentos da OWA são forros e revestimentos de madeira Nexacustic (produzido em MDF) – indicado para teatros, auditórios, restaurantes, estúdios, salas de videoconferência e casas de shows; placas acústicas Sonex illtec - painéis acústicos suspensos, resistentes ao fogo e com uma variedade de formatos geométricos, cores e composições; e forros minerais.
Entre os lançamentos da espanhola Roca, duas linhas se destacam: Debba e Mini, e apostam no uso inteligente do espaço no banheiro. A Debba propõe agilidade na montagem de ambientes ao oferecer o lavatório de louça integrado ao gabinete, feito de MDF e revestido de melamina, material mais resistente à umidade e com sistema Softclose, que facilita a limpeza. A linha Mini preza pelos aspectos funcional e minimalista, com tamanho reduzido, e é ideal para ambientes compactos. Vem com cuba de apoio integrada na cor branca, gabinete, espelho e a espelheira que, juntos, privilegiam o design moderno.
A indústria Santa Luzia apresenta coleções que vem do reuso de plásticos reciclados e recicláveis. Entre as linhas, destaque para a Vértice, feita a partir de flocos selecionados de poliuretano reciclado (PUR), que propiciam conforto térmico e acústico. O objetivo é modernidade aos ambientes, com as mesmas características dos Ecobricks, revestimentos inspirados nos tijolinhos ingleses. 29
REVESTIR
A Colormix lança os ladrilhos da linha Paulista, produzidos na Espanha, que trazem no conceito da coleção, o ar cosmopolita e urbano da cidade de São Paulo. A linha é oferecida com duas tonalidades de cinza, cada uma com dois modelos decorados e um liso.
A linha de cimentícios do Grupo SRS foi criada com formas variadas na paleta de cores que transita pelos cinzas, azuis e terrosos para áreas internas e externas. Com foco no mundo fashion da Bahia, surgiu o Projeto Renda-se, especificamente no Richelieu, uma das ricas artes manuais produzidas por rendeiras. Os desenhos foram impressos para trazer a riqueza brasileira para estampar paredes e pisos. O mesmo conceito foi aplicado em outras coleções que passeiam por temas como pesca e tribos indígenas, impressas por meio das cores e das formas geométricas.
A Mapei traz uma série de produtos que preparam a base para a instalação dos revestimentos. Entre eles: Ultraplan Eco - argamassa de regularização autonivelante de endurecimento ultrarrápido; Planipre SC- argamassa de regularização reforçado com fibra, que funciona para regularizar pequenos defeitos nas superfícies; Eco Prim Grip - primer promotor de aderência universal à base de resinas acrílicas e agregados minerais de baixíssima emissão de compostos orgânicos voláteis (COV); e Primer G - ideal para tratar bases porosas antes da aplicação de argamassas autonivelantes. 30
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CAPA
MINAS Arte, Paisagem e Hist贸ria
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Fotos: Denise Farina
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izem que um mineiro achou uma garrafa e que, ao esfregá-la, surge um gênio que lhe concede três desejos.
- Quero um queijo, pediu de pronto o mineiro! - E seu segundo desejo? Perguntou-lhe o gênio. - Quero outro queijo! Desejos concedidos, o gênio então faz o que seria sua derradeira pergunta : - E seu último desejo? - Eu quero um monte de mulher bonita... Então o gênio curioso, após ter realizado o último desejo de seu libertador, pergunta: -Responda-me homem... por quê deixou para pedir mulher bonita só no último pedido? Acanhado e mansinho, o mineiro responde: -Porque eu fiquei com vergonha de pedir outro queijo! Piada pertinente, pois conhecendo Minas Gerais, dá para entender a paixão de seu povo pelo principal alimento do Estado. Ao se degustar um delicioso queijo da Serra da Canastra, um meia cura ou um do Serro, fica compreensível porque desde 2008, o modo de preparo dos queijos artesanais de algumas regiões do Estado foi reconhecido como patrimônio cultural do Brasil , pelo Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Mas, Minas Gerais reserva ainda muitas maravilhas. O Estado da região Sudeste , que é um dos mais populosos e economicamente avançados do Brasil, possui grande importância histórica , belezas naturais, cultura peculiar acentuada por manifestações religiosas tradicionais e culinária típica do interior, além da importância nacional de produções artísticas contemporâneas. Ou seja: todo um cenário altamente favorável ao turismo!
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CAPA
Claro que o olhar de arquiteto me levou às belíssimas edificações que, em Minas, são preservadas com orgulho. Tiradentes, Congonhas, Sabará, Ouro Preto, Mariana são joias da nossa arquitetuta colonial e, de tão vivas, parecem nos contar a todo momento histórias de amores e sofrimentos. O casario de Ouro Preto, com sua gama de cores, fincado entre íngremes ladeiras forradas de pedras, quase nos faz esquecer o passado escravagista. No entanto, o Museu da Inconfidência, no centro da cidade, nos atinge como um golpe duro na face: lá estão, entre mobiliário colonial, pinturas, objetos e ourivesaria, instrumentos de tortura dos escravos e restos mortais dos inconfidentes. Chega a chocar e, no mínimo, emocionar o visitante mais sensível. Acho tão importante a visita quanto o é visitar as inúmeras e luxuosas igrejas e suas obras do Aleijadinho, ou as antigas minas de ouro. O que dizer de Congonhas e as estátuas dos profetas do Aleijadinho? Magníficas, reais, idiossincráticas! Dá vontade de sentar nos degraus da igreja e bater papo com qualquer uma delas que, em sua maioria, joga o olhar para a bela serra, se gabando de ser mineira... Pois, então, Minas é assim: orgulhosa de si, de suas tradições, de seu passado. Em meio à serras encantadoras, clima ameno, arte contemporânea e colonial, culinária simples e maravilhosa, está uma grande parte da nossa história. Conhecer Minas é conhecer nosso passado e isso implica reconhecer nossa identidade; é saber que muita gente lutou e sofreu para sermos o que somos hoje e permitiu a você poder pensar nisso tudo, comendo um pãozinho. De queijo, claro.
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Fotos: Denise Farina
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CAPA
Fotos: Denise Farina
INHOTIM Conhecer Inhotim deveria ser bancado pelo governo e obrigatório em todas as escolas do Brasil. Não estou exagerando. Por mais que lhe digam que é uma experiência incrível, você sai de lá maravilhado, pois conhecer o local é uma experiência única e enriquecedora para qualquer tipo de espírito; dos mais sensíveis aos mais truculentos. Não há como não ficar de boca aberta! Sede de um dos mais importantes acervos de arte contemporânea do Brasil e o maior centro de arte ao ar livre da América Latina, o Instituto Inhotim, em Brumadinho, MG (a cerca de 60 km de Belo Horizonte), segundo alguns, é o melhor passeio que você ainda não fez. Tunga, Adriana Varejão, Cildo Meireles, Amílcar de Castro são alguns dos artistas nacionais presentes , mas lá estão também artistas estrangeiros e todos são nomes importantes da arte contemporânea mundial. Reserve uns dois dias, chapéu e sapatos confortáveis e explore cada metro deste lugar mágico. Surpreenda-se com Adriana Varejão e seus enormes “azulejos” azuis, pintados em grandes telas ou suas paredes “descarnadas” de resina, como se fossem entranhas sangrentas de uma casa cujas estruturas tivessem vida ou guardassem em carne viva a história de seus moradores... Encante-se com Janet Cardiff e sua Forty Part Motet, instalação sonora em 40 canais, com duração de 15 minutos, cantada pelo coro da catedral de Salisbury. Alguns artistas têm sua própria galeria, de arquitetura surpreendente e perfeitamente adaptadas à natureza circundante. É o caso de Doug Aitken e seu Sonic Pavilion. Trata-se de um furo de 200 metros de profundidade no solo e nele instalada uma série de microfones para captar o som da Terra. Este som é transmitido em tempo real, por meio de um sofisticado sistema de equalização e amplificação, no interior de um pavilhão de vidro, vazio e circular, que busca uma equivalência entre a experiência auditiva e aquela com o espaço. Não entendeu nada? Não tem problema, pois cada obra possui uma explicação em português e inglês, e mesmo que você não leia ou não seja exatamente um apaixonado por arte, deixe-se levar pela emoção que cada obra em si irá lhe proporcionar. Sim, porque indiferente é o que você não vai ficar... E eu garanto que você vai me dar razão. 36
giz
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SHOWROOM Rua Ondina, 231 - S. J. Rio Preto
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CULTURA
BEM-VINDOS AO UNIVERSO MONDRIAN!!! Por Priscila Alves, arquiteta
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iet Mondrian, pintor, criador do movimento neoplasticismo juntamente com Theo van Doesburg, lançou em 1919 a revista DE Stijl, que significa em sua tradução literal “O Estilo”. O cenário mundial era um pós-guerra e o que podemos chamar de movimento DE Stijl nasce como uma tentativa de criar uma arte internacional envolvida num espírito de harmonia e ordem. Mondrian acreditava que somente fazendo arte era possível construir uma teoria da arte, e a obra deve ter uma estrutura própria e uma essência teórica rigorosa. Acreditava que não é possível conhecer algo sem a percepção, mas que a essência das coisas não se conhece na percepção e sim com a reflexão dela. Todos os quadros de Mondrian entre 1920 e 1940 assemelham-se uns aos outros: uma “grade” de coordenadas, que formam quadros de diversos tamanhos cobertos de cores elementares, com predomínio frequente do branco (luz) e a presença do negro (não luz), onde cada um deles depende de uma situação perceptiva diferente: o resultado em termos de valores é sempre o mesmo. Todas as experiências da realidade devem, ao final, revelar a estrutura constante da consciência. Isso porque para Mondrian, o artista não tem o direito de influenciar o próximo emotiva e sentimentalmente. - Desde jovem interessou-se por pintura, porém enfrentou a rejeição da família que era muito religiosa e encarava a arte como uma atividade pecaminosa. - Lecionou arte por um período, porém insatisfeito com a profissão, resolveu dedicar-se à pintura. - Entrou em contato, ainda jovem (a partir de 1908), com a Teosofia (conjunto de doutrinas religiosas de caráter sincrético) que influenciou muito sua visão de mundo e formação pessoal e artística. - No início de sua carreira foi muito influenciado pelo impressionismo e naturalismo. Nesta fase, destacam-se as pinturas Árvores ao andar e O Moinho Vermelho. - Em 1913, foi conhecer a exposição de arte cubista na cidade de Amsterdã. Esta visita impressionou muito Mondrian e teve grande influência na formação de seu estilo artístico. - Em 1919, junto com outros artistas, fundou a revista De Stijl. - Em 1930, entrou para o grupo “Cercle et carré” e no ano seguinte para o grupo “Abstração-Criação”. - Em 1938, esteve em Londres e, em 1940, foi para Nova Iorque, cidade em que ficou muito impressionado com o Jazz. Foi lá que morreu, em 1944.
Principais obras de Mondrian - Árvores a luz da Lua - 1908 - A árvore vermelha - 1908 - Paisagem - 1909 - A Igreja de Domburg - 1910 - O Moinho Vermelho - 1910 - Evolução - 1911 - Macieira em flor - 1912 40
- Composição (árvore) - 1913 - Composição com cores B - 1917 - Tabuleiro com cores claras - 1919 - Composição com vermelho, amarelo e azul - 1921 - Composição com amarelo - 1930 - Broadway Boogie-Woogie - 1942
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OBRAS PREMIADAS
BIBLIOTECA BRASILIANA
NASCE DO SONHO DE UM APAIXONADO POR LIVROS
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Fotos: Ricardo Amado
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o final de 1999, o bibliófilo José Mindlin transmitiu para o neto, Rodrigo Mindlin Loeb, e para o amigo Eduardo de Almeida, uma missão: tocar o projeto da biblioteca que abrigaria a rara coleção de livros – o maior acervo particular do Brasil, com cerca de 17 mil títulos e 40 mil volumes – que doou para a Universidade de São Paulo (USP). Quando Mindlin faleceu, em fevereiro de 2010, aos 95 anos, a obra avançava, vencendo obstáculos, e sua concretização era apenas uma questão de tempo. O edifício de 21.950 m2 foi inspirado em conceituadas bibliotecas de outros países, como a Beinecke Rare Book & Manuscript Library (Biblioteca Beinecke de Manuscritos e Livros Raros), da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e a Biblioteca Saint Geneviève, de Paris, na França. A Library of Con-
gress (Biblioteca do Congresso), de Washington, foi consultada para definir diretrizes de conservação das obras. O complexo abriga também o acervo do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), a Biblioteca de Obras Raras e Especiais da USP e o Departamento Técnico do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBI), além de livraria, cafeteria, sala de exposições e auditório para 300 pessoas. O projeto levou em conta elementos sustentáveis. Todos os espaços são ligados por uma grande cobertura com lanternim central de vidro laminado, o que permite a entrada de luz natural, promovendo economia de energia, além de filtros UV e um plano de chapa perfurada, que protegem os livros de radiação solar direta. O Instituto de Elétrica e Eletrônica (IEE) da USP desenvolveu um projeto de ge-
ração de energia fotovoltaica na cobertura do edifício. Com potência de 150kv, visa suprir a demanda do complexo durante o dia. O paisagismo integrado criou um bosque no entorno da edificação. A implantação da obra teve remanejamento de algumas árvores com replantio bem sucedido. A construção também foi compensada com o plantio de milhares de mudas no bairro do Butantã. A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin consumiu cerca de R$ 130 milhões. Além dos recursos orçamentários da USP, a construção do edifício contou com o apoio do Ministério da Cultura, da Fundação Lampadia e do BNDES, e com o patrocínio (por meio da Lei Rouanet) da Petrobras, CBMM, CSN, Fundação Telefônica, Suzano Papel e Celulose, Votorantim, Grupo Santander, Raízen, Cosan, Natura e CPFL. 43
OBRAS PREMIADAS
Foto: Ricardo Amado
O Projeto
O projeto de arquitetura foi concebido e desenvolvido pelos escritórios de Eduardo de Almeida e Rodrigo Mindlin Loeb, com a assessoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP. A obra foi iniciada em setembro de 2006 e o prédio da Biblioteca foi inaugurado no dia 23 de março de 2013. A Associação Paulista de Críticos da Arte (APCA) escolheu o edifício da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin como a melhor obra na categoria Arquitetura em 2013. Os 4.000m2 de áreas de acervo contam com sistema de ar condicionado e controle de umidade, sistema de sprinkler pré action e detecção, e monitoramento através de câmeras e sensores. Uma praça coberta articula uma passagem pública livre com acesso ao auditório, à livraria, cafeteria e uma grande sala de exposições. Trata-se de projeto e obra com aplicações de conceitos bioclimáticos que contribuem ao aumento da eficiência energética e conservação de energia, assegurando as condições de conforto para os ocupantes e usuários e a guarda adequada de acervos de obras raras. Foram levadas em consideração e aplicadas técnicas e soluções acessíveis para uma durabilidade dos materiais, desde os sistemas de impermeabilização até a grande cobertura e sistema de quebra sóis nas fachadas ensolaradas. Um dos diferenciais do projeto é o sistema de controle ambiental, monitoramento e segurança do acervo: - sistema de monitoramento ambiental do acervo em tempo real, através de sensores conectados a um sistema informatizado, permitindo verificar a qualquer momento a temperatura, umidade, níveis de CO2 e partículas das áreas de acervo (anéis); - ar condicionado 24horas com controle de umidade e filtro de partículas; - iluminação em LED com níveis máximos de 50 lux; - controle de acessos biométrico; - sistema de câmeras de monitoramento ligado a central de segurança; - controles em sistema central de automação da edificação BMS, com possibilidade de utilização de softwares de identificação de risco e ameaças; - esterilizadores de ar em funcionamento 24 horas; e - monitoramento visual a partir do vazio central, todos participam. 44
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