Informe passaic

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INFORME

Passaic é um jardim-movimento localizado sobre um pequeno relevo ao lado do Restaurante Universitário do Campus Itacorubi da Universidade do Estado de Santa Catarina. A topografia do terreno permitiu que a área fosse preservada da ação das roçadeiras, favorecendo a existência de microclimas e a germinação de diversas espécies vegetais. Em seu aparente abandono, o local parecia uma espécie de jardim secreto nos fundos da Udesc, com uma aroeira contrastando com o lixo e o entulho Em abril de 2015 trouxemos para o Passaic depositados sobre o terreno. um mobiliário urbano criado pelo Grupo Fora, a Mariposa. A partir de então, passamos a acompanhar a área com maior regularidade. Em junho do mesmo ano, logo após a eliminação e queimada da vegetação feita por funcionários, criamos uma área de proteção que foram delimitadas com fitas de sinalização, estacas e uma placa com a inscrição “pesquisa da universidade”. A placa passou a atuar como um dispositivo para proteger a vegetação espontânea. Trouxemos um carregamento de palha de pinus e sementes de milho criolo do Parque Estadual do Rio Vermelho e iniciamos a limpeza do terreno. Começamos a trabalhar no jardim como uma forma de proteger a aroeira. Foi então possível identificar a ação coordenada dos funcionários que faziam do jardim um verdadeiro local de desova do patrimônio da universidade. Associamos o local com a Passaic* de Robert Smithson, uma espécie de paisagem entrópica que está sempre se deteriorando. Os artefatos estranhos que encontrávamos eram os dejetos da escolarização. _____ * Passaic é uma cidade de Nova Jersey, Estados Unidos, onde o artista Robert Smithson realizou em 1967 um passeio que deu origem ao ensaio “The monuments of Passaic”, no qual reflete sobre elementos e lugares prosaicos do cotidiano suburbano. Tradução ao português disponível em: www.ppgav.eba.ufrj.br/ wp-content/uploads/2012/01/ae22_-Robert_Smithson.pdf

O jardim Passaic parte de um modelo de agricultura em que a regeneração da vegetação espontânea convive com a produção de alimentos em camas feitas de palha. Masanobu Fukuoka, no livro A Revolução de uma Palha, atenta para o fato de que não é necessário cultivar a terra, pois ao roçar e efetuar a limpeza do terreno se está também eliminando os nutrientes e os micro-organismos da camada superficial do solo. Ao invés de serem retiradas, as folhas secas e as sobras do jardim são assim utilizadas como biomassa para os canteiros. Em Passaic está em curso uma pequena revolução, baseada no amor à terra e às plantas espontâneas, na soberania alimentar e na observação do ritmo da natureza.

A primeira semeadura foi feita antes das férias de julho com bombas de sementes. Além do milho, semeamos leguminosas para estimular a fertilidade do solo. No retorno, já era possível avistar os brotos de milho, crotalária e feijão guandu. As atividades de limpeza se estenderam até o mês de setembro quando iniciamos a segunda etapa de plantio, com o desenho de um grande canteiro de batata-doce feito a partir de uma cama de palha. O plantio foi feito no dia 1 de outubro de 2015. Desde então, seguimos acompanhando o crescimento das plantas, principalmente a regeneração das espontâneas. Recentemente iniciamos o desenho de alguns caminhos com o intuito de delimitar novos canteiros e fizemos um espantalho.

Se estiver interessado em colaborar ou se quiser conhecer o nosso trabalho, escreva um e-mail para observatoriomovel@gmail. com ou acesse nosso site: www.observatoriomovel.tumblr.com.

jardim ao lado do RU



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