Jornal do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro
Ano 37 N.º 1 de 2016/17
Mercado do Livro usado Agrupamento de Escolas presente na Feira dos Sabores
NOTÍCIAS
Município promove concurso literário em parceria com a BE da nossa Escola
NOTÍCIAS
Programa “Um rio dois países” abrange todos os alunos do Agrupamento de Escolas
Obra de Camilo traduzida MIRANDÊS
por Alfredo Cameirão
Nesta edição, o discurso do tradutor aquando da apresentação da tradução de A Queda de um Anjo na Bibli-
oteca da Assembleia da República, no passado mês de outubro.
Rodrigues Neves: conheces?
LEITURAS
fevereiro de 2017
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Editorial
EDITORIAL / EIDITORIAL ÍNDICE ALFABÉTICO Está finalmente em consulta pública o documento «Perfil dos Alunos à saída da Escolaridade Obrigatória». Trata-se de um documento muito importante que visa definir o que se pretende para a aprendizagem dos alunos à saída dos 12 anos da escolaridade obrigatória. No entender do Coordenador do grupo de trabalho, Guilherme de Oliveira Martins, a referência a um perfil não visa, porém, qualquer tentativa uniformizadora, mas sim criar um quadro de referência que pressuponha a liberdade, a responsabilidade, a valorização do trabalho, a consciência de si próprio, a inserção familiar e comunitária e a participação na sociedade. Este Perfil valoriza o compromisso da Escola, a ação dos professores e o empenho das famílias e encarregados de educação. Pretende que todos os responsáveis pelas questões da educação e pela tomada de decisão relativamente ao desenvolvimento curricular possam encontrar aqui uma matriz de referência para orientação do respetivo trabalho. A par dos princípios e valores que devem orientar o trabalho curricular e que acabam por permitir a materialização da visão apresentada para o perfil de saída dos alunos, são ainda definidas as competências-chave e as respetivas áreas de desenvolvimento: Linguagens e textos. Informação e comunicação. Raciocínio e resolução de problemas. Pensamento crítico e pensamento criativo. Relacionamento interpessoal. Autonomia e desenvolvimento pessoal. Bem-estar e saúde. Sensibilidade estética e artística. Saber técnico e tecnologias. Consciência e domínio do corpo. Esperemos, pois, que este perfil de saída promova a reflexão e facilite os ajustamentos necessários dos currículos, programas, práticas pedagógicas e até da própria organização das Escolas. É, de facto um documento que fazia falta, sobretudo desde o alargamento da escolaridade obrigatória para os doze anos. Através dele pode -se também compreender a hercúlea tarefa que recai sobre a Escola e a grande abrangência de domínios com que tem de trabalhar. Este documento acaba, inevitavelmente, por demonstrar o quão redutora é a imagem da Escola dada pelos rankings e pelos resultados dos exames.
Stá finalmente an cunsulta pública l decumiento «Perfil de ls Alunos a la salida de la Scolaridade Oubrigatória». Trata-se dun decumiento mui amportante que quier defenir l que se pretende pa la daprendizaige de ls alunos a la salida de ls 12 anhos de la scolaridade oubrigatória. Ne l'antender de l Cordenador de l grupo de trabalho, Guilherme de Oliveira Martins, la refréncia a un perfil nun senefica, inda assi, qualquiera tentatiba uniformizadora, mas si criar un quadro de refréncia qu’amplique la libardade, la respunsabelidade, la balorizaçon de l trabalho, la cuncéncia de si própio, l'anserçon fameliar i quemunitária i la participaçon na sociadade. Este Perfil baloriza l cumpromisso de la Scuola, l'açon de ls porsores i l'ampenho de las famílias i ancarregados d'eiducaçon. Pretende que todos ls respunsables pulas questones de l'eiducaçon i pula tomada de decison relatibamente al zambolbimiento curricular puodan ancontrar eiqui ua matriç de refréncia para ourientaçon de l respetibo trabalho. A par de ls percípios i balores que dében ourientar l trabalho curricular i qu'acaban por permitir la materializaçon de la bison apersentada pa l perfil de salida de ls alunos, son inda defenidas las cumpeténcias-chabe i las respetibas árias de zambolbimiento: Lenguaiges i testos. Anformaçon i quemunicaçon. Pensar i resoluçon de porblemas. Pensamiento crítico i pensamiento criatibo. Relacionamiento anterpessoal. Outonomie i zambolbimiento pessonal. Bien-star i salude. Sensibelidade stética i artística. Saber técnico i tecnologies. Cuncéncia i domínio de l cuorpo. Speremos, pus, qu'este perfil de salida promoba la reflexon i facelite ls ajustamientos necessairos de ls curriclos, porgramas, práticas pedagógicas i até de la própia ourganizaçon de las Scuolas. Ye, de fato un decumiento que fazie falta, subretodo zde l'alargamiento de la scolaridade oubrigatória pa ls duoze anhos. Atrabeç del puode-se tamien cumprender l'einorme tarefa que recai subre la Scuola i la grande abrangéncia de domínios cun que ten de trabalhar. Este decumiento acaba, einebitabelmente, por demunstrar que l'eimaige de la Scuola dada puls rankings i puls resultados de ls eisames ye mui redutora.
EDITORIAL
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DESPORTO
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FRANCÊS
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INGLÊS
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LEITURAS
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MIRANDÊS
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NOTÍCIAS
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OPINIÃO
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FICHA TÉCNICA Propriedade AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE MIRANDA DO DOURO Rua Coronel Eduardo Beça 5210-192 MIRANDA DO DOURO Tel.: 273 431 330 / Fax: 273 432 355 Email: aemd@sapo.pt Página Web: esmd.dyndns.org/expert/aemd.htm
Coordenação Clube de Jornalismo
Grafismo Clube de Jornalismo
Imagem do Cartolinha Manuel Ferreira
Impressão AEMD
Tiragem 200 exemplares
CDU António MM Santos Diretor do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro
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373.5 (469.201) (05)
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Notícias
Auto da Barca do Inferno, em Bragança
Mercado do livro usado
FRANCISCO ANTÃO PEREIRA
No dia 12 de janeiro de 2017, os alunos do 9º ano do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro foram ao teatro em Bragança. Os alunos leram e analisaram, nas aulas de Português, as cenas da peça Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, estando já familiarizados com as primeiras cenas para melhor compreenderem a globalidade da peça. A peça foi bem representada e os atores conseguiram atualizar uma peça já 500 anos, com boa expressão oral, reforçada com expressões em latim, deixando boa impressão no público. Não tendo atores suficientes para representar todas as personagens, notou-se uma troca de papéis relativamente rápida e eficaz, sem prejudicar a representação da peça
no sentido de tempo ou de se notarem as trocas. Durante as variadas cenas, os atores “usaram” peças variadas de locais diferentes: desde os tradicionais bonecos alentejanos de Santo Aleixo, que usaram para representar os Quatro Cavaleiros, a um boneco gigante usado para representar o que carregava a cadeira do Fidalgo. A peça, por si só, foi excelente, e com a execução alegre e enérgica por partes dos atores, revelou que uma peça difícil pode ser adaptada e encenada de forma moderna. No final da peça, os atores disponibilizaram algum do seu tempo para falarem e responderem às perguntas feitas pelos alunos.
Alunos e professores em Bragança
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EQUIPA DA BE
O Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, através da Biblioteca Escolar, organiza, este ano, o "Mercado do Livro Usado" que decorrerá nos próximos dias 17, 18 e 19 de fevereiro, integrado no XVIII Festival de Sabores Mirandeses. Este projeto concretizou-se graças à participação de toda a comunidade escolar - alunos, pais, professores e funcionários - que doou livros de variados temas, em bom estado, para serem vendidos a preço "de feira". Este evento, com um programa cultural paralelo a ser divulgado oportunamente, conta com a colaboração do Município de Miranda do Douro.
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Ciência Notícias
Dia Mundial de Luta Contra Infeção VIH - Sida ENF. GRAÇA CARVALHO
No dia 30 de novembro 2016, a equipa de saúde escolar esteve na Escola EBS de Miranda do Douro a fim de integrar o Programa de Atividades para sinalizar o “Dia Mundial de Luta Contra a Infeção VIH-Sida” e, no dia 07 de dezembro, as atividades foram da mesma forma desenvolvidas na EB2,3 de Sendim. Com recurso à Unidade Móvel de Saúde (UMS), a equipa de saúde levou até às escolas uma exposição com o título “ A SIDA existe”, que os alunos tiveram oportunidade de visitar ao longo de todo o dia e onde podiam adquirir toda uma panóplia de informação sobre a temática (panfletos e brindes da Comissão Nacional de Luta Contra a Sida).
Mannequin Challenge: Luta Contra a Sida (1)
sua medida “Iniciativas de Complemento Curricular (ICC)”. «Mannequin Challenge: Luta Contra a Sida» foi uma atividade apelativa para os alunos e deixou uma marca ativa sobre a temática, geradora igualmente de impacto na comunidade em geral.
Ainda na UMS, os alunos podiam participar no Rastreio VIH/Sida através do teste rápido – anónimo, gratuito e confidencial. Os alunos do ensino secundário da EBS aderiram ao desafio do Programa PRESSE, no âmbito da CARLA MARTINS
O Dia Mundial da Luta Contra a Sida, 1 de dezembro, foi assinalado na EBS de Miranda do Douro com algumas iniciativas. No átrio do bloco de aulas, alunos de várias turmas expuseram trabalhos que foram realizados nas aulas principalmente nas disciplinas de Educação Visual e Formação Cívica, alertando/informando para a problemática do HIV/SIDA. Os alunos do Ensino Secundário participaram, com muito empenho, no vídeo “Mannequim Challenge: Luta Contra a Sida”, que foi realizado e produzido pela Associação de Estudantes em colaboração com a Equipa de Saúde Escolar. Aderindo assim à atividade proposta pelo PRESSE
( Programa Regional de Educação Sexual em Saúde Escolar), para a comemoração do “Dia Mundial de Luta Contra a Sida”, no âmbito da sua medida Iniciativas de Complemento Curricular (ICC). Inicialmente foi feita a apresentação da iniciativa às turmas envolvidas, promovendose uma reflexão sobre a temática e uma discussão sobre as cenas a incluir. Após toda a preparação, no dia 1 de dezembro foi realizada a filmagem e a posterior produção e publicação https:// www.youtube.com/ watch?v=uvVF5rBZ5vM.
ao longo do dia, a Enfermeira Graça esclareceu todas as dúvidas, efetuou o teste rápido do rastreio HIV/SIDA a todos os interessados e distribuiu materiais fornecidos pela Coordenação Nacional para a Infeção do VIH/ Sida. Continuamos a insistir …Porque a SIDA existe… mais vale prevenir.
Na Unidade Móvel, Mannequin Challenge: Luta Contra a Sida (2) 4
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Notícias
Dia mundial do Não Fumador CARLA MARTINS
Com o intuito de sensibilizar a comunidade escolar para os fatores de risco associados ao consumo de tabaco e divulgar as formas para deixar de fumar, o Dia do Não Fumador, 17 de novembro, foi recordado na EBS de Miranda do Douro. Realizou-se, no átrio do bloco de aulas, uma exposição de cartazes elaborados pelos alunos do 3º ciclo, nas disciplinas de Educação Visual e Formação Cívica. O 9.º B mostrou um cigarro gigante com todos os seus componentes nocivos. O 10.ºA expôs um painel com imagens e frases alusivas ao tema. Ao longo do mês de novembro, a Enfermeira Graça orientou sessões de sensibilização sobre as consequências do consumo de tabaco, no âmbito do PELT Cartaz antitabaco (Programa das Escolas Livres de Tabaco) nas turmas do 7º e 8ºano da EBS e na EB de Sendim.
Exposição de cartazes no polivalente da EBS.
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Notícias
Dia Mundial da Luta Contra o Cancro da Mama CARLA MARTINS
Dia 28 de outubro, a nossa escola associou-se à iniciativa Onda Rosa, promovida pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, que visa incentivar a prevenção e o diagnóstico precoce do cancro da mama.
Foi colocado no portão um laço rosa, foram elaborados e distribuí-
dos, por toda a comunidade escolar, laços de lapela cor-de-rosa. Dezenas de alunos e docentes vestiram-se de rosa e participaram numa coreografia que se realizou durante o intervalo no polivalente da escola.
orientados pelo Professor Lucas, realizaram uma coreografia alusiva ao tema, no largo D. João III, associando-se às atividades promovidas pela Câmara Municipal, que decorreram nesse local, ao longo da manhã.
Os alunos do 10.º D e 11.º C,
Coreografia no polivalente da Escola.
OBSERVAR, EXPERIMENTAR, APRENDER. O que eu ouço, eu esqueço. O que eu vejo, eu lembro. O que eu faço, eu entendo (Confúcio).
ALUNOS DO 4.º ANO (S) E ISAURA PERES
Dando início ao programa das Ciências Experimentais no 1.º Ciclo, a turma do 4.º ano de Sendim realizou a atividade experimental "Porque é que os nossos ossos são duros e resistentes?". Recorrendo a modelos do esqueleto humano e a experiências simples com ossos de animais, os alunos compreenderam as diferentes funções do esqueleto e a importância da sua saúde e segurança. A Débora Barbosa deixa-nos o seu testemunho: "Juntos, estivemos a dialogar sobre o nosso esqueleto Em atividade experimental e as suas funções. Os meus amigos estavam tão entusiasmados, que fizeram muitas perguntas à professora de Ciências. A minha Professora estava muito satisfeita por ver os seus alunos tão interessados, tirando dúvidas e trocando ideias. Ouviram toda a explicação atentamente. Adorei a tarde de hoje, pois aprendi coisas novas de forma divertida, esplêndida e descontraída!" É para continuar! 6
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Notícias
Sétimos anos em Bragança ALUNOS DOS 7.º ANOS E FERNANDO PEREIRA
No dia 17 de novembro, os alunos das três turmas do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro (duas de Miranda e uma de Sendim) fizerem uma visita de estudo a Bragança. A atividade foi organizada pelo professor Fernando Pereira e contou com a colaboração/participação das professoras Sandra Meirinhos e Fernanda Martins. Envolveu-se ainda na preparação das atividades a professora Elisabeth Machado, na qualidade de diretora de turma do sétima A da escola de Miranda. Esta atividade envolveu os alunos das duas escolas e também foi a primeira vez que estes alunos interagiram, fora do espaço aula. Pretendia-se pô-los em contacto com o passado , com o presente e com o futuro, um pouco do que deve ser o conhecimento histórico. Durante a manhã, visitámos o Centro de Ciência Viva. O professor Fernando Pereira tinha feito todos os preparativos para que todas as explicações e todos os equipamentos estivessem ao nosso dispor. Aí explicaram -nos os processos e pudemos aprender fazendo. Depois de um almoço diferente, em que cada um teve a hipótese de escolher o prato que mais lhe apeteceu, dirigimo-nos,
Corrida de caracóis (Centro Ciência Viva)
para o Museu Abade de Baçal e depois da vista guiada neste local passámos ao Arquivo Distrital onde também tivemos direito a visita guiada . No Museu Abade de Baçal, percorremos mais um espaço repleto de História. O Senhor Antão mostrou-nos algumas máscaras da sua própria autoria e vimos os várias espaços deste Museu, no qual pudemos apreciar as várias coleções de pintura, a escultura o mobiliário, a numismática, a epigrafia, forais, pelourinhos …e muito trabalho exposto sobre os caretos, tanto em fotos como em vídeo. No Arquivo Distrital de Bragança tivemos o privilégio de participar numa sessão de esclarecimento orga-
nizada e proferida pela Dra. Élia que visou esclarecer-nos sobre o que se faz e para que serve um Arquivo, entre outros esclarecimentos que vieram a propósito. Ficámos a saber como se tratam os documentos: como se limpam, como se acomodam e as condições de temperatura e ambiente em que se preservam. Tivemos a oportunidade de entrar num dos oito depósitos, ficámos maravilhados com a quantidade de documentos que se preservam neste Arquivo. Quanto aos espaços que percorremos e às pessoas que nos receberam, apenas temos que ficar agradecidos por termos sido recebidos de forma tão profissional, digna e amistosa.
SORAIA CLARO: No Centro de Ciência Viva aprendi muito com a exposição “O ciclo da vida do bicho da seda”. Das exposições interativas, a que mais me cativou foi a “Pegada Ecológica”. Em relação ao arquivo, aquilo que mais apreciei foi ver alguns papiros e conhecer um pouco a profissão da arquivista, que nos mostrou alguns documentos à sua guarda. Vou recordar este dia pois foi uma maneira diferente de aprender, foi um dia divertido e bem passado na companhia dos colegas e professores. Tirei algumas fotografias para recordar este memorável dia! DIANA MEIRINHOS: Posso dizer que gostei muito por ter aprendido coisas novas e porque nunca tinha visitado estes lugares.
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Notícias
Promoção da Saúde Oral no Jardim de Infância ORQUÍDEA XAVIER
É muito importante sensibilizar as crianças para a prática diária da higiene oral. Nos jardins de Infância do Agrupamento, as crianças fazem uma escovagem diária após o almoço. Mais uma vez, a Enfermeira Graça contou a história do “Kiko o dentinho de leite”, bem como a canção
com a ajuda da Professora de Música. Distribuiu os Kits às crianças que entraram este ano pela 1.ª vez, que consta de um copo, escova e pasta dentífrica. O objetivo é a motivação das crianças, a fim de tentar evitar ou minimizar os problemas de saúde oral.
Concurso Literário
Histórias com
história
No âmbito da comemoração dos 100 anos do nascimento de António Maria Mourinho (1917-1995), o Município de Miranda do Douro, em parceria com a Biblioteca Escolar do AEMD, organiza durante o ano letivo 2016/2017 um concurso literário, subordinado ao tema “Terra de Miranda”. O concurso destina-se aos alunos do 3º ciclo e do ensino secundário do AEMD e à comunidade em geral. Para ficar a conhecer o regulamento, vá até https://goo.gl/ifjX1m .
RITA DIAS E ALUNOS DA SALA 24
Cada um dá o seu contributo: a história "A Maior Flor do Mundo", de José Saramago, é contada pelos alunos com Currículo Específico Individual (CEI) da sala 24.
Sabias que...?
A Bandeira da União Europeia SORAIA CLARO E ELIZABETH MACHADO
A bandeira da União Europeia contém 12 estrelas douradas ,sob um fundo azul, porque o número 12 simboliza a perfeição , a plenitude e a unidade. Atualmente , a UE é constituída por 27 Estadosmembros. 8
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Desporto
Um ano repleto de atividades CARLA RODRIGUES COORDENADORA DO DESPORTO ESCOLAR Sendo o Desporto Escolar (DE) uma área transversal da educação com impacto em diversas áreas sociais e um instrumento essencial na promoção da saúde, na inclusão e integração social, na promoção do desporto e no combate ao insucesso e abandono escolar, o nosso agrupamento escolar, optou mais uma vez, neste ano letivo, por fazer parte deste Projeto do Ministério da Educação, que decorre a nível nacional. Assim, em função do crédito horário que foi cedido a este agrupamento, neste momento estão a funcionar, em atividade externa de competição a nível distrital, cinco modalidades: Badminton Infantil A e B Misto, Basquetebol Juvenil Feminino, Futsal Iniciados Masculino, Futsal Juvenis Masculino e Ténis de Mesa Iniciados Misto. Os alunos aderiram em grande número a estas modalidades e dedicam-se com afinco nos treinos que realizam semanalmente. As competições que realizam com outras escolas, sempre aguardadas com grande expectativa e entusiasmo e vividas intensamente, têm decorrido muito bem e promovem um conjunto de experiências relevantes na formação dos jovens escolares. Apesar da grande exigência e
Atletas (2)
desgaste, que estas atividades requerem dos professores do Desporto Escolar, continuamos com o alento de lhes proporcionar estes notáveis momentos. No quadro interno foram já realizadas também diversas atividades, com Atletas (1) vista a tornar mais recreativo, formativo e saudável, o tempo que se passa na escola. Realizou-se o Corta-mato ao nível de Escola em todo o Agrupamento e para todos os ciclos de ensino. Os alunos apurados competiram, a nível distrital, em Mirandela. Daí um aluno foi apurado para o Corta-mato Nacional que decorrerá em Torres Vedras (Emanuel Cabreiro). Gentilmente a Camara Municipal ofereceu o transporte aos alunos para este evento e está prevista a realização de um protocolo com a mesma, neste sentido, o que nos seria de grande utilidade. Também foi dinamizado o Basquetebol 3x3, modalidade em se apuraram equipas para participarem, agora, no Encontro Distrital a 2 de março em Bragança. A tarde do Magusto escolar, foi também dedicada aos Jogos Tradicionais, que divertiram quantos nela participaram e assistiram. Realiza-se já no próximo dia 20 de feve9
reiro o Mega, que compreende provas de Atletismo, nas disciplinas Sprint, Km, Salto em comprimento e Lançamento. Aqui também serão apurados alunos para o Encontro Distrital. A Associação de Estudantes dinamizou, ao longo do 1º período, o Torneio Interturmas de Futsal e existem ainda dois Grupos de Dança na Escola (Atividades Rítmicas Expressivas) e um de Pauliteiros (Danças Tradicionais Mirandesas), que com criatividade, beleza, musicalidade e dinamismo, nos brindam com exibições que têm sido do agrado geral. O Grupo de Professores de Educação Física das AEC´s do 1º ciclo, também desenvolveu algumas atividades articuladas com o Desporto Escolar, como é o caso do Corta-mato, Giravolei e Manhãs Desportivas de final de período escolar. O Desporto Escolar, ministrado em ambiente pedagógico consegue estimular os alunos para a concretização de objetivos, levando-os a investir bastante nas suas qualidades físicas e psíquicas e a desenvolvê-las para a maximização das suas diversas potencialidades, chegando a níveis de que eles próprios não esperavam.
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Desporto
Neste contexto, é com muita pena que assistimos, por vezes, à recusa dos pais em lhes permitirem participar neste projeto, pois consideram que lhes retira tempo de estudo. Pelo contrário, é mais um tempo de formação integral do aluno, motivando-o, estimulando-o e aproveitando esses momentos para o desenvolvimento de atividades ócioeducativas produtivas e saudáveis. Sendo uma extensão da disciplina de Educação Física, O Desporto Escolar também constitui um elemento essencial do currículo escolar do aluno e promove significativamente o seu sucesso escolar. Será talvez esta a única possibilidade que têm de iniciar uma formação mais especializada numa modalidade desportiva da sua preferência, adquirir hábitos de exercício físico para a vida adulta e de aprender a trabalhar em equipa, desenvolvendo o espírito de coopera-
ção, entreajuda, cumprimento de regras, disciplina, resiliência, adquirindo noção dos aspetos estratégicos, organizacionais e operacionais. E, pelo menos, enquanto dure este Projeto, fundamental para escolas, será importantíssimo aproveitá-lo e com ele abranger o maior número de alunos possível.
“CARAS” EMOÇÕES!... Os alunos da sala 24 aprendem a comunicar através da “linguagem” EMOJI RITA DIAS E ALUNOS DA SALA 24
Hoje, todos usamos, com alguma destreza, “a linguagem” emoji nas nossas mensagens de whatsapp, Facebook, Twitter e Instagram. Emoji deriva do japonês e (imagem) + moji (letra); foi criado, no Japão, por Shigetaca Kurita e tem mais de década e meia. Hoje, devido ao uso generalizado nas mensagens eletrónicas e nas redes sociais, foram agru-
pados por categorias para facilitar a comunicação. Eles podem significar estados emocionais, desporto, meteorologia, animais, profissões, etc…. A sua popularidade é tão evidente que, em 2015, a Universidade de Oxford escolheu um emoji "cara com lágrimas de alegria" para palavra do ano.
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Francês
La parole aux jeunes…
Savais-tu ?
DIANA MEIRINHOS—7A
SORAIA CLARO—7A
Salut, je m’appelle Diana, j’ai douze ans et je suis portugaise. Je suis grande et j’ai les yeux marron. Je suis généreuse et sympathique. Quand je suis à l’école et il fait chaud, je porte des jupes, des robes, des t-shirts et des sandales, ou des tongs quand je suis en vacances. Quand il fait froid, je porte des jeans avec un t-shirt, des foulards, des anoraks et des bottes. Je porte toujours un petit sac à main. J’aime porter des bagues et des bracelets, mais je n’aime pas des chapeaux et des bonnets. J’adore les jupes et les jeans, mais je déteste les survêtements. Je pense que mon style est simple et confortable. SORAIA CLARO –7A Salut, je m’appelle Soraia, j’ai douze ans et je suis portugaise. Je suis née à Lisboa. Je suis déterminée et sympathique. J’aime lire et j’adore le cinéma, mais je déteste les films d’horreur. Je déteste aussi la violence. Mon look préféré est le classique : je pense que c’est très chic ! Habituellement je m’habille avec une jupe à fleurs et un chemisier blanc. Je porte aussi une montre et un sac à main, pourtant pour aller à l’école je mets un jean, un t-shirt et des bottes. Je déteste le style gothique, je n’aime pas le noir!
Louis Braille “Né le 4 janvier 1809, il est l’inventeur du système d’écriture tactile à points saillants, à l’usage des personnes aveugles ou fortement malvoyants: le braille.” https\\pr.wikipédia.org\wiki\Louis-Braille
Jeanne d’Arc “Née le 1412, en France, cette jeune fille de dix-sept ans affirme avoir reçu de la parte des saints la mission de délivrer la France de l’occupation anglaise.” https:\\p.t.wikipédia.org\wiki\Joana –Arc.
ANA BEATRIZ TORRADO—7A Salut ! Je m’appelle Beatriz Torrado. J’ai 12 ans. Je suis grande et maigre. Je suis sympathique et joyeuse. J’adore la musique et le cinéma, mais je n’aime pas la violence et les serpents. Mon look préféré est le décontracté. J’aime les pantalons et les robes. Je déteste les jupes et les chemisiers. J’adore les bracelets et les foulards. Je n’aime pas les casquettes et les boucles d’oreille. LUÍS MIGUEL—7A Salut ! Je m’appelle Luís Miguel et j’ai 12 ans. Physiquement, je suis petit et maigre. Je suis bavard et drôle. Habituellement, je porte un pantalon bleu et un pull bleu. Mon look préféré est le décontracté. J’adore écouter de la musique, les films d’horreur et les poissons. Je déteste les costumes de cérémonie !
Tu aimes manger des crêpes? Voilà la recette de ce délice !
Recette de crêpes DIANA MEIRINHOS - 7A Ingrédients: 200g de farine 6 œufs 100g de sucre en poudre Une cuillère à soupe de rhum (facultatif) 6 dl de lait (3 verres)
Préparation: Mélanger la farine et les œufs entiers. Lorsque le mélange est bien opéré battre énergiquement en ajoutant du sucre en poudre, le sucre vanillé, une pincée de sel et le rhum.
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Inglês
Breves Orçamento Participativo das Escolas
ELISABETE SANTOS E ALUNOS DOS 7.ºA e B
Contribuir para as comemorações do Dia do Estudante e estimular a participação cívica e democrática dos estudantes, promovendo o seu espírito de cidadania e o diálogo, a mobilização coletiva em prol do bem comum e o respeito pelas escolhas diferentes, valorizando a sua opinião em decisões nas quais são os principais interessados e responsáveis, e, finalmente, valorizando a sua opinião em decisões nas quais são os principais interessados e responsáveis. Participa, pela melhoria da Escola!
FESTA DA AMIZADE
Dia 17 de fevereiro, decorreu, na EB1 de Miranda do Douro, a Festa da Amizade.
"Um Rio-Dois Países 2017" O Programa Educacional Transfronteiriço "Um Rio-Dois Países" resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Miranda do Douro, a empresa EuroParques e o ICNF e consiste na realização de sessões de sensibilização ambiental destinadas a todos os alunos do Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro, através da realização de um cruzeiro na albufeira do rio Douro. Esta iniciativa contou também com a presença e apoio de Vigilantes da Natureza do Parque Natural do
Douro Internacional/ ICNF e contribuiu para promover a conservação dos espaços transfronteiriços e dar a conhecer às crianças e aos jovens aspetos geológicos, botânicos, faunísticos e etnográficos das Arribas do Douro.
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Mirandês
Las cabanhuolas an Malhadas ANTERBISTA DE DUARTE MARTINS Ne l antigo Eigito i na Babilónia, ls astrólogos mirában las streilhas, la lhuna i outros astros para podéren adabinar l tiempo. Nestas tierras, la giente bota cuntas als dies de ls meses de Dezembre i Janeiro, fai-le uas rebirabuoltas i chama-le, a esse cálculo, las Cabanhuolas, que ye ua maneira de ber l tiempo pa un se guiar pa l anho anteiro.
pa saber de l tiempo que bai a fazer manhana! La eidade i la bista tamien yá nun le ajúdan a ler l Seringador, i yá lo queimou un par de bezes, porque se habie anganhado. El inda fai las cuntas de las Cabanhuolas que l pai l’ansinou. Onte a la nuite, dixo-me pa passar an sue casa, apuis de cenar, mas a horas de giente, porque querie ir cedo a la cama. Eiqui queda ua pequeinha parte de la nuossa cumbersa.
Tiu Zé Casmiro de Malhadas, miu bezino, ye ua dessas pessonas que nun percisa de ber la tlebison Duarte (D.) ― Dius mos deia buonas nuites tiu Zé. Tiu Zé (T.Z.) ― Buonas nuites mos deia Dius... entra a Eiduarte. D. ― You bin a ber se me falábades de las cabanhuolas. T.Z. ― Las cabanhuolas quier dezir que se benir auga naquel die, que ben l més molhado, i se fur seco, que ben l més seco, i son binte i quatro! D. ― I essas binte i quatro dan pa l anho anteiro? T.Z. – Si, dan pa l anho anteiro. Cada cabanhuola representa un més de l anho. D. ― Mas l anho só ten doze meses, cumo puode haber binte i quatro cabanhuolas? T.Z. ― You yá te bou a dezir cumo se fázen las cuontas, portanto hai dous grupos de cabanhuolas. Las purmeiras cabanhuolas ampéçan l die de Santa Luzie i, cumo se diç eiqui, “ ne l die de Santa Luzie, minga la noche i crece l die”!
D. ― Que ye die!?... T.Z. ― L die treze de Dezembre. I ban até l die binte i quatro de Dezembre. I ne l die de Natal nun hai cabanhuolas, quédan paradas. D. ― Antón essas son las purmeiras. I cumo sabeis l tiempo pa ls meses de l anho? T.Z. ― Se fazir sol die treze, dá bun tiempo pa Janeiro, se stubir a Tiu Zé Casmiro chober l die catorze chuobe an Febreiro, se nebar l quinze de D. ― I l outro grupo de cabaDezembre, nieba an Márcio... i nhuolas, tiu Zé Casmiro? por aí alantre... T.Z. ― Cumo t’acabei de dezir, D. ― Anton, cada die curresponde a un més de l anho i l que este ye l purmeiro grupo de cabastubir de tiempo nesse die ye l nhuolas. I este grupo zandaba al que bai a fazer pa l anho antei- palantre. L segundo grupo de caro... l die treze curresponde a Ja- banhuolas, que tamien ten doze, neiro, l die catorze a Febreiro, l zándan al pa trás. Tenemos que die quinze a Márcio até chegar l fazer las mesmas cuontas, mas al die binte i quatro de Dezembre pa trás. que curresponde al més de Dezembre. Ye assi, nun ye tiu Zé?
D. ― Ah buono! Anton an que die ampéçan?!
T.Z. ― Ye assi mesmo i nun falha!
T.Z. ― Ampéçan ne l die binte seis i zándan al pa trás até l die de Reis, que ye die seis de Janei-
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Mirandês ro.
D. ― Dezi alhá que bos stou a scuitar!
D. ― Antón nestas, ua beç que zándan al robés, l die binte seis curresponde al més de Dezembre, l binte i siete a Nobembre, l die binte i uito a Outubre i assi siempre al pa trás, até chegar l die de Reis, seis de Janeiro, que ye l último i que curresponde al més de Janeiro.
T.Z. ― Las cabanhuolas que zándan al pa trás son las mais ciertas. Nas cabanhuolas de Márcio, astanho, nun chubiu an nenhunha, nin na purmeira, nin na segunda, bai a benir l més seco, assi ye que dá l més cierto, se las dues díren l mesmo reportório, agora bamos a ber...
T.Z. ― Pus claro! Adespuis tengo que assentar esses dies todos nun papelico, pa lhembrar de l tiempo desses dies, ua beç que ban a curresponder als meses de l anho todo. Mas sabes ua cousa Eiduarte ?
D. ― I bós fintais-bos nas cabanhuolas?
T.Z. ― Stamos pra ber... se nun morrirmos! You yá me lhembro siempre disto, de miu pai me l dezir... Antigamente éran outros tiempos, habie mais niebes... ... tu sabes l que son las cholas?
Toc, toc, toc. ALUNOS DE MIRANDÉS DE L 3º B
Era ua família armana a tantas outras. Staba junta, a cenar, na cozina, al pie de l lhume. I que bien que ardie l lhume, naqueilha nuite de eimbierno. A Juan nun le gustaba l caldo i nun se calhaba: - Pai, alhá riba, ne l forro, hai ua bicha de siete cabeças. - Juan, come l caldo para quedares más fuorte - respundiu-le l pai. - Ye berdade! Sal a las nuites de l sou sconderino, quando stou na cama. - Juan, las berduras fázen mi bien! Anda, come l caldo - dixo-le la mai. - Apuis bate a la puorta de l miu quarto: toc, toc, toc... - seguiu Juan. - Trés bezes? - preguntou-le l abó de las calças. - Si, abó! Cumo nas cuontas que me ansinas. Apuis amostra ua bocarra! - Cun muitos dientes?- preguntou-le l’abó saias. - Si, abó! Uns caneiros taludos i afilados, cumo ls de la Marie Manta que me falas.
- Juan, come l caldo, que ye para medrares - dixo-le la mai. - You nun quiero medrar, quiero quedar nino para tener muitos beisicos i muitos carinos buossos. - Pois, pois, tu quieres melindricos!- respundiu-le la mai. Juan acabou por comer l caldo. Mas sabie quando fusse pa l quarto, la bicha de las siete cabeças l’iba a salir outra beç. Juan fui a la cama i, passado un chibzniç, sentiu uns rugidos: toc, toc, toc. Gritou i metiu la cabeça an baixo de las mantas. Assi la bicha nun daba nel. Ls abós fúrun al quarto, puxórun las mantas un cachico para baixo, dórun-le un beiso i dezírun-le:
- Buonas nuites, miu filho! Queremos-te muito, drume bien! Juan soltou ua risica doce. Mal ls abós salírun de l quarto, sentiu outra beç un rugido: toc, toc, toc. Gritou i bolbiu a meter la cabeça an 14
baixo las mantas. Assi la bicha nun daba nel outra beç. Ls pais fúrun al quarto. Puxórun las mantas un cachico para baixo, dórun-le un beiso i dezírun-le: - Buonas nuites, miu filho! Queremos-te muito! Drume bien! Juan bolbiu a deixar scapar ua risica doce. Apuis birou-se pa l páixaro que staba nun gaiolo, al pie de la jinela de l quarto i dixo: - Pisco, nun fagas más toc, toc, toc! Buonas nuites, drume bien! You tamien te quiero muito.
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Opinião
Crónica da Eternidade ANTÓNIO BÁRBOLO
Um dos livros que de vez em quando convoco à minha memória de leitor é o pequeno ensaio de Jorge Luis Borges História da Eternidade. Recordo especialmente, não sei bem porquê, um capítulo dedicado ao tempo circular e à doutrina do Eterno Retorno. Creio lembrar-me de uma teoria sustentada, entre outros, por Nietzsche, segundo a qual, sendo o universo formado por um conjunto finito de átomos, será impossível a existência de um número infinito de variações. E assim, de alguma forma, estamos condenados à repetição eterna!
e Liberdade, na Polónia, onde figuras como Viktor Orbán e Jaroslaw Kaczynski vão semeando as suas ideias antieuropeístas, muitas vezes xenófobas e racistas, à luz dos escândalos de corrupção e da estagnação do nível de vida. Os tempos que se aproximam prometem novos sobressaltos. A 4 de dezembro, em Itália, haverá um referendo constitucional e, caso triunfe o “não”, o chefe do governo ameaça demitir-se provocando as-
União Europeia e do encerramento de fronteiras, parece estar à frente das sondagens nomeadamente após o seu líder, Geert Wilders, estar a ser julgado por incitação ao ódio racial. Em Abril e Maio de 2017 terão lugar as eleições presidenciais francesas. O espectro de uma segunda volta onde se poderão encontrar o recém-eleito, François Fillon, da direita da direita, e a líder da extremadireita Marine Le Pen, é real e assustador.
É destas teorias que me lembro também quando ouço a frase, tantas vezes glosada, que a história não se repete. E é a elas que associo também a recente vitória do Republicano Donald Trump e ao turbilhão que se anuncia um pouco por todo o mundo e nomeadamente na Europa. Em nome de um povo enquanto entidade mítica e incerta, contra um suposto sistema em face do qual os cidadãos se sentem esmagados e impotentes, vemos emergir partidos ou grupos cujos verdadeiros programas e fundamentos são o ódio e a hostilidade, aos imigrantes, aos estrangeiros e às mulheres.
sim novas eleições legislativas nas quais poderá triunfar o movimento populista “5 estrelas” de Beppe Grillo. No mesmo dia, na Áustria, haverá eleições onde poderá ser eleito como Presidente da República Norbert Hofer, do movimento Partido da Liberdade, de extrema-direita, que se apresentou em campanha de pistola à cintura e reclamando para a Áustria antigas fronteiras do início do século XX.
Quais são as características que unem todos estes movimentos? Usando uma velha terminologia marxista, diria que, pela composição do grupo líder, se trata de movimentos pequeno-burgueses cujo programa político e objectivos são democratizar e racionalizar a sociedade e as instituições, atacar a corrupção e os privilégios, impor transparência nas acções do governo e controlar os cidadãos através da web. O sistema capitalista não é, de forma alguma posto em causa, são apenas discutidos os seus excessos e a corrupção de seus gestores políticos. O seu principal slogan é a alegação da honestidade e o seu tema político central é a luta contra os privilégios da classe política.
Aos poucos, de forma larvar, vão nascendo, crescendo e ganhando terreno, novas forças políticas e novos poderes, tais como a União Cívica, na Hungria, o partido Justiça
Em Março de 2017 terão lugar, na Holanda, eleições parlamentares. O Partido da Liberdade, conhecido pelas suas posições inflexíveis sobre a imigração, defensor da saída da
À partida, nada me move contra o aparecimento de novas forças políticas, assim sejam elas criadas com base nos valores e nos princípios que constituem as bases das
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Opinião
Encontro com escritora: histórias que (en)cantaram nossas sociedades, como sejam a liberdade, a justiça e a solidariedade, ainda que se proponham “purificar” ou mesmo “salvar” os sistemas políticos vigentes. Mas os seus nomes melífluos e enganadores – Partido da Liberdade, Frente Nacional, Aurora Dourada, 5 Estrelas, Justiça e Liberdade … – não podem disfarçar que se trata de partidos racistas, xenófobos e simpatizantes das correntes fascistas que derrubaram os regimes democráticos, arrastaram a Europa para a Segunda Guerra Mundial e provocaram o Holocausto nazi. O mal-estar instalado nas nossas sociedades, que alguns chamam pós-moderno e que, apesar dos apregoados níveis de desenvolvimento, produz uma cultura fluida e incerta, caracterizada pela precariedade, não nos pode deixar indiferentes. Numa entrevista a um jornal francês deste dia 30 de Novembro de 2016, o linguista e filósofo Noam Chomsky afirma que a única coisa previsível de Donald Trump é que ele será imprevisível. O tempo, diz Platão, é uma imagem móvel da eternidade. E esta é, afirma Borges, um jogo e uma esperança. Precisamos de compreender as causas dos votantes no populismo. Precisamos de mudar as políticas que têm conduzido ao mau funcionamento da globalização. Precisamos de acabar com a sacralização constante e contínua dos mercados. Precisamos de nos indignar. Mas precisamos também de não esquecer o pluralismo e os valores democráticos como valores essenciais da nossa civilização.
EQUIPA DA BIBLIOTECA ESCOLAR
No dia 7 de dezembro, a escritora Ni veio contar e cantar as suas histórias, e encantar não só os miúdos do Jardim de Infância e do 1º ciclo do AEMD, mas também os "graúdos" que puderam assistir às suas animadas sessões! Nilde Grave é natural de Mogadouro e tem recordações da sua infância no colégio de Sendim, atual Casa da Criança. Uma recente visita a Sendim, despoletou a oportunidade de vir partilhar com a nossa escola, através da Biblioteca Escolar, os seus textos, ricos em ritmo, imaginação e valores! O seu último livro - "O
Miranda do Douro,
30 de Novembro de 2016 * Esta crónica foi previamente publicada no sítio http://reflexodigital.pt/author/ antoniobarbolo/
Encontro com a escritora Nilde Grave.
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Rap da Bicharada"-, que assenta no mote "Proteger o ambiente é uma atitude inteligente", é uma "estória fabulada, de compreensão fácil, sustentada pelo ritmo das rimas e musicalidade das palavras, e referências que a criança facilmente reconhece do seu quotidiano". Para além de promover o gosto pela leitura, esta atividade de Contar, Cantar e Encantar favoreceu a convivência e as relações interpessoais e intergeracionais, pois contou com a presença de alunos, professores, pais e funcionários.
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Leituras
Finalista do Prémio Leya na EBS de Miranda do Douro Finalista do Prémio Leya 2015, Isabel Rio Novo esteve, no dia 26 de janeiro, na EBS de Miranda do Douro para o seu primeiro encontro com turmas do Ensino Secundário (10º e 11º anos). A participação e intervenção dos alunos marcaram as sessões nas quais se falou não só do seu ultimo romance, "Rio do Esquecimento", mas também da "arte de escrever". Ficamos a saber que um escritor transporta na sua "bagagem" as leituras feitas ao longo dos anos, alguma inspiração e muito trabalho e dedicação. Um agradecimento aos professores das turmas envolvidas, pela ajuda na organização deste encontro, e às alunas Carolina Mesquita e Cristiana Pires que apresentaram a obra aos colegas, motivando-os, decerto, à sua (re) leitura. Um encontro a não esquecer!
Impressões de leitura CAROLINA MESQUITA
ainda mais às páginas. Como tantas vezes acontece basta uma só pessoa para envenenar quem está em redor, manipulando e causando uma espiral de traição, crime e morte.
«Rio do Esquecimento" foi um daqueles livros que achei uma verdadeira delícia ler. Ainda que, a princípio, as descrições bastante longas e palavras difíceis e, na sua maioria, desconhecidas, tenham dificultado um pouco a leitura, com o avançar da narrativa este estilo começou a entranhar-se. Viajamos até ao Porto de meados do século XIX, quando um português regressa do Brasil com uma fortuna considerável. Está doente e decide vir morrer na cidade onde nasceu. Tinha deixado para trás uma filha bastarda que, de um momento para o outro, se vê obrigada a aprender novas condutas de vida. A ter um marido, por quem ela se apaixona perdidamente. E a história estaria assim encaminhada para um final feliz, se a paixão por ela sentida fosse correspondida. É em torno deste enredo e dos seus desenvolvimentos que a narrativa gira, de forma não linear. Aliás, uma das coisas de que gostei neste livro foi a alternância que a autora utilizou para nos fazer saltar nos anos, nos acontecimentos, tornando a história mais cativante. O princípio e o final cruzam-se, sempre com a autora a introduzir pequenas/grandes surpresas. Felizmente o fio condutor mantevese durante o enredo, não dificultando assim a minha leitura. Outra coisa que me cativou foi que este livro não é, todo ele, uma história de amor romântica e sofrida. A maldade foi um dos traços fundamentais que me fez agarrar
Aconselho vivamente a leitura deste romance, que tem a capacidade de elevar o nível de vocabulário, já para não falar na forma como nos ensina a ler com calma, apreciando, verdadeiramente, o seu conteúdo.» LARA LEITE Nem todos nos adaptamos a qualquer livro . Alguns têm preferência pelos livros de crime e outros pelos livros românticos. Uns são complicados de ler, outros são mais simples. Ora, os gostos contam muito, porém escolher um livro com o qual nos identificamos é o essencial para o começo de muitas leituras.De todos os livros que eu já lera , definitivamente este era o mais complicado. A nível de linguagem , o vocabulário era tão complexo , o pormenor dos locais onde se iria passar o enredo era extenso e, ainda para mais, a narradora saltava anos como num círculo vicioso, o que me fazia perceber o quanto este livro era diferente de todos os outros que já lera . Como dizia Fernando Pessoa, " Primeiro estranha-se e depois entranha-se". E foi isso que me aconteceu. Dei a minha primeira leitura , entusiasmada porque achei o título intrigante, dei uma segunda leitura e comecei a mergulhar no 17
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Leituras
Uma corrida infinita... romance e imaginar tudo como se fora um filme. Voltamos para o Porto, no século XIX . Miguel Augusto voltava do Brasil doente com o objetivo de concretizar os seus últimos desejos antes de morrer: Conhecer a sua filha Teresa e casá-la, e fazer o maior investimento em nome da família para ser reconhecido em gerações futuras. Contudo, a autora deixou uma imensidão de surpresas durante a jornada desta história, e terão de ler o livro para descobrir. Não é como os romances com um final feliz, ou livros com um herói. No fundo não existe uma personagem principal, a autora cruza a vida de todos os protagonistas, revelando através de atitudes que estes têm as respetivas personalidades, o que nos leva a refletir que nem todas as pessoas são boas, e nem todas são más . E todas as personagens fazem de tudo para que o seu nome seja reconhecido . No entanto, todos eles acabam por morrer, caindo no esquecimento e tudo que foi feito foi em vão. Assim, como a passagem do rio transmite a ideia da efemeridade da vida , tudo passa , nada volta atrás, no fundo, todos nós acabaremos por ser esquecidos, ou apenas ficamos como uma lembrança na memória de outros.Este livro ensinou-me que uma boa leitura tem que ser calma, apreciando-se cada palavra , esquecendo tudo à nossa volta para poder assimilar o conteúdo e percebê-lo.
HELENA RODRIGUES
Supergigante, de Ana Pessoa, foi editado pela primeira vez em maio de 2014 pela editora Planeta Tangerina. Este livro conta a história de Edgar, um rapaz de dezasseis anos, que vive o melhor e o pior dia da sua vida em simultâneo, numa corrida contra tudo e contra ele próprio. Tudo começa com um fim de tarde com os amigos a saltar do pontão, gritando palavras começadas por “g”. É no regresso a casa que Rígel (a alcunha de Edgar, devido à sua composição para a disciplina de Geografia sobra a estrela com o mesmo nome) é informado da morte do avô. “Eu saltava para a água enquanto o Supergigante, Ana Pessoa meu avô saltava para a morte” é o pensamento que ocupa a mente de Rígel quando se apercebe de que realmente o avô não estará mais presente, e que ele próprio não recorda muitos momentos que tenham passado juntos como típicos avô e neto. Entretanto, os pensamentos de Edgar tomam outro rumo, e conhecemos Joana, a sua paixoneta, que ocupa o lugar à sua frente na sala de aula, tem covinhas nas bochechas e um espacinho entre os dentes. Somos inteirados de experiências variadas por ele vividas, boas e más, através de pequenos flashbacks que vão e vêm enquanto ele corre sem parar e sem destino. Chegamos depois ao passado mais próximo, o seu primeiro beijo com Joana à porta do seu prédio e o funeral do avô, situações que contrastam emocionalmente e originam toda esta confusão na sua mente. É nesta corrida que acabamos por nos encontrar envolvidos e perdidos nos pensamentos de Rígel. Gostei muito deste livro. É uma história sem grande lógica, anda-se aos avanços e recuos através do tempo, como se estivéssemos realmente na cabeça de Edgar, a acompanhar o que ele pensa, o que é interessante, pois apresenta-nos uma nova maneira de ver o mundo, da perspetiva de um adolescente a descobrir o que o rodeia. Parece que somos transportados para uma realidade diferente, a realidade do Rígel, com os seus problemas e pensamentos de que passamos a fazer parte e a partilhar. A dada altura, estamos tão embrenhados na história que sentimos o que Edgar descreve, como quando parte o nariz ou está cansado de tanto correr. Chegados ao fim do livro, e despedindonos tristemente de Rígel, podemos interpretar a sua corrida como uma corrida mental, em que percorre estradas de recordações, planos e desejos. Uma corrida infinita que só acaba nos limites mais distantes da imaginação de Edgar. E da nossa. 18
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L sbarrulho dum anjo O romance “A Queda de um Anjo” de Camilo Castelo Branco, que conta a história de um deputado transmontano, oriundo de Caçarelhos, que se deixa deslumbrar por Lisboa quando para lá vai, conta agora com uma tradução em mirandês.
teca da Assembleia da República, no passado mês de outubro. Depois de obras de referência como a “Mensagem”, de Fernando Pessoa, ou “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, terem sido vertidos para mirandês pelo entretanto desaparecido Amadeu Ferreira, chegou a vez de uma das mais conhecidas obras de um dos maiores prosadores da língua portuguesa.
A edição é da Câmara de Vila Nova de Famalicão, em parceria com a Casa de Camilo, mas o tradutor é mirandês e foi, há alguns anos, professor no nosso Agrupamento de Escolas.
Apresentamos, de seguida, o discurso que Alfredo Cameirão pronunciou aquando da apresentação da obra na Assembleia da República.
A nova tradução foi apresentada em Miranda do Douro, no salão nobre da Câmara Municipal, e na biblio-
LA MORGADA DE L PRAINO Por Alfredo Cameirão Ls mirandeses que hoije stamos eiqui benimos a saber dua díbeda cun 150 anhos de bielha. Ye la berdade: las letras pertuesas an giral i, perdonai-mos la poucabergonha, Camilo Castelo Branco an particular, yá 150 anhos que tenien ua díbeda a la lhéngua i al pobo mirandés (i eiqui quando digo pobo mirandés, nun ye de l cunceilho de Miranda, ye la gente de l’antigo território mediabal de la Tierra de Miranda, q’abarca ls cunceilhos de Mogadouro, Bumioso i Miranda de l Douro) i, para ser franco, la díbeda tamien era a la berdade. Ls cousa splica-se debrebe. Hai duzientos anhos, an 1815, quando Calhistro Eilói de Silos i Benebides de Barbuda naciu, ou se quejirdes un cachico más cerca, hai 150 anhos quando el mos fui apersentado por Camilo, serie quaije ampossible un home de l Praino Mirandés, de Caçareilhos, que nun stá mui loinge de l centro giográfico de l Praino, un home de l Praino, anton, nun tubisse daprendido i nun falasse la lhéngua de ls sous, quier dezir, la lhéngua purmeira de ls sous, la
mirandesa, porque, naquel tiempo cumo hoije, ls mirandeses siempre fúrun biligues: serbien-se de l mirandés para l campo , l lar i l amor (cumo muito bien dixo José Leite de Vasconcellos, tamien yá más de cien anhos, quando l’aper-
Teadora? Quein será capaç de mos cumbancir que la morgada de Trabanca, tamien eilha nacida i criada ne l Praino, duonha de ua singeleza i legetimidade sien pareilha, siempre al redror de las pitas i de ls lhareguicos, anton algun die mos fintamos, nós, ls mirandeses, que ua mulhier dessas, ua de las nuossas, hai 150 anhos i inda porriba passando ls termientos que passou, anton nessas afliçones todas i nien ua palabrica de mirandés deixaba scapar para zopilar ls fígados?!... Assi i todo, que naide s’atermente, alhá diç l dito dezideiro: “ye melhor díbeda bielha que pecado nuobo”, l mundo dá muita buolta i la díbeda yá stá paga i cun juros.
sentou l mirandés al mundo) i serbiense de l pertués para falar culs de baixo. Nun sei se sabeis, para chegar a Miranda, quien ben de fuora, benga de l norte, benga de l sul, benga donde benir, chega siempre “de baixo”. Ora, nun se puode amouchar que Calhistro falaba mirandés. Mas, bamos, que Calhistro, fidalgo que era i cul feitiu que tenie, nun falasse mirandés, inda bá que nun bá, mas... i anton la sue
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An buona hora la Cámara Munecipal de Famalicon, pula mano de la Casa de Camilo, que le hardou ls lúcaros i tamien las díbedas al Mestre i, haberá que l dezir, tamien de cierta forma cula upa de Cámara de Miranda de l Douro, an buona hora, íbamos dezindo, treminórun a pagar la díbeda i, tal cumo diç outro dito dezideiro: “nun hai fame que nun deia an fartura”, hoije nun tenemos solo a Calhistro i a Teadora sien ls peitos atafanhados cun tanta fala fidalga,
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Leituras mas tamien Lopo de Gamboa, Brás Lhobato, Paulo de Figueiroa, senhora dona Temázia a çfender ls sous galardones de biúda de tenente, las rapazas de l zambargador Sarmento nas sues xaldroquices i, quaije parece ampossible mas ye berdade, l senhor doutor Lhibório, el mesmo, de riba de la tribuna, fai la sue licantina subre la reforma de las cadenas na lhéngua (bamos a dezir-lo assi para q’el quede cuntento i pori nos se mos amone) fai la sue licantina na bariante pertuesa de l’antiga lhéngua de la corte de l reino de Lhion, quier dezir, an lhéngua mirandesa, mirandés.
que ye alhebarmos-mos. Por eisemplo podie haber sido Caída (la caída dun anjo), la chimpa (dun anjo), mesmo l tombo dun anjo, i outras, mas peç que niua deilhas mos deixaba sastifeitos. Tiremos-mos de cuidados i an cumbersa cun Carlos Ferreira, siempre le procuremos quei le parecie. Metiu-mos L Sbarrulho delantre de ls uolhos. Sbarrulho, an mirandés, de l berbo sbarrulhar, quier dezir “desmoronamento”, “dasabamento” “ruína” “destruição” “queda”, geralmente de paredes, casas, custruçones. Tate, ye mesmo isto! A la ua, ganha un cachico d’afastamento an relaçon al pertués i, a la outra, de cierta forma, apunta más las lhuzes para l porcesso i nó tanto para l resultado, al fin de cuntas, l que trata la nobela de Camilo. I ye que apuis, “sbarrulho” ye quaije ua palabra, bamos a ber se l mirandés ye capaç de dezir isto, ye quaije ua palabra ounomatopaica: scuitai bien: sba-rru-lho! Santistes?! L barulho xordo de las piedras a bater uas nas outras anquanto se caien?!...
Pus ye berdade, “A Queda dum Anjo” traduzida para mirandés. Cumbites destes, ne le tiempos an que stamos nun se le puode dezir que nó i cumo ls Calhistros de la Miranda d’hoije andában acupados cun outros bolos – ou biaiges pula Ouropa, quien sabe alhá - tubo que ser este Brás Lhobato de las letras mirandesas, este que bos fala, a chegar-se alantre. De ls testos clássicos de la literatura pertuesa traduzidos para mirandés, i tirando-se uns poemas i outros cachicos al calha, que se conheça, hai la traduçon de ls Lusíadas, de Camões, la Mensaige, de Fernando Pessoa i, buono, hai tamien ls Quatro Eibangeilhos, todo pula mano de Amadeu Ferreira. De maneira que fui assi ua spece de mistura d’astrebimiento çcaradote botar-me you a traduzir l Mestre.
Nun bos maço you tamien más l bechico de l oubido! Deixai-me, para acabar, l más amportante: agradecer-le a la Casa de Camilo de a par cula Cámara Munecipal de Famalicon (i tamien a João Luis Sequeira, Casa de Miguel Torga) la formidable lhembrança que tubírun, i l agradecimiento ye miu, an miu nome pessonal, mas tamien an nome de todos ls mirandeses. You cuido que Camilo Castelo Branco tamien habie de quedar cuntento de tener ls sous scritos na outra lhéngua de Pertual, la lhéngua de la corte i de l reino de Lhión, bientre que mos pariu i d’adonde naciu Pertual. Para nós ye un gusto i ua proua mui grande poder star eiqui i tener lhugar nesta fiesta. Dius bos lo pague a todos!
Mas nun cuideis que nun me tremiu la paxarina: a la ua siempre era traduzir Camilo, a la outra, ua cousa ye traduzir las falas de D. Teadora, que muita beç pouco habie que le demudar, seia nas palabras ou na sintace; outra cousa ye poner l senhor doutor Lhibório a falar la lhéngua de ls pastores de l Praino Mirandés; se me permetis ua acumparança, ye tan custoso acamar la lhéngua mirandesa a las tiradas repolhudas de l doutor Lhibório, cumo custoso fui acamar las pantalonas de çaragoça de Calhistro, aqueilhas q’arrematában al fondo cun abetonaduras de madrepérola, acamar essas pantalonas als scanhos de l parlamento de Lisboua. Peç que nun dan mui citre.
I para la lhéngua mirandesa, tener A Queda dum Anjo traduzida ye un marco i passo alantre mui amportante. De tan amportante ser, anté you m’astrebo a meter de scritor i a spurmentar dezir-bos dessa amportancia cun ua acumparança, que ye la maneira que ls mirandeses tenemos de dezir metáfora. (quando há cachico bos dixe q’ia a acabar nun bos fintestes, ora nó?)
You nun quiero, i tamien nun serie capaç, de me meter a dar santenças subres las culidades lhiterairas de Camilo i muito menos de L Sbarrulho dun Anjo; ls de bós que partecipestes nas palhestras todas destes Ancuontros yá teneis que bos chegue i l bechico de l oubido nun há de salir deiqui pouco maçado; tampouco quiero nien puosso cuntar-bos de las deficuldades, todas, que las houbo i muita, de la traduçon, nien de las scuolhas que fúrun fazidas.
Manginai que la lhengua mirandesas ye, eilha mesma, la morgada de Trabanca, D Teadora de Figueiroa. Ye cousa que nun custa muito: ora arreparai se ls adjetibos sírben para las dues: simples i singela, mas tamien rija i rejistente, séria, hounesta, fiel, trabalhadeira, afeita a las cousas de casa i de l amanho de la tierra, sien penduricalhos nien anfeites para presumir cumo las outras, mas sien nunca le perder l tino a las pieças d’ouro, a la riqueza,que sabe que ten guardadas na fardelica an casa; dambas a dues cun ua bida dura i custosa, quaije squecidas de la nobreza de l sangre, ls Figeiroas para Teadora, l reino i la corte de Lhion para la lhéngua mirandesa, armana de las filhas eibéricas de sou pai l Lhatin i, eilha si, la última frol de l Lácio.
Solo, cumo eisemplo, que bal puls outros todos, digo-bos de la traduçon de l títalo: A Queda dun Anjo - L Sbarrulho dun Anjo. Anjo era de caras, nun habie muito q’ambentar, mas para Queda la scuolha podie haber sido outra, hai más que ua palabra mirandesa para queda, que ls mirandeses sabemos bien l que isso ye, cumo tamien sabemos, inda más bien, l 20
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fevereiro de 2017
Leituras Ora esta traduçon, salir del Praino i traduzir Camilo ye isso mesmo: ye salir de l Praino i dar de caras culas modistas, neste causo nó de Penafiel mas de Famalicon: esta traduçon ye a mode de le poner saia de balon a la Morgada de l Praino. Ye cun estas – i outras cumo estas – traduçones que la Senhora Morgada – l diamante an bruto, cumo dezie Lopo de Gamboa, que, de beç an quando tamien las daba acertadas i bien podie star tamien a falar de la lhéngua mirandesa – la Senhora Morgada queda cula cinta más delgada; anculhen-se-le ls pies; ls quadriles quedan-le más anchos; amerosa-se-le la piel; branqueian-se-le ls braços; scampa-se-le la cara cul grifo de l pelo; al traduzir Camilo toda eilha ganha ne l andar ua cierta maneira i donairo que le bai tan al natural cumo se houbisse sido criada por salas i praticado las buoltas de la dança! Eilha mesma, mirando para eilha, poude agora dezir- You assi stou más bien, isso ye berdade!
Leitura Puxa Leitura ELISABETE BARROSA
Ao longo do ano letivo, alunos, professores, pais, e outros elementos da comunidade educativa são convidados pela Biblioteca Escolar a fazer o seu Top5 de livros. Um agradecimento especial para quem tem aceitado este desafio!
O Top5 de… Cisnando Ferreira (professor de História no Agrupamento de Escolas de Miranda do Douro)
Las lhénguas, na berdade, tal cumo las ties i la natureza, tamien son un segredo. Agora si acabo, i tal cumo l Mestre, sien bos deixar niua moralidade. Mas inda assi, dou-bos uas nobidades: ne l abiso de la segunda eidiçon, Camilo diç que nun habie tenido tiempo para scujitar que camino habien lhebado las personaiges i essa era la rezon para nun haber ambelume nuobo. Pus s’houbissa falado cun nós, perdie essa rezon. De Mem de Barbuda i de Egas de Barbuda, ls filhos de Calhistro, tenemos pouca notícia, solo sabemos que strampalhórun muito mirandés pul mundo. L que si bos podemos-bos dezir cun certeza ye que Barnabé, l filho de D. Teadora, la Morgada, se criou a la borda de las arribas de l Douro, antre las faias i ls freznos de l Praino mirandés, al son de gaita de fuolhes i de l bater de ls palos de ls dançadores. Tubo família i spargiu-la por to l Praino. Deixou-le als filhos la lhéngua q’habie ardado de sous pais i inda hoije eilhes la fálan anté que Dius i ls própios mirandeses quérgan. Tamien le deixou la dreitura, la seriadade i l amor al trabalho de sue mai, assi cumo, bá, un cachico de l pícaro i trouliteiro de sou pai. Esta ye ua gente formidable: saca pan de las piedras para fazer Bolhas Doces i acende lhumes an todos ls lhugares par acalcer l Nino Jasus na nuite de Natal, anquanto aspera a soutordie, para le dar las buonas benidas al dius sol, cun Carochos, Galdrapas, Bielhos i Bielhas maçcarados als brincos i als óulios pulas rues. Alhá andan todos inda hoije pul Praino, adonde, claro, tamien bai habendo uns ardeiros de mestre scuola metidos a tradutores... nien bós manginais l gusto i la honra que ye poder dezir desta proua que todos tenemos an ser mirandeses."
O Top5 de… Mariana Filipe
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QUEM FOI RODRIGUES NEVES? ANTÓNIO SANTOS
José Maria Rodrigues Neves nasceu em Portalegre em 27 de Abril de 1921, tendo estudado Pintura e Arquitetura na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Iniciou as suas lides na BD na revista Diabrete, em 1941, produzindo algumas tiras cómicas. Transitou posteriormente para O Faísca (1943), onde foi responsável por diversas séries como Gholo, O Filho da Selva, um pastiche de Burne Hogarth. Pela primeira vez é produzida uma versão do Tarzan de Edgar Rice Burroughs apresentando um herói negro.
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Assinando por vezes as suas produções com a sigla CR, foi ainda responsável por Crash Parker na China, uma série a lembrar o estilo de Milton Canif-f, e Pânico nos Mares do Sul, onde apresenta as aventuras do Capitão Fúria. Mais tarde ingressaria n’O Papagaio (1945/1948), onde realiza séries como A Garra Secreta, O Segredo das Selvas, Aventuras de Pardal Pardalão ou O Colar de Lady Norma, entre outras. Para esta revista produziu ainda uma curiosa aventura, não assinada, envolvendo o mundo de Hergé, Na Pista de TimTim. Foi professor na Escola de Artes Decorati-
vas António Arroio, tendo participado em diversas revistas, livros de arte e manuais didáticos. Realizou, por exemplo, A Odisseia, Marco Polo e De Angola à Contra-Costa, recolhidas pela revista Auditorium (1947-1950). Dedicou-se também à Arquitetura e à Pintura, tendo realizado diversas exposições. Viria a falecer em Lisboa, em 8 de Agosto de 1983.
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Última Página
Todos quisemos que fosse Natal na escola. “Natal é quando o homem quiser…”
ALUNOS DO 6.ºB E JULIETA GUERRA
Ary dos Santos
Gestos simples em que a partilha e o trabalho de equipa fizeram a magia do Natal: as prendas feitas pelos alunos, para trocar entre turmas; a decoração das portas das salas de aula com árvores solidárias, aludindo aos valores humanos; as mensagens de natal deixadas pelas turmas na plataforma online “sapo campos” e toda a decoração do espaço escolar, foram atitudes solidárias em que a luz do Natal se fez sentir por toda a escola. Gostamos muito da escola e fazemos votos para que, durante o ano letivo, todos os dias seja Natal!... Natal é quando os alunos quiserem… Natal é quando a escola quiser…
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