ANO III Nº13 JULHO/AGOSTO 2011
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Especial nORDESTE
Região cresce e atrai investidores
Mundo Têxtil
Outono/Inverno 2012 Tecidos, fios e cores Novidades em denim
Carol Trentini desfila para a Água de Coco no SPFW
Underwear Conforto e sofisticação
Texprocess Sucesso em Frankfurt
Moda Praia Os looks do verão O Confeccionista JUL/AGO 2011
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carta ao leitor
Vôo tranquilo O
avião do segundo semestre já decolou e todos os que estão a bordo questionam como estarão quando chegarem ao destino, o final do ano. Todos nós sabemos que é muito difícil ser empresário no Brasil, porém existem os que choram e os que vendem lenço. É certo que o ano está, no mínimo, estranho, com o mercado parando e acelerando; porém, tenho certeza de que, quando aterrissarem e olharem para trás, verão que fizeram várias coisas importantes. Muitos ganharam mercado, contrataram mais funcionários, outros abriram filiais, aumentaram o número de representantes, outros diminuíram seus débitos junto a fornecedores e bancos, outros se prepararam para 2012. O importante é que, apesar de todo esforço do Governo, o País está crescendo e se preparando para atender a essa imensa massa que é a classe C, que vem com grande vontade de consumir e gastar. Quem já identificou essa oportunidade não tem do que reclamar. Afinal, a nova classe média veio para ficar (e o dinheiro para gastar também). Não consigo visualizar um final da viagem com pouso atribulado ou com sustos. Vejo um pouso suave e com tempo ensolarado. Chegando lá, vou continuar vendendo meus lenços. Um abraço Júlio César Mello Diretor-geral juliocesar@oconfeccionista.com.br
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editorial
Ano III
I
Linha Direta
redação O Confeccionista editora@oconfeccionista.com.br (11) 2769-0399 www.oconfeccionista.com.br
niciamos, com esta 13a edição, o terceiro ano da revista O Confeccionista. Nestes últimos 24 meses, nos esforçamos para oferecer aos leitores informações que contribuam para melhorar o desempenho de seu negócio. E também aprendemos muito. Aprendemos que, para um setor que emprega muita mão de obra, não é fácil crescer com os elevados tributos e encargos trabalhistas. Que o dólar baixo e a concorrência asiática comprometem a competitividade das confecções brasileiras. E que o treinamento da mão de obra e a gestão adequada de todas as etapas do processo de produção, aliada ao uso correto de equipamentos e sistemas, são ainda um ponto crítico nessa questão. Assim, concluímos que a informação de qualidade deve ser sempre benvinda, pois conhecimento é fundamental para o aprimoramento de qualquer atividade. E esperamos continuar contribuindo para agregar valor ao setor. Neste ano que ora se inicia para O Confeccionista, continuaremos aprimorando os assuntos relativos ao Mundo Têxtil, oferecendo mais e mais novidades relativas a tecidos, fios,
o Diretor-Geral - Júlio César Mello juliocesar@oconfeccionista.com.br Diretora de Relações com o Mercado Bernadete Pelosini bernadete@oconfeccionista.com.br Editora - Vera Campos (Mtb 12003) editora@oconfeccionista.com.br Repórter - Laura Navajas laura@oconfeccionista.com.br Editor de Arte - Leandro Neves leneves@oconfeccionista.com.br Colaboraram nesta edição: Roberto Carlessi (revisão); Batista Gigliotti, Domingos Ricca, F. Danielle Araújo de Souza, Paulo Roberto de Almeira Gonzaga (artigos).
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fibras e acabamentos. Nesta edição, trazemos os lançamentos das tecelagens para o Inverno 2012, os direcionamentos em denim e a cartela de cores para a estação, além de destacarmos os fios inteligentes que começam a se propagar na lingerie e no fitness. Outro destaque é o Especial Nordeste, em que fazemos um retrato da situação do setor de confecções na região e encontramos empresários otimistas em relação às perspectivas de crescimento da demanda, diante do aumento do poder aquisitivo da população e dos investimentos a serem feitos nos próximos anos. Apresentamos também reportagens feitas durante a Texprocess, feira de maquinário e equipamentos para o processo têxtil que aconteceu na cidade alemã de Frankfurt entre 24 e 27 de maio. A revista O Confeccionista foi uma das duas publicações escolhidas pelos organizadores no Brasil para cobrir o evento. Boa leitura!
Vera Campos Editora editora@oconfeccionista.com.br
Internet - Mulisha rafael@mulisha.com.br Financeiro - Mauro Gonçalves financeiro@oconfeccionista.com.br Ass. Adm - Talita Guesa talita@oconfeccionista.com.br Publicidade comercial@oconfeccionista.com.br Executivos de Negócios Leandro Galhardi leandro@oconfeccionista.com.br Tatiana Oliveira tatiana@oconfeccionista.com.br Assinaturas assine@oconfeccionista.com.br Impressão - Oceano Indústria Gráfica Editora Tiragem - 20.000 exemplares.
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Distribuição Nacional O Confeccionista é uma publicação bimestral da Impressão Editora e Publicidade Ltda., distribuída aos empresários da indústria de confecção. É vedada a reprodução total ou em parte das matérias desta revista sem a autorização prévia da editora. Todas opiniões e comentários dos articulistas e anunciantes são de responsabilidade dos mesmos.
Redação - Rua Teodureto Souto, 208, Cambuci – São Paulo – SP. CEP: 01539-000 - Fone: (11) 2769-0399
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sumÁrio
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ANO IIi • NÚMERO 13 • JUL/aGO • 2011
capa
FOTO: DIVULGAÇÃO/FERNANDA CALFAT
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Seções 10 Em dia 70 Estante
Artigos
FOTO: DIVULGAÇÃO
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MODA PRAIA - Os looks do verão LINGERIE - Conforto e sofisticação MUNDO TÊXTIL - Inverno 2012 Macrotendências Direcionamentos Lançamentos Tecidos/Première Brasil Cartela de Cores Fios Inteligentes Especial nordeste
Perspectivas Pernambuco Caruaru Sulanca Bahia Ceará Atacado Maquintex Piauí Empresas
TEXPROCESS - Feira de maquinário e de equipamentos para o processamento têxtil, realizada em Frankfurt
MERCADO Gestão RH RH
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FOTO: divulgação
Nova Friburgo
Menos de um ano após as intempéries que assolaram Nova Friburgo, na região serrana do Rio, a Satélite Fevest, feira de moda íntima, praia e fitness, mostrou que o município está dando a volta por cima. Entre os dias 27e 30 de junho, o principal polo de lingerie do país, de onde saem 25% de toda a produção nacional, parou para conferir os lançamentos de 60 confeccionistas locais, em showrooms e desfiles. A feira estreou novo formato, saiu de um espaço fechado e ganhou as ruas. Os desfiles aconteceram na Praça do Suspiro, um dos cartões postais da cidade, onde fica a Igreja de Santo Antônio, fortemente atingida pelas chuvas e já em restauração pela Fundação Roberto Marinho. No mesmo local, aconteceram palestras de Amir Klink e Daniel Goldri. O Circuito de Compras foi realizado por meio de vans que levaram os visitantes para os três principais bairros produtivos da cidade – Ponte da Saudade, Olaria e Conselheiro Paulino. Os compradores visitaram as empresas em seus estabelecimentos de venda ou de produção, em showrooms especialmente preparados para a ocasião. “A Satélite Fevest se destacou sob três aspectos”, afirmou o presidente do Sindivest (Sindicato das Indústrias do Vestuário) local, Paulo Chelles. “O primeiro foi a visibilidade que a cidade ganhou, e consequentemente o polo e cada uma das empresas, com toda a publicidade que recebeu. Em segundo lugar, a aproximação dos clientes com as empresas. E em terceiro lugar o ânimo que a cidade toda recebeu”, analisou.
Modela Bumbum
O próximo Moda Íntima Ceará já tem data e local definidos: será entre os dias 15 e 17 de abril de 2012 no novíssimo Centro de Convenções do Ceará, em Fortaleza. Organizado pela New Stage Produções e Eventos (que também promove o Salão Moda Brasil em São Paulo), o evento ocupará uma área de 14 mil m2 no pavilhão Oeste do Centro de Convenções, “uma área bem maior que nos anos anteriores”, revela Ana Flores, da New Stage. “O Ceará é um grande polo de moda íntima, moda praia e fitness, formado por empresas de médio porte”.
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FOTO: SAWARY/divulgação
Moda íntima
As brasileiras que não contam com um bumbum avantajado certamente vão gostar. Atenta a esse objeto de desejo das mulheres, a Sawary, grande fabricante nacional de jeans, acaba de lançar, com exclusividade, a linha Modela Bumbum, composta por mais de dez modelos de calças, entre eles cigarrette, skiny, corsário e Capri, nos tamanhos 34 ao 42. Todos eles vêm com um modelador removível que ressalta as curvas naturais e aumentam a circunferência do bumbum em até três centímetros.
FOTO: divulgação/INVISTA
A Invista anunciou investimentos de US$ 100 milhões para construir nova unidade de produção de fio Lycra® em Paulínia, no interior de São Paulo, com previsão de inauguração para o final de 2012. Além do investimento na construção, novas tecnologias também serão implementadas, a fim de aprimorar o sistema produtivo da empresa. O investimento da multinacional com sede nos Estados Unidos faz parte da estratégia de alavancar os negócios no Brasil, considerado um mercado importante para a empresa e sustentar sua posição de liderança na região. Atualmente a Invista tem unidades em Americana, onde são produzidos os fios Tactel® e Supplex®, e em Paulínia, unidade que já produz o fio Lycra® e onde será instalado o novo empreendimento.
FOTO: divulgação
Investimentos
Bons negócios
O Salão Moda Brasil encerrou sua 8ª edição superando as expectativas no volume de negócios gerados (cerca de R$ 310 milhões), e no número de visitantes (24 mil lojistas de todo o país), que puderam conferir, no final de junho, em São Paulo, os lançamentos de 320 marcas de moda feminina, masculina, fitness, moda praia e homewear para Primavera/ Verão 2011/12. O salão contou ainda com a participação de tecelagens e de fornecedores de aviamentos, além de representantes de países da América Latina, como Peru, Chile, Paraguai e Bolívia.
FOTO: divulgação/MES
Estilo brasileiro
Uma linha de calcinhas inspirada na modelagem brasileira e batizada de “Brazilian Knickers” foi a peça-chave do aumento de 3,2% das vendas gerais da loja de departamentos britânica Marks & Spencer no período de 13 semanas encerrado em 2 de julho. Segundo o jornal The Guardian, a varejista lançou uma promoção de venda de três peças por dez libras. O resultado foi uma venda de 460 mil peças. Para divulgar a coleção, a Marks & Spencer contratou a top model brasileira Ana Beatriz Barros,que também desfila para a Victoria’s Secret. As calcinhas apostam em rendas, transparências e cortes mais pronunciados. O Confeccionista JUL/AGO 2011
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Segundo dados do IBGE apresentados pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) no final de julho, de janeiro a maio de 2011 a produção da indústria de confecção e vestuário se manteve estável (recuou 0,3%), enquanto a do segmento têxtil caiu 11,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Já o varejo cresceu 6,86%. Essa diferença entre produção e vendas, segundo a Abit, mostra o avanço dos importados nas prateleiras. De acordo com a entidade, de janeiro a junho deste ano as importações cresceram 31,7% e somaram US$ 2,966 bilhões. Já as exportações aumentaram 4,7%, chegando a US$ 706,3 milhões. O déficit acumulado de janeiro a junho de 2011 é de US$ 2,26 bilhões (excluída a fibra de algodão).
FOTO: divulgação
Déficit na balança
Primeira turma
Criada em abril deste ano, a Escola de Moda do Fundo Social de Solidariedade, do governo do Estado de São Paulo, já disponibilizou para o mercado de trabalho 189 novos profissionais. Eles constituem a primeira turma de formandos do curso de moda da instituição, finalizado em junho. A entrega dos certificados foi feita pela presença da primeira-dama Lu Alckmin. Em agosto, terá início uma nova turma. A Escola do Fundo Social de Solidariedade faz parte do projeto Escola de Qualificação Profissional, criada para suprir a carência de costureiras no Estado de São Paulo. Oferece cursos nas áreas de roteiro de costura (modelagem, corte e costura), bijuteria, confecção de caixas, bordados em linha e pedraria, crochê e patchwork. Os alunos aprendem história da moda, técnicas sobre o curso escolhido e desenvolvem peças seguindo as tendências do mercado. Quem estiver desempregado recebe, durante o período do curso, uma bolsa-auxílio da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho no valor de R$ 210,00. Matrículas e informações pelos telefones (11) 2588-5896 ou 2588-5762.
Empreendedor criativo
Evilásio Miranda, diretor executivo da Abest (Associação Brasileira de Estilistas), venceu a etapa Brasil do concurso Jovem Empreendedor Criativo (International Young Creative Entrepreneur Awards) 2011, do British Council. Em setembro, Miranda participará de uma excursão pelo Reino Unido durante a London Fashion Week e será o representante brasileiro no concurso mundial que reúne 11 países. "O foco do programa é ampliar a cooperação criativa e de negócios entre o Reino Unido e os países participantes, por isso a importância de o Brasil e a Abest estarem inseridos neste universo", disse.
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As semanas de moda vêm se multiplicando em vários estados brasileiros. As duas mais importantes acontecem no Rio e em São Paulo, mas o Sul já disputa uma posição nesse calendário POR LAURA NAVAJAS
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FOTO: Matheus Alves
Sul em festa m junho, aconteceu a primeira edição da Sul Fashion Week, junto com a Denim Prèt a Porter, em Florianópolis (SC). “A gente quer entrar na briga pelo calendário nacional, colocar o Sul na rota. Precisamos movimentar o mercado daqui, trazer marcas de fora e apresentar as nossas aos lojistas de outros lugares”, afirma Patrícia Lima, da Catarina Coletivo Criativo, organizadora do evento. A Sul Fashion Week conseguiu cumprir o que se propôs: reuniu, em um mesmo momento, moda, informação e negócios. No Hotel Majestic, ficaram os stands com as marcas participantes do salão, além de salas reservadas a palestras sobre tendências das próximas temporadas, um workshop com o designer Jum Nakao e uma mostra exclusiva de vídeos de moda. A Denim Prèt a Porter foi um salão de negócios dedicado exclusivamente ao jeans, no piso debaixo da SFW.
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Locações especiais Com o apoio da Prefeitura de Florianópolis, os desfiles aconteceram em diferentes pontos da cidade. Quem abriu as apresentações, na Alameda Casa Rosa, foi a grife espanhola Zazo&Brull, com a presença da estilista Clara Brull, que veio de Barcelona especialmente para o evento. Em seguida, foi a vez de uma coletânea dos times criativos do sexto ano do projeto Santa Catarina Moda Contemporânea, com peças criadas por equipes de estudantes, professores e profissionais de confecções filiadas ao projeto. No segundo dia, os desfiles aconteceram à noite e a locação escolhida foi a Estufa de Plantas Verde & Cia. “Jardins Abertos” foi o nome da primeira coleção de Celaine Refosco para o Estúdio Orbitato, que, segundo a estilista, “combinou perfeitamente com o ambiente escolhido pela organização”. Na sequência, a Vish! exibiu uma coleção que pontua a nova
Prospecção e Negócios Mariana Dozza Pedrozo, sócia da La Marie, grife de Santa Catarina, ficou bastante satisfeita com o resultado do desfile. “O evento é importante para a marca, que está há quase dois anos no mercado. Estamos tentando mais representantes, buscando novos contatos. No desfile, recebemos muitos elogios, realmente pudemos mostrar o produto”, comemora Mariana. Em termos de visibilidade, muitos participantes elogiaram a iniciativa do evento. Inclusive quem veio de longe. “Eu acho que o evento é positivo, a oportunidade de estar aqui no sul do país com uma marca que vem do Espírito Santo é válida, a gente tem vontade de prospectar mais clientes por aqui. Em vendas, o resultado foi pequeno, mas em visibilidade para a marca foi bom”, diz Carlos Marques, diretor comercial da Presidium. A Eme per Me, por exemplo, veio de Goiânia para expor os produtos no mercado do Sul. A grife, que tem produção própria, já tem um showroom
Santa Catarina Moda Contemporânea: empresas e meio acadêmico.
La Marie: Conforto e versatilidade
potencial de crescimenem São Paulo e inVish!: Alfaiataria revisita peças clássicas to. O formato em que a teresse de expandir visibilidade, a moda e os mais ainda. A genegócios se juntam, tem rente comercial da a mesma sintonia do Vestes. Nossa marca, Maria Paula Martins, fez alguns intenção era de nos apresentarmos ao elogios ao evento, mas se queixou de mercado, que nos conhecessem e essa poucos negócios realizados, deixando expectativa foi superada, pois todos alguns conselhos para a próxima edigostaram muito do nosso produto, ção. “Acho que vale a pena divulgar expositores e vendedores.” mais para o lojista e rever a data: a Para a organização, o resultado véspera do Dia dos Namorados é comestá dentro do esperado. “Na nossa plicada! Mas fui super bem atendida, opinião, a moda precisava ganhar assessorada por aqui. Faltou mais reum corpo de negócios. Ter o Sul no sultado, mesmo”, afirma. calendário é uma mudança de hábito O colega da Beagle, confecção de e a gente sabe disso. Sendo uma priBlumenau espalhada por todo o Brasil, meira edição, temos números bacaconcorda. “Esse evento veio como uma nas, marcas legais, os desfiles da maoportunidade para que Santa Catarina neira que a gente queria. A proposta também tenha um evento legal. Só é essa e agora vamos continuar”, diz acho que a data não ajudou muito”, Patrícia Lima. “Alguns apoiadores concorda Celso Braga, gerente naciopretendem virar patrocinadores, isnal de vendas da grife. so é muito bom. Nossa sensação é de dever cumprido, de que a gente Mudança de hábito queria e conseguiu”, finaliza.# Vanessa Wander, do portal Vestes *A repórter Laura Navajas viajou a BR, apoiador do evento, se mostrou Florianópolis a convite da organização satisfeita. “A gente gostou muito da do evento participação, é um evento novo, com O Confeccionista JUL/AGO 2011
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FOTOS: Matheus Alves
fase da marca, que saiu do universo das camisetas para explorar a alfaiataria. A última série de desfiles, numa ensolarada manhã de sábado, teve os jardins da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada como palco para as apresentações das grifes catarinenses Belmondo, La Marie e Anlè.
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Vendas aquecidas Classe C eleva seu padrão de consumo e incrementa negócios no segmento infanto-juvenil e de bebê POR LAURA NAVAJAS
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rentes. “Podemos falar em 20% de aumento no número de visitantes, em relação ao ano passado, e em R$ 250 milhões em negócios gerados”, afirma Rebonato. A feira reflete números de um setor que não para de crescer. De acordo com dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), o segmento responde por quase 15% do mercado de vestuário no Brasil, hoje avaliado em US$ 30,5 bilhões. O faturamento cresce cerca de 6% ao ano. Cerca de um bilhão de peças de vestuário infantil são produzidas anualmente e a tendência é crescer mais. “O mercado é tão promis-
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sor que muitas marcas famosas de adultos já passam a criar sua versão infanto-juvenil, inclusive as internacionais”, diz Rebonato.
Classe C Entre os motivos do crescimento, destaca-se a ascensão da classe C. “A roupa que nós vendemos sempre foi para as classes A e B, mas acho que a classe C já está comprando também. Estamos com um novo público”, comemora o organizador. Além disso, as crianças estão, também, cada vez mais exigentes em relação à moda. “Com certeza as crianças sabem o que querem comprar, não deixam só
FOTOS: DIVULGAÇÃO
FIT 0/16–Feira Internacional do Setor Infanto-Juvenil e Bebê chegou à sua 37ª edição durante os dias 19 a 22 de junho, no Expo Center Norte, em São Paulo, com recorde de público. Diferentemente das outras edições, esta começou em um domingo. E a experiência deu tão certo que a intenção é que continue assim. “O primeiro dia foi excepcional. Ter começado no domingo contribuiu para o aumento do número de visitantes, pois esse é um dia em que as lojas não abrem e facilita a vida mesmo para quem vem de fora”, comenta o organizador da Feira, Humberto Rebonato. Só no primeiro dia, o evento recebeu 4.500 visitantes. Durante os quatro dias de feira, 15 mil lojistas e compradores conferiram as novidades em roupas, calçados e acessórios para crianças e adolescentes de 0 a 16 anos, de 163 marcas dife-
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mercado/fit pais tendências da moda. Veste meninos e meninas de 0 a 12 anos. A Mineral Kids prima mais pelo estilo, veste crianças e adultos. E a Babysol comercializa roupas, calçados e acessórios infantis para meninos e meninas de 0 a 6 anos, além da linha de enxoval e puericultura (carrinhos, chupetas, mamadeiras).
FOTO: DIVULGAÇÃO
Marcas de destaque
Grupo Marisol Investindo em tecnologia e interatividade, as marcas Marisol, Mineral Kids e Babysol fizeram sua estreia na FIT 0/16. Durante os quatro dias de feira, o estande que reunia as três marcas recebeu aproximadamente 1.800 visitas. Destaques para os lançamentos: estampa que emite som, camisetas com tecnologia LED, roupas com cheirinho de fruta e peças antenadas com a moda. Marisol é a marca de roupas e calçados infantis confortáveis, coloridos e que permitem à criança brincar sem deixar de acompanhar as princi-
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Dedeka
A grife apresentou uma novidade que promete instigar a imaginação das crianças, sem deixar loucos os pais. A Hering inovou com uma coleção de quatro camisetas com desenho de mundo, pingo d’água e árvore. No espaço dos desenhos, a criança pode escrever, desenhar e apagar, como se fosse uma lousa. Os temas de inspiração para a coleção primavera/verão foram contos e Flórida. O primeiro foi inspirado em fábulas como O Menino e o Lobo, O Rouxinol do Imperador, as Fábulas de Esopo. O tema Flórida remete ao mais característico da estação, com cores mais vivas, alegres, vibrantes e estampas que remetem para o cenário típico Marisol: dos anos 50.
opção de abrir a boca do leão
Na coleção primavera-verão 2011/2012, a Dedeka apresentou a linha Viagem no Tempo, em que trouxe ao universo infantil, por meio de estampas e cores, diferentes períodos da História: das pirâmides do Egito às grandes navegações, passando pelo Barroco francês e terminando em Tóquio. O conceito é apresentado nos pijamas, bodies, chinelos, roupões e babeiros com cores como o rosa, vermelho, areia e lilás.
Dedeka: meu primeiro Natal
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Grandes grifes destacaram-se entre os expositores participantes desta edição, mostrando suas coleções para o Verão, com muitas estampas floridas e muito colorido. O uso de produtos ecologicamente corretos ou com tecnologias diferenciadas também foi destaque.
Hering
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para a mãe escolher. Elas impõem sua opinião com firmeza. Escolhem o estilo, então cabe aos pais avaliarem a qualidade de acordo com o gosto da criança”, assegura. Em relação às vendas do setor, o organizador da FIT 0/16 diz acreditar que talvez seja melhor manter o atual patamar, a fim de se evitar juros altos ou inflação. E diz que os desafios são grandes. “Mas se a roupa brasileira continuar com o estilo e o design que são suas marcas registradas, sempre vai encontrar espaço no mercado”, ressalta. “Neste segmento, ter marca forte e solidificada ajuda a vender mais. Peças licenciadas, com personagens de filmes e desenhos, por exemplo, fazem a cabeça dos mais jovens”, aconselha.
Hering: para pintar
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Gabriela Aquarela: para colorir
verde-água, azul-marinho e rosa. Já a da Nankin fala das viagens, na linha turista aprendiz para meninos. Utiliza as tonalidades de azul, como o bebê, ciano, turquesa e marinho. O xadrez continua em alta.
Bonnemini
Gabriela Aquarela e Nankin As duas marcas da empresa Digital Infantil também investiram em instigar a imaginação infantil e trouxeram coleções de camisetas onde as crianças poderão colorir as estampas com pincéis que acompanham as peças. A coleção da Gabriela Aquarela aborda o tema Romance Bucólico para explorar o estilo menina romântica, com muitas flores aplicadas, estampas florais, laise, vestidinhos soltos com babados e macacões. As cores predominantes na coleção foram branco, bege, coral,
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Seguindo a tendência geral da moda em trazer elementos do balé para suas coleções, a Bonnemini apresentou peças inspiradas no imaginário dos sonhos infantis. A marca lançou três vestidos que também ganharam versões para bonecas. Dessa forma, menina e boneca podem se vestir iguais. Do romantismo do ballet e das flores do campo veio a inspiração para roupas das meninas, enquanto dos esportes radicais e brincadeiras, como o skate, peão e passeios de bicicleta, para o vestuário dos meninos. Outro universo bastante explorado é o Navy, inspirado nos antigos marinheiros. Nesse sentido a coleção chega com camisas e saias com listras em azul, vermelho, verde e branco.#
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Bonnemini: estilo romântico para elas e navy para eles
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MODA PRAIA
Quanto mais quente, melhor
FOTOS: © AGÊNCIA FOTOSITE
O verão, estação mais quente do ano, combina perfeitamente com o clima e as belas paisagens, que sempre inspiram as marcas de moda praia no lançamento de suas coleções POR LAURA NAVAJAS
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m junho, as principais semanas fashion do país (São Paulo Fashion Week, Rio à Porter e Rio Fashion) mostraram o que vem por aí para o verão 2011/2012. Muita cor, estampas e modelos variados ilustraram as passarelas, com peças inspiradas em elementos da natureza e na descontração da estação. Apostas em estampas com borboletas, florais, animal print, ópticas e geométricas. As cores mais vistas foram os azuis, neons, laranjas, marrons, dourados, pinks, pretos e brancos, e amarelos. O brilho também está em alta e aparece em bordados e no lurex. O crochê e tricô também continuam em alta. Confira!
Salinas
A grife carioca desfilou no Fashion Rio com estampas inspiradas na Cidade Maravilhosa e estampas com efeitos gráficos. A cartela de cores seguiu o clima alegre e descontraído das praias, com cores fortes e sofisticadas. Nas modelagens, a Salinas foi das retrôs “hot pants” (calcinhas maiores de cintura alta) aos biquínis de lacinhos mais cavados e sutiãs com alças grossas e franzidas.
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Blue Man
Com público agitado pela presença da modelo transexual Lea T., filha do ex-jogador de futebol Toninho Cerezo, a grife apostou no tema Terra Brasilis em seu desfile no Fashion Rio, fazendo uma homenagem ao País em estampas com cores e referências às araras e à Mata Atlântica. Maiôs com recortes ousados e biquínis em jeans, maiôs enganamamãe e prints tropicais. A coleção incluiu ainda saídas de praia esvoaçantes, bermudas e sungas com modelagens maiores. FOTOS: © AGÊNCIA FOTOSITE
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Jovens estilistas brasileiros participam do projeto Pitti Guest Nation
SkinBikini
O público do Rio-à-Porter que acompanhou o desfile da SkinBikini pôde ver estampas de frutas (melancia e banana) e tons fortes como roxo, vermelho, laranja, amarelo e verde. A coleção Divino Maravilhoso revelou looks bem alusivos ao movimento tropicalista dos anos 70. Calcinhas largas e sutiãs tomara que caia vieram acompanhados de maiôs elegantes, vestidos, pantalonas e macacões fluidos.
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A grife paulistana levou às passarelas do Fashion Rio uma coleção luxuosa, com maiôs e biquínis franjados, alguns com tamanhos largos e outros mais ousados, recortes feitos a laser, flores estampadas, peças prateadas, pretas, cores sóbrias com brilhos, paetês, aplicações. Destaque para a parte de baixo dos biquínis inspirada na modelagem típica dos anos 50, de tamanho maior, e para a cartela de cores com variações do pérola e tons inspirados nas sereias, e para as estampas coloridas que lembram as conchas do mar.
Maiôs com recortes, franjas, aplicações em alto-relevo e estampas tropicais, como a de folhagem. Aplicações em alto-relevo com ares étnicos ou franjas no maiô, formando uma peça que também pode ser usada à noite. A grife levou ainda o python (textura de pele de cobra) para perto do mar. Na cartela de cores, branco, azul, amarelo, laranja e verde. Tie-dyes e listras psicodélicas remetem aos anos 70.
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Apostou em franjas e apliques e num mix de estampas. Em alta, animal prints de onça e cobra em patchwork com quadrados coloridos e listras. Biquínis tipo tanga ou calcinha reta com cinto de franjas de metal dourado; tops ora com alça única ora enviezada e outros ainda inteiriços. Nos maiôs, predominância do engana-mamãe. Acabamentos em crochê, bordados de canutilhos e franjas de correntes. Na paleta de cores, tons como o verde, laranja, rosa, amarelo e pink.
Água de Coco
Inspirada na Arte Moderna, a grife cearense desfilou na SPFW uma coleção sofisticada e colorida, com formas geométricas, assimétricas e cortes inusitados. Estampas produzidas a partir da composição de fotos aéreas de praias, além de tecidos com textura de gelatina, desenhos de folhagem, flores e listras foram os destaques, além de cores fortes como verde, azul, pink e laranja, e também “dourado”, o metal usado e escolhido pela marca nos modelos.
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Adriana Degreas
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Inspirada pela cultura indígena, a grife aposta em grafismos tribais, folhas e plumas, além de referências vintage em biquínis, hot pants e maiôs com fendas, texturas e muita transparência. Nos maiôs, ombreiras. O desfile da marca teve a participação da Sônia Braga, considerada a personificação da sensualidade brasileira, que fez uma entrada performática ao som de “Tigreza”, de Caetano Veloso.
Movimento
Moda praia sofisticada, com inspiração em smokings e também num esportivo badalado e no universo da pintura. A grife pernambucana apresentou biquínis e maiôs pintados à mão pelo artista plástico George Barbosa. Desenhos de pássaros, árvores e índias exaltam as riquezas brasileiras. Peças com corte assimétrico, botões, golas e uma estrutura mais rígida. Tecidos elásticos, feitos com materiais tecnológicos, foram associados aos naturais, como linho e piquê.
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GESTÃO
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Acerte os ponteiros A
s reclamações são frequentes, e de ambas as partes. Não é de hoje que confecções e oficinas de costura se desentendem em relação a problemas como atrasos nas entregas e falta de qualidade na produção. Mas nem sempre a culpa é da facção. Para evitar que dissabores como esses aconteçam e tragam prejuízos, a confecção tem de fazer a sua parte. Conheça as dicas fornecidas por Sérgio Amorim, consultor sênior da S. A. Consultoria Industrial, do Ceará, profissional com mais de 25 anos de experiência na indústria de confecções de vestuário e de estamparia.
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Saiba como evitar dores de cabeça com as oficinas de costura e obter produtos com qualidade e no prazo combinado POR VERA CAMPOS
Definir um prazo de entrega com a qualidade planejada O responsável pelo Planejamento Programação e Controle da Produção (PPCP) deve conhecer bem o produto que está planejando e programando como também a capacidade e a qualidade das oficinas de costura com que a confecção irá trabalhar. Deve saber avaliar a real eficiência possível de ser atingida por elas. Não considerar somente a capacidade de produção que o representante da oficina afirma ter e sim conhecer esse fornecedor, a real condição da sua estrutura física e seus processos de gestão.
Devem ser considerados: número de operadoras com as devidas máquinas; operações que essas operadoras sabem conduzir e que estão diretamente envolvidas no processo de produção; condições de funcionamento e número de máquinas por tipo e que vão ser disponibilizadas para a produção; avaliar sistema de distribuição e acompanhamento das operadoras em cada operação, ou seja, o balanceamento. Atenção: na maioria das oficinas de costura não existe um acompanhamento de eficiência individual ou coletivo, etc.
Avaliar o produto a ser distribuído para as oficinas de costura Fornecer Ficha Técnica com todas as informações necessárias para a execução da produção; verificar a disponibilidade dos materiais no estoque; fornecer peça-piloto com a qualidade necessária (padrão de qualidade) para ser executada pela produção; verificar se não existe divergência de informação entre a peça-piloto e a ficha técnica; seguir sequência operacional com os tempos, máquinas e aparelhos de cada operação.
O prazo de entrega será definido considerando-se: A eficiência das operadoras (levando em conta a percepção na visita à oficina de costura ou o histórico existente de outras produções já concluídas nessa oficina); o tempo de entrega do abastecimento na oficina;
“Toda e qualquer dificuldade encontrada no processo de produção da facção deve ser imediatamente comunicada à confecção, para que esta possa encontrar a solução mais adequada” o tempo de revisão e possíveis consertos; tempo para recolher a produção concluída; restrições no processo, ou seja, gargalos na produção, como uma máquina com problemas ou falta de habilidade das operadoras em alguma operação do produto.
Acompanhar o processo de execução Tomados todos os cuidados acima, é necessário acompanhar a execução dos processos: verificar se realmente o que foi planejado e programado se iniciou na data combinada, quais foram as dificuldades encontradas pela oficina, possíveis erros de corte, falta de aviamentos, qualidade das informações, etc. Detalhe importante: toda e qualquer dificuldade encontrada deve ser imediatamente comunicada, para que se providencie a solução. Esse prazo deve ser monitorado pelo PPCP.
Acompanhar o andamento dos trabalhos da facção é fundamental
O controle de qualidade deve ser realizado dentro da oficina de costura, durante a execução do processo como também depois de concluído o processo em 100% das peças. Todos os defeitos encontrados devem ser marcados e entregues ao responsável pela oficina, para que providencie os consertos. Tudo que foi revisado e aprovado deve ser separado e colocado em embalagem com lacre para ser transportado até a empresa fornecedora do serviço. Este procedimento do lacre evita mistura de peças revisadas com peças a serem revisadas. Para ter uma garantia maior da qualidade, deve haver um sistema de inspeção em tudo que foi 100% revisado na oficina de costura. O ideal é que este procedimento seja realizado na empresa fornecedora do serviço. O sistema Controle Estatístico da Produção – CEP pode ser utilizado como ferramenta de trabalho para quantificar e monitorar o desempenho das oficinas de costura e o desempenho das revisoras.# sergioamorimcj@uol.com.br
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Avaliar a oficina de costura (análise da capacidade)
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LINGERIE
de atitude Ainda confortável e prática, a “roupa de baixo” hoje também está à mostra, usa e abusa de apelos sensuais, mas também evolui com os novos tecidos e acabamentos tecnológicos
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Mudança POR LAURA NAVAJAS
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ouve época em que usar um sutiã era um martírio. Peça apertada, incômoda. Também a calcinha era apenas algo usado para proteção. Nada de beleza, conforto ou sedução. Há algum tempo, porém, a lingerie do dia mudou e conquistou o seu lugar, cavando cada vez mais espaço nos guarda-roupas das mulheres, que buscam nas peças muito mais do que o mero utilitarismo. O segmento de moda íntima no
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Brasil vem em crescente produção e faturamento nos últimos dez anos, pelo menos. Segundo dados da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), em 2009 foram produzidos 835 milhões de peças no Brasil; em 2010 foram mais de um bilhão. Os empregos gerados pelo setor, que engloba meias, cuecas, lingerie dia (calcinhas e soutiens) e lingerie noite (pijamas, camisolas e robes), subiram de 36 mil para 40 mil.
Desejo por marcas “Inserir moda no produto significou despertar o desejo por marcas, inovação. Assim, as confecções de moda íntima passaram a lançar coleções primavera/verão, outono/ inverno”, conta o diretor do Iemi. Outro fator que contribuiu para o crescimento do setor é que os fabricantes de lingerie descobriram os diferentes nichos de mercado. Segundo Marcelo, as pessoas têm várias atividades ao longo do dia: academia, trabalho, momento de descanso, atividades noturnas, viagens. E as roupas, não só as intimas, se especializaram ou criaram produtos específicos para cada uma dessas atividades. “Antigamente, havia modelos similares de calcinha e de sutiã, hoje há vários tipos e para aplicações diferentes. Isso faz com que o guardaroupas cresça muito, a necessidade de
produtos é maior e isso é bom para a indústria”, avalia.
Tecnologia Essas diferentes aplicações, sem dúvida, segundo Prado, demandaram o uso de muita tecnologia pelo setor, que antes se baseava em um produto mais básico, de algodão, com um tanto de elastano para ficar um pouco mais justo ao corpo e dar um pouco mais de sustentação. “Mas eram tecidos de malha básica. Hoje temos tecidos inteligentes”, exemplifica. Além disso, o apelo sensual das “roupas de baixo” denota que as confecções estão atentas à mudança de comportamento das mulheres. E isso também criou outra demanda. As peças
Fruit de La Passion: apelo romântico e sensual
passaram a ter rendas, cortes arrojados. “Ainda hoje, a maior parte das compras é feita com base no conforto, mas os apelos sexy, romântico e moda vêm crescendo muito”, afirma Marcelo Prado. A tendência é que o mercado se amplie cada vez mais, visto que as descobertas de novos nichos de mercado, somadas aos avanços da tecnologia nos fios, fibras, tecidos e acabamentos só podem garantir uma ampliação das vendas. “Explorar perfis diferentes, poder de compra, idade, motivação, é o futuro”, avisa.#
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Durante séculos, a roupa íntima permaneceu escondida, e era considerada apenas item funcional. Nos últimos 10 anos, as confecções começaram a inserir soluções tecnológicas diferenciadas e, principalmente, moda nas peças, o que começou a despertar o desejo de compra nas consumidoras. “As pessoas veem produtos que falam ao coração delas, que foram feitos para elas”, opina Marcelo Villin Prado, diretor do Iemi (Instituto de Estudos e Marketing Industrial), que recentemente realizou uma pesquisa de análise do comportamento de compra do consumidor de lingerie. Ele atribui o crescimento das vendas da última década a mudanças no comportamento do consumidor, provocadas por uma guinada na atitude dos fabricantes.
Darling: sutiã Bi Turbo aumenta os seios até dois números
LINGERIE
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pesquisa do Iemi foi feita com pessoas de ambos os sexos com mais de 15 anos, de todas as classes sociais, residentes nos mais diferentes estados da Federação. Ao todo, participaram voluntariamente 1.100 consumidores, que responderam a um questionário. Veja o que eles revelaram: - Os consumidores (compradores), em sua maioria, são jovens do sexo feminino (faixa etária entre 25 e 34 anos); 48% deles cursam o ensino médio e 29,9% o ensino superior.
- 57,1% deles pertencem às classes B2/C, cuja renda familiar se situa entre R$ 2.041,00 e R$ 7.650,00 mensais. - Mais de 78% dos consumidores realizaram suas compras em lojas físicas, 48% em lojas multimarcas e 33% em lojas de departamentos. A venda porta a porta detém 19,7% de participação. O pagamento à vista foi praticado em 66% das compras. Na última compra, o gasto médio do consumidor foi de R$ 93,20.
Confortável ou sexy? Em relação à roupa íntima feminina, os consumidores exigem primeiro o conforto (38,3%) e praticidade (14,6%) para suas ações do cotidiano. Ao mesmo tempo, avaliam que as peças não devem apenas proteger a intimidade do corpo; precisam ser sensuais (13,9%) e românticas (6,8%) em algumas ocasiões. Ainda que homens e mulheres priorizem o conforto das peças, o aspecto sensualidade foi apontado por 22,2% dos homens e por 13,2%
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Quem é o comprador de roupa intima? das mulheres. Já as imagens de "vanguarda e exotismo" são as últimas da lista de homens e mulheres com apenas 0,4% das preferências na hora da compra.
Homens gostam de presentear Substituir uma peça antiga (31,6%) é o principal motivo apontado pelos respondentes do sexo feminino para a aquisição de uma nova peça. "Me dar um presente” e “me sentir bonita" aparecem em segundo (22,9%) e terceiro (22,5%) lugares, respectivamente. Para os consumidores do sexo masculino que compram peças femininas, substituir uma peça antiga também é a primeira razão para uma compra, seguida por um evento especial, como aniversário ou viagens, Dia dos Namorados e outras ocasiões.#
Corpo perfeito U
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ma garota de 20 anos deseja que sua lingerie proporcione beleza, conforto e funcionalidade, nessa ordem. Já a mulher de 40 anos prioriza o conforto, depois a funcionalidade e a beleza. Mas ambas esperam todos esses benefícios. Não à toa, um dos nichos em que os fabricantes de lingerie vêm apostando é o de modeladores. Afinal, desde sempre as mulheres estão insatisfeitas com o corpo e querem melhorá-
Darling: Body Bioemana, que promete reduzir a aparência da celulite
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Apoiados pela evolução da tecnologia de produção de tecidos e acabamentos, fabricantes investem cada vez mais no segmento de modeladores lo. Para alegria delas, a tecnologia utilizada recentemente em fios, fibras e tecidos possibilita maior conforto das peças, sem deixar de lado a sensualidade e a beleza delas. “Hoje encaramos de nova maneira a lingerie modeladora. A peça não tem de ser algo que a mulher tenha vontade de esconder”, revela Margareth Lewinski, diretora de criação da Darling. “Ela pode ser sensual e bonita e, ao mesmo tempo, ter a função de modelar o corpo”, acrescenta. A Darling vem lan-çando peças que conseguem aliar compressão, conforto e design. O segredo? Outra estrutura de tecido, com mais elastano na sua composição. Os tecidos vêm com estampas bonitas, ao mesmo tempo que as peças têm características específicas para o corpo das mulheres. A diretora de criação da empresa concorda que a mulher busca conforto acima de tudo, mas lembra que a consumidora está cada vez mais exigente. “Quando a mulher compra a lingerie, paga bastante, então espera muito dela. Temos que oferecer conforto, mas também uma função de
tornar o seu corpo mais bonito.” Ana Claudia Teixeira Gurgel, gerente de produto da DelRio, outra grande fabricante de produtos com função modeladora, concorda com sua concorrente. “O grau de exigência é cada vez maior e cabe ao confeccionista se adaptar para atender à demanda”, diz. Ela ressalta que nem sempre é possível inserir todos os atributos em um só produto, mas destaca que essas possibilidades têm aumentado graças à ajuda da tecnologia dos materiais e de modelagens mais complexas, “aliada à experiência e ao conhecimento profundo do ramo de lingerie”. As novidades estão nos materiais, cada vez mais leves, ao mesmo tempo com atributos de força para oferecer uma redução de medidas de forma confortável e elegante. Além disso, a Darling investe também na engenharia do produto, em modelagens aprimoradas, que vão desde um simples reforço à utilização correta de um material em determinado ponto, para a garantia de uma sustentação perfeita.#
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LINGERIE
Luxo, sedução e beleza
Fruit de La Passion: sedução e requinte na mesma peça
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iferentemente das lingeries para o uso diário, das confortáveis ou das funcionais, quando o quesito é luxo e sensualidade, o que conta mais não é a tecnologia, mas o design. Quem afirma é Cecília Bourdon, estilista e sócia da Fruit de La Passion, marca conhecida por esses apelos. “A tecnologia também é importante, mas o design e os materiais são os atributos mais valorizados, pois se trata de uma lingerie para ser vista”, justifica.
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O leque de preços nesse segmento é grande: na Fruit de La Passion, um conjunto de sutiã e calcinha pode custar de R$ 180,00 a R$ 400,00, dependendo dos materiais utilizados e da sofisticação na montagem da peça. “Um sutiã pode ter até 21 itens diferentes e levar o mesmo tempo para ser montado que uma roupa de alfaiataria”, explica Cecília. Ou seja, o luxo, no caso da lingerie, nem sempre está relacionado a
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Nem só de conforto e modelagem de corpo vivem as lingeries. Algumas marcas se especializaram em produtos que oferecem diferenciais como luxo e sensualidade
preços altos, e sim a detalhes que fazem a diferença no produto final. “Todos os materiais devem ser nobres e a modelagem perfeita, linda de se ver e gostosa de usar”, ressalta a estilista. “Luxo é uma boa peça com uma boa modelagem, um ótimo tecido e um maravilhoso design”, reforça Marilice Martini Mariano da Rocha, estilista e diretora da Mari. M. Lingerie, especializada em artigos de luxo e voltada para mulheres de classe A, acima de 25 anos.#
Inverno 2012 As novidades da indústria no Première Brasil As inspirações para o jeans Fios inteligentes
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Cartela de cores
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Denim Inverno 2012 Macrotendências O jeans segue uma direção mais clean, com destaque para o shape, materiais e texturas. Novas alternativas de composição do tecido e maneiras mais contidas de diferenciar as peças, como a cor lisa (denim color), detalhes em pele e de alfaiataria deverão ser o must da estação
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de 3 minutos de duração, apresenta uma batalha em slow motion entre um trio de modelos vestindo denim colorido e três carros dos anos 80. Os jeans vestidos pelas modelos correspondem à edição limitada de pneus coloridos da Kumbo. Tendências-chave • Neutros clássicos ainda são importantes, assim como areia desbotado, off-white e cáquis. • Tons de tabaco e marrom-alaranjado também estão ganhando força. • Cinza e preto ainda são essenciais para looks clean ou grunge, se desbotados. • Azuis-saturados são chaves para a temporada e oferecem uma alternativa mais leve para o índigo. • O denim tingido em cores mais comuns como próprio índigo continua como base. • o vermelho-tomate é a cor mais comercial.
1 – Denim colorido Estamos notando um retorno do denim color desde a temporada passada. Um exemplo que confirma essa volta é a marca australiana Ksubi, que colocou seus jeans coloridos na estreia de Kolors, um curta-metragem dirigido por Daniel Askill. O filme,
2 – Alternativas ao algodão O aumento do preço do algodão está fazendo com que os fabricantes pensem em novos tipos de fibra para o denim, como a Tencel, marca da fibra Liocel, criada a partir de fibras de madeira. A grande vantagem, segundo Débora, é o fato de ser uma alternativa sustentável e também poder ser utilizada como base para denim color.
que se está usando nas ruas e o que começa a se ver nas lojas dos principais centros de moda dá uma idéia do que continuará sendo tendência no inverno 2012 em termos de denim. Débora Pierro, do WGSN, bureau de tendências internacional, aponta algumas macrotendências para a temporada.
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FOTOS: PremièreVision/Stéphane Kossmann
WGSN em sintonia com tendências apresentadas na Denim by Premiére Vision de Paris, em maio
3 – Estética de couro Acabamento resinado sobre preto-sólido é uma direção forte para o outono/inverno, tanto em jaquetas como jeans. Detalhes discretos dão ênfase a um acabamento clean. 4 – Camisas e jaquetas Atualização das camisas e jaquetas em denim, com golas e bolsos com detalhes em couro, sarja ou outros materiais em tons diferentes, para criar um contraste com a peça. 5 – Pele nos detalhes A pele, extremamente forte na temporada (especialmente a pele de carneiro), também é trazida para o denimwear em detalhes do forro, gola e capuz, tanto em casacos quanto em jaquetas e coletes.
Mas pode apostar também em versões falsas de outras peles para looks diferenciados. 6 – Utilitário O estilo militar se destaca nas jaquetas, calças e camisas e pode ser adaptado para o feminino. Tons bem desbotados nas estampas camuflagem. Detalhes como bolsos utilitários e ‘3D’ são essenciais para compor o estilo, além de detalhes discretos para uma estética clean. As camisas largas para serem usadas abertas, como sobreposição, também são peças-chave desse look. 7 - Jeans, camisas e jaquetas com detalhes de alfaiataria 8 - O denim clean compõe os looks de rua mais recentes em Tóquio e interpretações dessa tendência podem ser vistas nas feiras de denim pela Europa. Denins leves e com texturas, despojados, em tons orgânicos naturais e lavados. Tecidos de camisa nas golas, mangas e cós de peças em denim.# O Confeccionista JUL/AGO 2011
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MUNDO TÊXTIL
Denim
Inverno 2012
Neutros,
excêntricos
e naturais Conheça as direções de estilo, cores, tecidos, formas e acabamentos para a temporada mais fria do ano
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ue questões desafiam o planeta? Como encontrar equilíbrio em realidades distintas? Segundo a Tavex, fabricante de denim diferenciado, três vertentes comportamentais se destacam no mundo atual, fruto do impacto tecnológico nas sociedades globalizadas: neutralidade, imitação da natureza e excentricidade. Neutralidade: é achar um ponto onde seja possível continuar conectado com o mundo e evoluir na medida certa com produtos que estimulem autodescobertas e a qualidade de vida, com conforto e performance aliados à tecnologia. Excentric: o termo “excêntrico” abandona o conceito de extravagante para voltar ao seu significado original que, em grego, é “fora do centro”. É fugir da homogeneização cultural e intelectual. Biomimética: a “mimesis”, palavra grega que explica a imitação da natureza, se faz presente nos procedimentos humanos, inclusive nos criativos. Mudanças climáticas levam a visões oníricas daquilo que une a Humanidade ao universo e desencadeia processos intuitivos, porém altamente O Confeccionista JUL/AGO 2011
Mimetic/Jeather Denim
tecnológicos, baseados na alquimia, na metafísica e na mimesis. Baseada nessas observações, a Tavex aponta três macrotendências para o Inverno 2012 para o mercado jovem. Conheça um pouco sobre cada uma delas.
Peacock – A inspiração são o ecletismo dos anos 1970, as influências edwardianas, teddy boys e rock girls, a extravagância. Nessa tendência se encaixam os seguidores de moda, os atraídos por van-
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Peacock/Sing
guardas nas artes plásticas e em colagens gráficas. Cores: tonalidades profundas e vibrantes de inverno, escarlate, esmeralda-pavão, camelo, ouro velho e índigo-profundo Tecidos: estruturas sólidas com superfícies regulares e limpas, pesos médio e leves, resinados, stretch, tencel, cetim, sarjas, microestrutura e sobretintos. Formas: alfaiataria exuberante, blazers, coletes, saias maxi e midi, jeans Mimetic/Madison pregueado e de estilo social, slim leg, jodphur e camisas elegantes. Acabamentos: botões brilhantes de metal, galões e dragonas militares, debruns, efeitos dupla face, flocados, mistura de padrões e cores, resinas coloridas. Lavagem mínima para um denim limpo e refinado. Artigos Tavex: Davis, Daily, Carbon e Inka.
Mimetic – As influências são os que se adaptam logo
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a novas tecnologias. Os ativos, com alta mobilidade, influências biker, que unem ambiente virtual e a imitação da natureza para apresentar soluções na ciência e no design. São os modernos, andróginos, os autoconfiantes, inquisitivos e sempre alertas. Cores: tons escuros, profundos, mas nunca verdadeiramente pretos, azul-carbono, azulesverdeado, petróleo, verdesterrosos, musgo, titânio. Tecidos: acetinados e lustrosos, resinas coloridas e brilhantes, super stretch, aspecto couro, black denim, índigos intensos e esverdeados. Formas: carrot jeans, arc leg, skinny, parkas e camisas
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superdimensionadas e leves, cortes assimétricos e orgânicos. Acabamentos: bordas arredondadas, recortes anatômicos, nervuras, compoentes protetores e relevos; aspecto oleado e molhado, efeitos inspirados em répteis e peixes, manchas recobertas, superfícies metálicas, sobretingimentos intensos. Artigos Tavex: Cindy, Jett, Sweet, Sing, Keep e Jeather Denim®.
Wild – A inspiração é a vida selvagem levada ao meio urbano, porém sem abrir mão do desempenho e do conforto, e considerando ações sustentáveis e questões ecológicas. São os relaxados e tranquilos. Cores: tons suaves, nebulosos e embaçados, ferrugem, azuis-esfumados, cinzas, camelo, pele, gengibre, índigo lavado Tecidos: orgânicos, 100% algodão, denim therapy, stretch de conforto, sarjas marcadas, desbotáveis, efeitos mescla, sobretintos, esverdeados e marrons. Formas: jogging, boyfriend, bermudas, ganchos 48
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alongados, chino, bermudas, jaquetas amplas, midi coat e ponchos. Acabamentos: capuzes e detalhes esportivos, cadarços, punhos, barras com elástico, puídos, efeito nep, cerzidos, acolchoados. Super washed, desbotado, envelhecido, visual embaçado, empoeirado, amassado, efeito camurça, respingos sutis. Artigos Tavex: Wood e Hills, elaborados com produtos orgânicos. Já a busca por um futuro diferente, por conforto e performance, pela busca de conexões da ciência com o mundo natural é retratada pelos artigos Sense da linha Denim® Therapy.#
Hidrata e amacia a pele. Estimula a formação de colágeno e elastina. Tranquiliza as terminações nervosas. Auxilia o equilíbrio e a regeneração celular. Acelera a formação e o crescimento de celulas novas.
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Tavex
amplia linha Novos tecidos incorporam tecnologia a fim de proporcionar bem-estar, mas o jeans orgânico também entra em cena
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Tavex ampliou a coleção Denim® Therapy, lançada em 2010 segundo a linha conceitual da busca pelo bem-estar. Uma das novidades é o Sense, um denim que incorpora, por meio da nanotecnologia, uma emulsão que contém Aloe Vera. Essa emulsão é responsável pela fixação do princípio ativo da Aloe Vera e pela manutenção de suas propriedades durante as lavagens caseiras e nos processos de beneficiamento do jeans. Ainda nessa linha, outro lançamento é o Balance, que, de acordo com a Tavex, agrega a tecnologia da biocerâmica ao jeans, para proporcionar uma sensação de bem-estar, estimula o tônus muscular, melhora o equilíbrio e auxilia na recuperação após esforço. O produto tem sua eficácia comprovada por estudo realizado pela Kosmocience. O segredo da tecnologia biocerâmica está em uma combinação de vários óxidos metálicos que, depois de aquecidos, adquirem a propriedade de captar os raios de sol e o calor do corpo e convertêlos em raios infravermelhos. O corpo humano reage a esse estímulo, dilatando os vasos sanguíneos e produzindo a sensação de bem-estar. Aplicada ao tecido, a tecnologia eleva a temperatura do corpo e auxilia na ativação da circulação sanguínea.
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Orgânicos e sustentáveis Seguindo a linha de sustentabilidade, a Tavex apresenta o Wood, denim produzido com algodão orgânico e colorido naturalmente, e o Jeather Denim®, que substitui o couro natural. O Confeccionista JUL/AGO 2011
Organic Denim
Evolução do Organic Denim, lançado pela empresa em janeiro de 2009, e do Bio Denim®, o Wood é produzido com algodão cultivado sem componentes químicos e com fibras recicladas do processo de fabricação. Certificado pelo Instituto Biodinâmico Brasileiro e pela Embrapa, o algodão usado para a fabricação do tecido é colorido naturalmente. O jeans recebe ainda acabamento natural Alsoft® Amazontex, feito com manteiga de cupuaçu, em lugar de amaciantes sintéticos. O Jeather denim® - cujo nome remete à fusão das palavras leather e jegging - chega ao mercado com a proposta de substituir o couro natural, aliando a evolução da tecnologia das resinas ao conforto do Ultra Stretch Denim®. O acabamento proporciona brilho e deixa o tecido mais maleável. “O desenvolvimento de produtos como esses está alinhado aos princípios de sustentabilidade adotados pela Global Report Iniciative (GRI), e se baseia no tripé eficiência econômica, equidade social e equilíbrio ambiental. Hoje a companhia tem uma linha de produtos inovadores com esta marca sustentável, que são muito bem aceitos pelo mercado”, coloca a gerente de Marketing da Tavex, Maria José Orione.#
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Varejistas | Confeccionistas em Geral
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Première Brasil Fornecedores de tecidos, fios, fibras, acessórios e design destacam suas novidades para o Outono/Inverno 2012 na mais importante feira latinoamericana de produtos têxteis
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Première Brasil prossegue atraindo importantes fornecedores nacionais e estrangeiros de tecidos, fios, fibras, acessórios e design. Em sua quarta edição, realizada em 20 e 21 de julho, em São Paulo, o salão latino-americano da indústria têxtil especializado em matérias-primas para o segmento de vestuário reuniu 90 fabricantes, dos quais 51 latino-americanos (Brasil, Chile, Uruguai e Peru) e 39 internacionais. A disposição das marcas por universos de produtos e mercados se manteve, com o objetivo de facilitar e otimizar a visitação. A exemplo das edições anteriores, o salão foi dividido em seis Universos: Denim & Sportswear (jeans, sarjas, algodão, lavanderias e acessórios para o segmento), Sport & Beach (tecidos e materiais para moda praia, esportiva e lingerie), City & Glam (lã, alpaca, tricoline, seda, cetim, renda, bordado, tafetá, entre outros), Yarns & Fibers (fios e fibras), Accessories (botão, zíper, aviamentos) e Designs Studios (estúdios de desenho têxtil para estamparia), com montagens e conceitos visuais diferenciados. Conheça as apostas de alguns dos expositores:
Tecnológicos & naturais
União entre a tecnologia e o natural é no que aposta a Doptex Tecidos. A coleção Inverno 12, com construções e padronagens ricas, inclui sarjas e espinhas de peixe (as bases para os xadrezes, listras e maquinetados, tanto para artigos com gramatura mais leve quanto para os mais pesados), além dos diferenciados botonês. Na elaboração dos tecidos - a maioria deles com o conforto do fio Lycra® -, a preferência recaiu sobre os algodões, a viscose e a poliamida. Os acabamentos de alta tecnologia proporcionam produtos com toque macio e aveludado. Na cartela de cores, destaque para as cores vivas (vermelho, laranja, amarelo, rosa e azul) e, num plano geral, para os tons neutros e achocolatados, vermelhos intensos até atingir os tons de bordô. Tons rosa aparecem desde claros e empoeirados até os acesos e intensos. Variações nas famílias de azul-escuro até atingir o marinho. Tons de cinza têm muita importância finalizando com o imponente preto.
A fibra da inovação A Lenzing (unidade de fibras têxteis do grupo austríaco do mesmo nome) destacou suas inovações. Segundo a empresa, a fibra Tencel®, proveniente da madeira, confere aos tecidos uma textura sedosa quando em contato com a pele, além de facilitar a respirabilidade. Já a fibra Tencel® C, produzida em combinação com a quitosana, um produto natural do oceano, proporciona benefícios cosméticos como melhora do teor de hidratação, da elasticidade e da renovação celular
Xadrezes em alta A Tecelagem Panamericana apresentou a nova base Aspen, composta por padronagens xadrezes em 100% algodão e toque soft. São tecidos produzidos com fio tinto 100% algodão, com acabamento que proporciona mais conforto e maciez, com toque soft ideal para compor o look de inverno. O fio tinto amplia a oferta de cores nos produtos, desenvolvidos em harmonia com a grade de cores proposta. O Confeccionista JUL/AGO 2011
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Versatilidade
Fabricante especializada em malharia circular e tecido plano, a Marles aposta no Seduty Lã como um dos best sellers da nova coleção. Trata-se de um tecido com textura diferenciada, modernidade, caimento perfeito e maciez, que tem na versatilidade uma de suas principais características, entre elas ser adaptável a todos os tipos de clima. De toque leve, é sinônimo de diferencial e sofisticação. Outra aposta é no jacquard elaborado a partir de complexas construções, entrelaçamentos de fios e combinação de cores. Versátil, oferece distintas possibilidades de desenhos e criações.
Efeitos diferenciados
A Lunelli preparou uma coleção com malhas diferenciadas, estampados e listrados. Apostando na tendência de brilhos e efeitos ópticos de cor, lança os artigos Satine Golden e Satine Silver, com caimento fluido, toque macio e leve brilho, ideais para construção de tops e vestidos com efeitos drapeados, em modelagens amplas e de volume. Ainda na linha de leve brilho, Rib Satine faz um jogo óptico com sobretons de cores em estrutura canelada que remete à malharia retilínea, uma aposta diferenciada para blusões, tops e vestidos. Outras novidades são as malhas com texturas de veludos e felpudas, como os artigos Velutto, Plush Forty e Soft Plush, High Soft e Slub Towel.
Fios Oxigênio Em outro estande, a RenauxView apresentou sua nova coleção de fios diferenciados. Denominada “Oxigênio”, é representada por misturas de fibras naturais, sintéticas e artificiais. Não faltam fios produzidos a partir da fibra extralonga do algodão Pima, extremamente macios e resistentes. No tingimento, destaque para as opções multicoloridas, nas quais o fio recebe diversas cores.
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Peles sintéticas
A Pelican Têxtil, maior fabricante latino-americana de peles e pêlos sintéticos, exibiu uma coleção de peles, couro sintético e suede. A empresa aposta nos tecidos em poliéster com toques mais suaves, mesclas e novos acabamentos. Cores neutras, tons de caramelo, estampas de bichos e apelo ao “natural” refletem as principais tendências.
Mesclas e listras
Estudo de tendências e pesquisa de mercado são a base para o desenvolvimento das coleções da Dalila Têxtil, fabricante de malhas circulares. Para a coleção outono/inverno 2012, quatro macrotendências globais foram mapeadas: Raw Forces traz o homem de volta à vida no campo, com roupas utilitárias em um aspecto desgastado e formas amplas; Color Blocking remete aos blocos de cor em tons vivos; os Anos ’70 voltam ao universo da moda com elementos clássicos da época, como as cinturas altas, as bocas de sino, os sapatos plataforma e uma infinidade de estampas; e o Minimal Techno apresenta o minimalismo com referências futurísticas. As mesclas e listras retornam a essa coleção ainda com mais força que na temporada anterior.
Trabalho artesanal
Fornecedora da família real britânica e para marcas de luxo e casas da alta costura em todo o mundo, Sophie Hallette produz rendas desde 1887. A fábrica está localizada em Caudry, no norte da França, conhecida como a “Cidade das Rendas”. A grife foi responsável pela confecção dos 40 metros de renda utilizados para confeccionar o vestido de noiva usado por Kate Middleton. A coleção outono/ inverno apresentada no Premiére Brasil caracteriza-se pela leveza e suavidade, com inspirações nas flores frescas, padrões de animais, borboletas douradas flutuando, flocos de neve e colagens minimalistas.
Tecidos Ecológicos Especializada na fabricação de tecidos de lã para a confecção de casacos e acessórios de inverno, a uruguaia Agolan faz sua estreia no Première Brasil apostando nos lançamentos focados nos tecidos ecológicos. A empresa produz 70 mil metros de tecidos por mês e prevê crescimento de 8% em seu faturamento em 2011. Exporta para o Brasil, Argentina, Chile, México, EUA e Europa.
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Mistura de estilos
A coleção de tecidos de malha da Sultextil para o Inverno 2012 é uma mistura de gêneros, estilos e referências. Casualwear e alfaiataria se confundem em efeitos mesclados. O jersey entra em cena valorizando leveza extrema e movimentos desalinhados. Misturas de fios brilhantes, superfícies aveludadas, fios leves, em pontos trabalhados, simulam tramas pesadas e com aparência de uso continuado. Malhas de viscose ultrafinas com transparências sutis. Moletons com micropadrões também são destaque. Nas malhas já consagradas, sobreposição de babados desordenados e padronagens florais. Construção de tecidos com texturas diferenciadas, mesclando fibras como algodão, lã, viscose, poliéster, poliamida e bambu.
Multiverso
A coleção de tecidos da RenauxView vem sob o tema Multiverso. As propostas estão reunidas em quatro books, um para cada tema: Universo Fio Tinto, Universo Jacquards, Universo Estampados e Seu Universo. No Universo Fio Tinto, uma das novidades para as bases é o tecido Slenn, de maior gramatura, para peças mais pesadas como casacos e sobretudos. Já o Lyn vem com gramatura menor sem perder o impacto visual. Em Universos Estampados, quem assina a coleção é a designer carioca Renata Americano, que assumiu recentemente o novo cargo de Coordenadora de Estamparia na empresa.
Lavanderia A All Washed Lavanderia Industrial aproveitou para celebrar 25 anos de atividades e apresentar as coleções Premium e Eco Vintage, que compõem a Linha All Washed D´Luxe. Em seu estande, destacou peças desenvolvidas em parceria com as melhores empresas de produtos químicos do mercado, buscando oferecer produtos premium antenados com a vanguarda da moda mundial. Apresentou ainda a linha All Washed Collection Premium, assinada e desenvolvida pelo designer Itaguaçu Ferreira. A empresária D. Wall Sicolino (ex Lavanderia Branca) assina parte do beneficiamento da Linha All Washed D´Luxe mostrando todo o know how da empresária no ramo.
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Malhas X estampas Alguns dos destaques da nova coleção da Marilua são as malhas space dyed (malhas com fios multicoloridos) e malhas com aspecto de alfaiataria, porém com o conforto proporcionado pela malha. Outra novidade é a linha Prime de estamparia reativa na viscose. Voltada para um público mais exigente, tem design moderno e elaborado, e oferece maior conforto e maior vivacidade nas cores.
Cores e tons
A Advance Têxtil, fabricante de tecidos para os segmentos de moda, lingerie, praia e fitness preparou uma cartela de cores arrojada para seus produtos lançados no Première Brasil. Dentre as apostas, destaque para Futurismo, de cores frias, cinzas e azuis; a Natureza Selvagem, em que constam verdes e azuis-esverdeados; Texturas e Minerais, que privilegiam os tons neutros e nudes.
Estampas de qualidade Fabricante italiana de tecidos estampados de alta qualidade, com presença em mais de 60 países e produção da ordem de 30 milhões de metros prevista para 2011, a Miroglio apresentou lançamentos com alto valor agregado, resultado de novos investimentos em tecnologia têxtil, informou Maria Fernanda Napole, responsável pelo marketing da empresa. Ainda no evento, uma fábrica de amostras de estampas e uma fábrica de estamparia digital.
Sinergia
Sob o tema Sinergia, a proposta da RVB Malhas para o Inverno 2012 destaca as padronagens e relevos clássicos e os listrados, além de materiais exclusivos em sintonia com as tendências invernais do próximo ano. O Poás I e II (2154 e 2174) está integrado à trama da malha de algodão que tem gramatura ideal para saias, casaquetos e vestidos. Block (2184) tem padronagem moderna e singela para peças femininas ou infantis. Geometric (2414) é um moletinho superleve, com motivo quadriculado. Entre altos e baixos, os “relevos” deixam o tecido com cara de “feito à mão”. Entre eles, Cool (2183), que é malha 100% algodão e ganha movimento através de pequenas retenções ao longo do tecido. O Longline (2112) tem textura e cor com a versatilidade de usar o tecido do avesso ou do direito com efeitos diferenciados. A empresa desenvolveu também uma linha especial de moletons com fios e tramas diferenciadas. E apresentou novidades para a linha fitness.
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Cartela
de cores
Invista, detentora da marca Lycra, dá o direcionamento das cores para o Inverno 2012
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cada seis meses, o mundo da moda entra em polvorosa à espera dos lançamentos para a próxima estação. A Invista, detentora da marca Lycra, já apresentou o direcionamento das cores de sua cartela para o Inverno 2012. A cartela de cores da Invista é fruto de um trabalho interno de pesquisa de tendências que inclui a análise das semanas de moda de inverno de Europa e EUA, acesso a bureaux internacionais de moda e visitas à Pantone, para estudos. O lançamento aconteceu em junho, em São Paulo, durante o Salão Moda Brasil. Lá, por meio de “experiências sensoriais”, os clientes da empresa vivenciaram as macrotendências propostas pela empresa. “Este material dá o direcionamento da cartela de cores (são 16) da temporada e, em agosto, lançaremos cartelas específicas para os segmentos de moda praia, lingerie, active wear e moda, com um acréscimo de 24 cores para cada uma delas”, conta a gerente de active wear da Invista, Danielle Freitas. O Confeccionista JUL/AGO 2011
Energia pulsante Inspirada na força e na vitalidade das cores quentes, esta tendência está presente na sensualidade e na paixão pulsante, remetendo ao movimento e à vibração. As formas marcadas, listras e silhuetas exóticas se misturam com cores vivas derivadas de pigmentos provenientes da terra, como urucum, pimenta, açafrão e ouro. “Energia Pulsante é a tendência mais passional, baseada na emoção, no amor, na poesia. A gente aposta aqui que o vermelho seria o novo preto. Espectro natural As cores terrosas, como marrom, ocre, laranja, rosa queimado, bege, ferrugem e nude ,complementamse harmoniosamente com texturas de areia, osso e pedras, em uma referência ao que há de mais primitivo na natureza. “O Espectro Natural vem certificar os tons meio nude, cor de pele, que têm certa elegância, mas que também podem ser traba-
lhados com um toque arrojado e desequilibrado”, opina a gerente. Essência selvagem A Aurora Boreal e suas cores são uma grande referência de imagem. Os efeitos iridescentes, proporcionados pela combinação das luzes, criam tons inusitados de azuis e verdes. As estampas ganham toque high tech com efeitos de raios de luz. Será uma tendência artesanal, com bordados e pedrarias, mas, ao mesmo tempo, um toque luxuoso. “Como é baseada na natureza, dentro dessa tendência vamos ver muita folhagem, camuflado, estampa, com cores baseadas na Aurora Boreal”, conta Danielle.
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Música, aromas, cores e sabores para cada um dos temas propostos
Terceira dimensão As construções deste tema remetem a estruturas de origami, dobraduras, icebergs, transparência, estruturas regulares, design matemático, geométrico e formas criadas pelo computador. Tons de cinza, prata, branco e lavanda se harmonizam com algumas cores mais vibrantes. “É, certamente, a tendência mais tecnológica das quatro”, conclui Danielle Freitas.#
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Microfibras inteligentes FOTO: DIVULGAÇÃO
Da lingerie ao sportswear, cresce o número de confecções que utilizam tecidos com fibras que atuam sobre o organismo
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s fibras inteligentes vêm invadindo o mercado rapidamente. Nem bem o fio Emana, da Rhodia, teve suas propriedades sobre o corpo humano aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em maio de 2010, clientes da marca como Hope, Track & Field, Uni, Trifil e Darling, entre outros, já lançam produtos tendo essa inovação como base. Segundo a Rhodia, o fio tem capacidade de reduzir os sinais de celulite e atua sobre o equilíbrio térmico do corpo, diminuindo a fadiga muscular e aumentando o desempenho dos atletas, além de melhorar a elasticidade da pele. Novas opções dos fios Emana já foram apresentadas ao mercado este ano, ampliando a sua utilização: E-Coblack – indicado para compor listras, detalhes e jacquard, o fio é um poliamida 6.6 que não necessita passar pelo processo de tingimento, pois já recebe a cor preta durante a sua produção. E-Ternity – destaque para o fio Sedarella, doze
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vezes mais fino que um fio de cabelo. Trata-se de fios que superam a leveza da seda com as vantagens e a versatilidade da poliamida. As aplicações vão da lingerie ao fashion. E-Nergy – linha de fios de poliamida em que o brilho é o destaque. É indicado para vestuário feminino. E-legance – ideal para confecção de lingeries de sustentação, pois proporciona peças mais estruturadas, devido a sua composição.#
Investimentos em capacidade A Rhodia anuncia para o segundo semestre deste ano investimentos de U$ 10 milhões para aumentar a capacidade de produção de microfibras, supermicrofibras e fios têxteis inteligentes de poliamida 6.6 em seu conjunto industrial de Santo André, na Grande São Paulo. O investimento inclui a compra de equipamentos de última geração, visando ao crescimento de 10% na capacidade produtiva.
De olho na tecnologia
Tecido Blackout
Fios inteligentes na mira dos fabricantes de tecidos para lingerie, moda praia e fitness
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Malharia Affiniti Berlan, fornecedora do mercado de moda, lingerie, moda praia e fitness, é uma das que estão apostando na confecção de tecidos com fios e fibras inteligentes. A empresa acaba de lançar o tecido Blackout, que pode ser utilizado tanto na produção de roupas esportivas como em lingerie. Além de conforto, o tecido, produzido com o fio Emana, da Rhodia oferece os benefícios da termorregulação, por possibilitar a respirabilidade, não retendo o calor da transpiração, além de combater a celulite. Já a elasticidade é assegurada pelo fio Lycra, na proporção de 10%. O Blackout tem construção mais fechada e compacta, a fim de proporcionar mais segurança no uso, por disfarçar as imperfeições do corpo. Daí o feito modelador sem transparência, firmando e esculpindo a silhueta. A empresa informa ainda que o efeito “blackout” independe da cor utilizada no tecido. Para agregar ainda maior valor ao produto, a malha vem com proteção solar 50+. No segmento lingerie, a marca Un.i, da Affiniti Fio Coolmax® Berlan, oferece a coleção Skin Care Control, com peças produzidas a partir do tecido Blackout Emana e em modelagens variadas, que procuram esculpir o corpo
da mulher. Os produtos têm recortes estratégicos e costuras flat, que os tornam quase invisíveis por debaixo da roupa. No segmento esportivo, a coleção da marca Memo tem mix de produtos também produzidos com esse tecido.
Termorregulação Uma das matérias-primas mais usadas em roupas esportivas Conhecido na Europa e nos Estados Unidos, os tecidos com fio Coolmax®, da Invista, estão sendo lançados com exclusividade no Brasil pela Doutex, umas das principais empresas brasileiras na produção de tecidos tecnológicos. “Trata-se de uma parceria entre o Grupo Rosset (detentora da marca Doutex) e a Invista, que apostam nesse mercado que vem crescendo ano após ano no Brasil e terá agora uma nova gama de produtos”, declarou o diretor do grupo, Gustavo Rosset. No Exterior, marcas esportivas internacionais como Adidas, Fila, Mizuno e The North Face utilizam o fio Coolmax® em camisetas, shorts, calças e pólos, a fim de auxiliar o bom desempenho dos atletas. O fio Coolmax® é de poliéster de alta performance, tem toque diferenciado e se destaca pelos benefícios que proporciona às roupas esportivas e casuais. Tem como principal característica a de “puxar” para fora do tecido o excesso de suor, o que proporciona mais conforto e sensação de frescor ao usuário, pelo fato de o corpo permanecer seco por mais tempo. O objetivo é proporcionar ao atleta melhor desempenho, rendimento e foco na atividade esportiva.# (V.C.)
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dica do especialista
EMPREENDORISMO
Como alavancar a receita de seu negócio? Conheça algumas opções que podem ajudá-lo a obter mais capital e fortalecer sua marca Falta de capital: esse pode ser considerado um dos principais entraves para a expansão de muitas empresas. Some-se a isso o peso da carga tributária (36% do PIB), outra barreira para o crescimento dos negócios. Algumas alternativas de obtenção de recursos financeiros, no entanto, podem ser viáveis para muitas empresas. Nesses casos, a falta de orientação sobre como utilizá-las de forma adequada pode impedir que se chegue ao resultado desejado e até agravar os problemas. Existem diversas formas de as empresas de qualquer porte se fortalecerem ou ressurgirem. Mesmo aqueles que já conhecem as alternativas de aporte de capital se sentem desamparados para escolher a opção mais adequada. Ter um plano de negócios e um planejamento adequado visando aos objetivos que se deseja alcançar pode ajudar as empresas a tomarem a melhor
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decisão. Determinar a opção mais barata, mais segura e mais rápida é uma preocupação constante. Algumas alternativas que podem ajudar as empresas a se desenvolverem: • Otimização da Operação: revisar processos, avaliar desperdícios, melhorar a produtividade, controlar os recebíveis e os exigíveis. O empresário e seus executivos podem ajustar essas questões que propiciam aumento do fluxo de caixa e possibilitam o ingresso de capital adicional dentro de casa; • Venture Capital ou Capital de Risco: este é um tipo de investimento privado no qual se pode comprar (ou vender) uma participação societária em empresas que tenham possibilidades de crescimento. O investidor participa diretamente dos riscos e estratégias do negócio. Após o possível crescimento, este investidor se desfaz de sua participação no negócio, comercializando sua parte com outros investidores ou empresas; • Angel Investors: esta modalidade, comum nos Estados Unidos, ainda é jovem no Brasil. Conhecido também como clube dos anjos, estes investidores, que aplicam em
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Batista Gigliotti é presidente da Fran Systems, consultoria em desenvolvimento de negócios e de franquias, mestre em administração e professor de cursos de pós-graduação da FGV, Senac e Anhembi.
renda fixa e ações de outras empresas, acabam buscando novas alternativas para investir seu capital. Empresas em fase inicial de desenvolvimento ou no momento de start-up são o grande filão deste tipo de investimento. Considerada de alto risco, esta modalidade também oferece grandes possibilidades de retorno. Só depende do desfecho do negócio; • Incubadoras: servem para fortalecer e diminuir a mortalidade de pequenas empresas. Oferecendo apoio estratégico, as incubadoras dividem os custos de uma pequena empresa de se manter no mercado, rateando e/ ou subsidiando alguns tipos de gasto, como, por exemplo: serviços de telefonia, acesso à internet, recepcionista, segurança, salas de reunião, recepção, estacionamento, cursos, assessorias contábil, jurídica, entre outros; • Financiamentos: esta modalidade já é comum entre os empresários. Em geral, o capital oferecido por instituições financeiras colabora com os planos de expansão das empresas. As taxas praticadas por estas instituições variam muito. Portanto, é preciso, antes de tudo, checar as melhores alternativas dos muitos tipos de investimento no mercado.#
TUDO EM UM SÓ LUGAR No Armarinhos 25 você encontra aviamentos tradicionais e diferenciados. As melhores opções para deixar a coleção do seu jeito estão aqui.
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TÁ NA MODA
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CADA VEZ MAIS COMPLETO
estante Promoção
Marketing vs Moda Subsídio para estudantes, empresários e profissionais da moda impulsionarem seus negócios, otimizando lucros e minimizando seus custos, o livro Marketing, o Glamour dos Negócios da Moda, de Tania Lima, foi lançado recentemente. A obra é repleta de exemplos para nortear gestores de negócios e marketing de moda. A autora evidencia premissas muito particulares sobre o tema, baseadas em sua ampla experiência profissional. Entre elas, “marketing sempre começa na pesquisa, passa pela pesquisa e termina na pesquisa, voltando ao início em um círculo vicioso”; “marketing de massa trabalha para a maioria e marketing de luxo para a minoria”; “o marketing não tem ‘receita de bolo’, cada caso é único” e, finalmente, “o marketing deve sempre fazer o máximo, utilizando o mínimo possível de recursos e custos possíveis”. Livro: Marketing, o Glamour dos Negócios da Moda Autora: Tânia Lima Editora: Senac Editora: Estação das Letras e Cores
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A dinâmica do poder segue regras muito misteriosas: por que bons funcionários são constantemente deixados de lado enquanto outros, menos competentes e com pouca experiência, são promovidos com frequência? Por que ser um bom funcionário não é suficiente para crescer dentro das grandes empresas? Neste livro, Márcia Alvarez partilha suas experiências e apresenta conclusões e reflexões a respeito do universo empresarial, relatadas em um estilo informal e com humor inteligente. Estruturado em três grandes blocos - a empresa, o funcionário e “os outros” -, o livro aborda todos os aspectos que influem no desempenho e na carreira do profissional. Da motivação à ambição, imprescindíveis para o sucesso, a autora mostra as etapas e os obstáculos que é preciso superar, com técnicas e dicas que permitem, a quem for determinado, ser um bom funcionário bem promovido. Título:Bons funcionários não são promovidos Autor: Márcia Alvarez Editora: Nobel
Economia O livro 12 meses para Enriquecer – O Plano da Virada, de Marcos Silvestre, une cálculo de orçamento doméstico para as famílias a planos de investimentos. Para ajudar os leitores, o autor criou uma série de planilhas calculadoras, que, na versão original, vinham em CD e, nesta edição comemorativa lançada para o Dia das Mães, poderão ser baixadas do site. Sem o custo do CD, os leitores também economizam 12,5%. Esta nova edição, voltada pra o público feminino, chega às lojas com desconto: de R$ 39,90 (na versão original), por R$ 34,90. Além disso, a capa comemorativa traz mulheres, ao invés de homens. O autor é economista com MBA em Finanças e Controladoria pela USP e atua há duas décadas como educador e planejador financeiro. Livro: 12 meses para enriquecer – O plano da virada Autor: Marcos Silvestre Editora: Lua de Papel
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dica do especialista
COLEÇÕES
Desafios do Planejamento
Uma coleção não é produzida nem chega toda de uma só vez às lojas, mas aos poucos, na medida em que vai ficando pronta
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O mercado de moda brasileiro se encontra hoje mais profissionalizado, conhece e domina mais as questões de planejamento, produção e marketing. Mas falar sobre planejamento de coleções implica ainda certa rejeição por parte de alguns empresários, principalmente das pequenas empresas. O empresário ainda é individualista e não tem habilidade para ouvir os outros. Preocupa-se apenas com a consolidação da empresa, mas negligencia as ações para a permanência dela no mercado. Esse é apenas um lado da história. O outro nos leva para uma segunda questão, a do fast fashion. Os magazines impõem um ritmo acelerado e, com isso, diminui cada vez mais o tempo de vida do produto de moda no mercado. Como trabalhar todos esses assuntos e planejar uma coleção hoje?
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F. Danielle Araujo de Souza É professora efetiva do curso de Moda, Design e Estilismo da Universidade Federal do Piauí e especialista em Design Têxtil pela Faculdade Católica dannimoda@ufpi.edu.br
Como chegar lá
A resposta é: planejar e delegar. Estas são as palavras-chave para qualquer empresa. Primeiro, é preciso abandonar a falsa crença de que ao se planejar uma coleção de uma só vez não se terá nada de novo na semana seguinte para o consumidor. Uma coleção não é produzida nem chega toda de uma só vez às lojas, mas aos poucos, à medida que vai ficando pronta. E isso leva tempo, daí a importância do planejamento. Segundo, cercar-se de bons profissionais e montar uma equipe de estilo, para delegar a ela tudo que envolve pesquisa, planejamento, criação e desenvolvimento de produto. No mundo corporativo de hoje, o modelo centralizador, além de ultrapassado, só engessa e atrasa o fluxo produtivo.
Em seguida, é importante que a empresa conheça bem o perfil do seu público-alvo e tenha estabelecido uma identidade de marca para esse consumidor.
o período a que se propõe. Ou seja, além do conceito e direcionamento ao público-alvo, o produto deve conter os valores simbólicos dos códigos estéticos vigentes.
O que é o produto?
Pesquisa é essencial
O produto de design de moda é resultado da aplicação de conhecimento multidisciplinar e projetado para a venda. A coleção é o elemento que representa todo o processo do design de moda. Para Treptow, em seu livro Inventando Moda, uma coleção deve ser coerente e contemplar o perfil do consumidor, identidade ou imagem da marca, temática utilizada e proposta de cores e materiais condizentes com
Assim, o primeiro passo para o planejamento e desenvolvimento do produto é a pesquisa constante do mercado, o que vai orientar o profissional sobre o que fazer, para quem e como. A pesquisa é importante ferramenta no entendimento da realidade na qual o profissional se encontra inserido. Qual é o conceito da marca, sua imagem, sua capacidade produtiva, sua abrangência de mercado, seu público-
alvo, pontos de venda, meios de comunicação, mark up? Além de preventiva, a pesquisa ajuda ainda no acompanhamento do desempenho do produto durante o seu ciclo de vida, o que irá fazer com que o profissional de moda possa identificar erros em tempo hábil. Quem dita o número de coleções a serem feitas durante o ano – três, quatro ou até mesmo mais – é o mercado consumidor. Isso é resultado da constante redução do período de vida dos produtos e da percepção de que cada empresa vive uma realidade de mercado. A partir da definição de quantas coleções serão feitas é que os cronogramas serão montados.#
Na moda, a tendência é o conforto O conforto tem se tornado um elemento cada dia mais importante nas confecções. Independente da estação do ano ou do segmento de moda, vestir-se bem é estar de bem com a roupa que usa. Foi pensando no conforto ao consumidor que as etiquetas Confort ® foram desenvolvidas.
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GESTÃO/RH
Fazendo a coisa certa A terceirização de serviços é hoje uma ferramenta amplamente utilizada por empresas de diversos setores e em todo o País para reduzir custos com quadro de profissionais. No entanto, a prática pode ser arriscada para a confecção, caso não sejam observados alguns aspectos importantes
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advogado especialista em Direito Trabalhista do escritório Manhães Moreira Advogados, Fernando Borges Vieira, atenta para alguns pontos que, devidamente analisados, contribuem para a segurança das empresas que buscam a terceirização. De acordo com Borges, é preciso ter atenção às implicações da súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que trata da corresponsabilidade da contratante pela mão de obra terceirizada perante reclamações trabalhistas. “É fundamental esclarecer que as empresas contratantes poderão responder por dívidas trabalhistas e previdenciárias de empregados que trabalhem em suas instalações, mesmo que estes sejam vinculados a empresas de prestação de serviços”, afirma o advogado, complementando que muitas empresas desconhecem O Confeccionista JUL/AGO 2011
tal responsabilidade. “Por falta de conhecimento, o barato pode sair caro. Por isso, é de suma importância que o contratante dos serviços realize o monitoramento mensal da empresa prestadora de serviços, com a finalidade de verificar o cumprimento das obrigações trabalhistas e previdenciárias por parte desta.” Para evitar tais armadilhas, uma orientação primordial é que os prestadores de serviço sejam destinados apenas a atividades-meio do contratante, ou seja, não exerça funções das atividades-fim da empresa (aquelas que são essenciais para o objetivo desta, como, por exemplo, ações de um pedreiro em uma construtora). Desta forma, não haverá pré-requisitos suficientes para que seja reconhecido vínculo empregatício. Confira o quadro explicativo:
1º Mandamento Não terceirizar atividades-fim, apenas atividades-meio. 2º Mandamento Deixar sob a responsabilidade da terceirizada apenas atividades não essenciais. 3º Mandamento Pesquisar com muita cautela o histórico da empresa terceirizada antes de sua contratação, principalmente se responde a demandas trabalhistas e assume suas responsabilidades. 4º Mandamento Redigir um contrato bem estruturado, inserindo como responsabilidade da empresa a quitação das obrigações trabalhistas, fundiárias e previdenciárias – dentre outras – bem como a apresentação dos documentos de quitação destas obrigações, prevendo a dissolução imediata do mesmo em caso de qualquer inadimplemento. Ainda é bem possível vincular o pagamento à empresa terceirizada à demonstração da regularidade de suas obrigações. 5º Mandamento Verificar, mês a mês, o adimplemento de todas as obrigações por parte da empresa terceirizada em relação aos seus prestadores, arquivando cópia de todos os documentos comprobatórios. 6º Mandamento Determinar que os prestadores de serviços utili-
zem identificação (crachá, uniforme, capacete etc.) da empresa terceirizada, de sorte a diferenciá-los dos demais trabalhadores 7º Mandamento Manter relação com a mão de obra terceirizada por intermédio de um gestor pertencente à própria empresa terceirizada e que deve estar presente em todos os momentos, jamais ordenando ou remunerando diretamente os prestadores de serviços terceirizados. A empresa terceirizada deve ter a sua própria identidade, bem como chefes e coordenadores, para que estes deem as ordens aos prestadores de serviços. 8º Mandamento Determinar – sempre que possível – por força de contrato e mediante fiscalização, que os prestadores de serviços exerçam suas funções em sistema de rodízio periódico. 9º Mandamento Não contratar empresa terceirizada que não preste serviços a outras empresas. 10º Mandamento Não dar tratamento igualitário aos empregados da empresa e aos prestadores de serviços terceirizados, distinguindo-os – sem, contudo, deixar de exigir o cumprimento de normas e o uso de Equipamentos de Proteção Individual – EPIs, os quais devem ser fornecidos pela terceirizada.
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* fonte: Manhães Moreira Advogados Associados - Fernando Borges Vieira
OS 10 MANDAMENTOS DA TERCEIRIZAÇÃO
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dica do especialista
GESTÃO
Da gestão familiar para a profissional O número de empresas familiares que assumem posições de liderança no mercado está crescendo cada vez mais. Essas organizações vêm mostrar como é possível expandir, perpetuar e ao mesmo tempo lidar com os conflitos internos existentes nesse tipo de gestão. As empresas familiares nascem do sonho idealizado do fundador e são consolidadas devido aos seus esforços e seu empenho. Além disso, a cultura, o carisma e os posicionamentos assumidos por ele são diretamente relacionados à identidade empresarial e ajudam na concretização do negócio. Após conquistarem visibilidade no mercado, essas organizações precisam permanecer competitivas e atualizadas. Muitas dessas companhias adotam recursos e procuram realizar mudanças em sua estrutura de forma a se tornarem grandes corporações. Isso faz parte do modelo de profissionalização adotado. A profissionalização é uma alternativa de empresas que visam diminuir possíveis conflitos internos e melhorar sua produtividade. O processo consiste em diferenciar os interesses familiares dos empresariais, estabelecendo práticas administrativas mais formais. Para isso, são estabelecidos os critérios gerais que irão nortear as
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Domingos Ricca, sócio Diretor da DS Consultoria Empresarial e Educacional, é consultor especializado em empresas familiares. ricca@empresafamiliar.com.br
decisões dos diretores, além de se definirem os papéis corporativos e divisões de tarefas dentro da empresa. Um bom processo de profissionalização deve ser feito de forma gradual, sem o extremismo de procurar inovar a empresa, abandonando todo o trabalho positivo já realizado por ela. É necessário compreender a cultura do fundador, para que seus princípios e valores continuem sendo a base estrutural do negócio. O diferencial da empresa profissional é que ela tem planejamento para enfrentar as questões corporativas ligadas a seu caráter familiar, incluindo o processo sucessório. A própria sucessão, tão temida pelos fundadores, é realizada de maneira mais fácil quando os laços familiares já estão diferenciados dos afazeres corporativos. A escolha do sucessor que irá assumir a gestão é pensada em prol da empresa. Caso não haja interesse por parte dos herdeiros, devem-se contratar profissionais qualificados, a fim de diminuir o risco de prejudicar o negócio. Transformar uma empresa familiar em empresa profissional é um procedimento necessário para que a organização conquiste maiores proporções e consiga fazer frente à concorrência no mercado nacional ou internacional.#
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Celeiro de oportunidades O Confeccionista JUL/AGO 2011
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Especial Nordeste - Perspectivas
Com potencial de consumo em ascensão, alimentado pela elevação do poder de compra da população, o Nordeste atrai uma onda de investimentos e deve continuar crescendo acima da média nacional nos próximos anos POR VERA CAMPOS
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m boa fase, o Nordeste brasileiro deve continuar crescendo acima da média nacional este ano e no próximo. A previsão é de Carlos Magno Lopes, da consultoria econômica Datamétrica, do Recife (PE), e professor da Universidade Federal de Pernambuco. Segundo estudos da consultoria, esse fenômeno vem ocorrendo desde 2004 (excetuando-se 2007, ano de forte seca) e é atribuído a quatro fatores: programas sociais do governo federal, que têm beneficiado economicamente as camadas mais pobres da população; aumento da renda e dos salários, sobretudo das classes C, D e E; oferta de crédito e projetos de infraestrutura de grande porte na região.
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ILUSTRAÇÃO: SHUTTERSTOCK
A bola da vez Junte-se a isso o fato de o consumidor nordestino ser um dos mais otimistas em relação ao futuro do País, o que o motiva a gastar sem muito controle (afinal, a demanda reprimida é grande). “Esse cenário está sendo muito benéfico não só para o comércio varejista como também para as confecções locais”, assegura Lopes. De acordo com a Datamétrica, o crescimento da região deve ser puxado pelo estado de Pernambuco, por conta dos investimentos no Complexo Portuário de Suape, que reunirá refinaria, petroquímica (com produção de poliéster), estaleiros e, em breve, siderúrgica e montadora de automóveis. Já o estado da Bahia tem novos projetos na área de ener-
Especial Nordeste - Perspectivas
gia e a promessa de uma boa safra agrícola, assim como o Ceará, que deve continuar crescendo nos setores de serviços e comércio. Nem mesmo as importações asiáticas, um dos grandes problemas do setor no Brasil, configuram grande ameaça às confecções nordestinas. “Grande parte delas ainda são informais, os salários pagos são inferiores aos do Sul/Sudeste e, dessa forma, conseguem atender bem o comércio popular, segmento em que são mais ativas”, coloca o consultor. “Outras vêm até mesmo expandindo”, diz. É o momento, portanto, de os fornecedores dessas indústrias olharem com atenção para esse mercado.
Na moda No varejo de moda, o potencial de consumo nos estados do Nordeste, para este ano, está estimado em R$ 21,7 bilhões - 16% do esperado para todo o País, revela estudo da empresa de
Potencial de Consumo para Varejo de Moda 2011
% Potencial de Consumo
Consumo per Capita
Norte
R$ 7,7 bilhões
5,6%
R$ 472
Nordeste
R$ 21,7 bilhões
16,0%
R$ 404
Sudeste
R$ 73,0 bilhões
53,9%
R$ 899
Sul
R$ 22,1 bilhões
16,3%
R$ 799
Centro-Oeste
R$ 11,1 bilhões
8,2%
R$ 775
Total
R$ 135,6 bilhões
100%
R$ 702
Fonte: Pyxis/ Ibope Inteligência
pesquisa Ibope Inteligência. Com isso, ao lado da região Sul, o Nordeste assume a vice-liderança na demanda de vestuário, calçados e acessórios. No entanto, quando avaliado o quanto cada habitante, em média, deverá desembolsar no varejo de moda em 2011, o Nordeste fica na lanterna, com gastos per capita de R$ 404,00 no ano, menos da metade dos R$ 899,00 estimados para o Sudeste e dos R$ 799,00 para a região Sul.
FOTO: TIAGO LUBAMBO
Ivan Bezerra Filho, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), concorda que a melhora da renda da população nordestina, fruto das políticas econômicas e sociais do governo federal, tem alavancado a ascensão da população nordestina às classes C e D e alimentado o crescimento econômico da região, tornando-a atraente para investidores. E, segundo ele, o Nordeste dispõe ainda de muita mão de obra disponível e relativamente barata, dois fatores fundamentais para sustentar o crescimento das indústrias de
FOTO: DIVULGAÇÃO
Prós e contras Ivan Bezerra Filho, presidente do Sinditêxtil/CE
confecções. “O Nordeste é extremamente atraente, é o lugar certo para confecções prosperarem porque o consumo é forte e há oferta de mão de obra”, postula. “É preciso, no entanto, qualificar esses trabalhadores, seja por meio do Senai ou de outros instrumentos de ação”, ressalta. Se, para as confecções, o Nordeste se apresenta como um mercado promissor, o mesmo não se pode dizer quanto à indústria têxtil. Na última
Carlos Magno Lopes, da consultoria Datamétrica
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Especial Nordeste - Perspectivas
de acesso a elas é outro fator que começa a pender em favor do Centro-Oeste. Além disso, alguns estados do Sul e Sudeste, como Santa Catarina e Espírito Santo, com seus portos, pasREGIÃO NORDESTE - CONFECÇÕES 2009 saram a oferecer incentivos para a importaUnidades fabris 3.584 ção, tornando-se uma Vestuário 3.076 porta de entrada para Meias/Acessórios 202 produtos importados. Linha Lar 179 Dessa forma, a comArt. Técnicos 127 petitividade das indúsFonte: Relatório Setorial da Indústria Têxtil Brasileira 2010 trias têxteis nordestinas acaba sendo prejudicada pela loProdução (em mil peças) 2009 gística: falta de estradas, de ferVestuário 3.584 rovias, enfim, de canais de escoMeias/Acessórios 3.076 amento da produção. “E a soluLinha Lar 202 ção depende de investimentos do governo federal”, afirma Marcelo Art. Técnicos 179 Prado, do Instituto de Estudos e Fonte: Relatório Setorial da Indústria Têxtil Brasileira 2010 Marketing Industrial (Iemi). Ivan Bezerra Filho, que também é presidente do Sindicato das Indústrias Têxteis do Ceará, vai mais longe: “O algodão representa 10% do valor de produção dos fios e hoje, devido à logística deficiente, está muito caro trazer algodão do Mato Grosso para produzir esse insumo no Nordeste, sendo que 80% do fio produzido na região volta para o Sul e para o Sudeste.” Esse é um dos motivos que o leva a afirmar: “Quem já está na região não vai desativar suas linhas de produção, mas novos investidores vão procurar se instalar mais próximos de onde há matéria-primas e Marcelo Prado, do Iemi consumidores”, finaliza.# década, a região começou a enfrentar a concorrência do Centro-Oeste, que passou a plantar algodão e a oferecer incentivos para as empresas lá se instalarem. A proximidade das regiões consumidoras e a facilidade
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Nordeste em números Das 5,2 bilhões de peças produzidas no País em 2009, cerca de 820 milhões foram feitas no Nordeste. A região – com destaque para Pernambuco e Ceará – ocupa a terceira posição entre as demais do País em número de empresas têxteis e de confecção: 3.584, das quais 3.076 são de vestuário e vêm aumentando sua participação na produção nacional, segundo informações do Brasil Têxtil 2010 – Relatório Setorial da Indústria Têxtil Brasileira, produzido pelo Iemi em parceria com a Abit e Texbrasil. Em 2005, o Nordeste respondia por 18,9% da produção de têxteis e de confecções: em 2009, por 20,5%, atrás das regiões Sul e Sudeste, com 29,5% e 46,1% de participação, respectivamente. A região é também a terceira colocada em número de pessoas ocupadas com a atividade: 228.647, das quais 187.030 em confecções de vestuário.
é uma marca registrada da BARUDAN CO.,LTD - Japão
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Levando a sério
Estado cria Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções para desenvolver o setor por meio de ações conjuntas POR LAURA NAVAJAS
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m Pernambuco, o setor de confecções é um dos principais geradores de emprego e renda. Para cuidar melhor dele, o governo estadual se uniu a empresas, associações industriais e a acadêmicos para criar o Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil e de Confecções de Pernambuco, entidade sem fins lucrativos destinada a desenvolver o setor por meio de ações conjuntas. O Núcleo Gestor, que está em processo de registro formal em cartório, é fruto das discussões do Plano Estratégico da Cadeia Têxtil e de Confecções do Estado, que começou a ser elaborado em meados de 2009 para nortear ações que envolvam os segmentos têxtil e de confecções até 2013. Já na época, algumas ações do Plano entraram em prática, mas o lançamento oficial aconteceu no início deste ano. “O Núcleo Gestor nasce da necessidade de fortalecer a governança e a capacidade de execução de algumas ações que estão no próprio Plano Estratégico da Cadeia”, explica Felipe Moraes Chaves, gerente geral de segmentos econômicos da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco.
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Coordenando a execução Segundo Chaves, Pernambuco tem uma cadeia têxtil e de confecções muito ampla, mas com pouca capacidade executiva, já que os empresários muitas vezes não têm disponibilidade de se entregar aos interesses coletivos, por terem seus próprios afazeres. Diante deste quadro, criou-se uma estrutura para assumir alguns projetos. “O Núcleo Gestor da Cadeia Têxtil vai coordenar tudo, desde a elaboração do próprio projeto dentro do plano que foi traçado e dos recursos. Dificilmente executará, mas buscará a capacidade de execução em entidades, já com os recursos garantidos”, explica. Para isso, a diretoria, a ser eleita após a conclusão dos trâmites legais de formação, será remunerada. A ideia é que a captação de recursos ocorra por meio de contratos formais com o governo, mas também através de parceiras com empresas privadas. No Conselho Administrativo já eleito pelo núcleo há membros de diversas secretarias do governo, entidades representativas dos empresários, academia (professores, doutores da universidade) e o sistema S (Sebrae, Senai, Sesi).
FOTO: SHUTTERSTOCK
Especial Nordeste - Pernambuco
Especial Nordeste - Pernambuco
Já existem algumas iniciativas do Estado para promover essa inserção e a principal delas é a rodada de negócios que acontece em Caruaru, com mais de cem empresas participantes e a visitação de compradores do Brasil todo. “Isso tem estimulado o processo de educação e profissionalização das empresas, porque expostas ao mercado elas veem a necessidade de se capacitar melhor em gestão”, diz Morais Chaves. O programa de inteligência mercadológica deve fortalecer as ações já existentes e criar outras, com este objetivo.
“Estão previstas no Plano ações que vão desde a retomada do plantio de algodão do Estado até a comercialização final do produto de moda”, conta o gerente. De fato, neste semestre já foram plantados 700 hectares de algodão e, para o próximo ano, a ideia é que parte desta área seja destinada ao algodão orgânico. A petroquímica Suape – um grande empreendimento em Pernambuco – também participa com projetos para suprir a carência de poliéster do Brasil, o que abre uma nova perspectiva para a indústria têxtil no Estado. “Um dos objetivos do plano é ampliar e diversificar a cadeia de insumos. Temos todo o interesse de conversar tanto com confeccionistas, quanto com empresas têxteis”, conclui Felipe Chaves.
Profissionalização de empresas Entre os projetos já em execução pelo plano, com coordenação do Núcleo, está o de Inteligência Mercadológica, que visa promover a inserção das empresas em mercados mais qualificados. “Nosso polo ainda é muito informal. Por mais que existam empresas que atuem em mercados formais com uma estratégia ativa de captação de clientes, a maior parte ainda depende de feiras semanais que são visitadas por sacoleiros, em sua maioria”, explica o gerente.
Reunião dos integrantes do Núcleo Gestor no Centro de Referência
FOTOs: DIVULGAÇÃO
Estação Cultural Senador José Ermírio de Moraes, prédio que abrigará o Centro de Referência de Moda Pernambucana
Centro de Referência de Moda Outro projeto que está avançando – e no qual cabe ao Núcleo Gestor o papel de protagonista – é o da criação do Centro de Referência da Moda, espaço recém-criado na Estação Cultural Senador José Ermírio de Moraes, em Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife. O prédio passará por uma readequação arquitetônica e deve centralizar tudo o que acontece em relação à criação de moda no Estado de Pernambuco: seminários, lançamentos de coleções, cerimônias de final de curso das graduações de moda do Estado e eventos do gênero. Nesse local acontecerá também o Programa de Incubação de Designers, que visa estimular a criação, o valor estético, e estimular a formação de novas empresas de consultoria em design.# O Confeccionista JUL/AGO 2011
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Muito além do forró
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Especial Nordeste - Caruaru
Capital do Agreste, além de ter o São João mais famoso do país, destaca-se também como importante polo têxtil POR LAURA NAVAJAS
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aruaru é o mais populoso município do interior de Pernambuco e, por sua importância regional, é conhecida não só como Capital do Agreste (a região onde está inserida), mas também como a Capital do Forró. No entanto, o município prospera e se destaca cada vez mais no setor de confecções. Integrando o Polo de Confecções do Agreste, Caruaru integra o Arranjo Produtivo Local (APL), formado por 19 municipios produtores de confecções na região. Pelo APL, as empresas localizadas em um mesmo território, com especialização produtiva, mantém vínculos de articulação, interação, cooperação e aprendizagem, entre si e com outros atores locais, como governo, associações empresariais, instituições de crédito, ensino e pesquisa. “Nosso polo têxtil movimenta R$ 2 bilhões anuais e conta com mais de 12 mil fábricas que produzem mais de 700 milhões de peças de vestuário por ano e geram
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140 mil empregos diretos e indiretos”, lista o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), João Bezerra Filho. Bezerra Filho afirma que a Acic é a maior entidade do gênero do Norte-Nordeste do país. Com mais de 1,5 mil associados, supera os índices registrados em todas as capitais nordestinas, o que demonstra a força do associativismo no município. “As cidades, hoje, estão mais articuladas e as ações são promovidas para beneficiar a região e não apenas um município – e isso tem facilitado o desenvolvimento do segmento”, justifica.
Crescimento econômico A localização estratégica do município, que exerce influência sobre 60 outros – e gera um mercado que aglomera cerca de 1,5 milhão de pessoas – ajuda a impulsionar o desenvolvimento de Caruaru. Com população de 314.951 habitantes (segundo o
Especial Nordeste - Caruaru
“Quanto ao controle de qualidade, existe hoje uma grande corrida rumo à qualificação dos produtos, seja com equipamentos, mão de obra e informações de tendências”, elogia João Bezerra Filho. Jarbas Antônio da Silva, dono da Life Surf, avalia que “o setor tem funcionado como Terra da arte de mestre Vitalino, Caruaru cresce
FOTOS: Aguinaldo Lima
IBGE) residente em uma área territorial de 921 km², a cidade é uma das que se destacam economicamente em Pernambuco e na região Nordeste. O PIB (Produto Interno Bruto) local soma R$ 2,19 bilhões e o per capita – em torno dos R$ 7,4 mil/ano – cresceu mais de 40%, nos últimos 10 anos.
Excesso de tributos Boa parte das confecções de Caruaru, segundo o presidente da Acic, tem suas próprias marcas e atende clientes da região Nordeste e Norte, em sua maioria. Em geral, são empresas familiares (ainda na primeira geração) liderados por jovens empresários.
uma mola para a sociedade e vem se desenvolvendo de forma sustentável”. Produzindo moda masculina, a Life Surf tem 33 funcionários e atende basicamente lojistas da região Nordeste. Silva conta que a Life Surf cresceu cerca de 10% no último ano e diz que pretende investir esses 10% do faturamento para crescer mais no futuro. “Acredito que a maior das dificuldades que enfrentamos é a quantidade exorbitante de imposto cobrado em todos os produtos. Não tem nem explicação para tamanha cobrança”, critica Silva. Para ele, este dinheiro poderia ser injetado de outras formas na empresa.
FOTO: Ricardo Henrique
Em pé de igualdade Marcio Anselmo, gestor da Fera Surf, diz acreditar que o governo precisa atentar para o problema da carga tributária. “Na Rodada de Negócios, por exemplo, temos dificuldade de vender para clientes do Sul e do Sudeste por conta da diferença de ICMS”, reclama. Defendendo a redução desse imposto, ele acrescenta que as perdas na arrecadação do ICMS poderiam ser compensadas pela formalização das empresas da região. “Fica difíBezerra Filho, presidenrte da Acic
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Especial Nordeste - Caruaru
FOTOS: Ricardo Henrique
reestruturar a empresa, mas sem mexer nos colaboradores. “Temos problemas com mão de obra”, admite. “A demanda por operadores é grande; por isso, quando se consegue um quadro bom e regular, é melhor mantê-lo”, pondera.#
Rodada de Negócios atrai compradores
cil concorrer com a informalidade e com as confecções de São Paulo, grande polo produtor que tem isenção de ICMS. O governo deveria nos deixar em pé de igualdade”, sugere. As vendas de moda streetwear masculina da Fera Surf chegam a lojistas de pelo menos 19 estados do País. A empresa produz, em média, 8 mil peças por mês, com 30 funcionários. Segundo Anselmo, a crise do algodão fez com que os preços das matérias-primas subissem demais, o que levou o primeiro semestre de 2011 a ter desempenho pior que o esperado. “Teremos que correr no segundo semestre, senão vamos fechar com renda menor do que no ano passado”, afirma. Para isso, o empresário pretende
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Rodada de Negócios Duas vezes por ano, acontece em Caruaru a Rodada de Negócios da Moda Pernambucana. Realizado pela Associação Comercial e Empresarial de Caruaru, o evento chega à 12ª edição em agosto de 2011. A 11ª edição, que aconteceu em março deste ano, reuniu 120 confeccionistas de 11 municípios de Pernambuco e mais de 400 compradores de todo o Brasil. O volume de vendas superou os R$ 11 milhões, montante considerado bastante satisfatório pelos organizadores, levando-se em conta os efeitos negativos da crise do algodão, que elevou o preço final das peças.
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Especial Nordeste - Caruaru
Mola propulsora Feira da Sulanca recebe 40 mil compradores por semana e alavanca crescimento econômico da cidade POR LAURA NAVAJAS
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m uma área de 40 mil m² no Parque 18 de Maio, em Caruaru, acontece semanalmente a famosa Feira da Sulanca, o primeiro canal de venda das confecções locais e até hoje responsável pelo escoamento de boa parte dessa produção. São mais de 10 mil barracas de roupas, calçados e acessórios que atraem algo em torno de 160 mil compradores/mês provenientes de cidades vizinhas e de outros estados. “Indiscutivelmente, a Feira da Sulanca foi e ainda será por alguns anos uma das molas-mestras da atividade econômica de nossa cidade. Por isso, deve ser cuidada de forma especial”, diz o presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru, João Bezerra Filho.
FOTOS: Aguinaldo Lima
Atacado regional O nome Sulanca é referência às peças vendidas na feira décadas atrás, elaboradas com os retalhos de helanca trazidos do sul do País. Durante muito tempo, o termo e a Feira foram considerados sinônimo de produtos de baixa qualidade. Hoje, o cenário é diferente. A Feira da Sulanca funciona como uma espécie de atacado para centenas de pequenos comerciantes de outras cidades, que chegam em ônibus fretados, vindos de diversas partes do Brasil. Movimenta altos volumes de dinheiro, mas tudo ali ainda
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é muito informal. Porém, segundo o presidente da Acic, esse cenário está mudando. “A tendência é aumentar a formalização. O aumento do controle por parte do governo é uma ameaça à atividade informal. De outro lado, a formalidade garante o acesso ao crédito, a compra de matéria-prima diretamente da fábrica e dá visibilidade no mercado”, diz Bezerra Filho. Segundo ele, o grande desafio é ser competitivo tendo uma pesada carga tributária.
Concorrência Apesar do movimento, a Sulanca de Caruaru anda perdendo público para os municípios vizinhos de Santa Cruz do Capibaribe e Toritama, cujos investimentos em melhorias na estrutura de suas feiras as tornaram mais atrativas que a de Caruaru. O presidente da Acic ressalta que “é preciso, urgentemente, reposicionar e revitalizar a área central de Caruaru, agregando ao espaço da feira segurança, estacionamento, facilidade de acesso, estrutura para os visitantes, como banheiros e praça de alimentação, repouso para motoristas de ônibus e vans”. Ele avalia que a localização da feira, no entroncamento de duas rodovias federais (BR 232 e BR 104), é imbatível. E que a infraestrutura da cidade para receber os compradores é superior.#
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Especial Nordeste - Bahia
Moda, cultura e crescimento Governo da Bahia promove parcerias e projetos para organizar, formalizar e ampliar a atuação do segmento de vestuário
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setor de confecções no Estado da Bahia quer crescer. Para isso, vêm sendo realizadas ações conjuntas do Sebrae e governo estadual, por meio das secretarias de Indústria e Comércio (Sicm) e de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), e o resultado é que o setor já é o quarto gerador de empregos no Estado, com aproximadamente 700 empresas formais, de acordo com a presidente do Sindicato da Indústria de Confecções de Salvador e Região Metropolitana (Sindivest), Maria Eunice de Souza Habibe. Entre as ações, programas de capacitação e até mesmo espaço físico para a instalação de novas empresas ou aprimoramento das confecções. Segundo Maria Eunice, muitas são as ações realizadas pela parceria, com o apoio intensivo da Federação da Indústria do Estado da Bahia
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(Fieb), para fortalecer a indústria de confecções do Estado, que tem hoje dois setores com bastante destaque, o da produção de uniformes e o de moda resort. No primeiro caso, diversas confecções produzem fardas militares ou uniformes para a área executiva. Já o segundo se inspira na cultura da Bahia. “Somos um grande centro lançador de músicas, danças, comidas e a moda está seguindo este caminho, com peças típicas, com a nossa cara”, afirma a presidente do Sindivest/BA.
Características e História Sem fugir da regra do restante do País, o segmento de confecções baianas é formado predominantemente por micro e pequenas empresas. O Estado importa um percentual alto daquilo que consome. Apesar de
ser a maior produtora de algodão do Norte e Nordeste, a Bahia se ressente da falta de produtores e fornecedores de matéria-prima da indústria de transformação de fios; de mão de obra especializada nas áreas de modelagem, corte, costura e acabamento e de infraestrutura de logística e distribuição. O setor têxtil tem uma relevância histórica na economia do Estado. No século XIX já havia grandes fábricas instaladas, mas o auge delas terminou em 1930. Em 2008, segundo dados do Sebrae/BA, o Estado respondia por 2,8% de participação na produção nacional de confecções e tinha 19 empregados por empresa, em média.
Projetos e parcerias O Projeto de Desenvolvimento de Confecções de Salvador e Região Metropolitana, lançado anos atrás com o objetivo de proporcionar acesso a novos mercados e aumento do volume de vendas em âmbito local, estadual e nacional, está sendo atua-
“O Estado precisa incentivar a vinda de empresas de fios e de tecidos, investir na capacitação da mão de obra e na melhoria de estradas e estruturas portuárias” lizado neste ano. Os focos estratégicos são a prospecção e a consolidação de novos canais de comercialização; melhoria de processos produtivos e tecnológicos; aprimoramento da gestão empresarial das empresas e estímulo da cooperação e do associativismo. Segundo a gestora do Projeto, Laira Mendes Lopes, a instituição acabou de aplicar um diagnóstico empresarial do setor e, sobre as conclusões, montou um plano de trabalho que sugere, de acordo com as carências identificadas, uma agenda de capacitações, consultorias, missões técnicas e participação em feiras. “A maior necessidade apontada pelo diagnóstico está na área financeira; por isso, o
plano de trabalho começará focado nessa área”, explica. “A indústria têxtil é de fundamental importância para a geração de emprego e renda, principalmente na Bahia, que tem tradição no ramo. Por isso, o Estado precisa incentivar a vinda de empresas de fios e tecido, investir na capacitação da mão de obra e na melhoria de estradas e estruturas portuárias com a finalidade de deixar as confecções mais competitivas”, afirma Laira.
A opinião de quem fez A empresária Marinez Brandão, da confecção Porta Avião, foi uma das beneficiadas pelo projeto. “Descobri a ação por meio do Arranjo Produtivo Local (APL) e do Sebrae, e com isso pude ampliar a minha visão de gestão, o que deu à empresa posicionamento e competitividade”, conta a confeccionista, que produz moda praia. Para ela, a falta de mão de obra especializada e as poucas opções de fornecedores de insumos básicos são problemas que precisam ser solucionados. Marinez diz acreditar
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Laira Mendes Lopes, coordenadora do Projeto
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Produção de Uniformes na Herbert Confecções: ponto forte do Estado
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Outros programas Além de atender as micro e pequenas empresas de Salvador e Região Metropolitana, o projeto atende as redes de confecções aprovadas no Progredir, programa de fortalecimento da atividade empresarial financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento, BID. O programa também parte da parceria consolidada entre o Sebrae e o Governo do Estado, representado pela Secti, e visa ações de articulação, fortalecimento estratégico e operativo da governança e promoção e fortalecimento de redes associativas em Arranjos Produtivos Locais. Há ainda o projeto de redes empresariais, formadas por quatro a oito empresas que elaboram um plano de negócios que, se aprovado, as contemplam com recursos para ações de capacitação e acesso a mercados,
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Considerada um dos maiores problemas não só no Estado da Bahia, mas no País inteiro, a mão de obra também está sendo beneficiada com algumas ações e projetos. A capacitação em todos os níveis está sendo discutida com o Senai Bahia e o Sindivest. Em maio deste ano, um grupo do Senai e de empresários baianos visitou o Senai Cetiq, no Rio de Janeiro, e a Firjan para estabelecer uma parceria entre as instituições a fim de, pela troca de experiências, melhorar o nível dos profissionais.
FOTO: Fátima Emediato
que projetos como esse criam oportunidades para que os empresários possam melhorar cada vez mais sua gestão, tornando-se mais competitivos no mercado.
Mão de obra
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Desfiles: Bahia Moda Design de 2010(acima) e estilista Goya Lopes.
Condomínio Têxtil Está prevista, provavelmente para agosto deste ano, a inauguração de um condomínio têxtil para 20 empresas de pequeno e médio porte, com galpões de até 1.000 metros quadrados. Dentro do condomínio há um centro hightech, onde ficarão alocados equipamentos de última geração para as empresas compartilharem serviços e treinamentos. “Essas máquinas custam muito caro e em uma empresa só passam algum tempo ociosas. Então, o governo subsidiará os equipamentos para uso conjunto”, finaliza a presidente do Sindivest/BA.#
FOTO: Eduardo Freire
As costureiras não param na W Uniformes
entre outras, no valor de até R$ 250 mil por rede. Além de incentivar o associativismo com a ajuda mútua entre as empresas, esse projeto já financiou a ida de grupos empresariais para missões de pesquisa de design na Itália e na França.
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Investimentos e modernização
Meta do setor têxtil cearense é investir R$ 500 milhões na produção até 2013, o dobro dos últimos quatro anos POR LAURA NAVAJAS
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A
s empresas têxteis e de confecções do Ceará mais do que dobraram sua receita nos últimos quatro anos. No período, investiram R$ 250 milhões. E os planos são de dobrar esse montante, ou seja, chegar a R$ 500 milhões até 2013. “Esses recursos irão para novas fábricas e para continuarmos investindo na modernização das máquinas e dos sistemas", conta o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil do Ceará (Sinditêxtil/CE), Ivan Bezerra Filho. Revelador de talentos da moda brasileira, como o estilista Lino
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
Especial Nordeste - Ceará
Villaventura, o Ceará ocupa posição de destaque no setor: cabe a ele o quinto lugar no ranking nacional do PIB da cadeia têxtil e de confecção, atrás apenas de Paraná, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo, nessa ordem. Já no Ranking de produtores, ocupa a sexta posição. São cerca de 400 indústrias, que empregam aproximadamente 60 mil pessoas."O Ceará tem se destacado nos últimos anos quanto à tecnologia e volume de produção. Nosso parque industrial é extremamente moderno e competitivo”, afirma.
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Especial Nordeste - Ceará Ceará: além das belas paisagens, um polo têxtil em ascensão.
“É evidente a importância do setor, que gera emprego e renda com bastante impacto”, afirma Ivan Bezerra Filho. A moda íntima garante ao Ceará o segundo lugar como polo produtor desse segmento no Brasil. Também há grande volume de produção em malha e jeans. Na área têxtil, têm boa representatividade a fiação e o índigo, nos quais o Estado tem a liderança na produção no Brasil, além de malharia, entretelas e tecidos planos. A capital, Fortaleza, abriga o Maraponga Mart Moda, maior shopping de atacado de confecções das regiões Norte e Nordeste, onde acontecem o Festival da Moda de Fortaleza e o Ceará Summer Fashion.
Demanda em alta “A confecção está no DNA cearense”, afirma Germano Maia Pinto, diretor da Tramix, fábrica de fios e
linhas para costuras. “Aqui temos muitas confecções que têm necessidade de adquirir insumos”, afirma. A empresa, ainda jovem, começou em 2006 beneficiando apenas 600 kg mensais de poliéster. Hoje, tem capacidade instalada para beneficiar cerca de 60 toneladas de poliéster ao mês, com modernas máquinas suíças, de alta precisão. E espera aumentar mais a produção. “Acredito que na parte de acabamento e malharia temos muito a crescer. Existe uma forte demanda por esses serviços, obrigando as empresas cearenses a trazerem malhas acabadas de fora do Ceará”, diz o empresário.
Embora as exportações de produtos têxteis pelo Estado tenham tido expansão de 17% em 2010 ante 2009 - passando de US$ 60,3 milhões para US$ 70,6 milhões. Esse volume ainda é 46,3% inferior aos US$ 131,8 milhões embarcados para o exterior em 2007. O algodão lidera as importações, de acordo com dados do MDIC divulgados pelo CIN/Fiec.
A produção artesanal de rendas e bordados é um destaque da região.
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FOTOS: DIVULGAÇÃO
Desafios Atualmente, um dos grandes empecilhos para o crescimento da indústria cearense é o incentivo fiscal concedido pelos Estados para a importação de produtos têxteis, afirma o presidente do Sinditêxtil/CE. “Há, ainda, produtos confeccionados, importados da China, que contêm em sua composição corantes (mais baratos), que
Anos
FOTOS: Divulgação/ Secretaria do Turismo do Ceará
nós, fabricantes brasileiros, somos proibidos de usar”, conta. Para tornar ainda mais grave a situação, enquanto a moeda chinesa está depreciada em 30%, a moeda brasileira está apreciada 30%, o que torna a competição ainda mais desfavorável. Outros entraves apontados por Bezerra são o Custo Brasil, com os juros mais altos do mundo, os encargos sociais abusivos e a falta de infraestrutura e de profissionais qualificados. Por fim, o fato de a cadeia têxtil cearense não estar completa. "Faltam fornecedores para atender toda a cadeia. Por exemplo, aqui não temos uma empresa de acabamento de malha", exemplifica. De outro lado, o consumo interno está se encarregando de absorver a produção e, a despeito de todas as adversidades, as empresas têxteis e de confecções do Ceará mais do que dobraram sua receita nos últimos quatro anos.#
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Expansão à vista Vendas do Maraponga Mart Moda, maior shopping de lojas de fábrica de roupas, acessórios, bolsas e calçados do Norte e Nordeste superam a marca de dois milhões de peças/mês POR LAURA NAVAJAS
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m shopping de lojas de fábrica lançador de moda. É assim que Saulo Varela, diretor administrativo do Maraponga Mart Moda, em Fotaleza (CE), define o espaço que reúne 250 marcas diferentes em 340 lojas que comercializam, por mês, na pronta entrega, algo em torno de 2,2 milhões de peças de roupa feminina, masculina, lingerie, acessórios, bolsas e calçados. “Somos um empreendimento que impulsiona o mercado de moda do Ceará”, orgulha-se Varela. Inaugurado em 1990, o Maraponga cresceu muito de lá pra cá. Os principais clientes são lojistas da região Norte e Nordeste, mas até mesmo compradores do Rio Grande do Sul volta e meia baixam por lá, atraídos não só pela variedade de peças, mas também pelos preços convidativos. “Oferecemos desde marcas populares a grifes que atendem marcas de luxo na pronta entrega”, explica o diretor. Em setembro, o Maraponga Mart Moda realizará mais uma edição do Ceará Summer Fashion, que anteci-
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Especial Nordeste - Ceará
pa as tendências do alto verão e as vendas de fim de ano e também conta com desfiles e palestras na programação. Ambos os eventos atraem um grande número de compradores, visitantes e mídia.
Infraestrutura classe A Segundo Varela, um dos segredos para o alto movimento de clientes é a estrutura de serviços oferecida no local. Além do conforto e da segurança semelhantes aos dos shoppings de varejo, o complexo conta com os serviços do Mart Hotel, que podem ser usufruídos de forma gratuita por revendedores que atingirem a cota mínima de compras nas lojas do shopping. Além disso, o Maraponga está próximo do aeroporto e da rodoviária, o que facilita a chegada e a saída dos clientes. “A permanência dos compradores no shopping aumentou muito de uns cinco anos para cá. Hoje, eles chegam a ficar um dia inteiro por aqui”, completa. O Maraponga Mart Moda oferece também serviços em parceria com o
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Especial Nordeste - Ceará de ano. Como a maior parte dos compradores são de estados do Norte e Nordeste, a tradição junina fala mais alto, mais até que as vendas do Natal. Mas mesmo nos períodos de baixa as vendas conseguem ser mantidas, de acordo com alguns lojistas. “Quem trabalha direitinho vende bem o ano inteiro”, garante Katia de Melo Paz, gerente da loja da Mamô Brasil, grife paulistana que se rendeu ao bom movimento do mercado nordestino. Segundo ela, o movimento é um pouco menor apenas nos meses de julho e setembro, período em que os clientes estão liquidando o estoque antes de renová-lo. Outra grife de São Paulo que bateu às portas do Maraponga é a Vakko, há 14 anos no shopping. Com fábrica em São Caetano, na Grande São Paulo, a marca consegue driblar as diferenças de impostos entre um Estado e outro e ter preços competitivos. “Nosso produto é bem aceito por aqui”, diz a gerente da loja Maria Antônia de Souza, acrescentando que as vendas se elevaram em 30% nos últimos cinco anos.
Sindicato dos Corretores de Moda de Fortaleza, o Sincom, para facilitar a visita dos compradores. Além de hospedagem e alimentação, providencia também transporte e embarque de mercadoria. Hoje, entre as confecções com lojas no shopping 80% provêm do Ceará, de cidades como Frecheirinha, grande fabricante de lingerie distante 280 km da capital, ou Santa Quitéria, a 250 km. As demais são de marcas de São Paulo, Piauí (Teresina), Pará, Goiânia, Santa Catarina e Paraná.
Movimento elevado “Por aqui, chegam a passar até cem pessoas em um dia”, conta Girlane Vasconcelos, gerente da Kokid, marca cearense que há 13 anos está no Maraponga. Com cerca de 35 funcionários, a confecção vende moda masculina e feminina em malha e em jeans. “Nosso movimento sempre é bom, ninguém fica parado na loja”, diz a gerente. Além do aumento das vendas em abril, proporcionado pelo Festival de Moda de Fortaleza (veja Box), os meses de maior movimento são maio e junho, seguidos pelo período de final
Saulo Varela, diretor administrativo do Maraponga Mart Moda
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Futuro Para Saulo Varela, as oportunidades de negócios para confeccionistas e lojistas no Ceará são grandes, pois o Estado não para de crescer. Somente no shopping, o diretor aponta um aumento de cerca de 18% nas vendas nos primeiros quatro meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2010. Mas nem tudo são flores.“Temos algumas dificuldades com custos em relação à cadeia produtiva de confecções. Mas até esse problema tem sido amenizado, pois as entidades do setor estão pressionando o governo nesse sentido, com resultados”, conta Varela.
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No shopping ainda há espaço para mais lojas, mas planos de expansão serão anunciados provavelmente em setembro. Para fazer parte do empreendimento, as marcas devem obedecer a dois critérios. O primeiro deles é estarem estabelecidas há pelo menos três anos. O segundo, que tenham produção mínima de 20 mil peças por mês. “Esses dois critérios são fundamentais para os lojistas desenvolverem um bom trabalho no Maraponga, pois a qualidade é uma de nossas metas. Também por isso preferimos que tenham uma equipe estruturada, com estilista, um trabalho de coordenação bem feito”, conclui.#
Moda e Negócios O Festival de Moda de Fortaleza chegou, em abril deste ano, à sua 31ª edição. O evento, que há 20 anos deu origem ao Maraponga Mart Moda, continua acontecendo até hoje uma vez por ano por lá, em abril. Mas a estrutura do local está, claro, mais moderna. O lounge Lino Villaventura, nome que homenageia o estilista, conta com espaço para a realização de negócios e exposição de produtos e uma arena de desfiles com uma passarela de 27 metros e capacidade para mil pessoas. É voltado para revendedores, mídia especializada e estudantes de moda. Além dos tradicionais desfiles, o público assiste ao concurso de novos talentos FMF Mostra Moda e à entrega do Prêmio FMF, que homenageia grandes nomes da moda no Ceará. “O aumento das vendas no shopping geralmente varia entre 15% e 25% na semana em que acontece o Festival”, ressalta Saulo Varela, gerente administrativo do Mart Moda.
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Especial Nordeste - Evento
Antecipando tendências E
ntre 9 e 12 de agosto deste ano, Fortaleza sedia mais uma vez a Maquintex - Feira de Máquinas, Equipamentos, Serviços e Química para Indústria Têxtil. O evento ocorre a cada dois anos no Centro de Convenções do Ceará. Nesta edição, 400 marcas expositoras, nacionais e internacionais, estarão reunidas em 150 estandes.
Novas tecnologias As novas tecnologias serão a vedete, sobretudo porque boa parte das novidades do segundo semestre do ano devem ser apresentadas justamente durante a feira. Em paralelo, ocorrem a 24ª edição do Congresso Nacional de Técnicos Têxteis e a final da edição Nordeste do concurso Brasil Fashion Designers (BFD). A estimativa dos organizadores é que o número de visitantes seja ampliado em 20% em relação à edição de 2009 e totalize 20 mil pessoas. Em sua terceira edição, a Maquintex movimenta toda a cadeia têxtil, um dos segmentos mais importan-
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“O setor é hoje o segundo maior empregador do País e agrega, ainda, a maior concentração de mão de obra feminina. Nos estados do Nordeste, essa cadeia de produtos abriu largas frentes de trabalho, especialmente em Pernambuco e Ceará. Este último, inclusive, é, atualmente, o terceiro maior polo têxtil do Brasil e, nos últimos anos, investiu milhões em equipamentos e tecnologia”, destaca o presidente do grupo FCEM, Hélvio Roberto Pompeo Madeira. Madeira avalia que a Maquintex se tornou, ao longo de suas edições, um expoente no segmento de feira têxtil no Nordeste. “A mostra também cresceu porque sempre buscamos discutir com os expositores e visitantes soluções estratégicas que permitam ampliar ainda mais o crescimento desse mercado”, completa. “Nesta feira, devemos assumir novos desafios, estimulando este rico potencial. É a oportunidade para construirmos resultados e mudanças, onde todos os integrantes são parceiros. Nossas expectativas são excelentes”, finaliza.
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FOTO: Gisele Seibel/Divulgação FCEM
Realizada em Fortaleza, a Maquintex já se tornou um marco do lançamento tes, que mais faz crescer a economia brasileira na atualidade. de novas tecnologias na região Nordeste Demanda em alta
Apoio irrestrito Entre as entidades que apoiam o evento estão a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Associação Brasileira de Técnicos Têxteis (ABTT), Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem em geral do Estado do Ceará (Sinditêxtil/CE), Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas de Homem e Vestuário no Estado do Ceará (Sindiroupas), Senai/Cetiqt, Fortaleza Convention & Visitors Bureau, Secretaria do Turismo do Estado do Ceará e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).#
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Especial Nordeste - Piauí
Lutando
para crescer Estado prepara nova lei de incentivos fiscais para atrair indústrias fornecedoras para produzirem tecidos e outros insumos para as confecções locais
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FOTOMONTAGEM: LE NEVES
s confecções do Piauí se preparam para expor suas coleções na 12a Semana de Moda de Teresina, o maior e mais tradicional evento de moda do Estado. Marcado para o período de 21 a 24 de setembro no Piauí Center Moda, o evento deve superar a edição passada em negócios e número de visitantes. Em 2010, mais de 3.200 pessoas passaram pela feira. Para atrair compradores de estados vizinhos, o Sindivest/PI está incentivando, a exemplo do ano passado, caravanas de negócios de empresários do Maranhão e do Pará. “Nosso objetivo maior com a Semana de Moda é divulgar a produção local e fortalecer as confecções do Estado”, explica o presidente do Sindivest, Francisco Marques de Melo. O Sindicato estima existirem no Piauí cerca de 1.072 confecções, que produzem cerca de 720 mil peças/mês, com destaque para modinha, jeans, fitness e uniformes profissionais. Aproximadamente 80% delas estão na capital, Teresina, e as demais nos municípios vizinhos de Parnaíba, Piripiri, Campo Maior, Picos e S. Raimundo Nonato.
Vendas regionais Entre as poucas indústrias de maior porte no Estado estão a Ônix Jeans e a Lazule Jeans, com distribuição nacional. As demais são micro e pequenas empresas que vendem local e regionalmente a produção. Piauí é o maior estado consumidor, seguido pelo Maranhão, Pará e Tocantins e, em menor escala, por Minas Gerais,
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São Paulo, Bahia e Pernambuco. Outro setor que vem desabrochando nos últimos anos é o de bolsas e acessórios, “Somos um polo forte, que produz valor agregado”, ressalta Melo. Um grave empecilho para o desenvolvimento do setor no Piauí é, segundo o presidente do Sindivest, a falta de fornecedores locais de tecidos, aviamentos e acabamentos. “Temos de buscar tudo no Sudeste”, lamenta Melo. Segundo ele, o Governo do Estado estuda alterar a lei de incentivos fiscais para atrair novas empresas para o Piauí. O projeto tramita na Assembleia Legislativa dentro de uma reforma tributária. Atualmente, o governo incentiva empresas para se instalarem no Piauí com 15 anos de isenção de impostos, desde que gerem mais de 500 empregos. “Estamos trabalhando para trazer alguma malharia para o Estado”, diz.
Vocação natural Francisco Melo diz estar convencido da vocação do Piauí para produzir confecção, em que pese a falta de mão de obra qualificada (um problema de âmbito nacional). “Essa é a segunda maior indústria empregadora no Estado e 96% da mão de sua obra é feminina, o que reforça a importância da atividade no desenvolvimento social e econômico das famílias.” O sindicato também está trabalhando no sentido de que as confecções piauienses obtenham redução da carga tributária e de encargos trabalhistas, a fim de poderem sobreviver e crescer.#
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Especial Nordeste - Fornecedores
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Fabricantes de insumos têxteis, malhas, aviamentos, sistemas, máquinas e equipamentos. Empresas de todos esses segmentos estão apostando na expansão e na modernização das confecções nordestinas POR VERA CAMPOS
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aquecimento da economia nordestina está atraindo para a região não só investidores de grande porte das áreas petroquímica e agrícola, mas também fornecedores de uma indústria de confecções que tende a se expandir e a se modernizar com o tempo. O Ceará foi o estado escolhido pela GGTech para a abertura da primeira filial da empresa fora de São Paulo, no final de 2010. Baseada em números e fatos
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que comprovavam o aumento da participação das confecções cearenses nas vendas de seus produtos, a empresa, representante no Brasil das marcas Moldplast e Gerber, inaugurou em Fortaleza uma loja com 50 m2. Menos de um ano depois, já se mudava para um espaço bem maior, com 120 m2. “A GGTech trabalha com várias linhas de produtos e sempre vendeu para o Brasil todo, mas nos últimos anos o Nordeste começou a se destacar em vendas, liderado pelo Ceará”, conta Paulo Kung, um dos sócios da empresa. Outro fato que reforçou essa percepção foi o crescente aumento da demanda registrada nas feiras de máquinas têxteis nas quais a GGTech participou em Fortaleza. Com os sistemas e equipamentos da Gerber Technology, a GGTech oferece soluções integradas de modelagem e encaixes informatizados, ploters, máquinas de enfesto e de corte de alta precisão. Com a marca Moldplast, a empresa disponibiliza uma extensa linha de produtos, como serra de fita trefiladeira para corte de peças pequenas, máquina automática para pregar strass, para moldar bojos e papéis para risco, modelagem e corte, entre outros.
Nova loja da GGTech em Fortaleza
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Especial Nordeste - Fornecedores
começa a ver o mercado nordestino com bons olhos: além da proximidade geográfica, a região está com o consumo aquecido, graças ao poder aquisitivo, que vem aumentando nos últimos anos. Isso deve levar a Sudotex a reforçar o número de representantes nesses estados.
Novas Tecnologias
Empresas como a Sudotex, que atua com confecção (foto), se preparam para expandir os negócios na região NE
Proximidade O Grupo Sudotex é outro que pretende incrementar os negócios na região. Instalado há mais de uma década na pequena Urandi, no interior da Bahia, o grupo atua em quatro áreas de negócios: fiação, malharia, tinturaria e confecção. “Recebemos propostas de incentivos fiscais em outros Estados, mas por uma questão de infraestrutura e como nosso parque fabril já está todo instalado na Bahia, vamos ficar por aqui mesmo”, conta o diretor de vendas Herbet Silva. O algodão, matéria-prima principal, é encontrado no mesmo estado, mas viaja 800 km até chegar a Urandi. “Mesmo assim, nossa localização é favorável”, diz Silva. Com a produção toda verticalizada, englobando desde a fiação do algodão até a confecção de camisas polo, iniciada em julho do ano passado, a Sudotex tem como slogan “Pega o algodão e veste o cidadão”, e orgulha-se de ter “a melhor pronta entrega de malhas do País”, graças à verticalização. “Nosso maior problema é a distância que nos separa do Sudeste e do Sul, nossos maiores centros consumidores”, conta o diretor de vendas da Sudotex, acrescentando que mantém 70 representantes de vendas espalhados pelo País. Por outro lado, o grupo
“Cada vez mais, o mercado nordestino demonstra e reforça sua força no cenário econômico nacional. O Nordeste sempre foi prioridade para a Audaces, e por isso hoje somos líderes em nosso segmento. A cada ano investimos mais em novas ações que objetivam a plena satisfação dos nossos clientes do nordeste. Em 2011, aumentamos nossa equipe técnica, de treinamento e de vendas da região. A filial Audaces Nordeste conta com um estoque de peças de nossos principais produtos como a máquina de corte, enfestadeira automática, plotters e outros. Com essas iniciativas, garantimos um rápido atendimento e resolução de qualquer questão que envolva nossos produtos e serviços. Conquistamos nosso espaço no nordeste levando mais que tecnologias e produtos para região. Nos preocupamos também em oferecer conhecimento e aprimoramento da mão de obra da região", afirmou o diretor de Negócios da empresa, Claudio Grando.
DEMANDA AQUECIDA “Estamos abertos para novos representantes da região que tenham interesse em abrir as portas do mercado para novas tecnologias. A margem de lucro oferecida é boa, damos suporte técnico e treinamento”, ressalta José Roberto Neubauer, diretor comercial da Optikad do Brasil. Ele destaca que a empresa tem clientes em praticamente toda região Nordeste, porém conta com representante de vendas apenas no Ceará. Da linha de produtos da empresa, o software Optitex, para Modelagem e Encaixe, se encaixa bem no perfil de confecções de pequeno porte, assegura Neubauer. “Além do treinamento local, em regime de produção, damos suporte de maneira remota”, diz. Outra opção é a Plotter Optikad Jet, um produto que, O Confeccionista JUL/AGO 2011
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Especial Nordeste - Fornecedores por ser quase totalmente eletrônico, exige pouco esforço de manutenção, e os próprios usuários também são treinados para efetuarem reparos de ordem geral. Além desses, a empresa oferece uma linha de alta tecnologia para a sala de corte de confecções, como as cortadoras automáticas de tecido, indicadas para confecções de maior porte e elevada produção.
Desenvolvimento
Instalada há uma década e meia no agreste pernambucano, a Etical-Etiquetas Caruaru continua apostando no potencial de crescimento do Nordeste, seja em fun“As confecções vêm crescendo bastante na região”, ção do aumento do consumo da região ou pelos emconfirma a gerente de Marketing Maria Luiza Goupreendimentos em fase de implantação. Quem garante veia, da Armarinhos 25. Com três lojas em São Paulo é o diretor João Bezerra Filho, que cita como exemplo o – duas no bairro do Bom Retiro e uma no Brás – e porto de Suape-PE, onde a Petrobras implanta a refinaempresas do Sudeste e do Sul do país entre seus ria Abreu e Lima e prevê fabricar a matéria-prima do fio maiores clientes –, a empresa, há 35 anos no mercado de poliéster a partir de 2012. “Isso deverá desencadear de aviamentos, prepara-se para ampliar a participação um grande desenvolvimento na área têxtil e confecciodo Nordeste em seus negócios. Para melhor atender nista dos estados próximos ao porto”, avalia. esse mercado, a empresa pretende criar uma loja Ele destaca também o polo de confecções do virtual, ainda sem previsão para entrar no ar. “Vamos agreste de Pernambuco forselecionar as opções de marmado por Caruaru, Toritama cas e produtos que estejam e Santa Cruz do Capibaribe, de acordo com o perfil dessas onde mais de 20 mil peconfecções, que são, em sua quenas e médias empresas maioria, de pequeno porte, respondem pela geração mas que, juntas, representam de milhares de empregos um bom volume, com produe produzem mais de 800 ção crescente.” milhões de peças por ano. “As empresas locais estão Polo de lingerie preocupadas em melhorar a “A região Nordeste é de qualidade dos seus produgrande importância para os tos e muitas delas saíram negócios da Invista no Brasil, da informalidade passando pois é um dos principais a enxergar as vantagens da polos têxteis brasileiros, legalidade no processo de principalmente na produção melhoria continua”, afirma de lingerie”, avalia Andrea Bezerra Filho, que também é Martins, gerente de markepresidente do Sinditêxtil/PE. ting de Lycra® na América Fabricante de etiquetas tedo Sul. Segundo ela, o Ceará, Lingerie, o forte do Ceará cidas (bordadas), cadarços principal polo produtor do e da marca Lycra® personalizados, tags, etiNordeste, responde pela quetas impressas em nylon, fabricação de 19% do total em sintéticos e couros, a de peças voltadas para o Etical atua em todo o País, mas a região Nordeste, segmento de moda íntima no país e absorve mais com destaque para o estado de Pernambuco, ainda de 90% das etiquetas da marca para o segmento. lidera a demanda, respondendo por cerca de 62% Uma coordenadora de marketing da Invista atende das vendas.# com exclusividade toda a região e trabalha alinhada
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INTERNACIONAL
Texprocess
Estreia retumbante Texprocess, feira de maquinário e de equipamentos para o processamento têxtil, realizada em maio em Frankfurt, atrai compradores de 86 países, numa demonstração de que o setor quer sair da crise que afeta toda a Europa
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recinto de exposições da Messe Frankfurt – um complexo com 578 mil m2 que abriga dez pavilhões e um Centro de Convenções em Frankfurt (a capital dos negócios na Alemanha) – foi palco, no final de maio, de dois eventos simultâneos e interligados: a já tradicional Techtextil, feira internacional de tecnologias têxteis e de não-tecidos, e a nova Texprocess, feira de maquinário e equipamentos para o processamento têxtil, dirigida a empresários da confecção. O know-how da Messe Frankfurt
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(só em 2010 a companhia promoveu 87 feiras comerciais, mais da metade fora da Alemanha), sustentado pelas parcerias com entidades do setor têxtil e de confecções da Alemanha e da Europa, assegurou a visitação maciça de um público focado no negócio: 24,5 mil pessoas na Techtextil e 16 mil na estreante Texprocess. “Com as duas feiras acontecendo simultaneamente, as empresas podiam se apresentar em uma delas e, ao mesmo tempo, dirigir-se à indústria da confecção e às empresas que processam têxteis em aplicações téc-
FOTO: Messe Frankfurt Exhibition/Pietro Sutera
POR VERA CAMPOS
FOTOS: Messe Frankfurt Exhibition/Pietro Sutera
Elgar Straub, diretor geral da VDMA
nicas. Isso constitui uma enorme vantagem em um mercado em crescimento como o dos têxteis técnicos”, observou Iris JeglitzaMoshage, vice-presidente sênior da Messe Frankfurt.
Presença maciça Pelo menos 8 mil das 16 mil pessoas que passaram pela Texprocess entre os dias 24 e 27 de maio vieram de fora da Alemanha. Esses visitantes eram provenientes de nada menos que 86 países. A maioria veio da Europa Central, do Leste europeu, da Ásia e do norte da África, disposta a conhecer e a investir nas novidades tecnológicas apresentadas por 330 expositores de 40 países, entre eles Alemanha, Itália, Japão, Coréia, Taiwan e China. Sob o tema Tecnologia da Costura, o pavilhão 5.1 reuniu fabricantes de máquinas de costura internacionais como Brother, Dürkopp Adler, Juki, New Jack, Pegasus, Pfaff, Typical e Zoje, além dos fabricantes de máquinas de bordar Sunstar/SWF, Barudan, Tajima e ZSK. No pavilhão 4.0, destinado aos
setores de corte, TI e CAD/CAM, estavam concentradas as empresas de Assyst, Expert Systemtechnik, Human Solutions, Lectra, Setlog y Update Texware, entre outras.
Inovação
Atenta à movimentação mundial gerada pela globalização e pela terceirização da produção, a Texprocess dedicou um pavilhão a Source it! (Terceirize isso, em português), no qual empresas de Portugal, Vietnã, Turquia, Lituânia, Paquistão e de países da América Latina (só para citar alguns) ofereciam-se para atuar como subcontratados para os fabricantes de confecções. Detlef Braun, executivo Teve grande repercusda Messe Frankfurt são também o Texprocess Forum, em que foram apresentadas, durante os dias da feira, 42 palestras versando sobre terceirização, sustentabilidade e responsabilidade social. Organizado por Dialog Textile Apparel Association, em cooperação com a associação de
moda alemã, Euratex e sua contrapartida internacional, a Federação Internacional do Vestuário (IAF). A próxima Texprocess já tem data marcada para ocorrer em Frankfurt: será entre os dias 11 e 14 de junho de 2013. Mas os latino-americanos não terão de esperar tanto: já no ano que vem, entre os dias 24 e 26 de abril, acontecerá a Texprocess Américas, em Atlanta, nos Estados Unidos. Para Detlef Braun, um dos executivos da Messe Frankfurt, “os expositores ficaram extremamente satisfeitos com o elevado nível de internacionalização e de tomadores de decisão entre os visitantes”. Elgar Straub, diretor geral da VDMA Garment and Leather Technology (associação alemã que reúne os fabricantes de máquinas de costura, de máquinas para calçados e couro, máquinas para processamento e acabamento de têxteis técnicos e empresas de lavanderia, e parceira conceitual do evento), avaliou que a Texprocess excedeu todas as expectativas.# * A editora Vera Campos cobriu a Texprocess a convite da Messe Frankfurt
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INTERNACIONAL
Texprocess Com a proposta de oferecer produtos de alta qualidade e valor agregado para private label, confecções portuguesas querem expandir seus serviços para clientes de toda a Europa
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ortugal é um dos países que se colocam à disposição de confeccionistas do mundo todo para atuar como parceiro terceirizado e aumentar as possibilidades de negócios das oficinas locais. Segundo Paulo Vaz, diretor geral da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP), o país é importante produtor de confecções na Europa e se destaca pelo alto valor agregado de seus produtos. “Já somos grandes fornecedores para private label”, diz. Vaz argumenta que os custos elevados de produção não permitem competir com baixos preços (a exemplo dos praticados pela Índia, China e Ásia, de modo geral, cuja produção é massificada) e sim com produtos de elevado valor agregado, ou com artigos tecnologicamente diferencia-
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dos. “Para nós, ser um terceirizado significa oferecer soluções ao cliente, tanto para produtos (design, materiais) como em serviços (confecção propriamente dita)”, completa.
Cadeia ampla A cadeia têxtil portuguesa é composta por mais de 6.900 indústrias, 95% delas microempresas, localizadas, em sua maioria, na região Norte do País, segundo estimativas da ATP. A produção é focada em moda masculina e em têxteis para o lar. Em 2010, essas empresas movimentaram 5,779 bihões de euros em produção e exportaram 3,737 bilhões de euros. O presidente da ATP frisa que nos últimos anos as confecções portuguesas investiram em modernização industrial e na gestão de processos indus-
FOTO: Messe Frankfurt Exhibition/Pietro Sutera
Coisas da terrinha
Futuro As metas da ATP para o setor são ousadas. Os objetivos estratégicos para os próximos preveem que, até
2015, 55% das empresas da cadeia portuguesa têxtil e de confecções estejam atuando como subcontratados especializados ou cocontratados; 25% trabalhando com suas próprias marcas (e fazendo a gestão da distribuição); e 20% atuando no desenvolvimento baseado em inovação tecnológica, têxteis técnicos e funcionais. (V.C.)#
Paulo Vaz, diretor geral da ATP
PRESENÇA MACIÇA
FOTO: divulgação ATP
triais. E, se de um lado, a quantidade de pessoas trabalhando na área caiu pela metade nos últimos anos, a produtividade aumentou e o valor agregado da produção também. Paulo Vaz explica que a indústria têxtil em Portugal funciona numa lógica de cluster: qualquer cliente pode encontrar tudo o que procura em uma pequena região bem servida por infra-estrutura moderna e eficiente. “É possível obter em Portugal (na região do Porto, principalmente) serviços de toda a cadeia têxtil, desde a concepção do produto (incluindo o design de moda), passando pela fiação (tricô), tecelagem até a confecção”, assegura.
Portugal se firma como o principal país europeu de serviços terceirizados em confecção. Com dez empresas participantes, o estande luso na área Source It! foi o maior entre todas as nações inscritas, oriundas sobretudo da Europa do Leste, da África e da América Latina. A Associação Selectiva Moda foi a entidade promotora da internacionalização das empresas de têxteis. Já na Techtextil, feira de têxteis técnicos e não-tecidos que ocorreu em paralelo à Texprocess, 16 expositores portugueses apresentaram seus lançamentos em têxteis inteligentes, entre eles um casaco com controle térmico, malhas high tech, telas recicláveis, membranas respiráveis e fios com gestão da umidade ou termorregulação.
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INTERNACIONAL
Texprocess
Terceirizar? Para quem? Não é novidade que grandes marcas internacionais (e mesmo nacionais) repassem a produção para países menos desenvolvidos, em busca de custos menores. Mas essa razão, por si só, é o bastante?
Solução O movimento ganhou força a partir de 1990 e hoje apenas algumas pequenas e médias empresas produzem em solo americano. “As grandes marcas buscaram alternativas de custos e encontraram a solução nos países em desenvolvimento, o que causou um considerável desemprego no setor no País”, recorda Walter Wilhelm, Chairman/CEO da Walter
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Wilhelm Associates LLC, empresa norte-americana de consultoria de gestão especializada nos segmentos de vestuário e calçados.
Custos À primeira vista, a diferença nos custos da mão de obra/hora em diversos países parece tentadora: US$ 0,52 a US$ 1,10 na China, US$ 0,39 na Índia, US$ 0,19 em Bangladesh, US$ 0,35 no Haiti, US$ 0,55 no México, US$ 8,70 nos EUA e US$ 14,50 a US$ 19,00 na Alemanha. Mas, na visão de Wilhelm, o fator custo do trabalho não deve ser o principal fator de decisão para a escolha do local para terceirizar. “A velocidade de mercado, a flexibilidade nos tamanhos dos pedidos, custos de expedição, a estabilidade política do país, segurança e outros fatores inteiram essa questão”, justifica.
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FOTO: DIVULGAÇÃO
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terceirização de parte ou de todo o processo de confecção de vestuário para empresas de outros países tornou-se prática corriqueira e ocorre tanto para se obter redução nos custos de produção como para driblar a falta de mão de obra especializada. Os Estados Unidos são um bom exemplo. Lá, a indústria de confecções começou a se mover para fora do país em 1980.
Walter Wilhelm
Tanto isso é verdade, que muitas empresas dos EUA (e européias que vendem nos EUA) estão trazendo suas produções de volta para a América Central ou mesmo para os Estados Unidos, reduzindo as feitas em países da Ásia. Uma das razões, segundo o consultor, é que os custos estão subindo mais rápido na Ásia. Outro motivo é a instabilidade política de algumas das nações além-mar. “As companhias dos EUA hoje procuram
parceiros que são flexíveis no que diz respeito à mudança de estilo e volume e demandas de pedidos”, explica. E se terceirizar for mesmo a so-
Dicas para fazer negócios em qualquer região: • Trabalhe com um parceiro que conheça bem a região • Use a abordagem de "parceria" com o seu fornecedor, desenvolva relacionamentos de longo prazo • Não seja um gerente ausente, visite seus parceiros • Comunique-se, comunique-se, comunique-se (ajude a desenvolver protocolos, se necessário) Fonte: Walter Wilhelm Associates LLC
lução, como decidir entre países da Ásia e do Hemisfério Ocidental? “Não há uma resposta simples”, diz Wilhelm. “Depende do produto, de
quão grandes são os pedidos, da avaliação dos materiais que serão enviados para a fábrica e de muitos outros fatores.”# (V.C.)
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Itens a considerar antes de terceirizar para uma nova região: Por que mudar? Lembre-se de que novas relações trazem maior risco e são menos conhecidas que as já existentes. Quais os benefícios? Normalmente as companhias estão buscando economia nos custos, mas velocidade de mercado e flexibilidade devem ser incentivos igualmente importantes a considerar. Perfil potencial dos contratados – Eles batem com as suas exigências em termos de produtos e quantidade? Onde você acha essa informação? Comunicação e Auditorias – Considerar língua e viagens à região. Diferenças - Observar as diferenças culturais, a geopolítica e as leis locais. Fonte: Walter Wilhelm Associates LLC
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Negócios em pauta Expositores ocuparam quatro pavilhões do centro de exposições Messe Frankfurt e receberam mais de 16 mil visitantes, a maioria vindos de fora da Alemanha POR VERA CAMPOS
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ais de 300 expositores de 40 países, entre eles Alemanha, Itália, Japão, Coréia, Taiwan e China, apresentaram seus produtos aos visitantes da Texprocess, ocorrida em Frankfurt, na Alemanha, entre 24 e 27 de maio. Os pavilhões de exposição estavam divididos em: Design, Sala de Corte, CAD/ CAM, TI e Controle de Qualidade; Costura; Bordado; Processamento de Produto, Acabamento, Logística Têxtil, Energia e Reciclagem. Para acessá-los pelos longos corredores da Messe Frankfurt, os visitantes podiam recorrer a esteiras rolantes. De modo geral, os expositores se mostraram otimistas em relação aos negócios e com a tão esperada recuperação da economia europeia.
Lectra A Lectra, um dos líderes mundiais em tecnologia de soluções integradas
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FOTO: MESSE FRANKFURT EXHIBITION GMBH JENS LIEBCHEN
Texprocess
de software, CAD / CAM, hardware e serviços associados, especificamente projetados para indústrias que utilizam produtos têxteis, couro, tecidos industriais para a fabricação de seus produtos, marcou presença na Texprocess com um dos maiores estandes do pavilhão de TI. Com sede na França, tem cerca de 23 mil clientes espalhados em mais de 100 países. Entre os destaques apresentados, um sistema de corte de couro e um software para modelagem em 3D. O sistema já foi apresentado no Brasil, mas deve ser lançado por aqui apenas no final de 2011, segundo o diretor mundial de Vendas Edouard Macquin. Ex- diretor geral para a América do Sul, Macquin assumiu o novo posto em janeiro deste ano. “A feira está sendo muito boa. A sensação é que a crise passou e que os empresários estão mais animados”, disse. O ano passado, 2010, foi um ano
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histórico de vendas para a Lectra no mundo, não só em função de novos produtos, na avaliação do diretor, como pelo aquecimento dos negócios em mercados como Brasil e China, dois de seus principais mercados.
Gerber Entre outras soluções para automação, a Gerber Technology apresentou a YuniquePLM (Product Lifecycle Management), ferramenta de gerenciamento do ciclo de produto desenhada especificamente para os negócios de moda (design, planejamento de linha, desenvolvimento de produtos, terceirização e gerenciamento da cadeia de suprimentos), e a Contour Vision, sistema avançado de scanner para têxteis técnicos. Com ela, podem-se escanear têxteis impressos, gerar automaticamente arquivos de corte e cortar diretamente dos rolos têxteis a velocidades acima de 1,1 metro por segundo.
Pfaff Marca vencedora do Texprocess Innovation Award, a Pfaff Industrial, de Kaiserslautern, Alemanha, exibiu 25 modelos de máquinas de costura e
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soluções inovadoras para os vários setores do vestuário tradicional, denins, casual wear e têxteis técnicos. Destacou a Pfaff 3375, automática, com design Powerline, um desenho avançado que facilita a operação e a manutenção do equipamento. O executivo da empresa na América Latina revelou que o Brasil é um mercado importante para a Pfaff, não só para máquinas para confecções como também para calçados. No país, a empresa é representada pela Braspfaf.
Yamato Outra que marcou presença na feira foi a Yamato, fabricante japonesa de máquinas de costura industriais para produção de roupas de malha, roupa íntima, roupa esporte, lingerie, casual, de crianças, senhoras, trajes masculinos e jeans. No Brasil, seus produtos são distribuídos pela Cotex. “Estamos no mercado europeu há muito tempo e, neste momento, o mercado já está melhor”, avaliou Masanao Shinohara, do departamento de Marketing da empresa, lembrando que, por conta da
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crise econômica na União Européia, as vendas na Alemanha e em outros países da Europa vinham caindo. E é justamente esse o mercado que recebe as inovações tecnológicas da empresa. “A estratégia é apresentar as tecnologias no mercado europeu e só depois para os países da Ásia”, explicou Shinohara. Em relação aos planos para o Brasil, o executivo afirma que a Cotex é um parceiro importante, “temos a mesma mentalidade – somos orientados para a tecnologia”.
Juki A japonesa Juki Corporation, fabricante de máquinas para bordados e de costura, esteve presente no evento com um grande estande. Apresentou o ISS – Intelligent Sewing System – uma sistema que liga em rede as máquinas de uma linha de produção e montou uma célula de produção somente para demonstração dele. “Se houver algum problema com a máquina, o computador mostra a tempo para corrigir”, esclareceu Yano Kunihiro, executivo que responde pelo Brasil. Aqui, a Pan Costura é a distribuidora da marca.# (V.C.)
FOTO: DIVULGAÇÃO
FOTO: MESSE FRANKFURT EXHIBITION GMBH PIETRO SUTERA
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dica do especialista
MODELAGEM
Aproveite bem seu modelista Assistindo a um desfile, poucas pessoas imaginam o trabalho que está por trás de todo aquele glamour. Todos reconhecem a importância de um bom estilista, mas não podemos esquecer que não menos importante é o "modelista". Sem esse profissional, a criação do estilista fica comprometida. Infelizmente, hoje nem todo estilista sabe o resultado de um recorte ou pence fora do lugar, não percebe que até a escolha do tecido para um determinado modelo é importante para o resultado final. Quando esses dois profissionais estão em perfeita sintonia, é possível reduzir custos e tempo de execução das peças. O mercado está buscando o novo modelista, aquele que tem o hábito de interagir com o estilista, que conhece as rotinas de produção e sabe movimentar-se com habilidade em todas as etapas, da criação até a produção. Nos dias atuais, em face da dinâmica do mundo da moda, o modelista não pode ficar apenas em sua mesa. Tem que ter em mente que deve estar não só em sintonia com o estilista, mas também com a equipe de produção,acompanhando passo a passo toda a linha de produção, evitando assim possíveis interpretações erradas de molde,
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Rosany Sala é estilista, modelista, designer, professora de modelagem e diretora da escola A Modelista - Centro de Estudo e Formação
corte, costura, acabamento, erros muito comuns nessa área. Muitos empresários acham difícil unir esses profissionais, mas o simples fato de colocá-los próximos no local de trabalho, permitindo a interação entre eles, já é o inicio de grandes mudanças. A criação de novas rotinas de trabalho é consequência natural dessa união e o resultado é a redução de custo de peças na produção . O modelista é o elo entre a criação e a produção. Com essa união, temos peças com acabamentos e tecidos adequados aos modelos, trazendo como resultado a otimização dos estoques. O auxílio do modelista junto à equipe de produção ajuda a estimar o melhor tempo de máquina para cada modelo, melhorando a previsão do tempo necessário para a sua produção total. A ação do modelista traz uma economia de tecido, visto que o aproveitamento no corte é maior. Isso resulta em economia, e como consequência dessa economia o lucro da empresa aumenta, tornando-a competitiva e permitindo seu crescimento com segurança, além de o comprador receber um produto melhor, por preço justo, com rapidez na entrega e elevada qualidade.#
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Gestão/RH
A escolha certa
Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum
Capacitação, responsabilidade, ética e comprometimento com resultados são as qualidades mais apreciadas num profissional
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om a economia brasileira aquecida, cresce não só a demanda das empresas por mão de obra, mas também a exigência em relação aos profissionais. É o que mostra uma pesquisa da Curriculum, um dos maiores sites de empregos do Brasil. Com base em consultas a mais de 540 empresas, o estudo revelou as características mais desejadas pelos recrutadores para formar uma boa equipe: responsabilidade, ética e comprometimento com resultados. Numa análise do comportamento dos colaboradores que já fazem parte da empresa em que trabalham, comprometimento com resultados, objetividade e proatividade são os três fatores que os recrutadores consideram mais importantes. “A responsabilidade com as metas estipuladas é a característica mais desejada e, muitas vezes, a que mais precisa ser desenvolvida pelos profissionais”, ressalta o presidente da Curriculum, Marcelo Abrileri, especialista em recolocação profissional. Segundo ele, o engajamento é essencial. “O colaborador precisa entender claramente a importância de atingir metas, o que se reflete em benefício para toda a empresa, e saber o quanto ele é importante para o todo”, observa. Ainda no levantamento, 68% das companhias dizem não estar satisfeitas com os candidatos que participam dos processos seletivos. “Esse quadro é preocupante. O Confeccionista JUL/AGO 2011
Enquanto o Brasil precisa cada vez mais de mão de obra qualificada, muitas empresas ficam desapontadas com o que se apresenta como disponível. A qualificação e a capacitação são baixas, o que acaba inviabilizando a contratação desses recursos”, comenta o executivo.
As características do profissional empregável Saiba quais as principais qualidades de um trabalhador para que ele mantenha em alta a sua empregabilidade, segundo Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum: Capacitação técnica específica: continua sendo a principal e fundamental exigência. Se você não estiver apto a exercer bem a função que pleiteia, dificilmente conseguirá conquistar a vaga. Uma boa formação, cursos adicionais, experiência na função são importantes na hora de competir por uma vaga de trabalho. Visão do todo: além de ser bom no que faz, é importante que você compreenda os impactos de sua parte sobre o todo. Ter uma visão global ajuda na comunicação em geral, tanto com pares como superiores ou subordinados. Estar bem informado: Você deve ser o ponto de referência na empresa quando o assunto for relacionado à sua área. Mas, se puder, informe-se também sobre atualidades, economia, lazer, artes, esportes, Internet, negócios,
o que o torna alguém bem mais aberto e com maior possibilidade de interagir com outros da companhia. Quem é munido de conteúdo sempre sai na frente. Facilidade com tecnologia: o computador e a Internet são hoje ferramentas fundamentais de trabalho e comunicação. Quem interage bem com essas tecnologias e tem familiaridade com elas tem uma grande vantagem competitiva. Internet e redes sociais: quem navega bem na Internet e utiliza as redes sociais de maneira correta sabe como essas ferramentas ajudam a se informar, a encontrar respostas e a resolver problemas, o que ajuda a sair na frente em relação aos demais concorrentes. Idiomas: num mundo cada vez mais globalizado, saber outro idioma, principalmente o inglês, é muito importante. O Brasil ainda é um país que carece de pessoas que tenham domínio sobre outras línguas. Quem tem conhecimento em inglês e espanhol tem ainda mais vantagens. Mas lembre-se: saber usar bem o português faz muita diferença.
Educação continuada: workshops, cursos de curta duração, palestras e pós-graduação, entre outros, sempre será algo valorizado pelas companhias. Mas não aja de modo a apenas colecionar diplomas. Empenhe-se e aproveite as oportunidades para aprender e crescer como pessoa e profissionalmente. Trabalho voluntário: ter no currículo experiências como voluntário mostra que você é uma pessoa preocupada com o bem-estar de terceiros. Isso é bem visto no âmbito profissional e auxilia também no amadurecimento pessoal. Elegância e cordialidade: essas qualidades podem se revelar na maneira de se vestir, de falar, nas atitudes. Ser elegante e cordial sempre atrai, demonstra maturidade e simpatia. Todos querem estar ao lado de pessoas agradáveis. Bons valores: caráter e valores têm sido mais valorizados pelos recrutadores. Com eles você se torna não apenas um bom profissional, mas um ser humano exemplar e de bem com a vida.#
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dica do especialista
Confecção
Tecnologia para todos (Parte 2) Na edição anterior começamos a falar sobre as novas tecnologias aplicadas à indústria de confecção sob o enfoque das demandas do mercado, tais como automação e flexibilidade, produção personalizada em larga escala e fast fashion, entre outras. Vamos agora abordar algumas dessas novas tecnologias. Não pretendemos aqui esgotar o assunto, pois a tecnologia avança sempre. É preciso, sim, estar atento a esses desenvolvimentos, para poder visualizar as que melhor se aplicam às condições da empresa. Não se pode ficar de braços cruzados achando-as muito caras. Caras são as tecnologias que não são aplicadas em nossas empresas, mas que a concorrência as utiliza para ganhar parte do nosso mercado. Não se deve, também, optar pela mais barata, pois corre-se o risco de comprar algo descartável. Quando se adquire um carro, ou um imóvel, não se opta pelo mais barato e,sim, por aquele que represente a melhor relação custo-benefício.
Body Scanners
Para facilitar o processo de medição dos corpos para a modela-
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gem (e consequente adequação dos produtos confeccionados) com os dados representativos de uma população, foi desenvolvido um sistema informatizado que "escaneia" o corpo de uma pessoa, identificando um conjunto de medidas da mesma. Esse processo é muito rápido e possibilita o desenvolvimento de produções personalizadas e de tamanhos mais adequados ao cliente. O Senai/Cetiqt adquiriu o primeiro body scanner do Brasil e realizou pesquisa antropométrica da população brasileira.
Sistemas de Modelagem
Há agora sistemas que permitem individualizar a modelagem. Identifica-se o tamanho básico do cliente no ponto de venda, em seguida, se tomam algumas medidas de comprimento e do seu contorno. Enviam-se os dados à fabrica que, rapidamente, adapta a modelagem. Outra novidade são os sistemas de baixo custo inicial, por aluguel ou pré-pago, que permitem a uma empresa de pequeno porte desfrutar das vantagens de um sistema CAD para modelagem, com possibilidade de expandir o sistema quando a empre-
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Paulo Roberto de Almeida Gonzaga Gerente do setor de Confecção Industrial do Senai-Cetiqt
sa crescer. Também já estão sendo oferecidos sistemas de modelagem em 3D que se valem de avatares e fazem a simulação prévia dos produtos para verificar o caimento e o aspecto da vestimenta, sem a necessidade de sua construção física.
Encaixe de peças
Praticamente todos os sistemas de CAD utilizam o encaixe automático como solução. Na produção personalizada esta é uma ferramenta importantíssima, pois o tempo gasto para desenvolver um encaixe manual passa a ser muito alto.
Risco de peças, modelos ou encaixes
Os destaques nesta área são os "plotters" jato de tinta que imprimem riscos de qualquer natureza em velocidade contínua, independentemente da densidade do jato ou do que se deseja escrever de informações nas peças que fazem parte do risco.
Enfesto
A novidade é a substituição do corte da beirada de enfesto, normalmente feito por uma máquina
de corte de disco, por um dispositivo que rasga o tecido no fio exato da trama, muito usado em tecidos xadrezes, listrados ou especiais. Outro destaque é a identificação da posição de um defeito no risco e, com isso, avaliar de antemão se ele invalida a peça ou não.
cortam diversas camadas de tecido ao mesmo tempo (enfestos) há ainda máquinas de corte de duas cabeças, que possibilitam aumento de 60% da produção, e máquinas extralargas, que permitem cortes de tecidos até 3,30 m.
Corte
As principais novidades estão relacionadas aos equipamentos automáticos e flexíveis, que possibilitam a realização de algumas operações similares em diferentes produtos no mesmo posto de trabalho. Outra novidade são as máquinas programáveis que permitem a realização de uma sequência de
Passadoria
As novidades nesta área são as passadorias especializadas por partes do produto ou pelo produto completo e com controle eletrônico do processo.#
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Uma das grandes novidades em corte está nos sistemas personalizados de produção, ou seja, nas máquinas que trabalham com corte unitário: cortadora estática, cortadora com esteira, cortadora com enfesto, cortadora com projetor de encaixe. Além das máquinas que
Máquinas de costura
operações de uma mesma peça, como, por exemplo, travetes/moscas diferentes numa lingerie ou mesmo executar todas as operações de uma camiseta. Esses processos proporcionam aumento de produtividade, alta adaptabilidade aos novos modelos, redução do tempo de treinamento e redução dos tempos ociosos para mudanças de produtos.
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PERFIL
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Referência nacional
Uma das mais tradicionais empresas de cama, mesa e banho do País, Teka comemora 85 anos POR LAURA NAVAJAS
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Teka tem bons motivos para comemorar 2011. A empresa completa este ano 85 anos de história, carregando uma marca forte e valorizada. “A empresa cresceu muito, a marca é forte. Temos porte internacional”, orgulha-se o vice-presidente Marcello Stewers. Mas desde a fundação da empresa pelo imigrante alemão Paul Fritz Kuehnrich , em maio de 1926, muita coisa mudou. Da pequena camisaria, a Teka tornou-se uma empresa com quase quatro mil funcionários e capacidade instalada para produzir 2.500 toneladas por mês. Mantém hoje quatro unidades fabris - Blumenau e Indaial (SC) e Itapira e Artur Nogueira (SP) - que produzem mais de 6 mil peças por mês. É a marca mais lembrada de cama, mesa e banho do Brasil. Prova disso são os
vários prêmios recebidos durante todos estes anos. O segredo do sucesso? Continuar trabalhando sempre, de acordo com o vice-presidente. “O principal é ter muito planejamento, muita ousadia, muito estudo, trabalho, tudo isso concatenado. Porque não é nada fácil chegar a um tamanho desses e mantê-lo, ficar nessa posição”, avalia o executivo.
Passado Quando da sua fundação, a Teka era uma fábrica de acolchoados que logo passou a confeccionar também camisas de tricoline, com tecidos comprados de terceiros. No início da década de 30, Paul Fritz conseguiu comprar dois teares usados, com os quais passou a produzir também o tecido utilizado em sua confecção. Em 1941, a empresa efetuou sua primeira
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exportação. Aos poucos, introduziu a tecelagem, fiação e confecção, e, no final dos anos 40, tornou-se uma fábrica verticalizada e autossuficiente em produtos de cama, mesa, banho, vestuário e decoração. Logo após a compra dos teares, a empresa começou a produzir um tecido rústico, grosso, preto-e-branco, com o qual eram feitas toalhas de mesa, panos de copa, aventais e, mais tarde, tecidos para cortinas. Uma curiosidade: até então, os tecidos eram produzidos somente nas cores lisas, com tingimento e alvejamento realizados em tachos de madeira. Foi só nos anos 60 e 70 que as toalhas estampadas tornaram-se o carro-chefe da Teka. Após os anos 50, com a tecelagem e a fiação bem estruturadas, foi possível expandir a produção com o lançamento de toalhas de banho felpudas e das toalhas de mesa em jacquard, adamascadas com fio de algodão. Com essa nova estrutura, ocorreu a evolução dos padrões de tolhas de banho e toalhas de mesa. Por fim, em 1973 foi montada a
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unidade de produção de tecidos lisos para roupas de cama, em Artur Nogueira, SP, que passou a fabricar todos os tecidos utilizados em lençóis, fronhas, edredons e colchas.
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Requinte: material nobre nas toalhas
“O varejista já sabe que tem de pagar mais caro porque o algodão subiu e o consumidor está assimilando isso”, afirma Marcello Stewers, que admite não ter tido outra saída a não ser o repasse de preços para driblar a alta dos preços de matéria prima. “Essa crise talvez tenha sido, na história da Teka, uma das mais complexas de superar, pois redução de custo já faz parte do dia a dia de qualquer empresa, e o nosso custo com despesas já era um dos mais baixos do mercado. Tivemos então de fazer negociações e repasse de preços”, explica. Stewers diz acreditar que, apesar do pior momento da crise do algodão já ter passado, restarão sequelas. “O reflexo disso é que um desvio de caixa do capital de giro para cobrir a alta do algodão pode trazer problemas a médio prazo. Vão sobreviver as empresas que conseguiram se consolidar com uma marca forte”, avisa.
Desafios Ao longo dos anos, muitas crises foram vencidas e conquistas, comemoradas. A última e mais recente veio com o aumento dos preços do algodão. Isso causou, segundo o vice-presidente, uma retração muito forte no mercado. No entanto, a poeira já está baixando e uma adequação maior à nova situação já pode ser sentida.
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Para banho: maciez e durabilidade
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Fachada da empresa em Blumenau
com “soil release”, que facilita a retirada de manchas. Adepta da nanotecnologia, a empresa utilizou o Teka Technology para as toalhas de banho e de rosto, uma combinação balanceada de absorção e maciez. A companhia aposta também nos tecidos impermeáveis e lança a linha Teka Protect para cama, que bloqueia completamente a passagem de líquidos e é indicada para
A vendas externas já representaram boa parcela do faturamento da empresa. Mas com o real valorizado a situação mudou. De 35% da capacidade fabril, as exportações hoje não chegam a representar 7%. Como o mercado interno não é capaz de absorver esse excedente, a produção da Teka teve de ser reduzida para apenas 1.500 toneladas/mês. “Nossas fábricas foram construídas para atender o mercado internacional, a estrutura da Teka é assim há décadas”, diz o vice-presidente. Apesar disso, a empresa ainda exporta para muitos países. “Cobrimos toda a América Latina, Europa, Ásia e EUA”, diz Stewers.
Futuro Faz parte dos desafios ampliar o mercado interno. Na avaliação do vice-presidente da Teka, o consumidor final está cada vez mais exigente, independentemente da classe socioeconômica. Assim, o investimento em segmentação do mercado e em novas tecnologias será cada vez maior. “Estamos em um
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Exportação
novo modelo de negócios mais comercial e menos industrial, isso é um grande desafio”, analisa Stewers. Além da busca pela atualização nas tendências do mundo da moda, a empresa procura investir na aplicação de novas tecnologias em seus produtos, especialmente aos dedicados ao segmento corporativo, para torná-los ainda mais duráveis. Uma delas é a tecnologia Indanthren, que confere maior resistência aos tecidos nas lavagens com cloro. Na linha de toalhas de mesa First Class e Alpes, a inovação é o tratamento
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O começo, em 1936
uso em hotelaria, pois facilita a remoção de manchas e outros líquidos nas lavações. Nas faces superiores, o tecido tem 85% de algodão e 15% de poliéster. Já as interiores são 100% poliuretano. Por fim, as coleções Tekinha Baby e Tom & Jerry Baby dispõem de acabamento antimicrobiano capaz de inibir a proliferação dos ácaros e fungos causadores de alergias e odores desagradáveis.#
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