Caderno do Educador Volume 1
Infância e Integração de Grupo Metodologia para educadores que atuam com crianças de 6 a 12 anos
Educomunicação e Participação de Crianças
Ficha catalográfica (catalogação-na-publicação)
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Educomunicação e participação de crianças: infância e integração de grupo / Oficina de Imagens; Visão Mundial. — Belo Horizonte : Oficina de Imagens, 2014. 102 p. : il ; color. ; (Caderno do Educador; 1) ISBN: 978-85-00000-0-00 1. Educomunicação, metodologia. 2. Direitos da criança e do adolescente. 3. Educação, métodos de instrução. I. Oficina de Imagens. II. Visão Mundial.
CDU: 37.091.39
Sumário Brincar, educomunicar, participar: a construção de um percurso metodológico............................................................................... 7 Visão Mundial Brasil e Oficina de Imagens........................................................................................................................................................... 10 Os Cadernos do Educador............................................................................................................................................................................................ 11 Sete palavras e conceitos. .............................................................................................................................................................................................. 12 O que é educação? Educar? Educador? Educando?......................................................................................................................................... 12 O que é comunicação? Comunicador? Educomunicação? Participação?............................................................................................. 14 Três passos fundamentais .............................................................................................................................................................................................. 18 Primeiro passo: planejar................................................................................................................................................................................................... 18 Segundo passo: realizar..................................................................................................................................................................................................... 20 Terceiro passo: avaliar........................................................................................................................................................................................................ 22
Sumário Infância e Integração de Grupo................................................................................................................................................................................... 24 Oficina 1 - O que é ser criança?................................................................................................................................................................................. 28 Oficina 2 - Diversidades: o índio, o negro e o branco................................................................................................................................... 32 Oficina 3 - Conhecendo as diversas culturas...................................................................................................................................................... 40 Oficina 4 - Conhecer para respeitar o nosso corpo...................................................................................................................................... 44 Oficina 5 - Nosso corpo em diferentes fases da vida.................................................................................................................................... 48 Oficina 6 - Diversidade de gênero: o que é da menina? O que é do menino?.............................................................................. 52 Oficina 7 - Autoimagem: a caixa do tesouro!...................................................................................................................................................... 56 Oficina 8 - O desenho do meu colega: direito ao respeito, à liberdade e à dignidade.............................................................. 60 Oficina 9 - Os diversos tipos de família: quem cuida de mim?................................................................................................................. 64 Oficina 10 - Participação na família: o que o fantoche tem a nos dizer?............................................................................................. 68 Oficina 11 - Como eu vejo a minha escola: minha escola é... .................................................................................................................. 74 Oficina 12 - Participação da criança na escola: super-herói de massinha!.......................................................................................... 78 Oficina para construção de regras de convivência: combinado?............................................................................................................. 82 Dinâmicas, filmes e livros para oficinas com crianças ................................................................................................................................... 86 Guia de dinâmicas e brincadeiras para abertura das oficinas .................................................................................................................. 88 Guia de dinâmicas de avaliação das oficinas ....................................................................................................................................................... 90 Guia de filmes e vídeos para crianças..................................................................................................................................................................... 92 Guia de livros infantis........................................................................................................................................................................................................ 96 Ficha de registro e avaliação ......................................................................................................................................................................................100 Créditos .................................................................................................................................................................................................................................101
EDUCOMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO
DE CRIANÇAS
Brincar, educomunicar, participar: a construção de um percurso metodológico A metodologia Educomunicação e Participação de Crianças, sistematizada e consolidada em três Cadernos do Educador, é fruto de uma parceria entre a Visão Mundial Brasil e a Oficina de Imagens, instituições que dialogam no campo da promoção e defesa dos direitos humanos de crianças e adolescentes, atuando em diferentes partes do território Brasileiro. As oficinas, textos, brincadeiras e dinâmicas propostas nestes Cadernos, foram criadas, experimentadas e avaliadas com a participação de vários educadores que atuam em escolas, bibliotecas, projetos sociais, associações e demais espaços comunitários de diferentes regiões do nosso país. A ideia de desenvolver uma proposta metodológica voltada para educadores que atuam com crianças de 6 a 12 anos partiu da necessidade de se estabelecer canais e espaços de comunicação nos quais as crianças possam se expressar, opinar, participar e contribuir para a melhoria das condições de vida e das relações sociais no âmbito da família, da escola e da comunidade. Neste trabalho, parte-se do entendimento de que a participação infantil é a implicação da criança no espaço social. Quando participa, a criança desenvolve seu potencial e partilha seus saberes, desejos, angústias e interesses. Este “saber da criança” é um elo entre o educador e as práticas educativas, as ações sociais e as políticas públicas destinadas à promoção dos direitos de meninos e meninas. Algumas perguntas nortearam a criação das diretrizes político-pedagógicas deste trabalho. Como podemos facilitar a participação das crianças? Como o educador pode envolvê-las em ações de reconhecimento, expressão e participação na realidade social? Qual caminho seguir? A resposta para essas perguntas nos remete ao fazer educativo por meio da Educomunicação, um campo do conhecimento que articula a educação e a comunicação com foco na criação de espaços e oportunidades de aprendizado e desenvolvimento de capacidades criativas, expressivas e opinativas.
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EDUCOMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO
DE CRIANÇAS Por meio de uma proposta educomunicativa, a criança formula e expressa opiniões, produz e difunde informações a partir do seu ponto de vista, brinca e constrói conhecimentos em atividades com fotografia, vídeo, rádio, internet, entre outras linguagens da comunicação. Nesse sentido, a metodologia proposta constitui um relevante instrumento de trabalho para os educadores, possibilitando perceber, reconhecer e valorizar o potencial comunicativo das crianças na construção de uma sociedade mais plural, justa e democrática. O processo de desenvolvimento e sistematização da metodologia Educomunicação e Participação de Crianças teve início em 2010, durante uma série de encontros de formação para educadores sociais das cidades do Rio de Janeiro, Nova Iguaçu e Belo Horizonte. O grupo formado por 25 educadores se reunia bimestralmente em Lins de Vasconcelos, comunidade da região norte do Rio de Janeiro. A dinâmica de trabalho com os educadores partia do debate acerca de temas inerentes ao processo de desenvolvimento humano, pessoal e social de meninos e meninas, tais como, identidade, diversidade, direitos, cidadania e participação social, e promovia um rico ambiente criativo, onde oficinas, dinâmicas e brincadeiras eram elaboradas, compartilhadas e experimentadas. A medida em que os educadores participavam dos encontros formativos, os Cadernos do Educador eram estruturados: fazeres e saberes que convergem e apontam caminhos rumo a uma prática educativa voltada para a participação de crianças na família, na escola e na comunidade. Já em 2013, as oficinas dos Cadernos do Educador foram experimentadas e aplicadas em outro contexto: o Nordeste Brasileiro. Um grupo de 30 educadores das cidades de Recife e Jaboatão dos Guararapes, em Pernambuco, e da cidade de Inhapí, em Alagoas, participou de seminários formativos, quando puderam conhecer a metodologia e articular a proposta de Educomunicação e Participação de Crianças às atividades que já realizavam com meninos e meninas atendidos por suas instituições. Ao trazer a realidade e a vivência dos educadores do Nordeste para o processo de experimentação e sistematização da metodologia, novas formas de fazer, criar e provocar a participação das crianças foram incorporadas aos Cadernos do Educador.
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EDUCOMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO
DE CRIANÇAS O resultado das jornadas de formação e compartilhamento de experiências, vivências e conhecimentos é um trabalho escrito a várias mãos. Mãos que brincam, mas que também planejam; que participam de um rico processo de construção de conhecimentos, mas que também anseiam pela justiça e igualdade social; que promovem o encontro entre as realidades e fazem delas um amplo espaço de construção de saberes e vivências. Desejamos aos educadores e educadoras uma boa leitura! Que essa metodologia sirva de referência e suporte para práticas educativas orientadas para a promoção e defesa dos direitos humanos de crianças, prioridade absoluta no Brasil e um compromisso de toda a sociedade. Divirtam-se! Visão Mundial Brasil e Oficina de Imagens
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Visão Mundial Brasil A Visão Mundial Brasil (VMB) é uma organização não governamental humanitária que atua no Brasil desde 1975, com ações focadas na superação da pobreza infantil. A VMB está ligada à rede internacional World Vision. O compromisso com a transformação da sociedade leva a organização a trabalhar para mudar as estruturas sociais e sistemas injustos que oprimem as pessoas e reduzem as possibilidades de desenvolvimento das comunidades, em especial da vida de crianças, adolescentes e jovens. Para que isso seja possível, a VMB promove a justiça para a infância, a ajuda humanitária e a reabilitação, contribuindo para o desenvolvimento transformador e sustentável. Para isso, o trabalho é realizado através de parcerias com as comunidades, com foco no bem-estar de crianças, adolescentes e jovens dentro da perspectiva dos valores cristãos.
Oficina de Imagens Criada em 1998, a Oficina de Imagens – Comunicação e Educação é uma organização da sociedade civil de Belo Horizonte, MG, que atua há 15 anos para garantir os direitos de crianças, adolescentes e jovens. A instituição desenvolve projetos nos campos da comunicação e da educação, por meio da criação de processos inovadores e metodologias participativas. A Oficina de Imagens também se destaca pela realização de formações, produção de conteúdos, pesquisa e monitoramento de informações, voltadas para o público infanto-juvenil, educadores e atores do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente, focados nos Conselhos dos Direitos e Tutelares.
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Os Cadernos do Educador A metodologia Educomunicação e Participação de Crianças é organizada em três Cadernos do Educador: Infância e Integração de Grupo; Direitos Humanos para Crianças; Participação e Comunicação. Cada Caderno apresenta um conjunto de oficinas que podem ser realizadas com crianças de 6 a 12 anos em escolas, espaços comunitários, projetos sociais e bibliotecas. A metodologia apresenta diretrizes que orientam e fortalecem o trabalho de formação cidadã e participação social de crianças. Cabe ao educador adaptar essa proposta metodológica à sua realidade, ser flexível e sensível às demandas do espaço educativo e das crianças que dele participam. Cada Caderno é norteado por um objetivo geral, seguido por uma sequência de oficinas. As oficinas são guiadas por um objetivo específico - a intenção do processo educativo - com informações relacionadas aos resultados já obtidos por outros educadores a partir da atividade proposta. Para cada oficina, o Caderno apresenta o passo a passo para desenvolvimento da atividade, os produtos previstos, a lista dos materiais e equipamentos necessários, as questões norteadoras para aprofundamento dos temas, dicas, referências e depoimentos de educadores que participaram dos momentos de experimentação e sistematização da metodologia. Além de apresentar as oficinas, os Cadernos são compostos por textos conceituais que subsidiam a prática educativa. Importante ressaltar que as publicações não constituem uma fórmula pronta, mas um roteiro de referência para os educadores, que devem imprimir às atividades suas propostas e sua ação criativa. Nesse sentido, a metodologia Educomunicação e Participação de Crianças tem como objetivo apoiar o processo educativo, além de estimular o protagonismo dos educadores populares.
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Sete palavras e conceitos Educação. Educador. Educando. Comunicação. Comunicador. Educomunicação. Participação. Sete palavras. Sete conceitos. Sete pilares do fazer educativo voltado à participação social de crianças. O educador que for estudar e trabalhar com a metodologia apresentada nestes Cadernos deve começar sua preparação com uma reflexão sobre esses conceitos. Criar uma base conceitual que vai sustentar e nutrir sua prática educativa.
O que é educação? Educar? Educador? Educando? Existem várias traduções para a palavra educação e para o ato de educar. O conceito que será apresentado a seguir é resultado de uma escolha. Não uma escolha aleatória ou meramente técnica. É uma escolha orientada por uma visão de mundo e por uma visão de humanidade. Uma escolha ancorada na certeza do papel transformador da educação. Um ponto de partida é compreender e praticar a educação como a atividade humana capaz de transformar as potencialidades do ser humano em capacidades, competências e habilidades. Educação transforma o ser humano e o mundo. Todo ser humano nasce com potencial e tem direito a oportunidades para desenvolver o seu potencial. A educação é a principal oportunidade para o desenvolvimento de potenciais. Partindo desse entendimento, o educador é compreendido como um líder, um organizador e um cocriador (que cria conjuntamente) de acontecimentos. O educador, junto com seus educandos, é um produtor escolar, comunitário e social de acontecimentos estruturantes.
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tonio Carlos Gomes da Segundo o educador An ando paços para que o educ Costa, “educar é criar es nstrução de seu ser em possa empreender a co 1 ade is.” A corresponsabilid termos pessoais e socia são s do adores e educan e o diálogo entre educ o ucativo, para a construçã vitais para o trabalho ed de os sses espaços e encontr e o aproveitamento de educação.
COSTA, Antonio Carlos Gomes da. Educação por Projetos. Belo Horizonte: Modus Faciendi, 2002
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DE CRIANÇAS Também nessa perspectiva, o educando é um sujeito do processo educativo. Não é um passivo receptor da educação. Não é aquele que recebe a doação de experiências e conhecimentos alheios. O educando é parte e participante do ato de educar. Ser educador é, primeiro, reconhecer o direito de cada criança à educação. Educação é direito. Segundo: é reconhecer a importância da educação para o desenvolvimento humano, para o desenvolvimento pessoal e social de cada criança. Educação é humanização. Terceiro: é reconhecer a importância da preparação do educador para o trabalho de educar. Educar é trabalho árduo e metódico. Quarto: é reconhecer e aprender que educação se faz com diálogo, com o intercâmbio de experiências e aprendizagens. Educar é dialogar.
ia nhecedor da importânc O educador, uma vez co ar dit seu papel, precisa acre social da educação e do r da educação, se prepara na força transformadora s da m alé ucativa, ir para ousar na prática ed a no s rmas. Precisa usar su rotinas, dos manuais, da er nd a capacidade de apre experiência de vida e su ção contribuir com a constru ra pa do an uc ed o m co A tarefa de educar de um mundo melhor. ncia, decisão, firmeza, pressupõe ousadia, paciê e, fundamentalmente, desprendimento, amor rem eúdos e métodos a se nt co s do to en im ec nh co eparo para o trabalho trabalhados, além de pr ucativa. prático e para a ação ed
O educado r, no seu o fício, tem a de estimula missão r e motiva r o educan descobrir o novo. É p do a rec e opor tun idades que iso criar espaços con educando pensar a re tribuam para o alidade e in para a sua ter vir mudança.
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DE CRIANÇAS Aprender é uma das essências do humano. Aprender é caminho para o ser humano se manter atado ao mundo em constante processo de mudança. Daí a necessidade de provocar o ser humano, de aprender para estar no mundo, de agir e conhecer novos significados para a vida das pessoas e as sociedades. No mundo de hoje, é preciso educadores que façam fluir o saber que contribui para a melhoria da vida das pessoas e da humanidade. Ser educador é não ter medo de mudanças, é gostar do que faz, é saber lidar com a diversidade, com a individualidade e a subjetividade humana. Uma vez compartilhando entendimentos básicos sobre educação, educador, educando e a importância social dos espaços e encontros para a construção de diálogos, intercâmbios e aprendizagens, é preciso avançar: conhecer, entender e se preparar para aplicar a Educomunicação no trabalho de educar crianças para a convivência, a mobilização e a participação política.
O que é comunicação? Comunicador? Educomunicação? Participação? Todo ato educativo é um ato comunicativo e todo ato comunicativo é educativo2. Essa é a concepção que orienta a proposta metodológica dos Cadernos do Educador. A comunicação é pensada como processo e produto, como meio e finalidade. Aqui, o educador conhecerá elementos para utilizar o pensamento comunicacional e as linguagens da comunicação na construção de uma cultura de participação e promoção do jetiva, dução bem simples e ob Comunicação, numa tra diálogo entre as crianças e delas com a uma ar tilhar. Comunicação é mp co É m. mu co ar rn to é enta família, a comunidade, a escola. ser humano, uma ferram Comunicação? Simples! Todos se comunicam. É coisa corriqueira. Mas, afinal, o que é comunicação e qual sua importância para as sociedades e para o trabalho educativo?
necessidade básica do esso de socialização. A fundamental para o 3proc a relacional a defende a perspectiv pesquisadora Vera Franç ução e é um processo de prod ão aç nic mu co a al qu na realizado ntidos entre os sujeitos, compar tilhamento de se eo, TV, víd , de informações (rádio por meio da produção s, are entre mas também gestos, olh jornal, textos, imagens, e, de terminado contexto qu de em ido er ins e s) tra ou ntidos. na construção de tais se alguma forma, interfere
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Roberto Aparici (1998)
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FRANÇA, Vera R. V. Paradigmas da comunicação: conhecer o quê? In: MOTTA, L. G.; WEBER, M. H.; FRANÇA,V.; PAIVA, R. (Org.). Estratégias e culturas da comunicação. Brasília: Ed. UnB, 2002. cap. 1, p. 13-29.
EDUCOMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO
DE CRIANÇAS Comunicação é um direito humano. Todas as pessoas têm direito à comunicação, o que envolve o direito à livre manifestação de opiniões e ideias, o direito de acesso aos meios de comunicação e o direito à produção e circulação de conteúdos. O ser humano e as sociedades humanas se fundam na capacidade de comunicação: transmissão de tradições e padrões de convivência, estabelecimento de relações pessoais e sociais, compartilhamento de aprendizagens. Em síntese, socialização, educação, intercâmbio social. A comunicação é, portanto, um processo central para as relações entre as pessoas na sociedade. Quando a comunicação é colocada em foco, é comum as pessoas pensarem imediatamente nos programas de televisão, nos sites na internet, nas músicas no rádio e notícias no jornal. Mas é importante alargar esse entendimento. As pessoas se comunicam, cotidianamente, nas suas relações pessoais, familiares e comunitárias. Conversas, olhares, gestos, leituras e escritas, tudo é comunicação. Partindo dessa compreensão da comunicação, ser comunicador é uma das características de um bom educador. A educação é comunicativa. E uma educação que se baseia no diálogo deve se empenhar na construção de canais simples e coletivos de comunicação. Deve buscar estratégias comunicacionais que contribuam para a melhoria das relações de ensinoaprendizagem e das relações sociais. Assim, a Educomunicação começa a ser apresentada: uma forma de pensar e fazer educação que se baseia na compreensão da importância da comunicação para as relações humanas e para o exercício da democracia.
Educomu desenvolv nicação implica no imento d e metodo orientad lo gia as para a cidadã e formação s o exercíc io do dire expressã o e opiniã it o – centr o de desenvolv a l para o imento in tegral de adolesce crianças, ntes e jov ens -, a p uso de m artir do ídias com o a fotog vídeo, o r rafia, o ádio e a in ternet.
No desenvolvimento de práticas de Educomunicação, o educador contribui para que os educandos tenham uma leitura crítica de mundo, oferecendo-lhes informações de qualidade e mediando a construção de valores e significados sobre a vida em sociedade. Nesse sentido, é importante perguntar: nos dias de hoje, quem educa as crianças? Quem
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DE CRIANÇAS participa dos processos de desenvolvimento humano e social das crianças? As famílias, as escolas, as comunidades, as igrejas, as organizações políticas e sociais, os meios de comunicação? Desde a década de 80, quando os aparelhos de TV tornaram-se equipamentos mais populares e acessíveis, a televisão tem ocupado um lugar de destaque na vida das crianças. Estudos apontam que crianças passam em média três horas por dia diante dessa mídia. Importante destacar que muitas das programações destinadas ao público infantil têm pouco ou nenhum conteúdo educativo. Atualmente o mercado das comunicações oferece programações que estimulam o consumo, a disputa, a violência, a precocidade da sexualidade, a competitividade e valores que muitas vezes reforçam preconceitos etnicorraciais, sociais e econômicos. Ademais, a recente popularização dos computadores e do acesso à internet contribui para que meninos e meninas participem de uma rede que favorece a produção e o acesso a informações de origens e intenções variadas. Sendo assim, é possível dizer que a família, a escola, a comunidade e os meios de comunicação, particularmente a televisão e a internet, dividem o tempo da criança, sua imaginação e suas vivências, os momentos e espaços onde ela começa a construir seus significados e valores para a vida. Cada vez mais os meios de comunicação estão presentes nesse processo, com uma enorme diversidade de conteúdos e informações. Por isso é fundamental que a escola, a família e a comunidade estejam empenhadas no processo de leitura que a criança faz do mundo, a partir dos meios de comunicação. Ser educador é trabalhar para a garantia desse direito. É criar espaços e oportunidades na prática educativa, para que os educandos aprendam e desenvolvam as capacidades de formular e expressar opiniões. Aprendam e desenvolvam as capacidades de receber e transmitir, criticamente, informações e ideias. Aprendam e desenvolvam capacidades para acessar todos os meios de comunicação de forma crítica e cidadã.
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ão Universal dos O artigo 19 da Declaraç que “toda pessoa tem Direitos Humanos diz inião e expressão; este direito à liberdade de op de, sem interferência, direito inclui a liberdade ar, receber e transmitir ter opiniões e de procur r quaisquer meios e informações e ideias po fronteiras”. independentemente de
EDUCOMUNICAÇÃO E PARTICIPAÇÃO
DE CRIANÇAS Ser educador é mostrar para o educando o potencial que cada pessoa tem para contribuir com a mudança social. E quando se tem foco nas crianças, é preciso reconhecer e valorizar suas opiniões em uma sociedade adultocêntrica, especialmente quando se pensa em tudo aquilo que é básico na vida de uma criança: a família, a educação, as brincadeiras, a comunidade/cidade onde mora, entre outros aspectos. Crianças têm direito à participação. E a Educomunicação busca potencializar esse direito. Aprender a participar é desafio central para a formação dos cidadãos. É preciso, desde a infância, educar as crianças para a participação livre, competente, solidária, democrática. Os conteúdos e as atividades propostas neste Caderno caminham nessa direção. Buscam contribuir para a formação de crianças participativas na família, na escola, na comunidade e em todos os demais contextos sociais. Algumas perguntas nos ajudam a pensar sobre tudo isso. Em que medida a educação praticada nas escolas, nas famílias e nas comunidades garante às crianças o seu direito à livre expressão e opinião? Em que medida os educadores conhecem o que elas pensam e constroem a respeito dos diversos assuntos? Como criar espaços de diálogo onde a criança exerça seu potencial para a comunicação e participação? O exercício do direito à expressão e à opinião pressupõe um processo amplo de conhecimento dos direitos humanos, construção de cidadania e protagonismo. Mas como fazer com que a comunicação seja capaz de provocar mudanças? Estes Cadernos não tem o objetivo de responder todas as perguntas que faz. Seu propósito é contribuir para a construção de novas formas de ver, pensar e agir em relação às crianças. Para isso é fundamental exercitar o pensamento e a prática educomunicativa, buscando convergir ações em prol do fortalecimento da participação infantil na família, na comunidade e na escola.
O diálogo do educador com a fam ília, a escola e a comunidade é fundam ental no processo de formação cidadã das crianças, assim como é important e que os educadores estejam em contato com os atores do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolesce nte.
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Três passos fundamentais
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Primeiro passo: planejar Além de trabalhar conceitos centrais para a prática educativa, os Cadernos avançam para a tradução prática desses conteúdos. Apontam caminhos e operações que podem facilitar o trabalho educativo. O educador precisa definir com clareza suas estratégias e as operações básicas para a organização, a condução e a eficácia de sua prática. Não basta conhecer os conceitos. É preciso saber fazer. E esse saber começa a ser construído no exercício do planejamento. Um educador que pesquisa e estuda o tema que será trabalhado com as crianças consegue dialogar melhor e contribuir para a construção de conhecimentos. Um educador que planeja sua atividade consegue estabelecer uma intenção, um objetivo para o seu trabalho com as crianças. Um educador que define o passo a passo da sua atividade tem mais segurança no fazer educativo e prepara o espaço e os materiais de forma adequada. A metodologia aqui proposta é, de certa forma, uma facilitadora do trabalho educativo. Ela apresenta uma série de oficinas já planejadas, com objetivos claros, roteiros de atividades, dinâmicas, dicas e referências, além de listas com os materiais necessários para cada ação proposta. Entretanto, é preciso ler, estudar, pesquisar, analisar os planejamentos propostos e, a partir deles, construir um planejamento que seja condizente com a sua realidade. Além disso, é fundamental que o educador perceba a metodologia como uma trajetória possível, que foi desenvolvida e testada por outros educadores, mas que, nem por isso, se apresenta como um guia rígido, engessado. Muito pelo contrário, essa trajetória pode ser atravessada por outros caminhos e possibilidades. Ela permite adaptações, inclusões, exclusões. Pela própria natureza participativa, que busca atuar conforme o ritmo, o contexto e as demandas do grupo de crianças, o educador que fizer uso desses Cadernos deve ser propositivo, criativo e atento aos novos rumos e trajetórias. Em outras palavras, é possível alterar a ordem das oficinas, adaptá-las, criar novas práticas e dinâmicas para o fazer educativo.
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Dessa forma, ANTES DE CADA OFICINA, o educador deve: Ler e analisar o planejamento com vistas a adaptá-lo à sua realidade; Refletir sobre o objetivo do dia; E studar o tema proposto para o dia e, se possível, pesquisar materiais complementares como vídeos, livros, imagens, histórias, músicas, entre outros; Preparar brincadeiras e dinâmicas de interação para abertura e encerramento das atividades; Preparar dinâmicas para que as crianças possam se avaliar e avaliar a atividade no seu encerramento; hecar as condições do espaço que será utilizado e prepará-lo para receber as crianças de forma C lúdica e criativa; Organizar os materiais e equipamentos que serão utilizados nas atividades; E m caso de utilização de revistas para recorte/colagem, evitar aquelas que contenham conteúdo impróprio para a faixa etária dos educandos (exemplos: imagens de violência, bebidas alcoólicas, exposição do corpo).
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Segundo passo: realizar Um educador em campo é como um ator em cena: todos os olhares são voltados para ele, que pode ser o centro das atenções, e as crianças demandam orientações, respostas, limites, incentivos. É com esse direcionamento que um educador deve subir ao palco, ou melhor, adentrar a roda educativa. Estando com sua atividade bem planejada, o ato de realizar a oficina se torna mais leve e fluído. Entretanto, é preciso estar atento para as variações no ambiente e no grupo de crianças. Interferências externas, atrasos, problemas nos materiais e equipamentos podem atrapalhar a atividade e, diante dessas situações, o educador deve estar preparado para adaptar, inovar e recriar. Cada criança é um ser histórico cultural, que carrega suas visões de mundo, suas práticas e vivências na família e na comunidade. Assim, durante a oficina, o educador deve estar atento para perceber singularidades nas crianças, provocando sua participação e respeitando seus limites de atuação dia após dia. Nossa sociedade ainda apresenta marcas de preconceito racial, social e de gênero e, geralmente, situações discriminatórias acontecem no desenvolvimento das oficinas. Dessa forma, é papel do educador abordar tais situações, discuti-las e problematizá-las no sentido da construção de um espaço de convivência harmônica no qual todos os sujeitos (crianças e educadores) zelam pelo respeito às diversidades. É comum vivenciar nos grupos algumas práticas conflituosas, por vezes agressivas e transgressoras de regras, outras vezes silenciosas. Assim, em alguns casos é necessário chamar uma criança ou um pequeno grupo de crianças para conversas individuais durante ou após a oficina. Quando isso acontece é importante o cuidado do educador no sentido de não expor as situações conflituosas e as crianças aos demais participantes. É importante perceber se as crianças estão alegres, animadas, saudáveis ou tristes, cabisbaixas, “estranhas”. Muitas vezes, a escola ou o espaço educativo podem ser um dos locais nos quais a criança manifesta sintomas de problemas na família e na comunidade, ou situações de violência sofridas, por exemplo. Quando isso acontece, é papel do educador, conforme diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (artigos 56 e 245) encaminhar os casos ao Conselho Tutelar, fazer denúncias e, se possível, acompanhar o andamento dos casos.
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Dessa forma, DURANTE CADA OFICINA, o educador deve: Ser alegre, pois a energia e a disposição do educador motivam a participação efetiva do grupo; Ser provocativo, questionador, sensibilizador, estimulando as crianças a opinar e participar; Comprometer-se com a oficina e acreditar nos objetivos propostos; Sempre que necessário discutir em grupo e trabalhar numa abordagem cidadã as situações discriminatórias, como preconceitos, mitos e tabus; Incentivar a leitura e a escrita; Trabalhar para a construção de relações de respeito e gentileza entre os participantes, nas quais “Bom dia”, “Muito Obrigado” e “Desculpe-me” estejam sempre presentes; Respeitar as diferentes formas de participação das crianças; Incentivar o trabalho colaborativo entre as crianças; Quando necessário, dar atenção individual às crianças que apresentarem demandas diferenciadas (conversas individuais após ou durante as oficinas).
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Terceiro passo: avaliar Para além de desenvolver as atividades com as crianças, é preciso avaliá-las, a partir de uma ação contínua e sistemática. O processo de avaliação facilita a observação daquilo que deu certo ou que deu errado. Ajuda o educador a repensar sua prática e a trajetória metodológica que vem seguindo. A avaliação contribui para percepção do educador sobre o processo de desenvolvimento das crianças, mas também colabora na sua própria autoavaliação, auxilia no redirecionamento ou continuidade do planejamento e indica os resultados alcançados ou não. Por isso e por tantas outras razões é importante avaliar! Avaliar a atividade, nos avaliar, avaliar nossos educandos e promover momentos nos quais as crianças possam realizar suas próprias autoavaliações. Ao final de cada um dos Cadernos do Educador você encontrará sugestões de atividades de avaliação a serem realizadas com as crianças; é importante que essas atividades sejam diversificadas e divertidas. No exercício de autoavaliação, a criança percebe o seu potencial de participação na atividade, e ainda contribui para que o educador reflita sobre os resultados do seu trabalho. Lembrese que quando as crianças fizerem suas auto avaliações por escrito, não precisarão se identificar e só terão suas opiniões divulgadas ao grupo se desejarem. Para avaliar a metodologia, o passo a passo percorrido nas atividades, ao final dos Cadernos, você também encontrará uma ficha de avaliação (a ser preenchida pelo educador após a oficina). O ideal é que essas fichas possam ser preenchidas após todas as atividades e consultadas antes da atividade posterior. Mas, caso não seja possível estabelecer essa periodicidade, defina um período para avaliação que pode ser semanal, quinzenal ou mensal. Por fim, é importante dividir os resultados, os avanços, as angústias e os desafios do processo educativo com outros educadores, coordenadores e supervisores que possam, por meio do olhar daquele que é “de fora”, contribuir com a avaliação e o redimensionamento da prática com as crianças.
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DE CRIANÇAS Dessa forma, APÓS CADA OFICINA, o educador deve: Diversificar e garantir a realização de dinâmicas de avaliação das crianças; efletir sobre o objetivo do dia, verificar se ele foi cumprido e apontar as ações que ficaram para o R próximo dia; reencher a ficha de avaliação, com vistas a registrar a avaliação, os resultados e os encaminhamentos P do processo pedagógico; Compartilhar suas impressões sobre as oficinas com outros educadores da sua instituição e da sua comunidade.
ntra a Na página 90 você enco xerocar, Ficha de Avaliação para ade! vid ati a copiar e avaliar su
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Infância e Integração de Grupo Ser criança é o momento mais especial e importante entre as diferentes fases do desenvolvimento humano. É ter na cabeça fantasias, sonhos e os olhos atentos a tudo que acontece. É, principalmente, ter o corpo e a mente em constante movimento. É ter curiosidade, medo, fazer muitas perguntas, indagar, investigar! É transformar a realidade e ser transformada por ela por meio das brincadeiras e de suas múltiplas possibilidades de invenção e transformação. É amar e ser amada, é receber cuidado, carinho e atenção, é se sentir segura e protegida. É conhecer o mundo e tornar a vida uma aventura constante cheia de possibilidades, desafios e ulo Freire, ”é Conforme nos ensina Pa aprendizados. olharmos para as fundamental, portanto, Pensar a infância e seu processo cultural de desenvolvimento é nosso ponto de partida, a base que sustenta o trabalho educativo engajado na participação infantil. Um trabalho solidário e colaborativo que busca envolver meninos e meninas em atividades de formação cidadã e participação na vida social, familiar e comunitária.
ras e transmissoras crianças como produto ser identificadas, de culturas que devem vadas, ou seja, potencializadas e preser ecer as crianças com precisamos olhar e conh próprias têm sobre si base no olhar que elas infâncias pelas vozes e o mundo, conhecer as todos nós, crianças das crianças! Com isso, s para essa eterna e adultos contribuiremo novidade no mundo”.
As oficinas propostas neste primeiro Caderno buscam contribuir para a vivência das crianças em grupo e o reconhecimento da infância por meio de atividades de autoconhecimento, integração e percepção da realidade na família, na escola e na comunidade. São oficinas fundamentais para a ação educativa ancorada no respeito aos direitos humanos e na participação das crianças na família, na escola e na comunidade. Reconhecer a identidade de um grupo implica em conhecer a si próprio e conhecer o outro. Perceber as características que são comuns entre os colegas e as diferenças que expressam singularidades, formas de ser, pensar e viver que são peculiares a cada pessoa, grupo familiar ou comunidade. Para conhecermos a criança e suas diferentes formas de expressão e vivência é
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importante conhecermos sua cultura, seus costumes, tradições e valores - cada um tem seu jeito próprio de ser, sentir e estar no mundo. Quando falamos em “identidade” ou “identidades” devemos sempre estar bastante atentos, pois tratase de um tema que envolve comportamentos, sentimentos, modos de ser, de viver e de se relacionar que são próprios de cada pessoa. Todas essas características são, ainda, marcadas por histórias de vida, contextos sociais, laços familiares e afetivos, crenças e valores particulares. A cultura é nossa herança social. Como Brasileiros e Brasileiras que somos, sofremos influências dos portugueses, negros, índios e também dos imigrantes de vários países. Somos um povo constituído por diferentes influências culturais e de grande diversidade étnicorracial, sexual, econômica e social. Sabemos que toda criança traz consigo vivências e experiências muitas vezes impregnadas por mitos, tabus e significados diferenciados da realidade. Existe uma versão construída pela criança que envolve crenças e valores transmitidos pelos grupos e meios nos quais ela está inserida, mas que são ressignificados no seu cotidiano e nas suas interações sociais, seja na escola, na família ou na comunidade. A criança recria novos sentidos para a sua visão e vivência da realidade. É nesse universo que atuamos. A partir do lúdico, da construção de histórias e da expressão artística, buscamos contribuir para a melhoria dos processos de diálogo da criança com seus pares. Daí ser a cultura um forte agente de reconhecimento pessoal e social, um modelo de comportamento que integra segmentos sociais e gerações, desperta os recursos internos do indivíduo e fomenta no primeiro sua interação com o grupo. O desenvolvimento cultural As atividades previstas pacidade é, portanto, um fator essencial para a vida de meninos e Caderno estimulam a ca ência de criativa da criança, a viv meninas a medida que, a partir dele, a criança se realiza como próximo ao o eit novos saberes, o resp pessoa e expande suas potencialidades desde muito cedo. ão sobre vis e a construção de uma sabilidades. os direitos e as respon
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O aprendizado de atitudes de tolerância e respeito à diversidade tem a ver com o direito à educação, o direito à igualdade de oportunidades e o direito à participação na sociedade. Por isso mesmo, representa um grande desafio a ser enfrentado pelos sistemas de ensino na construção das suas bases político-pedagógicas. A família ocupa um espaço central na vida da criança. É nela que se encontram os primeiros ensinamentos, os quais servirão de norte e refletirão por toda vida adulta, permitindo que a criança se desenvolva em todos os aspectos, de forma integral. A importância da família para a formação individual é ainda mais complexa: é no ambiente familiar que aprendemos certos hábitos, costumes e valores que definirão nossas escolhas durante a vida adulta. Por isso, a comunicação entre pais e filhos é fundamental; o diálogo, as experiências de aprendizado, de amor, de limite e respeito devem estar sempre em sintonia e sendo vivenciadas de forma coerente. A participação da família no ambiente escolar e na comunidade é, nesse contexto, fundamental no processo de desenvolvimento de meninos e meninas. Família, escola e comunidade são os principais suportes com os quais a criança pode contar para enfrentar inúmeros desafios. Quando esses pilares atuam de forma integrada é mais fácil identificar as a família quanto dificuldades vivenciadas pelas crianças com as crianças: Tanto Falando de sexualidade s a informar a e também perceber suas capacidades eparados e predisposto pr tar es m ve de la co es a , incluindo o senvolvimento humano de de e habilidades no processo de so es oc pr o e br a criança criança so muito importante que É . de da ali xu desenvolvimento. se da to desenvolvimen rticularidades Neste Caderno, são propostas atividades com quebra-cabeças, fantoches, bonecos de massinha, entre outras formas expressivas. De maneira lúdica e atrativa, as oficinas possibilitam à criança descobrir a si mesma e ao
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bre o seu corpo, suas pa tenha conhecimento so s de gênero. A xualidade e às diferença se à o eit sp re diz e qu no mana e seu te da personalidade hu ran eg int rte pa é de da ssidades sexuali e da satisfação de nece nd pe de l ve dá sau to en desenvolvim , intimidade, expressão mação, desejo, contato or inf mo co s tai as, sic bá em um processo e amor. Ela é construída ho rin ca er, az pr al, ion xualidade, de emoc desenvolvimento da se no ple o e l cia so ão aç para o de inter de violência, é essencial re liv e ida eg ot pr l, ve forma saudá bem-estar das crianças.
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outro, conhecer e aprender a lidar com a diversidade e desenvolver o seu potencial crítico e criativo diante da realidade social. Para cumprir esses objetivos, as oficinas propõem uma série de dinâmicas de integração e atividades que estimulam, a todo o momento, a participação das crianças, o respeito às diferenças e uma convivência social e familiar mais saudável. As práticas educativas propostas buscam reconhecer e valorizar o saber trazido pelas crianças, como também apresentar informações que fazem parte do dia a dia delas, seja na família, na escola ou na comunidade. Buscar referências positivas na família, na escola e na comunidade faz com que as crianças percebam valores que irão contribuir com a sua autoestima e também com a melhoria de suas relações sociais e familiares.
Os Cadernos do Ed ucador são estrutura dos a partir de um conju nto de oficinas. Aqui, entende-se oficina co mo uma atividade educativa que parte de um objetivo e é organizada com princ ípio (abertura), meio (desenvolvimento) e fim (encerramento). No decorrer de um a oficina podem ser realizadas dinâmicas, brincadeiras e gr upos de trabalho. É como se uma oficina fosse o todo e as dinâmicas, brincadeiras e gr upos de trabalho as várias pa rtes que, juntas, busc am alcançar o objetivo previsto.
precisa das oficinas, o educador to en im olv nv se de m Para o bo trabalhado, ar no objetivo que será conhecer o tema, acredit o das atividades ferência na coordenaçã re mo co e r-s nta se re ap espaço ites e possibilidades do lim s do o çã tru ns co na e s se sintam portante que as criança educativo. É também im biente da am funcionamento e pelo responsáveis pelo bom da ão s crianças educador e a participaç do ão uç nd co A a. cin ofi a agradável unem em prol de um clim se e qu s nto me ele mente. são do é construído coletiva iza nd re ap de ço pa es no qual o o de Regras de a oficina de Construçã Na página 83, conheça em qualquer ? que pode ser realizada do ina mb Co ia: nc ivê nv Co com as crianças. momento do trabalho
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O QUE É
SER CRIANÇA?
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O que é ser criança?
Objetivo: Conhecer a visão das crianças sobre infância. Essa atividade valoriza o saber trazido pelas crianças e a percepção que elas têm sobre a fase da vida na qual estão inseridas.
Materiais necessários: Produto previsto: Brinquedos com materiais recicláveis.
Garrafas pet, caixas de leite, potes vazios, entre outros materiais recicláveis. Além de barbante, cola branca, tinta guache, pincéis, papéis coloridos, lápis de escrever e papel A4.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira de abertura. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Apresentação do grupo: propor uma dinâmica na qual as crianças possam se apresentar falando seus nomes, seus interesses, o que gostam e o que não gostam de fazer em casa, na comunidade, na escola, etc. 3. Para iniciar a atividade, o educador pode apresentar às crianças os principais temas que serão trabalhados nas oficinas (Direitos Humanos, Comunicação e Participação). Para tanto, é possível utilizar imagens, objetos e dinâmicas variadas, conforme o perfil das crianças participantes. É importante mostrar às crianças o Caderno do Educador, referência que irá guiar o trabalho ao longo das oficinas.
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4. Em seguida, as crianças serão convidadas a confeccionar um brinquedo com materiais recicláveis. É recomendado que o grupo esteja sentado em volta de uma mesa com os materiais no centro. Podem ser construídos bonecos, carrinhos, casinhas, aviõezinhos, tudo que a criatividade permitir! 5. Com os brinquedos prontos, em roda, o educador será o mediador de um bate-papo sobre infância: • O que é ser criança? • O que criança gosta de fazer? • Quais são os brinquedos e brincadeiras preferidas pelas crianças? • Quais são os direitos das crianças? Cada criança deve ter tempo para apresentar suas opiniões. Se as crianças forem alfabetizadas, ou em fase de alfabetização, o educador pode orientar a construção de palavras ou frases respondendo a questão. “O que é ser criança?”.
Fechamento: 6. Encerrar a oficina explicando ao grupo de crianças o funcionamento do trabalho: dia das oficinas, horário, local, regras comuns, entre outros. Além disso, o educador deve apresentar a proposta da próxima oficina. 7. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação– Pág. 90.
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Dicas: Os brinquedos dizem muito sobre o tempo, a cultura e as características de um povo. Uma coisa, no entanto, não muda: o encanto que causam nas crianças. Com objetos simples, elas se entretêm e viajam para um mundo de imaginação - se transformam em cavaleiros e equilibristas, voam pelos céus... Para incrementar ainda mais esses momentos de diversão, o educador pode propor aos pequenos uma oficina em as crianças ensinem para as pessoas da comunidade os seus jogos e brincadeiras favoritas.
Referências: Pesquisa na internet Brinquedos com materiais recicláveis Sugestão de leitura O menino que espiava pra dentro, de Ana Maria Machado Filmes e vídeos Documentário Brincantes - Parabolé Educação e Cultura Músicas Aquarela – Toquinho Toda criança quer – Palavra Cantada Bom é ser criança – Toquinho
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OFICINA
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DIVERSIDADES: O ÍNDIO, O NEGRO E O BRANCO
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Diversidades: o índio, o negro e o branco.
Objetivo: Trabalhar a diversidade étnicorracial em nossa sociedade abordando a tríade que compõe o povo Brasileiro: índio, negro e branco. A atividade possibilita a abordagem sobre diversidade a partir das vivências do próprio grupo, além de contribuir para a ampliação da visão de mundo das crianças sobre o respeito às diferenças a partir da história da colonização Brasileira.
Produto previsto: Mural com quebra-cabeças montados e coloridos pelas crianças.
Materiais necessários: História da colonização, xerox dos personagens do jogo quebra-cabeça (anexo), mapa ou globo terrestre, cola branca, papel branco A4 e lápis de cor.
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Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira de abertura seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Converse com as crianças sobre a atividade do dia: conhecer e discutir a diversidade do povo Brasileiro através das diferenças existentes entre índios, negros e brancos. 3. O educador dá início à atividade contando a história da colonização Brasileira de maneira simples e ilustrativa. É indicado o uso da imagem do mapa-mundi para que as crianças consigam ter dimensão territorial e possam se localizar no contexto do planeta. Além de perceber os movimentos da colonização Brasileira, relacionando os continentes da América, África e Europa. 4. Para ilustrar a diversidade étnicorracial no nosso país, o educador pode fazer referência às próprias crianças do grupo, aos professores da escola e aos moradores da comunidade. Em qualquer grupo de pessoas, podemos perceber diferenças por meio das suas características externas como a cor da pele, dos olhos, o formato do nariz, os tipos de cabelo. Na realidade Brasileira, podem ser encontrados indivíduos indígenas, negros, brancos, asiáticos, etc. A maior parte da população resulta de mestiçagens várias de todos esses grupos entre si, em maior ou menor grau. 5. Construção do “Quebra-Cabeça da Diversidade”: cada criança recebe um kit de quebra-cabeça, com seis peças para montagem de um personagem – índio, negro ou branco. Obs.: O educador deve recortar e separar as peças dos personagens do jogo quebra-cabeça antes do início da oficina. Sugestão: para dinamizar a atividade, o educador pode misturar as peças do quebra-cabeça para que as crianças exercitem o diálogo ao negociarem com os colegas as peças faltantes de seu jogo. A brincadeira pode também ser realizada em grupo, de acordo com o perfil das crianças. 6. Montagem do quebra-cabeça: • Colagem do personagem índio, negro ou branco em papel A4. • Identificação dos personagens com nome e características. • Colorido do quebra-cabeça. • Criação de uma história sobre esse personagem: onde ele mora, o que ele come, qual é sua música preferida, o que gosta de fazer, o que ele não gosta de fazer? 7. Apresentação dos personagens e suas histórias.
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Fechamento: O Brasil é formado por uma mistura de muitas raças e todos devem se respeitar para convivermos em harmonia. 8. Combinados para montagem de um mural. A montagem do mural deve ser coletiva, contando com a participação de todos os envolvidos na atividade. 9. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90. Tarefa para casa: Pesquisar e trazer para a próxima atividade exemplos das heranças culturais deixadas pelos índios, negros e brancos.
Depoimentos: “Eu pedi para as crianças repararem em como eles eram diferentes. Daí surgiram observações sobre o colega que tinha os cabelos cacheados, o outro que tinha o cabelo loiro, etc. Mas, ainda assim, todo mundo estava participando da mesma oficina e tendo seus direitos respeitados”. Jandira Santos, PDA Mandacaru
Dicas: Leitura Coletiva - Para estimular as crianças a refletirem sobre as três raças que compõem o povo Brasileiro é possível recortar trechos da história da nossa colonização, enumerá-los e sorteá-los para que cada criança possa ler uma parte da história.
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Referências: Sugestão de leitura Luana: A menina que viu o Brasil neném, de Aroldo Macedo e Oswaldo Faustino Kabá Darebu, de Daniel Munduruku Pretinho o meu boneco querido, de Maria Cristina Furtado Filmes e vídeos Pajerama, de Leonardo Cadaval
Músicas Torê-Caboclinho, em Domínio público Capoeira - Tim, Tim, Tim, de Mestre Suassuna O Vira, de Roberto Leal
História da Colonização Brasileira Antes da chegada de Cabral, já existiam nesta terra aproximadamente seis milhões de habitantes de diferentes povos indígenas. Os índios tinham um contato muito próximo com a natureza e cada povo tinha seus costumes, sua língua, suas crenças e seu modo de vida. As crianças eram criadas e respeitadas por todos. No ano de 1500, começaram a chegar ao Brasil grandes barcos - chamados caravelas - com homens, mulheres e crianças brancas vindas de um país chamado Portugal. Este país fica do outro lado do oceano num continente chamado Europa. Nessa época, vários países do continente europeu, como a França, a Inglaterra e a Espanha, navegaram pelos oceanos em busca de novas terras. Conhecidos como colonizadores, esses grupos de pessoas tinham o objetivo de explorar riquezas naturais dos países sul-americanos. Com esse propósito, iniciou aqui no Brasil em 1502 a exploração do pau-brasil e da cana-de-açúcar, muito abundantes em nossas terras. Os índios que já viviam no Brasil lutaram contra a invasão desses colonizadores, eles não queriam perder sua terra e sua vida tranquila com a natureza. Infelizmente, muitas tribos indígenas desapareceram nessa época. Alguns anos depois, os brancos começaram a trazer para o Brasil pessoas negras que vinham de diferentes países da África - um lugar que também fica do outro lado do oceano só que no continente africano. Com muita violência, os negros foram retirados de sua terra, a África, e tornaram-se escravos dos europeus aqui no Brasil. Os escravos eram obrigados a trabalhar sem ganhar dinheiro para que os portugueses pudessem construir uma nova sociedade no Brasil. Muitas lutas aconteceram nessa época entre brancos e negros. Os negros sempre lutaram por sua liberdade! A história do nosso país tem mais de 500 anos. Nesse tempo, índios, negros e brancos lutaram para garantir seu espaço e mostrar a sua diferença. Carregamos, dentro de nós, as heranças dessas culturas e sabemos hoje valorizar a importância de cada uma delas para a construção da nossa nação. O Brasil se tornou um país mestiço e essa mistura está presente na nossa família, entre amigos, na comunidade. É só observar as diferenças!
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Quebra-cabeças da diversidade
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Faça uma cópia xerox, recorte e brinque.
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Quebra-cabeças da diversidade Faça uma cópia xerox, recorte e brinque.
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Quebra-cabeças da diversidade
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Faça uma cópia xerox, recorte e brinque.
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OFICINA
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CONHECENDO AS DIVERSAS CULTURAS
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
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Conhecendo as diversas culturas
Objetivo: Trabalhar com as crianças as origens culturais e costumes dos povos indígena, africano e europeu presentes no dia a dia. A diversidade de raças, culturas e etnias presentes no Brasil resultou numa miscigenação que promoveu uma grande riqueza cultural no país. Por isso, encontramos inúmeros costumes, pratos típicos, sotaques, vestuários e religiões na nossa cultura.
Produto previsto: Cartaz
Materiais necessários: Cartolina, cola, tesoura, papéis coloridos, canetinhas coloridas, revistas e jornais para recorte.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira de abertura, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Converse com as crianças sobre a atividade do dia: conhecer e discutir a diversidade cultural, os costumes locais e regionais, a partir da pesquisa feita pelas crianças. 3. O educador inicia os trabalhos perguntando às crianças sobre os resultados da pesquisa sobre as heranças culturais. O que descobriram? O que trouxeram? Quais foram as dificuldades encontradas na realização da pesquisa? Quem os ajudou com a pesquisa?
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4. Orientar a divisão das crianças em subgrupos para construção de cartazes temáticos. Cada cartaz deve expressar elementos da cultura dos povos indígenas, africano e europeu. As informações produzidas na oficina anterior como quebra-cabeças, histórias e demais elementos podem ser usadas na atividade do dia. 5. Apresentação dos cartazes.
Fechamento: 6. O educador deve pontuar que cada pessoa, família e comunidade têm seus costumes, crenças e valores. Todos nós temos o direito de preservar nossas manifestações e tradições culturais e sermos respeitados e valorizados nas nossas diferentes escolhas. 7. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
Dicas: Essa atividade pode se tornar um itinerário formativo que convida comunidades e crianças pra um intercâmbio cultural. Podem ser convidados comunidades quilombolas e grupos de matrizes africanas, povos de cultura cigana, comunidades ribeirinhas, entre outros. Outra possibilidade é convidar as famílias para fazerem junto com as crianças um resgate das brincadeiras e cantigas do tempo de seus pais e de seus avós, ampliando as possibilidades de diversão e criação de jogos e brincadeiras.
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Referências: Sugestão de leitura O tom é gorducho, de Márcia M. D” Hease A chave que queria ser porta, de Elizabeth Den Julio Benedito, de Hugo Monteiro Pereira Filmes e vídeos Brincando com os Deuses – Curta documentário sobre a infância em um terreiro de Candomblé Livros Animados - A Cor da Cultura – Ministério da Educação Tem gente 01 - Hermínia Bragança e Fabiano Maciel Músicas Saiba, de Arnaldo Antunes Na Massa, de Arnaldo Antunes O Uirapuru, de Pequeno Cidadão
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OFICINA
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CONHECER PARA RESPEITAR O NOSSO CORPO
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Conhecer para respeitar o nosso corpo
Objetivo: Refletir sobre a importância de conhecer e respeitar o próprio corpo e das pessoas com as quais as crianças convivem.
Produto previsto: Construção de um (a) boneco (a).
Materiais necessários: Papel A4, canetinhas coloridas, papel pardo ou cartolina, fita-crepe.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Converse com as crianças sobre a atividade do dia: reconhecer as diferenças físicas de meninos e meninas e perceber a importância de conhecer seu próprio corpo e de respeitar os limites do corpo das outras pessoas com as quais as crianças convivem.
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3. Bate papo em roda: • Para que serve o nosso corpo? • O que carregamos dentro e fora dele? • Existe alguma parte do corpo que é mais importante que a outra? • O que podemos sentir com esse corpo? Dor, cócegas, calor, frio, etc. • Como o nosso corpo se expressa? • Quem é responsável pela proteção do nosso corpo? 4. Cada criança receberá papel e canetinhas coloridas para desenhar a parte do corpo que mais se identifica. Após a produção dos desenhos o educador deve recolher as produções, embaralha-las e dividilas novamente entre o grupo de crianças. Em seguida, cada criança deve apresentar a parte do corpo que recebeu. A medida que as crianças apresentam as partes do corpo, o educador vai montando - em um papel pardo ou cartolina - a silhueta de um boneco que representa um corpo humano. Durante a apresentação, o educador deve questionar o grupo sobre: • Qual é a função daquela parte do corpo apresentada? • Por que aquela parte do corpo foi escolhida como preferida? • Aquela parte do corpo é de uma menina ou de um menino? • Qual parte está faltando para completar o corpo humano?
Fechamento: 5. O educador deve enfatizar como cada participante vê e valoriza as partes do corpo e como muitas vezes não conhecemos o nosso próprio corpo. Além disso, muitas vezes praticamos pequenos atos de violência contra o corpo do outro por não entender a relação que cada um tem com o seu corpo. Por isso é importante conhecer os limites de cada um e as fases de desenvolvimento de cada pessoa. 6. Avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
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Depoimentos: “Foi muito instigante trabalhar esse tema com as crianças. Conhecer o nosso corpo, nossos prazeres e limites é fundamental para o desenvolvimento saudável de qualquer indivíduo. Durante a infância e a adolescência nos encontramos rodeados por dúvidas e limites sociais. Daí a necessidade de se tratar esse tema com naturalidade, algo que pode e deve ser conversado com nossos pares de maneira aberta e esclarecedora”. Danúbia Gardênia, Oficina de Imagens.
Dicas: Vamos dançar?! A dinâmica “Meu corpo em vários ritmos” pode proporcionar um ambiente bastante descontraído. A brincadeira é: fazendo referência ao boneco (a) criado (a), o educador irá dividir a turma em duplas ou trios que representarão algumas partes do corpo humano: cabeça, tronco, braços, mãos, pernas e pés. A brincadeira começa com cada dupla ou trio dançando entre si. Ao mudar o ritmo da música, o educador orienta que algumas partes do corpo se juntem. E assim, tocamse os ritmos até que as partes do corpo se encontrem e todas as partes dancem numa mesma roda.
Referências: Músicas Cabeça, ombro, joelho e pé, de Xuxa
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OFICINA
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NOSSO CORPO
EM DIFERENTES FASES DA VIDA
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Nosso corpo em diferentes fases da vida
Objetivo: Trabalhar o desenvolvimento da sexualidade e suas diferentes fases, em especial a infância e a adolescência.
Produto previsto:
Materiais necessários:
Boneco representando as fase da vida e as redes de proteção.
Silhueta do boneco (a) confeccionado na oficina anterior, folhas A4 e canetinhas.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Provocar as crianças a perceberem as mudanças que ocorrem no corpo em cada fase da vida, além de entender o que é legal e o que não é legal, para que elas possam compreender, de forma saudável, as mudanças no seu corpo e na sua sexualidade. 3. Bate papo em roda: • As características do corpo de todas as pessoas são iguais? • Meu corpo é o mesmo de quando eu era um bebê? O que mudou no meu corpo? • Até quantos anos somos crianças? • A partir de quantos anos somos adolescentes? 49
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4. Essa atividade é um desdobramento do trabalho realizado na oficina anterior. Usando a silhueta do boneco criado anteriormente, o educador deve trabalhar duas distintas fases do desenvolvimento com as crianças: infância (0 a 11 anos e 11 meses) e adolescência (12 a 18 anos). Uma folha de papel A4 deve ser fixada dos lados direito e esquerdo do boneco. Um lado representa a infância, o outro lado representa a adolescência. Em seguida, o educador deve dialogar com as crianças através das seguintes perguntas orientadoras: • Esse (a) boneco (a) é uma criança ou um adolescente? • Quais mudanças estão ocorrendo no corpo do (a) boneco (a)? • O que ele (a) sente quando é criança e quando é adolescente? • O que muda no corpo quando ele (a) é criança? E quando ele (a) é adolescente? • Na fase criança, o que é legal fazer e o que não é legal? • Na fase da infância, quem é o responsável por ele (a)? Em um segundo momento, o educador deve explicar às crianças o porquê dessas mudanças no corpo e a importância da informação e do diálogo, para que as dúvidas sejam esclarecidas. Tendo acesso às informações, as crianças e os adolescentes têm condições de proteger e cuidar do seu próprio corpo.
Fechamento: 5. Todas essas mudanças fazem parte do nosso amadurecimento. É como se todos nós fossemos uma árvore: para termos galhos fortes e gerar frutos, precisamos respeitar cada fase de desenvolvimento. Sempre podemos contar com alguns “jardineiros” que ajudam as árvores a crescerem fortes chegando à vida adulta de forma saudável e protegida. Na vida das crianças, esses “jardineiros” podem ser as famílias, os educadores e os moradores da comunidade que as protegem. O alimento para que essa árvore cresça de forma saudável e protegida é a informação. 6. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
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Depoimentos: “O trabalho realizado em oficinas sobre sexualidade para crianças possibilita fortalecer três eixos importantes do seu desenvolvimento: conhecer, ser e conviver. Conhecer o próprio corpo e suas possibilidades, além de desmitificar tabus e preconceitos cotidianos. As oficinas permitem que as crianças percebam o desenvolvimento da sua sexualidade relacionada ao reconhecimento da sua identidade. O processo de vivência da sexualidade exige em cada fase do nosso desenvolvimento o acesso a informações que nos ajudem a viver tranquilos as descobertas da nossa sexualidade e, ao mesmo tempo, nos proteger”. Rodrigo Corrêa.
Dicas: O educador deve se atentar para o fato de que o período da infância é subdividido em fases ou estágios, cada um deles com características próprias, durante os quais as crianças veem o mundo, agem e interagem com as pessoas e o ambiente de modos diferente. Primeira fase de desenvolvimento: 0 a 3 anos Segunda fase de desenvolvimento: 3 a 6 anos Terceira fase de desenvolvimento: 6 a 11 anos e 11 meses
Referências:
Já a adolescência é a fase que marca a transição entre a infância e a idade adulta. Essa fase caracteriza-se por alterações em diversos níveis – físico, mental e social - e representa para o indivíduo um processo de distanciamento de formas de comportamento típicos da infância e de aquisição de características e competências que o capacitem a assumir, num futuro próximo, os deveres e papéis sociais do adulto. Adolescência inicial: 12 aos 14 anos Adolescência média: 15 aos 17 anos Adolescência superior: 18 aos 22 anos
Filmes e vídeos Eu não quero voltar sozinho - Daniel Ribeiro Pensamento Infantil: Sexualidade – Monique Deheinzelin 51
OFICINA
DIVERSIDADE DE GÊNERO:
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O QUE É DA MENINA? O QUE É DO MENINO?
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
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Diversidade de gênero: o que é da menina? O que é do menino?
Objetivo: Promover o debate em torno das diferenças, mitos, tabus e preconceitos sobre gênero - feminino e masculino - abordando as relações de poder que se estabelecem socialmente, a partir de concepções naturalizadas em torno das masculinidades e feminilidades. A oficina busca sensibilizar crianças para o respeito à diversidade de gênero a partir da provocação sobre o desenvolvimento da sexualidade e do respeito à orientação sexual.
Produto previsto: Cartazes.
Materiais necessários: Papel pardo ou cartolina, canetinhas coloridas, cola branca, fita-crepe. Kits com imagens recortadas de jornais e revistas que mostram situações e objetos que são característicos do universo feminino e do universo masculino. Obs.: Cada grupo de crianças deve receber dez imagens que represente cada situação.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. O educador deve iniciar a atividade provocando as crianças sobre quais são os elementos e modo de ser de meninas e meninos. 53
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3. A organização da atividade sugere que as crianças sejam divididas em quatro grupos mistos, ou seja, composto por meninas e meninos. 4. Cada grupo irá receber uma folha de papel kraft ou cartolina, uma cola, um pincel atômico e um kit contendo dez imagens com elementos do universo feminino e dez imagens com elementos do universo masculino. 5. O educador deve orientar os grupos para divisão do cartaz ao meio a partir de um traço. • De um lado o grupo deve colar imagens de coisas que são das meninas. • Do outro lado o grupo deve colar imagens de coisas que são dos meninos. 6. Após o término das colagens, cada grupo apresenta seus cartazes. Durante a apresentação, o educador deve explorar os mitos e preconceitos relacionados aos gêneros utilizando as seguintes questões norteadoras: • O que as meninas pensam dos meninos? O que os meninos pensam das meninas? • Qual é a função do homem na sociedade? Qual é a função da mulher na sociedade?
Fechamento: 7. Muitos elementos associados ao universo feminino, na vida real, fazem parte do universo masculino e o contrário também acontece. As roupas, as funções em casa, as brincadeiras. É importante perceber as diferenças, valorizar aquilo que é seu e aquilo que é do outro, para garantirmos que meninos e meninas se respeitem. 8. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Depoimentos: “As famílias devem se atentar para que as crianças não reproduzam o que vivem. As desigualdades de gênero começam a ser praticadas em casa, desde o momento da escolha do enxoval, quando a cor rosa é escolhida para as meninas e azul para os meninos”. Giselda, Verônica e Auricelia – Nova Iguaçu.
Dicas: A oficina fica mais dinâmica com o uso de brinquedos. Organize de um lado da sala os brinquedos de meninas, do outro lado os brinquedos dos meninos. Meninas irão brincar com brinquedos de meninos e vice-versa. Após as brincadeiras, o bate-papo sobre a experiência pode ser um rico espaço de construção de conhecimentos, quebra de mitos e tabus.
Referências: Sugestão de leitura O menino Nito, de Sônia Rosa O Sofá Estampado, de Lygia Bojunga Nunes. Filmes e vídeos Era uma vez uma Maria Minha vida de João Meninos e Meninas – Padrinhos Mágicos Musicas Menino, Menina, de Adriana Calcanhoto A Menina Moleca, de Palavra Cantada Erê, de Palavra Cantada
Atenção! Crie um espaço para a valorização dos gêneros masculino e feminino nesta atividade. Uma criança valorizada tem normalmente uma autoestima elevada, não se sente frágil, mas vê a si mesma como alguém cheia de potencial, amada e reconhecida.
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OFICINA
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AUTOIMAGEM: A CAIXA DO TESOURO!
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
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Autoimagem: a caixa do tesouro!
Objetivo: Fortalecer o trabalho de construção positiva da autoimagem das crianças partindo das suas características individuais. A atividade busca valorizar a autoestima e o respeito à diferença entre as crianças.
Produto previsto: Desenhos individuais do rosto de cada criança – tesouro.
Materiais necessários: Caixa de sapato com tampa, decorada com colagens coloridas na parte externa, espelho grande colado dentro da caixa, uma folha de papel A4 branca por criança, lápis de cor e fita-crepe.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. “Tenho um grande tesouro que está nesta caixa, algumas pessoas acham que ele é muito bonito, outras acham esquisito. Para mim o que tem dentro dessa caixa é algo muito, muito especial”. 3. A caixa contendo o tesouro/espelho deve circular na roda passando pelas mãos de todas as crianças. Ao receber a caixa, cada criança deve abri-la, olhar o que tem dentro, fechá-la e repassá-la para o colega ao lado.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Obs.: Para garantir a surpresa da descoberta do tesouro, o educador deve fazer um pacto de segredo com as crianças. Seja qual for o sentimento que tenham ao olhar o conteúdo da caixa - surpresa, admiração ou alegria - não poderão mencionar o conteúdo da caixa antes do término da dinâmica. 4. Quando a caixa circular por toda a roda, o educador deverá perguntar: “Quem gostou do que viu dentro da caixa?” e, em seguida, explorar a fala das crianças sobre a experiência de olhar para o espelho dentro da caixa e se verem. 5. Na sequência, o educador distribui o material para a produção de um desenho individual - papel A4 e lápis de cor. Cada criança deve desenhar a imagem que viu dentro da caixa. O rosto de cada criança é o tesouro. Orientar as crianças para que escrevam o nome nos trabalhos. 6. Após o término da atividade, os desenhos são recolhidos e fixados na parede de modo que todas as crianças consigam visualizá-los. As crianças devem olhar para o conjunto de desenhos observando as diferenças e as semelhanças entre eles.
Fechamento: 7. O educador irá contribuir para que o grupo perceba a diversidade entre os participantes. Os desenhos mostram as características individuais de cada um: jeito de desenhar, escolhas de cores, cor da pele, tipo de cabelo, roupas e outros objetos. Para encerrar, o educador deve reforçar que o convívio com a diferença é a capacidade de respeitar o outro, suas diferenças, valores, crenças e pontos de vista. É ir além das aparências e reconhecer o outro como uma pessoa autônoma e livre, portadora dos direitos à vida e ao desenvolvimento. 8. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Dicas: O educador deve sempre estar atento ao manuseio de objetos cortantes em oficinas com crianças. Certifique-se de que o espelho utilizado nesta atividade esteja bem afixado no fundo da caixa e acompanhe de perto a manipulação da caixa pelas crianças evitando acidentes.
Referências: Sugestão de leitura Na minha Escola Todo Mundo É Igual, de Rossana Ramos Ciça, de Neusa Jordem Possati Diferentes somos todos, de Alina Perlman Filme e vídeos Garoto Barba / Beard Boy, de Christopher Faust, 2010
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O DESENHO DO 8 MEU COLEGA:
OFICINA
DIREITO AO RESPEITO, À LIBERDADE E À DIGNIDADE
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
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O desenho do meu colega: direito ao respeito, à liberdade e à dignidade.
Objetivo: Trabalhar a importância da identidade, do respeito à diversidade e diferenças. A atividade busca fazer com que as crianças percebam que cada pessoa é única e importante, independente da sua condição social, econômica, cultural ou etnicorracial. Essa é uma proposta de sensibilização para a superação de tabus, mitos e preconceitos em relação ao ser humano.
Produto previsto: Desenho do rosto do colega.
Materiais necessários: Papel A4 branco (1 folha para cada criança) e lápis de cor.
1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Separadas por duplas, as crianças deverão desenhar o rosto de seu colega. Escrever o nome das crianças em um papel e sortear as duplas. 3. Organizar as duplas de forma que uma criança fique sentada de frente para a outra, como um modelo que faz pose para a foto. Entregar para cada criança uma folha de papel A4 com lápis de cor.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
4. O educador estipula um tempo de 30 minutos para que as crianças se desenhem. Sendo 15 minutos de desenho para cada criança da dupla. Obs.: Pode ser necessário um tempo maior que 15 minutos. 5. Durante os desenhos, o educador deve falar da importância de observar o rosto do colega e tentar desenhar da forma que vê, principalmente o contorno dos olhos, da boca, do nariz, das sobrancelhas. As cores, como em um desenho animado, podem mudar. Tem gente que pode ser verde, se mora da floresta. Tem gente que pode ser vermelho, se come muito morango. Tem aqueles que são amarelos porque gostam do sol e outros que são azuis porque vivem olhando para o céu. No momento em que duplas de crianças se desenham, o educador deve estimular a conversa entre elas. O momento de desenhar o colega deve ser também um momento de conhecê-lo. 6. Apresentação dos desenhos. Além de mostrar o desenho, cada um deve dizer uma qualidade, um ponto positivo, uma coisa legal que conheceu no colega.
Fechamento: 7. O educador deve apontar as várias diferenças existentes entre as pessoas, as culturas, as raças. Tem gente que usa óculos, outros têm cabelo liso, uns são brancos, outros negros, outros índios, uns tem o pé grande, outros a orelha pequena, uns são meninas, outros meninos... e por aí vai. Para que a nossa vida seja melhor, é importante respeitarmos as diferenças. Todo mundo tem uma coisa diferente do outro. E todos nós temos direitos iguais porque somos humanos. 8. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Depoimentos: “A temática foi desafiadora. Fazer com que as crianças vissem beleza na diferença, inicialmente, foi difícil para alguns, por não se sentirem confortáveis ao serem observados pelos demais. Algumas crianças ficaram inseguras e com muito receio de que os desenhos os diminuíssem e os tornassem alvos de piadas. Houve quem fez valer esta insegurança desenhando seus colegas de forma diminuta, porém a maioria das crianças respeitou o momento da atividade esforçando-se para desenhar seus amigos de maneira mais fiel”.
Dicas: A atividade pode ser enriquecida com o uso de máquinas fotográficas. Caso o educador disponha de uma, a dica é sugerir que as crianças fotografem umas às outras.
Referências: Sugestão de leitura Flicts, de Ziraldo O Menino Marrom, de Ziraldo Menina Bonita do Laço de Fita, Ana Maria Machado Filmes e vídeos Imagine uma menina com cabelos de Brasil, Alexandre Bersot Mary e Max – Uma Amizade Diferente, Adam Elliott (para educadores)
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OS DIVERSOS 9 TIPOS DE FAMÍLIA:
OFICINA
QUEM CUIDA DE MIM?
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
9
Os diversos tipos de família: quem cuida de mim?
Objetivo: Conhecer e valorizar as inúmeras dinâmicas e composições familiares da atualidade. O objetivo é provocar a percepção sobre as diferentes relações familiares comuns às crianças, colaborando para a cumplicidade e interação do grupo. A atividade também pode propiciar ao educador melhor entendimento da realidade de cada criança, além de facilitar a identificação de possíveis conflitos familiares vivenciados.
Materiais necessários:
Produto previsto: Colagem individual sobre as famílias das crianças.
Recortes de pessoas diversas: homens, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, índios, negros, brancos, ricos e pobres, papel A4 branco, cola e lápis de cor.
Desenvolvimento da atividade: 1. Acolhida – recepção das crianças no espaço da oficina. 2. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 3. Bate-papo sobre os vários tipos de família, principalmente as famílias das crianças que compõem o grupo. Como preparação da oficina, o educador deve selecionar imagens que irão compor as colagens sobre as diferentes composições de família.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
4. O educador deve distribuir no centro da roda uma série de imagens que possam representar a diversidade de composição das famílias Brasileiras: homens, mulheres, crianças, adolescentes, idosos, índios, negros, brancos, mestiços, ricos e pobres. 5. Cada criança deve escolher um conjunto de imagens para montar a sua família. Todas as pessoas que moram com as crianças ou cuidam delas devem ser representadas. A montagem pode ser feita por meio de colagens e também ilustrações. 6. É importante garantir, no momento de apresentação dos trabalhos, que as crianças expressem seus sentimentos em relação às pessoas que julgam ser importantes em sua vida. Essas referências podem ter laços de parentesco com o pai, mãe, irmão, avó e tios ou serem pessoas que convivem diretamente com as crianças tais como amigos, padrinhos, vizinhos, etc.
Fechamento: 7. Não existe um modelo de família para todas as pessoas. O importante é enfatizar que precisamos e gostamos das pessoas que cuidam da gente. Essas pessoas podem ser os nossos pais, mães, irmãos, avós, tios, tias, vizinhas, madrinhas, padrinhos, amigos, etc. 8. A dinâmica de enceramento deve propiciar um espaço de descontração e animação para as crianças. Esse é um momento importante para que elas possam se alegrar e trocar afetos. 9. Tarefa para casa: cada criança deve pesquisar a origem dos seus responsáveis. Para tanto, necessitam dialogar com as pessoas que delas cuidam e fazer um desenho sobre o lugar de origem da sua família. Questões norteadoras: quem é responsável por cada uma das crianças? De onde vieram essas pessoas? São mães, pais, irmãos, avós, tios? Como era o lugar de origem dessas pessoas? 10. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Dicas: 1 - É importante priorizar imagens de pessoas desconhecidas, diversas como as crianças que compõe o grupo, e evitar imagens de celebridades ou pessoas que se destacam nos jornais e revistas. 2 - As crianças podem também ilustrar as suas famílias em vez de montá-las por meio de colagem.
Referências: Sugestão de leitura Minha Família é Colorida, de Georgina da Costa Martins Gente Bem Diferente, Ana Maria Machado Filme e vídeos Os padrinhos mágicos – Quem é seu pai? Músicas Família, dos Titãs
Atenção! A família, seja ela composta por pessoas de descendência genética ou por aqueles que são acolhidos e passam a integrá-la, é um laço muito importante que deve ser valorizado em suas diferentes formas de organização. Não existe um modelo de família e sim diferentes arranjos familiares. A sugestão é aproveitar a oportunidade disparada pela atividade e promover um encontro que valorize as relações familiares das crianças.
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PARTICIPAÇÃO 10 NA FAMÍLIA:
OFICINA
O QUE O FANTOCHE TEM A NOS DIZER?
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
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Participação na família: o que o fantoche tem a nos dizer?
Objetivo: Estimular a criatividade e garantir que o lúdico se manifeste, provocando reflexões sobre as formas de contribuição da criança na melhoria da convivência familiar.
Produto previsto: Fantoches.
Materiais necessários: Molde para produção de fantoches, palitos de picolé, tesouras sem ponta, lápis de cor, canetinhas coloridas e tiras de lã cortadas.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Retorno da tarefa de casa: bate-papo sobre a origem das famílias e apresentação dos desenhos sobre os lugares onde viviam as pessoas que cuidam das crianças, explorar a fala das crianças.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
3. Construir um boneco de fantoche que irá representar cada uma das crianças. Este boneco deve dizer o que ela faz para ajudar a sua família. 4. Distribuição do material para construção do fantoche e criação de uma frase sobre participação na família. Obs.: O educador deve mostrar as crianças o passo a passo para criação do fantoche e auxiliá-las nos momentos em que é preciso cortar o molde, colar o palito de picolé para montar o corpo do boneco, colar as tiras de lã para fazer o cabelo, entre outros. É importante estimular a criatividade das crianças na hora de desenhar as roupas, colorir as partes do corpo e representar o cabelo dos fantoches. Além da montagem, as crianças devem também criar frases para os fantoches sobre o que elas fazem para melhorar a convivência na família.
Fechamento: 5. O uso de fantoches nesta atividade estimula a criatividade da criança e promove reflexões sobre o seu universo real e ideal na família. A partir da criação e das apresentações dos fantoches, o educador, junto com as crianças, irá promover uma reflexão sobre as alternativas de melhoria da convivência familiar, estimulando o diálogo, o respeito e o fortalecimento dos laços afetivos. Importante refletir com o grupo quais são as responsabilidades dos adultos e das crianças em casa, sabendo que as das crianças devem ser adequadas à sua fase de desenvolvimento humano. 6. Tarefa de casa: as crianças devem levar os fantoches para casa e contar para as pessoas que moram com ela sobre como foi a oficina. 7. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Dicas: 1 - O educador pode aproveitar esse momento de contação de histórias para se aproximar do universo familiar das crianças. Afinal, contar e ouvir histórias são ações que estão carregadas de símbolos, emoções, sentimentos, ideias e fantasias. Por meio das histórias compreendemos as relações, amadurecemos sentimentos, aguçamos sensações e ampliamos nossos conhecimentos sobre o mundo. Deixe a imaginação das crianças viajar! 2 – O educador também pode criar seu próprio molde para a confecção dos fantoches e ainda utilizar materiais reciclados para compor seus membros.
Referências: Sugestão de leitura A família do Marcelo, de Ruth Rocha Eu gostaria de ser..., de Editora Ciranda Cultural Um estranho na Floresta, de Alcides Goulart Filmes e vídeos Era uma vez uma família / Once upon a family Parte I
Atenção! É importante que o educador esteja atento para ouvir as responsabilidades que as crianças assumem na convivência doméstica e é de fundamental relevância dialogar sobre a atenção especial que deve ser dedicada às crianças em respeito à sua fase de desenvolvimento humano diferenciando, o que significa colaborar em casa e o que representa um trabalho, responsabilidade dos adultos.
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Molde para fantoche - Menino
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Molde para fantoche - Menina
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
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COMO EU VEJO 11 A MINHA ESCOLA:
OFICINA
MINHA ESCOLA É...
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
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Como eu vejo a minha escola: minha escola é...
Objetivo: Conhecer e socializar a visão que a criança constrói acerca do espaço da escola. A atividade estimula o trabalho em grupo e contribui para valorização dos espaços educativos além-sala de aula. Essa atividade também pode ser direcionada para o conhecimento do espaço onde a oficina acontece - biblioteca, associação comunitária, paróquia, entre outros espaços educativos.
Produto previsto: Desenhos criados coletivamente sobre as escolas.
Materiais necessários: Cartolina branca, lápis de cor e canetinhas coloridas.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Organizar as crianças em grupos de até cinco pessoas. Caso as crianças sejam de escolas diferentes, elas podem se organizar em grupos por escola.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
3. Produção coletiva. Após distribuir o material necessário para produção do desenho - cartolina, canetinhas hidrocor e lápis de cor, o educador deve orientar o desenvolvimento do trabalho: • Cada criança deve ocupar um pedaço da cartolina desenhando uma parte da escola. Por exemplo, as salas de aula, a quadra, o refeitório, a biblioteca, o auditório, a portaria, o jardim, a horta, etc. A atividade permite ao educador trabalhar aspectos de integração e colaboração, através da divisão do espaço na cartolina. Caso a atividade seja realizada dentro da escola, o educador pode promover um passeio guiado pelos espaços, permitindo que as crianças façam os desenhos nos próprios ambientes. • Em seguida o grupo deve colorir e identificar cada área. • Orientar o grupo de crianças para escrita do nome de todos na cartolina. 4. Apresentação dos trabalhos. Durante a apresentação, o educador pode explorar os seguintes pontos: • Como a escola é organizada? • Quem cuida da escola? • Qual é o espaço mais legal? Por que? • O que mais gostam na escola? E o que menos gostam? • O que tem na escola que poderia ser melhor? • O que não tem na escola, mas deveria ter? • Como as crianças podem ajudar a cuidar da escola?-
Fechamento: 5. Vários direitos das crianças são garantidos na escola. Desse modo, o educador deve refletir com o grupo de crianças sobre a importância da escola, explicando sobre a sua organização, que é composta por vários espaços diferentes para que todos se desenvolvam praticando esportes, se alfabetizando, brincando, etc. É fundamental trabalhar a perspectiva de escola como um bem comum, público e, portanto, de todos. Por isso, é importante cuidar e fazer com que ela seja cada vez melhor para todos. 6. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas e Avaliação – Pág. 90.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Depoimentos: “Durante a oficina as crianças relataram as péssimas condições da estrutura da escola, mencionaram os prejuízos que a greve de professores causou e reivindicaram materiais escolares de qualidade”. PDA Casa Grande
Dicas: Numa pesquisa educomunicativa as crianças podem entrevistar pessoas utilizando gravadores de áudio ou máquinas filmadoras. Que tal visitar uma das escolas das crianças do grupo e descobrir, por exemplo: qual o nome da escola? Por que ela tem esse nome? Quando foi fundada? Quais os grupos de pessoas que participam da escola? Quais são os espaços que ela dispõe? Quais as principais atividades desenvolvidas na escola? Existe um acervo com fotos antigas? Ao resgatar a história da escola, as crianças podem atuar como verdadeiros investigadores!
Referências: Sugestão de leitura Quando Miguel Entrou na Escola, de Ruth Rocha Filme e vídeos Pro dia nascer feliz”, de João Jardim Menino Maluquinho – O Filme, de Grupo Novo Cinema e TV
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OFICINA
PARTICIPAÇÃO DA
12 CRIANÇA NA ESCOLA:
SUPER-HERÓI DE MASSINHA!
A
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Participação da criança na escola:
12 super-herói de massinha! Objetivo:
Estimular a percepção das crianças sobre as contribuições de cada um na melhoria do espaço escolar. Essa atividade estimula o cuidado, o compromisso e a responsabilidade para com a estrutura física e material do espaço educativo. Essa atividade também pode ser direcionada para o conhecimento do local onde a oficina acontece - biblioteca, associação comunitária, paróquia, entre outros espaços educativos.
Materiais necessários:
Produto previsto: Bonecos de massinha.
Folhas de papel A4 branco, lápis, massinhas de modelar com cores variadas - um rolo por criança -, palitos de fósforo para modelar os olhos, boca e outros detalhes do boneco e tintas guache, se o boneco for confeccionado com massinha caseira.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Construir um super-herói de massinha que irá dizer ao grupo o que ele pode fazer para que a escola seja mais legal, cumprindo seu papel na educação das crianças.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
3. Distribuir o material para produção. Cada criança receberá apenas uma cor de massinha para modelar. Para utilizar outras cores, elas deverão negociar e trocar com os colegas. Essa proposta visa o trabalho de integração e cooperação em grupo. 4. Produção dos super-heróis de massinha: para estimular a criatividade das crianças, o educador pode provocá-las a pensar o que este super-herói pode fazer para melhorar a escola. Importante também despertar a criatividade em relação ao nome dos super-heróis, às formas modeladas e às cores utilizadas. 5. Apresentação: cada criança deve mostrar seu boneco de massinha, dizendo qual é o nome que ele recebeu e qual a sua missão para transformar a escola para melhor.
Fechamento: 6. Para encerrar os trabalhos do dia, o educador deve destacar algumas coisas que as crianças podem fazer para que a escola seja sempre melhor, como respeitar os educadores e colegas, cuidar do ambiente da escola - salas de aula, biblioteca, refeitório, quadra -, não jogar lixo no chão, não brigar com os colegas, cuidar do meio ambiente, entre outras coisas. 7. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas e Avaliação – Pág. 90.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Dicas: A massa para modelar pode ser produzida pelas crianças utilizando duas medidas de farinha de trigo, uma medida de sal, anilina (comestível, não tóxica) e água. Elas podem ser incentivadas a construírem outros brinquedos e personagens como príncipes e princesas, bruxas, fadas ou magos. O fundamental é propor a criação de um personagem que auxilie o educador no diálogo sobre a importância da participação de todos para que a escola se torne cada vez melhor.
Referências: Músicas Pequeno Cidadão, de Pequeno Cidadão
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CONSTRUÇÃO DE
REGRAS DE CONVIVÊNCIA COMBINADO?
E
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Construção de regras de convivência: combinado? Objetivo: Construir com o grupo as regras de convivência nas atividades. É importante que o educador estabeleça vínculos com o grupo de crianças antes de realizar a oficina sobre as regras de convivência. O educador deve identificar os problemas de convivência e a dinâmica de funcionamento do grupo antes de estipular os combinados.
Produto previsto: Desenhos e tarjetas com as regras de convivência.
Materiais necessários: Tarjetas de papel A4, pincel atômico ou canetinha nas cores verde, amarelo e vermelho e fita-crepe.
Desenvolvimento da atividade: 1. Dinâmica ou brincadeira, seguida pela memória da oficina anterior. Ver Guia de Dinâmicas e Brincadeiras – Pág. 88. 2. Converse com as crianças sobre a atividade do dia: estabelecer combinados que auxiliem o educador e as crianças do grupo a terem uma melhor convivência no espaço da oficina. Os combinados são pequenas regras que as próprias crianças devem sugerir. O objetivo é colaborar para a melhoria das relações e garantir
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
que o trabalho coletivo seja interessante para todos. Para construção das regras, a sugestão é que o educador apresente a referência do semáforo às crianças, em que a cor verde simboliza que o caminho está livre, a cor amarela simboliza atenção e a cor vermelha simboliza que o caminho está fechado. Cada criança deve escrever ou desenhar nas tarjetas com as respectivas cores: Tarjeta verde: algo que se pode fazer durante as atividades. Tarjeta amarela: algo que se pode fazer durante as atividades, mas que merece atenção do grupo. Tarjeta vermelha: algo que não se pode fazer durante as atividades. Obs.: É importante que o educador também indique o que ele sugere como regra de convivência.
Fechamento: 3. Apresentação dos desenhos ou frases. Os combinados, acordados junto com as crianças, devem ser afixados em lugar visível no espaço da atividade. 4. Dinâmica de encerramento, avaliação e apresentação do tema da próxima oficina. Ver Guia de Dinâmicas de Avaliação – Pág. 90.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Dicas: Caso o trabalho seja realizado com crianças em fase de alfabetização, que ainda não sabem ler e escrever sozinhas, o educador deve anotar os combinados feitos com as crianças e relacioná-los com as cores verde, amarelo e vermelho. Essa atividade deve ser realizada em outros momentos do trabalho e relembrada sempre que o grupo demandar ou descumprir os combinados.
Referências: Sugestão de leitura Com licença? Aprendendo sobre convivência, de Brian Moses Filme e vídeos Clubinho Honda e Seninha em: Sinalização no trânsito
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
DINÂMICAS, FILMES E LIVROS PARA OFICINAS COM CRIANÇAS
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
E S S
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Guia de dinâmicas e brincadeiras para abertura das oficinas 1. Doce apresentação: Para realizar essa dinâmica, é necessário uma bala ou bombom por participante. Para um grupo de 20 crianças, por exemplo, é necessário 10 tipos de bala visando a criação de duplas. As balas serão colocadas em um saquinho e cada criança deve pegar uma. Em seguida, formam-se duplas. As crianças que tiverem balas iguais se juntam para se conhecer melhor: falar o nome, onde moram, o que gostam e o que não gostam de fazer, por exemplo. A dinâmica se encerra com as duplas se apresentando, um colega apresenta o outro. A dinâmica proporciona a interação do grupo e o conhecimento dos participantes da oficina. 2. Formiguinha: Organize as crianças em uma roda, de pé. Uma formiguinha imaginária, na ponta dos dedos, é passada de criança em criança. Uma criança coloca a formiguinha no corpo da outra. Finalizada a roda, cada criança deve fazer um carinho ou dar um beijinho no local onde colocou a formiguinha no colega ao lado. A dinâmica é descontraída e estimula o cuidado e o respeito entre os colegas. 3. O feitiço virou contra o feiticeiro: Cada criança escreve num papel, ou fala no ouvido do educador, uma ação que gostaria que o colega fizesse. Pode ser dançar, pular, imitar um bicho, cantar, tudo que a imaginação mandar. Depois que todas as crianças definirem as ações o educador diz que “o feitiço virou contra o feiticeiro”. Cada criança irá realizar a ação que planejou para o colega. A dinâmica estimula o respeito entre os colegas ao provocar a reflexão de que não devemos desejar para o outro aquilo que não queremos para nós.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
4. Mensagem no balão, sem deixar o balão cair: Cada criança recebe um balão e uma tira de papel para escrever/desenhar uma mensagem. As mensagens podem dizer das expectativas do grupo para a oficina, ou remeter a algum tema que será trabalhado. As mensagens são colocadas dentro do balão. Após encher os balões, em roda, ao som de uma música, as crianças devem jogar os balões para o alto. Nenhum balão pode cair e esse desafio deve ser lançado para o grupo. Ao final da dinâmica, as crianças devem estourar os balões e ler/ explicar as mensagens encontradas. Para concluir a dinâmica, é importante pedir o apoio das crianças na limpeza do espaço coletando os pedaços de balão estourado no chão. A atividade provoca a expressão das crianças e possibilita um momento lúdico de aprendizado coletivo. 5. Dançando na folha de jornal: Cada criança recebe uma folha de jornal. Em roda, de pé, ao som de uma música as crianças irão dançar sob a folha de jornal. De tempos em tempos o educador para a música. Toda vez que a música parar, as crianças devem dobrar a folha de jornal. E assim a dinâmica segue, até que a folha dobrada fique bem pequena. A medida que o espaço para dançar sob a folha de jornal fica menor, as crianças precisarão apoiar-se, umas nas outras, para a roda se manter e o grupo não cair no chão. A dinâmica é divertida, estimula o equilíbrio e a colaboração no grupo. 6. Escultor e escultura: As crianças serão organizadas de pé em duas rodas, uma roda externa e outra interna. As duas rodas devem ter o mesmo número de pessoas, pois uma criança deve ficar de frente para a outra. Na primeira rodada as crianças da roda externa são escultores e as crianças da roda interna são as esculturas, uma massa de argila, pronta para ser manuseada, manipulada, modelada. O educador orienta as crianças escultoras a manipular e modelar suas esculturas. Na segunda rodada o jogo se inverte: quem era escultor agora é escultura e vice-versa. A dinâmica se encerra com uma reflexão: é melhor ser escultor ou escultura? Por que? Essa atividade contribui para o trabalho educativo sobre participação social, provocando uma reflexão sobre as formas de participação infantil que são moldadas pelos adultos e instituições.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Guia de dinâmicas de avaliação das oficinas Carinhas de satisfação Objetivos Desenvolvimento
Materiais necessários Tempo
Provocar registros avaliativos do grupo sobre a atividade. O educador deve providenciar um cartaz fixado na parede com as três carinhas de satisfação: feliz, normal e triste. As crianças recebem canetinhas para sinalizar no cartaz sua carinha de satisfação com aquela atividade. Cartolina ou papel pardo, canetinhas coloridas, fita-crepe. 20 minutos.
Nota de 0 a 10 Objetivos Desenvolvimento
Materiais necessários Tempo
Provocar registros avaliativos do grupo em relação ao encontro. As crianças devem pontuar de 0 a 10 a oficina e a sua participação na mesma. Essa dinâmica pode ser usada em várias oficinas permitindo ao grupo observar a variação das notas. A medida que o grupo se consolida, as crianças começam a adotar uma postura mais crítica na avaliação da oficina e em sua autoavaliação. O educador pode incrementar a dinâmica pedindo às crianças que expliquem a escolha da nota dada. Nenhum. 15 minutos.
Somos todos diferentes Objetivos Desenvolvimento
Materiais necessários Tempo
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Provocar relatos avaliativos do grupo em relação ao encontro e reforçar o respeito à diversidade. Em roda e de pé, o educador deverá convidar as crianças a derem suas mãos e fecharem os olhos. Em seguida, iniciar uma música suave e pedir para cada criança imaginar como seria o mundo se não houvesse discriminação. Ao final, as crianças relatam o que imaginaram. É importante reforçar com o grupo de crianças que somos todos diferentes, contudo, essas diferenças não podem ser transformadas em desigualdades. Aparelho de som. 20 minutos.
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Imagem corporal Objetivos Desenvolvimento
Materiais necessários Tempo
Provocar relatos avaliativos do grupo em relação ao encontro. Solicitar que o grupo de crianças, sem utilizar a fala, possa, através de uma imagem corporal, expressar o que mais chamou sua atenção na temática do dia. Em seguida, fazer a leitura das imagens substituindo a criança do grupo por uma imagem. A ideia é que a mesma criança possa se perceber dentro do contexto. Nenhum. 20 minutos.
Diversidade Objetivos
Desenvolvimento
Materiais necessários Tempo
Provocar relatos avaliativos do grupo em relação ao encontro afirmando que a cidadania se constrói pelo reconhecimento e respeito às diferenças individuais; pelo enfrentamento dos preconceitos, das discriminações (econômica, política, sexual, racial, cultural etc.); pela participação na construção de políticas públicas mais igualitárias e pela confiança no potencial de transformação de cada pessoa. Solicite que o grupo de crianças fique em silêncio por um minuto e que pensem no que seria preciso mudar em si mesmo, na sua escola e em seu país para que a diferença entre as pessoas não se tornasse um motivo para o preconceito e a discriminação. Nenhum. 20 minutos.
Palavra Objetivos Desenvolvimento
Materiais necessários Tempo
Provocar relatos avaliativos do grupo em relação ao encontro. Em roda, todos os participantes dão as mãos. Cada um fala uma palavra para descrever o encontro. Ao final, todos escolhem uma palavra e gritam juntos, aproximando-se do centro e jogando as mãos para o alto. Nenhum. 10 minutos.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Guia de filmes e vídeos para crianças Todos os filmes indicados estão disponíveis na internet. Acesse o site www.youtube.com e faça sua pesquisa.
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TÍTULO
DIREÇÃO
GÊNERO
DURAÇÃO
ABORDAGEM
S
Documentário Brincantes
Parabolé educação e cultura
Documentário
25 Min
Cultura infantil
Br de nã es
Pajerema
Leonardo Cadaval
Animação
9 Min
Diversidade
U
Brincando com os deuses
Maria Augusta Galli e Simone Colombo
Documentário
9 Min
Diversidade
O a
Livros animados
Ministério da Educação
Animação
24 Min
História
A cu
Tem gente
Hermínia Bragança e Fabiano Maciel
Animação
2 Min
Diversidade
N pr
Eu não quero voltar sozinho
Daniel Ribeiro
Ficção
17 Min
Estágios da infância e adolescência
A am
Pensamento infantil sexualidade
Monique Deheinzelin
Documentário
7 Min
Sexualidade
N
Era uma vez Maria
Reginaldo Bianco
Animação
21 Min
Gênero
M o so
Minha vida João
Reginaldo Bianco
Animação
23 Min
Gênero
O do el vi
Meninos e meninas os padrinhos mágicos
Butch Hartman
Animação
11 Min
Gênero
“O T
Garoto barba
Christopher Faust
Ficção
13 Min
Autoestima
Fá el m
Imagine uma menina com cabelos de Brasil
Alexandre Bersot
Animação
10 Min
Diversidade
O
ência
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
SINOPSE Brincantes é fruto de uma extensa pesquisa realizada em escolas da rede municipal de ensino de Curitiba, com crianças de 3 a 11 anos, durante os intervalos de recreio. Além de observar a prática das brincadeiras, este projeto dá voz às crianças e privilegia o seu argumento. Assim, o que se espera é que a comunidade escolar reconheça a si própria não apenas pelas suas normas ou pelo seu currículo oficial, mas pela cultura produzida e experimentada cotidianamente pela sua comunidade, da qual as crianças são parte essencial. Um índio é pego numa torrente de experiências estranhas, revelando mistérios de tempo e espaço. O universo infantil de um grupo de crianças iniciadas num terreiro de candomblé de Keto, em Guarulhos. O piloto traça um paralelo entre a forma como é vivida e elaborada a realidade do cotidiano das crianças - mostrada em rituais, festas e cerimônias - e a forma como esta mesma realidade é interpretada e reinventada nas brincadeiras. A cor da cultura é um projeto educativo de valorização da cultura afro-brasileira, que teve seu início em 2004 e, desde então, tem realizado produtos audiovisuais, ações culturais e coletivas que visam práticas positivas, valorizando a história deste segmento sob um ponto de vista afirmativo. No vídeo “Tem gente” - crianças, música e animação se unem para falar sobre diversidade. A animação dirigida para a primeira infância é parte integrante do “UniDuni TV”, programa infantil produzido pela Multirio. Os temas variados fazem parte do universo desta faixa etária, estimulando as crianças a ampliarem conceitos de forma lúdica. A vida de Leonardo, um adolescente cego, muda completamente com a chegada de um novo aluno em sua escola. Ao mesmo tempo, ele tem que lidar com os ciúmes da amiga Giovana e entender os sentimentos despertados pelo novo amigo Gabriel. No vídeo da série especial sobre desenvolvimento infantil, a sexualidade é abordada com depoimentos de crianças analisados pela educadora Monique Deheinzelin. Menina não joga futebol! Brinca de casinha de boneca. Menina não senta de perna aberta! Aprende a arrumar a cozinha. O dever da mulher nas atividades domésticas, o modo de sentar, as brincadeiras femininas, o cultivo da vaidade e a obrigação de ser mãe são questões abordadas no filme. Uma discussão sobre as imposições que a sociedade traz para as mulheres. O desenho animado Minha vida de João incentiva que homens jovens reflitam sobre a construção da masculinidade, levando-os a adotar atitudes e comportamentos livres dos estereótipos do machismo. O filme apresenta a história de João e a construção de sua masculinidade, da infância até a juventude, destacando os diferentes aspectos que ele tem que enfrentar para tornar-se homem na sociedade: a primeira experiência sexual, o contato com a violência doméstica, a gravidez não planejada de sua namorada e a vivência da paternidade. “Os padrinhos mágicos” é uma série de televisão em desenho animado sobre as aventuras de Timmy Turner, com seus padrinhos mágicos. No episódio “Meninos e meninas” Timmy se atenta para o respeito em torno das diferenças, mitos, tabus e preconceitos sobre gênero - feminino e masculino. Fábula sobre uma criança que, devido a uma rara doença, tem barba. Felipe gosta de ser como é, mas se sente deslocado porque as outras pessoas costumam olhar para ele de forma diferente. Quando seus pais resolvem submetê-lo a uma moderna cirurgia de remoção de pêlos, será preciso que o garoto tome uma decisão drástica, que mostrará a seus pais e à cidade inteira que às vezes vale a pena lutar pelo o que se realmente é. O cabelo, a fronteira final. Entre caretas e escovas, as viagens em busca de aceitação.
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TÍTULO
DIREÇÃO
GÊNERO
DURAÇÃO
ABORDAGEM
SI
Mary e Max uma amizade diferente
Adam Elliott
Animação
92 Min
Diversidade
Um Ho sob dif
Quem é seu pai - Os padrinhos mágicos
Butch Hartman
Animação
11 Min
Gênero
“O Tim
Era uma vez uma família
Promundo
Animação
7 Min
Família
Era cri cri
Pro dia nascer feliz
João Jardim
Documentário
88 Min
Educação
Pro rel am
Menino maluquinho - O filme
Helvécio Ratton
Ficção
81 Min
Educação
Ma rea saí Jun
Clubinho Honda e Seninha em: sinalização no trânsito
TV Cultura
Animação
1 Min
Educação no trânsito
Um co
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
SINOPSE Uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary Dinkle, uma menina gordinha e solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e Max Horovitz, um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com síndrome de Asperger no caos de Nova York. Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida. Mary e Max é viagem que explora a amizade, o autismo, o alcoolismo, de onde vêm os bebês, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas e muito mais. “Os padrinhos mágicos” é uma série de televisão em desenho animado sobre as aventuras de Timmy Turner, com seus padrinhos mágicos. No episódio “Quem é seu pai?” Timmy aguça a sua percepção sobre as diferentes relações familiares comuns às crianças. Era uma vez uma família, um desenho animado sem palavras, apresenta a história de uma família e os desafios cotidianos que pais, cuidadores e responsáveis enfrentam na criação e educação dos filhos. O objetivo é discutir as crenças, opiniões e atitudes que os adultos apresentam diante do castigo físico e humilhante e nos convida a olhar a criança como um sujeito de direitos. Pro dia nascer feliz, de João Jardim, é um documentário sobre as adversas situações que o adolescente Brasileiro enfrenta dentro da escola. Através de uma investigação do relacionamento do adolescente com a escola - ambiente fundamental em sua formação - o diretor traz à tona, além de questões comuns a qualquer adolescente dentro do ambiente escolar - questões como a desigualdade social e o impacto da banalização da violência no desenvolvimento de muitos desses jovens. Maluquinho é um garoto tão menino quanto qualquer outro de sua idade. Brincalhão, esperto e levado, ele teve a sorte de nascer numa família que lhe dá carinho e permite realizar todas as suas fantasias e diversões da infância. Isso não impede que ele também passe por alguns sustos... Daqueles que tiram os pais do sério e às vezes os fazem saírem correndo do trabalho para acudir um filho que “aprontou alguma daquelas”. No final dos anos 60, Maluquinho vive suas aventuras com sua turma: o gordinho Bocão, Junin, Lúcio, Herman, Julieta, Carol e Nina. Em meio às corridas de carrinhos de rolimã, as gostosas travessuras e os longos papos com Irene, a empregada e amiga de fé. Uma educação de qualidade também envolve cidadania e segurança. Esse vídeo mostra a importância do respeito à sinalização de trânsito. O filme faz parte de um projeto com seis animações que tratam de segurança no trânsito produzidas pela Honda, Instituto Ayrton Senna e TV Cultura.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Guia de livros infantis
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LIVRO
AUTOR
GÊNERO
SIN
O menino que espiava pra dentro
Ana Maria Machado
Fantasias e sonhos infantis
Em son ami dav se a em
Luana: a menina que viu o Brasil neném
Aroldo Mascedo e Oswaldo Faustino
Raça
Abr e lu mo
Kabá Darebu
Daniel Munduruku
Raça
“No dos de
Pretinho: o meu boneco querido
Maria Cristina Furtado
Raça
Oq éu out out
O tom é gorducho
Márcia M. D’Hease
Diversidade
Um não Tati
A chave que queria ser porta
Elizabeth den Julio
Diversidade
Em com sem
Benedito
Hugo Monteiro Pereira
Deficiência
Ben auto
O menino nito
Sônia Rosa
Gênero
Nit na h de por rep
O sofá estampado
Lygia Bojunga Nunes
Processo de formação de caráter e personalidade
Com gan
Na minha escola todo mundo é igual
Rossana Ramos
Diversidade
Esse a ed dife se f oc
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
SINOPSE Em O menino que espiava para dentro, Ana Maria Machado, sempre com as palavras tão bem articuladas, conta a história de Lucas, um menino com a maior facilidade de sonhar, de imaginar. Mesmo prestando muita atenção em tudo, tudo também é motivo para ele se distrair e entrar em outro universo - mágico, longínquo, distante. Inventa um amigo, talento ou tamanco ou tatá, anda sobre ondas, come a maçã do sono profundo, mora em conchas, voa pelos ares, vê automóveis-leões, bosques de caramelos... Não dava para espiar mais nada, para ver nada, nem na frente nem atrás. Só aquele breu profundo. Ele, de um lado. Do outro, o mundo. De repente um beijo, um abraço, os olhos se abrindo, a luz brilhando no espaço. - Você é uma princesa? A mãe riu... Uma narrativa que resgata na criança a fantasia, a liberdade, o encantamento, a possibilidade de brincar em outros reinos, em outras épocas, de serem outros seres. Abram alas para Luana, a primeira heroína afro-brasileira do nosso país. Ela só tem 8 anos e adora lutar capoeira. Com seu berimbau mágico ela vai levar você a outras épocas e lugares para mostrar o valor da nossa cultura e a importância das diferentes raças que formaram o nosso povo. Acerte os ponteiros. Pois agora você vai viajar para o exato momento do descobrimento do Brasil! “Nossos pais nos ensinam a fazer silêncio para ouvir os sons da natureza; ensinam-nos a olhar, conversar e ouvir o que o rio tem para nos contar; ensinam-nos a olhar os voos dos pássaros para ouvir notícias do céu; ensinam-nos a contemplar a noite, a lua, as estrelas...” Kabá Darebu é um menino-índio que nos conta, com sabedoria e poesia, o jeito de ser de sua gente, os Munduruku. As ilustrações são de Maté, lindíssimas. O que fazer para auxiliar um boneco que decide mudar de cor para ser aceito entre seus colegas? No livro Pretinho, meu boneco querido, de Maria Cristina Furtado, pretinho é um boneco de cor preta, lindo como ele só, que se torna o preferido da menina Nininha. Só que essa predileção da criança pelo boneco acabou provocando ciúmes nos outros brinquedos do quarto que implicavam sempre com pretinho. Ele, então, passou a acreditar que seus problemas de convívio derivavam do fato de que era diferente dos outros brinquedos, por causa da sua cor. Quando, na verdade, estavam todos com ciúmes de nininha. E será que a menina conseguiu ajuda-lo nesta situação tão delicada? Uma garota passa o dia inteiro tentando descobrir o que a faz pensar tanto em seu amigo gorducho, um menino nada elegante, tímido e muito atrapalhado, que aparentemente não tem nada de especial. A resposta, porém, para esse enigma será desvendada pelos versos divertidos e pelas ilustrações cheias de humor presentes neste livro escrito por Tatiana Belinky. Em um povoado distante, existia um portão que defendia os moradores daquele local, protegendo-os de todo o mal. Mas a chave que o trancava, se achava insignificante, tinha como sonho um dia ser tão importante como o portão. Partiu então atrás do seu sonho, e aí começa sua jornada, percebendo assim, que porta e chave, chave e porta, uma sem a outra não são nada. Uma verdadeira lição de aceitação independente de origem, cor, aparência ou tamanho, todos tem uma função importante no universo. Benedito é um menino como outro qualquer. Só que anda de um jeito diferente: de cadeira de rodas. Com linguagem coloquial, em capítulos curtos e de forma instigante, o autor aborda assuntos como racismo e discriminação. Nito abria um berreiro por tudo e ninguém aguentava mais tanta choradeira. Um dia seu pai o chamou num canto e veio com aquele discurso: “Você é um rapazinho, já está na hora de parar de chorar à toa. E tem mais: homem que é homem não chora.” Essas palavras martelaram na cabeça do Nito. De tal maneira que o menino resolveu parar de chorar. Definitivamente. Engoliu todas as lágrimas e contabilizou: tantos choros quando cortou o pé, mais tantos choros quando levou aquela enorme injeção, e assim por diante. Mas como ninguém é de ferro, caíu na cama doente. E só um médico, o dr. Aymoré resolveu o seu problema: o menino tinha que desachorar todas as lágrimas reprimidas, uma a uma. Os pais do Nito trouxeram duas bacias enormes e além do menino, todos naquela casa choraram juntos. De emoção, de alegria e muito alívio. Com um texto leve e bem-humorado, a autora mescla na medida certa atualidade, preocupação social, psicologia, sensibilidade e técnica narrativa. Na história, um tatu resolve ganhar o mundo e namorar uma gata que passava o dia inteiro assistindo TV. Esse livro é o resultado poético de uma experiência vivida numa escola em que realmente todo mundo é igual, apesar das diferenças. É o anúncio de uma nova concepção: a educação inclusiva. Todo permeado de belas e agradáveis ilustrações é uma interessante ferramenta nas mãos dos professores e um veículo objetivo e direto para alunos diferentes, com o fim de mostrar que todos somos iguais, cada um tem o seu jeito: aquele que não tem braço e consegue escrever; não escuta e se comunica bem; é mudo e se faz entender; está em cadeira de rodas e pratica esporte; não enxerga e nos identifica pela voz. Que bom se todo mundo pudesse entender direito! Tudo fica mais fácil sem o cruel preconceito.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Guia de livros infantis
LIVRO
AUTOR
GÊNERO
SIN
Ciça
Neusa Jordem Possati
Autoestima
Ciç con
Diferentes somos todos
Alina Perlman
Diversidade
Od surp nós valo
Flicts
Ziraldo
Diferença
Tud par
O menino marrom
Ziraldo
Racismo
Esta “Qu per
Ana Maria Machado
Raça
Um No tint oc esc
Minha família é colorida
Georgina Martins
Diversidade
Âng fam ima
Gente bem diferente
Ana Maria Machado
Família
Este um cap
A família do Marcelo
Ruth Rocha
Família
Ne des
Eu gostaria de ser...
Editora Ciranda Cultural
Fantasia
Voc pod
Um estranho na floresta
Alcides Goulart
Fantasia
Oq que
Quando Miguel entrou na escola
Ruth Rocha
Escola
Mig pro dific
Com licença? Aprendendo sobre convivência
Brian Moses
Convivência
Voc oc hon pro
Menina bonita do laço de fita
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
SINOPSE Ciça é uma menina valente e cheia de vida. Ela luta pelas coisas em que acredita. Ao lado de sua mãe, do meio-irmão e do padrasto, vive uma vida difícil e nostálgica, mas consegue, com otimismo, modificar o seu olhar sobre o mundo. Ciça sonha... E esses sonhos sustentam o fio de esperança que a transforma em uma criança tão especial. O diferente é ruim só por ser diferente daquilo a que estamos acostumados? Ou é sempre bom exatamente porque é novidade? Este livro mostra alguns aspectos da surpreendente diversidade que nos cerca, da variedade de organismos vivos às diferenças físicas, psicológicas e culturais que tanto dividem os seres humanos. Se cada um de nós tem um modo de ser todo especial, que merece respeito, por que não respeitar aqueles que são diferentes de nós ou que pensam de modo diferente, a partir de outros valores igualmente humanos? Tudo tem cor. O mundo é feito de cores, mas nenhuma é flicts. Uma cor rara, frágil, triste, que procurou em vão um amigo entre outras cores, que não encontrou um lugar para ficar. Abandonada, flicts olhou para longe, para o alto, e subiu, para finalmente encontrar-se. Esta é a história de um menino marrom, mas fala também de um menino cor-de-rosa. São dois perguntadores inveterados que querem descobrir juntos os mistérios das cores. “Quem inventou que o contrário de preto é branco?”. “Se um de nós é marrom e outro não é exatamente branco, por que nos chamam de preto e branco?”. São muitas as perguntas, e muitas serão as descobertas. Um coelho branco apaixonado por uma criança negra. Isso é possível? Sim, e a comprovação está nas páginas do livro Menina bonita do laço de fita, de Ana Maria Machado. Nosso coelhinho, aliás, vai além: quer também ter a pele escura, igualzinha à da linda menina. O simpático coelhinho faz de tudo para conseguir seu intento: entra numa lata de tinta preta, come jabuticabas até passar mal e toma inúmeras xícaras de café. Tudo em vão! Entretanto, quando a lindíssima mãe da criança entra em cena, tudo se explica para o curioso animal. Daí para frente, o coelho segue um caminho natural que o leva a se aproximar cada vez mais de sua admirada criança negra e do seu objetivo de ter os pelos escurecidos. Ângelo tem um irmão de cabelos lisos, uma mãe de cabelos ondulados e uma avó que é negra. Por que todo mundo é diferente? E como podem ser todos parte da mesma família, já que ninguém se parece? Junto com o protagonista desta história, o leitor vai perceber que muitas de suas raízes estão longe, em lugares que às vezes a gente nem imagina. Este livro conta as incríveis descobertas de dois irmãos sobre as identidades secretas e misteriosas das pessoas de sua família. Uma família muito especial, cheia de segredos. Ou uma família como todas as outras? Para saber, trate de ler. A história contada pelo Rodrigo. Os versinhos inventados pela Andréia. E, no fim, ainda tem mais. Adivinhe - se for capaz. Neste livro, os leitores poderão conhecer a família do Marcelo - o pai, seu João; a mãe, dona Laura; e a irmã, Aninha. Também vão conhecer os outros parentes do Marcelo e descobrir quantos tipos diferentes de família existem por aí. No final, são propostas brincadeiras para os pequenos leitores desta série. Você gostaria de ser um polvo para conseguir segurar diversas coisas ao mesmo tempo? Posicione o seu rosto no espelho e observe algumas fascinantes criaturas que você poderia ser. O que vai acontecer quando os animais da floresta receberem a visita de um estranho? Será que vão sair correndo, de tanto medo? Será que vão atacar o estranho? Ou será que... Miguel está com três anos, e hoje é seu primeiro dia na escola, longe do papai e da mamãe. Miguel ficou com muito medo quando soube que iria para a escola. Será que a professora era legal? E as outras crianças? O livro revela as dificuldades do cotidiano das crianças, facilitando aos leitores reconhecer os próprios sentimentos e lidar com as dificuldades. Você consegue ser educado quando sai atrasado para a escola, ou vai empurrando todo mundo que aparece na sua frente? Você se lembra de agradecer ao amigo que o convidou para aquela festa legal? Este livro traz cenas da vida cotidiana que vão ajudá-lo a perceber se você tem sido uma pessoa agradável com os outros. Respeito, honestidade e gentileza são qualidades que devem ser estimuladas desde cedo. Este livro pode ajudar a criança a perceber se tem sido agradável com seus colegas, parentes e professores, para que aprenda a criar uma boa convivência com as pessoas.
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INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Ficha de Registro e Avaliação das Oficinas Nome da Oficina
Data
______ / _____ / _____
Nº de Crianças Participantes O objetivo da oficina foi cumprido? Quais foram os resultados obtidos?
Horário
das _____ h às _____ h
Quais foram os pontos positivos / avanços na oficina?
Quais foram os pontos negativos / desafios na oficina?
A partir desta oficina, quais aspectos precisam ser mais bem trabalhados com o grupo de crianças? (
) Integração de Grupo
(
) Tema, qual? _______________________________________________________
(
) Participação das Crianças
(
) Outros. Quais? ____________________________________________________
Encaminhamentos dados pelo educador e/ou sugestões das crianças para a próxima oficina:
100
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Créditos Visão Mundial Brasil Diretor Nacional: João Helder Diniz Diretora de Operações: Maria Carolina da Silva Assessor Programático de Participação: Reinaldo Almeida Assessora Programática de Educação: Andréa Freire Oficina de Imagens Presidência: Bernardo Brant e Alcione Rezende Diretor Institucional: Adriano Guerra Educomunicação e Participação de Crianças Coordenação Geral e Organização: Paula Kimo Coordenação Pedagógica: Elizabeth Gomes Sistematização Fase 1: Teresa Brant Sistematização Fase 2: Luana Costa Redação: Antônio Pimentel, Andréa Freire, Elizabeth Gomes, Paula Kimo, Rodrigo Corrêa Revisão: Lilian Souza Projeto Gráfico e Ilustração: Renato Kimo Ilustrações infantis: crianças que participaram das oficinas com os cadernos do Educador em 2010 e 2013. A elas, todo o nosso carinho e agradecimento.
101
INFÂNCIA E INTEGRAÇÃO DE GRUPO
Educadores Fase 1: Alana da Silva Almeida, Aline Crispim, Andréa Maria da Silva Oliveira, Andreia Maia de Almeida, Aurecléia de Araújo, Bárbara da Silva Rodrigues, Cidilma Costa Lima, Denise Santos Felix da Silva, Dina Maria de Carvalho Pereira, Fátima S. Lauria, Gilmara F. De Paula, Gleice Morais de Oliveira, Inaiá Rodrigues dos Santos, Izalmira Oliveira do Nascimento, Janaina Barbosa da Silva, Janaina do N. Lopes Silva, Jéssica Gabriel de Oliveira, José Sérgio Sobrinho da Costa, Juliana Duarte, Júlio César, Liége Alves Demarco, Lucas Daniel de S. Carolino, Maria da Penha dos Santos, Paulo Roberto dos Santos, Rafael Silva Machado, Ronaldo R. Oliveira, Susana da Conceição Martins de Abreu, Valdir Moreira, Vera Lúcia Ferreira de Azevedo. Educadores Fase 2: Alana da Silva Almeida, Alcilene Maria de Souza, Andreson Santana da Silva, Audelício José Lobo Neto, Auricélia G. da Silva, Daniela Maria de Santana, Demostenes Carlos Barbosa, Douglas Rodrigo Souza Mello, Eduardo Henrique Nilo de Souza, Elenida Carlos de Melo, Erikles Henrique, Erivaneide Santos, Giselda Pereira Queiroz Sales, Grinauria José Santana Santos, Jamieson Simões, Jandira Maria dos Santos, João Batista da Silva, José Sérgio S. da Costa, Juliana Carla Rodrigues Bezerra, Lúcia Helena P. Grazioli, Márcio Barbosa Serafim, Marconi Guimarães Barbosa, Marcos Paulo Barbosa, Maria da Guia Fonseca, Maria Márcia de Melo, Maria Vilma dos Santos, Marluce Rodrigues da Silva, Millena Taísa Silva dos Reis, Miriam B. Cazorla Mendoza, Rayane Rodrigues Gomes, Rodrigo Lago da L. Xavier, Rodrigo Tiago Xavier, Rosane Maria Lima da Silva, Tamilla Nancy M. Semedo de Melo, Tânila Villar de Menezes, Thiago Silva de Santana, Valesca Teixeira da Silva, Verônica de Lourdes Moraes, Viviane Virgínia Maria Gomes, Zíbia A. da C. Silva.
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