Legibilidade, boumas e uma ideia: Hrant Papazian.

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LEGIBILIDADE, BOUMAS E UMA IDEIA: Hrant Papazian.


PÁGINAS AMARELAS de Cadernos do Olhar Outono 2021/Abril Texto Claudio Ferlauto Tipografia Rotis Semi Sans/ Otl Aicher para Monotype Editor Claudio Ferlauto Contato clauf4455@gmail.com Outras publicações de Páginas Amarelas disponíveis em www.issuu.com/olhargrafico — Hipômenes e Atalanta – A leitura de uma obra prima de Guido Reni por Marco Vacchetti — Perdida. E encontrada. – O que Ralph Waldo Emerson me ensinou por Jessica Helfand . — Tornozeleiras eletrônicas do design gráfico, Claudio Ferlauto, 2007–2020, — Grade, Grid, Grelha, CF, 2007–2021 —110 milhões de adobistas concorrem com você, CF, 2013–2021


¶ A leitura é feita identificando conjuntos de letras que formam a palavra. Apenas as crianças, em fase de alfabetização lêem em pedaços que podem ser as sílabas ou outros segmentos. Portanto, lemos formas como

‘que’, ‘casa’, ‘ contudo’, ‘etc.’

Esta leitura é feita em pequenos saltos sobre a linha do texto.


¶ Hrant Papazian, armêmio que vive nos EUA, chama estes saltos de “sacadas” que englobam em média dez caracteres, mas tem dimensões variáveis em função do tipo de texto e do grau de habilidades que temos para ler. Isto quer dizer que a leitura periférica —que abarca muito mais que dez caracteres — é tremendamente importante para o entendimento do que lemos,


e Papazian afirma: de modo que o cérebro não necessita distinguir as letras individualmente para saber de que palavra se trata. E prossegue: Este fenómeno foi extensivamente estudado por Herman Bouma, um psicólogo holandês, e as imagens difusas das palavras passaram a ser chamadas de ‘formas de Bouma’. Por comodidade, adotaremos o termo ‘bouma’ para significar a forma de uma palavra.




¶ Reconhecemos um bouma por comparação com outros boumas armazenados no cérebro durante outras leituras. ¶ Isto significa que quanto mais lemos, mais identificamos grupos de palavras, e mais rapidamente entendemos o que lemos. ¶ Para Papazian a legibilidade é proporcional à velocidade de leitura, a qual por sua vez se dá em função da comodidade com que se lê.


[…] quanto menos sacadas, mais confortável é a leitura. ¶ O autor propõe, entre outras coisas, redesenhar o alfabeto latino elevando seu grau de legibilidade — qualidade formal que impede que o olho confunda caracteres entre si, por exemplo a letra ‘p’ com a ‘g’, por causa de sua descendente, ou o ‘b’ com o ‘h’ por suas ascendentes, a letra ‘a’ com a ‘e’ e assim por diante. Ele propõe



um alfabeto com desenhos alterados em relação às convenções e tradições, cujos sinais são capazes de formar boumas mais claros e inconfundíveis. ¶ Podemos notar que as maiores alterações se concentram nos chamados ”quatro demônios” da tipografia: p, q, b, d, caracteres que por sua semelhanças atormentavam a vida dos compositores da imprensa de tipos móveis.


¶ O texto original, muito mais extenso, está publicado na obra Graphic Design and Reading: Explorations of an Uneasy Relationship, editada por Gunnar Swanson, para Allworth, EUA, em 2000. Nesse mesmo ano, resumidamente, foi publicado na extinta revista tipoGráfica, #54, na Argentina. Publicado em 12 de julho de 2013, no Olhar Gráfica da Revista Abigraf.


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