Luxação congênita do quadril Profa Ghisele Ferreira
Luxação Congenita do Quadril • A luxação
congênita de quadril (LCQ) é a perda do contato da cabeça do fêmur com o acetábulo ao nascer.
Displasia do desenvolvimento do quadril • Atualmente, a ortopedia pediátrica substituiu o
termo luxação congênita do quadril por “displasia do desenvolvimento do quadril – DDQ”.
• Como resultado, essa nova nomenclatura abrange
um espectro de alterações que podem acometer o “quadrilzinho” de um recém nascido, sendo elas congênitas ou desenvolvidas nos primeiros meses de vida da criança.
Causa.... • A luxação
congênita do quadril (LCQ), é produzida pelo deslocamento prolongado da cabeça femoral em relação ao acetábulo.
Incidência • Estima-se que, a cada 1.000 recém-
nascidos, 1 nasça com o quadril luxado e cerca de 10 tenham o quadril subluxado (instável).
• A detecção precoce dessa condição,
portanto, é fundamental para minimizar danos funcionais que podem aparecer só lá na frente, quando o bebê começar a andar.
Displasia ou luxação congênita do quadril • Displasia é o termo atribuído à
malformação ou anormalidade de um órgão.
• Apresenta um comprometimento da
ligação entre o osso fêmur e a cavidade onde ele se encaixa, formando a articulação do quadril.
Anormalidade... • A princípio a anormalidade pode
residir no tamanho, forma e posição da cabeça do fêmur.
• Igualmente, ela pode ser
determinada por uma cavidade acetabular excessivamente rasa.
• Em uma terceira hipótese pode
existir, ainda, anomalia em ambas as estruturas.
Deslizamento... • As alterações
favorecem que o osso deslize e saia da sua posição anatômica; processo que chamamos de luxação ou subluxação, dependendo do grau de deslocamento.
Fatores de risco A literatura científica mostra que existem alguns fatores de risco associados à luxação congênita do quadril, entre eles estão: • bebê do sexo feminino; • raça branca; • mamães jovens e de
primeira viagem;
• histórico familiar positivo; • oligohidrâmnio (baixa
produção de líquido amniótico); • recém-nascido grandes e
pesados; • apresentação fetal pélvica
nas últimas semanas de gestação; • recém nascido
com deformidades nos pés ou na coluna vertebral.
Casos de mulheres jovens ...
• No caso das mulheres jovens e que nunca
tiveram filhos antes, a lesão se justifica porque elas tendem a ter maior tônus muscular na pelve.
Posicionamento intra-útero • A apresentação fetal pélvica pode ser uma ameaça,
porque causa aprisionamento da pelve do feto em relação à pelve da mãe.
• Isso faz com que o bebê adote uma posição de flexão
exagerada do “quadrilzinho” e extensão dos joelhos, favorecendo a lesão.
• O oligoidrâmnio, finalmente, induz a posição fetal
pélvica, limitando o espaço abdominal disponível para que o bebê fique em posição cefálica, que seria a ideal.
O comprometimento da marcha
• Embora existam alguns testes clínicos, como as
manobras de Ortolani e Barlow, que ajudam o pediatra a diagnosticar essa condição logo nos primeiros meses de vida, a luxação congênita do quadril pode passar despercebida.
• O distúrbio pode ser notado só após a idade do início
da marcha, entre os 10º e o 16º mês de vida.
Manobras de Ortolani examinador faz a abdução do quadril da criança partindo de uma flexão de joelho e quadril observando se ocorre uma sensação tátil como um “click” que pode significar uma redução da luxação ou um encaixe da cabeça do fêmur com o acetábulo,
• O
Manobra de Barlow • Manobra de Barlow que
procura o “click” devido à instabilidade do quadril, sendo provocada pelo deslocamento femoral unilateral.
Assim... • A partir dos dois meses a
redução da luxação não ocorre porque o quadril acaba se estabilizando na posição anatômica ou a luxação pode se tornar definitiva fazendo com que a cabeça do fêmur se eleve e lateralize se tornando definitiva em decorrência de encurtamentos musculares
Desta forma... • Nesta idade os sinais encontrados são o de Hart
sendo observada uma limitação na abdução do quadril do lado lesionado por causa do encurtamento dos adutores, e o de Peter-Bade onde ocorre uma assimetria nas pregas cutâneas entre as coxas, apresentando anormalidade onde a prega inguinal e glútea está elevada.
Início de marcha • Quando a criança inicia a marcha já é possível visualizar
através do raio X a cabeça do fêmur de forma lateralizada, apresentando-se em tamanho menor e sem esfericidade com o acetábulo raso.
• Observam-se também os sinais motores caracterizando a
patologia como: marcha anserina e retardada, bacia alargada por causa da lateralização das epífises femorais, na luxação unilateral nota-se o encurtamento do lado afetado, hipermobilidade da coxo-femoral e hiperlordose.
Diagnóstico precoce... • Quando o diagnóstico é precoce, a articulação é
reduzida à sua posição anatômica e estabilizada em uma posição segura.
• No entanto, se o diagnóstico é tardio, a criança
adquire uma limitação no movimento de abdução do quadril (abertura lateral das pernas).
Teste de Trendelenburg • Além disso, elas apresentam
teste Trendelenburg positivo: isso significa que, ao ficar sobre uma perna só, são incapazes de sustentar o quadril, havendo queda da pelve para um lado.
• Outros achados nessas crianças são a
marcha “anserina”, com balanço acentuado dos quadris para um lado e para o outro a cada passo, além de hiperlordose da coluna (bebê com bumbum arrebitado).
Desta forma... • A luxação congênita do quadril é uma afecção
ligeiramente comum e que deve ser diagnosticada e tratada o quanto antes.
• O objetivo do tratamento é, assim, preservar
o desenvolvimento da marcha no futuro, além de proteger outras articulações.
Tratamento O tratamento da patologia é desafiador, apresentando como objetivos o diagnóstico precoce, a estabilização do quadril em um posicionamento seguro e a redução da articulação. As possibilidades de tratamento são divididas conforme as diferentes faixas etárias, assim:
Assim... • 0 a 2 meses: nesta fase o tratamento se baseia na ideia
de que se mantiver a posição do quadril reduzida em flexão e leve abdução ocorrerá o estímulo para o melhor desenvolvimento da articulação.
• Assim no primeiro mês utilizam-se fraldas entre as
pernas para manter a posição de rã e no segundo mês uma órtese em abdução.
• O fisioterapeuta atua na prevenção de encurtamento do
iliopsoas e adutores, na correção postural e mobilização de tronco.
Atualmente.... • ... a órtese mais utilizada é o suspensório de Pavlik.
• Através de suas tiras proporcionam a flexão e
abdução da articulação coxofemoral de forma simultânea, podendo diminuir o risco de necessidade de redução cirúrgica.
Suspensório de Pavlik.
02 a 18 meses: • nesta fase os encurtamentos musculares não permitem a
redução da luxação de forma passiva.
• Então é realizada com anestesia geral e precedida de tração
cutânea para alongamento dos músculos.
• É utilizado o suspensório para alongamento uma semana
antes da redução com anestesia quando o fisioterapeuta deve corrigir a postura e mobilizar o tronco, membros superiores e inferiores, cinturas e pescoço.
Após isso... • ... é colocado o aparelho gessado pelvi-podálico
durante 6 semanas quando o profissional deve fortalecer os paravertebrais e abdominais, estimular o diafragma e mobilizar o tronco com flexão, extensão e lateralização.
E finalmente... • ...é utilizado uma órtese de abdução fazendo com que
tenha mais liberdade de movimentos, assim o fisioterapeuta pode trabalhar dissociações de cinturas pélvica e escapular, fortalecer a musculatura de forma geral e alongar os músculos dos membros inferiores.
Resumindo.... • Enquanto a criança estiver usando
suspensório: corrigir a postura sempre e trabalhar na mobilização dos membros superiores, pés, cervical, cinturas e tronco.
Na fase em que estiver com gesso: • ....atuar
na estimulação do diafragma, fortalecimento de paravertebrais e abdominais, mobilização de tronco em flexão, extensão e lateralização, isometria por dentro do gesso dos músculos dos membros inferiores, e assim que ocorrer a liberação do joelho iniciar a mobilização.
Enquanto estiver com órtese... • trabalhar na dissociação de cinturas pélvica e
escapular, fortalecimento de forma geral, e alongamento principalmente de membros inferiores. • No caso das condutas não apresentarem
resultados positivos é indicado o tratamento cirúrgico.
02 a 6 anos: • ... nesta idade é usada primeiro a tração esquelética
em associação com a tenotomia dos adutores e iliopsoas e após aparelho gessado.
• Se não houver uma boa evolução é indicado
tratamento cirúrgico. Então a fisioterapia vai atuar com alongamentos e fortalecimento muscular na fase pré-cirúrgica.
Acima de 6 anos: • Nesta fase espera-se e observa-se a evolução até a fase
adulta e caso o paciente apresente artrose é indicado cirurgia, antes a indicação é criteriosa pela possibilidade de invalidez permanente devida à luxação completa.
• O fisioterapeuta atua na melhora da qualidade de vida
adaptando o paciente às condições anormais decorrentes da luxação tornando mais funcional possível, inclusive com exercícios de fortalecimento e alongamentos.
ATÉ A PRÓXIMA AULA • Restrições na realização dos exercícios
fisioterapêuticos para pacientes com luxação congênita do quadril
• Cuidados que devem ser tomados ao tratar
alunos com luxação congênita do quadril