veja especial não há silêncio que não termine, de Ingrid Betancourt LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA, VOLUME 2 Marilena Chaui Nesta aguardada e inédita segunda parte da Introdução à história da filosofia, Marilena Chaui aborda as escolas helenísticas. O rigor dos conceitos filosóficos se combina à leveza do texto, convidando novos leitores a entrar no universo da filosofia, árduo na exigência de reflexão e, ao mesmo tempo, de incomparável beleza Marilena Chaui é uma atuante pensadora do Brasil contemporâneo. Sua vasta produção inclui estudos sobre Espinosa, Merleau-Ponty, democracia, cultura e ideologia. Introdução à história da filosofia é uma série didática cujo primeiro volume — publicado originalmente em 1994, depois revisto, ampliado e relançado pela Companhia das Letras em 2002 — já é uma referência nos estudos de filosofia antiga. Planejada em quatro partes, a obra constituirá um verdadeiro compêndio da cultura filosófica universal, dos pré-socráticos até os pensadores modernos. Neste segundo volume, Chaui faz uma explanação apaixonante das reflexões filosóficas desenvolvidas no período helenístico da história da humanidade (séculos iii a.C. a iii d.C.): explora a complexidade das diferentes escolas helenísticas do período imperial — de origem latina —, apresentando o pensamento de filósofos como Cícero, Sêneca e Sexto Empírico. Com todo o seu rigor, trata-se
de uma obra clara, iluminadora, escrita na intenção de manter-se acessível ao público não especializado. O resultado é uma leitura prazerosa e estimulante. Ao mesmo tempo, o enfoque sistemático e pedagógico não perde a contundência e a profundidade do tom crítico com que a autora estabelece discordâncias e aproximações com outros historiadores da filosofia. À parte seu caráter didático, o livro também é uma espécie de acerto de contas com certa história da filosofia que, por diversas vezes, obscureceu a importância das escolas estudadas, medida pelo grau de novidade que suas visões de mundo traziam em relação ao período anterior. A influência dos elementos orientais absorvidos pelo helenismo assinala, segundo Chaui, a proximidade do convívio entre os pensadores abordados com a cultura de lugares como a Síria, a Índia e o Egito. A obra é enriquecida por um glossário de termos gregos e latinos, mapas e ilustrações.
Filosofia Capa: Moema Cavalcanti 360 pp. (estimadas) 16 3 23 cm Tiragem: 5000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 21/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1715-4
Marilena Chaui é professora de história da filosofia e de filosofia política na Universidade de São Paulo, onde leciona desde 1967. Dedica-se ao estudo das filosofias de Espinosa e Merleau-Ponty, e das questões sobre a sociedade e a política democráticas. Tem participado ativamente da vida política do país. É autora de O que é ideologia, Escritos sobre a universidade, Cultura e democracia, Merleau-Ponty: experiência do pensamento, entre outros. Pela Companhia das Letras publicou A nervura do real: imanência e liberdade em Espinosa e Política em Espinosa, além do primeiro volume da Introdução à história da filosofia. É doutor honoris causa pela Université de Paris e pela Universidad Nacional de Córdoba, na Argentina. Recebeu o prêmio Jabuti por Convite à filosofia (categoria didático) e A nervura do real (categoria ensaio).
EU VOS ABRAÇO, MILHÕES Moacyr Scliar Nesse romance de formação muito particular, acompanhamos as aventuras juvenis do gaúcho Valdo, filho de um humilde capataz de estância que se apaixona pelo comunismo e parte para a cidade grande em busca de um sentido para a vida A primeira paixão de Valdo foi a leitura. A leitura o aproximou de Geninho. E Geninho o apresentou ao comunismo. A ideia de que a desigualdade fosse uma injustiça e de que houvesse pessoas lutando pelo fim da opressão social mudou a vida do garoto. Decidido a entrar para o Partido Comunista, Valdo abre as porteiras da estância e cai no mundo. Levando poucos pertences e quase nenhum dinheiro, embarca clandestinamente num trem com destino ao Rio de Janeiro. Na Cidade Maravilhosa, acredita, o lendário líder do Partido, Astrojildo Pereira, haverá de recebê-lo de braços abertos para conduzi-lo em pessoa às fileiras da militância, onde finalmente sua vida ganhará sentido. Mas Astrojildo não está no Rio. Foi a Moscou, sem data para voltar. E Valdo não tem dinheiro.
Em vez de lutar para libertar a classe oprimida, torna-se ele próprio um assalariado, operário da construção. Para piorar as coisas, na obra que culminará num imenso ícone da alienação: o Cristo Redentor. Quadro vívido e fascinante do Brasil na virada para a década de 30, Eu vos abraço, milhões é uma leitura imperdível, que reúne a Coluna Prestes e a Revolução de 30 às reflexões, perplexidades e fantasias de um personagem inesquecível. Moacyr Scliar nasceu em Porto Alegre, em 1937. É autor de mais de oitenta livros em vários gêneros. Suas obras foram publicadas em mais de vinte países e receberam diversos prêmios. Médico e membro da Academia Brasileira de Letras, colabora em vários órgãos da imprensa, no país e no exterior.
Romance Capa: Victor Burton 256 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 39,50 Previsão de lançamento: 10/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1739-0
CACAU Jorge Amado
Esta saga da zona cacaueira, lançada em 1934, surpreendeu a crítica e os leitores da época pelo frescor de sua linguagem e pela crueza com que denunciava as condições de vida dos trabalhadores rurais da Bahia
Romance Capa: Kiko Farkas e Mateus Valadares/ Máquina Estúdio 192 pp. (estimadas) + 8 pp. (caderno de fotos) 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 40,00 Previsão de lançamento: a definir ISBN e código de barras: 978-85-359-1726-0 LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
Segundo livro de Jorge Amado, Cacau é narrado em primeira pessoa por um lavrador, filho de industrial decaído, que trabalhara brevemente como operário fabril. O pequeno romance é a saga de uma tomada de consciência social e política. Atesta o clima de polarização ideológica da época em que foi escrito e o entusiasmo revolucionário de seu jovem autor. Cacau inaugura também um dos veios mais ricos da literatura de Jorge Amado, o dos livros dedicados à rica e sangrenta história da região cacaueira da Bahia, imortalizada em obras como Terras do sem-fim; São Jorge dos Ilhéus; Gabriela, cravo e canela e Tocaia Grande.
Neste apaixonado livro de juventude, com um vigor e uma urgência que o tornam encantador, encontramos alguns dos méritos mais louvados do autor, como o apurado ouvido para a fala popular; o trânsito pelos vários registros do discurso, do mais formal ao mais coloquial; o caloroso afeto por suas criaturas. Livro de denúncia e esperança, anuncia o grande romancista que conquistaria os leitores do Brasil e do mundo nas décadas seguintes. Jorge Amado (1912-2001) nasceu em Itabuna, na Bahia, e é um dos grandes nomes da literatura brasileira. Desde 2008, a Companhia das Letras está relançando sua obra (www.jorgeamado.com.br). 2
NO BURACO Tony Bellotto Neste novo romance de Tony Belloto, as aventuras de Teo Zanquis — ex-ídolo do rock nacional, decadente e solitário — são narradas com humor ácido e contundente, ao lado de emoções intensamente humanas Teo Zanquis está na praia, em Ipanema, falando consigo mesmo. E a história que ele conta é a sua própria, a de um guitarrista de uma banda de rock de um único sucesso nos anos 80, cujos discos só podem ser encontrados em sebos musicais do centro de São Paulo. A vida profissional e artística de Zanquis atingiu muito rápido seu apogeu para, em seguida, com a mesma rapidez, mergulhar no mais retumbante esquecimento. Mimetizando às avessas sua história de vida, Tony Bellotto põe em cena, em No buraco, um tipo solitário, que caminha sem ilusões para a velhice ruminando as estripulias de seus tempos de glória e juventude. Mas isso não impede que Teo busque o amor no corpo de uma jovem coreana, nem que estreite laços de
amizade com figuras de quem ele jamais imaginaria se aproximar em seus tempos de semi-ídolo do rock nacional, como a dona Gladys, velha e excêntrica vizinha da quitinete onde ele mora. A história de Teo, narrada num tom confessional que praticamente embute o leitor na pele do personagem, acaba resvalando num curioso plot detetivesco de desfecho tão inesperado quanto brilhante, narrado com um humor ácido e contundente. Tony Bellotto nasceu em São Paulo, em 1960. Além de escritor, é compositor e guitarrista da banda de rock Titãs e apresentador do programa Afinando a língua, do Canal Futura. Dele, a Companhia das Letras publicou, entre outros, Bellini e a esfinge e Os insones.
Romance Capa: Retina_78 256 pp. (estimadas) 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 43,00 Previsão de lançamento: 21/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1735-2
LINGUAGEM DE SINAIS Luiz Schwarcz Luiz Schwarcz realiza sua segunda incursão no mundo da literatura adulta em volume que reúne onze contos (ou seis contos e um quase romance) dedicados à memória e à ancestralidade
Contos Capa: warrakloureiro 104 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 33,00 Previsão de lançamento: 02/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1732-1 3
Explorando a natureza fragmentária do passado, Luiz Schwarcz mais uma vez percorre a memória com uma prosa conhecedora dos caminhos que levam dos fatos da realidade à ficção. A invocação de episódios autobiográficos marcantes — como o estranho caso do idoso desmemoriado num avião para Lisboa, deflagrador do livro — expõe a intimidade inerente ao tratamento ficcional da lembrança. Conservando resquícios da forma original, Linguagem de sinais, inicialmente concebido para ser um romance, traz contos interligados pela recorrência de personagens e pela voz de um narrador que se depara com a irrupção inesperada do passado. Em “Antônia”, história que abre o volume e lhe dá o tom dominante, conhecemos o obsessivo personagem com quem o narrador dividiu seus anos
de casamento. As figuras de Goya e Beethoven, gênios criativos que padeceram de surdez total, pairam sobre a figura dessa mulher enigmática. Especializada na linguagem dos surdos, Antônia e seus silêncios expressivos simbolizam a incomunicabilidade do amor tematizada por Schwarcz em textos como “O síndico” e “O cobertor xadrez”. Em “Kadish”, um cantor que sonhava em se tornar tenor de ópera e acaba convertido em cantor de sinagoga sintetiza a interpenetração entre ficção e realidade delicadamente operada no livro, aludindo à ancestralidade evocada pelo autor. Luiz Schwarcz nasceu em São Paulo, em 1956. Editor há mais de trinta anos, fundou a Companhia das Letras em 1986. É autor de dois livros infantis e do volume de contos Discurso sobre o capim (2005). LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
O PODER DA ARTE Simon Schama
EDIÇÃO DE LUxO, COM CAPA DURA E CERCA DE 200 IMAGENS COLORIDAS
• Caravaggio • Bellini • David • Rembrandt • • Turner • Van Gogh • Picasso • Rothko • Com muito argúcia e domínio histórico, Simon Schama apresenta a vida de oito artistas brilhantes para narrar os “momentos de alta tensão no drama da criatividade” e recriar o nascimento de algumas das obras-primas da arte ocidental
História da arte Tradução: Hildegard Feist Capa: warrakloureiro 520 pp. (estimadas) 19 3 24,5 cm Tiragem: 4000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 25/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1665-2
“A grande arte tem péssimos modos. A silenciosa reverência da galeria pode levar você a acreditar, enganosamente, que as obras-primas são delicadas, acalmam, encantam, distraem — mas na verdade elas são truculentas. Impiedosas e astutas, as maiores pinturas lhe aplicam uma chave de cabeça, acabam com sua compostura e, ato contínuo, põem-se a reorganizar seu senso da realidade.”
LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
Com o Renascimento, a arte passou a ser trabalhada como mais do que mero esforço artesanal. Era o momento da elaboração intelectual, que não pretendia se acomodar às concepções de beleza já estabelecidas e se esforçava na reflexão em busca da verdade, tal como a filosofia, a poesia ou a teologia. Em O poder da arte, Simon Schama escolhe oito momentos tensos dessa busca pela verdade. Cada capítulo, recheado de ilustrações coloridas, narra uma virada crítica na carreira de um grande nome da história da arte: Caravaggio, Bellini, David, Rembrandt, Turner, Van Gogh, Picasso e Rothko. São passagens históricas em que os meios plásticos deixaram a beleza em segundo plano e embarcaram em processos que mudaram o modo de entender a pintura e a escultura. O livro é baseado na série de televisão homônima que Schama produziu para a bbc. Não se trata de um compêndio tradicional sobre história da arte. O autor não nos conta as minúcias técnicas de cada artista, mas nos apresenta momentos em que eles foram obrigados a reformular ou recrudescer suas concepções de trabalho. Com uma prosa épica e até teatral, Schama fala do drama da criação, dos momentos “em que o artista, sob enorme
pressão, empreende um trabalho extremamente ambicioso, no qual se incorporam suas crenças mais profundas”. Sem se preocupar em fazer um panorama da história da arte, o autor se atém a momentos em que a criação da beleza não pretendeu apenas ser um agrado aos olhos, mas “uma arma de guerra”, como definiu Picasso. É dessa oposição entre o agrado suave aos olhos e a força inconveniente da arte que Schama constrói seu raciocínio. Como o próprio autor sintetiza: “Os dramas que formam O poder da arte são histórias pessoais e também histórias da arte. O sucesso ou o fracasso de seus protagonistas envolvia elementos cruciais de nossa existência individual e coletiva”. Nascido em Londres, Simon Schama é professor de história e de história da arte na Universidade Columbia, em Nova York, e autor de catorze livros, traduzidos em vinte línguas. É autor e apresentador premiado de séries da rede inglesa bbc, como O futuro da América e O poder da arte. De sua autoria, a Companhia das Letras publicou Cidadãos, O desconforto da riqueza, Paisagem e memória e O futuro da América. Para mais informações sobre esta série, visite www.bbc.co.uk/arts/powerofart (em inglês).
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OPERAÇÃO MASSACRE Rodolfo Walsh Publicado em 1957, Operação Massacre narra os bastidores da ação policial que resultou no fuzilamento clandestino de doze civis acusados de conspirar contra o governo ditatorial que depusera Perón um ano antes. Ao empregar técnicas narrativas da ficção, esta reportagem inaugura o jornalismo literário na Argentina
Jornalismo literário Tradução: Hugo Mader Capa: João Baptista da Costa Aguiar 288 pp. (estimadas) 14 3 21 cm Tiragem: 4000 ex. R$ 46,00 Previsão de lançamento: 29/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1727-7
Reunidos em uma casa na região metropolitana de Buenos Aires para acompanhar a transmissão de uma luta de boxe pelo rádio, doze homens são presos e levados para a delegacia na noite de 9 de junho de 1956, onde permanecem sem acusação formal ou julgamento até a manhã seguinte, quando enfim são conduzidos a um lixão nos limites da cidade e condenados sumariamente ao fuzilamento. Eram suspeitos de participar da tentativa de golpe de Estado que os generais peronistas Tanco e Valle haviam incitado naquela mesma noite. A repressão ao golpe, imediata, empregou julgamentos sumários, fuzilamentos e prisões clandestinas, revelando o caráter violento do governo provisório que, um ano antes, havia deposto Juán
Domingo Perón com a promessa de pacificar e devolver a liberdade ao país. Para reconstituir o percurso dos prisioneiros na noite do fuzilamento, o autor valeu-se de diálogos, contraposição de pontos de vista e outros recursos emprestados da ficção, conferindo à narrativa um ritmo ágil e tenso, próprio do romance policial — gênero com o qual Walsh tinha familiaridade, sendo primeiramente conhecido do público argentino como autor de contos e novelas de suspense. Rodolfo Walsh nasceu em 1927, em Choele-Choel, na Patagônia Argentina. Jornalista e escritor, participou da criação da agência de notícias cubana Prensa Latina e publicou quatro reportagens longas em livro. Desde 1977, é tido como desaparecido político.
SETE SUÍTES Antonio Fernando De Franceschi Os poemas de De Franceschi são ao mesmo tempo sensuais e eruditos. As palavras, buscadas com precisão, oferecem a música de seus sons para dar nome, com delicadeza, mas incisivamente, às coisas — presentes e passadas O contraponto entre a musicalidade das palavras e o rigor da composição, entre a maneira que tem o poeta de entrar no assunto com leveza e de ao mesmo tempo conferir-lhe a força da revelação, caracteriza o poeta Antonio Fernando De Franceschi, não deixando dúvida quanto à importância dessa poesia mineral, feita de pedras, de paisagens bruscas e desse outro minério que é o produto da memória. Esse jogo de contrastes ainda tem uma função especialmente sutil: a de criar uma superfície de tensão que funciona como o lugar da síntese. É como um continuum a unir os poemas do livro; nele se entrevê a melancolia do poeta: o sentimento de que o que se vive se perde, o que se percebe se dissipa — sem que por isso se desista de seguir buscando, e de retomar o perdido. 5
Os temas das sete suítes são “Pirassununga” (memórias da infância), “Asa e vento” (uma contraposição entre passado e presente), “As formas clássicas”, “As palavras”, “Poços de Caldas”, “Retratos” e “Inquietudes”. Em carta ao poeta, disse Antonio Candido: “Os seus poemas registram a nossa condição de seres condenados a não obter a plenitude desejada. No entanto, sabemos que o nosso destino é morder a polpa azeda do possível e seguir vivendo.” Paulista de Pirassununga, com formação em filosofia e finanças, Antonio Fernando De Franceschi é também poeta e autor dos livros de poesia: Tarde revelada, Caminho das águas, Sal, Fractais, A olho nu e Cinco formas clássicas.
Poesia Capa: Kiko Farkas/ Máquina Estúdio 88 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 2000 ex. R$ 32,00 Previsão de lançamento: 20/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1731-4 LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
ATLAS Jorge Luis Borges, com María Kodama Em 1984, Borges reuniu pela primeira vez num volume os relatos de suas andanças pelo mundo. O resultado é uma coletânea ímpar de breves textos permeados pelas lembranças dos locais que amorosamente visitou Sabemos, pela Odisseia, que a viagem é um dos motivos mais antigos da tradição literária do Ocidente, e quem viaja tem sempre alguma história para contar, conforme diz um velho provérbio alemão. Especialmente quando o viajante é Borges: ao contrário do turista apressado, que quer ver tudo sem compreender nada do país visitado, ele escolhe uma paisagem urbana ou um elemento da natureza, para então criar uma breve história fundamentada num mito. Assim, é capaz de desenvolver analogias simbólicas a partir de um objeto banal, um simples mas delicioso brioche, por exemplo. A essas impressões de suas inúmeras viagens na companhia de María Kodama, Borges juntou outro tesouro inesgotável:
o da memória dos livros que percorreu ao longo dos anos, de modo que vastas sombras vêm se interpor entre o muito que o autor recorda e o pouco que pôde perceber nos dois ou três dias povoados de circunstâncias em que se deteve neste ou naquele lugar, como nos conta em sua visita à Irlanda, impregnada para ele das imagens de seus grandes escritores, como sente ao percorrer as ruas que os personagens do Ulisses continuam percorrendo. Os mares, céus e noites das viagens aguardaram aqui um lento e silencioso trabalho de decantação no fundo escuro da experiência até se cristalizarem em imagens. Ilustrado com fotografias de María Kodama, Atlas foi o último livro publicado em vida pelo escritor argentino.
Relato de viagem Tradução: Heloisa Jahn Capa: warrakloureiro 144 pp. 15,5 3 22,5 cm Tiragem: 3000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 17/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1712-3
HISTÓRIA DA ETERNIDADE Jorge Luis Borges
Coletânea de ensaios enfeixados pelo tema do infinito e da repetição, História da eternidade simboliza talvez a maior inflexão na obra de Borges, que aqui abandona a mitologia dos arrabaldes portenhos e passa a se dedicar a assuntos universais
Ensaio Tradução: Heloisa Jahn Capa: warrakloureiro 128 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 35,00 Previsão de lançamento: 17/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1724-6 LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
A singular “História da eternidade”, que dá título ao volume, publicada originalmente em 1936, um ano depois da “História universal da infâmia”, como esta desafia o leitor desde o título. Uma antinomia opõe a noção de história, feita de sucessão temporal, movimento e mudança, à ideia estática de uma duração sem fim que o termo “eternidade” evoca. O desejo de escrever uma espécie de “biografia da eternidade” que nos libertaria da opressão do tempo sucessivo sempre atraiu Borges, que jamais abandonou o interesse pelos temas deste livro, mesmo quando, mais tarde, reprova o que então havia escrito sobre eles. Na verdade, a coletânea marca uma
virada na carreira do escritor, que se abre ostensivamente para a universalidade estampada desde o título. São agora motivos da inquirição intelectual do ensaísta as doutrinas do tempo cíclico, as Mil e uma noites e seus tradutores, a metáfora e as velhas imagens da poesia da Islândia. Numa das notas finais, discreta e tímida em meio a preocupações retóricas, desponta uma narrativa disfarçada de resenha crítica: “A aproximação a Almotásim”, em que se dá a ver um de seus primeiros exercícios de prosa de ficção. O ensaio que almeja espraiar-se até o infinito de repente desemboca no conto de uma aproximação sem termo, história de uma busca infindável. 6
FELICIDADE DEMAIS Alice Munro Em coletânea de contos da premiada escritora canadense Alice Munro, personagens femininas protagonizam histórias arrebatadoras sobre sedução, os mistérios do passado, a finitude e promessas de felicidade intensa
Contos Tradução: Alexandre Barbosa de Souza Capa: Luciana Fachini 344 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 2000 ex. R$ 49,00 Previsão de lançamento: 08/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1725-3
Felicidade demais reúne dez contos de Alice Munro, protagonizados por personagens femininas que vivem situações de grande sedução e violência. São mulheres de idades e ocupações diversas, mas todas elas, a certa altura da vida, deparam com acontecimentos que mudam o rumo de suas vidas. O conto que dá título ao livro é um relato de ficção inspirado em uma personagem real: a russa Sophia Kovalevsky, que viveu na segunda metade do século xix e destacou-se pelo pioneirismo na matemática. Ela foi uma das primeiras mulheres admitidas como professora universitária, em Estocolmo, além de jornalista de divulgação científica e escritora de ficção. A narrativa se concentra nos dias que antecedem a morte de Sophia, com
flashbacks para contar seus envolvimentos amorosos e sua relação com a família da irmã, casada com um revolucionário da Comuna de Paris. Nos contos da autora, camadas narrativas se sobrepõem, o passado e a memória atuam no presente e conduzem a situações-limite. Mas mesmo quando a doença toma conta e o fim se anuncia, a promessa de felicidade, ainda que efêmera e ilusória, estará sempre no horizonte de realização. Alice Munro nasceu e cresceu na cidade de Wingham, Ontário, no Canadá. É autora de livros de contos e de um romance, traduzidos para mais de dez idiomas. Em 2009, venceu o Man Booker Prize. De sua autoria, a Companhia das Letras publicou também Fugitiva.
OS ANÉIS DE SATURNO Uma peregrinação inglesa W. G. Sebald
Internado no hospital, o narrador deste poderoso romance tece o relato de uma caminhada de um ano pelo leste da Inglaterra, investigando a história, a arte e a natureza numa mistura de autobiografia, ensaio, narrativa histórica e prosa de ficção Em Os anéis de Saturno, publicado no Brasil em 2002 e agora em nova tradução, W. G. Sebald desenvolve mais uma vez sua prosa original e inclassificável. Internado no hospital de Norwich em estado “de quase total imobilidade”, o narrador relata seu ano de andanças pela Ânglia Oriental, região do leste da Inglaterra onde o próprio Sebald passou boa parte da vida. O percurso desse alter ego o leva a localidades onde os “traços de destruição” da história europeia disparam digressões nas quais o autor parece querer grafar a memória de um mundo cuja beleza e fascínio rivalizam com sua tendência à ruína e à deterioração. Assim, o encontro com uma comu7
nidade solitária de pescadores conduz a uma explanação sobre o ciclo de vida do arenque e seu efeito sobre a economia local, e um pequeno trem evoca um relato sobre a revolução de Taiping na China do século xix. A lucidez, a originalidade e a beleza descritiva de Sebald resultam numa narrativa hipnotizante, que remete a influências como Jorge Luis Borges, Thomas Bernhard e Joseph Conrad. W. G. Sebald (1944-2001) é um dos nomes mais importantes da literatura alemã contemporânea. Estudou em Freiburg e lecionou em Manchester e na Ânglia Oriental. De sua autoria, a Companhia das Letras publicou Austerlitz, Vertigem e Os emigrantes.
Romance Tradução: José Marcos Macedo Capa: Kiko Farkas e Elisa Cardoso/ Máquina Estúdio 296 pp. (estimadas) 14 3 21 Tiragem: 3000 ex. R$ 46,50 Previsão de lançamento: 22/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1723-9 LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
NOTAS SOBRE GAZA Joe Sacco No trabalho mais ambicioso de sua carreira, o quadrinista Joe Sacco funde passado e presente para contar a história da escalada de violência no conflito entre israelenses e palestinos a partir de dois episódios esquecidos, relegados às notas de rodapé dos livros de história
Reportagem Tradução: Alexandre Boide 432 pp. 20 3 27 cm Tiragem: 6000 ex. R$ 55,00 Previsão de lançamento: 24/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1717-8
Uma década depois de ter surpreendido o mundo com seus relatos em quadrinhos sobre o conflito entre israelenses e palestinos — que lhe valeram um American Book Award em 1996 —, Joe Sacco volta à Faixa de Gaza para realizar seu projeto mais ambicioso até aqui: resgatar do esquecimento quase completo dois episódios ocorridos quase cinquenta anos antes. Em novembro de 1956, nas cidades de Khan Younis e Rafah, centenas de civis foram mortos pelo exército israelense em uma incursão militar que tinha tudo para ser uma operação rotineira de captura de guerrilheiros palestinos. Segundo um dos poucos relatórios da ONU disponíveis, os soldados teriam simplesmente entrado em pânico ao deparar com uma multidão
em fuga. Já de acordo com o primeiroministro israelense, as tropas teriam entrado em confronto com rebeldes armados, muito embora não tenha ocorrido uma única baixa entre suas fileiras. Em Notas sobre Gaza, Joe Sacco mergulha nos escombros de um conflito que parece não ter fim para reconstituir alguns dos eventos mais importantes para a escalada de violência em que se transformou a relação entre israelenses e palestinos. Joe Sacco nasceu em Malta em 1960, e vive nos Estados Unidos desde 1972. Formado em jornalismo pela Universidade de Oregon, tornou-se conhecido no mundo dos quadrinhos nas páginas da revista Yahoo, produzida e editada por ele entre 1988 e 1992.
MEMÓRIA DE ELEFANTE Caeto Seguindo a trilha aberta por autores de romances gráficos autobiográficos como Art Spiegelman e David B., em Memória de elefante o quadrinista Caeto transforma sua vida em matéria-prima para uma epopeia de dissabores sucessivos, empregos miseráveis, lares inabitáveis e porres monumentais Autor e editor de histórias em quadrinhos, vocalista de uma banda de punk rock independente, artista plástico prestes a deixar de vender seus quadros nas ruas de São Paulo para ganhar uma exposição individual em uma galeria. À primeira vista, a carreira artística de Caeto parece uma caminhada promissora e cercada de um certo glamour. O artista, porém, é obrigado a lidar com a crônica falta de dinheiro e as perspectivas profissionais limitadas, além dos fracassos na vida amorosa e as armadilhas da depressão e do alcoolismo. Seu pai é um livreiro semifalido, um homossexual assumido que vive uma relação amorosa com o sócio. Já sua mãe, após o fim tumultuado e traumático do LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
casamento, muda-se para o interior do estado. Na reconstrução prodigiosa de sua memória, nada pode ficar de fora: a agitada vida noturna paulistana, as aventuras sexuais, o cachorro problemático, o calvário familiar, a passividade da mãe, a agonia do pai, vítima do vírus hiv, e a contribuição fundamental de cada uma das pessoas que o acompanharam em sua jornada rumo à redenção. Caeto nasceu em Assis, interior de São Paulo, em 1979. No mercado editorial desde 2000, já ilustrou obras de autores como Fernando Bonassi e Heloisa Prieto. Foi editor dos fanzines Sociedade radioativa e Glamour popular, em que publicou suas hqs. Memória de elefante é seu primeiro romance gráfico.
Romance gráfico Capa: Elisa v. Randow 232 pp. 21 3 27,5 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 39,00 Previsão de lançamento: 10/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1689-8
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SEU ROSTO AMANHÃ, VOLUME 3 Veneno, sombra e adeus Javier Marías
Com Veneno, sombra e adeus, Javier Marías, um dos maiores nomes da literatura contemporânea, fecha seu romance monumental, equilibrando doses equivalentes de humor, suspense e reflexão “De longe, o melhor escritor espanhol da atualidade” — Roberto Bolaño “A gente não deseja, mas sempre prefere que morra quem está a seu lado, numa missão ou numa batalha, numa esquadrilha aérea ou sob um bombardeio ou na trincheira.” Assim começa Veneno, sombra e adeus, terceiro e último volume de Seu rosto amanhã, o ambicioso thriller metafísico de Javier Marías que, por fim completo, se revela como uma das mais altas realizações literárias do nosso tempo. O narrador e protagonista, Jacques ou Jaime ou Jacobo Deza, acaba conhecendo aqui os inesperados rostos dos que o rodeiam e também o dele. Descobre então que, sob o mundo mais ou menos tranquilo em que os ocidentais vivemos, sempre lateja uma necessidade de traição e violência que é inoculada em nós como um veneno.
Com seus novos e cruciais episódios em Londres, Madri e Oxford, com seu desenlace atordoante, encerra-se aqui uma história que é muito mais que uma história apaixonante, contada com a mestria de um dos melhores romancistas contemporâneos, e talvez o mais profundo e ousado. Javier Marías nasceu em Madri, em 1951. Formado em letras e especializado em filologia, trabalhou como roteirista e tradutor até publicar seu primeiro livro, Os domínios do lobo, em 1971. Já escreveu mais trinta, entre os quais Coração tão branco, O homem sentimental e Quando fui mortal, publicados no Brasil pela Companhia das Letras. Sua obra já foi traduzida em mais de vinte idiomas.
Romance Tradução: Eduardo Brandão Capa: warrakloureiro 616 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 2000 ex. R$ 79,00 Previsão de lançamento: 20/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1728-4
O GRANDE Juan José Saer Construída com elementos de romance policial, a obra póstuma de Saer se desenvolve em torno de uma pergunta central: por que Willi Gutiérrez voltou a sua cidade natal depois de trinta anos de ausência? Uma obra brilhante, do escritor que a crítica considera um dos maiores desta virada de século
Romance Tradução: Heloisa Jahn Capa: warrakloureiro 416 pp. (estimadas) 16 3 23 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 57,00 Previsão de lançamento: 22/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1733-8 9
Reunindo alguns dos personagens que o leitor já conhece de outros livros de Juan José Saer, O grande é uma peça-chave na composição que o escritor argentino construiu livro a livro sobre um mesmo tema de fundo: o tempo que passa. Há pouco mais de trinta anos, sem anunciar sua partida a ninguém, Willi Gutiérrez simplesmente se evaporou do cenário de sua juventude. Os amigos souberam que ele fora viver na Itália, onde se tornara roteirista de cinema. Da mesma forma inesperada, um dia ele se materializa em Rincón, cidadezinha próxima de Santa Fe: compra uma casa, localiza os antigos amigos e convida a todos para um churrasco no domingo seguinte. O grande é composto por sete capítulos, correspondentes aos dias da se-
mana. Começa numa terça-feira e acaba na segunda-feira posterior à grande reunião de domingo. O último capítulo, interrompido pela morte do autor, só tem uma frase, mas sabe-se que Saer planejara que ele fosse muito curto — um arremate para as indagações de longo fôlego que culminaram no churrasco de domingo. Juan José Saer nasceu na Argentina em 1937. Foi professor na Universidad Nacional del Litoral, onde lecionou história do cinema. Autoexilado na França desde 1968, radicou-se em Paris. Foi professor na Universidade de Rennes. De sua autoria, a Companhia das Letras publicou Ninguém nada nunca, A pesquisa, A ocasião e As nuvens. Saer faleceu em Paris, em junho de 2005. LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
LANÇAMENTOS INTRODUÇÃO À HISTÓRIA DA FILOSOFIA,VOLUME 2 Marilena Chaui EU VOS ABRAÇO, MILHÕES Moacyr Scliar CACAU Jorge Amado LINGUAGEM DE SINAIS Luiz Schwarcz NO BURACO Tony Bellotto O PODER DA ARTE Simon Schama OPERAÇÃO MASSACRE Rodolfo Walsh SETE SUÍTES Antonio Fernando de Franceschi ATLAS Jorge Luis Borges HISTÓRIA DA ETERNIDADE Jorge Luis Borges
QUIMONOS Annelore Parot
POESIA — 1918-1930 Fernando Pessoa
ESSENCIAL JORGE AMADO Jorge Amado
A REVOLUÇÃO DE 1930 Boris Fausto
LIVRO DA VIDA Santa Teresa d’Ávila
O SER E O TEMPO DA POESIA Alfredo Bosi
NÃO HÁ SILÊNCIO QUE NÃO TERMINE Ingrid Betancourt
TÁBULA RASA Steven Pinker
REIMPRESSÕES
TRISTES TRÓPICOS Claude Lévi-Strauss O ÚLTIMO VOO DO FLAMINGO Mia Couto
1984 George Orwell
VENENOS DE DEUS, REMÉDIOS DO DIABO Mia Couto
AS BRASAS Sándor Márai O FIO DAS MISSANGAS Mia Couto
MAUS Art Spiegelman
HISTÓRIA DE LINCE Claude Lévi-Strauss O HOMEM QUE CONFUNDIU SUA MULHER COM UM CHAPÉU Oliver Sacks
FELICIDADE DEMAIS Alice Munro
OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES Stieg Larsson
OS ANÉIS DE SATURNO W. G. Sebald
A LONGA MARCHA DOS GRILOS CANIBAIS Fernando Reinach
O DIA DO CURINGA Jostein Gaarder
NOTAS SOBRE GAZA Joe Sacco
OLHAR, ESCUTAR, LER Claude Lévi-Strauss
O MUNDO DE SOFIA Jostein Gaarder
MEMÓRIA DE ELEFANTE Caeto
PARATII Amyr Klink
LEONARDO DA VINCI E SEU SUPERCÉREBRO Michael Cox
SEU ROSTO AMANHÃ,VOLUME 3 Javier Marías
O CASTELO (BOLSO) Franz Kafka
O GRANDE Juan José Saer
OLGA (BOLSO) Fernando Morais
METAMORFOSES Ana Miranda, Ricardo Azevedo, Angela-Lago e Heloisa Seixas
ORIENTALISMO (BOLSO) Edward W. Said
PADRE ANTÔNIO VIEIRA, O IMPERADOR DA LÍNGUA PORTUGUESA Amélia Pinto Pais
COMO FUNCIONA O INCRÍVEL CORPO HUMANO Richard Walker
A VALSA DOS ADEUSES (BOLSO) Milan Kundera ROMEU E JULIETA (COLEÇÃO HISTÓRIAS DE SHAKESPEARE) Andrew Matthews
Editora Schwarcz Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 32 04532-002 — São Paulo — sp Telefone: (11) 3707-3500 Fax: (11) 3707-3501 www.companhiadasletras.com.br
UMA HISTÓRIA DE PINGUIM Antoinette Portis PALHAÇO, MACACO, PASSARINHO Eucanaã Ferraz YUMI Annelore Parot
LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
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HISTORINHAS DE CONTAR Natha Caputo e Sara Cone Bryant MINHAS FÁBULAS DE ESOPO Michael Morpurgo ROSA MARIA NO CASTELO ENCANTADO Erico Verissimo VIZINHO,VIZINHA Roger Mello VOLTA AO MUNDO EM 52 HISTÓRIAS Neil Philip
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METAMORFOSES Ana Miranda, Ricardo Azevedo, Angela-Lago e Heloisa Seixas Ilustrações: Sérgio Kon/ Organização: Heloisa Prieto Textos bastante variados, de fantasia, humor negro, entre homenagens e reflexões, falam das mutações que a vida nos impõe Esta antologia nasceu de uma espécie de jogo literário — como bem definiu sua organizadora, Heloisa Prieto —, do qual participaram quatro escritores de renome: Ana Miranda, Ricardo Azevedo, Angela-Lago e Heloisa Seixas. Prieto sugeriu aos convidados a leitura de dois textos sobre o tema da transmutação — um trecho das Metamorfoses de Ovídio, obra escrita numa época em que a narrativa se reportava a um tempo e espaço mágicos, nos quais cada ser continha a possibilidade secreta da transformação; e o primeiro capítulo da Metamorfose de Kafka, considerada por muitos a metáfora mais perfeita da condição do homem contemporâneo. A partir dessa leitura, eles criariam seus próprios contos.
Os resultados foram textos tão díspares quanto nossos universos pessoais. Ora mais próximos de um diálogo com a literatura clássica, ora inspirados nos textos da modernidade, eles falam de uma indiazinha que, de certa maneira, vira pássaro; de alguém que resolve se enterrar vivo, optando por afundar em seu próprio abismo; da solidão de uma viúva mineira e sua paixão por gatos vira-latas, aparentemente inocentes; e até de Raul Seixas. Os contos são ilustrados e vêm acompanhados pelos dois textos que lhes serviram de inspiração. Na mesma série de antologias juvenis criadas por Heloisa Prieto estão os volumes Vida crônica e De primeira viagem.
Capa: João Baptista da Costa Aguiar 96 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 4000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 29/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1711-6
PADRE ANTÔNIO VIEIRA, O IMPERADOR DA LÍNGUA PORTUGUESA Amélia Pinto Pais/ Ilustrações: Mariana Newlands Escrito como uma autobiografia, o livro traz os principais acontecimentos da vida de Antônio Vieira, além de trechos de seus mais conhecidos sermões e de sua correspondência. Da mesma autora de Fernando Pessoa, o menino da sua mãe
Capa e projeto gráfico: Mariana Newlands 96 pp. 15,5 3 22,5 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 31,00 Previsão de lançamento: 11/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1730-7 11
Considerado o imperador da língua portuguesa por Fernando Pessoa, Antônio Vieira foi um escritor de dois mundos: nascido em Lisboa, em 1608, passou grande parte da vida em terras brasileiras — foi em Salvador, na Bahia, que morreu, aos 89 anos de idade. Missionário jesuíta, destacou-se por sua habilidade como orador: sua vasta obra compõe-se sobretudo de sermões, entre os quais ficaram célebres os que se constituem em defesas dos indígenas e dos negros. Na primeira parte do livro, é o próprio Vieira quem narra os principais acontecimentos de sua vida em uma espécie de autobiografia póstuma. Na segunda, são apresentados trechos de alguns de seus mais conhecidos sermões — entre eles
o Sermão de Santo Antônio aos Peixes e o Sermão da Sexagésima —, além de citações extraídas de sua obra e excertos de sua correspondência. O volume inclui ainda dois anexos: um texto explica a estrutura de um sermão e outro contextualiza a ação da Inquisição. Dirigido aos jovens leitores, Antônio Vieira, o imperador da língua portuguesa pretende despertar neles o gosto por conhecer a vida e a obra deste que é um dos maiores prosadores da nossa língua. Amélia Pinto Pais nasceu em 1943, em Portugal. Estudiosa da literatura portuguesa, escreveu ensaios sobre Camões, Fernando Pessoa e Gil Vicente, além de uma história da literatura em Portugal. LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
A VALSA DOS ADEUSES Milan Kundera
Romance Tradução: Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca Capa: Jeff Fisher 248 pp. 12,5 3 18 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 24,00 Previsão de lançamento: 09/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1729-1
Em um pequeno balneário decadente, oito personagens se ligam de maneiras improváveis. Esterilidade, amor não correspondido, adultério, depressão, aborto: Kundera reúne neste romance todos os elementos que podem perturbar o amor. Pares se encontram e desencontram como se rodopiassem ao som de uma valsa. A música dá partida para o tema inicial do livro: a gravidez indesejada de uma jovem em contrapartida ao desejo de ser mãe que leva as mulheres até a estação de águas. Aos poucos, Milan Kundera nos apresenta a outros pares, a outros temas. E, através desses personagens, o autor levanta questões mais do que nunca atuais, como a ética dos processos de fertilização, a traição entre amigos, os limites da paixão, as armadilhas do ciúme, o despertar do erotismo, a necessidade de tomar as rédeas da própria vida ou morte. Aos poucos Kundera vai desmontando essa ciranda para montar um desfecho surpreendente e ousado.
ROMEU E JULIETA Coleção Histórias de Shakespeare Andrew Matthews/ Ilustrações: Tony Ross Destinada ao público infantojuvenil, esta adaptação de uma das histórias mais famosas da literatura universal mantém o tom e a tensão genial de Shakespeare
Tradução: Érico Assis 64 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 18,00 Previsão de lançamento: 21/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-449-9
Já disse Romeu que “zomba da dor quem nunca foi ferido”. E existe no mundo uma só alma que não tenha sofrido de amor? Se existe, é a mesma que nunca ouviu falar de Romeu e Julieta, talvez a história de amor mais conhecida de todos os tempos. Nesta adaptação dirigida ao público infantojuvenil, a peça de William Shakespeare foi transformada em prosa e ganhou ilustrações em preto e branco
do premiado artista inglês Tony Ross. O livro inclui ainda um prefácio de Heloisa Prieto e dois posfácios: um discute a questão do amor e do ódio na trama e o outro conta o Globe Theatre, onde muitas das peças de Shakespeare foram encenadas pela primeira vez. Este é o volume inicial de uma série de adaptações, destinadas ao público juvenil, das histórias mais conhecidas desse autor excepcional.
UMA HISTÓRIA DE PINGUIM Antoinette Portis Esta é a história de um pinguim sensível às cores, ou melhor, à falta que sente delas. Ainda bem que esse pinguim é também curioso
Tradução: Júlia M. Schwarcz 25,5 3 20,5 cm 40 pp. Tiragem: 3000 ex. R$ 28,00 Previsão de lançamento: 18/08/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-447-5
LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
Edna vive em um lugar onde só há o branco da neve, o azul do mar e o preto do céu. Ela mesma, pinguim que é, parece toda tintada de branco e preto, assim como seus amigos. Mas ela não se conforma com uma paisagem tão pobrinha. Tem certeza e aposta que existe, sim, “alguma outra coisa”.
Até que um dia, Edna e os demais pinguins recebem uma visita especial, bem chamativa, forte, brilhante! Cientistas vêm montar uma base e usam roupa laranja. Eles vão embora, mas Edna continua curiosa. “Que outra coisa existirá?”, é o que ela logo se pergunta, sem enxergar, ainda, um barco verde que desponta no horizonte. 12
PALHAÇO, MACACO, PASSARINHO Eucanaã Ferraz/ Ilustrações: Jaguar De palhaço, todo mundo tem um pouco. De macaco também, assim como de passarinho. É o que nos mostram o poeta Eucanaã Ferraz e o artista Jaguar com este belo poema ilustrado, destinado às crianças pequenas e a todos que resolvam entrar na brincadeira
capa: warrakloureiro 56 pp. 19 3 26 cm Tiragem: 4000 ex. R$ 33,00 Previsão de lançamento: 27/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-440-6
Palhaço é palhaço, macaco é macaco, passarinho é passarinho. Mas será que existe alguma coisa em comum entre eles? O poeta Eucanaã Ferraz acha que sim. E, ainda por cima, acredita que todo mundo tem um pouco dos três. A partir desses personagens, e de estruturas frasais simples, Eucanaã cria uma espécie de jogo de sintaxe em que a cada página palavras são trocadas de maneira a criar novos sentidos. Os versos guardam uma simplicidade próxima da fala, ao mesmo tempo que incorporam os princípios da linguagem poética: ritmo e imagem. Realidades visíveis alternam-se com a abstração — presente nos sentimentos e afetos. Mais ou menos assim: O palhaço sorri./ O palhaço é alegre./ O sorriso do palhaço é pintado./ O palhaço
é triste?/ O palhaço faz palhaçada para a gente rir./ Ele não deixa a gente ficar triste./ O palhaço vive leve como um passarinho./ O palhaço é colorido como um passarinho./ O palhaço é engraçado./ O palhaço parece um macaco./ O macaco sorri./ O macaco é alegre./ O macaco faz macaquices e a gente ri./ O macaco parece um palhaço./ O macaco fica triste? [...] Destinado aos pequenos, que pensam em forma de poesia sem nem saber que ela existe, o livro estimula a capacidade de observação e imaginação da criança e leva a ela o princípio básico da imagem poética, ou ainda da metáfora: a similitude. As ilustrações são de Jaguar, que, apesar do nome de onça, faz coisas engraçadas e às vezes mais parece um macaco. E o macaco parece um palhaço que parece um passarinho. Deu para entender?
YUMI / QUIMONOS Annelore Parot
Dois livros apresentam às crianças palavras e costumes japoneses a partir de bonequinhas típicas do país. Abas que levantam, cortes no papel e outros truques originais complementam a história e as adivinhas sugeridas nos livros
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Já ouviu falar em kokeshi? Quem acha que a palavra vem do Japão acertou — pudera, essa não era muito difícil de acertar. Mas só aqueles que têm parentes no Oriente ou que já viajaram para lá conhecem essas bonequinhas de madeira de que as crianças tanto gostam. A partir das kokeshis — com seus quimonos, leques e penteados de cabelo — as crianças são convidadas a conhecer palavras e costumes do Japão. Buracos nas páginas escondem fantasias; abas revelam o interior das casas; e facas espe-
ciais sugerem algumas atividades, como encontrar as joaninhas que fugiram e descobrir qual a yukata — espécie de quimono levinho que se usa após o banho — de cada kokeshi. Com capa dura acolchoada, com uma tira de couro costurada, o livro é supercaprichado nos mínimos detalhes, assim como o são essas bonequinhas japonesas. Uma ótima oportunidade para as crianças de três a seis anos se interessarem por uma cultura completamente diferente e desvendarem os seus mistérios.
Yumi Tradução: Eduardo Brandão 32 pp. (estimadas) 24,5 3 24,5 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 39,00 Previsão de lançamento: 30/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-426-0
Quimonos Tradução: Eduardo Brandão 32 pp. (estimadas) 24,5 3 24,5 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 39,00 Previsão de lançamento: 30/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-428-4 LANÇAMENTOS SETEMBRO 2010
ESSENCIAL JORGE AMADO Jorge Amado Nesta coletânea, novos fãs e velhos conhecidos de Jorge Amado encontrarão um panorama rico e variado da obra do autor. Seleção e introdução de Alberto da Costa e Silva
Romance/ Contos Seleção e introdução: Alberto da Costa e Silva Capa: Raul Loureiro e Cláudia Warrak 504 pp. (estimadas) 13 3 20 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 29,50 Previsão de lançamento: 29/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-63560-04-9
Além de ter se tornado um dos maiores nomes da nossa literatura e o escritor brasileiro mais difundido no exterior, Jorge Amado é um verdadeiro clássico das nossas letras. Seus romances, como Jubiabá, Capitães da Areia, Terras do sem-fim, Gabriela, cravo e canela, Dona Flor e seus dois maridos, Tenda dos Milagres e Tieta do Agreste, se tornaram extremamente populares, foram traduzidos e publicados em mais de cinquenta países, viraram filmes e novelas. Seus personagens ganharam vida e construíram a imagem de um Brasil mestiço e marcado pelo sincretismo religioso, um país alegre e otimista, sem porém negar as profundas diferenças sociais e os conflitos que marcam a realidade brasileira. Escritor profícuo, Jorge Amado também é dono de uma das obras mais vastas da literatura brasileira. Neste Essencial Jorge Amado, o historiador Alberto da Costa e Silva, que, ao lado de Lilia Mo-
ritz Schwarcz, coordena a Coleção Jorge Amado na Companhia das Letras, realizou uma seleção a fim de oferecer ao leitor um panorama geral desta obra. Como ocorre na coleção Portable, da Penguin, que inspirou a série, Essencial Jorge Amado dá um giro por toda a produção do autor: são trechos de romances, reportagens, contos e uma novela completa, A morte e a morte de Quincas Berro d’Água. Cada trecho é precedido de um comentário de Alberto da Costa e Silva, que contextualiza a obra e a aproxima do leitor de hoje. Além disso, o historiador também assina a introdução do livro. Neste texto, novos leitores de Jorge Amado encontrarão informações biográficas, análises e uma visão original sobre a obra de Amado. E os fãs de longa data poderão redescobrir, sob uma nova perspectiva, o trabalho deste que é um de nossos maiores autores.
LIVRO DA VIDA Santa Teresa d’Ávila A autobiografia de uma mulher que conta, entre outros feitos, a experiência de seu contato direto com Deus, numa prosa que mistura conversa de freira, romance de cavalaria e teologia mística. Apresentação de Frei Betto “O leitor tem em mãos, diante dos olhos e do coração, uma obra-prima que retrata o itinerário espiritual de uma mulher de 47 anos.” — Frei Betto
Autobiografia Tradução: Marcelo Musa Cavallari Capa: Raul Loureiro e Cláudia Warrak 424 pp. 13 3 20 cm Tiragem: 7000 ex. R$ 27,50 Previsão de lançamento: 17/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-63560-05-6
Até a chegada dos manuscritos de Santa Teresa, a igreja católica vivia sob os preceitos do teocentrismo. O que fez esta mulher letrada (uma raríssima exceção para a época), autodidata e visionária foi tirar Deus do centro do universo para colocá-lo no cerne da alma; em outras palavras, trouxe à tona a figura do homem moderno, que vive em busca de si mesmo e está pronto para experiências místicas. Livro da vida é o clássico mais lido pelos espanhóis depois de Dom Quixote, de Cervantes. Em notável prefácio, escrito especialmente para esta edição, Frei Betto descreve Teresa da seguinte manei-
ra: “Feminista avant la lettre, esta monja carmelita do século xvi, ao revolucionar a espiritualidade cristã, incomodou as autoridades eclesiásticas de seu tempo, a ponto de o núncio papal na Espanha, Dom Felipe Sega, denunciá-la, em 1578, como ‘mulher inquieta, errante, desobediente e contumaz’”. Esta edição traz também uma esclarecedora introdução de J. M. Cohen, especialista em literatura de língua espanhola e um dos mais notáveis homens de letras da Inglaterra no séc. xx. Completam o volume as notas e as indicações de leitura feitas pelo tradutor brasileiro Marcelo Musa Cavallari.
NÃO HÁ SILÊNCIO QUE NÃO TERMINE
Meus anos de cativeiro na selva colombiana
Ingrid Betancourt lançamento mundial
Relato biográfico Tradução: Antonio Carlos Viana, Dorothée de Bruchard, José Rubens Siqueira e Rosa Freire d’Aguiar Capa: warrakloureiro 560 pp. 16 3 23 cm Tiragem: 20 000 ex. R$ 45,00 Previsão de lançamento: 17/09/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1738-3
Ingrid Betancourt nasceu em 1961, em Bogotá. Graduada no Institute d’Études Politiques de Paris, ex-deputada e ex-senadora, era candidata à presidência da Colômbia nas eleições de 2002 quando foi sequestrada pelas Farc. Depois de mais de seis anos de cativeiro na selva, Ingrid foi libertada em julho de 2008.
Entremeando a narrativa do cativeiro com reflexões sobre a morte, a liberdade e o poder, Não há silêncio que não termine reconstitui com implacável lucidez o período de mais de seis anos que Ingrid Betancourt passou no inferno verde da selva amazônica em poder das Farc, a principal organização guerrilheira da Colômbia Filha de uma tradicional família colombiana, educada na Europa, Ingrid Betancourt resolveu abandonar a segurança de uma vida confortável para dedicar-se aos problemas de seu conturbado país. Elegendo-se sucessivamente deputada e senadora, Ingrid fundou em 1998 o partido Oxigênio Verde, com o objetivo de trazer novas esperanças à política colombiana, marcada pela violência sectária e pela corrupção. Interessada em promover o diálogo entre as diversas facções da guerra civil que há décadas dilacera a Colômbia, a jovem senadora resolveu em 2001 lançar sua candidatura às eleições presidenciais. No ano seguinte, durante uma viagem de campanha ao único município governado por um prefeito de seu partido, a candidata — então mal colocada nas pesquisas — foi sequestrada por um comando das Farc, junto com diversos assessores e seguranças, num episódio até hoje mal explicado. Levada para o interior da selva em inúmeras viagens de barco, caminhão e marchas a pé, Ingrid se viu repentinamente desligada do convívio dos amigos e da família, isolada do mundo exterior em meio a guerrilheiros fortemente armados. A autora de Não há silêncio que não termine passaria mais de seis anos em poder das Farc. Sua visível agonia, documentada por cartas e “provas de vida” em vídeo, bem como sua libertação numa célebre e
cinematográfica operação do Exército colombiano, em 2008, chamaria novamente as atenções do mundo para o conflito que atualmente ameaça a paz no continente sul-americano. Este livro é o relato contundente de sua experiência como prisioneira da guerrilha narcotraficante, em meio à fome, à doença e às humilhantes condições impostas pelos sequestradores. Os momentos mais dramáticos de sua longa crônica de desventuras certamente são as desesperadas tentativas de fuga. Decidida a recuperar sua liberdade a qualquer custo, Ingrid tentou escapar diversas vezes, sendo invariavelmente recapturada pela guerrilha, faminta e perdida na selva. Obrigada ao convívio quase permanente com os companheiros de sequestro, a autora relembra a rotina tensa do cativeiro, em que a posição de um colchão ou uma suspeita de favorecimento na distribuição de comida geravam desentendimentos por vezes violentos. Ingrid revisita os diversos acampamentos, mais ou menos provisórios, em que foi mantida prisioneira, associando-os às figuras sinistras dos diversos captores e carcereiros que fizeram parte de seu cotidiano ao longo dos anos. A vítima retrata seus algozes sem rancor, descrevendo-os em sua miséria política e humana. O bem-sucedido fim do sequestro, em julho de 2008, encerra o livro num tom de cautelosa esperança, dedicado à preocupante situação dos reféns ainda em poder das Farc.
O acampamento entrava numa atividade febril. Uns checavam os nós de suas barracas, outros iam correndo recolher a roupa que secava num quadrado ensolarado, alguns, mais previdentes, iam aos chontos, para o caso de a tempestade se prolongar. Eu olhava para aquela agitação com um nó na barriga de tanta angústia, rezando para que Deus me desse forças para ir até o fim. “Esta noite estarei livre.” Repetia essa frase sem parar, para não pensar no medo que retesava meus músculos e os esvaziava de sangue, enquanto fazia a muito custo os gestos mil vezes previstos em minhas horas de insônia: esperar que anoitecesse para construir o boneco, dobrar o grande plástico preto e enfiá-lo dentro da bota, abrir o pequeno plástico cinza que me serviria de poncho impermeável, verificar se minha companheira estava pronta. Esperar que a tempestade caísse. [...] Levantei-me. Diante de mim, a mata cerrada e aquela chuva torrencial que viera atender a todas as minhas preces dos dias anteriores. Eu estava do lado de fora, não havia recuo possível. Precisava agir depressa. Assegurei-me de que o elástico que prendia meu cabelo estava no lugar. Não queria que a guerrilha encontrasse o menor indício do caminho que eu ia pegar. Devagar, contei: um... dois... No três, parti, em frente, para a selva. Eu corria, corria, tomada de um pânico incontrolável, esgueirando-me das árvores por reflexo, incapaz de ver, de esperar, de pensar, sempre em frente, até a exaustão. Enfim, parei e dei uma olhada para trás. Ainda conseguia ver a entrada da selva como uma claridade fosforescente entre as árvores. Quando meu cérebro voltou a funcionar, me dei conta de que estava recuando automaticamente, incapaz de me resignar a partir sem Clara. Relembrei, uma a uma, todas as nossas conversas, repassando as recomendações combinadas entre nós. Uma em particular me vinha à memória e a ela eu me agarrava com esperança: se nos perdêssemos na saída, nos encontraríamos nos chontos. Tínhamos falado disso uma vez, de passagem. Felizmente meu senso de orientação parecia funcionar bem. Podia me perder numa grande cidade quadriculada, mas na selva eu encontrava meu norte. Saí exatamente na altura dos chontos. O lugar, é claro, estava vazio. Olhei enojada para a nuvem de bichinhos acima das fossas, para minhas mãos sujas, minhas unhas pretas de lama e aquela chuva que não parava. Não sabia mais o que fazer, estava prestes a cair no desespero. Ouvi vozes e depressa me refugiei na densidade da mata. Tentei perceber o que estava acontecendo dos lados do acampamento e o rodeei para me aproximar da jaula, protegendo-me, bem no lugar de onde eu tinha saído. O temporal se transformou numa garoa persistente, que permitia que os sons se propagassem. Chegou-me a voz forte do comandante. Impossível entender o que dizia, mas o tom era ameaçador. Uma lanterna de bolso iluminou o interior da jaula, depois o feixe de luz entrou com violência pelo buraco das tábuas e percorreu a clareira da esquerda para a direita, passando a poucos centímetros de meu esconderijo. Dei um passo atrás, suando em bicas, com vontade de vomitar, o coração em disparada. Foi quando ouvi a voz de Clara. O calor que me sufocava deu lugar, sem transição, a um frio mortal. Todo o meu corpo começou a tremer. Eu não entendia o que poderia ter acontecido: por que ela fora capturada? Outras luzes apareceram, ordens circulavam, um grupo de homens munido de lanternas se dispersou: alguns inspecionavam as paredes da jaula, os cantos, o teto. Pararam perto do buraco, depois iluminaram a entrada da mata. Vi quando falaram entre si. [...] Sozinha, encharcada e trêmula, contemplei aquele mundo que já não me era acessível. Era tão tentador confessar-me vencida e voltar ao seco e ao calor! Contemplei aquele espaço iluminado, pensando que não podia me afligir com minha sorte, e repeti para mim mesma: “Tenho de ir embora, tenho de ir embora, tenho de ir embora!”.