Destaque de maio

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O pinguim está chegando LANÇAMENTOS MAIO 2010

A humilhação Philip Roth Em seu trigésimo livro, Philip Roth volta ao tema da velhice, da perda e da morte ao narrar os conflitos de um ator em crise com a profissão Aos 65 anos, Simon Axler, um renomado ator de teatro, sobe no palco e constata que não sabe mais atuar. De uma hora para outra toda sua autoconfiança se esvai, e ele perde a capacidade de interpretar os personagens que, ao longo de uma extensa carreira artística, haviam lhe trazido renome. A partir daí, sua vida entra numa espiral de perdas: a mulher vai embora, o público o abandona e seu agente não consegue convencê-lo a retomar o trabalho. Obcecado com a ideia do suicídio, Simon se interna numa clínica psiquiátrica. No meio desse relato terrível de uma autoanulação inexplicável e apavorante, irrompe um enredo em sentido contrário. Simon se envolve numa relação passional com uma mulher mais jovem, homossexual, filha de um casal de atores que ele conheceu na juventude. Nasce daí um desejo erótico avassalador, um consolo para uma vida de privação, mas tão arriscado e aberrante que aponta não para o conforto e a gratificação, e sim para um desenlace ainda mais negro e chocante. Nessa longa viagem noite adentro, relatada com a combinação de intensidade, virtuosismo e seriedade que é a marca de Philip Roth, todos os artifícios que usamos para nos convencer de nossa solidez, todos os desempenhos de nossas vidas — talento, amor, sexualidade, esperança, energia, reputação —, tudo isso vira pó.

A humilhação faz parte de uma série de narrativas que Philip Roth vem publicando nos últimos anos. Essas obras — O animal agonizante, Homem comum e Fantasma sai de cena — tematizam a velhice, a perda, a paixão e a morte com vigor e contundência extraordinários. Ao contrário de seu protagonista, Roth, aos 77 anos, está em plena forma, e não perdeu a capacidade de surpreender e empolgar seus leitores. Al Pacino comprou os direitos cinematográficos de A humilhação, que deve virar filme em 2011. Em 1997, Philip Roth ganhou o prêmio Pulitzer por Pastoral americana. Em 1998, foi agraciado com a National Medal of Arts na Casa Branca, e em 2002 recebeu a Gold Medal in Fiction, o maior prêmio concedido pela American Academy of Arts and Letters. Conquistou duas vezes o National Book Award e o National Book Critics Circle Award, e três vezes o PEN/Faulkner Award. Em 2005, Complô contra a América foi premiado pela Society of American Historians. Roth recebeu ainda os dois maiores prêmios conferidos pelo PEN Club norte-americano: o PEN/Nabokov (2006) e o PEN/Bellow (2007). Em 2010 ganhou o prêmio Hadada, da Paris Review, revista em que fez sua estreia literária. É o único escrito norte-americano vivo a ter sua obra publicada numa edição completa pela Library of America.

Romance Tradução: Paulo Henriques Britto Capa: João Baptista da Costa Aguiar 104 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 10 000 ex. R$ 32,00 Previsão de lançamento: 18/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1658-4

“Axler não conseguia se convencer de que estava louco, tal como não havia conseguido convencer ninguém, nem mesmo a si próprio, de que era Próspero ou Macbeth. Era um louco artificial também. O único papel que conseguia desempenhar era o de alguém que desempenha um papel. Um homem que não está louco interpretando um louco. Um homem estável interpretando um homem arrasado. Um homem controlado interpretando um homem descontrolado.”


2666 Roberto Bolaño

Lançado um ano após a morte do autor, 2666 foi considerado o melhor romance de Roberto Bolaño e, após receber críticas positivas no mundo hispânico, venceu o National Book Critics Circle Award nos Estados Unidos e foi eleito o livro do ano pela Time Magazine

Romance Tradução: Eduardo Brandão Capa: warrakloureiro 856 pp. 16 3 23 cm Tiragem: 10 000 ex. R$ 55,00 Previsão de lançamento: 20/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1648-5

Maior sucesso latino-americano em escala mundial desde Gabriel García Márquez, Roberto Bolaño consolidou-se na direção contrária de seu predecessor, apresentando, em lugar da literatura fantástica que notabilizou o autor de Cem anos de solidão, um realismo cru, de humor sardônico e pessimista. É nessa chave que se desenrola 2666. Fiel aos dois principais temas que atravessam toda a obra do autor chileno — violência e literatura —, o livro é composto de cinco romances, interligados por dois dramas centrais: a busca por um autor recluso e uma série de assassinatos na fronteira México-Estados Unidos. A primeira história narra a saga de quatro críticos europeus em busca de Benno von Archimboldi, um escritor alemão recluso do qual não se conhecem fotos. Na segunda, há a agonia de um professor mexicano às voltas com seus problemas existenciais. O terceiro romance conta a história de um jornalista esportivo que acaba se envolvendo com crimes cometidos contra mulheres da cidade de Santa Teresa, no México (ficcionalização de Ciudad Juárez). Na quarta e mais extensa das partes do livro, os crimes de Santa Teresa são narrados com a frieza e o distanciamento próprios da linguagem jornalística das páginas policiais.

E finalmente, na quinta história o leitor é conduzido de volta à Segunda Guerra, tornando-se testemunha do passado misterioso de Benno von Archimboldi. Apesar do tamanho monumental — a edição espanhola de 2666 tem mais de mil páginas —, a trama enigmática mantém o leitor em estado de suspensão até as últimas palavras, quando só então o autor oferece a solução que permite compreender o conjunto do livro. Recheado de reflexões sobre a natureza do mal, a relação entre cultura e violência e, de quebra, a situação do intelectual latino-americano, 2666 é um livro inteligente, surpreendente e de leitura fácil. Não por acaso, fez uma carreira tão assombrosa no contexto da crítica internacional e entrou para o rol dos grandes fenômenos literários da atualidade. Roberto Bolaño nasceu em 1953, no Chile, e passou a adolescência no México, retornando ao país natal pouco antes do golpe militar, quando foi preso. Começou a publicar seus livros aos quarenta anos, já residindo na Espanha. Entre romances, poesias e contos, lançou mais de dez títulos, incluindo Amuleto, Os detetives selvagens, Estrela distante, Noturno do Chile, Chile A pista de gelo e Putas assassinas, assassinas todos publicados no Brasil pela Companhia das Letras. Morreu em 2003.


“O que Bolaño perseguiu e alcançou foi o romance total, colocando o autor de 2666 no mesmo time de Cervantes, Sterne, Melville, Proust, Musil e Pynchon.” — Rodrigo Fresán “Não somente o grande romance em língua espanhola da década, mas também um dos pilares que definem toda uma literatura.” — La Vanguardia “Bolaño é o mais influente e admirado romancista de língua espanhola da sua geração.” — Susan Sontag “Todos eles são Bolaño, todos nós somos Bolaño, até você é Bolaño.” — Patti Smith

2666, livro iv 2666

Em maio não morreu nenhuma outra mulher, descontando as que morreram de morte natural, isto é, de doença, de velhice ou de parto. Mas no fim do mês começou o caso do profanador de igrejas. Um dia, um desconhecido entrou na igreja de San Rafael, na rua Patriotas Mexicanos, no centro de Santa Teresa, na hora da primeira missa. A igreja estava quase vazia, só umas tantas beatas se apinhavam nos primeiros bancos, e o padre ainda estava no confessionário. A igreja recendia a incenso e a produtos de limpeza baratos. O desconhecido sentou num dos últimos bancos e logo ficou de joelhos, a cabeça enterrada entre as mãos como se pesasse muito ou estivesse doente. Algumas beatas se viraram para fitá-lo e cochicharam entre si. Uma velhinha saiu do confessionário e ficou imóvel observando o desconhecido, enquanto uma mulher jovem de traços indígenas entrou para se confessar. Quando o padre absolvesse os pecados da índia começaria a missa. Mas a velhinha que havia saído do confessionário ficou olhando para o desconhecido, parada, apoiando às vezes o corpo numa perna depois na outra, o que dava a impressão de passos de dança. Entendeu na mesma hora que alguma coisa não ia bem com aquele homem e quis se aproximar das outras velhas para avisar. Enquanto andava pelo corredor central viu uma mancha líquida se estendendo pelo chão a partir do banco ocupado pelo desconhecido e percebeu o cheiro de urina. Então, em vez de continuar andando até onde as beatas se apinhavam, refez o caminho e voltou ao confessionário. Com a mão bateu várias vezes na janelinha do padre. Estou ocupado, filha, este lhe disse. Padre, disse a velhinha, tem um homem que está maculando a casa do Senhor. Está bem, minha filha, já vou te atender, respondeu o padre. Padre, não gosto nada do que está acontecendo, faça alguma coisa, pelo amor de Deus. Enquanto falava, a velhinha parecia dançar. Já vou, filha, um pouco de paciência, estou ocupado, disse o padre. Padre, tem um homem que está fazendo suas necessidades na igreja, disse a velhinha. O padre enfiou a cabeça entre as cortinas puídas e procurou na penumbra amarelada o desconhecido, depois saiu do confessionário e a mulher de traços indígenas também saiu, e os três ficaram imóveis olhando para o desconhecido que gemia baixinho e não parava de urinar, molhando as calças e provocando um rio de urina que corria para o átrio, confirmando que o corredor, como temia o padre, tinha um desnível preocupante. Depois foi chamar o sacristão, que estava tomando café sentado na mesa e parecia cansado, e ambos se aproximaram do desconhecido para censurar sua conduta e pô-lo para fora da igreja. O desconhecido viu a sombra deles, fitou-os com os olhos cheios de lágrimas e pediu que o deixassem em paz. Quase no mesmo instante apareceu uma faca em sua mão e, enquanto as beatas dos primeiros bancos gritavam, esfaqueou o sacristão.


hENdERSON, O REI dA ChuvA Saul Bellow

O milionário americano Eugene Henderson, veterano de guerra e descendente de homens ilustres, resolve dar uma virada radical em sua vida, e parte para o coração da África em busca de relações humanas mais autênticas e de um sentido para a existência Eugene Henderson é um homem complexo e em crise: riquíssimo, descendente de homens ilustres, criador de porcos, ex-combatente da Segunda Guerra ferido e condecorado. Na meia-idade, depois de dois casamentos e de um punhado de filhos, de incontáveis conflitos com parentes e vizinhos, de dores de dente crônicas, bebedeiras e ameaças de suicídio, ele decide romper com seu passado de erros e empreender uma virada existencial radical. Parte então para a África, em busca de uma humanidade mais “autêntica” e de um sentido para a vida. Com seu extraordinário domínio da narração em primeira pessoa, Saul Bellow relata pela voz ao mesmo tempo exasperada e cômica do próprio Henderson os encontros e desencontros entre o racionalismo pragmático do personagem e uma África deliciosamente exótica, remota e insondável. Primeiro entre os Arnewi e depois entre os Wariri, povos contrastantes que só têm em comum uma dramática falta

de água para a lavoura e o gado, Henderson tenta atabalhoadamente colocar sua energia e seu intelecto a serviço de seus novos amigos, com resultados não menos que desastrosos. Publicado originalmente em 1958, Henderson, o rei da chuva, com seu protagonista inesquecível, é considerado um dos livros mais saborosos de Bellow. Com alguma licença, pode ser visto como uma variação irônica e bem-humorada, mas não menos humana, do confronto entre a civilização ocidental e a África selvagem descrito por Joseph Conrad em O coração das trevas. Saul Bellow (1915-2005) nasceu no Canadá, mas se radicou com a família em Chicago. Publicou catorze romances e novelas, além de numerosos volumes de contos. Considerado um dos maiores escritores norte-americanos do século xx, ganhou o prêmio Nobel de literatura em 1976. De sua autoria, a Companhia das Letras publicou, em 2009, As aventuras de Augie March.

Romance Tradução: José Geraldo Couto Capa: Elisa v. Randow 416 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 58,00 Previsão de lançamento: 25/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1657-7

“O que me levou a fazer essa viagem à África? Não há uma explicação simples. As coisas começaram a ir de mal a pior e logo ficaram muito complicadas. Se penso na minha situação aos cinquenta e cinco anos, quando comprei a passagem, tudo é sofrimento. Os fatos começam a me soterrar e não demora eu sinto um peso no peito. Desata-se uma torrente desordenada — meus pais, minhas esposas, minhas garotas, meus filhos, minha fazenda, meus bichos, meus hábitos, meu dinheiro, minhas aulas de música, meus porres, meus preconceitos, minha brutalidade, meus dentes, meu rosto, minha alma! Tenho que gritar: ‘Não, não, fora daqui, malditos, me deixem em paz!’. Mas como podem me deixar em paz? Eles me pertencem. São coisa minha. E se acumulam em mim por todos os lados. É o caos.” LANÇAMENTOS MAIO 2010

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dO FuNdO dO POçO SE vê A luA Joca Reiners Terron Uma trama exótica e imprevisível, que nos leva da São Paulo da década de 1980 até os cabarés clandestinos de um Egito contemporâneo e decadente Do fundo do poço se vê a lua conta a história de Wilson e William, gêmeos nascidos em São Paulo nos anos finais da ditadura. Órfãos de mãe e criados pelo pai, ator, os meninos são treinados para atuarem juntos, mas as brincadeiras da infância, porém, revelam que a semelhança dos irmãos é apenas física. William é violento, taciturno e masculino, enquanto Wilson é feminino e dono de inteligência tão sagaz quanto compulsiva. A espinha dorsal do romance é a batalha de Wilson para livrar-se da imagem espelhada do irmão e se transformar numa figura feminina inspirada pelo objeto de sua obsessão, a rainha egípcia Cleópatra, sobretudo como encarnada no cinema por Elizabeth Taylor. Após uma tragédia que separa os gêmeos, uma trama surpreendente envolvendo trocas de se-

xo, assassinatos e perda de memória conduzirá a história até a enigmática cidade do Cairo. Incitado por um cartão-postal enviado pelo irmão desaparecido, William irá à sua procura e tentará resolver o mistério de seu paradeiro e de sua identidade. Com um estilo ao mesmo tempo cômico e violento, poético e rude, o autor revela aos poucos uma história sobre o amor fraterno buscando resistir à ameaça insistente do signo da morte. Joca Reiners Terron nasceu em Cuiabá, em 1968, e vive em São Paulo. Poeta, prosador e designer gráfico, foi editor da Ciência do Acidente, pela qual publicou o romance Não há nada lá e o livro de poemas Animal anônimo. É autor também dos volumes de contos Hotel Hell, Curva de rio Sujo e Sonho interrompido por guilhotina.

Capa: Retina_78 280 pp. (estimadas) 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 43,00 Previsão de lançamento: 21/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1652-2

CAChAlOTE Rafael Coutinho e Daniel Galera Depois de quase dois anos em produção, essa ambiciosa parceria entre dois jovens talentos de suas áreas traz ao leitor um mosaico de tramas realistas e fantásticas, dramáticas e cômicas

Romance gráfico Capa: Elisa v. Randow 280 pp. (estimadas) 21 3 27 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 45,00 Previsão de lançamento: a definir ISBN e código de barras: 978-85-359-1673-7 5

Um escultor recebe um inusitado convite para protagonizar um filme cujo roteiro parece estranhamente inspirado em sua vida privada. Um jovem vendedor de uma loja de ferragens, adepto da dominação sexual com cordas, descobre que a linda garota por quem se apaixona é particularmente frágil e suscetível ao seu fetiche favorito, o que os conduz a um perigoso embate. Um astro decadente do cinema chinês vem ao Brasil para o lançamento de um filme e torna-se suspeito da morte de seu companheiro de cena. Um playboy mimado e arrogante é expulso de casa pelo tio e enviado à Europa para se virar sozinho. Um escritor deprimido e sua ex-esposa, pais de uma menina, encontram-se em parques e lanchonetes de São Paulo, procurando manter o vínculo afetivo. Por fim, uma velha senhora grá-

vida e solitária vaga por sua mansão e tem encontros oníricos com uma baleia cachalote na piscina de sua casa. Somando mais de trezentas páginas, as tramas são amarradas por temas e subtextos recorrentes, tais como o confronto dos personagens com acontecimentos drásticos ou misteriosos que transformam suas vidas, a conciliação da vida com a arte e a tentativa de preservar o afeto e o amor em relacionamentos ameaçados por circunstâncias adversas. Rafael Coutinho nasceu em São Paulo, em 1980. Suas histórias em quadrinhos foram publicadas nas antologias Bang Bang e Irmãos Grimm. Daniel Galera nasceu em São Paulo, em 1979, e vive em Porto Alegre. É escritor e tradutor. Publicou os livros Mãos de Cavalo e Cordilheira, entre outros. LANÇAMENTOS MAIO 2010


O MENINO GRAPIúNA Jorge Amado Posfácio de Moacyr Scliar Nestas memórias da infância de Jorge Amado, acompanhamos a formação da sensibilidade e dos valores do futuro escritor, no mundo conturbado e violento da zona cacaueira baiana das primeiras décadas do século xx

Memórias Capa: Kiko Farkas e Elisa Cardoso/ Máquina Estúdio 80 pp. + 8 pp. (caderno de fotos) 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 28/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1660-7

No sul da Bahia, o menino Jorge Amado testemunhou o nascimento de cidades, as guerras pela posse da terra, o florescimento de uma cultura e de uma mitologia. Nesse mundo rude conturbado, de muita vitalidade e quase sem lei, forjaram-se a sensibilidade e os valores do futuro escritor. Esse processo de formação, entre jagunços, coronéis, malandros e prostitutas que serviriam de modelo a muitas de suas criações literárias, o autor evoca aqui com as cores vivas e o humor caloroso a que estão habituados seus leitores. São personagens inesquecíveis, como o aventureiro tio Álvaro Amado, que o levava às mesas de jogatina e aos bordéis; o

jagunço José Nique e o padre Cabral, que apresentou ao pequeno Jorge as Viagens de Gulliver e os livros de Charles Dickens. Jorge Amado também adquiriu nesses primeiros anos seu inquebrantável amor pela liberdade, sobretudo quando se viu privado dela, ao ser enviado a um internato jesuíta. Não por acaso, estas breves memórias se encerram com a fuga espetacular do internato: “Fugi no início do terceiro ano, atravessei o sertão da Bahia no rumo de Sergipe, iniciando minhas universidades”. O aprendizado elementar da vida já estava completo, e é ele que Jorge resgata neste livro encantador, publicado originalmente em 1981.

ABC dE CASTRO AlvES Jorge Amado Posfácio de Domício Proença Filho Neste canto de louvor a Castro Alves, feito à maneira dos ABCs da literatura de cordel, Jorge Amado mostra a coerência entre a poesia arrebatada do “poeta dos escravos” e sua curta vida pessoal, feita de amores intensos e corajosa militância pela liberdade

Biografia romanceada Capa: Kiko Farkas e Mateus valadares/ Máquina Estúdio 248 pp. (estimadas) + 8 pp. (caderno de fotos) 14 3 21 cm Tiragem: 2000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 28/05/2010 ISBN e código de barras: 987-85-359-1659-1

Neste ABC de Castro Alves, que define como uma “louvação”, Jorge Amado mostra que sua relação com o “poeta dos escravos” não é apenas de admiração literária, mas de profunda identificação pessoal, tanto no plano estético como no político e ético. O autor não se limita a reconstituir, com talento e imaginação de ficcionista, a vida pública e privada do retratado, mas busca também fazer reverberar a potência de sua poesia, cujos motivos centrais são o amor e a liberdade. Jorge Amado nos mostra que há uma coerência entre a biografia do poeta e sua poesia. Seus amores intensos, sua ativa militância em prol da Abolição e da República, sua personalidade arreba-

tadora, tudo isso se traduz na veemência de seus versos. Escrevendo em 1941, momento crítico da Segunda Guerra, quando o Brasil ainda não entrara no conflito, o autor chama a atenção para o caráter engajado e libertário de Castro Alves. Nesse contexto se explicam as diatribes de Jorge Amado, nas notas, contra Machado de Assis e Mário de Andrade, vistos por ele como artistas que se esquivaram da luta política. Circunstâncias históricas à parte, ecoam nessas páginas as palavras mais calorosas do poeta que amou intensamente e conflagrou as ruas de Salvador, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo antes de morrer precocemente, aos 24 anos.

Jorge Amado (1912-2001) nasceu em Itabuna, na Bahia, e é um dos grandes nomes da literatura brasileira. Desde 2008, a Companhia das Letras está relançando sua obra (www.jorgeamado.com.br). LANÇAMENTOS MAIO 2010

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O GuARdAdOR dE SEGREdOS Davi Arrigucci Jr. Novo livro de Davi Arrigucci Jr. — autor de O cacto e as ruínas, clássico da interpretação da poesia de Manuel Bandeira — reúne textos recentes sobre poesia, ficção, cinema e crítica, enfatizando nomes fundamentais da literatura brasileira

Ensaios Capa: Rita da Costa Aguiar 14 3 21 cm 272 pp. (estimadas) Tiragem: 3000 ex. R$ 49,00 Previsão de lançamento: 21/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1655-3

Composto majoritariamente por textos escritos nesta primeira década do século, O guardador de segredos é dividido em três partes. Na primeira, “Poesia e segredo”, Arrigucci renova sua aguda capacidade analítica na leitura cerrada de textos poéticos brasileiros. Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto e Carlos Drummond de Andrade dividem espaço com nomes menos canônicos como Roberto Piva e Sebastião Uchoa Leite. Em seguida, em “Prosa do sertão e da cidade”, a ficção de João Guimarães Rosa baliza a rota interpretativa percorrida na abordagem de narradores como Rachel de Queiroz e Dyonelio Machado, assim como Juan Rulfo e Jorge Luis Borges. Na última parte, o autor analisa sua própria trajetória intelectual numa entrevista e

em ensaios esclarecedores. Integrante de uma geração privilegiada pelo convívio com mestres como Gilda de Mello e Souza e Antonio Candido, Arrigucci revela nos textos sobre seus colegas e mestres a paixão pela experiência da literatura. Um texto magistral sobre o cinema de Alfred Hitchcock fecha o volume, reafirmando a amplitude da constelação de interesses que caracteriza a carreira intelectual de um dos críticos literários mais destacados do país. Davi Arrigucci Jr. (1943) é professor aposentado de teoria literária e literatura comparada na usp. De sua vasta produção crítica, a Companhia das Letras publicou, entre outros, Enigma e comentário (1987), O escorpião encalacrado (1995) e Outros achados e perdidos (1999).

ESquElETO NA lAGOA vERdE Ensaio sobre a vida e o sumiço do coronel Fawcett Antonio Callado

Em 1925, um oficial britânico tenta localizar um Eldorado no interior do Brasil, mas acaba desaparecendo na selva. Vinte e sete anos depois, o repórter Antonio Callado vai ao Xingu para escrever sobre o sumiço do explorador e produz um dos mais fascinantes relatos jornalísticos já feitos no Brasil Em 1925, o coronel britânico Percy Harrison Fawcett tentou encontrar no interior do Brasil uma fabulosa cidade perdida no sertão. Não era a primeira vez que procurava a Atlântida tropical, mas foi a última — Fawcett e seus companheiros de expedição desapareceram na mata. Vinte e sete anos mais tarde, em 1952, o jornalista Antonio Callado esteve na região do Xingu, em uma viagem organizada pelos Diários Associados, de Assis Chateaubriand. Graças ao sertanista Orlando Villas Boas e aos índios calapalos, chegaram ao local onde presumivelmente se encontrava a cova com os ossos do coronel desaparecido. Lançado em 1953, Esqueleto na lagoa verde é um dos mais fascinantes relatos jornalísticos já feitos no Brasil — e a experiência no Xingu serviu de inspiração 7

para o romance Quarup, publicado por Callado em 1967. Ao reconstituir os passos do explorador britânico, e de outros que procuraram decifrar o sentido de sua obsessão, Callado produziu uma reportagem incomum sobre o sonho de um vitoriano nos trópicos, sobre o encontro com os índios, sobre um país que ainda estava por se descobrir e sobre a própria arte de fazer jornalismo. Antonio Callado (1917-97) nasceu em Niterói. Estudou direito e começou sua carreira jornalística como repórter do Correio da Manhã, em 1937. Trabalhou em diversos veículos da imprensa nacional e estrangeira. Em 1994, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras. Escreveu A Madona de cedro (1957), Quarup (1967) e Reflexos do baile (1976), entre outros.

Jornalismo literário Capa: João Baptista da Costa Aguiar 160 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 36,00 Previsão de lançamento: 19/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1661-4

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CIdAdãO CANNES

O homem por trás do festival Gilles Jacob O crítico e escritor Gilles Jacob narra os bastidores do cinema mundial, que ele observa há mais de três décadas de um ponto de vista privilegiado: o de diretor do mais prestigioso festival de cinema do planeta

Memórias Tradução: Maria lucia Machado Capa: Flavia Castanheira 376 pp. + 16 pp. (caderno de fotos) 16 3 23 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 54,00 Previsão de lançamento: 15/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1653-9

Diretor do festival de Cannes de 1976 a 2001, e desde então presidente do evento, Gilles Jacob mescla neste livro as memórias de sua vida pessoal — em que se destacam as peripécias de uma família judia durante a ocupação nazista da França — com uma crônica comovente e saborosa de tudo que viu e ouviu à frente do festival. Gilles Jacob vai muito além da face mundana de Cannes, desvelando as manobras dos bastidores e as relações nem sempre fáceis entre o cinema europeu e a indústria hollywoodiana. O trabalho de garimpagem de novos talentos de cinematografias periféricas, os percalços para conseguir filmes independentes de países do leste europeu antes da Perestroika, as tentativas de ingerência política no even-

to, a rivalidade com Veneza e Berlim, tudo isso é relatado numa prosa ao mesmo tempo enxuta e envolvente. Das intrigas políticas aos chiliques dos grandes astros, das idiossincrasias dos maiores cineastas à sedução irresistível das divas, Jacob constrói em Cidadão Cannes uma espécie de versão moderna das Mil e uma noites, com personagens do calibre de Clint Eastwood, Stanley Kubrick, Sharon Stone e Woody Allen. Gilles Jacob nasceu em Paris em 1930. Depois da guerra, assumiu um cargo de direção na empresa do pai, representante francês de uma fábrica de balanças norte-americana. Crítico de cinema desde os anos 1950, publicou livros de ensaio e o romance Un jour, une mouette (1969).

A SOCIEdAdE dA NEvE

Os dezesseis sobreviventes da tragédia dos Andes contam toda a história pela primeira vez Pablo Vierci Entremeando as narrativas dos sobreviventes com o relato objetivo do autor, A sociedade da neve traz a verdadeira história de como dezesseis jovens conseguiram sobreviver durante 72 dias num dos ambientes mais inóspitos do planeta depois da queda do avião em que viajavam Em outubro de 1972, um avião fretado da Força Aérea do Uruguai que rumava para o Chile se choca contra uma montanha nos Andes. Das 45 pessoas a bordo — a maioria fazia parte de um time de rúgbi amador —, 29 sobrevivem ao impacto, mas apenas dezesseis serão resgatadas, depois de improváveis 72 dias. Durante esse longuíssimo período, os sobreviventes ficam cercados por rocha e gelo, sem roupas apropriadas, sob temperaturas de até trinta graus negativos, abrigados no que restara da fuselagem depois da colisão. Famintos, lançam mão de um recurso extremo: alimentar-se dos corpos dos amigos mortos. Dez dias depois do acidente, a primeira notícia que ouvem do mundo exterior por um radinho recém-conserLANÇAMENTOS MAIO 2010

tado é que as buscas pelo avião foram abandonadas. Como se não bastasse, uma avalanche soterra a fuselagem partida. Os que conseguem sobreviver ficam enterrados vivos durante três dias. Sem outra alternativa, decidem sair de lá por si mesmos. Mas para isso será preciso escalar o paredão de gelo que os separa de um horizonte desconhecido — que pode ser a salvação ou a desesperança final. Pablo Vierci nasceu em Montevidéu, em 1950. Foi colega de colégio e amigo de vários dos passageiros que estavam no acidente de 1972. Publicou, entre outros, Os trampolineiros (Record, 1983), Detrás de los árboles (1987) e 99% asesinado (2004). Trabalhou também como roteirista de filmes e documentários.

Relato Tradução: Bernardo Ajzenberg Capa: Flavia Castanheira 400 pp. (estimadas) 14 3 21 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 49,00 Previsão de lançamento: 28/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1668-3

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O GuERREIRO SOlITáRIO Henning Mankell É verão, e o inspetor Wallander se prepara para viajar com sua nova namorada, na esperança de que seu pai idoso e sua filha rebelde não o obriguem a cancelar seus planos. Mas será uma sequência de crimes brutais que atrapalhará sua “lua de mel”, mais uma vez o obrigando a mergulhar no trabalho Quando Kurt Wallander presencia a autoimolação de uma desconhecida, sabe que sua atração irresistível por desvendar mistérios insondáveis arruinará os planos de férias com a nova namorada. Tudo piora quando a investigação desse suicídio ritual se revela infrutífera — o inspetor e sua equipe não conseguem nem sequer descobrir a identidade da garota — e outros crimes diversos acontecem, entre os quais o brutal assassinato de um ex-ministro da Justiça. Só o olhar arguto desse investigador palpável — que evoca os protagonistas dos romances hard-boiled e foi considerado o melhor personagem da literatura policial recente por inúmeras publicações americanas e europeias — poderia vis-

lumbrar a lógica por trás da escolha aparentemente aleatória das vítimas — nada as une fora o fato de que são escalpeladas por seu algoz —, tão díspares quanto um ladrãozinho comum, um bem-sucedido negociante de obras de arte e um político aposentado. Henning Mankell nasceu na Suécia, em 1948. Chamado de “rei do crime” pela The Economist Economist, ganhou projeção internacional pelas histórias protagonizadas pelo inspetor Kurt Wallander. Diretor de teatro e dramaturgo, há mais de quinze anos divide-se entre Estocolmo e Maputo, em Moçambique. De sua autoria, a Companhia das Letras publicou Assassinos sem rosto (2001), Os cães de Riga (2003) e O homem que sorria (2006).

Policial Tradução: George Schlesinger Capa: Elisa v. Randow 13 3 21 cm 488 pp. (estimadas) Tiragem: 4000 ex. R$ 48,50 Previsão de lançamento: 28/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1656-0

MuRIlO RuBIãO – OBRA COMPlETA Em formato econômico, os 33 contos de Murilo Rubião, expoente máximo da literatura fantástica brasileira “Ele nos transporta para além de nossos limites, sem entretanto jamais perder pé no real e no cotidiano.” — Carlos Drummond de Andrade

Contos Capa: Jeff Fisher 232 pp. 12,5 3 18 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 24,00 Previsão de lançamento: 11/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1674-4

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Sucesso de vendas na década de 1970, Murilo Rubião se aventurou no universo do fantástico mesmo sem conhecer Franz Kafka e antes de o gênero ficar em voga entre os escritores latino-americanos. Além de precursor — seus contos foram escritos, em sua maioria, entre os anos 1940 e 1960 —, Rubião é mestre em fazer o absurdo penetrar na realidade cotidiana, subvertendo-a e lançando novos olhares sobre temas consagrados da literatura, como o desejo, a morte, o amor e a falta de sentido do mundo moderno. Esse fantástico está presente em todos os contos e é intensificado pela falta de espanto dos narradores e das personagens diante das situações extraordinárias que presenciam e por uma linguagem objetiva e precisa. Para obter o perfeito equilíbrio entre essas dimensões, Rubião acabou se tornando um autor que preferiu reescrever seus textos à exaustão a publicar uma obra extensa. Assim, ao longo da vida, selecionou para serem lançados em livros apenas os 33 contos — verdadeiras pérolas literárias — que compõem esta antologia. Murilo Rubião nasceu em Silvestre Ferraz, hoje Carmo de Minas (mg), em 1916, e morreu em Belo Horizonte, em 1991. Formado em direito, foi funcionário público e chefe de gabinete de Juscelino Kubitschek no governo de Minas Gerais e chefe do escritório de Propaganda e Expansão Comercial do Brasil em Madri, onde foi também adido à embaixada brasileira. LANÇAMENTOS MAIO 2010


lANçAMENTOS

REIMPRESSõES

A huMIlhAçãO Philip Roth

O COMPlEXO dE PORTNOY Philip Roth

2666 Roberto Bolaño

dE vERdA d dE dA Sándor Márai

hENdERSON, O REI dA d ChuvA huv huvA Saul Bellow dO FuNdO dO POçO SE vê A luA Joca Reiners Terron CAChAlOTE Rafael Coutinho e Daniel Galera O MENINO GRAPIúNA Jorge Amado ABC dE CASTRO AlvES Jorge Amado O GuARdA d dOR dE SEGREdOS dA Davi Arrigucci Jr. ESquElETO NA lAGOA vERdE Antonio Callado CIdA d dãO CANNES dA Gilles Jacob A SOCIEdA d dE dA dA d NEvE Pablo Vierci O GuERREIRO SOlITáRIO Henning Mankell OBRA COMPlETA (BOlSO) Murilo Rubião A ERA dO INCONCEBÍvEl Joshua Cooper Ramo vOCê ESTá AquI Christopher Potter FElIZ ANIvERSáRIO Reginaldo Prandi OlÍvIA TEM dOIS PAPAIS Márcia Leite

dESONRA J. M. Coetzee dIvÓRCIO EM BudA ud udA Sándor Márai ENSAIO SOBRE A luCIdEZ José Saramago ESBOçO dE AuTOANálISE Pierre Bourdieu EuROPA SAquEAdA d dA Lynn H. Nicholas A hERESIA dOS ÍNdIOS Ronaldo Vainfas JuvENTudE J. M. Coetzee O luXO ETERNO Gilles Lipovetsky e Elyette Roux O MONSTRO Sérgio Sant’Anna OBJECTO quASE José Saramago OlhAI OS lÍRIOS dO CAMPO Erico Verissimo O OuTRO PÉ d dA SEREIA Mia Couto PAlOMAR Italo Calvino POR quE AlMOCEI MEu PAI Roy Lewis

OS GATOS T. S. Eliot

O RIO dA d dúvIdA d dA Candice Millard

P PARA CONhECER MElhOR AS RElIGIõES Patrick Banon

O SIlêNCIO d dA ChuvA huv Luiz Alfredo Garcia-Roza

A TRIlOGIA dE NOvA vA YORK v Paul Auster PARA uMA MENINA COM uMA FlOR Vinicius de Moraes CONTOS E lENdAS d dOS dAS OS CA CAv vAlEIROS vA dA TávOlA REdONdA d d dA Jacqueline Mirande uMA MENINA ESTRANhA Temple Grandin e Margaret M. Scariano ABC dO ZOO Pedro Maia Soares O CASTElO dO PRÍNCIPE SAPO Jostein Gaarder dIálOGOS INTERESSANTÍSSIMOS Gilles Eduar EGITO ANTIGO Stewart Ross FáBulAS dE ESOPO Russell Ash e Bernard Higton FuTEBOl! Lalau JOAquIM E MARIA E A ESTáTuA dE MAChAdO dE ASSIS Luciana Sandroni O MENINO quE ChOvIA Cláudio Thebas uM NúMERO dEPOIS dO OuTRO José Paulo Paes O vElhO lOuCO POR dESENhO François Place

OS BElOS dIAS dE MINhA JuvENTudE Ana Novac ESSA hISTÓRIA ESTá dIFERENTE Vários autores

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Editora Schwarcz Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 32 04532-002 — São Paulo — sp Telefone: (11) 3707-3500 Fax: (11) 3707-3501 www.companhiadasletras.com.br

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LANÇAMENTOS MAIO 2010

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A ERA dO INCONCEBÍvEl

Por que a atual desordem do mundo não deixa de nos surpreender e o que podemos fazer Joshua Cooper Ramo Numa época em que é difícil fazer previsões, repensar os fundamentos tradicionais da política, da economia e das relações internacionais é tarefa necessária e urgente para sobreviver às forças incontroláveis que transformam o planeta

Ensaio Tradução: donaldson M. Garschagen Capa: Flavia Castanheira 304 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 24/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1654-6

Joshua Cooper Ramo é um pessimista com os pés bastante fincados no real. Segundo ele, é questão de tempo até que algum grupo terrorista tenha acesso a armas biológicas de alcance devastador. Como reagirão os sistemas de segurança e os governos do Ocidente, acostumados à lentidão burocrática na tomada de decisões? A era de intensas transformações vivenciada pelo planeta a partir de fins do século xx requer de seus protagonistas uma nova modalidade de pensamento, inovadora e preparada para a imprevisibilidade do contexto mundial. Das relações internacionais à economia, passando pela cultura e pela política, o livro aborda os pontos nevrálgicos das mudanças aceleradas que ameaçam o status quo das velhas estruturas.

Extrapolando estudos sobre a teoria do caos que partem do comportamento de aglomerados de grãos de areia, Ramo ressalta a absoluta impossibilidade de pensar o admirável e temível mundo novo com base nos conceitos estabelecidos. O dinamismo caótico das partículas microscópicas é um símile perfeito da velocidade com que o planeta caminha para um tempo em que o inconcebível se torna regra. Joshua Cooper Ramo é economista e jornalista. Ex-editor da revista Time, é apontado como um dos maiores especialistas ocidentais na política e na economia da China. Diretor da filial da Kissinger Associates em Beijing, Ramo já dedicou dois anos sabáticos ao combate à aids na África do Sul.

vOCê ESTá AquI

uma história portátil do universo Christopher Potter você está aqui explica em linguagem ao mesmo tempo acessível, rigorosa e poética os mistérios intrincados da física quântica, da astronomia e da biologia evolutiva, percorrendo a história das mais importantes descobertas científicas Como uma simples erva daninha pode ser mais complexa que uma galáxia inteira? Por que os aceleradores de partículas são instrumentos fundamentais na investigação da origem e do destino do Universo? A vida na Terra surgiu de modo espontâneo, a partir de compostos inorgânicos, ou foi transportada por cometas e meteoritos desde partes longínquas do espaço? Amalgamando física quântica, biologia e astrofísica, Christopher Potter esclarece alguns dos mistérios da ciência contemporânea de modo estimulante e inovador. A percepção do homem comum é desafiada por meio da discussão dos avanços recentes em diversos campos do conhecimento. Das quase imperceptíveis dimensões dos menores seres vivos até as distâncias incomensuráveis das mais an11

tigas estrelas e galáxias, Potter delineia as principais forças diretoras da busca da verdade que anima, há séculos, a investigação científica. Copérnico, Newton, Darwin e Einstein ressaltam da trama do livro como figuras capitais da longa investigação sobre a natureza material das coisas, tantas vezes obstruída pela intolerância irracionalista e pelos dogmas religiosos. Christopher Potter nasceu em Cheshire, Reino Unido, em 1959. Graduado em matemática pelo King’s College de Londres, mestre em filosofia e história da ciência, possui vasta experiência como editor, tendo atuado por mais de vinte anos na Fourth Estate, uma das principais editoras britânicas independentes. Você está aqui, seu primeiro livro, já foi traduzido para treze idiomas.

Ciência Tradução: Claudio Carina Capa: Retina_78 248 pp. (estimadas) 14 3 21 cm Tiragem: 4000 ex. R$ 43,00 Previsão de lançamento: 28/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1669-0 LANÇAMENTOS MAIO 2010


FElIZ ANIvERSáRIO Reginaldo Prandi Ilustrações de Rodrigo Rosa No terceiro romance sobre as aventuras de Paulo e seus quatro filhos, velhos conhecidos dos leitores de Minha querida assombração e Jogo de escolhas, mais histórias dentro de histórias e clima de mistério no ar

literatura infantojuvenil 144 pp. 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 31,00 Previsão de lançamento: 10/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-424-6

Numa incrível coincidência, os quatro filhos de Paulo fazem aniversário um em seguida do outro e com exatos cinco dias de diferença entre cada um. Assim, claro que todo ano as comemorações viram uma só. Tia Nená, que mora no interior, se instala na casa e se põe a fazer os doces e bolos. E, como num ritual, sempre os mesmos preparativos antecedem a festa. À tarde, os quatro se reúnem na cozinha para ajudar a tia e ganhar um docinho — um só! Enquanto preparam os quitutes, escutam o programa de rádio preferido de tia Nená, o Efemérides. O programa anuncia as efemérides do dia, e seu apresentador narra uma história que fala de um desses acontecimentos e lê uma lista de nomes de aniversariantes. As crianças acompanham as histórias

com atenção, enquanto os doces vão sendo estocados na despensa até o dia da festa. Mas, desta vez, tem clima de mistério no ar: alguém está atacando a despensa durante a noite e fazendo a festa sozinho. Reginaldo Prandi nasceu em Potirendaba, São Paulo. Leciona sociologia na usp e é autor de diversos livros sobre sociedade e cultura brasileiras. Em 2001, recebeu do Ministério da Cultura, cnpq e sbpc o prêmio Érico Vannucci Mendes por sua contribuição à preservação da cultura afro-brasileira; e, em 2003, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, o prêmio Melhor Livro Reconto, por Ifá, o Adivinho. Tem diversos livros publicados pela Companhia das Letras, dentre os quais A mitologia dos Orixás (2000) e Xangô, o Trovão (2003).

OlÍvIA TEM dOIS PAPAIS Márcia Leite Ilustrações de Taline Schubach Filha adotiva de Raul e Luís, Olívia é uma menina curiosa e alegre que adora usar palavras complicadas e desfiar grandes raciocínios quando conversa com seus dois pais

literatura infantojuvenil 40 pp. (estimadas) 15,5 3 21,5 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 29,00 Previsão de lançamento: 19/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-411-6 LANÇAMENTOS MAIO 2010

Olívia é uma menina esperta, que sabe bem o que quer e tem plena noção de como usar algumas palavras para conseguir o que deseja. Quando tem de ficar sozinha enquanto os pais trabalham, ela diz que está muito “entediada”. Como não gosta de ver a filha “entediada”, papai Raul para imediatamente de trabalhar e, quando percebe, já está deitado no chão ao lado dela, brincando de filhinho e mamãe, ou cercado por um monte de bonecas. Para chamar a atenção de seu pai Luís, Olívia fala que está “desfalecendo”, afinal de contas, desfalecer de fome é uma coisa muito séria, e Luís é o melhor cozinheiro da família. “Intrigante” é outra palavra de que

Olívia gosta muito, isso porque todas as coisas do mundo são muito intrigantes para ela. Olívia quer saber, por exemplo, como seu papai Raul sabe brincar de boneca e seu papai Luís cozinha tão bem. Quer saber também como vai aprender a usar maquiagem e sapatos de salto alto, se na casa dela não mora nenhuma mulher. A família da Olívia é um pouco diferente, e totalmente “encantadora”, outra palavra que ela adora usar. Márcia Leite nasceu em São Paulo, em 1960. Formada em língua e literatura pela puc-sp, é também editora, educadora e autora de algumas coleções didáticas na área de língua portuguesa, além de roteirista de teatro e televisão. 12


OS GATOS T. S. Eliot /Ilustrações de Axel Scheffler Um dos livros infantis mais célebres da literatura inglesa, em edição bilíngue e com tradução do poeta Ivo Barroso

Poesia Tradução: Ivo Barroso 112 pp. (estimadas) 17 3 24 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 34,00 Previsão de lançamento: 27/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-425-3

Durante toda a década de 1930, T. S. Eliot deu de presente a seus afilhados e amigos uma série de poemas. Enviados por carta — que ele assinava como “o velho gambá”, apelido cunhado por Ezra Pound —, esses poemas narravam a vida de um grupo de gatos, do temível Mac Anália (o “Napoleão do crime”) ao mágico Sr. Mistófelis, passando pelo velho Deuteronômio e pelo teimoso Rin Tim Tan Tam. Àquela altura, Eliot já se consagrara um dos grandes nomes da literatura do século xx. Com seu épico Terra devastada ajudara a redefinir a poesia inglesa e, no papel de crítico, revelou e defendeu escritores como James Joyce e outros modernistas. Os poemas infantis, no entanto, surpreenderam seus amigos pela graça e sensibilidade para com a psicologia felina, e em 1939 ele foi convencido a publicá-los.

O que era para ser uma brincadeira acabou por se tornar um de seus trabalhos mais conhecidos, e quando recebeu o Nobel de literatura, em 1948, a fama extrapolara o meio acadêmico. Após sua morte, os poemas serviriam de base para o musical Cats, um dos mais longevos do West End londrino e da Broadway. Nesta nova edição, ilustrada por Axel Scheffler e com a célebre tradução do poeta Ivo Barroso, o leitor descobrirá por que um gato deve ter três nomes diferentes. Mergulhará num mundo de tigelas de leite roubadas, gatos que desaparecem misteriosamente, gatos atores, gatos pobres, ricos e de todas as espécies. E aprenderá também uma daquelas verdades que só os grandes poetas sabem nos dizer: um gato não é um cachorro.

PARA CONhECER MElhOR AS RElIGIõES Patrick Banon /Ilustrações de Olivier Marboeuf De onde vêm as religiões? Elas sempre existiram? Por que os homens parecem ter tanta necessidade delas? Escrito por um estudioso das religiões, este livro pretende responder a essas e outras questões de maneira clara e apropriada ao jovem leitor Existem inúmeras religiões sobre a Terra, e todas parecem ser o reflexo das mesmas preocupações humanas, sobretudo daquelas ligadas aos grandes mistérios da existência: o nascimento, a vida e o pós-vida. Em Para conhecer melhor as religiões, Patrick Banon analisa tanto o sentimento de religiosidade — investigando as expressões desse sentimento desde o início da história da humanidade — como as religiões mais difundidas no mundo — mostrando seus pontos comuns e suas especificidades e contextualizando-as historicamente. De modo simples mas sem desconsiderar a complexidade do fato religioso, o autor apresenta sete religiões contemporâneas — o judaísmo, o cristianismo, o islã, o budismo, o xintoísmo, o hinduísmo e o sikhismo —, escolhidas com base 13

na influência filosófica e no número de adeptos. Como diz o autor na introdução, contudo, “a proposta não é de maneira alguma julgar ou medir a qualidade de uma crença em relação a outra, mas sim empreender uma pesquisa na história humana para decifrar as marcas espirituais, aprender a conhecer e a compreender melhor o Outro”. Para complementar a discussão, o capítulo final do livro é dedicado ao laicismo, tema de fundamental importância no mundo atual, marcado pelas disputas religiosas. Patrick Banon nasceu em 1955, na França. É pesquisador em ciências da religião e sistemas de pensamento e especialista no estudo dos monoteísmos. Atua ainda como consultor em gestão da diversidade cultural e religiosa.

história Tradução: álvaro lorencini Capa: Mariana Newlands 180 pp. (previstas) 16 3 23 cm Tiragem: 3000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 25/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-61041-52-6 LANÇAMENTOS MAIO 2010


OS BElOS dIAS dE MINhA JuvENTudE Ana Novac

Um relato contundente sobre a experiência de uma menina que sobreviveu a Auschwitz e a outros seis campos de concentração

diário Tradução: Rosa Freire d’Aguiar Capa: Mariana Newlands 224 pp. (estimadas) 14 3 21 cm Tiragem: 3000 ex. R$ 33,00 Previsão de lançamento: 28/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1672-0

Escritas em 1944, quando a autora, aos quinze anos, foi prisioneira em Auschwitz e Plaszow, as memórias de Ana Novac só viriam a ser publicadas pela primeira vez em 1967. Compostas em forma de diário, como parte da rotina pela sobrevivência, essas anotações carregam, além de um relato incisivo dos seis meses em que foi prisioneira, o feito de ser o único documento autobiográfico produzido em campos de concentração que foi preservado com o fim da guerra. Sobre isso a autora comenta no prefácio desta edição: “se o meu diário for mesmo o único — ao que se sabe — que saiu de um campo de concentração, não deixa de ser assombroso... Em minha opinião, ao contrário do que pretende a lenda, isso dependia unicamente de nós. Como bem antes da nossa chegada já estávamos condenados à câmara de gás, os ‘anfitriões’ não davam a mínima para as

nossas atividades literárias ou quaisquer outras, para as nossas eventuais reflexões sobre o Reich etc.”. Para registrar essas memórias no cativeiro, a menina vasculhava lixos e cantos à procura de papel, papelão ou qualquer material em que pudesse escrever. Além de falar dos outros prisioneiros, de sua rotina e dos alemães, parte de seu relato tem um caráter reflexivo que aparece ao tratar das doenças por falta de higiene, do sumiço repentino dos amigos, das agressões físicas e de todo tipo de tortura psicológica que os alemães usavam para humilhar os detentos. Ana Novac era apenas uma adolescente, mas o que se lê nessas páginas é um retrato maduro de um dos momentos históricos mais sombrios do século xx. Ana Novac nasceu na Romênia em 1929. Foi atriz, poeta e romancista. Morreu em março de 2010, de ataque cardíaco.

ESSA hISTÓRIA ESTá dIFERENTE

dez contos para canções de Chico Buarque Organização de Ronaldo Bressane Alan Pauls • André S’antanna • Cadão Volpato • Carola Saavedra • João Gilberto Noll • Luis Fernando Verissimo • Mario Bellatin • Mia Couto • Rodrigo Fresán • Xico Sá Contos Capa: warrakloureiro 264 pp. 16 3 23 cm Tiragem: 7000 ex. R$ 45,00 Previsão de lançamento: a definir ISBN e código de barras: 978-85-359-1642-3

LANÇAMENTOS MAIO 2010

Alguns dos principais escritores contemporâneos se inspiram em canções do compositor carioca para escrever narrativas surpreendentemente originais

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Por amor ao futebol! Pelé Ilustrações de Frank Morrison Tradução: Maria lopes 48 pp. 21 3 27 cm Tiragem: 5000 ex. R$ 29,00 Previsão de lançamento: 25/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-7406-429-1

Uma celebração do esporte por um dos grandes atletas de nosso tempo O atleta do século. O maior artilheiro de todos os tempos. O rei do futebol. No país da bola, não são poucos os superlativos para descrever este que foi, sem dúvida, o símbolo máximo do esporte no Brasil. Em pouco mais de duas décadas de carreira, Pelé acumulou todos os títulos, marcas e recordes que se podem imaginar. Acumulou também lendas, como a de ter parado uma guerra para que as duas facções adversárias pudessem vê-lo jogar, ou a de quando um juiz, que o havia tirado de campo injustamente, acabou expulso do jogo pela torcida, que estava ali exclusivamente para ver seus gols. E que gols. Dos mais de mil e duzentos que marcou, há de todos os tipos: por cobertura, driblando o goleiro, de falta, de cabeça. Até os que bateram na trave, como o famoso chute de trás do meio de campo, entraram para a história. Foram esses gols, dribles e passes que, aliados ao seu inegável carisma, o tornaram uma das pessoas mais conhecidas — e reconhecidas — de todo o mundo. Por amor ao futebol! que a Companhia das Letrinhas traz ao Brasil neste ano de Copa, é uma celebração dessa carreira. Dirigindo-se aos pequenos esportistas, Pelé fala de como surgiu sua paixão pela bola e do prazer de se estar em campo. Acompanhado das belas ilustrações de Frank Morrison, ele mostra aos jovens aspirantes a boleiros — e, de tabela, a nadadores, tenistas, corredores e a todos aqueles que um dia sonham com um futuro no esporte — que nenhum prêmio, título ou recorde pode prevalecer sobre o amor ao jogo, e que não há reconhecimento capaz de superar a ideia de que devemos viver, e nos dedicar, àquilo que realmente gostamos. O livro traz ainda dois apêndices. No primeiro, sobre a vida de Pelé, ficamos sabendo mais de sua infância, dos primeiros passes com a bola e de sua ida para o futebol, além da origem do famoso apelido. O segundo, focado em sua carreira, fala dos grandes gols, das passagens pelo Santos Futebol Clube e pela Seleção Brasileira, além das muitas lendas e curiosidades que giram ao redor do Rei. Um prato cheio para quem chegou agora e não viu Pelé jogar, e uma oportunidade para que os outros possam conhecer melhor essa lenda — inteiramente real — do futebol.


a bola e o goleiro Jorge AMAdo Nesta narrativa infantil, a imparcial bola Fura-Redes acaba se apaixonando por um goleiro que vive às turras com as bolas. Com bom humor e romantismo, A bola e o goleiro mostra que dois seres com vocações opostas podem se apaixonar.

futebol! LALAu e LAurAbeAtrIz A emoção de fazer um gol, os detalhes de uma partida na praia, um time só de animais e um dedão acidentado são alguns dos temas dos dez poemas que compõem este livro.

Café Com leite & feijão Com arroz ALberto MArtIns Alberto Martins narra suas confissões futebolísticas e mostra como a vida de um garoto brasileiro pode ser contada só com histórias de futebol. O autor traz casos de sua infância no campinho com os amigos e conta também a história de três craques de verdade.

minha vida de goleiro LuIz schwArcz

neste ano de Copa, a Companhia das letras separou para você uma série de livros que, de uma maneira ou de outra, falam desse esporte tão popular em nosso país.

O autor escreve sobre uma paixão que o acompanha desde a infância — o futebol — e narra passagens da história de seus avós e de seus pais, que vieram para o Brasil fugindo do nazismo.

o segundo temPo MIcheL LAub Ao lado do irmão caçula numa arquibancada de estádio, numa cidade e num tempo que hoje só existem na memória, um garoto de quinze anos faz uma inusitada relação entre o futebol e o mundo dos afetos.

estrela solitária ruy cAstro A trágica história de Garrincha, o jogador que fez o mundo vibrar com seus dribles inacreditáveis, narrada pelo autor de O anjo pornográfico, Chega de saudade, Ela é carioca e A onda que se ergueu no mar.

entre os vândalos (bolso) bILL buFord Este relato jornalístico é resultado de quatro anos de convivência do autor com os hooligans, a violenta torcida de futebol inglesa. Buford observa, de uma perspectiva privilegiada, de que forma se organiza o ritual da violência de massa.

a guerra do futebol ryszArd KAPuscInsKI Escrito em primeira pessoa por um dos maiores jornalistas da nossa era, A guerra do futebol é fruto das anotações feitas nos anos 1960 pelo então jovem correspondente da PAP — a Agência de Notícias Polonesa — no chamado Terceiro Mundo.

a dança dos deuses hILárIo FrAnco JúnIor No Brasil o futebol é bastante jogado, mas insuficientemente estudado. Essa constatação estimulou Hilário Franco Júnior a empreender uma abrangente viagem em torno do tema, no esforço de demonstrar que o futebol é um “fenômeno cultural total”.

veneno remédio José MIgueL wIsnIK Em um ensaio escrito numa prosa insinuante e cheia de ginga, craques como Pelé e Romário “trocam passes” com filósofos, sociólogos, escritores, compositores populares, críticos e artistas na tentativa de compreender um fenômeno que, para o bem ou para o mal, é a cara do Brasil.


Visão do Paraíso Os motivos edênicos no descobrimento e colonização do Brasil

Sérgio Buarque de Holanda O célebre ensaio sobre o imaginário do colonizador da América agora em edição revista e com imagens do acervo pessoal do autor

Ensaio Capa: Victor Burton 568 pp. (estimadas) + 16 pp. (caderno de fotos) 14 3 21 cm Tiragem: 5000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 27/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1667-6

Examinando um período abrangente, que se inicia nos primeiros contatos realizados pelos colonizadores portugueses e espanhóis com o continente americano, até o século xvi, Visão do Paraíso inaugura o ensaísmo sobre o imaginário do colonizador. O livro, editado pela primeira vez em 1959, antecipou a historiografia das mentalidades ao estudar os mitos edênicos que acompanharam as narrativas dos descobrimentos e da colonização da América. Na época de seu lançamento, predominava o cunho econômico-social dos estudos, mas Sérgio Buarque de Holanda recompôs a concepção paradisíaca que os descobridores tinham do Novo Mundo, desenvolvendo uma abordagem de longa duração, cujos efeitos se fazem sentir até os dias de hoje. O diálogo estabelecido com a historiografia europeia, acompanhado de um domínio amplo das fontes documentais que retratam as visões idílicas do continente americano, permitiu ao autor realizar uma comparação particularmente original entre a colonização portuguesa e a espanhola da América. O autor nos mostra como as descrições do Novo Mundo produzidas pelos conquistadores castelhanos estão repletas de elementos fantásticos e correspondem fielmente às temáticas edênicas, enquanto, no caso português, o pragmatismo lusitano assume o lugar da imaginação criadora, assegurando às visões do Paraíso um espaço limitado na América portuguesa. Nas palavras de Sérgio Buarque: “todo o mundo lendário nascido nas conquistas castelhanas e que suscita eldorados, amazonas, serras de prata, lagoas mágicas, fontes de Juventa tende antes a adelgaçar-se, descolorir-se ou ofuscar-se, desde que se penetra na América lusitana”. Esta nova edição traz um caderno de imagens com reproduções de documentos e fotografias do acervo pessoal do autor, além de posfácios inéditos dos historiadores Laura de Mello e Souza e Ronaldo Vainfas.

“O fato é que são raras as passagens em que Sérgio Buarque reconhece nos portugueses alguma vocação colonizadora positiva. Isto somente ocorre, com nitidez, no contraste entre a colonização portuguesa e a holandesa. Sérgio se posiciona claramente a favor da primeira, pondo abaixo o juízo de que o Brasil teria seguido melhor caminho se fosse colonizado pelos batavos: nostalgia de um futuro abortado, que Sérgio Buarque houve por bem desencantar.” — Ronaldo Vainfas


Capítulos de história do Império Sérgio Buarque de Holanda Com introdução e organização do historiador Fernando Novais e posfácio do historiador Evaldo Cabral de Mello, Capítulos de história do Império traz à luz um conjunto de textos inéditos sobre a história política do Império brasileiro Nos últimos tempos de sua atividade intelectual, Sérgio Buarque de Holanda empenhava-se na reescrita do livro Do Império à República, editado em 1972 como último volume da Coleção História Geral da Civilização Brasileira. Resultado de ampla e criteriosa pesquisa documental, Capítulos de história do Império é o produto do esforço inacabado do autor-intérprete do Brasil, cuja obstinação intelectual e rigor com seus escritos o fez reelaborar uma obra que ele considerava imperfeita. Nas quatro partes que compõem o volume, Sérgio Buarque de Holanda analisa a crise do Império brasileiro no final do século xix, compreendendo-a como produto da falência do mecanismo de sustentação deste regime: o poder pessoal do imperador. A publicação desses manuscritos inéditos — cerca de 150 páginas revisadas — prova a atualidade do historiador que elegeu o Brasil como foco constante e sempre renovado de suas investigações intelectuais, seja ao analisar o imaginário do colonizador no clássico estudo Visão do Paraíso, seja ao estudar o declínio do Império, como refez nessas páginas. No prefácio, Fernando Novais destaca a excelência da análise de Sérgio Buarque de Holanda, cuja obra “apresenta a realização em mais alto grau das articulações entre o geral e o particular, um equilíbrio raríssimo mesmo nas melhores obras no campo das humanidades”.

Ensaio Capa: Victor Burton 240 pp. (estimadas) +16 pp (caderno de fotos) 14 3 21 cm Tiragem: 5000 ex. Preço a definir Previsão de lançamento: 27/05/2010 ISBN e código de barras: 978-85-359-1666-9

Sérgio Buarque de Holanda nasceu em São Paulo em 1902 e morreu em 1982. Foi bacharel em direito pela Universidade do Brasil (1925), ocupou a Cátedra de História da Civilização Brasileira na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (1958), sendo um dos fundadores do Instituto de Estudos Brasileiros. Foi jornalista, sociólogo e historiador. É autor de Raízes do Brasil (1936), Monções (1945), Caminhos e fronteiras (1957), Visão do Paraíso (1959), O espírito e a letra (1996), entre outros.


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