100 Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147
Edição de
aniversário
0 10 s e õ ç edi
Comunicando o que há de mais moderno no setor metalmecânico
a
revista O Mundo da Usinagem comemora neste mês sua
editorial
centésima edição. Nesses 14 anos de diálogo com a indústria metalmecânica, procuramos traduzir a excelência de todo o nosso segmento, dividindo conhecimento e, principalmente, compartilhando soluções.
O número 100 é, para nós, motivo de enorme orgulho. Orgu lho pelo apoio e prestígio de nossos leitores bem como de to dos os anunciantes que já participaram e dos que ainda parti cipam desse projeto. Orgulho em motivar novas parcerias, or gulho em contribuir para o fortalecimento da nossa indústria, orgulho em fazer parte de um universo crescente e dinâmico.
As páginas a seguir são mais um capítulo dessa história. Reu nimos especialistas, empresários e educadores para discutir esse ambiente de talentos, de inovação e de transformação.
Esperamos continuar com vocês nas próximas edições, para juntos superarmos novos desafios, aprimorarmos nossa cadeia
Claudio Camacho Presidente da Sandvik Coromant América do Sul e Central, empresa patrocinadora da publicação.
Arquivo Arwi Representações Comerciais Ltda.
produtiva e, o mais importante, crescermos em conhecimento.
edição 100 08/2014
Dollar Photo Club
Índice
18 Inovação I 6 Competitividade
Arquivo Sandvik Coromant
36 Energia
28 Gestão de pessoas
6 Competitividade A competitividade da indústria: ameaças e oportunidades Edição de Aniversário, as 100 capas
12 Indústria metalmecânica Tempos de alerta no setor metalmecânico 18 Inovação I Inovar para garantir o amanhã: 14ª Conferência ANPEI 28 Gestão de pessoas Gerações de talentos: o desafio e as oportunidades de gerir diferenças 36 Energia Exploração de fontes não convencionais no Brasil
Acompanhe a Revista O Mundo da Usinagem digital em: www.omundodausinagem.com.br
40 Meio ambiente A questão ambiental do gás de xisto 42 Inovação II A inovação e o óbvio
Contato da Revista OMU Você pode enviar suas sugestões de reportagens, críticas, reclamações ou dúvidas para o e-mail da revista O Mundo da Usinagem: faleconosco@omundodausinagem.com.br ou ligue para: 0800 777 7500
EXPEDIENTE: O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 15.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. As fotos sem menção de créditos foram captadas na Internet sob licença do GNU Free Documentation Licence e/ou Creative Commons Attribution-Share Alike Generic License. Editor-chefe: Fernando Oliveira; Coeditora: Vera Natale; Coordenação editorial, redação e revisão: Teorema Imagem e Texto (Fernando Sacco, João M. S. B. Meneses, Patrícia Cueva); Jornalista responsável: Fernando Sacco - MTB 49007/SP; Projeto e editoração gráfica: Débora Nascimento; Impressão: Premier Artes Gráficas As afirmações e dados contidos em matérias assinadas são de responsabilidade integral de seus autores.
competitividade
A competitividade da indústria: ameaças e oportunidades Com índices cada vez menores de participação na economia, a indústria brasileira enfrenta o desafio de resgatar sua importância histórica e vencer a burocracia e os entraves macroeconômicos que emperram seu crescimento. Em sua 100ª edição, a revista O Mundo da Usinagem conversou com Paulo Skaf para entender as razões dessa desaceleração
Em 2013, a participação da indústria de transformação no Produto Interno Bru to (PIB) brasileiro atingiu o menor percen tual desde 1955, chegando a 13,3%. Mantida a atual conjuntura, essa participação deve rá cair para 9,3% em 2029. Os dados fazem parte da pesquisa “Por que reindustrializar o Brasil?”, elaborada pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia da Federa ção das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Os resultados da pesquisa servem de alerta para a necessidade de combater a chamada desindustrialização do país. A revista O Mundo da Usinagem entre vistou o presidente da Federação e do Cen
Arquivo FIESP
“É evidente que em toda política industrial consistente existe espaço especial para a indústria metalmecânica. Mas entendo que de nada adianta a política industrial se não reduzirmos brutalmente o Custo Brasil”, afirma Paulo Skaf
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o mundo da usinagem
tro das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp/Ciesp), Paulo Skaf, pouco antes de ele se licenciar para concorrer ao governo paulista. O representante da maior federa ção de indústrias do país falou sobre os en traves para alcançar a tão sonhada retoma da industrial e sobre a importância da capa citação nesse cenário. Para ele, a indústria brasileira enfrenta um sério problema de perda de competiti vidade na economia: “É impossível compe tir no mercado global com o que já se con vencionou chamar de Custo Brasil – carga tributária elevadíssima, excesso de burocra agosto 2014/100
Industrieblick / Dollar Photo Club
cia, logística com pelo menos 30 anos de atra
var a participação da indústria no PIB, o diri
so, juros elevados que encarecem o capital de
gente acredita ser preciso uma agenda de pla
giro e dólar mal calibrado”, avalia Skaf.
nejamento, com foco e estratégia: “O país deve
O resultado disso é a “primarização” das
saber aonde quer chegar, que tipo de player
exportações, ou seja, nossos parceiros comer
pretende ser na economia global, se quer ser
ciais estão deixando de comprar produtos in
protagonista. O governo vai ter de mexer
dustrializados fabricados no Brasil. Com is
muito na política macroeconômica. Precisa
so, o país recebe de volta o antigo título de
mos de um câmbio bem calibrado, de juros
exportador de commodities. “Os principais
e spreads bancários menores, contenção do
concorrentes do país trabalham em condi
gasto público que reduza a carga tributária,
ções muito melhores, pagando menos impos
desenvolvimento do mercado de capitais e
tos, com menos burocracia, logística mais es
aumento do investimento público. Também
truturada, câmbio mais ajustado e juros que
necessitamos avançar na política industrial,
não penalizam o capital de giro. Ao se pro
com desonerações de matérias-primas e in
duzir no Brasil, enfrentamos custos 34% mais
sumos e mais investimentos em pesquisa e
elevados do que os dos concorrentes. Por is
desenvolvimento dos setores que são bene
so a participação da nossa indústria no PIB,
ficiados por políticas públicas. Enfim, é im
de 13,3%, é menor que a média mundial, de
portante compatibilizar a política industrial e
17%”, analisa Skaf.
tecnológica com a macroeconômica. Tudo is
Para reverter essa trajetória e voltar a ele agosto 2014/100
so precisa andar junto”. o mundo da usinagem
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competitividade
Políticas setoriais em xeque
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Para Skaf, a indústria metalmecânica, ape
Apesar da instabilidade e da inseguran
sar de ter as suas características próprias, de
ça que rondam o mercado, o Brasil mantém
ter uma cadeia enorme e bastante diversifica
o posto de grande economia. “Já foi o tempo
da, não é diferente dos demais setores – e tam
em que o mundo ignorava o que se passava
bém sofre profundamente com os efeitos do
no Brasil. Os concorrentes estudam a nossa
Custo Brasil: “No ano passado, as vendas da
indústria porque sabem da nossa capacida
indústria do aço superaram as expectativas e,
de, da qualidade, e conhecem bem os freios
neste ano, mesmo com a previsão de alguma
que travam a nossa competitividade. A União
queda nas vendas para as montadoras, há uma
Europeia tem mostrado grande interesse em
projeção de que o aumento das vendas para a
manter um acordo comercial com o Brasil e o
construção civil deverá compensar e equilibrar
Mercosul, e é claro que o interesse é recípro
os negócios. Também há expectativa de au
co. Precisamos de mercados fortes para evo
mento das exportações, em consequência da
luir mais”, constata.
leve melhora que se observa no cenário econô
Skaf ainda argumenta: “Apesar de tudo o
mico internacional. Mas, para voltar a ter uma
que se tem falado no exterior sobre perda de
participação em torno de 19% no PIB, para vol
confiança e falta de credibilidade, o fato é que
tar a ser como era, só mesmo com a redução do
o mundo não tira os olhos do Brasil. Temos
Custo Brasil. Não tem mágica, é a realidade de
um mercado interno enorme, de 200 milhões
toda a nossa indústria”.
de pessoas, uma classe média ascendente que
Entretanto, é preciso que se desenvolvam
recebeu mais 45 milhões de pessoas e mui
políticas que fomentem a indústria como um
ta gente que passou a ter acesso ao consu
todo, e não apenas setores específicos, através
mo. Somos um país em transformação social.
de políticas setoriais, como o caso do IPI para
Além disso, o governo está lançando um pro
carros ou para linha branca, o que, segundo
jeto ambicioso de concessões na área de infra
o presidente da Fiesp, é ineficaz: “É eviden
estrutura que, quando deslanchar, transfor
te que em toda política industrial consistente
mará o Brasil num imenso canteiro de obras,
existe espaço especial para a indústria metal
com grandes investimentos de construtoras,
mecânica. Mas entendo que de nada adianta
ganhos expressivos para fornecedores, como
a política industrial se não reduzirmos bru
produtores de aço, fabricantes de máquinas
talmente o Custo Brasil. Essa é a batalha de
e caminhões, e também com geração de mi
todos nós, de todos os setores da indústria.
lhares e milhares de empregos, muitos deles
Improvisos e medidas paliativas somente têm
qualificados e bem remunerados. O Brasil é
adiado a solução de que todos necessitamos”.
muito mais do que uma promessa”.
o mundo da usinagem
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Arquivo ALACERO
Nos discursos de Skaf, é recorrente a cita ção de que “a indústria brasileira está prepa rada da porta para dentro, e que o problema está da porta para fora”. Para o representante da indústria, em termos de inovação, a indús tria nacional está preparada para competir com seus pares estrangeiros. “Temos setores de excelência, como o au
“
“
Gerando oportunidades
Já foi o tempo em que o mundo ignorava o que se passava no Brasil. Os concorrentes estudam a nossa indústria porque sabem da nossa capacidade, da qualidade, e conhecem bem os freios que travam a nossa competitividade. A União Europeia tem mostrado grande interesse em manter um acordo comercial com o Brasil e o Mercosul, e é claro que o interesse é recíproco. Precisamos de mercados fortes para evoluir mais
tomotivo, o de alimentos, o de vestuário e o de calçados, só para citar alguns exemplos, com bons índices de produtividade, proces
pacto da Volkswagen que há algum tempo
sos modernos, alta tecnologia e profissionais
é fabricado na Europa e, agora, também es
capacitados. E também temos setores que
tá sendo produzido no Brasil. O modelo foi
têm apresentado avanços significativos nos
criado na Alemanha por um designer brasi
últimos anos, que estão chegando lá. O Bra
leiro, um jovem que foi “exportado” por ter
sil tem uma indústria bastante diversificada,
desenvolvido grande afinidade com carros
muita tradição de manufatura e bom domínio
compactos, que são apreciados no Brasil:
em várias áreas”, defende Skaf.
“Nosso país tem marcas, tem produtos, tem
No caso do setor automotivo, citamos co mo exemplo o caso do carro up!, um com agosto 2014/100
referências, só precisa de competitividade para deslanchar”. o mundo da usinagem
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competitividade
Educação que transforma No período em que presidiu a Federação das In dústrias, Skaf ainda representou o SESI e o SENAI São Paulo, iniciativas da indústria paulista que, somadas, contam com mais de 1 milhão de es tudantes. “Nossa escassez não é falta de gente. O Brasil tem isso de sobra. Nosso problema é a falta de profissionais bem formados, que saibam operar equipamentos modernos, entender tec nologias avançadas, que tenham visão de negó cio. Apesar de todos os investimentos que a in dústria tem feito em novas escolas e numa maior integração dos cursos do SESI e do SENAI, ofe recendo ensino fundamental em tempo integral e ensino técnico que atende vocações econômi
Escolas, oficinas e laboratórios do SESI e do SENAI-SP. “Ter profissionais bem capacitados é uma questão fundamental para o futuro da indústria e da economia brasileira”
cas regionais, há muito ainda a ser feito”. Skaf espera também que os governos de São Paulo e federal atuem de forma mais efetiva, “porque a defasagem é enorme, temos um gran de atraso na educação, muito deixou de ser rea lizado nos últimos anos e dessa maneira fica ca da vez mais difícil recuperar o tempo perdido. Ter profissionais bem capacitados é uma ques tão fundamental para o futuro da indústria e da economia brasileira. Estamos fazendo a nossa parte, mas é preciso mais”. Cada produto fabricado no país depende dessa qualificação. Independentemente do cenário ou da
Fernando Sacco Jornalista 10
o mundo da usinagem
Arquivo FIESP
política econômica, a grande mudança começa aí.
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Para a Associação Latino-Americana do Aço, o futuro da indústria metalmecânica enfrenta desafios Os dados levantados pelo Departamento de Competitividade e Tecnologia/FIESP (DECOMTEC) estão alinhados com outra pesquisa, mais específica, realizada pela Associação Latino-Ame ricana do Aço (ALACERO) para medir o desempenho da cadeia metalmecânica na América Latina. Trata-se do último levantamento que aborda o setor de forma isolada e específica. Os resultados, igualmente, não são animadores. Enquanto na Coreia do Sul a participação da caArquivo Pessoal
deia metalmecânica representa 60% dos investimentos em manufatura, no Brasil o percentual é de apenas 17%. “No âmbito da indústria de transformação (manufatura), a cadeia metalmecânica investe relativamente pouco comparativamente a outros países selecionados. Com isso, ela reduz as oportunidades de negócios para seus fornecedores”, aponta Germano Mendes de Paula, professor doutor do Instituto de Economia da Universidade Federal de Uberlândia e respon-
Germano Mendes de Paula, professor da Universidade Federal de Uberlândia: “A cadeia metalmecânica investe relativamente pouco comparativamente a outros países”
sável pela apresentação do trabalho.
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Outro dado revelado pela pesquisa é a que-
de desenvolvimento aos da América Latina.
da brutal no fluxo internacional de produtos
No entanto, após a adoção de políticas ade-
metalmecânicos em toda a América Latina. A
quadas, esses países têm sido capazes de al-
título de comparação, a China passou de um
cançar um bom desempenho no setor indus-
déficit de US$ 15 bilhões em 2003 para um
trial”, avalia Mendes de Paula.
superávit de US$ 304 bilhões em 2012. No
O estudo mostrou que, embora a situação
mesmo período, Argentina, Brasil, Colômbia e
dos baixos investimentos seja preocupante para
México, tomados em conjunto, passaram de
a cadeia metalmecânica na totalidade, ela é
um comércio líquido próximo a zero em 2003
particularmente grave para os fabricantes de
para um déficit de US$ 67 bilhões em 2012.
máquinas e equipamentos. Portanto, esse deve-
“Ao contrário da América Latina, China e
ria ser o alvo principal das medidas. “Mesmo
Coreia do Sul mantiveram altos níveis de in-
diante de um cenário instável, existe uma boa
vestimento nos últimos 20 anos e estão entre
demanda doméstica, que vem sendo crescente-
os dez primeiros exportadores metalmecâni-
mente atendida pelas importações”, finaliza o
cos em âmbito global. No passado, os países da
acadêmico, mostrando que o país, apesar das
Europa Central mostraram níveis semelhantes
ameaças, possui ainda muitas oportunidades.
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indústria metalmecânica
Altas taxas de juros, baixo câmbio, burocracia e políticas de incentivo ineficientes são apontados como responsáveis pela retração do setor
O futuro da indústria nacional e, mais especificamente, do setor metalme cânico é incerto. De acordo com a pesquisa “Índice de Competitividade Mun dial 2013”, divulgada pelo International Institute for Management Develop ment (IMD), o Brasil perdeu espaço no cenário competitivo internacional pelo terceiro ano consecutivo. A pesquisa avalia as condições de competitividade de 60 países por meio de dados estatísticos nacionais e internacionais, além de pesquisas de opinião junto a executivos. No Brasil é a Fundação Dom Cabral (FDC) que coordena a pesquisa e a coleta de dados para o estudo. Em 2010, o Brasil ocupava o 38º lugar no ranking do IMD. No ano se guinte, caiu para a 44ª posição e, em 2012, desceu à 46ª colocação. Em 2013, perdeu mais cinco posições e passou para ao 51º lugar. Esse breve histórico demonstra, acima de tudo, a retração que a indústria nacional vem sofrendo nos últimos anos. Nesse contexto de recuperação do crescimento da economia e da compe titividade, o Brasil depende de uma série de fatores: melhoria das condições produtivas, redução de custos, melhor desempenho da infraestrutura, me nor quantidade de gastos públicos e, principalmente, menor carga tributá ria. Empresários, economistas e especialistas da área industrial apontam que no Brasil há pouco comprometimento com setores críticos — infraestrutura, inovação, produtividade e eficiência – e que, por isso, atualmente o país pa ga um preço alto pelo não crescimento. 12
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Maksym Yemelyanov / Dollar Photo Club
Divulgado mensalmente pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o informativo Indicadores Industriais revelou um primeiro semestre fraco e com atividade industrial volátil. No setor de Máquinas e Equipamentos, a vola tilidade foi mantida, algumas vezes com crescimento nas comparações mês a mês, porém com quedas em relação ao ano de 2013. A Sondagem Industrial, também divulgada pela CNI, registrou em abril de 2014 o sexto mês consecu tivo de queda no índice de produção, que esteve abaixo dos 50 pontos. O seg mento de Máquinas e Equipamentos também mostrou retração em relação ao ano passado. A alta dos juros e da inflação é apontada como a “vilã” da desin dustrialização nacional e da perda de confiabilidade dos empresários. Empresários e membros das principais associações e sindicatos ligados diretamente ao setor metalmecânico defendem, sobretudo, a extinção do Custo Brasil, termo utilizado para designar as dificuldades estruturais, eco nômicas e burocráticas que elevam o preço dos investimentos no Brasil e di ficultam o desenvolvimento e a competitividade da indústria nacional. A Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) apoia a desoneração total dos investimentos, inovação, desenvol vimento tecnológico, crescimento do mercado interno e melhores condições de financiamento. Mário Bernardini, diretor de Competitividade da ABIMAQ, afirma que é preciso ter a economia sob controle e combater o tripé compos to por juros, câmbio e impostos. “Considerando que é muito difícil, tanto do agosto 2014/100
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indústria metalmecânica
ponto de vista econômico como político, enfrentar as causas do
Ennio Crispino, presidente da ABIMEI
Custo Brasil e ajustar nossa política macroeconômica para um ambiente favorável ao investimento produtivo, o governo achou mais fácil apontar a falta de inovação da indústria brasileira como a origem de nossos males em termos de competitividade”, diz. Levando em consideração os segmentos em que atua, a Asso ciação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (ABIMEI) classifica o cenário atual como nebuloso. “Te mos alta nas taxas de juros e na inflação. O país passa por um pe ríodo de instabilidade política que reflete diretamente na atividade industrial nacional”, afirma Ennio Crispino, presidente da entidade. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Ferra mentas, Abrasivos e Usinagem (ABFA), Milton Pessoa Rezende, aponta que desde o início de 2014, os resultados do segmento metalmecânico estão muito aquém dos objetivos do empresaria do e dos índices de 2013. “Os quatro primeiros meses do ano já apreensivos com a situação política e econômica do país. As me didas de incentivo tomadas pelo governo são paliativas e não
“
“
Temos alta nas taxas de juros e na inflação. O país passa por um período de instabilidade política que reflete diretamente na atividade industrial nacional
demonstraram um quadro de estagnação. Os empresários estão
trazem segurança para o investidor”, pontua. Em concordância com os membros das associações do se tor, Claudio Camacho, presidente da Sandvik Coromant para América do Sul e Central, afirma que, com os resultados abaixo dos previstos no ano passado, muitas indústrias estão revisan do seus objetivos, mas mesmo assim é impossível prever o quão baixo podem ser os indicadores. “Existe uma grande apreensão para o segundo semestre. O período deverá ser difícil, com mui tas empresas dando férias para os funcionários. Então, não sabe mos o quanto a situação pode piorar”, destaca.
Perspectivas O clima de pessimismo atinge o segmento metalmecânico, e incerteza é a palavra-chave em relação aos rumos do setor no restante de 2014 e, também, em 2015. O período eleitoral agrava a instabilidade do cenário político-econômico brasileiro e cau sa insegurança em empresários e investidores. Claudio Cama cho diz não prever nenhuma grande mudança após o período eleitoral, porém acredita que muitos reparos terão que ser feitos pelo governo eleito. “A economia está muito fragilizada e quem assumir a presidência terá a missão de replanejar os rumos da política econômica do Brasil.” 14
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Segundo a ABIMEI, o setor manufatureiro não poderia se guir para outro caminho senão o da estagnação, pois muitos em presários esperam pelos acontecimentos políticos do país para a retomada dos investimentos: “É certo que o próximo governo
Mário Bernardini, diretor de Competitividade da ABIMAQ
deverá tomar medidas fiscais, de diminuição de gastos públicos, para equilibrar as finanças do país”, ressalta Ennio Crispino. Na opinião da ABIMAQ, o calendário eleitoral não afeta os investimentos porque a tendência já era de retração do merca do. Mario Bernardini afirma que a incerteza eleitoral realmente atinge os investimentos, mas não é a causa da crise. “Temos um ambiente de falta de incentivo à produção que desfavorece os investimentos. Para a indústria de transformação brasileira po der continuar no jogo há, basicamente, dois caminhos a serem seguidos: ou se reduzem os preços dos produtos nacionais ou se aumentam os preços dos produtos importados para pelo menos nos possibilitar competir no mercado interno. Os dois caminhos expectativa da ABIMAQ é que a partir de 2016 o Brasil retome seu crescimento. Milton Rezende, da ABFA, lembra que o Brasil já passou por várias crises e situações bastante difíceis e que a esperança é sa ber que o país tem capacidade de reação muito grande. “Muitas empresas do setor de usinagem realizam serviços para terceiros, se não há produção, o mercado de usinagem desaquece imedia tamente. As empresas precisam reagir e usar a criatividade para melhorar a produtividade e reduzir os custos”, afirma. Rezende e Camacho concordam que criar alternativas para a produtivi
“
O maior problema reside na baixa qualidade de nosso sistema tributário, com incidências em cascata de impostos sobre impostos, taxas e impostos não recuperáveis e legislação confusa com regulamentos conflitantes
“
não são excludentes e podem ser até complementares”, diz. A
dade aumenta as chances de “sobrevivência” em tempos difí ceis, como os vividos pela indústria brasileira.
Produção e competitividade Um dos grandes desafios das empresas manufatureiras para driblar o quadro deficitário atual é aumentar a produtividade e a competitividade. Para Claudio Camacho, da Sandvik Coro mant, um aumento agressivo nos índices de exportação impul sionaria a produtividade e a competitividade. “O problema é que o aumento da competitividade só vem com o aumento da produtividade e o Brasil é um dos países que menos cresceu nes ses quesitos nos últimos anos”, afirma. De acordo com a ABIMAQ, as exportações da indústria de máquinas e equipamentos representam 30% do faturamento to agosto.2014/100
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indústria metalmecânica
tal e o setor pretende se expandir ainda mais no mercado global.
Milton Pessoa Rezende, presidente da ABFA
No entanto, as empresas não estão utilizando toda a sua capa cidade de produção. Mário Bernardini explica que o segmento de Máquinas e Ferramentas reduziu sua produção pela metade nos últimos cinco anos. “O que mais afeta nossa competitivida de não é o peso dos impostos, apesar de serem exageradamente elevados para o padrão de renda do Brasil. O maior problema reside na baixa qualidade de nosso sistema tributário, com in cidências em cascata de impostos sobre impostos, taxas e im postos não recuperáveis e legislação confusa com regulamentos conflitantes, que propiciam guerras fiscais que distorcem a alo cação de recursos e criam riscos de passivos fiscais imprevistos além de elevados custos de administração”, afirma. Uma alternativa para fugir da retração é investir em inovação e novos processos buscando ganhos em produção e competição;
“
além da redução de custos do cliente final. Dessa forma, as empre
Muitas empresas do setor de usinagem realizam serviços para terceiros, se não há produção, o mercado de usinagem desaquece imediatamente. As empresas precisam reagir e usar a criatividade para melhorar a produtividade e reduzir os custos
sas também estariam preparadas para o momento em que a econo mia fosse reativada. “São em momentos difíceis que nos tornamos ainda mais criativos. A inovação é sempre importante, seja em tem pos de prosperidade ou de crise. No caso da Sandvik Coromant, a inovação faz parte da filosofia da empresa”, pontua Camacho. Como incentivo à fabricação local de máquinas-ferramenta, a ABIMEI divulgou recentemente a criação do Condomínio In dustrial de Inovação e Tecnologia, na cidade de Pindamonhan gaba (SP). O objetivo é que empresas multinacionais, importa dores multimarcas ou fabricantes que importam componentes produzam peças ou façam montagem e estocagem de suas má quinas no Brasil. O condomínio está em fase de adesões das em
“
presas associadas e a previsão é que seja inaugurado em dois anos. “Essa é a contribuição da ABIMEI para o aumento da pro dutividade no país e também para a geração de mão de obra es pecializada. O que nós defendemos é o aumento da manufatura no Brasil”, declara Ennio Crispino. Para contornar o problema de falta de mão de obra especia lizada, algumas associações, como a ABIMAQ e a ABFA, ofe recem cursos de capacitação e complementação tecnológica. “A mão de obra no nosso setor não se forma de um dia para o ou tro, é preciso manter um corpo técnico de qualidade”, ressalta o presidente da ABFA. Segundo Claudio Camacho, as empresas de grande porte eram celeiros profissionais, mas de dez anos para cá elas pas saram a contar com profissionais técnicos oferecidos pelos for 16
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necedores. “A Sandvik desenvolve seus colaboradores interna mente, oferecendo treinamentos e dando oportunidades profis sionais. Manter mão de obra especializada de qualidade é um
Claudio Camacho, presidente da Sandvik Coromant para América do Sul e Central
desafio”, conclui.
Políticas de incentivo Entre as entidades do setor manufatureiro e metalmecânico existe o consenso de que as políticas de incentivo desenvolvidas no Brasil, apesar de facilitarem a aquisição e financiamento de máquinas e equipamentos, não são tão eficientes quanto deve riam devido à burocracia do processo e às altas taxas de juros. “Todas as medidas acabam sendo paliativas porque retornam ao mesmo ponto: o desajuste da macroeconomia nacional”, diz A ABIMEI, enquanto uma associação que abriga importa dores, se preocupa com medidas que incentivem o investimen to em equipamentos importados. “O país não pode deixar de contar com os equipamentos importados que o mercado local não disponibiliza. Infelizmente há uma escassez de linhas de financiamento para essas aquisições”, salienta Ennio Crispino. “A aquisição de máquinas e equipamentos mais tecnológicos do que os nacionais, muitas vezes é inevitável”, completa. O Inovar Auto também é alvo de algumas críticas. Se por um lado o programa tende a incentivar a produção nacional, por ou tro, a longo prazo, pode ser visto como uma medida protecionis ta prejudicial à produtividade e à competitividade.
“
É em momentos difíceis que nos tornamos ainda mais criativos. A inovação é sempre importante, seja em tempos de prosperidade ou de crise. No caso da Sandvik, a inovação faz parte da filosofia da empresa
“
o diretor de Competitividade da ABIMAQ.
A ABFA defende a criação de programa similar ao Inovar Au to para a área metalmecânica. O presidente da associação, Mil ton Rezende, afirma que muitos setores precisam dos mesmos benefícios concedidos pela iniciativa. “Precisamos de um Inova Máquinas e um Inova Ferramentas”, diz. Para Camacho, o modelo das políticas de estímulo ao consumo desenvolvido no Brasil está desgastado e não traz resultado. “Ho je nossa economia depende de créditos, mas nós temos que ter outros recursos para fomentar o mercado. O governo tem grande responsabilidade pelo que está acontecendo hoje, mas os empre sários também precisam buscar melhores resultados”, finaliza.
Sheila Moreira Jornalista agosto 2014/100
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inovação I
Inovar para garantir o amanhã:
14ª Conferência ANPEI Com um tema extremamente im
Clelio Campolina Diniz, minis
portante para a atualidade – Inova-
tro da Ciência, Tecnologia e Ino
Ação – Modelos de Negócios Compe-
vação, participou da abertura do
titivos –, a 14ª conferência anual da
evento enfatizando a importância
Associação Nacional de Pesquisa,
da conferência para a comunidade
Desenvolvimento e Engenharia das
empresarial, pois “por fazer uma
Empresas Inovadoras (ANPEI), nos
ponte entre a comunidade acadê
dias 28 e 29 de abril último, abordou
mica, os órgãos governamentais e a
e debateu a inovação no seu concei
comunidade empresarial, a ANPEI
to mais amplo (inovação em pro
tem um papel central na constru
dutos, serviços e processos) e trou
ção de uma política de ciência, tec
xe a inovação em marketing e orga
nologia e inovação para o Brasil”.
nizacional como temas adjacentes
Ele completou dizendo que cada
ao central. Configurando-se como o
um dos três segmentos tem ativida
maior evento da América do Sul so
des e objetivos diferenciados, mas
bre P,D&I empresarial, a conferên
o Brasil só conseguirá um pro jeto nacional de ciência, tecno logia e inovação se conjugar de maneira articulada os esforços desses três setores.
cia teve o patrocínio da FAPESP e do SEBRAE, além de vários apoios institucionais públicos e privados, e marcou o 30º aniversário da ANPEI.
O evento contou com programa ção extensa de especialistas nacio nais e internacionais em inovação, para um público de 1,5 mil profis sionais e dirigentes de empresas, instituições de ciência, tecnologia e inovação (ICTs) e agências governa mentais que assistiram à apresenta ção de exemplos de sucesso de em presas, painéis para discussão de políticas públicas e de mecanismos de estímulo à inovação e apresen Arquivo ANPEI
tação dos resultados dos Comitês Temáticos da ANPEI. A participa ção de especialistas de entidades 18
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Olivier Le Moal / Dollar Photo Club
congêneres da ANPEI do Japão, da
Carlos Calmanovici, presidente
Coreia do Sul, dos Estados Unidos,
da ANPEI, contextualizou a impor
da Austrália, de Israel e da Europa
tância da pesquisa e do desenvol
demonstra a integração do Brasil,
vimento tecnológico para o Brasil e
por meio da ANPEI, à World Fede
introduziu a programação do even
ration of Industrial Research Asso
to, ressaltando que “a ANPEI quer
ciations (W-Fira), que congrega tais
contribuir com um ambiente pro
entidades em todo o mundo.
pício para as empresas nascentes e
O compartilhamento de prá ticas de empreendedorismo de base tecnológica em vários sis temas nacionais é um impor tante canal para pensar a ino vação no Brasil e quais medi das o governo e as empresas devem propiciar para facilitar seu crescimento. Tal crescimento
estimular empreendedores que dão tudo de si para gerar e perenizar seus negócios”. Carlos Alberto dos Santos, diretor técnico do SEBRAE Nacional, lem brou que o cenário das empresas
carentes de efetivas políticas públi
hoje no Brasil não é mais de lu ta das médias e pequenas em presas contra as grandes, pois é possível estabelecer parce rias em que todas possam ga nhar. A ideia do diretor do SEBRAE
cas para seu pleno desenvolvimento.
está dentro do conceito de encadea
é o trampolim para a internacionali zação das empresas nacionais, ainda
agosto 2014/100
o mundo da usinagem
19
inovação I
mento produtivo, que é uma estra
quentenário de empresas inovado
tégia para aumentar a competitivi
ras, em grande parte fundadas por
dade, a cooperação e a competência
estudantes universitários e visto co
tecnológica, além de melhorar a ges
mo principal modelo de ecossiste
tão das empresas. Segundo ele, “isso
mas de inovação.
ocorre por meio de relacionamentos
Tal modelo não nasceu por aca
cooperativos, de longo prazo e mu
so, segundo Victor Hwang, keynote
tuamente atraentes, que se estabe
speaker da 14ª Conferência ANPEI.
lecem entre grandes companhias e
Diretor executivo da T2 Venture
pequenas empresas de sua cadeia
Creation, sediada justamente no
de valor”. Nessa posição as grandes
Vale do Silício, para estruturar em
empresas decidem o que compram
presas iniciantes e favorecer a ino
e o que as pequenas empresas de
vação empresarial, Hwang expli
vem produzir. “É um mercado difí
cou em detalhes que o sucesso do
cil para as pequenas empresas, mas
Vale se deve a uma verdadeira e es
muito bom, porque é um mercado
pecial cultura de inovação.
firme”, concluiu o diretor técnico do SEBRAE Nacional.
Hwang é o coautor, com Greg Horowitt, do livro The Rainforest: The Secret to Building the Next Silicon
O próximo Vale do Silício
20
o mundo da usinagem
Valley, publicado nos Estados Uni dos em 2012 e ainda não traduzido para o português. A obra teve enor
O Vale do Silício, nos Estados
me sucesso mundialmente, por dis
Unidos (California), é o berço já cin
cutir como é possível desenvolver
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inovação sistêmica em larga escala,
tante instigante, sobretudo porque
tanto em empresas como em comu
Hwang compara sua enorme rique
nidades, como o Vale do Silício, e
za e variedade à produção grande,
mesmo em países inteiros.
eficiente e barata do modelo repeti
A principal questão, segundo o
tivo, colocando no mesmo patamar
palestrante, é de mentalidade. “O
uma fazenda produtiva e uma em
Vale do Silício mudou seu con ceito de inovação. Há 20 anos, só pensávamos na inovação técnica. Na última década, co meçamos a olhar menos pa ra a inovação de produtos e mais para a inovação de mo delos de negócios. Hoje, o que o Vale do Silício está fazendo é uma inovação cultural”, decla
presa. “Uma fazenda segue a lógica
rou Hwang. Isso porque a concor
mente o mais rico ecossistema de nos
rência poderá copiar seus produtos
so planeta. Nela, tanto madeiras no
e até mesmo sua estrutura de negó
bres quanto ervas daninhas crescem
cios, mas se você se mantiver inova
em liberdade e equilíbrio, sem cantei
dor, estará sempre um passo adian
ros. “Se queremos construir uma flo
te, com produtos que continuarão
resta tropical, não podamos nada, não
criando mudança cultural.
enquadramos os canteiros. Apenas
industrial: tudo é planejado, previs to, com o máximo de economia e o mínimo de recursos. Se vemos uma erva daninha – algo que sai do pre visto – nós arrancamos”, ilustrou ele. A cultura da inovação, segundo Hwang, brota em liberdade, como ocorrem com as centenas de variadas espécies na floresta tropical, sabida
A ideia da floresta tropical é bas
criamos as condições de solo, água e Arquivo ANPEI
atmosfera para que ela cresça espon taneamente”, afirmou. Em outras palavras, a tão desejada e necessária inovação não ocorre em ambientes excessivamente controla dos e previsíveis. “A inovação nasce nesse ambiente onde tudo é impre visível”, pontuou Hwang. Há apenas
Victor Hwang palestrando durante a 14a Conferência ANPEI. Para ele, a principal questão da inovação é a mentalidade agosto 2014/100
o mundo da usinagem
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inovação I
Olivier Le Moal / Dollar Photo Club
sempre, mas construir um grupo in terativo – é preciso estar disposto a experimentar”, disse Hwang. Sobre tudo, temos que ter a coragem de ousar: errar, falhar, mas persistir. “A última regra é: colaborar sem espe rar retorno. Quando isso é feito de forma sistemática, a colaboração se torna uma moeda. No Vale do Silí cio, se você surge com uma propos ta boa, consegue ajuda de todo mun do”, explicou ele. A coragem de persistir é, jus tamente, a base que a ANPEI vem construindo há três décadas: buscar juntos um resultado.
A questão da energia e da educação alguns anos, Google e Facebook eram
Michel Judkiewickz, secretário
pequenas “ervas daninhas” e hoje são
-geral da European Industrial Re
gigantes alterando nossa cultura e so
search Management Association
ciedade, exemplificou.
(EIRMA), afirmou que o grande de
Hwang lembrou que a primei
ra regra para criar uma cultu ra de inovação é romper regras e sonhar. “Em segundo lugar é preciso abrir as portas e ou vir gente diferente de você, sem preconceitos. Em terceiro, é ne cessário confiar e ser confiável:
década, são a agricultura sustentá
no Vale do Silício há uma confiança
”Investir em tecnologias inovadoras
a priori, pois se for preciso conquis
que economizem energia é uma ne
tar a confiança, avançamos deva
cessidade e a maioria dos países eu
gar”, declarou.
ropeus já está nesse caminho, desta
Outro conselho para uma ino
22
o mundo da usinagem
safio para a Europa, até o final da vel e a energia limpa, dependentes de ações relacionadas ao meio am biente, ao clima e ao uso sustentável de recursos. Alterar tipos de energia e reduzir seu consumo são metas prioritárias das pesquisas na Europa.
cando-se a Alemanha”, disse ele.
vação sistêmica é não buscar van
A preocupação não é menor na
tagens. “Temos que pressupor que
Coreia do Sul, que, apesar da presen
estamos todos buscando juntos um
ça de 20 usinas nucleares em seu ter
resultado. Não queremos ganhar
ritório, ainda importa mais da meta agosto 2014/100
de da energia que consome. Ieehwan Kim, vice-presidente da Korea In dustrial
Technology
Association
Políticas públicas de inovação
(KOITA), aponta para a importância
Nos últimos anos, no Brasil, po
da inovação em função da crescente
líticas públicas de incentivo à P,D&I
demanda por energia em seu país:
começam a se fazer presentes. Po
“A discussão é: como melhorar a efi
demos destacar a chamada Lei do
ciência dos aparelhos que usamos e
Bem, como ficou conhecida a Lei
reduzir o consumo de energia”.
11.196/05, que concede incentivos
Japão e Austrália, representa
fiscais a empresas que realizam pes
dos respectivamente por Yoshiaki
quisa e desenvolvimento de inova
Nakamura, presidente da Japan Re
ção tecnológica, e o programa Inova
search Industries and Industrial Te
Empresa, que BNDES e FINEP ini
chnology Association (JRIA), e por
ciaram em 2011, fomentando proje
Leonie Walsh, presidente da Aus
tos em áreas consideradas prioritá
tralian Industrial research Group
rias pelo Governo Federal.
(AIG), enfatizaram a questão da
Durante a 14ª Conferência ANPEI,
energia limpa em termos de redu
o ministro da Ciência, Tecnologia e
ção de emissões e o equilíbrio entre
Inovação, Campolina Diniz, decla
tecnologia e sociedade, pontuando
rou-se seguro quanto ao programa
a questão da não aceitação da ener
Inova Empresa ser “um caso bem
gia nuclear pela população.
-sucedido de articulação entre as
O tema educação foi um constante fio condutor das dis cussões, tanto como capacita ção de pesquisadores como for mação da mentalidade inova dora na sociedade, já que leis e incentivos não são desenha dos por pesquisadores e empre sários mas pela classe política da sociedade. Na realidade, edu
instituições de fomento governa mentais e o sistema empresarial brasileiro”. Sem dúvida alguma, a apreciação da ANPEI sobre o ambi cioso programa federal Inova Em presa será de grande utilidade para seu desenvolvimento. O presidente da ANPEI, Carlos Eduardo Calmanovici, já se pronun ciara favoravelmente ao programa,
cação, política e economia são to
em março, pouco antes da 14ª Con
das faces da mesma moeda, que é a
ferência. Sua experiência ressaltava
cultura nacional. Na Coreia do Sul, explicou Ieehwan Kim, centros de P&D corporativos recebem incen tivos fiscais e financiamentos, em presas estatais priorizam compras de tecnologias inovadoras e jovens podem trocar o serviço militar por trabalhos em centros de P&D. agosto 2014/100
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inovação I
a necessidade de garantir a conti
to de pesquisadores e a inclusão, na
nuidade do programa, pelo escla
Lei do Bem, de empresas que decla
recimento de algumas questões de
ram no regime de lucro presumido,
fundo. “Precisamos ter claramen
já que apenas as empresas que usam
te quais as fontes de recurso para
o regime de lucro real podem se be
continuidade do Inova Empresa no
neficiar de incentivos fiscais que a lei
médio e longo prazos”, ponderou.
prevê para inovação.
O presidente da ANPEI contribuiu
Apenas a inovação fará do ama
enormemente para essa discussão
nhã um caminho e não um beco
ao lembrar que, embora o Inova Em
sem saída.
presa seja de grande portada, ainda há ações que o governo pode tomar para ampliá-lo em qualidade, como a desoneração da folha de pagamen
João Manoel S. Bezerra de Meneses Gestor Ambiental e Jornalista
Carta de São Paulo As propostas geradas durante a 14ª Conferência ANPEI foram reunidas em um documento que leva o nome de Carta de São Paulo, que lança as bases para a retomada da produtividade no país, a partir da necessária elaboração de políticas públicas de ciência, tecnologia e inovação, e que está sendo divulgada entre as autoridades e agências governamentais responsáveis pela ciência, indústria e pesquisa tecnológica no Brasil: :: Prioridade para a educação e o fortalecimento da cultura empreendedora no Brasil; :: Prioridade para o desenvolvimento de uma forte cultura de gestão da propriedade intelectual; :: Prioridade para políticas públicas que estimulem a criação e o fomento de startups, bem como a gestão da inovação por meio de programas com empresas de base tecnológica; :: Estímulos claros à inovação nas cadeias produtivas; :: Prioridade para áreas transversais e portadoras de futuro: Energia, Mobilidade, Saúde, Ciências da Vida, Agronegócio e TICs; :: Modernização contínua dos instrumentos de apoio à inovação e das agências de fomento.
Leia a Carta de São Paulo na íntegra no endereço: www.anpei.org.br/carta-de-sao-paulo
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inovação I
ANPEI: três décadas de inovação Ousar, errar, falhar, persistir, inovar é o espírito que move, há três décadas, a associação, que tem por objetivo, desde sua criação, em 1984, o estímulo à inovação como fator estratégico de produtividade e competitividade nas empresas nacionais. Seu berço foi na Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo, onde o Programa de Administração em Ciência e Tecnologia — PACTo — voltava-se para a política tecnológica do país, compreendendo-a em sua dimensão científica, industrial e econômica. A ANPEI surgiu então como a entidade, sem fins lucrativos, para incentivar tais práticas e servir de contato entre empresas engajadas em P&D, as instituições governamentais e a comunidade. Inicialmente Associação Nacional de Pesquisas e Desenvolvimento das Empresas Industriais, ela teve 28 sócios-fundadores. Atualmente, já como Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras, ela conta com 246 associados, dos quais 151 são empresas, 83 são entidades dedicadas a P&D e 12 são pessoas físicas. As 151 empresas associadas representam praticamente todos os setores da produção: Serviços Tecnológicos (19%), Químico (13%), Eletroeletrônico (7%), Autopeças (7%), Máquinas e Equipamentos (12%), Petroquímico (2%), Energia (7%), Biotecnologia (5%), Papel e Celulose (4%), Alimentos (6%), Construção Civil (2%), Siderurgia (2%), Mineração (2%) e Outros (12%). Alianças internacionais com Alemanha, França, Reino Unido, Suécia e Israel servem não apenas de parâmetro como de fórum para discussão dos trabalhos da ANPEI. Missões empresariais no exterior aproximam parceiros em inovação, propiciando promoção de pesquisas conjuntas, processos de transferência ou licenciamento de tecnologias. A ligação da ANPEI com entidades internacionais congêneres serve de patamar para a estruturação de valiosos contatos, inclusive com vistas à formação do capital humano. Concebendo a formação do capital humano como o principal sustentáculo da inovação, a ANPEI sempre ofereceu cursos e editou trabalhos pertinentes a seus objetivos. O jornal Engenhar, com tiragem bimestral de 3,5 mil exemplares, é distribuído gratuitamente, veiculando exemplos de empresas inovadoras, entrevistas, artigos e notícias do setor. O programa EDUCAnpei foi projetado para apoiar os iniciantes e quem necessita de atualização específica, tanto como cursos regulares, de curta duração, como oferecidos in company. Os conteúdos e as abordagens buscam aprofundar conhecimentos e ampliar a gama de contatos entre as diversas áreas de atuação, sobretudo servindo de caminho entre empresas, centros de pesquisa e universidades.
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o mundo da usinagem
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gestão de pessoas
Gerações de talentos: o desafio e as oportunidades de gerir
diferenças A indústria passa por mais uma revolução, desta vez no mercado
Com o mercado de trabalho em constante mutação, manter talentos de diferentes gerações no mesmo contexto organizacional é mais uma tarefa para líderes do século 21
de trabalho, e a razão é simples. Ao contrário do que acontecia há al gumas décadas, hoje é possível deparar-se com um fenômeno histó rico: quatro gerações compartilhando o mesmo ambiente e, algumas vezes, exercendo funções semelhantes. Baby-boomers, gerações X, Y, Z. Essa classificação tão mencionada no universo corporativo, criada so bretudo para melhor entendimento desse complexo fenômeno, ofere ce um desafio a mais para os gestores: como atrair e reter diferentes tipos de talentos? A própria definição do que seja “talento” fornece pistas para enten der a abordagem positiva das diferenças. Isso porque não existe talento que se explique por si só. O talento existe como uma capacidade hu mana suplementar, em função de algo necessário em um determinado contexto. A força física aprimorada é necessária em ambientes rurais e esportivos mas não no mundo corporativo, por exemplo. Os talentos são captados em contextos que necessitam de determinadas diferenças: de percepção, de visão, de concentração, de ação. Hoje em dia, aliás, o peso das empresas no mercado está diretamente relacionado à quanti dade de talentos.
Quebra-cabeça corporativo Outro desafio constante é a construção de um ambiente de trabalho equânime e motivador para os diferentes talentos presentes em uma corporação. Segundo Bernardo Entschev, CEO da De Bernt Entschev 28
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Monkey Business / Dollar Photo Club
Human Capital, a primeira recomendação para tornar a em presa atraente para todos é transparência e comunicação ampla e aberta entre as gerações. “Permitir, de forma organizada, que cada um possa se manifestar e compartilhar seus pensamen tos”, afirma. O executivo também explica que, com a expansão do mer cado de trabalho que aconteceu nos últimos anos, o número de oportunidades aumentou. Com isso, tornou-se uma arte atrair, reter e motivar um colaborador, fazendo com que ele se engaje nos objetivos da empresa sem olhar o tempo todo para outras possibilidades. “Ele precisa ter constantemente desafios, trei namentos, sentir que está se desenvolvendo, perceber que está crescendo profissionalmente e, ao mesmo tempo, contribuindo para a empresa e para a coletividade.” Segundo Entschev, outro recurso importante para manter a sustentabilidade do contexto organizacional e o ambiente pro dutivo para diferentes grupos é compreender as característi cas gerais de cada geração e, dessa forma, enfrentar dificulda des de lidar com pontos de vista variados. Por fim, a combina
Bernardo Entschev, CEO da De Bernt Entschev Human Capital: “É necessário ouvir mais do que falar; ponderar antes de emitir opinião, e ensinar todas as gerações a fazer o mesmo” Arquivo B.Entschev
ção entre humildade e paciência também tem de ser levada em conta. “Não importa a geração em que você esteja, nem sempre agosto 2014/100
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gestão de pessoas
“
Identificar os feitos de um funcionário e reconhecer os talentos de cada um são poderosas ferramentas para motivar qualquer idade
Divulgação LinkedIn
“ temos a resposta certa ou a solução para tudo. Por isso, é necessário ouvir mais do que falar; ponderar antes de emitir opinião, e ensinar todas as gera ções a fazer o mesmo: ouvir, refletir e depois falar”, diz. Outro ponto que divide gerações: a garantia de uma boa remuneração já não é mais o único fator determinante para reter pessoas talentosas. Um estu do da empresa de recrutamento Hays aponta que o salário é apenas o quarto fator mais importante para jovens da geração Y quando estão selecionando uma vaga. Assim, proporcionar um clima agradável no ambiente de traba lho, que permita combinar qualidade de vida com obrigações, costuma ser um aspecto mais valorizado pelas pessoas. “Então, a fórmula é esta: produzir desafios constantes, motivar com estímulos positivos, permitir um equilíbrio entre trabalho árduo e qualidade de vida e gerar um ambiente de trabalho agradável”, conclui. Outra atitude importante que deve ser tomada pelos gestores empenhados em cultivar trabalhadores de diferentes gerações na empresa é o bom e velho reconhecimento. Identificar os feitos de um funcionário e reconhecer os talen tos de cada um são poderosas ferramentas para motivar qualquer idade. “Ter uma visão clara de seu desempenho, o que a empresa espera dele, e ter noção exata de seus talentos, tanto os pontos fortes quanto os a desenvolver, já pro duz engajamento”, explica Entschev.
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o mundo da usinagem
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Entretanto, mesmo as empresas que seguem todos os preceitos de valorização de diferentes tipos de profissionais não estão imunes a um efeito colateral que pode surgir em decorrência da diversidade: os conflitos de relacionamento. E, de acordo com Entschev, para estabelecer um clima de tolerância e de boa convivên cia entre os vários paradigmas, os líderes têm de estar preparados para enfrentar as mais diversas reações e comportamentos. “Eles precisam ter paciência: edu car, dividir as preocupações, comunicar-se de maneira clara, provocar a reflexão dos colaboradores sobre atitudes não adequadas e indicar caminhos melhores.”
O papel do gestor e do colaborador Além de atrair, reter e motivar pessoas, fazendo com que combinem seus próprios objetivos aos da empresa, mais uma exigência recai sobre líderes en gajados em ter um bom quadro de funcionários: reconhecer as habilidades es pecíficas. Para isso, segundo o CEO, há diversas metodologias que permitem detectar alguém talentoso já no momento da seleção. Já no dia a dia da empresa, para identificar possíveis talentos ainda não revelados, o mais importante é a observação do colaborador em suas funções habituais, normalmente realizada por seu líder e pelo RH da empresa, por meio de ferramentas de avaliação de desempenho. agosto 2014/100
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gestão de pessoas
Embora uma estratégia centrada no capital humano traga be nefícios indiscutíveis, ela também exige alguns cuidados, pois po
“
em relação às vagas, uma vez que a busca voraz por talentos pode suscitar excesso de confiança, falta de humildade e até o sentimen to de que já estão prontos para tudo. “Há que se ter cuidado com esses quesitos, pois esses comportamentos não são desejáveis nas empresas”, alerta Entschev. Porém, é importante ressaltar que cada um tem um papel im portante para fazer aflorar seu talento, ter um bom desempenho, ser reconhecido e se realizar como profissional. “As escolas, as fa culdades, os empregos e as empresas são como ferramentas. De na
Quando cada um exerce com plenitude seu papel, instaura-se um clima em que todos ganham e ficam satisfeitos com seu desempenho
“
de mudar o comportamento dos colaboradores e dos candidatos
da adianta um bom emprego se você não se esforça e dá seu má ximo, o que sem dúvida amplia sua a chance de atingir resultados admiráveis”, reforça. Assim, cultivar um ambiente de trabalho produtivo e atraente para todos que nele estão inseridos não é só um desafio a mais pa ra os líderes, mas também para os colaboradores. Afinal, é a soma de talentos que constrói o capital humano de uma corporação e ca da um é responsável pelo crescimento individual e da companhia em que trabalha. Quando cada um exerce com plenitude seu papel, instaura-se um clima em que todos ganham e ficam satisfeitos com
O valor do capital humano Antigamente, as terminologias das gerações eram definidas a cada 20 anos. Porém, estudiosos do assunto acreditam agora que
Divulgação LinkedIn
seu desempenho.
uma nova classificação surja a cada década. Mas como lidar com as potencialidades individuais de forma que cada colaborador contribua para o bem-estar coletivo e, sobretudo, o bom desem penho da empresa? A IBM não encara o assunto como desafio e sim como estraté gia de negócio. “Não é estratégia de RH. Nossa companhia con ta com a diversidade para buscar a inovação”, relata Alessandro Para João Lins, sócio e líder da consultoria de People & Chan ge da PwC Brasil, mais que aceitar diferentes valores e crenças, é fundamental entender os novos modelos mentais. “Os jovens que entraram no mercado de trabalho a partir de 2000 e principalmen te aqueles que vão entrar em 2020 tiveram praticamente toda a sua educação sob a explosão do avanço tecnológico e do uso da inter 32
o mundo da usinagem
Morganimation / Dollar Photo Club
Bonorino, vice-presidente global de aquisição de talentos da IBM.
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ConnectIn, encontro promovido pelo LinkedIn para tratar da revolução das mídias sociais na atração e captação de profissionais
net. Então, essas pessoas desenvolveram novas maneiras de se comunicar, de aprender e de re solver problemas”, afirma. Lins pondera que em muitos casos as equipes não se entendem simplesmente porque a forma de raciocinar é diferente. “Estar mais alerta para esse aspecto ajuda sobremaneira a integração dos times e o planejamento do trabalho conjunto”, conclui.
Redes sociais e a atração de talentos Bonorino e Lins, acostumados a lidar com o capital humano, participaram, no início de junho, de evento em São Paulo que apresentou cases e tendências da gestão em recursos hu manos. Promovido pelo LinkedIn, o encontro mostrou como a atração e a captação de profis sionais estão sendo revolucionadas pelas mí dias sociais. Com uma base de 300 milhões de usuá rios no mundo, sendo 17 milhões só no Bra sil, o LinkedIn é a maior rede de profissionais do mundo. Osvaldo Barbosa de Oliveira, dire tor-geral do LinkedIn para a América Latina, explica que nem todas as pessoas registradas buscam uma colocação no mercado. “Muitos apenas mantêm o perfil profissional atualiza agosto 2014/100
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gestão de pessoas
do, com suas habilidades e ambições. Estão visí veis para novas oportunidades de trabalho”, diz.
A evolução das gerações
Um estudo global da PwC, encomendado pelo
A idade não é o único fator que separa as diversas gerações e
LinkedIn, também foi apresentado no evento. Com
respectivas classificações. O comportamento, a maneira de en-
o título “Adaptar para Sobreviver”, o documento
carar o mundo e, principalmente, como as pessoas interagem
analisa formas de “melhorar o equilíbrio entre ta
com as novas tecnologias são as principais características que
lento e oportunidade para promover o crescimen
as diferenciam.
to econômico”. Segundo a publicação, 63% dos CEOs entrevistados afirmam que a disponibilida de de talentos é uma de suas principais preocupa ções. E, num mundo que requer dinamismo e no vas competências, o estudo revela que as mídias sociais atuam de forma preponderante, pois dão mais visibilidade aos profissionais e aos cargos.
“
Os números apura
captando pessoas que tenham, entre outras qualidades, a capacidade de adaptação
dos revelam que 69%
Baby Boomers: Leva esse nome devido à “explosão” de nascimento de bebês que os Estados Unidos, e outras partes do mundo, experimentaram logo após a 2ª Guerra Mundial, entre 1943 e 1964. São pessoas que já se aposentaram ou estão por fazê-lo. Elas vivenciaram, no início da vida, tempos difíceis do ponto de vista econômico, porém, por causa de fatores como subsídios governamentais e novas tecnologias, se estabeleceram como uma geração bem-sucedida. Os Baby Boomers tendem a ser fieis às empresas em que trabalham, principalmente por nutrirem valores como o respeito à hierarquia e a busca por estabilidade.
dos diretores de RH afirmam que as redes
Geração X: Abrange os nascidos entre meados dos anos 1960 e iní-
sociais de recrutamen
cio dos anos 1980. Presenciaram importantes eventos políticos mun-
to ampliaram a sua ca
diais que ocorreram durante sua juventude, como a queda do Muro de
pacidade de preencher vagas de forma mais rápida e eficaz. E 85% dos empregadores di
“
zem que essas ferramentas mudaram a forma co mo eles se relacionam com os candidatos em po tencial. Ainda de acordo com o estudo, todos esses fatores implicam justamente em encontrar candi datos ideais, captando pessoas que tenham, entre outras qualidades, a capacidade de adaptação.
Berlim e o fim da Guerra Fria. Já no contexto brasileiro, foram testemunhas da ditadura e da redemocratização do país. São pessoas que tiveram de se adaptar à informatização e a um mundo em rápida globalização. Os integrantes dessa geração necessitam de opções e flexibilidade e, em sua maioria, prezam a filosofia de “trabalhar para viver” e não “viver para trabalhar”.
Geração Y: Também chamada de Geração do Milênio, surge entre 1980 e 2000. São indivíduos moldados pela revolução tecnológica. Otimistas, são descritos como ambiciosos. Devem reformular o ambiente de trabalho, já que apresentam perfil inquieto e capacidade ino-
Todas essas peculiaridades continuam a des
vadora devido à grande desenvoltura e familiaridade com a tecnologia.
pertar muitos debates e o interesse de gestores em
Normalmente buscam ascensão profissional, mas sem abrir mão do
geral, não apenas os da área de recursos humanos.
equilíbrio entre trabalho e lazer.
Não há ainda uma fórmula mágica. Por enquanto, a melhor estratégia para evitar possíveis conflitos de valores e posturas parece ser justamente a que utiliza de forma positiva as distintas e diversas ha bilidades das pessoas – um desafio e tanto. Camila Silveira Fernando Sacco Guilherme Baroli Jornalistas 34
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Geração Z: São adolescentes, nascidos pós o ano 2000, equipados com avançados smartphones e tablets – conectados 24 horas por dia, já recebem, por parte de alguns, o apelido de geração F5, em referência à tecla “atualizar” do computador. Muitos especialistas acreditam que o hábito desses jovens pode, em certo momento, comprometer uma habilidade que ainda é primordial nas corporações: o trabalho em equipe. Em contrapartida, é possível que essa geração “multitarefa” contribua, dentro de alguns anos, para que as empresas se tornem também mais dinâmicas e velozes. agosto 2014/100
Teorema Imagem e Texto
energia
Exploração de fontes não convencionais no Brasil
Em uma época em que muito se comenta sobre pré-sal e royalties do petróleo, surge em cena um novo e promissor elemento que pode ser usado como matéria-prima para a indústria de óleo e gás Cada vez mais presente nos deba
vencional, ficando entre os dez maio
tes sobre matriz energética nos últimos
res. Com o potencial de trilhões de me
anos no Brasil, o gás de folhelho, popu
tros cúbicos de shale gas espalhados em
larmente conhecido como gás de xisto
bacias ao redor do planeta, sua vanta
(shale gas, em inglês), vem ganhando re
gem econômica é permitir a exploração
levância a cada dia, embora seu poten
e produção de um insumo a partir de
cial produtivo e possíveis riscos ao meio
fontes não convencionais contribuindo
ambiente ainda estejam em discussão.
para o fornecimento de gás natural. Por ser mais barata do que o petróleo, a ex
com exatidão qual o volume de suas
tração do gás não convencional poderá
reservas, acredita-se que o país tenha
acarretar uma mudança profunda na
chances de se tornar um importante
matriz energética no mundo todo. Te
produtor desse tipo de gás não con
mos como exemplo os Estados Unidos,
C.Anderson, Penn State/NSF-USA
Mesmo não sendo possível afirmar
36
o mundo da usinagem
agosto 2014/100
Marcellus Shale, em Amity, Pensilvânia, EUA
onde a extração e produção do shale oil and gas estão
bém companhias de energia elétrica de olho nes
avançadas. Neste caso, o aumento da oferta do gás
se insumo. Uma vantagem seria a sua utilização na
provocou uma redução nos preços, forçando ou
geração de energia nas usinas térmicas que têm ho
tras nações a seguirem o mesmo caminho para evi
je uma participação relevante na matriz energética
tar que suas indústrias percam a competitividade.
brasileira. Em busca do aumento da independência
Especialistas mais otimistas prevêem que os norte
energética e de uma alternativa para geração térmi
-americanos poderão tornar-se autossuficientes em
ca por meio do gás natural, a construção de térmi
óleo e gás em poucos anos. Pelo mesmo caminho
cas apareceu como uma oportunidade de negócios.
segue o Canadá, que já usa esse insumo de forma
Apesar de todo esse potencial, os investidores
comercial e que oferece aos investidores alguns in
não mostraram muita euforia nesse leilão, principal
centivos fiscais.
mente por causa do alto nível de risco exploratório e
Na América Latina, a Argentina também está in
dilemas ambientais, dentre eles, questões que envol
vestindo nessa área e o Brasil ainda está engatinhando
vem a falta de infraestrutura e logística nas regiões
e despertando para o assunto. No mês de novembro,
onde se localizam os blocos, incluindo a ausência de
o governo realizou a 12ª rodada de licitação, quando
rede de gasodutos, o que pode encarecer o investi
foram arrecadados, aproximadamente, R$ 165,2 mi
mento, aumentar o risco e reduzir a rentabilidade.
lhões com bônus de assinatura e arrematados 72 dos
Motivos pelos quais não se pode prever ou estimar o
240 blocos ofertados. E desses, quase 70% ficaram com
preço final do produto, visto que ainda não sabemos
a Petrobras. De acordo com a Agência Nacional de Pe
qual será o custo de produção.
tróleo (ANP), apenas três das sete bacias dos blocos
Se, de um lado, acredita-se que o shale oil and gas
ofertados têm vocação para apresentar recursos não
represente uma alternativa energética, por outro,
convencionais, conforme estudos geológicos e sís
cresce a preocupação ambiental em função do pouco
micos: do Recôncavo (Bahia), Sergipe-Alagoas e São
conhecimento geológico das bacias e dos riscos am
Francisco (Minas Gerais). No total, 12 empresas apre
bientais. Com isso, o debate sobre a utilização dessa
sentaram ofertas vencedoras, sendo oito brasileiras e
fonte de energia jamais explorada começa a tomar
quatro estrangeiras.
corpo, e um dos pontos controversos diz respeito à
Um fato interessante é que o leilão atraiu tam
agosto 2014/100
forma de extração. Só para esclarecer, a retirada é
o mundo da usinagem
37
energia
feita por um sistema de fraturamento hidráulico, já
favorável à exploração nos Estados Unidos não
que o produto é encontrado em camadas profun
serão os mesmos em outros países e se, de fato,
das, diferentemente do gás convencional, que po
superarmos os obstáculos da exploração, o cená
de ser extraído facilmente. Trata-se de um método
rio do mercado mundial de energia será alterado
de perfuração do subsolo que utiliza uma mistura
radicalmente. Esse é o momento para estudarmos
de água, areia e produtos químicos para atingir as
a viabilidade do negócio e buscarmos respostas
camadas de xisto e extrair gás natural dos poros
mais precisas sobre o potencial brasileiro. Ao cer
das rochas. É justamente esse ponto que não agra
to, o que sabemos é que não dá para desconside
da os ambientalistas em todo o mundo, por causa
rar essa alternativa dentro de uma matriz energé
do risco de contaminação dos lençóis freáticos.
tica complexa como a nossa.
Diante desses questionamentos, é preciso ob
Apesar dos prós e contras, não podemos deixar
servar as decisões a serem tomadas nos próximos
de destacar a importância do leilão do shale gas que
anos, para se dimensionar com mais precisão co
já foi realizado e que pode ser considerado o primei
mo e em que grau será prospectado o shale gas
ro passo para o desenvolvimento de uma gigante
no Brasil. Além das consequências geopolíticas,
indústria de exploração e produção de gás não con
questões como impostos, regulação e mão de obra
vencional no Brasil.
também devem ser levadas em conta. Mesmo sa bendo que os fatores que criaram um ambiente
Manuel Fernandes e Steve Rimmer KPMG no Brasil
Fonte: Cepa/USP
Reservas de xisto no Brasil
38
o mundo da usinagem
agosto 2014/100
agosto 2014/100
o mundo da usinagem
39
meio ambiente
A questão ambiental do gás de xisto
Esquema explicativo da extração do gás de xisto por fraturamento hidráulico
40
o mundo da usinagem
O mercado de energia nos Estados
tas de seu departamento de Gás, Petróleo
Unidos entrou em ebulição nos últimos
e Bens de Capital, chefiado por Priscila
anos graças à exploração de um recurso
Branquinho das Dores, que se configura
energético não convencional. Trata-se do
como fundamental ponto de partida para
gás aprisionado dentro da estrutura da
se discutir a questão.
rocha conhecida como xisto – daí seu no
Em primeiro lugar, o estudo, de 55 pá
me, gás de xisto. Ele foi visto, inicialmen
ginas, deixa claro que o boom americano
te, como alternativa saudável ao carvão,
não é fortuito. Os Estados Unidos estão
mas as considerações hoje são outras.
pesquisando sobre gás de xisto desde a
O Brasil demonstra estar alerta para
década de 1970. Ao longo desse período,
não permitir euforia indevida: o BNDES
incentivos fiscais propiciaram parcerias
providenciou estudo, feito por especialis
com universidades e institutos de pesqui
agosto.2014/100
sa, geradoras de melhorias de equi
o xileno e o etilbenzeno.
pamentos, como brocas diamanta
Os riscos parecem reais, embora
das e recursos de imagens para lo
nada tenha sido ainda comprovado
calizar exatamente os pontos a se
na prática, como indicam muitos
rem explorados.
geomorfólogos. Pode ser, portanto,
A exploração se dá pelo processo
prematuro falar em desastres am
de fraturamento da rocha, por inje
bientais, embora eles devam sem
ção de água, componentes químicos
pre ser previstos e evitados. O re
e areia sob alta pressão (5.000 psi),
ferido estudo do BNDES parece o
chamado fracking, o que despertou
caminho correto, inclusive porque
o cuidado das autoridades do setor,
ele indica claramente a carência de
que elaboraram protocolos bastante
estudos sísmicos nas áreas das ba
rígidos para a exploração do gás de
cias sedimentares brasileiras indi
xisto nos Estados Unidos.
cadas como alojando o gás de xisto.
O fato de a rocha se encontrar
Estamos, portanto, no início das
em grandes profundidades, de
considerações. Bacias apontadas co
1.200 a 1.500m da superfície, por
mo ricas em gás de xisto, como a do
tanto abaixo do lençol freático, le
Piauí, podem ser inviáveis pela au
vou ao temor de que seu fratura
sência de água, necessária em gran
mento, necessário para a liberação
de quantidade para o fracking. Além
do gás, servisse como canal de dis
de alguns impedimentos locais desse
persão dos produtos químicos co
tipo, nossa infraestrutura de distri
locados no líquido usado no fracio
buição não é preexistente, como nos
namento. Além da possível polui
Estados Unidos. Apenas o Recônca
ção de águas potáveis, teme-se que
vo Baiano possui infraestrutura de
nem todo o gás liberado seja capta
exploração de gás natural que pode
do e que sua propagação subterrâ
ria ser usada para a distribuição.
nea possa levar a abalos sísmicos.
Indicações de cautela existem e
As empresas americanas recu
cabe à sociedade acompanhar o en
savam-se a revelar a composição do
caminhamento desse novo merca
líquido injetado na rocha no proces
do, sem impedi-lo mas sem ignorar
so do fracking e, assim, o Congresso
as cautelas que vêm sendo aponta
Americano rompeu o silêncio, em
das como necessárias para sua im
documento de 2011, divulgado em
plantação.
2014. Segundo tal estudo, eram co
Informações de qualidade não
mumente usados 95 produtos, com
nos faltam. Veja o estudo do BNDES
13 diferentes substâncias canceríge
em Petróleo & Gás – BNDES Setorial
nas, como o naftaleno, o benzeno e
37, p. 33-88.
a acrilamida. Elementos regulados pela Emenda da Água Potável Se gura, dos Estados Unidos, também estavam presentes, como o tolueno, agosto 2014/100
João Manoel S. Bezerra de Meneses Gestor Ambiental/Jornalista o mundo da usinagem
41
inovação II
A inovação eo
óbvio
Um dos principais fatores de sucesso fren
do homem e da sociedade, estando presente
te à acirrada competição do mercado é sem
na sua vida desde os seus primórdios. Atu
dúvida nenhuma a capacidade das empresas
almente valoriza-se não apenas o processo
de se diferenciarem de seus concorrentes.
de inovar, mas, sobretudo a velocidade em
Com a disseminação da tecnologia, a ve locidade da transferência de informações e
A busca pela inovação tem se tornado tão
as fronteiras sendo extintas através dos pro
presente dentro das empresas, que muitas
cessos de globalização, as empresas estão
delas têm criado áreas específicas para tratar
desenvolvendo produtos com maior velo
desse tema, bem como programas de treina
cidade e com características cada vez mais
mento e desenvolvimento pessoal focando
ampliadas ante as expectativas do consumi
essa área. Mas existe algum fator negativo
dor. Essa concepção de produto e/ou serviço
nesse processo? Há um limite para a ânsia
com características inéditas estimula o con
pela inovação dentro de uma organização?
sumo, mesmo havendo outras objeções, co mo o preço por exemplo.
42
fazer algo inovador.
A resposta é não. Não deve haver limites para a busca da inovação e as organizações
Esse, aliás, é o principal objetivo da ino
devem criar a cultura da inovação e dissemi
vação, palavra demasiadamente utilizada
ná-la em todos os níveis, pois sua sustenta
nos dias atuais e fator imprescindível para
bilidade vai depender não apenas disso mas
a continuidade e sucesso de uma empresa,
sobretudo da velocidade com que elas im
não importando seu ramo de atividade.
plantam um processo inovador.
A palavra Inovação tem sua origem no
O valor da inovação em si é inquestioná
latim, no termo innovatio e se refere a algo
vel, mas devemos atentar para o que uma
novo, inusitado. A inovação pode significar
organização pode deixar de lado quando
um novo produto, uma nova ideia, ou uma
busca de maneira obsessiva inovar.
forma diferente de se fazer algo. Como um
Via de regra, as rotinas de uma organiza
processo subsequente à criatividade, a ino
ção são criadas na medida em que o mercado
vação tem sido o pilar do desenvolvimento
demanda processos, que por sua vez neces
o mundo da usinagem
agosto 2014/100
Alphaspirit / Dollar Photo Club
sitam de rotinas. Portanto, as rotinas fazem
operação do negócio, os quais garantem o
parte do escopo de negócio da organização
fluxo de recursos.
e estão relacionadas com aspectos específicos de cada mercado, incluindo a cultura local.
Quando analisamos o mercado de uma forma geral e seus aspectos competitivos,
Para uma empresa, vários são os indica
notamos que muitas empresas dão um salto
dores que podem influenciar o seu desem penho e sua imagem no
significativo em seus negócios ao desenvol verem um novo produ
mercado. Como exem
to ou um novo proces
plo podemos citar au
so que as colocam em
mento nas vendas, port
evidência no mercado.
vos modelos de negócio, maior eficiência produti va, sustentabilidade am biental, e a forma como o cliente, os acionistas e a sociedade veem a em presa está relacionada ao valor gerado por ela.
“
Contudo, existe por ou
Se a pressão por inovar for muito grande, a organização tende a suprimir o foco nos processos básicos do negócio, afetando a percepção da empresa no mercado
Esse cenário estimula a inovação como um dos
“
fólio de produtos, no
processos principais pa
tro lado um grande nú mero de empresas que, mesmo sendo inovado ras e desenvolvendo no vos produtos, novos pro cessos e novos modelos de negócios, não conse guem atingir os resulta dos esperados por seus gestores, ficando à mar gem do mercado. O que
ra geração e ampliação de valor, contudo ela
há de errado com essas empresas que não atin
não pode alterar de forma não programada
gem os resultados?
a continuidade da operação da empresa, de
Certamente elas não estão errando por es
vendo ter sim um caráter de geração de va
tarem inovando. Provavelmente elas estão er
lor, mas respeitando os aspectos óbvios da
rando por negligenciarem coisas óbvias ao
agosto 2014/100
o mundo da usinagem
43
inovação II
“
Enfim, a inovação é fundamental para a sustentabilidade de uma empresa (...), mas não podemos desprezar o conhecimento tácito presente nos processos correntes da organização e nem o valor das pessoas que os criaram.
buscarem a inovação. Sim,
definido programas e cronogramas diferentes
se a pressão por inovar for
para os diferentes mercados.
muito grande, a organiza
Nos dias de hoje, com temas como a di
ção tende a suprimir o fo
versidade sendo amplamente discutidos
co nos processos básicos do
na sociedade, parece óbvio falarmos de di
negócio, afetando a percep
ferenças culturais, mas é exatamente assim
ção da empresa no mercado.
que desconsideramos o óbvio, ou seja, quan
Para que isso não ocorra de
do ele se torna extremamente evidente.
vemos planejar os processos
Algumas pessoas podem então se ques
de inovação, para que eles
tionar: como podemos nos diferenciar fa
aconteçam em harmonia
zendo aquilo que é óbvio?
com os processos correntes da organização.
Algumas coisas óbvias são imprescindíveis e insubstituíveis, e não fazê-las é um erro capi
“
É preciso que a orga
tal. A diferenciação nesses casos não está em
nização tenha sempre em
fazer coisas diferentes, mas sim em fazer as coi
mente quais foram os seus fatores de sucesso e o que fez com que a em
sas de forma diferente, com atitude diferente,
presa chegasse aonde chegou. Ao pensar em
Enfim, a inovação é fundamental para a
mudanças, esses fatores devem ser respeita
sustentabilidade de uma empresa e a reno
dos dentro de uma linha de tempo que per
vação das estruturas e dos modelos de ne
mita a continuidade dos negócios, conside
gócios é um fator que alavanca o processo
rando-se a cultura e a forma de fazer negócio
criativo e a inovação, mas não podemos des
de cada mercado.
prezar o conhecimento tácito presente nos
Em alguns modelos de negócio no seg mento industrial (B2B), verificamos que
inovando o nosso jeito de ser e com paixão.
processos correntes da organização nem o valor das pessoas que os criaram.
muitas empresas perdem eficiência no ne
Vamos inovar, mas sem esquecer daqui
gócio, não porque não desenvolvem novos
lo que é óbvio, quando buscamos o óbvio: a
produtos ou novos procedimentos, mas sim
necessidade de inovar.
porque deixam de fazer coisas óbvias que são esperadas pelo cliente. Por exemplo, em um mercado que possui uma cultura de alto contexto, o relacionamento é muito impor tante para o negócio, e negligenciá-lo certa mente trará prejuízos. Não considerar a cultura local é comum em algumas empresas multinacionais, que agem baseando-se diretamente nas decisões tomadas em suas matrizes localizadas em paí ses com um contexto cultural diferente. Ao fazerem isso, essas empresas acabam se frus trando por não terem os mesmos resultados e dificilmente reconhecem que deveriam ter 44
o mundo da usinagem
Fernando Oliveira Gerente nacional de vendas da Sandvik Coromant do Brasil agosto 2014/100
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