103 Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147
Universidades e iniciativa privada em prol da inovação Lean Manufacturing: Soluções para evitar retrabalhos
USIGRAV:
Mentalidade inovadora garante maior competitividade
Índice
edição 103
02/2015
18 Educação e Tecnologia 4 Soluções de Usinagem
22 Entrevista II: Crise Energética
28 Produtividade II
AB Sandvik Coromant
4 Soluções de Usinagem Flexibilidade: a chave para o sucesso da USIGRAV 10 Produtividade I Antecipando atividades (“uploading”) no desenvolvimento de produtos
Broca CoroDrill 870
14 Entrevista I: Fluidos para usinagem Panorama do mercado de fluidos para usinagem Entrevista com Marc Blaser 18 Educação e Tecnologia Parcerias que impulsionam a inovação 22 Entrevista II: Crise Energética Veja o que pensam alguns líderes do setor de geração de energia elétrica 28 Produtividade II Centro de torneamento com duas torres, fuso e contrafuso
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32 Negócios da Indústria Grande demanda energética, apagões e crise hídrica favorecem investimentos em energia limpa 36 Nossa Parcela de Responsabilidade Uma nova postura para 2015 EXPEDIENTE: O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 14.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. As fotos sem menção de créditos foram captadas na Internet sob licença do GNU Free Documentation Licence e/ou Creative Commons Attribution-Share Alike Generic License. Editor-chefe: Fabio Ferracioli; Coeditora: Vera Natale; Coordenação editorial, redação e revisão: Teorema Imagem e Texto (Fernando Sacco, João M. S. B. Meneses, Patrícia Cueva); Jornalista responsável: Fernando Sacco - MTB 49007/SP; Projeto e editoração gráfica: Débora Nascimento; Impressão: Pigma Gráfica. As afirmações e dados contidos em matérias assinadas são de responsabilidade integral de seus autores.
soluções de usinagem
Flexibilidade: Empresa especializada no ramo de usinagem de precisão soube diversificar mercados e reduzir o tempo de produção ao adotar novas e modernas ferramentas de corte
Com pouco mais de três décadas de atuação, a USIGRAV mostra que não basta apenas buscar a excelência no seu ramo de atividade para alcançar um desempenho competitivo e destacado no mercado. A empresa de Rio Claro (SP), que se especializou na fabricação de equipamentos, acessórios e insumos de impressão para extrudados plásticos rígidos e flexíveis, apostou na ampliação do mercado e na evolução de seus processos produtivos em busca de um crescimento sólido e sustentável.
Izilda França
Vista geral da planta da USIGRAV em Rio Claro (SP). “Hoje, não usamos mais o conceito de hora/máquina, e sim de minuto/máquina”, destaca Fábio Hecht, diretor industrial da empresa
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o mundo da usinagem
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a chave para o sucesso da USIGRAV Atualmente, os tradicionais cilindros de equipamentos de impressão fabricados pela empresa dividem espaço com peças e componentes para os segmentos ferroviário, agroindústria (principalmente no setor de laticínios), óleo & gás e aeronáutico. A diversificação — peça-chave no planejamento estratégico da USIGRAV — foi resultado de uma decisão arrojada do seu diretor industrial, o engenheiro mecânico Fábio Hecht: era preciso investir em produtividade. “O incremento na produtividade é decisivo tanto na redução do preço quanto na ampliação do número de serviços, pois processos mais rápidos nos disponibilizam mais tempo de máquina. Hoje, não usamos mais o conceito de hora/máquina, e sim de minuto/ máquina. Nesse sentido, foi fundamental aprimorar nossos processos internos e adotar ferramentas de corte mais modernas, buscando sempre o que há de me-
Salto de produtividade Um grande passo na reestruturação da linha de produção da USIGRAV foi dado em agosto de 2014, com a chegada da equipe da Pérsico Ferramentas, distribuidor autorizado da Sandvik Coromant sediado em Piracicaba (SP). “Identificamos processos que poderiam ser aperfei-
Izilda França
lhor em tecnologia e qualidade”, pontua Hecht.
Em sentido horário: Fábio Hecht, diretor industrial da USIGRAV; Maurício Orlando Pais de Godoy, vendedor técnico da Pérsico Ferramentas; Diego Sampaio Silva, encarregado de produção da USIGRAV e Antônio Carlos da Silva, diretor da Pérsico Ferramentas
çoados com a adoção de ferramentas mais modernas e produtivas”, avalia Maurício Orlando Pais de Godoy, vendedor técnico da Pérsico Ferramentas. Uma das primeiras melhorias aconteceu no processo de furação dos cilindros de impressão, fabricados em aço 4140, de elevada tenacidade e largamente utilifevereiro.2015/103
o mundo da usinagem
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soluções de usinagem
zados na fabricação de eixos, virabrequins e peças que requerem resistência à deformação. A adoção da broca com ponta intercambiável CoroDrill 870 garantiu redução do tempo de produção e, consequentemente, do custo por furo. “A operação passou de 6 minutos para 2 minutos, uma economia superior a 60%”, analisa Diego Sampaio Silva, encarregado de produção da USIGRAV. A nova ferramenta ainda tornou o processo produtivo mais versátil, pois pôde ser otimizada para aplicação em diferentes gamas de diâmetros, materiais, máquinas e comprimentos. As soluções de usinagem se estenderam para outros processos, como o torneamento de rotores para bombas de vácuo, fabricados em ferro fundido nodular. “Notamos que o tempo de produção era elevado, em razão do tamanho e da complexidade da peça”, explica Godoy. Izilda França
Para contornar esse problema, as equipes da Pérsico Ferramentas e da USIGRAV iniciaram testes com a
Cilindros para impressão de produtos extrudados fabricados na empresa: foco na produtividade com a adoção da CoroDrill 870
barra de mandrilar antivibratória Silent Tools. “A princípio ficamos receosos, pois não sabíamos se a ferramenta seria capaz de respeitar as tolerâncias dimensionais e, ao mesmo tempo, gerar uma redução de tempo tão drástica”, pontua Diego Silva. Os resultados, entretanto, surpreenderam. O processo que antes levava 16 minutos foi reduzido para 5 minutos, e as projeções são ainda mais animadoras: “Se considerarmos o período de um ano, nossa economia chega a 237 horas, o equivalente a pouco mais de um mês de trabalho, só neste item”, comemora Hecht.
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o mundo da usinagem
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Rotores para bombas de vácuo em estado bruto e após a usinagem. No detalhe, barra de mandrilar antivibratória Silent Tools em ação: a operação passou de 16 minutos para 5 minutos Com isso, novos serviços puderam ser incorporados às demandas da empresa, sem a necessidade de novos investimentos em máquinas. “Nosso objetivo foi elevar a qualidade do produto final e garantir mais tempo de máquina, para que a empresa não operasse no teto de sua capacidade e, simultaneamente, pudesse conquistar cada vez mais novos clientes”, recorda Antonio Carlos da Silva, diretor da Pérsico Ferramentas. Outro ponto de destaque foi a melhora na ergonomia, pois a usinagem da peça de 20 kg exigia um grande esforço do operador. “Era necessário manu-
Izilda França
seá-la quatro vezes, e agora, com essa nova ferra-
Da esquerda para a direita: Diego Sampaio Silva, encarregado de produção da USIGRAV; Everton Rodrigo Zanello, operador de CNC; Maurício Orlando Pais de Godoy, vendedor técnico da Pérsico Ferramentas e Fábio Hecht, diretor industrial da USIGRAV fevereiro.2015/103
o mundo da usinagem
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soluções de usinagem
menta, ela já sai pronta”, destaca o operador de CNC Everton Rodrigo Zanello. A introdução da nova ferramenta sempre levou em conta os critérios rigorosos de produção adotados na USIGRAV. “Hoje atuamos em vários segmentos e temos diversas exigências em termos dimensionais, processos e materiais”, alerta Hecht. “Nossos principais clientes são grandes multinacionais, de forma que o nosso padrão de qualidade e de preço precisa estar em nível similar ao de nossos concorrentes internacionais. Caso contrário os produtos seriam importados”. Outras ferramentas também foram incorporadas ao processo produtivo, como as fresas da linha CoroMill, 357, 390 e 210, também com grandes gaIzilda França
nhos em produtividade. Trata-se de um investimento de resultados em um momento em que muitos setores da economia optaram por congelar novos aportes na cadeia produtiva. “Quando falamos de flexibilidade a questão é justamente essa. A empresa soube avaliar muito bem o valor das ferramentas por meio dos resultados alcançados, em termos de qualidade e de produtividade”, analisa Antonio Carlos. O vendedor técnico da Pérsico Ferramentas Maurício Orlando Pais de Godoy reforça: “Encontramos as portas abertas, e isso aconteceu principalmente
AB Sandvik Coromant
por causa da mentalidade da empresa, que não tem medo de inovar”. O engenheiro mecânico Fábio aponta para a importância da versatilidade da empresa e de seus profis-
Trabalho conjunto da USIGRAV e da Pérsico Ferramentas/Sandvik Coromant gerou grandes ganhos de produtividade. No destaque, fresa CoroMill 357
sionais: “Essa qualidade para absorver novas informações, processos e tecnologias está muito ligada ao perfil da empresa. De fato, não temos medo de inovar, ao contrário, as oscilações do mercado nos mostram que é cada vez mais a hora de rever processos, ganhar em produtividade e reduzir nossos custos”. E é dessa maneira, com flexibilidade, confiança nas parcerias e abertura para novas ideias, que a USIGRAV deixa sua marca gravada na lista dos grandes empreendedores que fazem da inovação uma ferramenta para ir cada vez mais longe.
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USIGRAV: evolução com seriedade Fundada em 1983 em Rio Claro (SP), a USIGRAV iniciou suas atividades fabricando cilindros para impressão de produtos extrudados rígidos e flexíveis, como condutores elétricos, tubos, mangueiras e perfis. Ao longo dos anos, a empresa passou a fabricar equipamentos destinados à impressão desses produtos, além de equipamentos periféricos para estes meros quais fabrica desbobinadores, bobinadores, equalizadores de tensão, conformadores, aplicadores de fitas, entre outros, e ainda dispositivos especiais mediante projeto. O setor de usinagem de peças, componentes e fabricação de equipamentos diversos representa hoje cerca de 65% dos trabalhos da empresa, enquanto 35%
Izilda França
cados, principalmente o de condutores elétricos, para
Microcentro de usinagem desenvolvido pela USIGRAV: empreendedorismo em prol da competitividade
da produção é composta por produtos próprios, como equipamentos e cilindros de impressão ligados ao segmento de extrudados rígidos e flexíveis como condutores elétricos, perfis, mangueiras e tubos plásticos. “Nossa preocupação é fornecer a solução completa para nossos clientes”, resume o engenheiro Fábio Hecht. A médio prazo a empresa pretende ampliar seu parque fabril e diversificar a usinagem de peças médias, buscando sempre novos mercados, em especial o setor de energias renováveis.
Inovação Um detalhe que chamou atenção durante visita à planta da USIGRAV foi o desenvolvimento de um microcentro de usinagem próprio. O equipamento está em fase de testes e será utilizado na produção de itens que necessitam de microusinagem de fresamento, tais como gravações em alto ou baixo-relevo para peças técnicas, cilindros de gravação a quente e peças de dimensões reduzidas. Mais uma prova da veia empreendedora da empresa. Fernando Sacco Jornalista fevereiro.2015/103
o mundo da usinagem
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produtividade I
Antecipando atividades (“uploading”)
no desenvolvimento de produtos Todos que participam do pro-
mente caros. É vastamente reconhe-
cesso de desenvolvimento de pro-
cido que o custo de fazer mudanças
dutos estão familiarizados, de al-
aumenta conforme se avança na li-
guma forma, com a agonia da mu-
nha do tempo do projeto de de-
dança nos últimos estágios, chama-
senvolvimento do produto. Como
da de loopbacks (retrabalhos). Seja
mostrado na figura a seguir, para
um fracasso inesperado no teste de
a maioria dos produtos fabricados,
protótipos, um problema de manu-
o custo de fazer uma mudança du-
fatura que aparece durante o início
rante a fase do projeto é mais bara-
da produção ou um problema com
to do que durante a fase do protóti-
a garantia, fazer mudanças no pro-
po, que é mais barato do que quan-
jeto ou na engenharia tardiamen-
do o produto está na produção. E
te produz uma quantidade assom-
a maioria das pessoas concordaria
brosa de desperdício. As equipes
que a curva do custo é geométrica.
de desenvolvimento se esforçam
Na verdade, alguns dizem que o
muito para evitá-los, mas, mesmo
custo para fazer uma mudança em
assim, quase todos os praticantes
qualquer estágio é dez vezes mais
consideram os loopbacks inevitáveis,
caro do que no estágio imediata-
e, na verdade, até planejam contan-
mente anterior. Então podemos en-
do com eles. Mas, de uma perspec-
xergar que mudanças tardias po-
tiva lean, isso é lamentável porque
dem, de fato, ser caras.
um loopback não é nada mais do que
O conselho comum para elimi-
retrabalho com um nome diferente.
nar o problema dos loopbacks é an-
Os desenvolvedores projetam, ana-
tecipar algumas atividades no pro-
lisam e testam seu produto ou pro-
cesso de desenvolvimento do pro-
cesso apenas para ter que repetir es-
duto. Mas o que significa antecipar?
sas mesmas atividades mais tarde.
10
o mundo da usinagem
Alguns sugerem que é inteligen-
Assim como no chão de fábrica,
te começar um projeto de desen-
os retrabalhos podem ser extrema-
volvimento de produtos acumufevereiro.2015/103
lando o que já sabemos. Por exem-
qualquer nova projeção de desen-
plo, engenheiros de produção po-
volvimento de produtos. Outros recomendam antecipar
sobre a capacidade de seus equipa-
os projetos de desenvolvimento jun-
mentos de fabricação atuais no iní-
tando equipes interfuncionais des-
cio do projeto. Então os projetistas
de o começo do projeto. As equipes
do produto podem (assim espera-
consistem em representantes capa-
mos) projetar dentro dessas restri-
zes de realizar cada uma das funções
ções para minimizar os problemas
necessárias para trazer um produto
no chão de fábrica enquanto me-
ao mercado: vendas/marketing, en-
lhoram a qualidade e a eficiência.
genharia de produto, projeto indus-
O desafio com essa sugestão é, ob-
trial, engenharia de produção, com-
viamente, acumular conhecimento.
pras e finanças, por exemplo. A ideia
Mas é também a tradução desse co-
é garantir que todos os pontos de
nhecimento de termos de processo
vista sejam considerados desde os
para termos que os projetistas de
primeiros estágios para evitar “des-
produtos possam entender. Em-
cobertas” inesperadas mais tarde.
presas lean devotam um grande es-
Mas uma pergunta frequentemente
forço para catalogar sua capacida-
importuna essas equipes: o que eles
de processual em uma base contí-
devem fazer nessas primeiras fases?
nua para que o conhecimento este-
Stefan Thomke recomenda a ex-
ja pronto para ser implantado com
perimentação rápida a fim de apren-
Divulgação Lean Institute Brasil
dem fornecer à equipe informações
Custo Definição do problema fevereiro.2015/103
Projeto e análise
Protótipo e teste
Produção
o mundo da usinagem
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produtividade I
der sobre as possibilidades do pro-
nar essa alternativa com segurança.
duto e do processo de produção. Po-
Permita alguma flexibilidade nas
demos estender a ideia de Thomke
exigências do projeto para que você
com as noções de Allen Ward sobre
possa utilizar o conhecimento ad-
projeto baseado em alternativas, o
quirido para definir as exigências fi-
que chamamos agora de inovação
nais em um ponto onde você enten-
baseada em alternativas.
da mais profundamente os trade-offs
Em uma abordagem baseada em
que estão acontecendo.
alternativas no desenvolvimento,
O que você está fazendo para
as equipes se envolvem de uma for-
evitar os loopbacks? Quais são as ou-
ma muito diferente com os desafios
tras formas que você utilizou para
de desenvolvimento que enfrentam
eliminar o retrabalho no desenvol-
em comparação com as abordagens
vimento? Você tem exemplos de
convencionais. As principais práti-
qualquer uma das abordagens aci-
cas da inovação baseada em alter-
ma? Compartilhe seus pensamen-
nativas são:
tos e ideias para que todos possa-
• Gerar soluções de alternativas
mos aprender mais.
múltiplas para todo subproblema de projeto identificado. • Adequar essas soluções às exigências do projeto gerando dados através de análises, modelos e protótipos de baixo custo. Prestar atenção à granulidade (nível de sumarização dos elementos e de detalhe disponíveis nos dados) – usar modelo de baixa fidelidade quando respostas rápidas e brutas são necessárias, por exemplo. • Eliminar uma alternativa sempre que os dados mostrarem que as exiou seja, claramente inferior à outra alternativa. Evitar escolher um vencedor antecipadamente – utilizar um processo de eliminação. Conforme o andamento, tente gerar conhecimento reutilizável na forma de limites do projeto e curvas de trade-off. Se você entender os limites físicos de um conceito do projeto, e esses limites estiverem fora das exigências, você pode elimi12
o mundo da usinagem
Divulgação Lean Institute Brasil
gências não poderão ser atendidas,
Durward Sobek Professor e Coordenador do Programa de Engenharia Industrial da Universidade Estadual de Montana, EUA Tradução: Tamiris Masetto Artigo gentilmente cedido à OMU pelo Lean Institute Brasil
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entrevista I
Panorama do Mercado de Fluidos para Usinagem
Arquivo Blaser Swisslube
Entrevista com Marc Blaser
No final da década de 90, os pes-
vas demandas da indústria, principal-
quisadores Olívio Novaski e Joachim
mente no campo ambiental, e técnicas
Dörr constataram que os gastos com
como a Mínima Quantidade de Lubri-
fluidos de corte (intitulados e regis-
ficação (MQL) se difundiram em todo
trados como liquid tools pela Blaser
setor metalmecânico.
Swisslube) representavam cerca de
Em entrevista para a revista O
17% dos custos de manufatura. Um
Mundo da Usinagem, o CEO da em-
valor expressivo, se comparado à
presa Blaser Swisslube, Marc Bla-
parcela reservada às demais ferra-
ser, expôs algumas de suas con-
mentas, que, em média, consumia de
cepções do mercado de fluidos pa-
2% a 4% dos mesmos custos.
ra usinagem no Brasil e no mundo,
Nas últimas décadas, os fluidos de corte evoluíram para se adaptar às no14
o mundo da usinagem
além de traçar um panorama geral da empresa no Brasil. fevereiro.2015/103
cado de fluidos para usinagem e os planos da Blaser Swisslube para o mercado brasileiro? Marc Blaser: Entendo que a situação é complicada, porém essa variável já havia sido considerada em função do dinamismo do mercado brasileiro. A Blaser trabalha para oferecer competitividade sustentável aos seus clientes. Dessa maneira, a intenção é continuar investindo nos negócios no Brasil, acreditando em uma melhora futura do mercado, pautando sempre a competitividade sustentável como a principal ferramenta para o crescimento.
“
A Blaser trabalha para oferecer competitividade sustentável aos seus clientes, dessa maneira, a intenção é continuar investindo nos negócios no Brasil, acreditando em uma melhora futura do mercado, pautando sempre a competitividade sustentável como a principal ferramenta para o crescimento.
“
OMU: Qual a situação de mer-
uma subsidiária aumenta no grupo dependendo da maneira pela qual ela estará provendo valores para o mercado. Então a Blaser do Brasil, em termos de resultados, tem uma importância específica. Mas como este mercado está alinhado às es-
OMU: Qual sua perspectiva em
tratégias globais, o Brasil passa a ter
relação ao mercado como um todo? Marc Blaser: Vemos ótimas perspectivas, principalmente no segmento aeroespacial, que é uma área muito importante para nós, porém em cada segmento deve haver uma proposta diferenciada. Vemos também no segmento automotivo grandes perspectivas, com a vinda de novos materiais, novas operações e tecnologias de máquinas. Todos os segmentos merecem uma atenção especial, diferenciada por suas especificidades, para que se mantenham no mercado por meio da competitividade.
uma importância maior. Em termos de importância para a Blaser, o Brasil é o segundo mercado mais importante de fluidos de corte, se analisarmos só em questão de números. Mas qualitativamente, o Brasil é o 3º ou 4º mercado do mundo em prestação de serviços relacionados. Isso tem pertinência em relação à política de aproximação da Blaser com seus clientes e o melhor exemplo disso é o Troféu Produtividade Blaser Swisslube, que está em sua segunda edição no Brasil. No total, 45 eventos já foram realizados em todo o mundo (4 na França, 2 no Brasil, 3 na Suíça, Alemanha, Chi-
OMU: Qual o papel das subsi-
na, 2 na Índia e em vários outros
diárias e a importância dos diversos mercados para a Blaser Swisslube ? Marc Blaser: Como esta é uma empresa familiar, a importância de
mercados importantes), onde os
fevereiro.2015/103
eventos acontecem a cada um ano ou dois. E o Brasil sem dúvida é um mercado-chave. A ideia do evento é gerar uma plataforma de reconhecio mundo da usinagem
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entrevista I
mento aos clientes Blaser, pelos tra-
ano de 2014, já foram auferidos 30
balhos conjuntos.
milhões de reais em ganhos de produtividade aos nossos clientes. To-
OMU: Qual a importância da edu-
da essa documentação e avaliação
cação e do treinamento para o mercado de fluidos de corte? Marc Blaser: Para se otimizar a produção é necessário um mercado mais qualificado, em termos de conhecimento. E como nossa ideia é estar sempre em treinamento e consonância com nossos clientes, nós participamos de eventos como o Experts-meet-Experts (Especialistas encontram Especialistas), que ocorrem 3 vezes ao ano, e damos treinamento específico in company para as empresas parceiras, na expectativa de melhorar o nível também do mercado. O mercado, em um patamar de qualificação e educação maior, entenderá melhor as propostas de valor, nossa filosofia e como vemos o mercado em si. Então nós da Blaser Swisslube temos nosso calendário fixo de eventos de qualificação e treinamento dos quais participamos, além do trabalho que fazemos com nossos clientes.
são feitas junto ao cliente, proporcionando uma clara idoneidade de informação, por eles reconhecida. OMU: Como a Blaser Swisslube
vê a questão ambiental e investimentos em P&D? Marc Blaser: A Blaser tem 560 funcionários, sendo que 15% atuam na área de pesquisa e desenvolvimento e tecnologia. A área de P&D da Blaser tem cerca de 3 mil m², dos quais 760 m2 são ocupados pelo laboratório. Temos um total de 6 centros de usinagem para testar os fluidos depois da formulação pronta, para real comprovação de benefícios e sua não nocividade ao meio ambiente. Esse Departamento de P&D da Blaser fica na Suíça. A Blaser já desenvolveu mais de 500 formulações diferentes. Para um produto ser lançado no mercado, há uma pesquisa de pelo menos dois anos de testes e afins.
OMU: E a era digital, como ela in-
fluencia esse processo? Marc Blaser: Posso informar que a Blaser Swisslube desenvolveu um software para documentação de resultados, que analisa o processo produtivo e pode dar uma proposta de valor que se agregue à produção. Só depois de comprovados e documentados os benefícios para o cliente é que a Blaser se manifesta comercialmente. Desde então, só no 16
o mundo da usinagem
João Manoel S. Bezerra de Meneses Gestor Ambiental/Jornalista fevereiro.2015/103
educação produtividade e tecnologia II
Parcerias que impulsionam a
inovação A capacidade de inovação é fator determi-
Tal estudo, que pode ser lido na íntegra em
nante para a sobrevivência no ambiente empre-
globalinnovationindex.org (em inglês), revela
sarial. A discussão é conhecida – sobretudo no
que entre os países classificados como de renda
universo da indústria, que atua em um cenário
média, o Brasil se destaca pela qualidade de suas
competitivo e globalizado.
principais universidades e publicações científicas.
Especialistas defendem que, nessa área, o Bra-
Não por acaso, parcerias entre a iniciativa
sil tem muito ainda o que progredir. Mas o futuro
privada e instituições de ensino vêm gerando
se mostra promissor. O país subiu três posições no
bons resultados e apontam para mudanças po-
Índice Global de Inovação 2014, ocupando agora
sitivas desse quadro. Pela troca de experiências
a 61 posição entre 143 países. O índice é organi-
entre professores universitários e profissionais
zado pela Organização Mundial de Propriedade
do meio empresarial, novas tecnologias são de-
Intelectual, pela Cornell University (EUA) e pela
senvolvidas ao mesmo tempo em que se con-
Insead (Escola Francesa de Administração).
quista mão de obra qualificada.
a
Líderes em Qualidade de Inovação
QUALIDADE DAS DASUNIVERSIDADES UNIVERSIDADESF QUALIDADE
AMÍLIAS DE DEPA TENTES REQUERIDAS FAMÍLIAS PATENTES REQUERIDAS
ECONOMIAS DE RENDA ALTA
ECONOMIAS DE RENDA MÉDIA
1 EUA
1 CHINA
2 JAPÃO
2 BRASIL
3 ALEMANHA
3 ÍNDIA 0
50
ARTIGOS CIENTÍFICOS CIENTÍFICOSCITADOS CITADOS ARTIGOS
100
150
200
250
50
100
150
200
250
Infográfico editado e traduzido, retirado do Índice Global de Inovação 2014 (www.globalinnovationindex.org)
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o mundo da usinagem
fevereiro.2015/103
Dollarphotoclub
Exemplo disso são os convênios mantidos
pesquisa e de laboratórios de desenvolvimento,
pelo Centro Universitário da Fundação Educa-
como as parcerias com a Telefônica Vivo, SMS
cional Inaciana (FEI), principalmente para pres-
Tecnologia Eletrônica, GM do Brasil e Embraer.
tação de serviços e pesquisas mais aplicadas.
As duas primeiras estão ligadas ao Instituto de
“Nos últimos anos, empresas têm procurado
Pesquisa (Ipei); e as últimas, ao Departamento
a FEI para projetos mais duradouros, com a im-
de Mecânica da FEI.
plantação de laboratórios dentro da instituição
“Buscamos, principalmente, melhorar as
voltados à pesquisa de longo prazo”, afirma o
capacidades técnicas das pessoas e das em-
coordenador do curso de Engenharia Mecânica da
presas. No momento, alguns dos destaques
FEI, Roberto Bortolussi, completando que o mais
são o desenvolvimento de novos processos
comum são as empresas procurarem a instituição,
de fabricação com a Embraer e algumas ati-
embora o caminho inverso também aconteça.
vidades de simulação com a GM do Brasil”, exemplifica Bortolussi.
Pesquisa e mão de obra qualificada Para o centro universitário, a troca de experiências proporciona abertura de possibilidades de pesquisa e de campos de trabalho para os alunos, que se tornam mais qualificados. Demanda além de bons profissionais técnicos, pessoas que tenham certo grau de especialização. Atualmente, existem projetos específicos de fevereiro.2015/103
Divulgação / FEI
que as empresas estão de olho, já que buscam,
Roberto Bortolussi, coordenador do curso de Engenharia Mecânica da FEI o mundo da usinagem
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educação produtividade e tecnologia II
Setor automotivo
pelo Comitê Global do Pace”, lembra o diretor de operações da GM do Brasil, Plínio Cabral Júnior.
Há dois anos, a FEI participa do Partners for
A montadora utiliza suas operações globais
the Advencement of Collaborative Engineering Edu-
para apoiar instituições acadêmicas escolhidas
cation (Pace), programa global da GM que já
estrategicamente em todo o mundo para desen-
atendeu mais de mil alunos dos cursos de En-
volver a indústria automotiva como um todo.
genharia Mecânica e Engenharia de Produção,
“Acreditamos que o programa Pace traz benefí-
com treinamentos e aulas em laboratórios equi-
cios para o aprendizado avançado dos estudan-
pados com softwares para desenho técnico e si-
tes, por terem contato com ferramentas especí-
mulação de sistemas mecânicos.
ficas de engenharia utilizadas pelas empresas.
Devido à experiência bem-sucedida com a Uni-
E traz também benefícios para a GM, que pode
versidade de São Paulo (USP), iniciada em 2005, a
identificar talentos e formar profissionais qua-
GM do Brasil decidiu estender a parceria do pro-
lificados que poderão trabalhar para a compa-
grama também para a FEI. ”Isso ocorreu em 2012,
nhia no futuro”, avalia Cabral Júnior.
após os rigorosos critérios de análises realizados
O Pace apoia as universidades, por exemplo, na aquisição de softwares utilizados pela indústria automobilística, com foco na formação de alunos mais preparados para enfrentar os desafios do mercado e uma constante atualização do conteúdo dos cursos. cepção e a manufatura de veículos em atividades
Plínio Cabral Júnior, diretor de operações da GM do Brasil
de aprendizagem e projetos específicos, a empresa apoia a FEI na formação de profissionais que dominem o conceito de Product Lifecycle Management (PLM), voltado para o gerenciamento de todo o ciclo de vida dos produtos, do design à manutenção. Divulgação / FEI
Divulgação / GM do Brasil
Com a aplicação de sistemas digitais para a con-
Inovação em telecom Outra experiência recente é o trabalho conjunto com a Telefônica Vivo. Em outubro de 2014 foi inaugurado, no campus São Bernardo do Campo, um centro de pesquisas destinado ao desenvolvimento de tecnologias digitais. Denominado Centro de Inovação Telefônica Vivo e FEI, o espaço é equipado com computadores, aparelhos celulares, sensores, componentes de
Centro de Inovação Telefônica Vivo e FEI 20
o mundo da usinagem
fevereiro.2015/103
Estudantes utilizam o Centro de Inovação para desenvolver projetos sobre Internet das Coisas, usabilidade de aplicativos, plataforma Firefox OS e interfaces adaptativas
hardware e kits de Internet das Coisas – revolução tecnológica que tem como objetivo conectar os itens usados no dia a dia à rede mundial de computadores –, que foram desenvolvidos pela empresa. Nesse projeto, a instituição de ensino desigDivulgação / FEI
na um professor com dedicação integral aos alunos, enquanto a empresa concede duas bolsas de estudo integrais: uma para aluno de mestrado e a outra para o doutorado. O objetivo é incentivar os estudantes da graduação, da pós-graduação e da iniciação cien-
Brasil que inova
tífica a desenvolver projetos sobre Internet das
A FEI afirma que está aberta a firmar parce-
Coisas, usabilidade de aplicativos, plataforma
rias com todos os tipos de empresas, contanto
Firefox OS, interfaces adaptativas, além de estu-
que haja um projeto de atuação definido. ”Não
dos sobre perfis de usuários.
existe prioridade, procuramos projetos que pos-
“O centro de pesquisa representa o posicio-
sam ser desafiadores”, diz Bortolussi.
namento inovador de nossa empresa, já que des-
E a expectativa é que se possam ampliar as
de agora estamos olhando para as tendências de
parcerias, “para que nossos alunos saiam atua-
futuro. E nada melhor do que uma parceria com
lizados com as necessidades do mercado de tra-
uma universidade de ponta para ‘tangibilizar’
balho e assim ajudar o desenvolvimento tecno-
esse desejo”, declara o gerente de Inovação da
lógico das indústrias”, conclui.
Telefônica Vivo, Wesley Nogueira Schwab.
O reitor da FEI, prof. Dr. Fábio do Prado, vai
Nesse projeto, estão envolvidos alunos dos
além. Ressalta que o desenvolvimento de labo-
cursos de Ciência da Computação, Engenharia
ratórios de pesquisa em cooperação com em-
de Automação e Controle e Engenharia Elétrica,
presas qualificadas caracteriza o esforço em ofe-
que têm ênfase em eletrônica, computadores e te-
recer espaços privilegiados para o encontro de
lecomunicações.
pessoas, para a criação de novas ideias e para o
A interação da companhia com a universidade enriquece o ecossistema de inovação e é voltada
alinhamento de interesses entre a universidade e a sociedade.
a projetos de longo prazo. “Hoje estudamos, pes-
Os bons frutos desses convênios comprovam
quisamos e analisamos as tendências de tecnolo-
que o Brasil que inova é aquele que une experi-
gia, montando provas de conceito para possíveis
ência de mercado com o apetite por novas teo-
produtos ou negócios no futuro”, explica Schwab.
rias dos estudantes. Uma combinação que pode
Além de pesquisas aplicadas, o centro de
servir para qualquer nicho de mercado.
inovação funciona como um espaço para palestras e discussões. fevereiro.2015/103
Guilherme Baroli – Jornalista o mundo da usinagem
21
entrevista II
O que esperar da economia Veja o que pensam líderes do setor de O Brasil passa por um momento de crise nos sistemas hidríco e energético e, sem dúvida, a geração de energia será tema de grande relevância em 2015. O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, em declaração recente garantiu que não haverá racionamento de energia em 2015, mas afirmou que será necessário manter ativas usinas térmicas – que possuem um custo alto de produção. Segundo o ministro, devido ao baixo nível de chuvas previsto para este ano, as hidrelétricas não serão suficientes para abastecer o país. A equipe da revista O Mundo da Usinagem selecionou esse assunto para essa edição, por intermédio da agência PetroNotícias, site que conta com uma equipe de conteúdo especializada na área de energia, e que ouviu representantes do setor para traçar um panorama econômico para esse ano. O conteúdo reproduzido a seguir faz parte de uma série de entrevistas conduzidas ao longo de 2014, em que foram feitas duas perguntas a todos os entrevistados. deres do setor e como eles estão se preparando para enfrentar os desafios previstos para 2015. 22
o mundo da usinagem
Dollarphotoclub
Confira a opinião de alguns lí-
fevereiro.2015/103
brasileira em 2015? geração de energia elÊtrica
fevereiro.2015/103
o mundo da usinagem
23
entrevista II
Divulgação
1: Como o senhor está vendo as perspectivas para 2015?
Engenheiro Luiz Carlos Martins, executivo da Camargo Corrêa Com experiência em grandes projetos de geração de energia no país e no exterior, Martins descarta a possibilidade de racionamento energético. Porém, ele defende que, para o Brasil ser uma nação forte e independente, 2015 deve ser o ano da viabilização do programa nuclear brasileiro.
1 Luiz Carlos Martins: Com a entra-
regulamentar. Sem essa regulamen-
da de alguns empreendimentos em
tação, as usinas hidrelétricas da Re-
2015, como as hidrelétricas de Belo
gião Norte não vão sair do papel. O
Monte e as duas do Rio Madeira,
Processo de Consulta Pública não é
Jirau e Santo Antônio, o risco de
autorização pública dos povos in-
racionamento se afasta definitiva-
dígenas impactados pelos empre-
mente do nosso cenário. Com rela-
endimentos. Embora previsto na
ção aos aspectos financeiros, ao lon-
Constituição Federal, o artigo 231
go dos próximos dois anos teremos
precisa ser regulamentado. Hoje,
aumentos reais entre 15% e 20%.
temos em tramitação no Congresso
2014 foi um ano muito ruim, um
Nacional a PEC 215/2000, que vai
dos piores anos hidrológicos desde
regulamentar e estabelecer critérios
que iniciamos essa medição, há 84
e os procedimentos necessários a
anos. Com isso, a utilização das usi-
tratativas das terras indígenas.
nas termelétricas tornou-se funda-
Em 2015, o governo federal terá
mental para manter o equilíbrio do
que tomar uma decisão importantís-
sistema e, como bem sabemos, seu
sima para o futuro do Brasil. Coloco
custo gira na casa de quatro vezes o
na mesa o debate da inclusão de no-
custo da energia hidráulica.
vas usinas nucleares na matriz elé-
Em 2015 será muito importante
trica brasileira. Se desejamos uma
para o setor elétrico que o governo
nação forte e independente, 2015 se-
desburocratize o licenciamento am-
rá o ano da viabilização do progra-
biental. São vários órgãos governa-
ma nuclear brasileiro. O governo
mentais com os quais o empreende-
brasileiro terá que assumir um papel
dor tem que se relacionar. Para que
de protagonista, envolvendo todos
haja uma governança institucional
os agentes para desobstruir e retirar
adequada, é necessário delimitar
todos os óbices que impedem a im-
claramente as atribuições de cada
plantação de uma usina nuclear em
instituição. É também necessário
operação por ano a partir de 2024.
1 Ronaldo Fabrício: As perspectivas
pode ajudar o setor nuclear por ser
para 2015 no setor energético são
uma opção ao sistema como gera-
difíceis, face à situação atual das
dor de energia firme.
usinas hidrelétricas. Contudo, isso 24
o mundo da usinagem
fevereiro.2015/103
2: Qual a sua sugestão para que tenhamos um ano produtivo na economia brasileira?
2 Luiz Carlos Martins: Vejo como única opção, a partir de 2015, esta
lizar as reformas e a permanência de austeridade fiscal no longo prazo. Se isso se materializar, a importân-
cal, inflação cadente [em direção a
cia da dívida do governo irá reduzir
3% ao ano] e crescimento maior nos
ao longo do tempo, abrindo espaço
próximos anos [4% a 5% ao ano de
para a redução da carga tributária, o
crescimento do PIB]. É a solução
aumento dos investimentos – inclusi-
mais adequada, porém ela depende
ve na educação – e uma maior taxa de
de apoio político interno para viabi-
crescimento da economia brasileira.
Dollarphotoclub
Divulgação
série de medidas: austeridade fis-
2
Ronaldo Fabrício: Para que tenha-
econômica tenha liberdade de ação
mos um ano produtivo na econo-
no setor.
mia, é necessário que a nova equipe
fevereiro.2015/103
Ronaldo Fabrício, vice-presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento das Atividades Nucleares (ABDAN) Tendo já ocupado a presidência de Furnas e da Eletronuclear, segue a mesma opinião sobre as dificuldades hidrológicas para o ano que vem.
o mundo da usinagem
25
entrevista II
1: Como o senhor está vendo as perspectivas para 2015?
Riscos de racionamento energé-
de muita dificuldade, as contas dos
tico, descontrole das contas públi-
grandes eventos de 2014 chegarão.
cas e baixa produtividade de nossa
As projeções não são animadoras, o
indústria, com a grande interferên-
PIB está projetado baixo e parece que
cia do governo nas atividades pro-
a inflação também ficará acima de
dutivas, aumentam sobremaneira a
sua meta. A moeda americana vem
percepção de risco e afastam os in-
dando sinais de vitalidade, e isso sig-
vestimentos em infraestrutura, tão
nifica injeção de inflação na veia.
necessários ao país.
Divulgação
1 Jésus Ferreira: Será mais um ano
1 Maurício Bähr: A previsão dos economistas é que o ano de 2015 será difí-
26
o mundo da usinagem
do grandes empreendimentos (por exemplo, a hidrelétrica Tapajós).
cil para todos os setores do país. Com
Apesar disso, pretendemos parti-
o setor elétrico não será diferente. As
cipar de novos leilões de energia da
usinas térmicas continuarão a ser des-
Aneel, caso ocorram, e desenvolver
pachadas para garantir a segurança
nosso projeto de exploração e pro-
energética, elevando ainda mais o va-
dução de gás em campos onshore,
lor do megawatt, e não há ainda datas
que fornecerão gás natural para fu-
confirmadas para leilões envolven-
turas termelétricas.
Maurício Bähr, presidente da GDF Suez do Brasil
Divulgação
Jésus Ferreira, diretor da EBCO Systems Com vasta experiência no setor de geração elétrica, tendo trabalhado na direção de grandes conglomerados, Ferreira pondera que o descontrole das contas públicas e a baixa produtividade da indústria afastam os investimentos em infraestrutura de que o país necessita. Para um ano produtivo na economia brasileira, ele defende reformas política e fiscal.
Destaca que as dificuldades deste ano não são exclusividade do setor elétrico, que enfrenta hoje um grande desafio em função da dependência hidrológica, agravado pelo aumento da demanda por energia. No campo econômico, Bähr ressalta a necessidade da expansão do investimento em infraestrutura, principalmente por meio do modelo de concessão, com editais atrativos e regras claras de competição.
fevereiro.2015/103
2: Qual a sua sugestão para que tenhamos um ano produtivo na economia brasileira?
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2 Jésus Ferreira: Devemos pressionar nossos representantes no Congresso para que façam as reformas política e fiscal necessárias. Sem essas reformas, seremos sempre o país do futuro.
2 Maurício Bähr: A perspectiva é
cimento do volume de investimentos
do sistema elétrico para garantir, via
que os investimentos em infraestru-
e negócios em infraestrutura e in-
política energética, a segurança no
tura cresçam fortemente nos próxi-
dústrias de base. Mesmo com o for-
abastecimento e o aproveitamento de
mos anos, para atender às carências
talecimento da estrutura de órgãos
todo o potencial de geração de ener-
sociais e aos gargalos econômicos
ambientais, o licenciamento ambien-
gia presente no Brasil.
atuais. Por isso, é imprescindível
tal ainda é caracterizado, em muitos
Já no setor de gás natural, após
criar as condições para haver fontes
casos, por morosidade, elevados cus-
a aprovação de um marco regulató-
de financiamento diversificadas, re-
tos, complexidade e imprevisibilida-
rio específico para o setor, o Brasil
duzindo a dependência dos investi-
de, gerando atrasos e até a inviabili-
ainda tem o desafio de expandir
dores em relação ao orçamento do
zação de empreendimentos.
sua rede de gasodutos, garantir e
BNDES, limitado para as necessida-
O setor elétrico brasileiro en-
construir a infraestrutura apropria-
des de todos os setores produtivos.
frenta hoje um grande desafio em
da para aumentar a produção e a
É necessário também expandir
função da dependência hidroló-
oferta de petróleo e gás, incluindo
o investimento em infraestrutura
gica, agravado pelo aumento da
políticas para o desenvolvimento
principalmente por meio do modelo
demanda por energia. Mudanças
da cadeia nacional de bens e servi-
de concessão, com editais atrativos,
estruturais e conjunturais desenca-
ços para esses setores.
regras claras de competição, sinais
dearam problemas de liquidez do
econômicos adequados e garantias
setor, potencializados pela perda
suficientes para o cumprimento dos
financeira resultante da renovação
contratos, bem como garantir que
das concessões. A mitigação des-
os preços máximos ou mínimos se-
ses riscos exige aperfeiçoamento no
jam perseguidos por meio da com-
planejamento energético e na regu-
petição promovida nos leilões.
lação do setor.
O aumento da eficiência dos pro-
Esse cenário indica a necessidade
cessos de licenciamento ambiental
de interlocução apropriada entre ins-
também é fundamental para o cres-
tituições de planejamento e operação
fevereiro.2015/103
Fonte: PetroNotícias Edição: Teorema Imagem e Texto
O conteúdo dos artigos, matérias, informações e entrevistas de terceiros aqui publicados não traduz, necessariamente, a opinião da Revista O Mundo da Usinagem e da Sandvik Coromant do Brasil, empresa que a patrocina.
o mundo da usinagem
27
produtividade II
Centro de to com duas torres, fu Para que empresas de manufa-
plexas que sejam as geometrias,
tura no setor metalmecânico pos-
eliminando trabalhos posteriores.
sam aumentar a produtividade,
No campo do torneamento, hou-
reduzir custos e ter maior capaci-
ve enormes progressos nos últimos
dade de competir, tanto no mer-
anos, com a evolução de compo-
cado doméstico, como na exporta-
nentes mecânicos, conjuntos eletrô-
ção, há de se investir em máquinas
nicos e ferramentas de corte. O con-
de moderna tecnologia, de alta
ceito do Centro de Torneamento se
eficiência e que possibilitem ope-
traduz na capacidade da máquina
rações completas, por mais com-
permitir, em uma única fixação da
Arquivo Ergomat
Figura 1 — Centro de Torneamento, marca Ergomat, modelo TND 65 S
28
o mundo da usinagem
fevereiro.2015/103
rneamento so e contrafuso peça, realizar operações de torneamento, furações, fresamentos, rosqueamentos, mandrilamentos e outras em todas as suas superfícies, com a utilização de acionamento das ferramentas de corte e de controles que possibilitam movimentos de avanço e de posicionamento do fuso principal. Outra característica fundamental é a possibilidade de realizar diversas operações simultaneamente, contribuindo para reduzir, de maneira significativa, os ciclos de trabalho. Um dos conceitos dos Centros de Torneamento é aquele dotado de principal e contra fuso, para também realizar operações no lado posterior da peça, onde foi feita a sua fixação. Para exemplificar esse tipo de
Arquivo Ergomat
duas torres porta-ferramentas, fuso
máquina, são demonstrados os Cen-
pleta de peças de geometrias com-
tros de Torneamento, marca Ergo-
plexas. Essas máquinas possibilitam
mat, modelos TND 42 S e TND 65
a execução de operações de tornea-
S, desenvolvidos para a usinagem
mento e fresamento, entre outras,
de peças a partir de barras de até 42
com um alto grau de automatização,
mm e 65 mm de diâmetro, respecti-
podendo controlar simultaneamen-
vamente (ver Figura 1)
te diversos eixos lineares e circula-
Os TND 42/65 S foram projetados para aplicações na usinagem comfevereiro.2015/103
Figura 2 Área de trabalho
res, além de utilizar tanto ferramentas fixas como acionadas. o mundo da usinagem
29
produtividade II
tações porta-ferramentas, montado
dessas máquinas apresenta dois
no carro cruzado superior, permite
revólveres porta-ferramentas, fu-
a aplicação de ferramentas fixas e
so principal e contrafuso. De cons-
acionadas em todas as posições.
trução robusta, a máquina possui
O contrafuso, que está montado
um barramento inclinado de 60°,
sobre o carro cruzado inferior, tem
que acomoda dois carros cruzados,
a função de sujeitar a peça de tra-
que deslizam sobre guias lineares
balho antes do corte e conduzi-la
de alta precisão nos dois sentidos,
para realizar as operações no lado
transversal (X) e longitudinal (Z),
posterior da peça, em conjunto com
sendo acionados através de servo-
o segundo revólver inferior. Esse
motores e eixos de esferas recircu-
contrafuso permite sujeitar peças
lantes (ver Figura 2).
de até 65 mm de diâmetro com pla-
A construção é compacta e ofe-
ca de três castanhas, sendo possível
rece um grande conforto operacio-
também o descarregamento de pe-
nal com eficiente saída dos cavacos
ças usinadas com até 30 mm de diâ-
e do fluido refrigerante.
metro através do mesmo.
Um revólver superior de doze es-
Um segundo revólver de oito
Arquivo Ergomat
Figura 3 - Fixação da peça no fuso principal
O conceito construtivo básico
30
o mundo da usinagem
fevereiro.2015/103
posições para realizar as operações no lado do corte na peça encontra-
Conclusão:
se localizado ao lado do cabeçote
Uma das maiores necessidades
da máquina. Esse revólver permite
das indústrias de manufatura bra-
a aplicação de ferramentas fixas e
sileiras é aumentar a sua competi-
acionadas em todas as estações.
tividade e rentabilidade. O parque
Tanto o fuso como o contrafuso
de máquinas-ferramenta nacional é
possibilitam realizar movimentos
muito antigo, tendo a sua idade mé-
de avanço e posicionamentos an-
dia muito próxima aos 18 anos, con-
gulares de alta precisão (eixos C).
tra 5 a 8 anos em países industriali-
A rotação máxima do fuso princi-
zados, como Alemanha, EUA e Ja-
pal é de 5.000 rpm. A Figura 3 de-
pão. É fundamental, portanto, que
monstra detalhe do sistema de fi-
se implante, rapidamente, um pro-
xação da peça que está sendo usi-
grama nacional de modernização
nada no fuso principal.
do parque de máquinas-ferramenta
Um dispositivo de separação de
brasileiro. E, obviamente, esses no-
peças as conduz para fora da máqui-
vos investimentos, para a substitui-
na, após a usinagem por completo.
ção das máquinas antigas, deverão
As máquinas estão preparadas
estar voltados para equipamentos
para receber alimentadores hidráu-
modernos e de alta eficiência, como
licos e magazines de alimentação
exemplificado nesse trabalho.
automática de barras. A Figura 4 apresenta um conjunto de peças de geometrias complexas que são usinadas por completo nesse conceito de máquina.
Engº Alfredo V. F. Ferrari
Arquivo Ergomat
Figura 4 - Conjunto de peças usinadas por completo
fevereiro.2015/103
o mundo da usinagem
31
negócios da indústria
Grande demanda energética, apagões e crise hídrica favorecem investimentos em
energia limpa Fundos de private equity já estão de olho em empresas brasileiras de fontes renováveis de energia
A necessidade de o Brasil voltar os olhos para as energias alternativas, como a solar e a eólica, é cada vez mais premente. Vários fatores vêm favorecendo investimentos em energia limpa: colapso na captação de água; riscos no abastecimento e geração de energia elétrica, com ocorrência de apagões; aumento do consumo de energia devido ao calor; além da crescente pressão mundial contra as emissões de gases poluentes oriundos do petróleo, carvão e gás. As empresas que compõem a cadeia de energia eólica e solar já sentiram o bom momento para expandir seus negócios e até os fundos de investimento se voltam para a expectativa de lucratividade do setor nos próximos anos. “Parece que até agora padecemos de um imobilismo no planejamento energético. Ficamos acomodados, contando basicamente com as hidrelétricas. Mas o problema do baixo nível dos reservatórios de água e o risco de novos apagões mostram a urgência de se investir em fontes de energias alternativas, como a eólica e a solar. Por isso, empresas e investidores já estão de olho nesse futuro promissor”, destaca Rodrigo Bertozzi, CEO da B2L Investimentos S/A, especializada na mediação de negócios entre fundos e empresas.
32
o mundo da usinagem
fevereiro.2015/103
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O interesse em energias eólica e solar vem aumentando e deve ser ainda maior a partir de agora, diante do acordo firmado recentemente entre os países – inclusive o Brasil – na Conferência do Clima (COP 20), no Peru, para reduzir as emissões de poluentes que causam o efeito estufa e o aumento das temperaturas no mundo. “O acordo firmado em Lima e que deverá ser detalhado ainda este ano na COP 21, em Paris, sem dúvida vai ajudar no crescimento do uso de energia limpa no Brasil, o que vai beneficiar investimentos no setor, como já começamos a observar. Há boas perspectivas, diante da demanda crescente. Além disso, projetos de energia renovável têm um processo de implantação mais rápido, com a obtenção de licenças ambientais fevereiro.2015/103
o mundo da usinagem
33
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negócios da indústria
mais simples do que as térmicas e hidrelétricas”, informa a advogada Danielle Limiro, sócia da B2L, especialista em energia. De acordo com dados da Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital (Abvcap), mais de 21% dos gestores estão com foco no setor de energia limpa; e o interesse já chegou também entre os fundos de venture capital. “Investir em energia eólica e solar é cada vez mais promissor e, além disso, tem forte apelo social. É importante lembrar ainda que o avanço da tecnologia já possibilita ao setor a geração de uma energia limpa com muita eficiência”, afirma Limiro.
Divulgação / B2L Investimentos S/A
Rodrigo Bertozzi, CEO da B2L Investimentos S/A “O problema do baixo nível dos reservatórios de água e o risco de novos apagões mostram a urgência de se investir em fontes de energias alternativas, como a eólica e a solar.” 34
o mundo da usinagem
Hoje a energia gerada pelas hidrelétricas ainda corresponde a 80% da matriz energética brasileira, mas o Brasil já investe em fontes alternativas. A energia eólica é a que mais cresce atualmente, especialmente em estados do Nordeste. De acordo com a Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), em seis anos a capacidade instalada deve aumentar quase 300%. O setor eólico deve passar dos atuais 3% da matriz energética brasileira para 8% em 2018. O mercado de energia solar também já ganha visibilidade. O que mais se tem ouvido entre investidores, gefevereiro.2015/103
radoras de energia e fabricantes de equipamentos é que “chegou a hora” da energia solar no Brasil. Em agosto passado, entrou em operação, em Tubarão (SC), a maior usina solar construída até agora no país, com capacidade para abastecer 2,5 mil residências. E o primeiro leilão de energia solar organizado em 2014 pelo governo contratou 31 novos projetos, que devem gerar energia suficiente para abastecer mais de 900 mil residências. Diante desse quadro, os casos de empresas de sucespor fundos com esse perfil, com especial atenção à cadeia de fornecimento de equipamentos de energia eólica. “A indústria de private equity deve ter presença cada vez maior como fonte de investimento de capital para fomentar o crescimento das empresas de energias alternativas”, conclui o CEO da B2L.
Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada (Assessoria de imprensa da B2L Investimentos S/A)
O conteúdo dos artigos, matérias, informações e entrevistas de terceiros aqui publicados não traduz, necessariamente, a opinião da Revista O Mundo da Usinagem e da Sandvik Coromant do Brasil, empresa que a patrocina.
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Danielle Limiro, sócia da B2L Investimentos S/A “Investir em energia eólica e solar é cada vez mais promissor e, além disso, tem forte apelo social. É importante lembrar ainda que o avanço da tecnologia já possibilita ao setor a geração de uma energia limpa com muita eficiência.” o mundo da usinagem
Divulgação / B2L Investimentos S/A
so que estão surgindo no setor fazem crescer a demanda
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nossa parcela de responsabilidade
36
o mundo da usinagem
bem comum e da preservação do planeta para o futuro de nossos filhos, deveria estar no topo de nossas prioridades todos os dias. Geralmente nos envolvemos e nos solidarizamos quando algo extremo acontece, no calor dos acontecimentos. Todavia, esse sentimento se esvai na mesma velocidade em que o tempo passa, até que tenhamos outro fato agravante que nos remete de volta ao sentimento de revolta ou impotência. Creio que nossa postura deva mudar radicalmente, com ações constantes, planejadas e pró-ativas, de forma a estarmos sempre preparados para enfrentar as situações difíceis e usufruir dos bons ventos quando eles chegam. Fechar as torneiras, apagar as luzes, evitar desperdícios, agir com ética e respeito são exemplos simples de nosso dia a dia que certamente nos levam para a direção correta. Faço essa analogia também em nossa área industrial, onde equivocadamente, em determinados pontos de vista, não se investe em produtividade e inovação em tempos difíceis por se acreditar que nesses momentos a eficiência não é necessária. Produção baixa e mercado difícil muitas vezes são sinônimos de adiamento de planos e investimentos. Por vezes, nos esquecemos de que o aumento de produtividade e
“
Fechar as torneiras, apagar as luzes, evitar desperdícios, agir com ética e respeito, são exemplos simples de nosso dia a dia que certamente nos levam para a direção correta.
“
Acontecimentos recentes nos trouxeram à tona a necessidade de uma forte reflexão sobre o que estamos fazendo, como e por quê. Esse é um momento ímpar em nosso país. Não conseguimos evoluir como deveríamos em áreas importantes e vitais, como educação, saúde, segurança, desenvolvimento econômico, para citar apenas alguns exemplos. Além disso, temos ainda a escassez de água e de energia elétrica, fundamentais para o desenvolvimento de qualquer nação. Ações paliativas estão sendo tomadas em várias áreas, porém sem atingir os resultados necessários. É certo que medidas deveriam ter sido tomadas antes para que não chegássemos a este ponto, mas não foram. Não o suficiente! Infraestrutura é, sem dúvida, uma área na qual ainda temos muito que evoluir. Existem, contudo, outras ações importantes que certamente nos ajudariam a minimizar esses problemas, que não dependem de governos, autoridades ou políticos, para ser implementadas. Conscientização, engajamento, responsabilidade, espírito de equipe, nacionalismo, brasilidade. Isso só depende de nós! A utilização adequada dos recursos existentes, com o objetivo do
Vivian Camargo
Uma nova postura para 2015
a introdução de inovações podem reduzir o consumo de eletricidade, de água e outros custos que independem do desempenho do mercado, do dólar ou do governo. Existem muitas oportunidades a serem exploradas em momentos difíceis, basta estarmos atentos e focados para aproveitá-las. Processos otimizados, estratégias de usinagem arrojadas, ferramentas inovadoras, pessoas experientes treinadas e motivadas fazem parte do que temos a oferecer aos nossos clientes, com o objetivo final de utilizarmos da melhor forma possível os recursos que temos disponíveis. O ano de 2015 surge como outro ano de muitos desafios, porém, com muitas oportunidades. Um excelente ano a todos! Cláudio Camacho Presidente da Sandvik Coromant América do Sul e Central fevereiro.2015/103
103 Anunciantes nesta edição
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