105 Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147
CoroCut® QD
educação e tecnologia
Brasil sedia pela primeira vez a WorldSkills
negócios da indústria
Mulheres nas empresas: as vitórias e as dificuldades
AB Sandvik Coromant
Como a solução da Sandvik Coromant aumenta a eficiência em operações de corte e canais
produtividade Três normas técnicas que ajudam na Pesquisa e Inovação
2
o mundo da usinagem
junho.2015/105
sumário
edição 105 • junho/2015
4
produtividade 1
Os benefícios das normas técnicas focadas em Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
12
soluções de usinagem
Ferramenta para corte e canais garante maior produtividade, ganho competitivo e bons resultados em aplicações mais extremas
16
educação e tecnologia
expediente:
WorldSkills: por dentro da maior competição mundial de educação profissional que acontecerá no Brasil
entrevista
22
Roberto Spada fala sobre conquistas e projetos do Senai
O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 15.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. As fotos sem menção de créditos foram captadas no banco de imagem Shutterstock.
Fabio Ferracioli (Events Manager, Sandvik Coromant) é responsável pela publicação da revista “O Mundo da Usinagem”
Edição: Alfredo Ogawa (Kreab); coedição: Vera Natale (Sandvik Coromant do Brasil); revisão: Luiz Carlos Oliveira (Kreab)
Colaboraram nesta edição: Inês Pereira (coordenação editorial e reportagem); Samuel Cabral (edição de arte)
Jornalista responsável: Alfredo Ogawa - MTB 17077/SP Tiragem: 7.000 exemplares; Impressão: Pigma Gráfica Editora Ltda.
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Acompanhe a REVISTA O MUNDO DA USINAGEM digital em: www.omundodausinagem.com.br Contato da Revista OMU Você pode enviar suas sugestões de reportagens, críticas, reclamações ou dúvidas para o e-mail da revista O Mundo da Usinagem: faleconosco@ omundodausinagem.com.br ou ligue para: 0800 777 7500
produtividade 2
O que é multifísica para simuladores e por que ela é a bola da vez na indústria
26
negócios da indústria
32
conhecendo um pouco mais
36
nossa parcela de responsabilidade
O desafio da participação igualitária das mulheres nas organizações
Conheça o ônibus movido a gás biometano que a Scania testa no país
A mensagem do gerente nacional de Vendas Fernando Oliveira
o mundo da usinagem
3
soluções de usinagem AB Sandvik Coromant
O CoroCut QD
supera os desafios na usinagem com longos balanços, resultando em segurança,
confiabilidade e maior
competitividade
nas operações de cortes e canais
4
o mundo da usinagem
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Vantagem competitiva
Sandvik Coromant redefine as operações de Corte e Canais com a ferramenta CoroCut® QD Por Equipe técnica AB Sandvik Coromant, Suécia. Traduzido e adaptado por Vera Natale
N
a produção de peças em tornos com alimentação por barras, existe uma constante procura por so-
luções de usinagem eficientes, incluindo a economia de materiais no corte das peças. Isso ajuda não apenas a controlar custos com matéria-prima, que é cara, mas também auxilia na maior capacidade na
utilização da alimentação por barras. Porém, tais soluções só podem acontecer quando o processo for seguro,
em que a vida útil da pastilha é previsível e consistente, o que é importante para garantir uma constante qualidade da peça, particularmente nas operações de corte.
Corte e canais
tipo de operação tem foco em um
são as mesmas da operação de
por modernas operações de usi-
qualidade e com repetitividade,
quanto à precisão dimensional.
Devido à grande demanda
nagem poucos anos atrás, Corte
e Canais se tornou uma área de expertise à parte, com suas pró-
prias exigências. A operação de
desempenho produtivo, de alta
além de proporcionar máxima
vida útil e mínimo desperdício de material.
pelos canais, que têm profundi-
cíficos, juntamente com a aplica-
peça da barra, sendo, portanto,
dade específica. Diferentemente
“matar a peça” no jargão normalmente usado em chão de fábrica;
comprometendo, enfim, todo o trabalho realizado até então. Por essa razão, o conceito de ferra-
mentas desenvolvidas para esse junho.2015/105
Esta vida útil pode ser bastan-
te otimizada por meio do uso de
canais é similar à de corte, exceto
uma operação crítica que pode
Ganho competitivo
A operação de usinagem de
corte é a etapa final da usinagem, utilizada para remover a
corte, com requisito adicional
da operação de corte, o objetivo,
nesse caso, não é remover a peça
dados de corte e geometria espe-
ção certa da refrigeração e do set up adequado.
Soluções competitivas também
da barra. Os canais podem ser re-
devem oferecer um excelente con-
ou internas, bem como em faces
rança do processo. Eles devem ser
alizados em superfícies externas
frontais. As exigências necessá-
rias para a usinagem de canais
trole de cavacos para alta segufáceis de usar, proporcionar um excelente acabamento superficial o mundo da usinagem
5
soluções de usinagem e gerar economia de material devido às larguras de corte reduzidas.
As soluções devem ser produtivas; a regra diz que apenas 3% dos cus-
tos de usinagem são atribuídos ao custo com ferramental. Portanto, o real retorno está em obter mais peças em um menor tempo.
Durante o corte de uma peça,
fatores vitais incluem forças de
corte reduzidas, excelente contro-
le de cavacos e eficiente remoção de material. Uma pastilha deve ser tão estreita quanto possível
e ter uma geometria que torne o
cavaco mais estreito que o canal, resultando em um corte com bom
controle de cavacos e bom acabamento superficial. Além de gerar
menos tensão na peça, cortar de
modo mais rápido, sem proble-
mas com cavacos, torna a operação mais segura e mais fácil.
Aplicações desafiadoras
Obviamente, atender a essas
demandas “convencionais” e atin-
gir os objetivos já é desafiador o suficiente. Porém, quando há
operações envolvendo aplicações de corte mais extremas como usi-
nagem de canais profundos com
longos balanços, o desafio se torna ainda maior. Com isso em
mente, o foco no desenvolvimento do CoroCut® QD, da Sandvik Coromant centrou-se em um no-
vo material da ferramenta e em um novo desenho para garantir
maior estabilidade do processo, incluindo geometrias de corte novas e atualizadas. 6
o mundo da usinagem
A refrigeração plug and play
com olhais de refrigeração
estrategicamente posicionados
acima e abaixo da aresta de corte é
muito eficaz para canais profundos
As inovações no desenho do
CoroCut® QD garantem que o
conceito cumpra a promessa de benefícios significativos aos usu-
Pastilhas com
ários. Por exemplo, a indexação
geometrias otimizadas
um mecanismo de fixação “inte-
refrigeração de precisão
da pastilha é inclinado a 20° e in-
conceito CoroCut®QD.
altas forças de corte. Para larguras
forças de corte
da pastilha é obtida por meio de
ligente” e fácil de usar. O assento
para uso dos jatos de fazem parte do
corpora um encosto para suportar
Isso ajuda a garantir
de pastilha de 2 mm e maiores, a
reduzidas, desgaste
interface da pastilha também tem
um trilho para aumentar ainda
controlado e controle de
cavacos eficiente
mais a estabilidade.
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Refrigeração plug and play
faces mais comuns de máquinas-
Outra inovação-chave concen-
tra-se nos adaptadores/blocos de ferramenta e lâminas CoroCut
®
QD HPC (refrigeração de alta pre-
cisão) com refrigeração plug and
play para fácil conexão, com olhais de refrigeração estrategica-
mente posicionados acima e abai-
-ferramenta para conexão com
de soluções para cortes que in-
parafuso de válvula possibilita o
ferramentas convencionais e para
lâminas e hastes QS. Um simples
Programa amplo
cos, aumentando a estabilidade
do processo, mas também auxilia a diminuir a temperatura na zona de corte e a aumentar a vida útil.
A refrigeração plug and play
se torna ainda mais simplificada com a inclusão de mais adaptadores compatíveis com o CoroCut
®
QD para se adaptar a mais tipos de máquinas. Para centros de tor-
neamento, por exemplo, adaptadores Coromant Capto , HSK-T e ®
VDI estarão disponíveis às inter-
para cortes), compreendem um programa abrangente que pode
atender às necessidades das mo-
Dentro do conceito CoroCut
dernas produções. O conceito ba-
®
ometria para torneamento, assim
nas ajuda no escoamento de cava-
uma nova geração de pastilhas
ração interna e externa.
operações de corte e usinagem de refrigeração precisa. Isso não ape-
usinagem de peças pequenas (e
terna, ou para troca entre refrige-
QD temos pastilhas com cinco ge-
canais profundos, pois facilitam a
corpora lâminas SL, adaptadores,
uso de refrigeração interna e ex-
xo da aresta de corte. Esses olhais são extremamente eficientes nas
O CoroCut® QD e a variedade
seia-se em outras ferramentas da
ometrias de corte e uma única ge-
Sandvik Coromant, já conhecidas e com o desempenho comprova-
como outras opções Tailor Made e
do, como o Q-Cut e o CoroCut,
retíficação do tipo “faça você mes-
e expande as opções disponíveis
mo”, disponível para diversos ti-
para fabricantes com um por-
pos de materiais, incluindo aços,
tfólio de ferramentas fáceis de
aços inoxidáveis, HSRA, titânio,
escolher, flexíveis e simples de
ferros fundidos e alumínio. Opera-
usar. Para Okis Bigelli, especialis-
ções de corte e canais com avanços
ta em Corte e Canais da Sandvik
baixos, médios e altos podem ser
Coromant no Brasil, o CoroCut®
QD revolucionou as operações
facilitados por uma variedade de
de corte e canais profundos: “O
classes de pastilhas, geometrias,
desempenho, a segurança e a
tamanhos de assento e larguras de
eficiência do CoroCut® QD são
corte com ou sem Wiper. Além dis-
incomparáveis. A Sandvik Coro-
so, a cobertura PVD otimizada da
mant está elevando o patamar de
pastilha proporciona melhor ade-
desenvolvimento na usinagem
são, melhores qualidades de aresta
de corte e canais profundos”.
e melhor tolerância ER.
Operação de corte de tubos diâmetro de 70mm Material
Aço, P2.2.Z.AN (195HB)
Ferramenta
QD-RFG26-2525A
Pastilha
QD-NG-0300-0002-CM,
da peça
GC1125
Assista ao desempenho do CoroCut QD https://publisher.qbrick.com/Embed.aspx?mid=DBD5EBC4
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Vida útil da ferramenta (pçs)
100
+122% DE VIDA ÚTIL
45
a segurança na usinagem reflete ganhos de produtividade
COROCUT QD
Concorrente
vc m/min (pés/min)
100 (328)
90 (295)
fn mm/r (pol/r)
0,1 (0,004)
0,07 (0,003)
o mundo da usinagem
7
produtividade 1
Inovação
normatizada Três normas da ABNT elaboradas para assegurar a qualidade do setor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Por Mauricio Ferraz de Paiva*
A
s atividades de pesquisa,
para o desenvolvimento de pro-
ção do conhecimento gerado na
vação (PD&I) são objeto
harmonizar conceitos e termos
o propósito de criar novos ou
desenvolvimento e ino-
de atenção da grande maioria
dos países, em virtude de sua im-
portância cada vez maior para o desenvolvimento tecnológico e social. Nesse cenário, percebe-se
um esforço crescente no processo de disseminação de conceitos,
informações e mecanismos de suporte para a gestão de inovação
jetos de PD&I. Seu propósito é
para os diversos agentes do sistema brasileiro de inovação. É importante registrar que essa
norma faz parte de um conjunto de normas brasileiras proposto pela ABNT, que contempla as
Normas de Sistema de Gestão de PD&I e Projetos de PD&I.
Ela foi desenvolvida de forma
nos diversos tipos de agentes ins-
a ser compatível com as normas
instituições de ensino e pesquisa.
P&DI, que se complementam, mas
titucionais – governo, empresas,
No Brasil, várias iniciativas po-
dem ser associadas a esse processo, entre elas, aperfeiçoamento de marco legal, introdução de novos mecanismos financeiros e elaboração de normas e diretrizes.
Dessa forma, a NBR 16500
(Atividade para gestão da pesquisa do desenvolvimento e da inovação – terminologia) apresenta um conjunto de termino-
logias e definições importantes 8
o mundo da usinagem
pesquisa e na experiência, com
significativamente aprimorados produtos, processos, métodos ou sistemas; inovação: é a intro-
dução no mercado de produtos,
processos, métodos ou sistemas que não existiam anteriormente,
ou que contenham alguma característica nova e diferente da até então em vigor.
A NBR 16501 (As diretrizes
de sistema de gestão e projetos de
para pesquisa, desenvolvimen-
também podem ser utilizadas de
de forma a ser compatível com
forma independente. Por exemplo, alguns termos no contexto PD&I:
pesquisa: é indagação original e planejada para descobrir novos
conhecimentos ou aprimorar o já existente em produtos, processos,
métodos ou sistemas, visando à
maior compreensão dos fenôme-
nos envolvidos e suas aplicações; desenvolvimento: é o trabalho sistemático realizado com utiliza-
to e inovação) foi desenvolvida outras normas de sistemas de gestão. Essas normas se comple-
mentam, mas também podem ser utilizadas de forma independen-
te. A implantação de um sistema
de gestão conforme proposto nessa norma contribui para pro-
porcionar diretrizes para orga-
nizar e gerenciar eficazmente a PD&I; promover e sistematizar as atividades da PD&I, e pro-
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mover a cultura da inovação na
A pesquisa e o desenvolvi-
tados, pelos processos utilizados
vação (I), muitas vezes são vistos
da organização. Cabe destacar
organização. Fornece orientação
mento (P&D), bem como a ino-
estejam operando em um contex-
como processos distintos, cria-
para apoiar as organizações que to cujo fluxo da informação e seu aproveitamento sistemático ge-
ram conhecimento que pode ser usado como fator de competitividade ou excelência.
Gestão de processos
A capacidade de inovação das
empresas é reconhecida como um dos principais fatores que favorecem o crescimento econômi-
co de um país, os níveis de bem-estar e a competitividade de sua
economia. O processo inovativo
tivos, que demandam, cada vez mais, uma abordagem estrutura-
da. As técnicas de normalização utilizadas para outros sistemas de gestão são igualmente apli-
cáveis aos sistemas de gestão da pesquisa, do desenvolvimento e
qualquer dessas situações, o fator
crítico de sucesso é a capacidade de gestão desse processo. junho.2015/105
da PD&I ou na documentação,
nem propor regras prescritivas, razão pela qual foi construída como um conjunto de diretrizes.
As atividades da PD&I podem
jos, ocorrendo em conjunto ou de
diversas atividades da PD&I, os quais levam em conta o contexto específico de sua aplicação.
A adoção de um sistema de
tégica da organização. O dese-
dades e centros de pesquisa. Em
estrutura dos sistemas de gestão
do conjuntos de normas para as
Alguns países têm desenvolvi-
bém da capacidade que elas têm ções, em particular com universi-
ma estabelecer uniformidade na
ser conduzidas por diferentes ato-
gestão da PD&I deve ser consi-
de interagir com outras organiza-
que não é o propósito dessa nor-
da inovação (gestão da PD&I).
depende não só da competência
interna das empresas, mas tam-
e pela natureza, porte e estrutura
derada como uma decisão estranho e a implantação do sistema
de gestão da PD&I de uma orga-
nização são influenciados pelas
diferentes necessidades, pelos objetivos específicos, pelos bens
fabricados, pelos serviços pres-
res e em diversas formas e arran-
forma separada. Nesse contexto, é comum encontrar organizações nas quais a inovação é decisiva em suas estratégias, podendo a P&D ser desenvolvida por algu-
mas e a inovação por outras. As empresas podem gerar conheci-
mento e tecnologia internamente, de forma compartilhada ou ainda
por meio de aquisição externa.
As atividades da Pesquisa Básica, tipicamente conduzidas por universidades e centros de pesquisa, o mundo da usinagem
9
produtividade 1 não são objeto dessa norma, ainda
considerar que pode haver inova-
meio de um sistema de gestão da
para o processo de inovação.
podem realizar pesquisas que não
utilização desse modelo permite
que constituam base importante Uma vez que a P&D pode ser
conduzida de forma independen-
te das atividades de inovação, é importante destacar que o sistema
ções que não precisam de P&D e se
geram inovação. A P&D desempenha um papel fundamental, no
entanto, não é o único na inovação.
de gestão da PD&I pode ser esta-
Modelos variados
diversos contextos possíveis. A
varia de organização para orga-
algumas características próprias
tureza, de seu porte ou do papel
belecido de forma a atender aos
PD&I nas organizações apresenta e particularidades que convêm
ser consideradas. Recomenda-se
que a alta direção lhes dê especial atenção, de forma que o sistema de gestão da PD&I corresponda aos objetivos estratégicos da organiza-
ção. Dentre as características específicas da PD&I, destacam-se o uso
contínuo de dados, informação e conhecimento, assim como seu tratamento e gerenciamento, o uso da vigilância e prospecção tecnoló-
gica na identificação de oportuni-
dades para a PD&I; a gestão de risco, de forma a reduzir a incerteza na obtenção de resultados; a ges-
tão da propriedade intelectual e a
proteção do resultado gerado pela PD&I. Além disso, é importante
O modo de conduzir a PD&I
nização, dependendo de sua na-
que a PD&I tem para as respecti-
vas estratégias. Existem diversos modelos teóricos que podem ser usados para subsidiar a estrutu-
ração do modelo a ser adotado em cada organização. A título de ilustração, apresentam-se de for-
ma sucinta, no Anexo A da NBR
PD&I baseado no ciclo PDCA. A conduzir a PD&I de diversas maneiras, de acordo com a estratégia definida pela organização. As
ferramentas como vigilância tecnológica e prospecção tecnológi-
ca, por exemplo, podem revelar tendências e resultados obtidos em outros contextos, que podem
ser traduzidos em novas ideias e oportunidades para satisfazer
necessidades do mercado ou me-
lhorar produtos ou processos já existentes. Essas ideias são estu-
dadas e analisadas, sendo sele-
cionadas aquelas que se mostrarem viáveis.
Já a NBR 16502 (Gestão da
16501, quatro modelos clássicos,
pesquisa, do desenvolvimento
são o modelo de “silos”, o de “fu-
elaboração de projetos de PD&I)
consagrados pela literatura, que nil”, o das “ligações em cadeia”
(chain-linked mode, de Kline &
Rosenberg (1986) e o modelo de PD&I paralelo. Embora elevados graus de variabilidade e im-
previsibilidade sejam inerentes à PD&I, é possível sistematizar
e organizar sua realização por
e da inovação – diretrizes para estabelece diretrizes para a ela-
boração de projetos de PD&I,
independentemente de sua com-
plexidade, duração ou área de
atividade. Suas diretrizes são genéricas e aplicáveis a qualquer
organização, independentemente do porte e da natureza. Não
abordam os aspectos relativos à
gestão de projetos de PD&I. Não estabelece um formato único para a apresentação de projetos.
Enfim, as atividades de Pes-
quisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) são fundamentais para a posição competitiva das organizações no mercado. As atividades de PD&I são comumen-
te estruturadas na forma de pro10
o mundo da usinagem
junho.2015/105
jetos. O termo PD&I descreve os
uma ou combinação dessas.
nados na ABNT NBR 16501:2011 –
vimento e inovação, que são três
produtivas, os projetos de PD&I
da pesquisa, do desenvolvimento
ou não entre si, em um mesmo
processo de inovação, e, como
conceitos de pesquisa, desenvolatividades distintas, relacionadas projeto. Para os objetivos dessa norma, o termo PD&I será utili-
zado tanto na circunstância de as três atividades estarem presen-
tes em um determinado projeto, como na ocorrência de apenas
No âmbito das organizações
são orientados para alimentar o
tal, contribuem para situar essas
organizações em uma posição favorável para enfrentar os novos desafios que surgem em um mer-
cado cada vez mais competitivo e globalizado. Os projetos mencio-
Diretrizes para sistemas de gestão e da inovação (PD&I) –, que es-
tabelece o sistema de gestão de projetos de PD&I, podem ser ela-
borados a partir dessa norma. Ela pode ser adotada como um guia para planejamento, documenta-
ção, apresentação, redação e avaliação de projetos de PD&I.
As empresas respondem A Confederação Nacional da Indústria (CNI)
16,7% afirmam que fica entre 3% e 5%, e a maioria
sas e 60 pequenas e médias. Os setores abordados
Considerando a perspectiva da inovação no Bra-
realizou pesquisa com líderes de 40 grandes empre-
(31,7%) diz que o valor está entre 1% e 3%.
foram de bens de consumo e de capital, químico e
sil, os entrevistados deram notas a determinados te-
motivo, eletroeletrônico, têxtil, digital, energético,
celente”. Na avaliação deles, a qualidade dos cursos
petroquímico, construção civil, farmacêutico, auto-
siderúrgico e metalúrgico, mineração, celulose e papel. Além de mostrar a relevância no faturamento, a pesquisa revela que a inovação faz parte da estratégia do negócio em 99% das empresas consultadas.
Entre as motivações para inovar, os empresá-
rios apontaram, em primeiro lugar, a vantagem
competitiva. Também foi citado o aumento de
mas, em que zero significava “péssimo” e dez, “exde engenharia pontuaram 6,1; os sistemas de finan-
ciamento, 5,3; a internacionalização de empresas e o
acesso à pesquisa e desenvolvimento por pequenas
e médias empresas tiveram nota 4,9; marco legal ficou com 4,6; a atração de centros de pesquisa para o País e propriedade intelectual ganharam 4,4.
Ao aprofundar o tema sobre recursos humanos
produtividade, de lucro e de potencial de inter-
para inovação, 89% dos entrevistados disseram que
Em relação à fatia do orçamento destinada a
balho não estão suficientemente capacitados. Im-
nacionalização.
atividades inovadoras, a pesquisa revela que as empresas de grande porte investem mais que as
pequenas e médias. No primeiro grupo, a maioria
(37,5%) destina mais de 5% do orçamento à inovação; 10% indicam que o investimento está entre
3% e 5% do faturamento; em outros 27,5% o índice é entre 1% e 3%. No segundo grupo, 21,7% dizem que mais de 5% do faturamento vai para inovação;
os profissionais recém-chegados ao mercado de traportante ressaltar que 77,5% das grandes empresas e 46,7% das pequenas e médias buscam um perfil
específico de profissional para fomentar inovação.
Entre as características valorizadas estão proatividade, criatividade e habilidades de comunicação.
Além disso, procuram-se profissionais das áreas de engenharia, com formação técnica, pesquisadores e doutores e programadores.
Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria junho.2015/105
o mundo da usinagem
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produtividade 2
Multifísica na Divulgação Vibroacustica
A simulação permite dirigir um veículo virtual em fase de projeto antes de finalizar o protótipo físico 12
o mundo da usinagem
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simulação Cada vez mais completos, os simuladores ajudam a indústria brasileira a desenvolver produtos em menos tempo e com custos reduzidos Por Mário Massagardi*
A
importância da simulação
mais, o que deve gerar um ciclo
desenvolvem novas tecnologias
indústria. Já não é possí-
para as pequenas empresas, em
de desenvolvimento ainda seja
virtual é indiscutível na
vel fabricar um carro sem os detalhados estudos que são feitos antes por meio dessa sofisticada
ferramenta, capaz de mostrar com
precisão na tela do computador o
de crescimento contínuo. Mesmo que os custos dessa tecnologia
ainda são um pouco altos, o re-
O uso da simulação virtual
multifísicas, que integram várias
lativamente rápido.
de ele nascer, seja na vida real ou
mais necessário será o uso da
prestes a ser substituído.
Acima de tudo, a simulação é
usada para dar agilidade ao processo de desenvolvimento, uma vez que fornece soluções de alta
complexidade antes mesmo da
to mais básica for a engenharia,
simulação. O Brasil tem um importante parque de empresas que desenvolve produtos a partir
tão somente de ideias, e por esse motivo detém ferramentas de simulação em nível mundial.
As novas tecnologias em si-
construção de um protótipo, o
mulações numéricas são desen-
dução. Com o apoio do computa-
duas fontes: as empresas de-
que reduz tempo e custo de pro-
dor, os projetistas podem, assim, escapar de problemas e imprevistos no desenvolvimento.
Certamente, a simulação che-
gou para ficar. Já adotada por muitas empresas, as novas fer-
ramentas serão usadas cada vez junho.2015/105
Sempre surgem muitas no-
vidades na área. Uma tendência
está ligado à engenharia. Quan-
quando já foi muito usado e está
muito mais forte no exterior.
torno sobre o investimento é re-
comportamento do veículo em di-
versas situações, seja muito antes
em simulações, embora esse tipo
volvidas
principalmente
em destaque são as ferramentas
áreas de conhecimento. Elas pos-
sibilitam avaliar a interação entre as diversas físicas que atuam em
um sistema para obter resultados
mais precisos e otimizações mais específicas. É possível avaliar,
por exemplo, os impactos das alterações estruturais na dirigibi-
lidade ou, então, na emissão de ruído dentro da cabine.
Tanto no Brasil quanto no ex-
por
terior, essas ferramentas estão
senvolvedoras de software, que
tor automotivo, as montadoras
buscam o aperfeiçoamento e a
melhoria de seus produtos, e as grandes empresas, que utilizam as ferramentas para obter melho-
rias específicas para suas aplicações. No Brasil, ambas as fontes
cada vez mais populares. No setendem a ser os principais usuá-
rios dos acoplamentos multifísi-
cos dos softwares, porque lidam
com sistemas complexos, interagindo por diversos fenômenos
da física, passando por escoao mundo da usinagem
13
produtividade 2 mentos, combustão, ruído, resis-
conhecimento e habilidades téc-
postas obtidas. Esse é o nosso
Em virtude do grande núme-
física, computação e engenharia
profissionais cada vez mais ca-
tência estrutural e até eletrônica.
ro de ferramentas disponíveis
e físicas que essas tecnologias abordam, uma das principais
nicas profundas. Matemática, básica são fundamentais para o profissional.
Assim, não adianta ter um
dificuldades do mercado é en-
helicóptero se não souber pi-
zados. Como qualquer ciência
de simulação, é preciso encon-
contrar profissionais especiali-
avançada, a área de simulações é extremamente dependente de
lotar. Não basta ter programas
trar profissionais habilitados para entender e melhorar as re-
grande desafio: ajudar a formar pacitados em nosso país, que infelizmente insiste em econo-
mizar com educação, o que tor-
na os bons profissionais raros, caros e disputados.
*Mário Massagardi é engenheiro e chairperson do 5º Simpósio SAE Brasil de Simulações Numéricas
Simulações na SAE BRASIL O 5º Simpósio SAE BRASIL de Simulações Nu-
portátil (bateria) com múltiplos canais, que per-
(SC), trouxe ao debate as novas ferramentas e téc-
simples toques em uma tela multi toque. O sis-
nicas de simulação disponíveis no mercado, com
foco em aplicações na indústria da mobilidade. A tecnologia foi demonstrada na prática. Entre os produtos que já são realidade no mercado, o siste-
ma NVH Simulator e o Sonoscout — frutos da par-
ceria entre a Vibroacústica, empresa de engenharia
que atua como plataforma de desenvolvimento tecnológico, e a Fiat Chrysler Automobiles (FCA).
Com o NVH, os participantes puderam dirigir e, principalmente, ouvir veículos durante testes de
rodagem. O sistema permite dirigir um veículo
mite a gravação e a validação em tempo real com tema mostra continuamente informações do tes-
te como sinal do tacômetro, espectros de ruído e vibração para maximizar a confiança durante
a realização dos testes. Uma grande a distância
entre o que era possível fazer no passado, com workstations Silicon Graphics, e o que é possível
hoje com equipamentos que custam uma fração do preço. “A simulação é fato dentro das grandes
empresas”, afirma Massagardi. Como ele mencionou, é uma tecnologia que veio para ficar.
Divulgação Vibroacustica
méricas, realizado no dia 27 de maio, em Joinville
virtual em fases do projeto anteriores ao primeiro protótipo físico. Com isso, reduzir drasticamente
o tempo para executar diferentes testes. O banco de dados possibilita que um veículo sempre este-
ja disponível para teste, independentemente das condições climáticas etc. O NVH também utiliza
dados de simulações numéricas que, em conjunto com o método de SPC (Source Path Contribution),
torna possível avaliar o impacto das modificações do projeto de componentes no ruído do veículo.
Engenheiros e empresários também conhece-
ram o Sonoscout, um sistema de gravação ultra
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o mundo da usinagem
Medições de ruídos e vibrações hoje se faz com custo reduzido e equipamentos leves
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o mundo da usinagem
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educação e tecnologia
Conhecimento, aqui, Divulgação Senai
A WorldSkills São Paulo 2015
contará com a participação de
1.230 competidores de 74 países-membros
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o mundo da usinagem
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vale ouro! Contagem regressiva para a WorldSkills, a maior competição de educação profissional do mundo pela primeira vez no Brasil
Por Inês Pereira
R
ealizar uma competição
verificação final dos ambientes
WorldSkills Internacional
mero de 220 mil visitantes, que,
da envergadura de uma
não é pouca coisa. Como uma Olimpíada na grandiosidade, a diferença é que esta premia os me-
lhores “atletas” por competências ligadas à inteligência e ao conhe-
cimento técnico. Os números da
WorldSkills impressionam. São 74
além de acompanhar as provas,
poderão assistir aos seminários
e participar de uma série de outros eventos relativos a educação. Tudo distribuído em 250.000 m² de área coberta.
Uma grande “orquestra” re-
países-membros competindo por
gida pelo Senai, que conta com
de que a competição mundial foi
O diretor de Relações Externas
medalhas em 50 profissões. Descriada, em 1950, na Espanha, esta
será a primeira edição a se realizar no Brasil.
Entre os dias 11 e 16 de agos-
to, no local da disputa, que ocupará o Pavilhão de Exposições e o Palácio das Convenções do
Anhembi, e o Sambódromo, em São Paulo, 1.230 competidores de
até 21 anos estarão pondo a prova seus conhecimentos, vindos de 66 países, até o momento. Por volta
de 1.180 especialistas-avaliadores chegarão cinco dias antes para a junho.2015/105
da competição. Estima-se um nú-
a participação de Roberto Spada.
da instituição, vice-presidente da
WorldSkills e CEO da WoldSkills Américas já participou de 13 competições mundiais, e na soma
total, que inclui as fases estadual, nacional e das Américas, chega a um número próximo de 40. Sua
expertise em educação profissional e na organização de com-
petições, além da evolução da
participação brasileira, o tornou vice-presidente da WorldSkills
Internacional. “Estou nesse pro cesso desde 1989”, conta. Já o o mundo da usinagem
17
educação e tecnologia Guilherme Franco
Brasil, foi inscrito pelo Senai em
1981, mas só competiu pela pri-
meira vez em 1983, com dois
alunos. “Hoje, na WorldSkills Internacional, quem representa o
Brasil é o Senai. E, por conta do
envolvimento do setor comercial,
temos a parceria com o Senac, que participa nas profissões liga-
das a serviços, pois o país-sede precisa preencher todas modalidades”, explica.
A WorldSkills internacional
engloba
WorldSkills
Europa,
WorldSkills Ásia, WorldSkills GCC — que congrega os países
árabes — e a WorldSkills Amé-
ricas. “Nos anos ímpares, temos
O Brasil ganhou 66 medalhas até hoje.
a competição mundial; e nos
Na foto, aluno campeão mundial em CAD (Londres 2011)
pares, as competições regionais que são, na verdade, continentais”, explica. No caso do Brasil,
Desafios
cias, operações diversas em que
da fase regional — por exemplo,
de estimular e incentivar o aluno
usinagem como furar, fazer rosca,
na os alunos para a etapa nacio-
já é”, resume Aldeci Santos, su-
a seleção dos competidores parte Estado de São Paulo, que selecional. Dela, saem os competidores para as etapas Américas e mun-
dial. Existe na WorldSkills Internacional o Trade Description, que é
o descritivo de ocupação — uma lista de infraestrutura, os equipa-
mentos usados na competição, e toda uma descrição das com-
petências do profissional. Além de um fórum com os experts (no
caso, os professores dos países) que se inicia com seis meses de
antecedência da competição, via
internet, para discutir todos os aspectos da descrição e do critério de avaliação. 18
o mundo da usinagem
“A competição é uma maneira
para ele querer ser melhor do que pervisor de Treinamento Técnico
& Centro de Produtividade da Sandvik Coromant no Brasil. Os
competidores desenvolvem algu-
terão de aplicar as técnicas de
rebaixar. “As peças precisam estar
dentro das especificações de uma peça de mercado. Ganhar ou per-
der pode ser uma questão milimétrica”, descreve Aldeci Santos.
Para algumas profissões é
mas atividades que fazem parte
dada uma única prova. Para ou-
tomotiva simula um problema no
várias provas.
da realidade da indústria. “A aumotor do carro, e a prova do alu-
tras, o desafio é desdobrado em
no é descobrir qual é esse proble-
Patrocínio e apoio
cação das técnicas adequadas.”
Skills Internacional conta com 65
programar a solução para fazer
é a força da indústria. Nós tive-
ma, solucionando-o com a apliOs alunos vão desenhar, projetar, um molde; vão receber o desenho
na mão, analisar e desenvolver o processo: programação, tolerân-
Para ser realizada, a World
empresas patrocinadoras. “Essa mos uma Copa do Mundo com
os respectivos custos, e teremos uma Olimpíada, idem. Eu penso
junho.2015/105
que um evento de educação pro-
mundo. “Para nós, a WorldSkills
um professor nos procurar para o
principalmente se realizado com
os equipamentos esportivos pela
aprender mais sobre determinado
fissional também tem seu espaço, a parceria da iniciativa privada”, resume Roberto Spada.
A Romi é uma das empresas
patrocinadoras. “Poder ser par-
ceiro da WorldSkills é uma honra, estamos muito felizes”, diz
Luiz Cassiano, diretor-presidente
do grupo. São 64 máquinas para
é como a Olimpíada, que escolhe qualidade world class. A escolha
da marca Romi para representar as máquinas oficiais é a consoli-
dação de que servimos ao nosso
cliente produtos com qualidade world class. Toda a nossa linha estará na WorldSkills”.
A Sandvik Coromant, que
diferentes modalidades — 63
também está entre as empresas
nos e centros de usinagem, além
tradicionalmente uma apoiadora
máquinas-ferramenta, entre tor-
de uma injetora para termoplás-
ticos. De acordo com Cassiano, a Romi já promoveu no Brasil,
Alemanha e Taiwan treinamen-
tos para delegações de todo o
patrocinadoras da WorldSkills, é
das competições. Aldeci Santos conta que o contato com o Senai
durante o ano pode ocorrer tanto por parte da escola, quanto pela
própria Sandvik: “Já aconteceu de
aluno-competidor da WorldSkills
assunto”. Nesse caso, o aluno vai para a fábrica, onde faz uma imer-
são de dois dias — recebe treina-
mento e ouve o especialista. “Nós damos a orientação de como fazer um melhor processo; dicas prá-
ticas, coisas que não se aprende na escola.” Aldeci, que também foi aluno do Senai, trabalha há 27
anos na Sandvik Coromant; há
18, em educação e treinamento. A área recebe cerca de 1.500 alunos
por ano. “Nós também vamos ao Senai dar treinamento. Dessa forma, o conhecimento prático chega na escola.
Média dos cinco primeiros colocados desde 2005 Pos.
País
2005
2007
2009
2011
2013
1º
Coreia do Sul
520,20
527,38
524,62
530,58
531,03
2º
Suíça
519,18
518,71
520,09
522,91
526,00
3º
China
524,67
513,45
4º
BRASIL
509,88
519,60
519,20
523,08
513,62
5º
Tirol (ITA)
519,61
512,39
517,50
512,08
515,64
junho.2015/105
Média 526,76
521,38
519,06
517,08
515,64
o mundo da usinagem
19
educação e tecnologia A importância da vitória
ção, fazem um estágio em empresa
atingem pontuação acima de 500
a WorldSkills, independentemente
so industrial, e depois voltam para
de 400 a 600. Desde sua primeira
O fato de ser selecionado para
para ganhar experiência do proces-
do resultado final, já é uma con-
o quadro para ser professores. “Eu
quista. Esse aluno, que por parti-
digo que é um princípio Embrapa:
cipar da competição já está muito
as melhores sementes serão replan-
bem preparado, pode contar com a entrada certa no mercado de traba-
“São alunos acima do padrão mé-
ção social e econômica. Educação
sempenho, o Brasil ocupa o quarto
conhecimentode excelência que as
das cinco últimas competições.
lugar em pontuação no ranking
Tem um total de 66 medalhas,
O Senai também passou a contratar
desde que começou. Os alunos
esses jovens talentos como traine-
também concorrem aos diplomas
es. Eles passam por uma prepara-
“Falando de Brasil, temos de
sino também”.
dio, até porque foram campeões
empresas necessitam e absorvem.”
casa 93 diplomas de excelência.
pensar em educação profissional
Dos 20 países com melhor de-
brasileiros e, portanto, detêm um
participação, o Brasil trouxe para
tadas. Com isso conseguimos uma evolução em nosso processo de en-
lho. “100% deles”, garante Spada.
pontos, numa contagem que vai
de excelência, conferidos aos que
no seguinte aspecto: transformaprofissional é o elemento mais
eficaz para a transformação social e econômica. O que dá digni-
dade ao ser humano? Ele ter uma
competência, uma formação e
uma profissão, e é nisso que acreditamos e nos empenhamos”, resume Spada.
Resultado do Brasil por quantidade de medalhas 9
10
11
12
5
Helsinki FIN (2005)
Shizuoka JAP (2007)
Calgary CAN (2009)
Londres ING (2011)
Leipzig ALE (2013)
Competidores
16
19
20
28
41
Diplomas
6
7
5
10
15
2
4
6
4
Medalhas de Ouro
20
Medalhas de Prata
2
3
4
3
5
Medalhas de Bronze
3
4
2
2
3
o mundo da usinagem
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entrevista
Eterno
Acervo pessoal
professor Roberto Spada completa 41
anos de carreira dedicada à educação
profissional
O diretor de Relações Externas do Senai, Roberto Spada, fala sobre educação, evolução tecnológica e o profissional do futuro Por Inês Pereira
O dia a dia de Roberto Spada, Diretor de Relações Externas do Senai, vice-presidente da WorldSkills
Internacional e CEO da WorldSkills Américas, nada lembra o tempo em que se dedicava exclusivamente a ensinar. Com uma agenda preenchida por compro-
missos dentro e fora do país, está prestes a concretizar o sonho da realização de uma WorldSkills, a mais
importante competição de formação profissional do mundo, no Brasil. A imagem do diretor à mesa de trabalho, entretanto, não é encoberta pela vocação que
dá o norte de suas decisões: transmitir conhecimento e experiência. Paulista de Piracicaba, também ele foi aluno do Senai, entre 1966 e 1968, e trabalhou duran-
te oito anos em uma indústria de ferramentas. Em
1974, tornou-se professor na instituição. “No Senai, tive essa grande oportunidade de transformação”. O
professor Spada, como ainda hoje é chamado, cursou Matemática e Física, fez especialização em Qualida-
de da Educação na UNICAMP e também especiali-
zações na Inglaterra e na Suíça, entre outros países. Sua carreira no Senai completará 41 anos. Entre uma reunião e outra, recebeu a reportagem de O Mundo da Usinagem. A entrevista, você acompanha a seguir. 22
o mundo da usinagem
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OMU: Os índices da educação básica no Brasil não
ROBERTO SPADA: Quando falamos de Educação,
mundial da educação profissional. Pode comentar
não no momento; em média, nos últimos três anos, o
são motivos de orgulho, diferentemente do ranking a discrepância?
ROBERTO SPADA: O Brasil está entre os primeiros
do mundo nas competições de educação profissional e terceiro na pontuação média se consideramos as últimas cinco competições (ou seja, nos últimos dez anos),
apesar de ter uma educação geral em patamares me-
nos positivos. O problema da educação em qualquer parte do planeta não é a falta de recursos financeiros.
O problema é competência de gestão de uma Unidade
de ensino. Países desenvolvidos possuem projetos de
educação para a nação e os não desenvolvidos, normalmente, têm projetos de partidos políticos ou do próprio
Ministro, responsável pela pasta da Educação no país. Porém, você visita alguns países não desenvolvidos e
encontra escolas de excelência. Por quê? Quando mu-
devemos pensar em período de tempo mais amplo e índice de empregabilidade do técnico está por volta
de 85%. Há até alguns conflitos conceituais, porque um aluno de curso técnico do Senai, por exemplo, em algumas áreas tem espaço mais promissor no
mercado do que alguém que cursou uma graduação e em alguns casos, um salário maior. Na verdade, a
empresa precisa contratar um profissional que apre-
sente resultados e que entregue produtos. E como o
Senai aplica o conceito de aprender fazendo, a nossa infraestrutura dos ambientes de ensino reproduz a
realidade da indústria. Aprendendo em ambientes
de ensino, que reproduzem o processo real da indústria, o formando vai para a empresa e já apresenta resultados reais em um tempo bem mais otimizado.
dam a liderança política e o ministro, mudam-se os
OMU: Como o Senai adapta a sua grade curricu-
essas mudanças não chegam ao diretor da unidade
indústria?
educação geral. A sociedade e a própria comunidade
ficativa do ponto de vista de tempo ampliado.
planos estratégicos do país; mas, na maioria das vezes,
lar para acompanhar os avanços tecnológicos na
de ensino, seja para a educação profissional ou para a
ROBERTO SPADA: Existe uma evolução signi-
local apoiam qualquer projeto de educação que tenha
Quando eu fui aluno, fazia-se o projeto em uma
coerência e no qual o diretor-líder construa o envolvi-
mento de todos. Ele tem que trabalhar a relação com a
comunidade como um parceiro envolvido com o processo de ensino. Isso vale também em uma escola de educação profissional, onde o diretor tem que construir
parcerias, não só com a comunidade, mas também com as empresas, e elas, quando devidamente articuladas,
são parceiras fornecendo até equipamentos para as escolas e não só contratando os seus alunos.
OMU: O Senai já formou quantos alunos em mais de 70 anos de existência?
ROBERTO SPADA: Não disponho em mãos de nú-
meros precisos, mas, com certeza, em todo Brasil superamos 55 milhões de matrículas ao longo da história.
OMU: Esses jovens recém-formados do Senai têm emprego garantido? junho.2015/105
prancheta, gastava-se um tempo preparando as canetas para desenhar e depois outro tanto para limpá-las. Hoje, o aluno faz tudo nos softwares apropriados para projetos. Esse é um ponto importante para mostrar a evolução. Outro aspecto é que todo processo industrial evolui significa-
tivamente e, cada vez mais, esse fator tempo se reduz. Ou seja, uma tecnologia tem uma vida útil cada vez menor e o Senai tem uma estrutu-
ra de planejamento de educação profissional. Para montar um curso, reúne profissionais de
empresas, cria os Comitês Técnicos, discute as competências e levanta quais os conhecimentos
e as habilidades que esse profissional precisa ter.
Depois, define toda a infraestrutura de laborató-
rios e oficinas para desenvolver e fixar os conhecimentos e habilidades relativos aos conteúdos
elencados pelo respectivo Comitê Técnico, em o mundo da usinagem
23
entrevista que parte dos membros integrantes é da própria
com simples ações que formamos o cidadão. Na maio-
fessores é estratégica. A permanente atualização
mento tecnológico, mas é demitido por suas atitudes.
indústria. Mais uma vez, a capacitação dos prodos professores tem uma relação direta com a
ria das vezes, o profissional é contratado pelo conheci-
nossa eficácia. Só podemos repetir procedimen-
OMU: O senhor tem vocação de professor. Na sua
cesso produtivo.
ma acesa?
OMU: E como prever o mercado de amanhã?
so de transformação social e econômica por meio da
tos que estão atualizados com a realidade do pro-
posição executiva, de que maneira mantém essa chaROBERTO SPADA: Eu sou produto de um proces-
ROBERTO SPADA: Eu preparo um jovem que sabe fazer projetos com softwares de altíssimo nível, sabe
gerar programas em máquinas CNC e produzir as respectivas peças e fazer o controle em máquina de medir tridimensional a CNC, mas esse jovem
educação profissional. O nosso presidente, Paulo
Skaf, tem uma mensagem clara: “se você dá educação, dá dignidade às pessoas porque poderão competir no mercado de igual para igual e construir um
futuro de sucesso”. Fui aluno do cur-
terá mais 30 ou 40 anos de trabalho
so de aprendizagem do Senai e com
pela frente e, como será essa profissão
O ALUNO PRECISA
base nisso eu pude me desenvolver,
do processo que é do conhecimento
SER UM PERMANENTE
e assim por diante. A educação é, em
pessoais, como o espírito permanente
PESQUISADOR DA
no futuro? Então, ensino as técnicas
hoje, mas desenvolvo nele qualidades de aprender, para que ele possa por si próprio buscar novos conhecimentos
SUA AUTO EVOLUÇÃO
minha opinião, um direito de qualquer cidadão, de qualquer posição
geográfica do planeta; portanto, de-
veria ser não só uma missão mundial;
e se manter atualizado no mercado,
PARA SE SUSTENTAR
as Nações Unidas e demais institui-
enfim ser um permanente pesquisador
NO FUTURO
focar nesse princípio — não só na lei,
além de pesquisar para se aperfeiçoar e da sua auto evolução.
ções globais poderiam se alinhar e no papel, mas na prática e nos resul-
tados. O ser humano pode acumular
OMU: Em outras palavras, a sustentação no merca-
riquezas de natureza financeira ou patrimonial, mas
ROBERTO SPADA: Eu preciso ter competência de de-
dade que a humanidade tanto necessita. Além dos
do não se limita ao conhecimento técnico?
senvolver as qualidades tecnológicas para ser contrata-
do e competência de desenvolver as qualidades pessoais para permanecer e evoluir no mundo do trabalho.
O desenvolvimento desses valores podem parecer
muito complexos, mas o ato de cada aluno limpar a sua própria máquina, por exemplo, de varrer o seu espaço
de trabalho, propicia colocá-lo em um contexto de responsabilidade plena do seu processo. Ele recebeu um ambiente preparado para o seu aprendizado e chegará outra pessoa que usará a mesma infraestrutura para o
seu aprendizado. É a questão: onde terminam os meus
deveres e começam os meus direitos, e vice-versa. São 24
fazer o ensino médio em Piracicaba
o mundo da usinagem
a verdadeira riqueza é ele ser útil à proposta de equi40 anos de trabalho dedicados à Educação Profissional e também o aprendizado na WorldSkills Interna-
cional, desde 1989 e nos últimos oito anos na posição de vice-presidente, foi um aprendizado que consi-
dero importante e será muito útil para aplicar nos projetos da WorldSkills Américas. Todos os países do continente americano, alguns mais outros menos,
necessitam incrementar seus processos de Educação Profissional. Como também pela função de diretor
de Relações Externas, me dedico a projetos de coo-
peração com países das Américas e os Africanos no processo de educação profissional. Isso me faz sen-
junho.2015/105
tir muito mais útil e essa contribuição não é pessoal, mas nossa, do Senai SP e Senai Brasil.
OMU: Pode nos contar sobre os projetos com outros países?
ROBERTO SPADA: Existem países com condições extremas de se transformar. Um exemplo típico é a Ni-
géria que, com 5% do petróleo e do gás, em dez anos poderíamos implementar mais de 500 escolas profissionais e esses 5% do petróleo não teria um impacto tão
grande no orçamento total do país. Por meio do ensino
profissional, proporcionaríamos mais competência aos jovens, viabilizando o investimento de empresas, como o caso de montadoras, que poderiam
de escolas em outros países. A minha experiência é com Timor-Leste, Guiné-Bissau e Angola, entre outros países. Eu tive a felicidade de trabalhar no Timor-Leste no
ano 2000 por um período curto com o Sr. Sérgio Vieira
de Mello, que foi um ser humano que em poucos dias me ensinou muito “o verdadeiro SER HUMANO”.
Existem também ações diretas, em que o país nos procura e solicita capacitação de diretores, coordenadores
técnicos, instrutores, construção de Unidades Móveis,
apoio à reestruturação de Escolas, de currículos etc. Existem, também, organismos de outros países como a Japanese International Coorporation Agency (JICA), que contrata o Senai Brasil, o Senai São Paulo, para treinar
professores a ajudarem na reestrutura-
começar a montar carros e depois
ção de escolas nos países africanos com
produzir as peças tecnologicamente
TIVE O PRIVILÉGIO DE
o idioma português. A ação é ressarci-
tante, produzir mais de 50% de seus
FAZER UM TRABALHO
tanto, não aportamos nenhum centavo
industrializados que a Nigéria im-
PELO QUAL SOU
mais simples e, em um futuro não dis-
veículos. Dos 40 bilhões de produtos porta, parte seria produzida interna-
mente. Essa produção interna não só
APAIXONADO, E QUE
viabilizaria o crescimento econômico,
ENTENDO SER ÚTIL À
tunidade a 160 milhões de pessoas de
SOCIEDADE
mas, principalmente, ofereceria oporter uma estrutura social mais justa. É
simplesmente um exemplo, que pode
da por esse país e ou Instituições, por-
dos recursos do Senai fora do Brasil e ainda estimulamos a indústria nacional porque, quando especificamos equipa-
mentos ou materiais e os adquirimos, fazemos no nosso país.
OMU: O que o sr. pretende fazer no futuro?
ROBERTO SPADA: O grande sonho
ser aplicado em diferentes países. O poder de trans-
meu é poder contribuir por mais um tempo e, quando
bilhões de pessoas que vivem no nosso planeta, há 1 bi-
de. Se conseguir sair despercebido, será porque eu tive
formação da Educação nos permite refletir que, dos 7 lhão que merece uma atenção maior. E eu estou falando do mundo industrial, mas o ensino profissional tem o
lado industrial, o comercial, a agricultura, o transporte, etc. Falamos de quase um bilhão de pessoas precisando de uma estrutura social mais digna.
OMU: E como tudo isso é feito na prática?
ROBERTO SPADA: Entendo que o Senai vem dando
sua contribuição, via Agência Brasileira de Cooperação (ABC), órgão do Ministério de Relações Exteriores, com fundos do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), viabilizando a construção junho.2015/105
sair desse processo, os colegas possam dar continuidaa competência e a humildade de passar a experiência, e outros abraçaram isso. Novas pessoas chegarão e farão
igual, ou melhor. Esse é o meu grande sonho. Sentir o
orgulho que tive o privilégio de fazer um trabalho pelo qual sou apaixonado, que eu entendo ser útil à socieda-
de e que, se mais pessoas pudessem fazê-lo, com certe-
za, o mundo seria diferente. Cabe destacar que as ações de Educação Profissional devem ser aprimoradas e intensificadas em nosso Brasil e é o que o Senai vem
fazendo. Somos a sétima economia do mundo, porém estamos por volta da posição 80 em IDH; então, temos muito por fazer.
o mundo da usinagem
25
negócios da indústria
Elas podem ir além! Por Inês Pereira
26
o mundo da usinagem
junho.2015/105
O mundo dos negócios criado por homens, e para homens, está em revisão. Aumentar a representação das mulheres é o desafio daqui para frente
O
Brasil de hoje tem mais
flexibilidade de trabalho e home
te corporativo do que
propostas de políticas públicas,
mulheres no ambien-
na década passada. Estão mais
bem colocadas e com currículos mais qualificados. Saem em maior número das universida-
des e conquistam espaço em
congressos. São fatos incontestes. “Nos últimos quatro anos, a inserção da mulher no mer-
cado do Brasil dobrou”, afirma
Lígia Paula Sica, coordenadora do Grupo de Pesquisas em
Direito e Gênero da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP). Os
dados da última Relação Anual
de Informações Sociais (RAIS 2013) do Ministério do Traba-
lho e Emprego são categóricos: o nível de crescimento do em-
prego feminino supera o mas-
culino em 1,34%, renda cresce
3,34% e participação da mulher no mercado alcança 42,79%. En-
entre outras, fazem parte do es-
copo de dirigentes de empresas
em muitos países. Em São Paulo,
o recente encontro promovido pela AmCham reuniu executi-
vos de grandes empresas para debater o tema “A Equidade de Gêneros nas Organizações”. Na ocasião, a coordenadora da FGV apresentou os resultados do es-
tudo que compreendeu a análise de 73.901 cargos de alta administração de 837 diferentes compa-
nhias abertas, entre 1997 a 2012. “Constatamos que esse espaço está estagnado”, resume. Ou seja,
já estamos na metade da segunda década do século 21, e a par-
ticipação das mulheres na alta administração das empresas é a mesma que no fim dos anos 90.
Por que existe a sub-repre-
tretanto, ao afinar o foco para a
sentação? “Responder a essa
dia comprova que uma minoria
Lígia. Esse desequilíbrio preju-
realidade das empresas, o dia a
de mulheres tem voz de comando. “Elas estão fora do ambiente apenas doméstico, mas não
conquistaram esse ambiente de
trabalho por completo. A quebra (na ascensão) já começa na gerência intermediária”, diz a coordenadora.
A sub-representação feminina
é uma preocupação que entrou
na agenda do mundo corporativo. Não só no Brasil. Questões
como cotas para mulheres, au-
mento de licença-maternidade, junho.2015/105
office, grupos de diversidade,
questão é o nosso objetivo”, diz
dica tanto as profissionais quan-
to as empresas, evidencia o trabalho. O preconceito, permeado
nos processos das empresas, impacta a satisfação e a dedicação
das profissionais, especialmente as que encaram o trabalho como
vocação, em vez de apenas um
emprego. São justamente as
mais dedicadas que se frustram mais e acabam desistindo das companhias. “Não só as empresas perdem talentos, mas perdem grandes talentos”, aponta. o mundo da usinagem
27
negócios da indústria
Preconceito maquiado
Procurando uma pessoa para
A Human Resources Business
uma posição executiva em um
Partner da Sandvik Coromant,
Martin Stier, vice-presidente de
lo, tem se empenhado por essa
processo que durou seis meses, Recursos Humanos da HP e par-
ticipante da mesa da AmCham, conta como a contração da executi-
va ilustra a situação das mulheres
no mercado de trabalho. “Depois
dos seis meses, ela acabou sendo selecionada, e, antes de receber
a oferta, disse: ‘Estou grávida!’,
como se fosse uma coisa terrível. Aliás, dava para perceber o medo dela na hora de falar.” A candidata
foi contratada com seus três meses de gravidez. “Não tinha dúvida de
que uma pessoa na posição executiva iria trabalhar, mesmo estando grávida. Mas o comentário geral foi de total espanto.”
O vice-presidente relata, ain-
da, ações da HP com estudantes para incentivar mulheres a trabalhar na indústria, para atacar
o preconceito de que só homens se interessam por engenharia.
Sandra Pascuti, igualdade
de
em São Pau-
oportunidades:
“Observo que nas organizações do ramo da engenharia em geral é muito comum encontrar um
menor número de mulheres. Na
Sandvik, isso não é diferente, e
dos altos cargos contratados na HP, 40% eram mulheres. “Isso é
importante na indústria de tec-
nologia, em que a maioria ainda é homem”, comenta. 28
o mundo da usinagem
nos da Avon, durante o evento
da AmCham. A Avon no Brasil tem aproximadamente 50% de mulheres nas posições de liderança e 60% na graduação geral.
Estudos diversos comprovam
das mulheres. Um levantamento
— estudantes de Engenharia do
sexo feminino para atuar na área
preconceito contra a competência
da Universidade de Princeton,
chamado Orchestrating impartiali-
de vendas técnicas externas”.
ty: the impact of ´blind´ auditions on
da nota certa resistência: “Falta,
tionou a imparcialidade na con-
Sandra destaca, porém, que ain-
por exemplo, sensibilização por
parte dos gestores homens e não só internamente, mas também no mercado, nos nossos clientes, so-
bre como lidar com essas mulheres, futuras engenheiras, e apro-
veitar da melhor forma possível o talento delas”.
O setor de RH da Avon no
questão da equidade de gêneros
para homem.” No ano passado,
-presidente de Recursos Huma-
pela contratação de estagiários
ficar essa cultura já começando
dem também criar e mudar esse especialmente a engenharia, é só
conta Alessandra Ginante, vice-
que existe a subestimação e o
Brasil trabalha de maneira mui-
preconceito de que tecnologia,
caso, e aí o RH interno audita”
estamos trabalhando para modi-
“Falamos muito de women tech-
nology – como elas também po-
ceito, vamos lá entender aquele
to proativa e prática quanto à
na organização. A cada trimestre,
dados como percentual de ho-
mens e mulheres, tempo médio na empresa, tempo médio por
cargo, desempenho, entre outros, são analisados e servem de base
para tomada de decisões. “Se
houver um indicador de precon-
female musicians, de 2000, ques-
tratação de musicistas mulheres. Elas eram mais admitidas nos
testes quando as audições eram feitas às cegas, com cortinas abai-
xadas. Candidatos e candidatas entravam descalços, para não de-
nunciar o sexo pelo toque de saltos altos no chão. “As mulheres chegaram a 45% das contratações
em pouco tempo. Conclusão:
existe, sim, o preconceito comprovado contra critérios objetivos”, diz Lígia, da FGV. Outro
estudo americano mostrou que
10 mil entrevistados disseram temer indicar uma mulher para um conselho de administração
por ela não ter experiência, mas não tinham o mesmo temor em indicar homens sem experiência.
junho.2015/105
Divulgação AmCham
Cotas aceleram mudanças Assim como as cotas raciais
de capital aberto: “Se queremos
sões intermináveis, discutir sobre
te cotas bem pensadas, por tempo
nas universidades geram discusvagas reservadas para mulheres
nas corporações divide opiniões. “Passei a maior parte da minha
carreira veementemente contra as
cotas. Hoje eu sou veementemen-
te a favor”, afirma Alessandra, da Lígia, da FGV:
ascensão a altos cargos estagnada
da que eu iria conquistando as
cei a olhar para as minhas colegas,
muito competentes, que não tinham a mesma ascensão”, conta.
Hoje, Alessandra afirma que
um sistema social, para ser trans-
formado, precisa incluir alguns elementos que estimulem a mu-
dança de comportamento: “Acredito em cota como transição. 52%
pensamento novo por aqui. Mas o de de criar cotas nas estatais des-
de 2010. A PL-112, que havia sido arquivada, saiu da gaveta e voltou
a trazer fôlego às discussões. O projeto estabelece que pelo menos
40% dos conselhos de administração das empresas públicas e das
sociedades de economia mista deverão ser integrados por mulheres. O preenchimento dos cargos, pela
proposta, será feito de forma gradual: 10%, até 2016; 20% até 2018; 30% até 2020, e 40% até 2022.
Mesmo nos países desenvol-
ganizações, já representam mais
primeiros a apresentar uma le-
ta por mulheres. Na base das or-
do meritocrático, a menos que se
acredite que mulheres sejam menos competentes que homens.”
Stier, da HP, também é favo-
rável a ações afirmativas que tenham o objetivo de corrigir a desigualdade, como as cotas adotadas
em vários países, assegurando
junho.2015/105
O sistema de cotas para mulhe-
vidos, existe legislação de cotas.
7,8%. O mercado não está sen-
foco da matriz é a diversidade
mulheres nos altos cargos”.
da população brasileira é compos-
da metade; mas, no topo, temos
Sandra, da Sandvik Coromant:
ção dos índices de participação de
Congresso já discute a possibilida-
por causa das cotas. Então come-
Acervo Sandvik Coromant
mesmo assunto, com pouca varia-
que fazia sombra sobre a com-
era um mecanismo de proteção
minhas costas que eu só estava ali
a favor das cotas para mulheres
daqui a 15 anos vamos debater o
res nas organizações ainda é um
coisas, os homens falariam pelas
Alessandra, da Avon:
determinado, vão fazê-las. Senão,
Avon. Ela acreditava que a cota
petência. “Pensava que, à mediDivulgação AmCham
mudanças culturais, possivelmen-
participação das mulheres em al-
tos cargos de empresas estatais ou
Supreendentemente
foram
os
gislação nesse sentido. As cotas para garantir a equidade de gêneros estão instituídas já há algum
tempo. E há exemplos diversos de
corporações estrangeiras, não só
em países como Dinamarca, mas
nos africanos, em Israel, na Espanha, na Itália. “Muitos tipos de cultura e mercados, alguns similares ao nosso, acabaram no final das contas aprovando uma legislação de cotas”, informa Lígia. o mundo da usinagem
29
negócios da indústria Divulgação AmCham
Diversidade: olhar fora da caixa O sueco e centenário Grupo
representatividade de cerca de
de mudar o estado das coisas – o
atingir a equidade de gênero. Por
Sandvik entende a necessidade foco da matriz é a diversidade. “A diversidade traz uma questão positiva dentro de tudo aquilo que
você está fazendo. A mulher tem uma característica própria, uma
sensibilidade, um olhar diferen-
ciado, uma rapidez que, dentro do ambiente dos negócios, faz di-
ferença”, explica Sandra Pascuti. Mas, ela ressalva, a organização precisa querer enxergar isso e tirar proveito no bom sentido.
A Cummins South America,
fabricante de motores, valoriza
a contratação de mulheres nas áreas técnicas e promove ações para permeação feminina na in-
dústria. Lá, a diversidade é praticada com organização. Desde
2012, a companhia conta com o “Grupo de Afinidades de Mulheres”, cujo objetivo é atrair, desen-
volver e reter o público feminino em todas as áreas da companhia,
também com foco nas áreas técnicas – engenharias de aplicação, produção e desenvolvimento. O
grupo conta com a participação ativa de aproximadamente 50
30%, e a empresa trabalha para
isso, atividades em redes sociais,
feiras e sites de recrutamento são realizadas com frequência. A fabricante de motores também
promove debates, conferências,
sessões de mentoring e palestras
com foco no incentivo ao desenvolvimento do uso das habilidades das mulheres. “Nossa missão
é estimular todo o potencial das mulheres para que elas possam atingir equidade de gênero, in-
dependentemente do nível hierárquico, criando um ambiente
igualmente atrativo e correto. No
Stier, da HP: dos altos cargos contratados, 40% são mulheres
processo de recrutamento de pro-
fissionais, por exemplo, é uma necessidade o equilíbrio entre os
gêneros”, afirma Adriano Rishi,
diretor de Engenharia da Cummins South America e sponsor do
Grupo de Afinidades de Mulhe-
res. O trabalho tem sido cada vez
mais intensificado, e desde 2014
a companhia ampliou esse foco de atuação para países da Améri-
ca do Sul, como Colômbia, Chile e Argentina.
Brasil, nos últimos 15 anos
O trabalho com um comitê de
Conduzida pela FGV, a
O grupo discute a igualdade de
Mulheres em Cargos de
em todas as suas unidades. “Mas
lisou 73.901 altos cargos
cinada apenas por mulheres, para
números revelam o com-
para mulher, mas sim de mulheres
ções entre 1997e 2012.
pessoas, mulheres e homens, en-
diversidade também é feito na HP.
pesquisa “Participação de
engenheiros, supervisores e ge-
oportunidades
Alta Administração” ana-
tre profissionais administrativos, rentes e tem metas para promover o fomento da competitivida-
de e presença das mulheres em todos os níveis hierárquicos.
Atualmente, o público femi-
nino dentro da Cummins tem 30
o mundo da usinagem
frequentemente,
essa iniciativa não deve ser patro-
de 837 companhias. Os
não ficar uma conversa de mulher
portamento das corpora-
e de homens”, explica Stier.
junho.2015/105
Licença maternidade e flexibilidade Quase todas as mulheres atre-
de não voltar para a empresa com
nante entende que as organizações
de. Na Avon, as funcionárias fi-
afirma Angel Soubhie, mãe e ge-
agentes dessa transformação cul-
lam as férias à licença maternidacam até sete meses em casa — seis de licença, mais um de férias. “Porém, menos de 1% dos homens fa-
zem isso. Nós os incentivamos a tirar sua semana de licença e um
mês de férias. Isso ajuda a mudar
conceitos, mostrar que eles têm um protagonismo de pai, estimu-
lando que participem das tarefas
com os filhos”, avalia a executiva
o mesmo ritmo e ser substituída”,
rente da Área Médica na Bayer. “Foi fundamental para essa transição saber que eu tinha um pro-
grama totalmente voltado para
gestantes, e funcionou como uma retaguarda, que me permitiu ficar
seis meses cuidando do meu filho e voltar 100% apta a desempenhar as minhas funções.”
Lígia, da FGV, conta que em
da Avon no Brasil.
alguns países da Europa a licen-
programas corporativos que têm
licença-natalidade. “De fato, existe
A Bayer oferece políticas e
como objetivo tornar o dia a dia das profissionais gestantes melhor.
Hoje, as mulheres podem contar com o programa Bem-Nascer. Entre os benefícios estão a prorroga-
ção da licença-maternidade para seis meses. “O programa Bem Nas-
cer foi essencial para desmistificar
algumas inseguranças que surgem durante a gravidez, como o medo
48%
das com-
ça para ter filhos, na verdade, é uma questão cultural. Por exemplo, o pai que é pouco participati-
vo é malvisto, porque o homem é criado para ser profissional e pai.
“A criança nasce, e os homens precisam participar dessa fase. Na Su-
écia, é dado um ano para a família,
homens e mulheres. É a legislação trabalhando em favor da cultura.”
Nesse âmbito, Alessandra Gi-
66,5%
40,5%
têm um importante papel como tural. Para ela, essa transformação na companhia deve abranger três estágios para ser efetiva: estados
sólido, líquido e gasoso. “O sólido
é o concreto no dia a dia, a vida como ela é. Por exemplo, um berçário, layout do ambiente de traba-
lho, se pode ou não trabalhar em
casa. O líquido são os processos e
o gasoso é o sentimento da pessoa
— de valorização e bem-estar”. A gestora complementa: “A mulher
não precisa trabalhar menos, ela
quer ter flexibilidade. Mas acaba
trabalhando até mais por achar que deve mais que o homem, ou de se provar competente”. Sandra
Pascuti, da Sandvik Coromant,
também corrobora esse pensamento declarando que “para a mulher,
não basta saber. Ela tem que saber
tudo, provar o tempo todo que é super competente”.
das compa-
panhias analisadas
das companhias
nhias não continham sequer
menos uma mulher
suíam sequer uma
um dos seus principais ór-
não apresentaram ao em seu conselho de administração
analisadas não posmulher em sua
diretoria executiva
uma mulher em qualquer
gãos de administração (conselho e diretoria executiva)
8%
é quanto corres-
ponde, atualmente, a proporção de mulheres nos
cargos de alta administração das companhias de
capital aberto brasileiro
Fonte: Grupo de Pesquisa de Direito e Gênero da Escola de Direito da FGV
junho.2015/105
o mundo da usinagem
31
conhecendo um pouco mais
Movido a
biometano Divulgação Scania
O novo ônibus da Scania já fez demonstrações em três estados. E o resultado mostra que a alternativa reduz poluição, consumo e até nível de ruído
32
o mundo da usinagem
junho.2015/105
U
m biocombustível natural e 100% renovável surge como opção viável para o abastecimento do transporte coletivo. Obtido a partir de decomposições de resíduos como dejetos de animais ou do lixo, o
biometano (CH4) está sendo desenvolvido com sucesso pela Scania. Líder em transporte sustentável,
a empresa colocou em circulação no País, em outubro de 2014, o primeiro ônibus movido a biometano da his-
tória da indústria de veículos comerciais. O modelo tem motor dedicado a biometano, a gás natural veicular (GNV) ou à combinação de ambos. Com biometano o ônibus fez três demonstrações.
O Scania Citywide Euro 6, modelo escolhido, tem 15 metros de comprimento, com dois eixos direcionais e
capacidade para até 120 passageiros. “Fabricado na Suécia, o veículo atende à normativa Euro 6 e é conside-
rado um dos mais modernos do transporte público do mundo, com motor dedicado ao uso tanto do com gás natural veicular (GNV) quanto do biometano como combustível. Ele é uma solução para a mobilidade urbana,
é um produto confiável e emite 70% menos poluentes que um similar a diesel”, explica Silvio Munhoz, diretor de Vendas de Ônibus da Scania no Brasil.
A primeira demonstração foi em Foz do Iguaçu (PR), em parceria com a Itaipu Binacional, o Centro Interna-
cional de Energias Renováveis-Biogás (CIBiogás-ER), a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI) e a Granja Haacke, de Santa Helena (PR), responsável pelo fornecimento do biometano. O ônibus rodou abastecido pelo biometano produzido a partir de dejetos de aves poedeiras. Fez o transporte de funcionários e estudantes de 31 de outubro a 26 de novembro abastecido apenas com biometano.
Resultados comprovados
uso do combustível renovável.
Energias Renováveis de Itaipu,
por exemplo, o do biometano foi
preside a Associação Brasileira de
do a um veículo similar a diesel.
demonstrar a viabilidade da apli-
significa a redução de emissão de
urbana, para que ele possa ser in-
namento de motoristas, manu-
do País. “Ficamos satisfeitos com
bustíveis alternativos. Tudo isso
demonstração do ônibus da Sca-
dade de nossos clientes”, avalia.
expectativas”, diz Bley. “Acredita-
ônibus da Scania em Itaipu pro-
e estamos iniciando um novo perí-
bustível ideal para promover a
sustentáveis ao meio ambiente.”
tir de um problema das cidades
os 3 mil quilômetros que o ôni-
-se uma solução economicamen-
comprovaram os benefícios do
urbano de nosso país”, ressalta.
Segundo o superintendente de
No quesito custo por quilômetro,
Cícero Bley Júnior, que também
menor em quase 60% compara-
Biogás, o objetivo da parceria foi
“Para a Scania, sustentabilidade
cação do biometano na mobilidade
CO2 por meio de inovação, trei-
tegrado à matriz de combustíveis
tenção preventiva e uso de com-
os resultados que obtivemos na
resulta no aumento da rentabili-
nia em Itaipu. Ele superou nossas
Para Bley, a demonstração do
mos na viabilidade do biometano
vou que o biometano é o com-
odo na busca de alternativas mais
mobilidade sustentável. “A par-
O diretor de vendas conta que
– a gestão de resíduos – encontra-
bus percorreu dentro de Itaipu
te viável para qualquer centro
junho.2015/105
Regulamentação
Um grande passo para ofe-
recer uma solução sustentável
de mobilidade urbana foi dado este ano com a regulamentação
do biometano (resolução ANP Nº 8). O regulamento estabeleceu a especificação do biometano
oriundo de produtos e resíduos orgânicos agrossilvopastoris
e comerciais destinado ao uso veicular (GNV) e às instalações residenciais e comerciais. Com a regulamentação, a Scania passou a ter ainda mais procura para realizar demonstrações pelo Brasil.
No Rio Grande do Sul, a ação
foi resultado da parceria entre Sca-
nia, Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás),
Braskem e Consórcio Verde Brasil (Ecocitrus e Naturovos). O biometano, que na Região Sul recebeu a o mundo da usinagem
33
conhecendo um pouco mais marca GNVerde, já está sendo tes-
os custos de infraestrutura”, ex-
com o motor a 610 rpm, o ruído
com o apoio da Sulgás.
foi abastecido diariamente com o
2.500 rpm, a média do ônibus foi
tado em automóveis desde 2013, A distribuidora aguardava a
resolução da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio-
combustíveis (ANP) para iniciar
a comercialização do GNVerde, que poderá ser misturado ao gás natural na rede de distri-
buição da Sulgás. “Até então
plica. Durante um mês, o veículo GNVerde produzido pelo Consór-
cio Verde Brasil (formado pelas empresas Ecocitrus e Naturovos),
a viabilização de plantas de pro-
dução de GNVerde potencialize a interiorização do gás natural.
“Regiões que hoje estão distantes de nossa rede de gasodutos
poderão ser atendidas a partir de
uma produção local, reduzindo
segundo
Konrad,
a média de consumo foi de 2,13
troquímico de Triunfo (RS).
Os resultados das análises de
de acordo com o responsável pelo
A expectativa da Sulgás é que
Ainda
unidades da Braskem, no Polo Pe-
uma rota demonstrativa entre as
sas no Estado”, conta a gerente Jucemara Rolim Bock.
é de 98 dB”, afirma.
transportando os colaboradores
desempenho do ônibus com o
de planejamento da companhia,
de 95,67 decibéis, quando o limite
em Montenegro (RS), fazendo
estávamos em fase experimental, apoiando projetos e pesqui-
foi de 77,53 decibéis, em média. A
GNVerde foram todos positivos, estudo e coordenador do Laboratório de Biorreatores da Univates,
dentro do parque da Braskem, km/metro cúbico. “São resulta-
dos ótimos que verificamos. O
ônibus a biometano comprovou sua viabilidade. Sua autonomia
diária pode chegar a 400 quilômetros”, conclui Munhoz.
O Rio de Janeiro foi o terceiro
professor Odorico Konrad. “Os
Estado a receber o primeiro ôni-
abaixo dos determinados pelo
tória do Brasil. Ele foi abastecido
níveis de poluição ficaram bem
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e as emissões
de ruído também foram menores
que os padrões determinados pelas autoridades. Em teste estático,
bus movido a biometano da hispelo biometano proveniente do
lixo urbano do próprio Estado. A Usina Dois Arcos, localizada em São Pedro da Aldeia (RJ), junto ao
aterro sanitário de mesmo nome, foi a responsável pelo combustí-
Divulgação Scania
vel. A parceria da Scania foi com a EcoMetano.
De 23 a 27 de fevereiro, a Sca-
nia levou o ônibus para rodar em Sorocaba (SP), com apoio do ór-
gão gestor local, a Urbes. Ele rodou com GNV. Sorocaba foi a pri-
meira cidade brasileira a ter uma demonstração utilizando GNV.
A cidade foi escolhida por encorajar as operadoras a usar nas
frotas veículos menos poluentes.
Em maio, foi a vez de Londrina (PR). Em ambos os casos, ficou
provado que o modelo reduz as Silvio Munhoz
diretor de Vendas de Ônibus da Scania no Brasil
34
o mundo da usinagem
emissões de material particulado em até 90%.
junho.2015/105
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nossa parcela de responsabilidade
As mudanças dependem
de nós
Por Fernando Oliveira*
Estamos vivendo um momen-
não temos confiança e nem tão
ver. E ter sempre em mente que
que fatores negativos, como escân-
mos de sonhar. E, sem sonhos,
que nós arrumemos o que está
to muito difícil em nosso país, em
dalos, corrupção e comentários sobre a atual gestão pública têm aba-
pouco boas expectativas, deixalimitamos os nossos horizontes.
Mas o que de fato faz este mo-
lado a nossa estabilidade. Além
mento ser tão difícil? Existe algo
o mundo não está em uma situa-
de fatos e expectativas negativas?
disso, também observamos que ção confortável, o que potencializa ainda mais as nossas dificuldades.
A indústria brasileira, sobre-
tudo o setor metalomecânico, tem
vivido um dos piores momentos de sua história. Esse cenário afe-
tou a confiança dos empresários, intensificando ainda mais as dificuldades impostas pelas políticas econômicas adotadas pelo governo para tentar conter essa crise.
E por falar em confiança, este
é um dos estados mais ‘inconfiáveis’ que temos, pois nunca sa-
bemos o quanto ele vai durar. Na verdade, demoram anos para se
e a intensidade do que ele trará
podem ser políticas, econômicas, sociais, ou talvez todas elas jun-
tas. Quem sabe ainda, não estejamos vivendo uma crise, mas sim passando por um inevitável momento de transformação, em que
um velho modelo sócio-político e econômico esteja ruindo para
que um novo venha substituí-lo. Independentemente do que seja
pacidade de realização. Quando 36
o mundo da usinagem
amanhã é certo, ou seja, ele virá para nós será um reflexo de nossas atitudes hoje. Aqui, o que te-
mos que lembrar é que qualquer
que seja a situação, ela sempre tem dois lados e depende de
nós decidirmos de qual lado ire-
mos ficar, lamentar os resultados
ruins, ou buscar as oportunidades e trabalhar em soluções.
Acredito que, como pessoas,
este momento, ou de suas causas,
somos responsáveis por nosso país
e tentar fazê-lo da melhor manei-
ativo nesse conjunto: criar bases de
temos que passar por ele, vivê-lo ra possível.
Diferentemente do que acon-
silo com paredes nos protegendo
gia e, por consequência, a sua ca-
Não importa o quanto esta-
Dizem que as causas dessa crise
Quando isso ocorre, leva junto das pessoas, afetando a sua ener-
vência depende só de nós.
mos desanimados e abatidos, o
tecia no passado, hoje não somos
todas as expectativas positivas
errado por aqui. Nossa sobrevi-
positivo em todo este conjunto
criar a confiança, mas apenas alguns momentos para destruí-la.
esse “mercado” não vai esperar
um mercado fechado, como um contra tudo e contra todos. Faze-
mos parte de uma economia glo-
bal com um só mercado, e é nesse
mercado que temos de sobrevi-
e temos que assumir o nosso papel
consciência, reivindicar soluções, e acima de tudo, trabalhar árdua
e efetivamente. Um bom começo para isso é rever as nossas atitudes. Quanto, de fato, queremos as
mudanças de que nosso o país precisa e o quanto estamos dispostos a trabalhar por elas?
Como podemos usar de maneijunho.2015/105
ra eficiente e eficaz os nossos re-
agregar essas partes, criar uma
tude das pessoas que nos cercam,
de, o que talvez leve algum tempo.
cursos pessoais para mudar a atiseja em nossa casa, no trabalho ou
Mas, por meio de nossas vari-
na sociedade como um todo?
áveis pessoais, podemos começar
solução total dos nossos proble-
fiança, influenciando e educando
Com certeza, a receita para a
mas não é tão simples assim. Deve estar dispersa entre as correntes
sociais que temos à nossa volta —
parte, no conhecimento tácito das antigas gerações; parte, no espíri-
to inovador da nossa juventude; e outra, nas instituições que pro-
movem e desenvolvem o conhecimento. Nosso grande desafio será junho.2015/105
Acervo Sandvik Coromant
unidade efetiva na rica diversida-
a interagir, criando bases de conpessoas para que desenvolvam
atitudes positivas e construtivas. Essa é a nossa grande parcela de
responsabilidade nesse momen-
to e pode ser o primeiro passo para mudarmos definitivamente o cenário.
*Fernando Oliveira é gerente nacional de vendas Sandvik Coromant
Oliveira: “Não somos mais um mercado fechado”
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