107 Renato Pizzutto
Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147
A excelência da Hanna Tools no desenvolvimento de soluções que vão além das expectativas do cliente
Precisão produtividade A inovação colaborativa é o caminho para levar a indústria à Revolução 4.0
total
educação e tecnologia
A Bosch investe na capacitação das novas gerações
entrevista
Ferramenta Lean amplia foco de atuação e ajuda empresas a sairem da crise
Centro de Soluções
Serviço Técnico
sumário
edição 107 • outubro/2015
10
soluções de usinagem
Entenda por que a Hanna se tornou referência em soluções de engenharia, especialmente no setor automotivo
18
entrevista
expediente:
O gerente de projetos do Lean Institute fala sobre as diversas aplicações do sistema de gestão
24
educação e tecnologia Por dentro da Escolinha da Bosch, que está capacitando jovens para atuar na indústria
O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 15.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. As fotos sem menção de créditos foram captadas no banco de imagem Shutterstock.
Fabio Ferracioli (Events Manager, Sandvik Coromant) é responsável pela publicação da revista “O Mundo da Usinagem”
Edição: Alfredo Ogawa (Kreab) e Vera Natale (Sandvik Coromant); revisão: Luiz Carlos Oliveira (Kreab) Colaboraram nesta edição: Inês Pereira (coordenação editorial e reportagem); Samuel Cabral (edição de arte)
Jornalista responsável: Alfredo Ogawa - MTB 17077/SP Tiragem: 7.000 exemplares; Impressão: Pigma Gráfica Editora Ltda.
outubro.2015/107
Acompanhe a REVISTA O MUNDO DA USINAGEM digital em: www.omundodausinagem.com.br Contato da Revista OMU Você pode enviar suas sugestões de reportagens, críticas, reclamações ou dúvidas para o e-mail da revista O Mundo da Usinagem: faleconosco@ omundodausinagem.com.br ou ligue para: 0800 777 7500
12
produtividade 1
Casos de sucesso de indústrias que adotaram o método do Kaizen para melhorar seus processos
16
produtividade 2
O conceito de inovação colaborativa, que une empresas para desenvolver projetos e buscar soluções
28
negócios da indústria
32
conhecendo um pouco mais
36
nossa parcela de responsabilidade
Um artigo sobre cuidados na implementação da automação nas atividades intralogísticas
O caminho da valoração dos ecossistemas nos processos de tomada de decisão
O recado de Claúdio Camacho, presidente da Sandvik Coromant para as Américas do Sul e Central
o mundo da usinagem
3
soluções de usinagem
Paixão
Fotos Renato Pizzutto
A Hanna Tools comprova a vocação de desenvolver soluções e aperfeiçoar processos para a indústria Reportagem: Luciana Tanaka Texto: Vera Natale e Inês Pereira
S
ediada em Limeira (SP), a empresa Hanna desen-
volve ferramentas espe-
ciais que se tornaram referência no
segmento
metalmecânico.
Muito além de fazer projetos e fabricar ferramentas, com know how de 73 anos da companhia,
conta com uma equipe de engenharia extremamente preparada
para encontrar soluções únicas
— desde eliminar gargalos até conferir maior precisão na fabricação de determinado produto.
A empresa está na sua segun-
da geração, liderada pelos três filhos do fundador, Salim Hanna, um autodidata e empreendedor
nato que construiu uma fresadora universal em 1939. Três anos mais tarde, oficializou-se a empresa A sede ocupa área de 12.000 m em Limeira, interior de São Paulo, 2
e conta com 120 colaboradores 4
o mundo da usinagem
com experiência em ferramentas para acabamento de precisão.
outubro.2015/107
pelo desafio A Hanna está organizada em
Essa ferramenta de 24 mm de
“Ela já estava no limite de
duas divisões: Hanna Energy, de-
diâmetro e 595 mm de compri-
avanço por rotação. A única so-
bricação e manutenção de troca-
de corte. Como se tratava de uma
de cortes e o ideal seria quatro
dicada a ferramentas para a fadores de calor, caldeiras (indústrias petroquímica, alimentícia,
aerospacial e geração de energia);
e a Hanna Tools, que desenvolve alargadores, brunidores, barras especiais, fresas, rebarbadores,
retrofaceadores, dentre outros, e é voltada à indústria automotiva.
“Contamos com um time de
vendedores capacitado para conhecer bem as necessidades de
mento possuía apenas uma aresta máquina Transfer, a ferramenta
ficava totalmente recolhida, dentro da bucha guia. Para facilitar a passagem da peça (cabeçote), a bucha guia era dotada de um
rasgo de chaveta para abrigar o elemento cortante — limitando,
assim, o alargador a apenas uma
lâmina e, por consequência, o tempo de ciclo da operação.
lução seria aumentar o número
arestas para atender o tempo de
ciclo”, relata o diretor comercial Eduardo Hanna. Mas não havia
como colocar quatro lâminas: “A bucha guia tinha só um canal para recolher a ferramenta. Então, pre-
cisamos fabricar uma nova bucha guia com quatro canais para reco-
lher as quatro arestas de corte. Aí que veio o problema”.
nossos clientes. Esses profissionais vão além da efetuação da
venda: eles prestam o suporte e oferecem a solução que o cliente espera”, descreve Lucas Hanna, coordenador de Operações. Soluções produtivas
Um dos casos de sucesso da
Hanna Tools no setor automotivo começou com um gargalo na
linha de produção de cabeçotes, especificamente
na
usinagem
dos mancais do eixo-comando. Mesmo trabalhando em três turnos, essa operação não atendia a
produção, devido basicamente a dois problemas: limitação do
Encontro de gerações no showroom da Hanna Tools.Da esq. para dir.:
adquirida e tempo de pré-set.
José Cesário (primeiro funcionário da empresa) e Miguel Hanna (sócio e diretor)
conceito da barra originalmente
outubro.2015/107
Eduardo Hanna (sócio e diretor), Lucas Hanna (coordenador de Operações),
o mundo da usinagem
5
soluções de usinagem
Fábio Ferracioli, da Sandvik Coromant, com a equipe da Hanna
As quatro guias de metal duro
optou-se por trocar para um aco-
gitudinais e paralelas. Se fossem
“Foi quando tivemos outro
da ferramenta original eram lon-
Com isso, conseguiu-se au-
plamento HSK.
mentar a velocidade de corte, ace-
feitos quatro canais necessários
insight”, continua Eduardo. A
por volta. E as lâminas, que preci-
te, no momento do giro da fer-
grande demais para ser tratada
para esconder as lâminas de cor-
ramenta as guias cairiam dentro
dos canais, o que causaria vibrações/ressonância na usinagem.
Para conseguir fazer quatro ca-
nais na bucha guia, os especialis-
tas da Hanna desenvolveram uma solução de guias helicoidais, um
desenho inédito. Após certo ceticismo do cliente, a Hanna aceitou
o desafio de desenvolver a ferramenta por sua total conta e risco. Além de fazer a barra, a equipe
também se propôs a desenvolver a nova bucha e a fixação da máquina — principalmente porque o
acoplamento não era tão preciso, 6
o mundo da usinagem
barra tinha quase 600 mm e era
como única ferramenta monobloco de alta precisão. Para se ter
noção, o batimento máximo admissível era de 0,005mm, o que
dificilmente seria atingido. Para solucionar, a Hanna Tools teve a
ideia de desenvolver essa ferramenta dividindo o conceito em dois — uma parte da máquina e
outra parte ferramenta. Para isso,
lerando em três vezes o avanço
savam ser trocadas a cada 10 mil peças, puderam executar 50 mil
cabeçotes sem ajustes. “Quando o cliente nos procurou com o gargalo, eles queriam somente eliminar a hora extra de trabalho.
Além de eliminá-lo, eles ainda li-
quidaram um turno na planta e melhoraram a ergonomia do pro-
cesso para os operadores”, assegura o diretor comercial.
projetou uma ponta intercambi-
Precisão
um sistema modular simples, o
merece ser destacado foi desen-
ferramenta e do pré-set para pou-
para outro cliente. Enquanto
ável, que passou a ser feita com
que reduziu o tempo de troca da cos minutos.
Outro caso de sucesso que
volvido pela equipe da Hanna havia um desentendimento enoutubro.2015/107
Crescimento calculado Desde os primeiros anos,
em que fazia produtos sob
encomenda para indústrias, a Hanna passou a se
neste ano, em um acordo de parceria entre as duas empresas.
As ferramentas seguintes
especializar no segmento de
a serem desenvolvidas
com a fundação da Petrobras,
problema do lado do cliente,
trocadores de calor e caldeiras em 1953. Foi o início da
Hanna Energy, que seguiu como única divisão até os anos 1980.
Com a crise do petróleo
e a entrada da segunda
geração na empresa, os três filhos, buscaram-se novos
mercados. A primeira peça
fora da divisão Energy, e que coincidentemente se voltava à indústria automotiva, foi
o brunidor de rolo que faz o acabamento do cilindro de
freio. Não havia uma opção
nacional, somente importada e na época era proibitiva a importação.
Curiosamente, nesse
período começou o primeiro diálogo entre Hanna e
pela Hanna vieram de um
que era um entrave para as
vendas do brunidor. Para usar essa ferramenta, é preciso
ter um pré-furo preciso, e os clientes da Hanna tinham dificuldade em encontrar ferramentas boas que
calibrassem o furo. Então, para solucionar o problema deles e impulsionar as próprias
vendas, a Hanna começou a fabricar alargadores e
ferramentas de precisão de
corte, e consequentemente, comercializar mais
brunidores. Esse é um dos
exemplos de como a equipe
de engenharia estuda e simula diversas possibilidades até encontrar a solução.
o advento do alumínio na
mundial de aquisição de
da Hanna foi novamente
fábricas de brunidores, e tomou conhecimento da
Hanna. Apesar de não haver negócio concluído, “iniciou-
se aí nosso relacionamento”, conta Eduardo Hanna. Esse relacionamento culminou,
ramentas sobre onde estaria o erro, a Hanna entrou fazendo
uma análise integral de toda a
linha de produção, chamando a responsabilidade para si, e voltando com a solução.
Na sede de válvulas do mo-
tor, a válvula tem que dar ve-
dação perfeita por estar dire-
tamente ligada à potência do motor. Isso é verificado no teste
de compressão no fim da linha de fabricação do cabeçote. “Essa
usinagem é crítica. Trata-se de um material resistente ao calor com alta dureza e a ferramenta
é solicitada ao extremo”, explica Eduardo Hanna.
O fator mais importante é a
concentricidade entre a guia e a
sede da válvula – a maioria dos fabricantes de motor trabalha dentro de uma norma de 40 até
50 milésimos, e esse cliente estava trabalhando perto de 100 milésimos. A Hanna foi contratada para analisar todo o processo. Acervo pessoal
Nos anos seguintes, com
Sandvik Coromant. A Sandvik estava em uma operação
tre empresa e fabricante de fer-
indústria automotiva, o time atrás de soluções, que neste caso era o PCD (diamante policristalino, na sigla em
inglês), para usinagem desse material. Atualmente, a
empresa trabalha com PCD, metal duro, cermet, e CBN.
Debone, gerente global da
Sandvik Coromant para área automotiva: Hanna atingiu nível de expertise
outubro.2015/107
o mundo da usinagem
7
soluções de usinagem Enquanto a ferramenta origi-
nal trabalhava com muitos pré-
sets e ajustes de componentes
especiais, a Hanna desenvolveu
motiva”, conta o gerente. “Nossa
política é de confiança”, acres-
no país, aliada à queda de vendas
A confiança depositada nos
do que nunca temos que nos fo-
centa Eduardo Hanna.
um sistema fixo. As pastilhas
colaboradores também influen-
ra, e é construída uma tolerân-
equipe Hanna. “A dedicação du-
são fixadas com grampos na barcia de três minutos de ângulo,
considerada muito fechada. Isso gerou um resultado na concentricidade, entre a guia e a sede,
na ordem de 20 milésimos, supe-
Com a situação da atual crise
cia a forma de trabalho de toda a rante os projetos e no pós-venda
é um diferencial. Isso nos apro-
xima do cliente, causando uma sinergia.”, completa Lemos.
O sucesso da Hanna está mui-
da indústria automotiva, “mais car na exportação. Para isso, te-
mos sementes bem plantadas, como a parceria com a Sandvik”.
E o gerente comercial completa: “O mercado nacional é precário, enfrentamos
dificuldade
com
concorrência e barreiras. Mas o
mercado lá fora é deficiente des-
rando a expectativa do cliente.
to calcado nas pessoas, na equi-
Engajamento e compromisso
humanos e técnicos –, a empresa
bal da Sandvik Coromant para
construir suas ideias, e realizá-las
nível de expertise atingido pela
É de se chamar atenção o fato de
que o tempo de casa médio entre os funcionários da Hanna ultrapassa 10 anos. Quem entra lá, permanece. “A empresa é uma grande incenti-
vadora de talentos”, resume Fábio Lemos, gerente comercial.
pe. Com todos esses recursos –
consegue conceber seus projetos, até o fim, de forma que o cliente
sempre tem o que foi prometido. A confiabilidade com o cliente é um fator primordial.
Se a essência da empresa é
Parceria para construir o futuro
de explorar é um dos principais
a nichos variados: além do auto-
“Somos movidos a tomar ações,
bém o agrícola, petroquímicos,
a busca por soluções, o ímpeto valores entre os colaboradores. temos essa liberdade, o que nos
Atualmente, a Hanna atende
sa tecnologia”.
Eduardo Debone, gerente glo-
área automotiva, reconhece o
Hanna: “Não há praticamente
nenhuma empresa brasileira no ramo. A Coromant também tem
muita expertise nessa área, mas há nichos dentro desse mercado
em que a Hanna realmente tem uma performance excelente”.
Fábio Lemos ainda menciona
motivo, que é muito forte, tam-
uma dinâmica particular: “Exis-
entre outros.
não muitas, que fornecem o mes-
tem grandes empresas, embora
Abraçar desafios é um dos principais valores dos colaboradores. Da esquerda para a direira, o gerente comercial Fábio Lemos e Luciano Rodrigues Gomes, no laboratório de Metrologia 8
o mundo da usinagem
outubro.2015/107
Algumas peças automotivas que usaram ferramentas especialmente projetadas pela Hanna
mo nível de qualidade.
países em que atua. Do lado da
tureiros que entram e atrapa-
romant trará uma capilaridade
Mas também há muitos aven-
lham o mercado. Como já temos
uma trajetória, uma história, queremos ultrapassar essas barreiras para atingir esse status
Hanna, a força de vendas da Cocomercial que não poderia ser
alcançada enquanto a empresa continuasse local.
“Somos uma empresa de en-
no exterior”.
genharia restrita ao tamanho do
parceria é levar a capacidade de
parceria, abrem-se portas com
O objetivo principal dessa
inovação da Hanna para comple-
mentar algumas posições de ni-
cho da Sandvik Coromant dentro da área automotiva nos diversos outubro.2015/107
mercado brasileiro. Com essa possibilidades infinitas. Inicia-
-se uma nova era para nossa empresa”, reflete o coordenador de Operações, Lucas Hanna.
A Hanna Tools se tornou referência em soluções de engenharia. o mundo da usinagem
9
produtividade 1
Sempre dĂĄ para
melhorar
A filosofia nascida na indĂşstria automotiva japonesa do pĂłs-guerra se consolida como ferramenta de gestĂŁo eficaz contra a crise
10
o mundo da usinagem
outubro.2015/107
Por Raoni Costa
A
essa altura do ano, as
maior produtividade. O modelo
Ao mesmo tempo, lembra que
seus gestores a portas
projetos e sempre com resultados
Lean (norte-americano) surgiram
empresas
já
reuniram
fechadas para fazer balanços,
avaliar riscos e definir caminhos. Nos business plans, cautela para enfrentar tempos difíceis. Nessa
missão de não deixar que as má-
quinas parem, o Kaizen pode ser
tem presença marcante nesses
que superam os 30% em aumento de produtividade e ganhos de qualidade”, observa Ruy Cortez
de Oliveira, CEO do Kaizen Institute Brasil.
Em junho, um importan-
tanto o Kaizen (japonês) quanto o durante crises similares, como a
que o Brasil está passando agora.
“As empresas terão de se reinventar para conseguir continuar crescendo”, destaca o CEO.
Nesse sentido, o papel do lí-
um importante aliado. Apoiando
te passo foi dado no sentido de
der é essencial. Atento às necessi-
dução de custos, a metodologia
Kaizen na cultura empresarial:
ele precisa ser capaz de inspirar a
as empresas no processo de reatua na eliminação de desper-
dício e na criação de valor. Um moto-contínuo, alimentado pela
ideia do constante aperfeiçoa-
mento. Para fazer mais e melhor,
algum tipo de melhoria pode ser implantado nos processos pro-
dutivos ou no desenvolvimento pessoal da equipe. Todos os dias, continuamente e sem que, neces-
sariamente, se contratem novos
funcionários. Em duas palavras, organização e gerenciamento.
Nascido na indústria automo-
consolidar
definitivamente
o
o anúncio da primeira edição do
Prêmio Kaizen-Lean no Brasil, que será realizado em 2016. O principal objetivo é reconhecer
publicamente as organizações
que adotam as melhores práti-
cas de melhoria contínua. Ao serem premiadas, as lideranças
são encorajadas a dar suporte e
a dinamizar esforços na busca da excelência; e as equipes internas, a reforçar o comportamento de melhoria contínua.
tiva japonesa do pós-guerra, o
Mudança de paradigma
das depois, continua sendo con-
tute, em um ambiente econômico
mais eficazes de gestão. Por aqui,
res a melhorar o desempenho de
Kaizen ganhou o mundo e, déca-
siderado uma das ferramentas graças à atuação do Kaizen Insti-
tute Brasil na transmissão de conhecimento e experiência, cresce
o número de empresas que já testaram e usufruem os benefícios
da metodologia. “Temos acompanhado de perto o movimento
de muitas empresas no Brasil, na busca por melhor desempenho e outubro.2015/107
Para o CEO do Kaizen Insti-
que desafia executivos e gestosuas organizações, é imperativo
dades de melhoria dos processos, equipe e dar subsídios para que,
juntos, promovam as mudanças na companhia. Os primeiros
passos para a implementação do Kaizen estão diretamente liga-
dos ao comportamento dos colaboradores. Entre os principais desafios do líder está superar
barreiras culturais como o famoso e institucionalizado “jeitinho
brasileiro”. Muitos colaboradores não entendem, por exemplo,
as implicações de não respeitar agenda, não cumprir horário ou
prazos, deixar de atender ou retornar um telefonema. Quando
são conseguidas, essas pequenas
mudanças na mentalidade resultam em ganhos.
“Somos especialistas em obter
que as empresas promovam e li-
a aderência da força de trabalho
a Excelência Operacional. Esta é
mente os benefícios dos projetos
derem programas que busquem a forma, segundo ele, de aumen-
tar a produtividade e a qualidade dos processos e produtos e, con-
sequentemente, tornar-se mais competitivo em escala mundial.
às mudanças, mostrando clara-
e fazendo com que as pessoas participem ativamente da trans-
formação”, resume Ruy Cortez de Oliveira. A filosofia Kaizen
move pessoas, times e deparo mundo da usinagem
11
produtividade 1
Mandamentos do Kaizen 1
Todo desperdício deve
2
Todos os colaboradores
ser eliminado.
Zen
devem se engajar no
processo de melhoria.
3
Kai
O aumento da
produtividade deve
Kaizen significa mudança para melhor: kai (mudança) zen (benéfica).
Promover a melhoria constante no trabalho, na vida pessoal ou social
ser baseado em ações que não demandem investimento
financeiro alto.
4 5
Deve ser aplicado em
qualquer local/empresa. As melhorias obtidas
devem ser divulgadas,
como forma de se ter uma
comunicação transparente.
6
As ações devem ser focadas no local de
maior necessidade.
7
8 9 12
tamentos e os motiva a atingir
resultados antes considerados impossíveis. Isso é possível pelo ganho de confiança atingido pe-
las pessoas, característica marcante dos projetos Kaizen.
No seu trabalho, o instituto dá
suporte à direção das empresas na introdução de processos para a redução de custos, assim como
na implementação de projetos de
melhoria. Nas primeiras décadas de existência, após o término da
Segunda Guerra Mundial, o Kai-
zen foi aplicado exclusivamente
O Kaizen deve ser
no ambiente fabril. Mas a sua
que seu objetivo seja
os desperdícios, proporcionando
dos processos.
quantitativamente, abriu as por-
A priorização na
tamentos dentro da organização
deve ser mais importante.
Atualmente, a versatilidade das
O foco do Kaizen é
dústrias de diversos setores, en-
direcionado de forma
eficácia em reconhecer e eliminar
unicamente a melhoria
resultados positivos qualitativa e
melhoria das pessoas
Aprender na Prática.
o mundo da usinagem
tas dos outros setores e depar— de logística a administrativo. ferramentas Kaizen beneficia in-
tre eles, alimentos, farmacêutica, saúde e de serviços e back office.
Cases de sucesso
As empresas que conseguem
implementar o novo paradigma
da filosofia Kaizen tornam-se mais competitivas e capazes de atingir um grau de excelência operacional elevado. Ganham
aumento de produtividade, re-
dução de custos, melhoria de qualidade, redução de estoques,
motivação dos colaboradores, maior flexibilidade, rápido retorno do investimento.
Daniel Mirabile, da empre-
sa de soluções NEC, conseguiu transformar um time desmoti-
vado ao pôr em prática um novo modelo organizacional com ges-
tão mais eficaz e governança. “Promovemos uma mudança de mentalidade, juntamente com
otimização e redução de custos.
Isso proporcionou a construção
de uma nova cultura na companhia”, destaca o executivo, no
lançamento do Prêmio Kaizen-Lean no Brasil, em 17 de junho, no WTC Business Club, em São
outubro.2015/107
Paulo. Para Mirabile, uma em-
companhia é vender – “na Caoa,
motivar a humildade, envolver
lucro e se manter estável, ape-
de”, lembra Correia, a respeito
burocratizar, reduzir e revisar
presa sustentável precisa gerar sar das adversidades. O Kaizen
promoveu práticas da melhoria contínua como fonte geradora de inovação e competitividade.
A NEC é uma empresa ja-
ponesa que havia perdido sua essência, tinha um time sem vontade de lutar. Ao entrar na
empresa, Mirabile implementou um plano de 100 dias utilizando
a metodologia Kaizen, e os resul-
até mesmo o comprador ven-
da compra de veículos usados dos clientes. Com foco em treinamento e sistemas de meritocracia
remunerada, a companhia con-
obteve sucesso ao utilizar o chão
de fábrica como fonte de desen-
volvimento e inovação. “Esse modelo fortaleceu a competitivi-
dade, e a partir de grandes metas conseguimos superar gran-
des desafios”, conta o executivo
Mauro Luis Correia. Uma política interna menos hierárquica e mais participativa resultou na aproxi-
mação maior da diretoria com o ambiente da fábrica. Com isso, as
sugestões de melhorias começaram a surgir dos próprios colaboradores, e a companhia pôde diminuir turnos de trabalho e
gastos com consumo de equipa-
mentos. Obteve, ainda, economia na casa de R$ 5 milhões por ano.
O Grupo Caoa também é o
distribuidor oficial das marcas
Subaru e Hyundai. O DNA da outubro.2015/107
O gestor Antônio Carlos Fe-
problemas enquanto ainda estão
nalizadas. “A área de vendas tem
que entender a montadora e vice-versa”, finaliza.
A empresa suíça Asea Brown
mação, possibilitando às empre-
dedor da marca Ford no Brasil,
ajudou a companhia.
proporcionando vendas perso-
de vender dos colaboradores,
recuperou rapidamente e passou Já o Grupo Caoa, maior ven-
simples solução de problemas
derico conta que apostou na im-
Boveri (ABB) oferece soluções
a gerar lucro novamente.
custos. Esse foco no negócio e na
seguiu melhorar a capacidade
tados foram imediatos. Com foco total em qualidade, a empresa se
as pessoas, rever processos, des-
tecnológicas em energia e auto-
sas de eletricidade, água e gás, e
à indústria, melhorar seu desempenho. Antes de implementar o
Kaizen, os gestores da companhia perceberam que estavam solucionando os problemas dos clientes,
também
contudo,
promover
precisavam
mudanças
internas. A ABB tornou-se mais competitiva quando passou a re-
ver constantemente a estratégia,
portância de resolver pequenos
no início dos processos. “Para minimizar as chances de que eles se tornem elefantes, que emper-
ram a alta gerência e diretoria da
companhia”, resume. Frederico vê a empresa como um organis-
mo único, vivo e interdependente. “Fizemos uma campanha de
empoderamento das áreas da ABB, explicando aos colaborado-
res sua importância e envolvendo as pessoas.” A descentraliza-
ção de poder e a autonomia na
tomada de decisões melhoraram a qualidade e a produtividade
dos colaboradores, fazendo com que o resultado do serviço prestado se tornasse ainda melhor.
Os melhores são premiados O Prêmio Kaizen-Lean acontece desde 2011, em Portugal e na Espanha. A versão brasileira será dividida em três categorias: Excelência na Produtividade, Excelência na Qualidade e
Excelência no Sistema de Melhoria Contínua. Contará com o apoio de instituições de ensino importantes no país, como o Instituto
Mauá de Tecnologia e a Fundação Vanzolini. Todos os projetos
inscritos foram concluídos há menos de dois anos. Os melhores
serão premiados com inscrições para o “Japan Benchmark Tour”,
realizado anualmente, além de vagas em workshops, treinamentos
do Kaizen Institute e realização do Lean Assessments na empresa.
o mundo da usinagem
13
produtividade 2
Inovação colaborativa
na Era 4.0
O interesse individual dá lugar a um novo modelo, que soma esforços e expertise em busca de soluções inovadoras Por Inês Pereira
A
vida em rede criou um di-
das transformações na socieda-
sabe fazer de melhor e, juntos,
te, que deixa para trás as
No Brasil, o pensamento ainda
ideal e, certamente, muito mais
visor de águas importan-
ações individualizadas. Seja no
âmbito pessoal ou nas corporações, os movimentos têm eco e impactam o coletivo. Entretanto,
uma das grandes sacadas desse momento é, na verdade, uma
conclusão antiga que aponta para a união de forças. A dife-
rença do tempo de nossos pais é
que, hoje, a internet abre infinitas
de e no dia a dia das pessoas? é novo. Mas não na Okuma. Fi-
lial brasileira da companhia de origem japonesa, a marca líder na fabricação de máquinas CNC
conjuga o verbo compartilhar há, pelo menos, 11 anos, quando o termo estava longe de ser popular. Mais precisamente, compartilha conhecimento.
O conceito Partners in THINC,
possibilidades de interações e
criado nos centros de tecnologia
Parte da nossa série sobre a
tem como filosofia o trabalho em
convergências tecnológicas.
Quarta Revolução Industrial, essa reportagem começa com a per-
gunta: como o mundo conectado está se organizando em função 14
o mundo da usinagem
da Okuma America, em 2004,
rede. Uma rede muito especial de fornecedores com vocação para
inovar. Trocando em miúdos,
cada um contribui com o que
oferecem ao mercado o resultado
eficaz do que um projeto solo. Diversos segmentos da indústria de
manufatura — desenvolvedores de softwares, fornecedores de ferramentas de corte, produtos e
serviços para aplicações em metrologia industrial, fluidos de cor-
te, robotização, controle dimensional e de processos — estão
representados em 46 empresas, reunidas de maneira organizada para desenvolver e fornecer so-
luções flexíveis para a indústria. “Esses líderes colaboram para
resolver problemas, discutir desafios de mercado e explorar novas ideias”, resume Mohseen
outubro.2015/107
Divulgação Okuma
ma OSP-300. A Okuma repetiu a dose em uma exposição aberta
ao público, no seu estande, na Feimafe 2015, em São Paulo; e recentemente em outubro na feira Mercopar, em Caxias do Sul
(RS). Novamente estiveram presentes, com suas tecnologias, as empresas do Partners in THINC.
Até então inédita no Brasil,
a experiência colaborativa em forma de evento vem sendo frequentemente realizada pela Okuma, em outros países. “O cliente
vivencia realmente uma indústria 4.0, pois tem acesso, em poucas
horas, às mais modernas tecnoCélula de manufatura automatizada com alta eficiência, maior
produtividade e menor custo operacional dos Partners in Think
logias industriais, aplicáveis para
qualquer tamanho de fábrica, demonstrações práticas e apresen-
tações sobre os processos e coHatia, diretor geral no Brasil da Okuma Latino Americana. Inteligência em rede
Em 2014, a Okuma criou um
conceito de evento cooperado
chamado “A Indústria do Futuro”,
que apresenta ao público, juntamente com empresas participan-
tes do grupo, uma célula de ma-
nufatura automatizada, com alta
eficiência, maior produtividade e menor custo operacional. Muito mais que uma clássica apresentação de alta performance tecno-
lógica, a demonstração reflete o poder de fogo da união inovado-
ra de 10 anos atrás. A criação coletiva foi assinada pela Okuma e
empresas parceiras como Kuka, outubro.2015/107
Renishaw, Sandvik Coromant, Schunk, Kas e Caron Enginee-
ring — líderes dos segmentos de usinagem, automação e robotização, controle dimensional e de
processos, entre outros. Nada menos que um sistema com car-
ga e descarga automática de pe-
ças com garra dupla, sistema de alimentação com buffers, medição automática de peças, ajuste
automático do offset das ferra-
mentas em função do resultado
da medição das peças, medição automática dos esforços de corte, sistema de troca rápida das
ferramentas de corte e sistema de troca rápida das castanhas da placa de fixação. Todas as opera-
ções sob o controle do CNC Oku-
nhece o conceito inovador, com
as mais recentes soluções em células robotizadas compactas”, descreve Hatia.
O evento “A Indústria do Fu-
turo” foi o cenário escolhido pela
Okuma para apresentar o con-
ceito da inovação colaborativa.
“A inovação colaborativa é algo que já fazemos com bastante sucesso nos Estados Unidos. Esse conceito tem um sentido
educacional muito interessante. Ele agrega empresas do setor —
complementares umas às outras, e até concorrentes, muitas vezes
— com o objetivo de somar o potencial de várias mentes traba-
lhando no mesmo problema. Ninguém concorre com ninguém”, conta o diretor.
o mundo da usinagem
15
produtividade 2 Sucesso dividido
sileiro. “Para nossa grata surpre-
problema. Com a proposta da
borativa é, antes de tudo, abrir
desejo de nossos parceiros”, diz.
tem o potencial para desenvol-
A intenção da inovação cola-
oportunidades onde não exis-
sa, constatamos que este era um Pode-se dizer que a inova-
tiam. Conforme acrescenta Hatia,
ção colaborativa representa uma
prefere um fornecedor ou outro.
ganhos; uma procura por solu-
é o cliente quem vai decidir se “Sabemos que a escolha é dele, seja por razões comerciais, pro-
fissionais ou pessoais. Mas este cliente vai ter a segurança de que receberá o melhor, pois vários talentos de engenharia e manufatura estão trabalhando no pro-
blema dele e fazendo acontecer a solução que vai torná-lo mais
competitivo”. Todo mundo ganha e, ainda, do lado dos parceiros,
não só podem fazer negócios como estarão compartilhando
mudança de paradigmas com ções completas, com compartilhamento de responsabilidades e
garantia de custos fixos. “Nesse
contexto, há uma sinergia entre as empresas que buscam novas
perspectivas, integrando projetos para alavancar a produtividade e a competitividade”, define Hatia. E, ao final de um projeto, cada
empresa parceira faz a avaliação
dos resultados, inclusive se o saldo foi positivo ou não.
Nas leis que regem a lei da
conhecimento, testando ideias.
concorrência, quando a deman-
continuamente aumentar a com-
ele simplesmente dá as costas
“No Brasil, temos o desafio de
petitividade de nossa indústria minimizando o custo por peça
produzida e o tempo de pay-ba-
ck do capital investido”, analisa Hatia. Mais ainda no momento
de crise, em que o fazer mais com menos e melhor tornou-se frase de ordem. Para ele, o cami-
nho da Quarta Revolução Industrial está justamente na interação
entre as empresas na busca de melhores práticas de produtividade para o mercado brasileiro:
soluções automatizadas, flexíveis
e inteligentemente integradas. Um modelo que já está difundido
em países com o setor industrial
mais desenvolvido do que o bra-
16
o mundo da usinagem
da do cliente não é satisfeita, em busca da solução para o seu
inovação colaborativa, o grupo ver projetos completos. Não se perde cliente. Ao contrário, ele
fica satisfeito e isso é um grande diferencial competitivo. Com a fi-
losofia de colaboração, a Okuma espera que seus clientes se aten-
tem ao fato de que uma máquina isoladamente, dependendo do processo de fabricação e obje-
tivos da empresa, pode não ser necessariamente a melhor solução. Atualmente, esse modelo de trabalho já apresenta desdo-
bramentos: “Nosso grupo evo-
lui para a 2ª etapa, que é ir até o cliente; e não somente ele vir
até nós. Tomara que o mercado entenda esse tipo de abordagem não tradicional. É uma mudança
de mentalidade: dar-nos as mãos e nos ajudar”, complementa.
Como surgiu o Partners in THINC A inspiração para a criação do grupo veio do comando de
arquitetura aberta THINC, somada à crescente demanda do
mercado por soluções completas e inovadoras. A tecnologia possibilita grande conectividade, utilização de ferramentas de
produtividade e acesso à maioria dos aplicativos e periféricos.
Também possibilita a comunicação com leitores de código de barras, alimentadores de barra, robôs, sistemas de medição e
“prestadores” de ferramentas. Um dos trunfos oferecidos pela tecnologia do THINC é a descentralização, já que o um fabri-
cante pode desenvolver um aplicativo específico para o seu
projeto e fornecê-lo diretamente para o cliente final, sem passar pela Okuma. Isso representa agilidade e economia. A Okuma ou seus distribuidores atuam quando o cliente manifesta o desejo que o líder do grupo centralize a gestão do projeto.
outubro.2015/107
entrevista
Fazer mais com menos O gerente de projetos do Lean Institute Brasil, Robson Gouveia, avalia o desenvolvimento de uns dos mais importantes polos empresariais do país Por Alexandre Possendoro
Divulgação
H
á 18 anos atuando em empresas multina-
cionais nas áreas de manufatura, processos, qualidade, administrativas e comerciais, Ro-
bson Gouveia tornou-se um especialista em Lean — o sistema de gestão que nasceu no setor automotivo,
no Japão, mas que vem sendo adotado por compa-
nhias dos mais diferentes setores e mais cresce em todo o mundo. Gouveia é um dos organizadores do
“Encontro Lean Campinas”, evento realizado em setembro, no qual líderes de grandes organizações como Siemens, Bosch e 3M, entre outras, explicaram
como estão eliminando desperdícios e aumentando a agregação de valor aos clientes ao implementar
esse modelo. Na entrevista a seguir, o especialista
detalha como vem evoluindo a gestão em emprePara Gouveia, falar de Lean somente em manufatura é coisa de companhias que vivem no passado 18
o mundo da usinagem
sas da região do sistema Anhanguera-Bandeirantes, fala da importância de melhorar a gestão em mo-
mentos de crise, como a atual, e explica o conceito, a origem e a evolução do sistema Lean.
outubro.2015/107
OMU: O sistema Lean é originário do modelo Toyota.
vos de São Paulo, teve um papel muito importante
japonesa?
formando pessoas. Um instituto que desde a sua
De que forma esse foi desenvolvido na montadora ROBSON GOUVEIA – Uma das maiores monta-
nesse contexto, publicando conteúdos sobre Lean,
fundação, em 1997, até hoje, auxilia empresas a im-
doras do mundo, considerada a empresa mais efi-
plementar e manter o sistema.
em que vivemos, a Toyota não se transformou no
OMU: Hoje, o sistema vai além do setor automotivo.
peça-chave no crescimento da empresa. Representa
ROBSON GOUVEIA – O Sistema começou a ser
tema surgiu na montadora no pós-2ª Guerra Mun-
volvido numa montadora. Mas hoje tem se dissemi-
foi obrigada a reinventar o modo de produção. Ela
em todos os setores, na indústria de transformação,
escala e com baixo custo para competir com as já
hospitais... Falar de Lean somente para manufatura
cular GM e Ford. A Toyota criou, então, uma série
não conseguem enxergar além das ferramentas que
ciente hoje e que cresce mesmo no cenário de crise
que é por acaso. O chamado sistema Toyota foi e é
Como se deu essa abrangência?
as raízes do chamado “pensamento Lean”. O sis-
adotado na cadeia automotiva por ter sido desen-
dial. Com o Japão devastado pelo conflito, a Toyota
nado por praticamente todos os tipos de empresas,
precisava produzir com diversidade, em pequena
em serviços, construtoras, seguradoras, bancos,
gigantescas empresas norte-americanas, em parti-
é coisa de companhias que vivem no passado e que
de técnicas e métodos que permitiam eliminar os
o modelo introduz.
cortando custos e aumentando a eficiência.
OMU: Como está evoluindo a gestão das empresas
OMU: E como esse sistema se espalhou pelo mundo?
ROBSON GOUVEIA – Muitas empresas que atuam
po de pesquisadores do Massachusetts Institute of
Anhanguera-Bandeirantes — localizado no interior
quisa sobre a indústria automotiva mundial. Tal es-
centração no país de grandes empresas adeptas do
lançado em 1990, “A máquina que mudou o mun-
mento na gestão dos movimentos e projetos. Creio
iniciar a divulgação planetária das técnicas de pro-
maiores polos Lean no Brasil. Essas empresas vêm
pensamento Lean. Nesse livro foi, inclusive, feita a
se fazer. O estado mais rico do país é também o lu-
o sistema da Toyota. Descobri o modelo, no final da
seja pela oferta abundante, pelos custos logísticos e
sistema na Alcoa Alumínio, em Sorocaba (SP). Per-
mento econômico no qual estamos inseridos exige
superior a tudo que já havia visto e experimenta-
à gestão nas companhias e sobre como tratamos a
nhias conheciam o conceito, pela escassez de infor-
dade de tudo apenas para o governo e esperar de
Brasil (www.lean.org.br), entidade sem fins lucrati-
te, torna a empresa mais competitiva.
desperdícios tradicionais dos processos produtivos,
da região do sistema Anhanguera-Bandeirantes?
ROBSON GOUVEIA – Na década de 1980, um gru-
nessa região de Campinas, especialmente no eixo
Technology (MIT), dos EUA, fez uma grande pes-
de São Paulo e um dos principais locais de con-
tudo revelou ao mundo o sistema Toyota, num livro
Lean — vêm demonstrando um bom desenvolvi-
do”. A obra atingiu o posto de best-seller mundial ao
que podemos dizer que se trata, hoje, de um dos
dução da montadora, que se tornaram base para o
melhorando seus modelos, mas ainda há muito o
divulgação mundial do termo lean para caracterizar
gar onde a competitividade é ainda mais acirrada,
década de 1990, quando atuei na implantação desse
mesmo para obtenção e retenção de talentos. O mo-
cebi imediatamente que se tratava de algo muito
uma nova abordagem e preocupação com relação
do dentro das empresas. Na época, poucas compa-
produtividade. Não dá para deixar a responsabili-
mações e publicações sobre o tema. O Lean Institute
braços cruzados. O sistema Lean, comprovadamen-
outubro.2015/107
o mundo da usinagem
19
entrevista OMU: Quais são os principais problemas de gestão
bém temos que encarar como uma verdadeira crise
ROBSON GOUVEIA – A falta de um sistema de ges-
empresas. Muitos países e grandes organizações se
nas operações para solução de problemas e o foco
como este que vivemos no presente momento. O
pecialmente nos momentos de dificuldades, pade-
mação trazem uma nova e importante “luz” que
Apesar dos muitos avanços e da abundante oferta
diversos setores: industrial, serviços, saúde e na
poucas companhias conseguem aliar o sistema Lean
gestão que já se comprovou muito superior em or-
pleto. E isso também ocorre na região de Campinas.
ser diferente. No “Encontro Lean Campinas” foram
enfrentados por empresas que atuam na região?
o que temos hoje com relação à produtividade das
tão estruturado, com a capacidade de engajar todos
fortaleceram após impactantes momentos de crise
na melhoria contínua, faz com que as empresas, es-
sistema Lean e seu integrado modelo de transfor-
çam frente ao mercado cada vez mais competitivo.
pode iluminar uma grande virada. Vemos isso em
de modelos estratégicos de gerenciamento, ainda
gestão pública. Estou me referindo a um modelo de
a um modelo de transformação abrangente e com-
ganizações de todo o mundo. No Brasil, não deveria
Mesmo no caso de organizações mais evoluídas em
apresentados diversos exemplos de grandes com-
termos de gestão, que adotam o sistema há tempos, o foco, muitas vezes, erroneamente, ainda permanece limitado
panhias que estão fazendo mais com menos. A crise afeta a todos, mas os impactos são diferentes. Alguns estão crescendo
indiferentes ao que se noticia
a aplicações de ferramentas ou a modelos isolados na manufatura. Entretanto, o sistema Lean deve ser aplicado na empresa toda. Trata-se de um mode-
lo de gestão que ultrapassou
muitas fronteiras e é isso que
buscamos mostrar no recente Encontro Lean Campinas.
A crise exige uma nova abordagem e preocupação com relação à gestão nas companhias e à produtividade”
OMU: Porque as empresas podem se
beneficiar ao adotar esse sistema num momento de crise?
com relação a economia. Tenho comigo que compartilhar
e ajudar as organizações na transformação Lean é, acima de tudo, uma contribuição
social e que pode ser histórica
para a produtividade do nosso
país. Nossa missão é avançar o
conhecimento e a prática do lean
thinking para toda a sociedade.
OMU: Qual é o maior diferencial que o sistema Lean
ROBSON GOUVEIA – Precisamos de cinco brasilei-
proporciona a uma empresa?
Para mim, que trabalho com modelos de gestão há
sistema Lean aumenta a competitividade porque
muito. Conheço muitas companhias que estariam
mente interessa: agregar valor ao produto oferecido
maioria precisa procurar por algo novo, uma nova
ficar as atividades que representam um diferencial
eliminar desperdícios em seus mínimos sinais. A
a pagar, e eliminar os desperdícios, ou seja, que eles
do observamos o seu reflexo na queda dos empre-
mento Lean parte do princípio de que todo processo
ros para igualar a produtividade de um americano.
ROBSON GOUVEIA – Falando de forma básica, o
mais de 18 anos, esse é um retrato que incomoda
tem o potencial de focar a empresa naquilo que real-
fora dessa estatística, mas a realidade é que a grande
ao cliente. Em outras palavras, o Lean visa identi-
visão de um sistema de gestão integrado e capaz de
para os clientes, o que eles estão realmente dispostos
crise econômica é muita séria, especialmente quan-
não estão dispostos a pagar. Atualmente, o pensa-
gos e nos números que temos no Brasil. Mas tam-
produtivo está recheado de atividades que não agre-
20
o mundo da usinagem
outubro.2015/107
gam valor ao produto oferecido ao cliente. Prega, portanto, a eliminação dessas atividades supér-
fluas, cortando, assim, custos desnecessários e ge-
rando oportunidades de crescimento sólido e sustentado para a empresa. É importante deixar claro
Troca de experiências Grandes empresas explicaram em en-
que hoje o Lean é muito mais do que um sistema
contro como aumentaram produtividade,
que deve ser implementado na organização como
com mudança de gestão
de produção. É um sistema de gestão empresarial um todo e não apenas na produção, na fábrica.
Parece até um contrassenso ficar reforçando estas
eficiência, qualidade e diminuíram custos A GNK, multinacional do setor de auto-
questões, mas o fato é que a maioria das investidas
peças, tinha duas preocupações – otimizar
parciais, predominantemente ligadas aos aspec-
a aplicação do modelo “lean e green”, redu-
com sucesso em todos os setores da empresa. O
consumo de energia, e de até 50% do con-
IMA, Bosch, GKN, 3M, Siemens, Camargo Corrêa
aumentando a sustentabilidade do negócio.
a força desse modelo estratégico é muito maior
do setor de autopeças, mostrou como está
mite melhorar todos os processos da companhia,
gística de material proveniente de armazém
seus clientes, permitindo que a organização pros-
presas com déficit de espaço físico.
ders. Isso só poderá ocorrer se todos da organiza-
ral de business excellence, quality and pro-
orquestrada e dinâmica. O sistema e o seu modelo
pacidade de integrar a cadeia produtiva, de
“Encontro Lean Campinas”, demonstramos como
companhia, conectando os diferentes pro-
de resultados muito superiores.
produtividade e aprendizado.
ligadas ao Lean tratam o tema a partir de óticas
gestão e diminuir impacto ambiental. Com
tos das ferramentas em si. Mas, o Lean é aplicável
ziu 10% do custo com diminuição de 10% do
que vimos nos cases das diversas companhias —
sumo de materiais e geração de resíduos,
e Wabco, no “Encontro Lean Campinas” — é que
Na área de logística, a WABCO, também
do que muitos enxergam. É um sistema que per-
aplicando o sistema Lean para otimizar a lo-
fazendo-a entregar, cada vez mais, real valor aos
externo — situação muito comum em em-
pere e entregue o que é esperado pelos stakehol-
De acordo com Cezar Zanini, gerente ge-
ção pensarem o Lean como estratégia, de forma
ject manager da Siemens, o Lean tem a ca-
de transformação estruturado permite isso. No
geração de valor, de uma ponta a outra na
o vem ultrapassando fronteiras, gerando entregas
cessos produtivos e gerando crescimento, Há 13 anos adotando o sistema Lean, a
3M detalhou como vem implementando o modelo de gestão nas sete fábricas brasilei-
ras da marca, já com mais de 100 linhas de
produção certificadas, todas com resultados
significativos. Foram destacadas as “quatro camadas” do sistema Lean da 3M, que se ba-
seia na padronização do trabalho, da operação à alta liderança.
outubro.2015/107
o mundo da usinagem
21
Escola do
futuro
Divulgação Bosch-SENAI
educação e tecnologia
A importância de investir em aprendizagem industrial para formar as novas gerações de profissionais que farão a diferença Por Vera Natale e Inês Pereira
E
m meio a tantos aconteci-
de investir na formação das no-
tornar um instrutor para também
rumos da economia bra-
atuarão nas fábricas, nas oficinas
lentos, tal e qual ocorreu com ele
mentos que mudaram os
sileira, poucos fatos relativos ao
país roubaram a cena positivamente. Um deles foi a realização
da WorldSkills 2015, em agosto último – pela primeira vez no
Brasil. A competição internacional mais importante da educa-
ção profissional iluminou nossa autoestima com uma coleção de
vas gerações de profissionais que
e nos departamentos de P&D. As
novas cabeças que estarão aptas
a trabalhar na Indústria 4.0, em que a cadeia produtiva, conec-
tada ao uso da Internet das Coisas, Big Data e redes inteligentes
e exige pessoas que entendam esse funcionamento.
O Brasil tem tradição em for-
medalhas de causar inveja aos
mar talentos. Está aí para con-
todo, 27 medalhas, das quais 11
existência com mais de 60 mi-
países mais desenvolvidos — ao de ouro, 10 de prata e 6 de bronze, mais 18 certificados de excelên-
cia. A WorldSkills também apon-
tou caminhos e reforçou certezas para a indústria. A principal de-
las, sem dúvida, é a importância 22
o mundo da usinagem
firmar o Senai e seus 73 anos de lhões de brasileiros formados.
preparar novas gerações de ta-
na Escola Interna Bosch-SENAI
(veja quadro no fim da matéria).
Ou como Andressa Laskoski, de
17 anos, cuja família inteira sempre trabalhou na indústria. “Fui
apoiada por eles a ingressar nessa área. Tive a oportunidade de participar do processo seletivo
para entrar no curso de mecânica geral, e estou curtindo. Meu pró-
ximo passo é participar de uma Olimpíada também.”
Muitas histórias formam essa
Em sua maioria jovens, como o
imensa colcha colorida e diver-
de 23 anos – um dos 56 competi-
na aprendizagem profissional.
curitibano Alesson Roger Lopes,
dores que representaram o Brasil na WorldSkills –, cujo desejo é se
sa de jovens que ingressaram Como a da instrutora Silvana
Evangelista Mangueira, hoje com outubro.2015/107
As aulas da Escola Interna Bosch-SENAI são realizadas em ambiente de 500m², totalmente equipado
27 anos, que começou aos 15,
Industrial da Bosch em parceria
1988, e, em dois anos, já atuava
mecânica na Escolinha: “O que
A unidade, que compreende a
“Atuei também na escola da Bos-
quando conheceu a área metal-
me encanta é a transformação desses alunos com 16, 17 anos.
Eles entram na mecânica, como
eu entrei, sem ideia do que seja. E nós, instrutores, fazemos isso, passando o conhecimento que te-
mos para eles, e transformamos
com o SENAI, em Curitiba (PR).
divisão Diesel Systems, dedica-se a fabricar sistemas de injeção eletrônica a diesel. E, desde os
primeiros contatos com o conhecimento técnico, os alunos convivem no ambiente fabril.
“O índice de aproveitamento
alunos em profissionais”.
de nossos aprendizes ao término
aprendizagem industrial estão
93%, ou seja, ao fim do programa
As parcerias em nome da
entre os caminhos confirmados no legado da competição mundial para a viabilização desse
grande projeto que é tornar nossa indústria mais competitiva e pu-
jante. Conhecida carinhosamente
como Escolinha, a Escola Interna faz parte do programa Aprendiz outubro.2015/107
do curso de aprendizagem é de
os aprendizes são contratados e atuam em diversas áreas dentro
como instrutor de aprendizagem.
ch de Campinas, como instrutor
de aprendizagem, no período de 2000 a 2005.” A contratação de aprendizes é lei no Brasil, mas,
antes de sua total efetivação, a Bosch sempre acreditou no programa de aprendizagem. Tem infraestrutura própria para propor-
cionar a seus menores aprendizes o ambiente propício para o desenvolvimento de competências.
A Bosch tem uma parceria
da empresa”, informa Fábio Sil-
com o SENAI de Curitiba há mais
mento técnico e pela Escolinha,
um vínculo consolidado, que se
veira, responsável pelo treina-
em Curitiba, há dez anos. Ele também iniciou na Bosch como
menor aprendiz do SENAI, em
de 30 anos, e, segundo Silveira, é potencializa ano a ano. A grade
de matérias dos cursos é organi-
zada e elaborada em conjunto, o mundo da usinagem
23
educação e tecnologia assim como a metodologia de
dispõe de cerca de 500 metros
zes podem optar entre os cursos
pamentos e profissionais (instru-
ensino. Atualmente, os aprendide mecânica geral, auxiliar admi-
nistrativo e produção industrial,
com duração de cinco semestres. Até hoje, a Escolinha formou mais de 1000 aprendizes e, neste
ano, estão matriculados mais de 120 alunos.
Considerados tão importantes
quanto saber manejar uma ferramenta ou interpretar um projeto,
valores como responsabilidade, respeito, consideração ao outro e
dedicação fazem parte do apren-
jovens aprendizes que não se
identifiquem com o curso ou escolham outras atividades no futuro. O fundador da companhia,
Robert Bosch, foi um aprendiz, e não tenho dúvidas de que esse
cuidado e a importância dada ao tema ele tenha deixado como legado”, diz Fábio Silveira.
O valor das competições
A Bosch, por meio da Esco-
linha, tem um histórico de par-
ticipações em competições, e os
Roberto (instrutor) 24
o mundo da usinagem
Conhecimento, fase nacional, em
2014, tivemos quatro aprendizes da Escolinha competindo. Obti-
vemos Medalha de Ouro em Modelagem de Protótipos; Medalha
de Bronze em CAD (Desenho Assistido por Computador); Diplo-
mas de Excelência em Fresagem CNC e Torneamento CNC.”
Silveira destaca a importância
vés delas os resultados chegam
toda a vida. Mesmo no caso dos
e a aprendiz, Andressa, e
vens. “Na última Olimpíada do
valores e de um ambiente que vae a confiança serão levados para
técnico), Silvana (instrutora)
para o desenvolvimento dos jo-
das parcerias entre indústrias e
loriza a abertura, a transparência
(responsável pelo treinamento
tores) com dedicação exclusiva
dizado em sala de aula. “Tenho certeza de que essa vivência de
De cima para baixo: Silveira
quadrados, com máquinas, equi-
resultados vêm aumentando a
cada ano. Para Fábio Silveira, ter um aprendiz participando des-
se processo incentiva os demais aprendizes a participar também. Para treinar os alunos, a Bosch
escolas, pois, segundo ele, atramais rapidamente e com maior
economicidade. Na semana da WorldSkills 2015, exemplifica,
a equipe de instrutores e alunos
da Escolinha visitaram diversas fábricas, em São Paulo, onde tive-
ram acesso a muitas informações técnicas e até visita monitorada.
“Eles puderam vivenciar todos os processos de fabricação de fer-
ramentas e máquinas que usam no dia a dia lá na empresa. Uma
coisa é usar o produto e seus parâmetros, outra coisa é conhecer
todo o processo de fabricação
desse produto. Isso enriquece o conhecimento, pois eles entendem melhor o que estão fazendo e porquê daquele funcionamento. Isso é bacana!”
Roberto Cesar Ribeiro Leite,
instrutor de aprendizagem na
Bosch-SENAI Curitiba, conta que outubro.2015/107
outras visitas a empresas foram
nos aprenderam muito com essas
do Conhecimento fase estadual
pe: “Trouxemos a maior parte de
No caso específico de Alesson,
Nesta, realizada em Belo Hori-
feitas durante a estada da equi-
visitas”, explica o instrutor.
nossos alunos, pois nós acredita-
que participou da WorldSkills,
de para que eles desenvolvam
damente três anos. Isso porque,
mos que é uma boa oportunida-
conhecimentos técnicos. E prestigiando a WorldSkills, que estava muito bonita e muito bem orga-
nizada. Com certeza nossos alu-
a preparação foi de aproximasegundo o responsável pelo trei-
namento técnico, o jovem passou antes por duas competições pro-
movidas pelo Senai (Olimpíada
Semeando o futuro A trajetória de Alesson Roger Lopes, de 23 anos, aponta para
um futuro promissor. Ele é um dos muitos jovens talentos que
de 2013 e fase nacional de 2014). zonte, Alesson foi campeão brasileiro. “Enfrentamos muitos desafios, porque ele foi o primeiro
competidor brasileiro de Mode-
lagem de Protótipos. Por ser uma modalidade nova, exigiu bastante pesquisa e estudo quanto a
materiais e técnicas necessárias
para a categoria”, lembra Silvei-
ra. “Para ter uma ideia, tivemos de desenvolver novas competências, como pintura de peças.”
As competições profissionais
despontaram nas salas de aula dos cursos técnicos. Desde que se
possibilitam a avaliação das ha-
Curitiba, seu esforço e desempenho foram reconhecidos: foi pre-
quiridas por nossos aprendizes
gou a campeão nacional em 2014; e, neste ano, esteve entre os 56
moramento na empresa.
bagagem técnica e emocional imensa. Aqui na Bosch, estou muito
mulo a todos os aprendizes que
dores da competição estadual do ano que vem e tenho chances de
de aprendizagem, incentiva a
na modalidade de Modelagem de Protótipos, acabei recebendo um
desempenho cada vez mais ele-
de que tudo isso terá um peso grande no meu currículo.”
se reinventar, de procurar me-
formou em mecânica geral, em 2012, na Escolinha Bosch-Senai de
bilidades e competências ad-
miado na Olimpíada do Conhecimento, fase regional em 2013; che-
dentro da escola SENAI e o apri-
jovens brasileiros na WorldSkills. “Essa experiência me deu uma
Além de ser um grande estí-
bem, contratado. Fui convidado para fazer parte do time de avalia-
fazem parte de nosso programa
virar treinador”, conta. “E por ter a oportunidade de ser pioneiro
busca de resultados e níveis de
treinamento especial e conhecimento diferenciado. Tenho certeza
vados. “Há uma necessidade de lhorar a cada etapa desse processo, que começa na primeira
aula e vai até o dia que antecede
a competição. É uma busca contínua pelo novo, pelo melhor,
de todos os lados – tanto dos
instrutores quanto dos alunos”,
conclui Silveira. No fim, todos ganham. Isso inclui a indústria,
já que os novos talentos saem das bancadas de competição prontos Alesson: bagagem enriquecida pela WorldSkills
outubro.2015/107
para enfrentar os desafios que estão por vir.
o mundo da usinagem
25
educação e tecnologia 2
Futura
liderança Qual a verdadeira importância de se investir nos trainees? *Por Flávia Queiroz
H
oje o programa de Trainee
mento, somado a um profissional
dos RH’s das empresas,
de de oxigenar a empresa com
é um dos principais focos
assim como o maior desejo da grande maioria dos jovens recém-
formados. O Trainee foi a “fórmula” encontrada de investir no
desenvolvimento de jovens profis-
sionais com um potencial diferen-
de alto potencial, com capacida-
cas que podem ser desenvolvi-
novas ideias, alta capacidade de
certas características comporta-
entrega e muita energia para tra-
balhar — ajudará muito a empresa a atingir suas metas e preparar sua linha de sucessão.
Desde 2013, a Seja Trainee
ciado, proporcionando um acele-
realiza a pesquisa anual “Trai-
e, consequentemente, gerando um
compreender seu perfil e desejos.
ramento no início da carreira deles
pipeline de liderança com maior facilidade e assertividade.
As empresas fazem um gran-
de investimento para conseguir
atrair para este jovem e também para contratá-lo, desenvolvê-lo
e retê-lo após o termino do programa de trainee. O objetivo do tradicional programa de trainee
é desenvolver um olhar sistêmico e generalista da empresa. Um
programa bem desenhado — que proporcione este olhar e uma boa
base de módulos de desenvolvi26
o mundo da usinagem
Visando competências técni-
nee do Futuro”, com o intuito de
Em 2015, a pesquisa foi realizada com 591 trainees aprovados, de
21 a 30 anos de idade, contrata-
dos por 66 empresas de diversos
das com facilidade mais adiante, mentais são de extrema impor-
tância para observar no jovem trainee: capacidade de se adaptar
a mudanças, facilidade de criar relacionamentos, foco em entre-
gas de qualidade e busca pela inovação. Pontos que podem ser observados no jovem durante um processo seletivo e que serão colocados em prática durante suas atividades na empresa.
Cada vez mais as empresas
segmentos. Segundo as informa-
precisam se preocupar na estru-
tados procuram empresas que in-
senvolvimento, focando sempre
ções coletadas, 68% dos entrevisvistam em seu desenvolvimento profissional e acelerem a curva de aprendizagem e crescimento
dentro da organização. Enquanto 41% e 40% buscam o job rotation e
uma posição de destaque na empresa, respectivamente.
turação de seus programas de deem uma estratégia em longo pra-
zo de criação de uma futura liderança. Mas existem algumas prá-
ticas conhecidas no mercado de trainees que ajudam no processo de atração e, mais importante, de
retenção dos jovens nas empresas outubro.2015/107
es como a futura liderança da or-
ganização. Ou seja, quanto mais se investe nesta futura liderança,
maiores as chances da empresa
atingir seus resultados e se preparar para sua futura liderança.
Este não é um investimento
para colher os melhores frutos
em curto prazo. Mas, se bem fei-
to, pode gerar bons frutos em
diversas frentes. Não só quando olhamos para as áreas que recebedurante os programas, que pos-
mento e programas em que pos-
rão este trainee e o business em si,
ser de 3 a 36 meses. Programas de
tos técnicos e comportamentais.
branding. Tudo sempre depende
às vezes até internacionais, são
uma posição de destaque dentro
empresa, mas quando falamos de
no mercado atualmente. Práticas
buscam muito mais. E quando
crescer ainda mais, buscar ino-
ja acontecendo, não hesitam em
rança, assim como, empresas me-
compensação, quando encontram
passando por um momento de re-
cebê-los, acabam permanecendo
do negócio, vale a pena olhar com
suem duração variável, podendo mentoria, coaching e job rotation, algumas das atividades presentes que existem com o intuito de pro-
mover um rápido aceleramento
profissional dos jovens, em que eles são expostos diariamente a
desafios sempre com o apoio dos gestores da organização.
É importante ter em mente a
necessidade de inovação na área
de atração, seleção e recrutamen-
to destes jovens, pensando sempre em promover atividades que
agreguem valor à carreira deles. E, como ponto de maior impor-
tância, garantir a aderência dos
valores e objetivos dos candidatos
com a empresa em que vão trabalhar. Cada vez mais, esses profissionais buscam uma relação de troca com organização. Enquanto
eles estão dispostos a dar o sangue para o crescimento da empresa, também buscam gestores
envolvidos em seu desenvolvioutubro.2015/107
sam adquirir novos conhecimen-
mas também para o seu employer
Foi-se o tempo em que bastava
dos objetivos e momento de cada
da corporação, agora os jovens
grandes empresas que querem
não sentem que esta troca este-
vações e criar seu pipeline de lide-
deixar o programa de trainee. Em
nores e/ou familiares que estão
organizações preparadas para re-
estruturação e profissionalização
na posição por mais tempo.
atenção para este tema.
Ainda segundo a pesquisa
“Trainee do Futuro”, 37% dos
profissionais entrevistados pre-
Divulgação
tendem permanecer na empresa
por mais de 10 anos, enquanto 26% ficarão na organização entre 5 e 10 anos. Portanto, pode-se dizer que cada vez mais os jovens
estão em busca de empresas onde possam desenvolver suas carrei-
ras por um tempo maior. Enquan-
to isso, as empresas devem se preocupar em fortalecer sua marca com os jovens e criar programas
estruturados que atraiam esse público, sempre focando nos traine-
*Flavia Queiroz é sócia gerente da Seja Trainee, responsável pelo trabalho de Atração e Relacionamento de Empresas e Universidades. o mundo da usinagem
27
negócios da indústria
Por uma logística
competente A automação nas atividades intralogísticas só garante bons resultados se for embasada em amplo estudo e planejamento Por Edson Carillo*
E
m tempos de crise, a logís-
Sabemos, contudo, que isso
tica ganha importância vi-
não é nada simples. Afinal, como
cio. Merece um olhar cuidadoso
os produtos desejados senão à
tal para a saúde do negó-
e urgente por parte do gestor, especialmente se a busca pela me-
lhoria dos processos está em pau-
ta. Investir em tecnologia sem o
preparo necessário em diversos aspectos pode ser uma armadilha
fatal. A questão da automação na movimentação e armazenagem
de materiais é algo já bastante debatido. Apesar disso, percebe-
-se que parte dos profissionais, ao analisar sua implementação,
fazer chegar aos nossos clientes
mir a logística em nossas empre-
vel? Enfim, a equação é complexa e o essencial é mantermos o foco no que de fato poderá aumentar a produtividade. Tenha em men-
te que automatizar uma perda raramente será a solução para o
incremento da produtividade do seu negócio.
Em logística não se consegue
mente vou piorar o outro. Co-
produtos, o ideal seria não exis-
tirem — “melhor do que ter um armazém, é não ter nenhum”.
Com este direcionador é que de-
vemos começar um estudo de otimização da intralogística. 28
o mundo da usinagem
Se fosse tudo muito simples,
não com algum estoque disponí-
der prontamente a um pedido se-
vimentação e a armazenagem de não agregam qualquer valor aos
clientes. E assim por diante.
não precisaríamos de técnicos e
melhorar sempre. Ou seja, se eu
materiais são uma perda, isto é,
judicando o nível de serviço aos
base de transporte? E como aten-
ainda deixa de lado um fator fundamental. Pondere: se a mo-
mazenagem e ainda acabará pre-
melhorar de um lado, provavel-
gerentes preparados para assusas. O profissional mais despreparado poderia ser responsável pelas operações, apenas despe-
jando uma quantidade de dados em planilhas eletrônicas ou softwares otimizantes para obter
a resposta aos problemas de sua empresa. Se há alguém que pen-
se dessa maneira, logo verá que
esta maneira equivocada de pensar trará consequências drásticas. É fácil encontrar sofisticados
nhecidos como trade-offs, ou tro-
sistemas de movimentação e ar-
a ocupação de um determinado
mesmo não sendo novidade, sua
cas compensatórias, ao melhorar centro de distribuição, por exemplo, prejudica-se a sua seletividade. Ao reduzir as despesas com transporte,
provavelmente
se
aumentará as despesas com ar-
mazenagem de materiais que,
alta tecnologia e automação, e
consequente alto investimento
na aquisição, nos faz pensar em
como seria bom termos um destes em nossa empresa.
outubro.2015/107
É como se fôssemos a um dis-
ples dos transpaletes deve-se ter
cara de automóvel, mas o valor
considerar a aquisição de um
tribuidor de alguma marca muito inviabiliza sua aquisição. É cla-
ro que comprar um automóvel é muito diferente de comprar um equipamento para intralogística,
mesmo que alguns adquiram seu sistema intralogístico pelo que ele é, e não pelo que pode oferecer, seu benefício.
Para adquirir um transeleva-
dor, um sistema de sortimento, uma empilhadeira ou o mais simoutubro.2015/107
um bom motivo. Não podemos equipamento de movimentação de materiais como um fim, mas
sim um meio, uma ferramenta. Isto é, esse tipo de equipamento
deve ser escolhido apenas e tão
somente se já tivermos desenvol-
vido um estudo do sistema logís-
tico, e este é a melhor alternativa técnica, operacional e economicamente viável para o desempenho requerido.
Viabilidade
Como ocorre com qualquer in-
vestimento, devemos considerar todos os custos envolvidos. O
que frequentemente identifico é
que nos esquecemos das despesas com o capital, que é um custo de oportunidade. Talvez no país
que tem o recurso financeiro, o dinheiro, mais caro do mundo,
chega ser um erro “capital”, lite-
ralmente, esquecê-lo na avaliação de um investimento. Esta despesa com capital é, na verdade, o que o mundo da usinagem
29
negócios da indústria deixamos de “ganhar” se tivés-
semos investido em algum outro
ativo com um retorno melhor ao da aquisição dos equipamentos, geralmente um investimento fi-
nanceiro, ou mesmo a taxa de
empréstimo para tal aquisição. O ideal é basearmos esta taxa na
expectativa de remuneração dos acionistas do empreendimento.
Com as informações em mãos
é que podemos passar à análise
de viabilidade econômica — e
nesse momento, o custo total de propriedade, Total Cost Ownership (TCO), é o modelo mais adequado. O TCO considera, não apenas
os valores do investimento inicial,
mas todas as demais despesas decorrentes do uso do sistema durante a vida útil, ou tempo de
utilização do software ou equi-
pamento, incluindo as despesas como mão de obra, manutenção, atualizações entre outras.
Geralmente, sistemas automá-
Conclusão
A aquisição de um sistema
ticos tendem a gerar certa falta de
equipamento para intralogística,
sua adoção em ambientes muito
nica —a confirmação da capaci-
especificamente cada caso, posso
necessidade operacional, sempre
sas que investiram pesadamente
possibilidade da eliminação da
depois acabaram por “desligar”
sua racionalização.
mudança das tais premissas consi-
mais complexo, ou qualquer
flexibilidade, o que comprometerá
deve iniciar pela justificativa téc-
diversos e imprevisíveis. Sem citar
dade do mesmo em atender sua
afirmar que são várias as empre-
considerando,
a
em automação da intralogística e
causa dessa necessidade, isto é,
seus equipamentos por conta da
inicialmente,
Depois de comprovado o re-
querimento técnico, passamos à
deradas na fase inicial do projeto.
Enfim, ao avaliar as alternati-
viabilidade econômica, sem es-
vas de melhorias em nosso CD,
negócio pode muito bem alterar
derar o papel decisivo do gestor
lizadas previamente no estudo.
de suas operações, eliminando
tático. Ao contrário, muda cons-
gam valor e não são necessárias.
de adaptação a estas mudanças é
possível considerar a aquisição
prosperidade de nosso negócio.
apresente o melhor retorno.
quecer que a dinâmica do nosso
não podemos deixar de consi-
completamente as premissas uti-
logístico — otimizar o resultado
O ambiente empresarial não é es-
todas as atividades que não agre-
tantemente e a nossa capacidade
Somente depois desse estudo é
que permitirá a sobrevivência e a
daquela solução logística que
Quando investir é necessário Existem três razões básicas para considerarmos o investimento na automação
de nossa intralogística, mesmo quando economicamente podem não se justificar:
1
Por questões de segurança, quando
não é recomendável termos pesso-
as na área de operação. As razões podem ser desde insalubridade, periculosidade ou mesmo por ne-
cessidade de sigilo, muito comuns no meio militar;
2 3
Por escassez de espaço, e a alternativa tecnicamente viável é a automação;
Quando o fluxo (through-put) é muito elevado, isto
é, mesmo com a alocação de mais recursos como mão de obra, por exemplo, não há capacidade para atender o volume de movimentações requerido.
*Edson Carillo é diretor executivo da Connexxion Brasil, vice Presidente da Associação Brasileira de Logística (Abralog), Co-Chairperson do Comitê de Logística, Manufatura e Qualidade da SAE e professor de Pós-MBA na FGV.
30
o mundo da usinagem
outubro.2015/107
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conhecendo um pouco mais
O caminho da
valoração
Esta técnica possibilita incorporar os ecossistemas nos processos de tomada de decisão Por Fernanda Macedo
O
s ecossistemas são ativos necessários para o crescimento
econômi-
co e o bem-estar da sociedade.
impactos que ela pode gerar sobre a natureza?
No Brasil, a iniciativa chama-
da Tendências em Serviços Ecos-
Quando preservados, geram be-
sistêmicos (TeSE), criada em 2013
serviços ecossistêmicos, como a
tentabilidade da Fundação Ge-
nefícios valiosos conhecidos por água doce, a polinização, o con-
trole de erosão, a purificação do ar, a regulação do clima e a proteção contra riscos naturais.
Esses benefícios estão presentes
não apenas na vida das pessoas, mas também servem de base às atividades do setor privado e
da economia como um todo. Por isso, desconsiderar a influência
pelo Centro de Estudos de Sustúlio Vargas (FGVces), reúne um grupo de empresas e pesquisado-
res com o intuito de desenvolver um conjunto de ferramentas de
apoio à gestão empresarial para a valoração de suas vulnerabili-
dades e impactos relacionados aos serviços ecossistêmicos, em especial as externalidades.
O objetivo principal desse gru-
dos processos produtivos sobre
po é criar um modelo de “MRV”
pode trazer grandes prejuízos fi-
é, que permita às empresas men-
acurácia dos dados (“V” de veri-
vidades (“M” de mensuração),
ecossistêmicos nessa iniciativa é
o equilíbrio desses ecossistemas nanceiros ou até mesmo inviabilizar os negócios. Quais critérios,
então, os líderes empresariais deveriam considerar para tomar
uma decisão quando cientes dos 32
o mundo da usinagem
de serviços ecossistêmicos, isto surar esses ativos em suas ati-
elaborar relatos que contenham
essa informação (“R” de relato) e realizar uma verificação sobre a
ficação). A avaliação dos serviços feita considerando-se três aspectos distintos: a dependência, o impacto e a externalidade.
outubro.2015/107
Para as empresas, a depen-
guindo o mesmo exemplo, a falta
(Pese), iniciativa do World Re-
exposição ao risco, por exemplo
empresa de não ser capaz de gerar
ria com o Conselho Empresarial
dência mapeia o grau máximo de uma geradora de energia hidre-
létrica ficar sem água. Se o risco tornar-se realidade, teremos o impacto, ou seja, a materialização
desse risco no mundo real. Se-
de água geraria o impacto para a
energia. Já a externalidade traz o
risco do ponto de vista das partes
interessadas, como a falta de água em uma bacia hidrográfica que
foi demasiadamente demandada pela geradora de energia.
Para estipular os custos rela-
cionados a esses três aspectos, a TeSE desenvolveu diretrizes de
valoração econômica de serviços ecossistêmicos para as empresas, assim como uma ferramenta de
cálculo, um compilado de estudos
Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), em 2012,
tem como objetivo central uma
valoração qualitativa dos serviços
ecossistêmicos, ou seja, uma classificação do nível de dependência
em alto/médio/baixo e do perfil do impacto (positivo ou negativo)
causado pela empresa sobre esses
serviços. Com base nessa classifi-
cação, já é possível avaliar os riscos aos quais a empresa está sujeita.
Independentemente do resul-
de casos e um modelo de como
tado monetário ou qualitativo que
loração, todos disponíveis em seu
preservação dos serviços ecossis-
reportar os resultados dessa vawebsite. A ferramenta de cálculo
possibilita a valoração de oito ser-
viços ecossistêmicos: provisão de
água, provisão de biomassa combustível, regulação da qualidade da água, regulação da assimilação
de efluentes líquidos, regulação
essas metodologias apresentam, a têmicos é fundamental para ga-
rantir a existência dos negócios e da sociedade. Mas, se o caminho
escolhido for a valoração, é preci-
so entender os métodos econômicos por trás dessas metodologias.
do clima global, regulação de po-
Metodologias possíveis
solo e recreação e turismo.
as externalidades negativas que
serviço ecossistêmico em termos
de regulação do clima global,
linização, regulação de erosão do Vale lembrar que valorar um
monetários pode não refletir a totalidade de sua importância
para a sociedade. Por exemplo,
no caso dos serviços culturais prestados
pelos
ecossistemas,
há benefícios que não são capta-
dos pelos métodos econômicos,
Para valorar, por exemplo,
afetam o serviço ecossistêmico são consideradas as atividades de uma empresa que implicam
a decomposição ou a queima de biomassa, bem como outras fon-
tes de emissões de gases de efeito estufa (GEE).
Essas atividades geram exter-
como os serviços da identidade
nalidades negativas que contri-
Por isso, a Parceria Empresa-
e suas consequências podem ser
espiritual que a natureza presta.
rial pelos Serviços Ecossistêmicos outubro.2015/107
sources Institute (WRI) em parce-
buem para a mudança climática
expressas monetariamente pelo o mundo da usinagem
33
conhecendo um pouco mais Custo Social do Carbono. Esse
estima valores relacionados à
de que o serviço ecossistêmico
veis impactos decorrentes da adi-
gócios, enquanto o MCR calcula
produtivo de uma empresa.
é um custo estimado dos prováção de uma tonelada de carbono
na atmosfera. Tais impactos po-
dem estar relacionados à produtividade agrícola, saúde humana,
danos a infraestruturas públicas ou privadas etc.
Com base no custo social do
carbono, é possível utilizar o
Método de Custos de Reposição
(MCR) para estimar a importância da regulação do clima global
e como a alteração no funcionamento desse serviço ecossistêmico, que resulta na intensificação
prevenção de perdas para os ne-
valores relacionados à recupera-
ao uso de solo, por exemplo, os
os gastos que seriam necessários
viço Ambiental (PSA) buscam
caso dos efluentes, presumem-se para prevenir a perda de quali-
dade da água no ponto de lança-
mento desse efluente, por exemplo, através da instalação de um
sistema de tratamento de efluen-
tes. Essa abordagem pode ser relevante em um contexto estra-
tégico de empresas que buscam investir em prevenção de riscos. Mata ciliar
entender o quão importante é
rações que preferem tomar suas
caso de valorar as emissões que
do fator dose-resposta. Se uma
manter uma floresta em pé, no
não ocorreram, como é o caso do desmatamento evitado.
O intenso lançamento da
carga poluidora gerada pelas
atividades de uma empresa em corpos hídricos pode afetar a
capacidade do ecossistema de
assimilar os danos e as consequências da degradação ambiental
Para os serviços relacionados
ção dessas perdas. Portanto, no
das mudanças do clima, impacta a sociedade. Também é possível
serve de insumo do processo
Há também casos de corpo-
decisões de acordo com o chamaempresa de geração de energia por hidrelétricas quiser garantir o fluxo de água em suas usinas,
ela poderia se perguntar “qual a área preservada nas margens de
um reservatório e na nascente são necessárias para garantir a provisão de “X” litros de água?”
Para essa análise, é preciso
sistemas de Pagamento por Ser-
recompensar o produtor que contribui para a manutenção de
serviços ecossitêmicos por meio da preservação de uma área flo-
restada como alternativa econômica às atividades produtivas.
No caso do PSA, portanto,
pode ser utilizado o Método de Custo Oportuno (MCO), que busca definir o valor a ser pago
pela adoção de práticas conser-
vacionistas a partir da comparação com a renda que poderia ser obtida se, em vez de ser con-
servada, a área fosse utilizada
para produção tradicional. Para incentivar o proprietário rural
a mudar sua prática, o valor da alternativa ao cenário atual – ou
seja, o pagamento pelo serviço ambiental – deveria ser superior
ao valor que seria obtido pelo uso tradicional do solo.
Os métodos de valoração são
causada por esses efluentes. As-
considerar que uma variação na
ferramentas para facilitar a in-
por uma empresa afeta a qua-
determinado serviço ecossistê-
processo de tomadas de decisão.
sim, o lançamento de efluentes lidade da água disponível para
outros atores sociais, gerando uma externalidade negativa.
Para valorar essa externalida-
de, o Método de Custos Evitados (MCE) pode ser útil. O MCE é bastante semelhante ao MCR,
com a diferença de que o MCE 34
o mundo da usinagem
quantidade ou qualidade de um
mico – a “dose” – implicará uma variação na produtividade da
empresa – a “resposta”. Para isso, é possível utilizar o Método de
Produtividade Marginal (MPM), também conhecido como Método Dose-Resposta (MDR), que se
baseia na premissa fundamental
corporação dos ecossistemas no
Mas, como o valor de um serviço ecossistêmico vai muito além da objetividade, é preciso manter
um diálogo constante com diversos stakeholders.
Texto publicado originalmente no P22_ON, produto digital da Revista Página22, do Centro de Estudos de Sustentabilidade (EAESP/ FGV) outubro.2015/107
nossa parcela de responsabilidade
A incansável busca da eficiência Por Cláudio Camacho*
uma geração que entra-
S
cado, não poderíamos agir de
aquela que testemunhou talvez
de nossa missão é ter os clientes
já vividas pela humanidade. Di-
do incansavelmente oportunida-
eremos inequivocamente rá para a história como
uma das maiores transformações fícil dizer a causa desta transfor-
mação; mas, sem dúvida, uma das principais é a informação e a velocidade com que se propaga.
Temos acesso a uma quantidade
de informação infinitamente maior do que tínhamos há alguns anos.
Também somos extremamente exi-
Nós, como líderes de mer-
çamos o compromisso em conti-
forma diferente. Um dos pilares
por meio de nossos produtos e
como centro das ações, buscandes de ganhos de produtividade
nuar atuando da mesma forma, serviços, sempre buscando oferecer o que há de melhor aos nossos clientes.
Sem falsa modéstia, sabe-
e competitividade. Parte dessa
mos de nossa importância nos
trarmos internamente as oportu-
de nossos clientes, amigos e até
busca também reside em encon-
nidades de melhoria e aumento de eficiência; e, assim, transferir benefício aos nossos clientes.
Um exemplo mais recente da
cenários global e local. Muitos concorrentes já estiveram aqui nos visitando e participando ati-
vamente de nossos treinamentos.
A transferência de conheci-
gidos em esforço e dedicação para
busca constante pela excelência é
mento e a troca de experiências
informados. A contrapartida é que
écia de encerrar as operações de
mentais de nossos treinamentos,
nos mantermos atualizados e bem isso nos dá uma vantagem enorme no que tange ao poder de decisão mais rápida e eficiente.
a decisão de nossa matriz na Sunossa planta aqui no Brasil, como já divulgado.
O principal objetivo da ação
A informação transcende bar-
foi tornar a organização cada vez
tentes em um passado muito pró-
to dos nossos recursos existentes
reiras, ultrapassa as fronteiras exis-
ximo. Faz com que a diferenciação e a vantagem competitiva fiquem ao lado de quem melhor a inter-
preta e age com maior eficiência e rapidez. Informação nos permite
pensar e agir de uma forma diferente a cada dia, com mais audácia e menores riscos.
As organizações de sucesso se
mais eficiente no aproveitamenglobalmente e, com isso, garan-
tir uma maior competitividade.
o mundo da usinagem
Podem contar com isso!
Vivian Camargo
assegurar aos nossos clientes o
mesmo nível de qualidade em produtos e serviços.
Ainda que nossa produção
rança e confiança desses mais
36
lismo com que são elaborados.
níveis no mercado nos permite
oferecendo mais vantagens aos fará primeiro!
pelo pioneirismo e profissiona-
informação e na logística dispo-
não esteja mais aqui, isso não
seus clientes. É isso ou alguém o
dos quais nos orgulhamos muito
Explorar melhor os avanços na
adaptaram muito rapidamente a
esta realidade, ousando mais e
continuarão a ser pilares funda-
ofusca nossa trajetória de lide-
de 60 anos de história no Brasil, tampouco nosso futuro. Refor-
*Cláudio Camacho é presidente da Sandvik Coromant para as Américas do Sul e Central outubro.2015/107
Quando o fluido refrigerante torna-se ferramenta líquida. When the coolantuma becomes a liquid tool.
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