OMU 102

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102 Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147

CNC Okuma: 50 anos de evolução O papel da colaboração na gestão do conhecimento

InvoMilling™: um conceito revolucionário


Quando o fluido refrigerante torna-se ferramenta líquida. When the coolant uma becomes a liquid tool.

Menores custos de produção

Melhor acabamento superficial Maiores taxas de remoção de material

Fluidos para retificação para otimizar a produtividade, a eficiência econômica e a qualidade da usinagem. Nossos especialistas auxiliam você a aproveitar ao máximo suas máquinas e ferramentas, com a ferramenta líquida.

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Índice

edição 102

12/2014

10  Negócios da Indústria 4  Soluções de Usinagem I

AB Sandvik Coromant

22  Educação e Tecnologia

28 Produtividade

4 Soluções de Usinagem I InvoMilling™ – Uma solução revolucionária para fresamento de engrenagens

Processo InvoMillingTM com fresa CoroMill 161

10 Negócios da Indústria Priorizando a rentabilidade na indústria aeroespacial e de defesa 14 Soluções de Usinagem II Introdução aos materiais compósitos 22 Educação e Tecnologia Colaboração: agente transformador na gestão do conhecimento

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28 Produtividade Os 50 anos do primeiro CNC Okuma e seus desdobramentos 34 Conhecendo um Pouco Mais Descoberta científica e o planeta fica mais doce 36 Nossa Parcela de Responsabilidade Engajamento e bem-estar EXPEDIENTE: O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 14.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. As fotos sem menção de créditos foram captadas na Internet sob licença do GNU Free Documentation Licence e/ou Creative Commons Attribution-Share Alike Generic License. Editor-chefe: Fabio Ferracioli; Coeditora: Vera Natale; Coordenação editorial, redação e revisão: Teorema Imagem e Texto (Fernando Sacco, João M. S. B. Meneses, Patrícia Cueva); Jornalista responsável: Fernando Sacco - MTB 49007/SP; Projeto e editoração gráfica: Débora Nascimento; Impressão: Premier Artes Gráficas As afirmações e dados contidos em matérias assinadas são de responsabilidade integral de seus autores.


soluções de usinagem I

AB Sandvik Coromant

InvoMilling™ –

Uma para

4

o mundo da usinagem

dezembro.2014/102


solução revolucionária fresamento de engrenagens A usinagem de engrenagens normalmente requer várias ferramentas

Histórico

dedicadas para diferentes perfis e di-

Até o surgimento do InvoMilling™, a

mensões, sendo realizada muitas ve-

produção de engrenagens estava pratica-

zes somente em máquinas dedicadas

mente limitada a ferramentas como fre-

ao hobbing, ou fresamento de engrena-

sas caracóis de HSS dedicadas, especial-

gens, que demandam grande capacida-

mente projetadas de acordo com o perfil

de de torque e necessidade de refrige-

a ser gerado e com as exigências de qua-

ração. Isso acarreta maior tempo de set

lidade final; máquinas com grande capa-

ups, mais trocas de ferramentas, maior

cidade de torque e potência; e pessoal es-

número de ferramentas dedicadas em

pecializado, tanto para a programação da

estoque e custo elevado para descarte

máquina quanto para a definição e o uso

do refrigerante, o que acaba onerando,

de particularidades de estratégias de usi-

por sua vez, o custo total de produção e

nagem presentes nesse meio.

obviamente o custo final por peça, au-

O InvoMilling™ acaba com essas limi-

mentando ainda o lead time, ou tempo

tações por utilizar uma máquina multita-

de manufatura.

refas standard ou centros de usinagem com

O InvoMilling™, nome de um pro-

cinco eixos, com fresas disco projetadas

cesso patenteado pela Sandvik Coro-

para atender às demandas do processo,

mant, oferece novas possibilidades

mas que utilizam pastilhas standard com

para otimização desse cenário. Trata-

baixo custo e pronta entrega. O software é

-se de um processo revolucionário que

interativo e de fácil programação e, ao con-

conta não apenas com ferramentas de

trário das geradoras de engrenagens tradi-

corte, mas também com um software

cionais, que são máquinas dedicadas, uma

para gerar um programa CNC com ba-

máquina multitarefas possibilita a execu-

se em algoritmos InvoMilling™ para a

ção de inúmeras outras operações de usi-

usinagem de engrenagens em máqui-

nagem além da geração de dentes de en-

nas multitarefas e centros de usinagem

grenagens, garantindo, portanto, uma boa

com cinco eixos.

relação custo-benefício.

dezembro.2014/102

o mundo da usinagem

5


AB Sandvik Coromant

soluções de usinagem I

CoroMill® 161 Os perfis de engrenagens gerados em uma máquina multitarefas podem ser evolventes ou retos, para engrenagens com hélices retas ou helicoidais e até mesmo engrenagens cônicas. Tudo isso

CoroMill® 162

sem nenhuma ou pouquíssimas alterações do ferramental. Para essa função, as fresas CoroMill® 161 e CoroMill 162, da Sandvik Coromant, ®

possibilitam a geração de engrenagens desde módulo 2 até 12 mm ou DP 12,7 a 2.

6

o mundo da usinagem

O conceito revolucionário As ferramentas usadas para fresamen-

Se mesmo com toda essa flexibilidade

to de engrenagens no método tradicional,

disponível o usuário ainda quiser produ-

como fresas caracóis e fresas disco, em

zir engrenagens pelo método tradicional,

HSS ou metal duro, usualmente apresen-

com o uso de fresas caracóis de HSS, as

tam o formato similar ao perfil da engre-

modernas máquinas multitarefas também

nagem que irão usinar. No inovador pro-

oferecem esse recurso, seja com o uso de

cesso InvoMilling™, o percurso produzi-

um cabeçote específico para montagem de

do pela ferramenta, e não mais o formato

caracóis tradicionais, com fixação por furo

da mesma, é o fator determinante para a

e rasgo de chaveta, seja com o uso de ca-

geração do perfil dos dentes da engrena-

racóis com acoplamento Coromant Capto,

gem. O caráter revolucionário reside jus-

que se encaixam diretamente no fuso da

tamente no fato de o processo possibilitar

máquina com essa interface de fuso.

o uso de uma mesma ferramenta na geradezembro.2014/102


ção de diferentes perfis e dimensões, sem necessidade de set ups demorados e caros, quando da mudança de produtos, ou troca de ferramentas por desgaste. Desse modo, o processo InvoMilling™ permite que máquinas multitarefas e centros de usinagem com cinco eixos sejam reais agentes de alta flexibilização e modernização do método de produção de engrenagens. Isso traz um enorme benefício a usuários que trabalham com lotes de engrenagens de pequenos a médios, ou àqueles que precisam produzir protótipos com baixo custo, alta qualidade e sem o investimento em ferramentas caras e dedicadas. Entre os principais usuários e respectivos benefícios podemos destacar: Produção de lotes pequenos: so­lução econômica comparada à com­pra de uma ferramenta de perfil específico para cada lote. Fabricação de protótipos de engrenagens: usinagem de diferentes engrenagens com as mesmas ferramentas, o que propicia ao cliente a oportunidade para experimentar uma grande quantidade de desenhos de engrenagens em um curto período. Reparo de caixas de câmbio: possibilidade de usinar diretamente com ferramentas existentes, independentemente do perfil da engrenagem que precisa ser reparada ou substituída. Esse desenvolvimento muda a forma de gerar engrenagens e abre portas tan-

Flexibilidade, redução de custos e sobretudo de tempo Quem usina engrenagens pelo método tradicional conhece muito bem o preço e o prazo de entrega de uma fresa caracol ou fresa disco dedicada. No processo tradicional, temos de considerar ainda os custos e os prazos para reafiações de ferramentas em HSS, a quantidade de ferramentas gêmeas necessárias para o estoque circulante, os gastos com logística quando a afiação é realizada por terceiros ou os altos custos de ter um departamento de afiação próprio, com profissionais especializados e equipamentos para medição e controle. Os tempos de ciclo para geração de engrenagens pelo processo InvoMilling™, se comparados ao método tradicional, são geralmente maiores, por isso dizemos que esse processo é indicado para lotes pequenos a médios. O que vai determinar a eficiência são o tamanho e a quantidade de dentes da engrenagem. Contudo, na conta final temos de considerar o ganho positivo em termos de flexibilidade do processo e da eliminação de custos adicionais intrínsecos ao processo convencional, já mencionados.

Detalhes sobre o processo

to para as empresas que nunca usinaram

O processo InvoMilling™ compreen-

engrenagens, por não possuírem equi-

de várias etapas. Na primeira delas, uma

pamento dedicado, e que agora podem

fresa disco abre um canal central que será

entrar nesse mercado, como também pa-

a base para o vão do dente. Na sequência,

ra aquelas que sempre usinaram engre-

com a movimentação do eixo-B, produz-

nagens, facilitando a introdução de no-

-se o perfil do diâmetro de fundo dos den-

vas ofertas mais competitivas.

tes. A partir desse ponto, com a movimen-

dezembro.2014/102

o mundo da usinagem

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soluções de usinagem I

Processo InvoMilling™ passo a passo

1

2

Desbaste do vão do dente

Fresamento da raiz

Fresamento do perfil do flanco inferior 3

4

AB Sandvik Coromant

Fresamento do perfil do flanco superior

5 Dente da engrenagem acabado

tação simultânea de eixos, inicia-se a ge-

senvolvedores de software, podem benefi-

ração do perfil do dente da engrenagem,

ciar a cadeia produtiva como um todo. Is-

e os flancos esquerdo e direito começam

so é pensar fora da caixa e fazer diferente.

a tomar a forma final, incluindo detalhes

No caso do InvoMilling™, ainda temos

como perfil protuberante e sobremetal

o benefício adicional para o meio ambien-

remanescente para retificação, quando a

te, em virtude de o processo ser realizado

qualidade ou o uso final da engrenagem

com poucas ferramentas, que não neces-

assim exigirem. Também é possível ge-

sitam do uso de líquidos refrigerantes ou

rar chanfro na cabeça do dente ou o den-

óleos de corte, evitando portanto os caros

te com acabamento final, pois a qualidade

cuidados com seu descarte. As ferramentas

obtida pelo processo atende a qualidade

do processo não necessitam de reafiações,

DIN 6 e a rugosidade nos flancos dos den-

que também estão ligadas a insumos com

tes atinge 2 µm Rz.

alto valor de descarte de resíduos sólidos. Estamos, enfim, diante de um proces-

Conclusão Os ganhos em termos de economia de tempo, recursos e custos são mais do que evidentes, e comprovamos quanto os investimentos de trabalho de P&D, além do trabalho conjunto entre fabricante de ferramentas, fabricante de máquinas e de8

o mundo da usinagem

so que solidifica o desejo de usinagem do componente completo em um único set up e proporciona inovações, flexibilidade e agilidade ao usuário final. Francisco Cavichiolli Especialista de produto – fresamento e fresamento de engrenagens Sandvik Coromant do Brasil dezembro.2014/102


Comparativo entre processos de denteamento – tradicional x InvoMilling™:

AB Sandvik Coromant

Engrenagem helicoidal Módulo

6 mm

Número de dentes, z

27

Ângulo de hélice, ß

17 graus

Largura da face

130 mm

Diâmetro primitivo, d

170 mm

Tempo de execução Caracol em HSS em máquina moderna/estável (usinagem em 1 passe) 31,5 min Caracol em HSS em máquina antiga/instável (usinagem em 2 passes)

57 min

InvoMilling™ em máquina multitarefas

23 min

CoroMill® 176 em máquina moderna/estável (usinagem em 1 passe)

10 min

Resumo dos benefícios do processo InvoMilling™ O InvoMilling™ é principalmente vantajoso para os seguintes tipos de peça: engrenagens em geral, eixo solar, eixo de engrenagem para caixas de câmbio, eixo setor, eixos e engrenagens para bombas hidráulicas. Resumo dos principais benefícios do processo InvoMilling™: Tempo total de produção curto • Possibilidade de usinar de imediato – não é necessária a espera de uma ferramenta específica para o perfil da engrenagem. • Peças completas em um set up. Pequeno estoque de ferramentas • Possibilidade de usar as mesmas fresas para vários perfis de engrenagens diferentes. Engrenagem de alta precisão e alta qualidade

AB Sandvik Coromant

• Fresas robustas foram desenhadas para atender às exigências do processo InvoMilling™ e gerar engrenagens muito precisas.

Pinhão

dezembro.2014/102

Eixo solar

Eixo setor

Engrenagens

Engrenagem de bomba o mundo da usinagem

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negócios da indústria

Priorizando a rentabilidade

aeroespacial e de para redução, muitas companhias

tando uma pesada pressão sobre

estão buscando oportunidades de

seus próprios custos, a maioria das

crescimento de receitas através de

empresas globais do setor Aeroes-

duas principais alternativas: pelo

pacial e de Defesa (A&D) está ex-

estabelecimento de uma presença

perimentando uma significativa in-

forte em novos mercados ou pela

certeza ao longo deste ano. E, con-

adaptação das suas linhas de pro-

forme os orçamentos de gastos com

dutos e serviços atuais para setores

A&D sofrem ainda maior pressão

industriais correlatos.

Dollar Photo Club

Com poucos clientes e enfren-

10

o mundo da usinagem

dezembro.2014/102


na indústria

defesa A SIPRI (Stockholm International

comparativos com 2011 e conside-

Peace Research Institute), um insti-

ra como referência a venda de ar-

tuto independente internacional, di-

mamentos. Entre outras conclusões,

vulgou em janeiro deste ano a lista

o levantamento aponta que as dez

das 100 maiores empresas do setor

maiores companhias do setor re-

de defesa (produção de armamen-

presentam perto de 50% do mercado,

tos) no mundo, na qual a Embraer

e se considerarmos o valor total das

ficou classificada em 66º lugar. O

vendas de armamentos divulgados,

estudo se baseia em dados de 2012

houve uma queda de 5,8% (caindo

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o mundo da usinagem

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negócios da indústria

de US$ 218.3 milhões em 2011 para

A&D que participaram do estudo

US$ 205.5 milhões em 2012). Essa

dizem que gastariam de 2% a 3% de

redução já reflete o início da pres-

suas receitas com P&D ao longo dos

são no setor para a redução nos

próximos dois anos e 16% dizem

gastos com armamentos e antecipa

que gastariam de 4% a 5%.

a significativa incerteza observada

• Levando a cadeia de suprimentos

este ano.

ao nível global - Em busca de novas

O que vimos é que as organi-

oportunidades de crescimento, mui-

zações deste segmento estão bus-

tas organizações do setor estão agora

cando melhorias para enfrentar os

focando na entrada em novos merca-

desafios gerados por um cenário

dos e usufruindo das vantagens de-

de incertezas, tema esse que é cita-

correntes de situações propícias para

do na pesquisa “Panorama Global

alavancar seus serviços e produtos

do Setor Aeroespacial e de Defesa

existentes em mercados adjacentes.

2014”, feita pela KPMG e que apresenta as três principais tendências

Desafios à parte, são boas as

que devem nortear os próximos

perspectivas para o setor tanto para

passos das companhias de A&D:

a aviação comercial e executiva bem como para produtos e serviços de

• Priorizando a rentabilidade - Co-

defesa (armamentos) para os próxi-

mo as organizações do setor se en-

mos anos, inclusive aqui no Brasil.

contram sob uma pressão cada vez

Considerando tal crescimento do

maior de crescimento de fatura-

segmento, o país continua a ser um

mento e lucro líquido, muitas delas

mercado no qual vale a pena os in-

estão focando na melhoria da visi-

vestidores globais da indústria aero-

bilidade de sua rentabilidade e de

espacial e de defesa participarem.

seus custos. Contudo, quase metade admitiu ser “pouco efetiva” na determinação da rentabilidade e somente 12% se classificaram como “muito efetivas”. • Formando parcerias para alcançar a inovação - Diante desse cenário, muitas organizações mostraram que estão formando novas parcerias e investindo uma parte maior de suas mento (P&D) com o intuito de promover o aumento do lucro e incrementar a inovação. As expectativas de investimento são altas, pois três quartos das organizações do setor 12

o mundo da usinagem

Arquivo Kpmg

receitas em pesquisa e desenvolvi-

Jarib Fogaça Sócio da KPMG no Brasil Líder para o setor aeroespacial e de defesa dezembro.2014/102



soluções de usinagem II I

Introdução aos

materiais compósitos Ainda não existe uma definição de mate-

sito. O reforço, por sua vez, tem a tarefa de

riais compósitos ou compostos completamente

suportar os esforços mecânicos que lhe são

aceita. Uma definição básica e comumente ci-

transferidos pela matriz, e isso só pode acon-

tada é a de que materiais compósitos são ma-

tecer se houver garantia de boa afinidade

teriais compostos por duas fases: uma matriz e

química entre ambos – do contrário, a trans-

um reforço, que podem ser ambos de natureza

ferência de carga é ineficiente. Aliás, essa boa

polimérica, metálica ou cerâmica. No entanto,

afinidade química gera uma outra região,

essa é uma conceituação vaga que abre possi-

chamada de interface, que é tão importante

bilidade para podermos definir qualquer ma-

quanto as outras já citadas1.

terial que seja composto por mais de dois elementos químicos como um compósito. Ou seja, até mesmo uma simples liga de aço-carbono poderia ser considerada um compósito1.

O início do uso de materiais compósitos é

Uma definição provavelmente mais ade-

bem incerto, já que até hoje não se chegou a

quada seria: compósitos são materiais for-

um consenso sobre sua definição. Mas acre-

mados por uma matriz e um reforço com

dita-se que os homens já fabricavam mate-

excelente afinidade química entre si, proces-

riais compostos desde a antiguidade.

sados sinteticamente para atingir excelentes

Os estudos intensificaram-se mais a par-

propriedades mecânicas com a menor massa

tir da década de 501,2, e hoje é possível iden-

possível – o que é impossível de ser alcança-

tificar com mais facilidade o uso desse tipo

do com materiais convencionais .

de material na indústria, principalmente de-

2

14

Aplicação na indústria

A matriz é a responsável por transferir os

vido às suas propriedades mecânicas, que o

esforços mecânicos para o reforço e por ga-

tornam um material relativamente leve, com-

rantir maior tenacidade, resistência à fadiga

parado aos metálicos, porém bem resistente.

e resistência à corrosão do material compó-

Além disso, podemos considerar seu uso co-

o mundo da usinagem

dezembro.2014/102


mo uma alternativa “verde” em relação ao uso de matérias-primas não renováveis, cuja escassez já é sabida. Entre as propriedades mais importantes podemos citar o alto módulo de elasticidade, a alta resistência à fadiga e a alta resistência à corrosão associados a uma massa reduzida. Tais propriedades se devem ao fato de a matriz dos compósitos ser, em sua maioria, geral muito menor do que materiais metálicos e cerâmicos. Isso os torna extremamente aplicáveis em funções estruturais, que demandam grandes esforços mecânicos durante um longo tem-

AB Sandvik Coromant

de natureza polimérica, com uma massa em

Furação manual de material compósito

po, sobretudo em setores como construção, aeroespacial, transportes, indústria médica, além de ser usado em aplicações militares e, mais recentemente, na área de energia, com

Tipos de compósitos Os compósitos mais comuns são aqueles que utilizam fibras de vidro e de carbo-

AB Sandvik Coromant

destaque para a eólica3,4.

no como reforço e normalmente são referidos pelas siglas CFRP (Carbon Fiber Reinforced Plastic – plástico reforçado com fibra de carbono) e GFRP (Glass Fiber Reinforced Plastic – plástico reforçado com fibra de vidro). Os compósitos reforçados com fibra de carbono em geral apresentam melhores propriedades mecânicas do que os reforçados com fibra de vibro, porém apresentam custo

Caixa de asa de aeronave Hoje em dia grande parte da aplicação de materiais compósitos concentra-se em peças de aeronaves

mais elevado2,5. Além disso, temos compósitos com fibra de aramida, também conhecida como Kevlar, que apresentam alto custo e são muito utilizados para aplicações com alto impacto, por exemplo na fabricação de coletes à prova de balas. Vale ainda dizer que, conforme cresce o dezembro.2014/102

o mundo da usinagem

15


soluções de usinagem II I

uso desses materiais na indústria, crescem

por exemplo, com um compósito de fibra de

também os desafios que os fabricantes de má-

carbono mais ligas de alumínio ou titânio

quinas e ferramentas enfrentam para usiná-

que formam um novo compósito multicama-

los, por vários motivos, entre eles: a natureza

das, com propriedades mecânicas superiores

abrasiva dos materiais constituintes, princi-

aos compósitos constituídos apenas à base

palmente do reforço; a infinidade de possibi-

de polímeros. No entanto, tal prática propor-

lidades de combinações de materiais e a pos-

ciona grandes desafios para a manufatura,

sível anisotropia do compósito em questão .

principalmente na área da usinagem11,12.

4

Várias combinações de materiais compósitos podem ser feitas. Uma prática bem comum na área aeroespacial é a utilização de materiais compósitos junto com outros materiais metálicos em forma de “sanduíche”,

Características físicas e usinagem

conforme jargão bastante usado na indústria.

A isotropia diz respeito à uniformidade da

Tal arranjo tipo “sanduíche” pode ser feito,

distribuição das fibras do reforço na matriz, e é uma característica fundamental no processamento de compósitos. Um material altamente isotrópico apresenta alta uniformidade de distribuição das fibras e as mesmas reações mecânicas se submetido a uma força de tra-

Figuras 1a e 1b: Esboço da quebra do reforço e da interface devido ao contato com a ferramenta de corte

ção ou compressão em qualquer uma de suas direções. Um material altamente anisotrópico apresenta menor uniformidade de distribuição das fibras e reações mecânicas diferentes se submetido às mesmas forças1. Para garantir as melhores propriedades mecânicas e a melhor usinabilidade, é desejável que o material seja o mais isotrópico possível. No entanto, essa é uma tarefa muito difícil de ser cumprida, principalmente pelo fato de o processamento de materiais compósitos ainda ser muito artesanal5. Tal característica também influi na escolha dos parâme-

RAO, G. V.; MAHAJAN, P.; BHATNAGAR, N.

tros de corte, o que torna ainda mais difícil a

16

o mundo da usinagem

realização de uma usinagem segura4. Evitar a degradação do material a ser usinado é sempre importante, porém na usinagem de compósitos se torna crucial, uma vez que a região de interface entre matriz e reforço, responsável pela adesão entre ambos, é altamente suscetível à quebra se submetida a altos esforços. Em outras palavras, com altos dezembro.2014/102


esforços de corte, existe a possibilidade de desprendimento entre a matriz e o reforço, o que prejudicaria a integridade do material que está sendo usinado6. Alguns estudos feitos em torneamento de materiais compósitos à base de fibra de vidro (GFRP) mostram que a região superficial resultante da usinagem de materiais compósitos é altamente afetada pelo esforço da ferramenta de corte, que causa não apenas o rompimento da região de interface, Na figuras 1a e 1b, a região da matriz está representada pela cor azul, o reforço, pela cor vermelha, e a região de interface, pela cor verde. A figura 1a representa o momento do contato entre a ferramenta de corte e o compósito, e a figura 1b representa o resultado desse contato. Observa-se que na região em que houve contato com a ferramenta existem uma quebra da fibra de vidro e uma falha na região de interface. Esse é um efeito inevitável na usinagem de compósitos, já que as fibras possuem diâ­

CALZADA, K. A.; KAPOOR. S. G.; DEVOR R. E.; SRIVASTA, A.K.

mas também quebra das fibras7.

metros muito pequenos, chegando até a ordem nanométrica. Porém, a minimização

Além de mostrar os menores valores pa-

desse efeito é altamente desejável para ga-

ra esforços de corte, o ângulo de 135º é o que

rantir que o compósito seja adequadamente

mostra maior confiabilidade de acordo com o

aplicado para suas funções estruturais.

aumento do diâmetro da fibra, ou seja, as forças de corte tendem a não apresentar aumentos

Desafio das fibras no acabamento superficial

significativos com o aumento do diâmetro da fibra, enquanto no ângulo de 45º, por exemplo, uma fibra com o dobro do diâmetro pode causar uma força de corte até quatro vezes maior.

Uma das soluções para minimizar a recor-

Entretanto, persiste o problema de como

rente quebra das fibras durante a usinagem

garantir que as fibras sejam usinadas nessa

tem sido a consideração do ângulo de orien-

direção. A resposta, embora simples, não é

tação das fibras. Um estudo feito em 2011 in-

muito animadora: é impossível! Conforme já

dica que o melhor ângulo que garante o me-

citamos anteriormente, o modo de fabricação

nor esforço de corte e a melhor quebra de ca-

de materiais compósitos pode ser bem arte-

vacos possível é o ângulo de 135º, conforme

sanal, o que faz com que as fibras possam vir

mostrado nas figuras acima :

distribuídas em qualquer direção5,8.

8

dezembro.2014/102

Figuras 2a, 2b, 2c e 2d: Esboço do contato da ferramenta nos ângulos de (a) 0º, (b) 45º, (c) 90º, (d) 135º

o mundo da usinagem

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soluções de usinagem II I

AB Sandvik Coromant

Figuras 3 e 4: Detalhes das brocas CoroDrill 854 e CoroDrill 856, respectivamente: soluções para furação de materiais compósitos

Mesmo garantindo que o compósito tenha

área de furação. Dois acontecimentos típicos

a melhor distribuição das fibras, ou seja, que o

em furação, porém indesejáveis, são a forma-

material seja o mais isotrópico possível, ainda

ção de rebarbas na saída do furo por causa do

assim há outro problema inevitável, que é jus-

corte irregular das fibras e a quebra excessiva

tamente o fato de às vezes a ferramenta estar

das fibras na região do furo, como citado antes.

em contato com o material da matriz, outras

Para minimizar tais efeitos, foram desenvolvi-

em contato com o reforço, ou em contato com

das novas geometrias de brocas exclusivamen-

ambos, o que gera uma espécie de corte inter-

te dedicadas à usinagem de materiais compó-

mitente que pode ser prejudicial à vida da fer-

sitos, como determinadas brocas inteiriças de

ramenta de corte .

metal duro capazes de otimizar o grau de aca-

4

Para garantir que o compósito apresente a

bamento de maneira significativa12.

menor degradação possível e ao mesmo tempo

A forma tipo “sanduíche” como os com-

o melhor acabamento superficial, novas geo­

pósitos podem estar arranjados também gera

metrias de ferramentas estão sendo desenvol-

um corte bastante intermitente, pois a mes-

vidas especificamente para materiais compósi-

ma broca que tem contato com uma camada

tos, completamente diferentes das encontradas

formada por compósito de epóxi com fibra

para quaisquer outros tipos de materiais.

de carbono começa segundos depois a usinar

Um ponto que vale ressaltar é que mais de

uma liga de titânio, por exemplo. Em geral,

50% da aplicação de ferramentas de corte pa-

os valores de dados de corte para ligas de ti-

ra a usinagem de materiais compósitos é na

tânio são menores do que os utilizados para compósitos de matriz polimérica. Assim, em materiais multicamadas é recomendado ado-

Figura 5: CoroDrill 452 com ponta de PCD

tar dados de corte do material com usinabilidade mais difícil, no caso o material metálico como alumínio ou titânio, normalmente usado nesse tipo de compósito “sanduíche” e que requer parâmetros de corte mais baixos12. A aplicação de ferramentas de PCD tem AB Sandvik Coromant

se mostrado altamente eficiente, não só pelo

18

o mundo da usinagem

melhor acabamento superficial, mas também pela maior vida da ferramenta, se comparada a ferramentas de outros materiais como o metal duro ou CBN2. dezembro.2014/102



soluções de usinagem II I

enquanto a Ásia, a América do Norte e a Europa possuíam uma participação quase igual, cada uma de 30%. Infelizmente para o Brasil nada indica que esse número tenha mudado muito, já que nesses últimos anos, apesar do aumento de investimentos em P&D no ramo, ainda observamos uma participação muito tímida no mercado internacional, se comparado com outros países9,10. Novos investimentos na área aeroespacial e de energia, principalmente eólica, JACOB, A

talvez pudessem mudar esse cenário para garantir que o Brasil pudesse se tornar re-

Figura 6: Gráfico da participação do mercado de compósitos por continente

ferência em tecnologia de ponta nesses de-

Mercado de compósitos

senvolvimentos. Mas, para isso, os investimentos teriam de ser maciços. Impulsionada, sobretudo, pela demanda de eficiência energética que é premente no

O desenvolvimento de materiais com-

mundo, a utilização de materiais compósitos

pósitos faz parte da área de desenvolvi-

tende a aumentar e de maneira veloz. Os de-

mento de materiais avançados, e é notório

safios que estão sendo gerados nessa área são

observar que aqueles que obviamente in-

cada vez mais frequentes – consequentemen-

vestem mais em P&D acabam por se des-

te, os desafios para os fabricantes de máqui-

tacar na participação de mercado.

nas e ferramentas tornam-se muito maiores.

Hoje em dia, a Ásia é tida como o continente mais promissor para diversos setores da indústria, e na área de desenvolvimento de novos materiais isso não é diferente. No entanto, com relação à América do Sul, vale mencionar que alguns dados publicados em 2009 já indicavam que a participação no mercado de compósitos era de apenas 3%,

Guilherme Milatias Analista de processos – Sandvik Coromant do Brasil Graduando em engenharia de materiais, Fundação Universidade Federal do ABC (UFABC)

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] GIBSON, R. F. – Principles of composite materials, 1994, p.2-5, p.43. [2] TETI, R. – Machining of composite materials, 1999, p.4-6. [3] CAMPBELL, F. C. – Manufacturing Processes for advanced composites, 2004, p.39. [4] DANDEKAR, .R.; SHIN, Y.C. – Modeling of machining of composite materials, 2012, p. 102-104. [5] ASM Handbook – Vol. 6 – Composites, p.127-129 [6] SALEEM, M.; TOUBAL, L.; ZITOUNE, R.; BOUGHERARA, H. – Investigating the effect of machining processes on the mechanical behavior of composite plates with circular holes, 2013, p.170. [7] RAO, G. V.; MAHAJAN, P.; BHATNAGAR, N. – Machining of UD-GFRP composites chip formation mechanism, 2007, p.2279. [8] CALZADA, K. A.; KAPOOR, S.G.; DEVOR, R.E.; SRIVASTAVA, A.K. – Modeling and interpretation of fiber orientation-based failure mechanisms in machining of carbon-fiber reinforced polymer composites, 2011, p. 146-149. [9] JACOB, A. - Asia – The future for the composites market? – 2009 [10] JACOB, A. – US composites market on the up – 2009 [11] Dormer – Training on Composites Machining 2008 [12] Sandvik Coromant – Machining carbon fibermaterials – User’s guide, 2009

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o mundo da usinagem

dezembro.2014/102


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educação e tecnologia

Colaboração: agente transformador na gestão do conhecimento Como criar condições para que a colaboração possa transformar o conhecimento organizacional em um ativo de valor e ferramenta para a inovação nas organizações?

22

o mundo da usinagem

Poderíamos começar apresen-

utilizado e difundido, maior o seu

tando uma definição do que é co-

valor. Ou seja, o efeito “deprecia-

nhecimento. No entanto, muito

ção” funciona de maneira oposta: a

mais do que uma definição formal,

depreciação se acelera se o conhe-

o importante é destacar que no

cimento não é aplicado.

processo de tomada de decisões,

O desafio das organizações é fa-

definição de estratégias e até mes-

zer com que o conhecimento não fi-

mo na execução de algumas tare-

que confinado a um número limi-

fas operacionais, o conhecimento

tado de pessoas e seja revertido em

é o que faz a diferença. O conhe-

produtividade, qualidade e soluções

cimento baseia-se na experiência e

inovadoras, para que assim se torne

no aprendizado adquiridos pelas

um ativo tangível e se constitua em

pessoas ao longo dos anos, através

um atributo de valor para a empresa.

de erros, acertos e registro das li-

O caminho para que isso aconteça é a

ções aprendidas. O conhecimento

condução de ações facilitadoras que

é um dos fatores que proporcio-

possibilitem a transformação do co-

nam o diferencial competitivo das

nhecimento tácito ou individual em

empresas, é um recurso intangível,

conhecimento explícito, aquele que

difícil de ser imitado e leva tempo

já está escrito nas normas e procedi-

para ser construído. Tem uma ca-

mentos. A essas ações chamamos de

racterística peculiar: quanto mais é

gestão do conhecimento. dezembro.2014/102


Dollar Photo Club

Por que fazer gestão do conhecimento?

e transformado em conhecimento explícito; e a criação de condições que facilitem o acesso ao conhecimento. Seguir esse caminho não irá ape-

A gestão do conhecimento tem

nas incentivar, bem como proporcio­

como objetivo principal a preserva-

nar, como consequência, o desenvol-

ção e a organização da memória or-

vimento da capacidade inovadora e

ganizacional, sejam elas quais forem,

a transformação do conhecimento

desde um processo de pagamentos

em ações para melhoria efetiva e

até a mais sofisticada ação estratégica

constante de processos, produtos e

de vendas. Assim, devem ser condu-

serviços para obtenção de um bene-

zidas ações que possibilitem: o ma-

fício competitivo sustentável.

peamento do conhecimento da orga-

Nesse sentido, a gestão do co-

nização; o incentivo à comunicação

nhecimento torna-se um fator deci-

entre as pessoas para que o conheci-

sivo para o processo de inovações,

mento individual seja compartilhado

na medida em que o conhecimen-

dezembro.2014/102

o mundo da usinagem

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educação e tecnologia

produtos. A tabela abaixo revela o resultado de uma pesquisa feita por E.F. Reichfeld, em 1996, que mostra a posição da empresa no mercado e seu percentual de vendas correspondentes a produtos lançados nos últimos cinco anos. Se analisarmos rapidamente a tabela, é notória a importância da inovação para a competitividade de uma empresa. Observamos que o líder de mercado é aquele que muito provavelmente foi quem mais investiu em P&D e, portanto, teve chance de lançar produtos inovadores, que obviamente agregaram valor à sua marca e certamente atenderam às demandas e to é compartilhado entre os seto-

necessidades do mercado, fato que

res de uma organização, criam-se

se evidencia pelo maior percentual

condições que propiciam melhorias

de vendas obtidas nos últimos cin-

nos processos internos, melhoria na

co anos. Essa contribuição que uma em-

qualidade dos produtos e melhoria na prestação de serviços.

presa oferece ao mercado em termos de inovação é tangível, men-

Por que inovar é importante?

surável. No âmbito da estrutura interna da organização e das relações entre seus colaboradores fica, porém, a questão de como medir

Um indicador que mostra a im-

o impacto que o foco ou o incen-

portância da inovação é o percen­

tivo à inovação pode causar inter-

tual de vendas originadas de novos

namente.

Posição de Mercado

% de vendas relativas a produtos lançados nos últimos 5 anos

Líder

49,1

Terço Superior

33,8

Terço Médio

26,9

Terço Inferior

10,7

Fonte: E.F.Reichfeld, 1996: The Loyalty Efect: The Hidden Force Behind Growth, Profits, and Lasting Value. Boston, MA:Harvard Business School Press, apud J.C.C Terra: Gestão do Conhecimento: Aspectos conceituais e estudo exploratório sobre práticas de empresas brasileiras. Tese de Doutorado, EPUSP. 1999

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o mundo da usinagem

dezembro.2014/102


O papel do conhecimento tácito e sua relação com a inovação Para ilustrarmos os conceitos apresentados, que mostram quanto a gestão do conhecimento pode ser um dos fatores que facilitam o processo de inovação, vamos utilizar um exemplo que é comum nas organizações. Sabemos que o processo de cobrança está cada vez mais estruturado nas empresas, com sistemas que indicam as ações a serem tomadas em caso de atraso nos pagamentos. Vamos imaginar que o sistema apresente uma lista de clientes que devam ser contatados

do assim a estratégia mais adequada

e informados que se o pagamento não

para a solução do problema.

for regularizado em 48 horas o título será protestado em cartório.

A conclusão é que, apesar de o sistema ter disponibilizado a infor-

Perfeito, o sistema disponibilizou

mação, foi o conhecimento que fez

uma informação que exige uma ação

a diferença na ação tomada. Explo-

do profissional responsável pelo con­

rando um pouco mais a situação

tato e pela regularização do paga-

acima, percebam que essa situação,

mento, ou seja, a área de cobrança es­

se for bem conduzida, poderá tra-

tá fazendo o seu papel. O detalhe é

zer inovações nos critérios de co-

que o profissional que deverá fazer

brança e possivelmente uma vanta-

esse contato sabe que determinados

gem competitiva no fortalecimento

clientes da empresa, por seu histó-

da relação com o cliente.

rico de parceria e fidelidade, devem ter um tratamento diferenciado. Assim, em vez de simplesmente executar o procedimento, ele informa a área comercial sobre o problema e

Ferramentas de colaboração

solicita orientações sobre como pro-

Um bom ponto de partida para a

ceder. Sem entrarmos em mais deta-

implementação da gestão do conheci-

lhes sobre o resultado dessa ação, o

mento pode ser a utilização das cha-

fato é que a decisão sobre a ação a

madas ferramentas de colaboração,

ser tomada teve como base o conhe-

que podem ser desenvolvidas e im-

cimento e não a informação, indican-

plementadas em diferentes áreas da

dezembro.2014/102

o mundo da usinagem

25


educação e tecnologia

organização. Vejam alguns exemplos:

com os clientes.

• A intranet com um conteúdo di-

Essas ferramentas de colaboração

nâmico e bem administrado pode

criam condições ou um ambiente

ser uma poderosa ferramenta no

adequado para que o conhecimento

compartilhamento do conhecimen-

individual de cada colaborador seja

to organizacional;

compartilhado, atuando como um

• O banco de talentos pode facilitar

agente facilitador e potencialmente

a busca por profissionais com conhe-

capaz de transformar o conhecimen-

cimentos específicos na organização;

to em um ativo de valor; sendo um

• Bases de conhecimento que po-

meio fértil para a criatividade e o

dem ser criadas para determinados

surgimento de possíveis inovações.

grupos de interesse, onde conhecimentos poderão ser registrados e compartilhados;

Conclusão Independentemente do período

estar ou não ligados às bases de co-

de globalização em que vivemos, nas

nhecimento;

organizações que priorizam a ino-

• As bases de gestão de projetos, on-

vação é constante a necessidade de

de a documentação sobre os proje-

atender às necessidades dos clientes.

tos pode ser armazenada juntamente

Além da inovação, seja na melhoria

com as lições aprendidas em um de-

dos produtos, dos processos internos,

terminado projeto;

na redução dos custos de produção,

• Guias de boas práticas na gestão de

na melhoria dos processos de logísti-

projetos, no desenvolvimento de siste-

ca ou no atendimento das exigências

mas, nos processos de fabricação, etc.

legais, a gestão do conhecimento e a

• A gestão eletrônica de documen-

consequente valorização do capital

tos, que pode ser usada para pro-

intelectual das organizações são me-

cessos da qualidade;

canismos vitais para que as empresas

• As aplicações de CRM que podem

sobrevivam ao desafio de se mante-

ter importantes registros na relação

rem competitivas e sustentáveis.

Arquivo pessoal

• Fóruns de discussão que poderão

Marcos Raposo Coordenador de Desenvolvimento de Sistemas, Sandvik do Brasil 26

o mundo da usinagem

dezembro.2014/102



produtividade

Os 50 anos do primeiro e seus desdobramentos A evolução da máquina operatriz que possibilitou a comunicação com o operador e redefiniu os processos de produção em larga escala

Em 2014 a Okuma celebra os 50 anos de seu primeiro controle numérico computadorizado (CNC), que transformou o sistema produtivo e definiu a vocação da empresa. É uma data importante para a companhia, que continua com foco no que considera estratégico: investir em pesquisa e desenvolvimento, sem abrir mão da tradicional qualidade de seus produtos, o que a deixa na vanguarda da tecnologia.

Arquivo Okuma

A evolução do Okuma Sample Path

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o mundo da usinagem

dezembro.2014/102


CNC Okuma

Arquivo Okum

a

Controle THINC-OSP: CNC que utiliza o sistema operacional Windows, da Microsoft

Na década de 1960, a multinacional japone-

destaque foi o OSP-2000. Essa foi a primeira

sa já era uma importante fabricante de máqui-

solução prática de CNC utilizada comercial-

nas-ferramenta, com produtos muito aceitos

mente no mundo pela Okuma, que dispunha

no mercado. Porém, ao escutar atentamente as

de um minicomputador dedicado e controla-

necessidades dos clientes, iniciou a pesquisa e

do por software.

o desenvolvimento de seu próprio comando

É interessante lembrar que o segmento de

numérico (NC – Numerical Control), o OSP-III

máquinas NC era pequeno e de baixa relevân-

(Okuma Sampling Path), que na verdade era

cia na metade do século 20, mas a Okuma per-

um NC transistorizado.

cebia o grande potencial da nova tecnologia e

Junto ao OSP-III, a empresa também desen-

por isso continuou investindo na pesquisa e

volveu o primeiro encoder absoluto, iniciando

no desenvolvimento de novos e mais potentes

a diferenciação de seu comando em relação ao

controles numéricos. Somente em meados dos

dos concorrentes. Em 1972, o lançamento de

anos 70 é que a participação das máquinas de

dezembro.2014/102

o mundo da usinagem

29


produtividade

controle numérico passou a ser significativa e o mercado em geral começou a se beneficiar com essas modernas máquinas.

Partners in THINC O novo comando de arquitetura aberta THINC e a crescente demanda do mercado

Evolução contínua No início dos anos 80, já com o mercado em expansão e sempre movida pelas necessidades de seus clientes, a Okuma introduziu a série OSP-5000, lançando a simulação gráfica na tela da máquina, a tecnologia de servoacionamentos digitais e os servomotores sem escovas. Isso trouxe benefícios como o aumento da confiabilidade, reduzindo os custos e possíveis problemas de manutenção. Outra significativa atualização da companhia foi o desenvolvimento do THINC-OSP Control, o CNC que utiliza o sistema operacional Windows, da Microsoft, para combinar o controle OSP Okuma com uma plataforma PC de arquitetura aberta. Com o OSP-P100, lançado em 2000, iniciou-se a fusão do comando da máquina com o Windows, sendo esse o primeiro comando da Okuma de arquitetura aberta que permitia a utilização de aplicativos de terceiros desenvolvidos pelo mercado. Além da plataforma de arquitetura aberta, existe a possibilidade de melhoria contínua dos processos, por meio da incorporação de atualizações e do desenvolvimento de aplicativos que otimizem a produção. Entre outros benefícios, podem-se destacar a facilidade de conectividade em todo o ambiente da empresa e a utilização de ferramentas de produtividade.

30

por soluções completas favoreceram a criação do Partners in THINC (PIT), no fim de 2004. Trata-se de um grupo formado por 46 empresas de diversos segmentos: desenvolvedores de softwares; fornecedores de ferramentas de corte; produtos e serviços para aplicações em metrologia industrial; fluidos de corte, entre outros, que se organizaram e desenvolveram soluções flexíveis para o mercado, que foram fornecidas pela primeira vez de forma direta ao cliente final. Em 2012, a Okuma inaugurou seu prédio em São Paulo, abrindo espaço em seu show­ room não apenas para visitas e desenvolvimento de testes mas também para que as empresas do Partners in THINC pudessem expor suas soluções aos clientes, gerando sobretudo uma forma bem eficiente de se trabalhar com as demandas do mercado. Por meio do controle THINC, um fabricante de sistemas de medição pode desenvolver um aplicativo específico para seu método de produção e fornecê-lo diretamente para o cliente final, sem nenhuma intervenção da Okuma. Isso trouxe agilidade e economia, abrindo oportunidades que antes não existiam.

Filosofia PIT – inovação colaborativa O controle THINC®-OSP não é apenas o núcleo do PIT, ele é o motivo da criação des-

O controle THINC permite acesso à maio-

sa importante rede. Antes do THINC o PIT

ria dos aplicativos e periféricos de mercado.

seria impossível, já que as integrações teriam

A tecnologia possibilita ainda a comunicação

que passar todas pela Okuma. A ideia do PIT

com leitores de código de barra, alimentado-

é justamente descentralizar para assim redu-

res de barra, robôs, sistemas de medição e

zir custos e permitir melhores soluções para

“pressetadores” de ferramentas.

o cliente final.

o mundo da usinagem

dezembro.2014/102


do Brasil Sandvik Coromant

Showroom da Okuma, em São Paulo: local reúne centro tecnológico e de treinamento

Originado na Okuma America (EUA), o

um cliente apresenta uma necessidade específi-

PIT foi gradativamente sendo aproveitado

ca, cada parceiro implementa a sua solução. So-

em outras partes do mundo. Como muitos de

mente quando o cliente deseja uma administra-

nossos clientes enfrentam os desafios da atu-

ção centralizada do projeto é que a Okuma ou

ação global, eles naturalmente buscam utili-

um de seus distribuidores concentra as ações.

zar as boas soluções desenvolvidas em uma

Da mesma forma, cada empresa parceira

determinada localidade em outras fábricas

avalia os resultados e determina se os saldos

em vários países.

são positivos ou não. É importante destacar

A Okuma possui presença global, com es-

que os resultados das discussões não são ape-

critórios e centros técnicos localizados nos

nas de cunho teórico, podem ser absorvidos

principais polos industriais do mundo, o que

na prática imediatamente pelo mercado.

permite que clientes se beneficiem globalmente de desenvolvimentos regionais – algo bem alinhado com a filosofia PIT.

Rede de soluções

Reiterando, o PIT é um grupo de empresas

Entre os principais ganhos gerados pelo

que discutem soluções para problemas e desa-

programa está a capacidade de atender às

fios do mercado, porém sem criar uma estrutu-

necessidades do cliente e criar diferenciais

ra paralela de atendimento. Atua, na verdade,

sustentáveis para a Okuma, bem como para

disseminando as opções aos clientes. Quando

empresas parceiras.

dezembro.2014/102

o mundo da usinagem

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produtividade

Studio Vídeo –

Danilo Ribeiro

Encontro “A Indústria do Futuro” apresentou uma célula de manufatura automatizada de alta eficiência, maior produtividade e menor custo operacional

A quantidade de integrantes do grupo

a manutenção da máquina em campo. Somos

continua crescendo, assim como as vendas

fonte única de fornecimento para máquina e

de máquinas novas associadas com solu-

comando, sempre com o compromisso de me-

ções completas, em que diversos fornece-

lhorar a confiabilidade, a operacionalidade e a

dores de acessórios atuam de forma inte-

produtividade das máquinas-ferramenta.

grada e colaborativa. Nós da Okuma acreditamos que o mercado se beneficiará cada vez mais de iniciativas que melhorem a produtividade. O PIT, sendo um grupo que desenvolve melhorias exatamente nesse sentido, tem um futuro certeiro e promissor. Nessa data em que a Okuma celebra a evode produção em larga escala, enfatizamos que permanecemos com a filosofia de responsabilidade total, com suporte desde o projeto até 32

o mundo da usinagem

Glauco Bremberger Diretor de engenharia e serviços da Okuma Latino Americana

Arquivo Okuma

lução tecnológica que redefiniu os processos

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Mercado de manufatura nacional As máquinas convencionais têm cada vez mais um papel acadêmico, sendo sobretudo utilizadas pelas escolas técnicas que ainda ministram módulos em tornos ma­ nuais. O mercado brasileiro, porém, consome cada vez menos esse tipo de máquina, já que para competir mundialmente precisa atingir níveis de produtividade, qualidade e flexibilidade possíveis apenas por meio de máquinas modernas. Por isso, o espaço de crescimento das máquinas CNC no Brasil é muito grande. Somente empresas modernas, produtivas e flexíveis continuarão a operar. Hoje não se fala somente no investimento inicial na máquina-ferramenta. Análises de custo com a manutenção e o custo da peça produzida são fundamentais. Já é consenso que não é mais viável adquirir equipamentos baratos que necessitam de muita manutenção e que não produzam peças com qualidade. Cada vez mais o mercado percebe a necessidade de investir em máquinas com tecnologia avançada e mais confiáveis, permitindo a utilização de automação e outras ferramentas de produtividade – inovações cruciais para potencializar nossa competitividade.

A Okuma Fundada em 1898 em Nagoya, no Japão – mudando sua sede para a cidade de Oguchi, em 1980 –, a Okuma concentra a fabricação de seus principais produtos e o desenvolvimento de novos no Japão, mas possui atualmente fábricas em Taiwan e na China, com várias filiais na América do Norte, América do Sul, Europa e Ásia. Sua história no Brasil começou em 1997, por meio da Okuma Latino Americana. A Okuma é fornecedora exclusiva de fonte única do setor: a empresa projeta, fabrica e distribui, por meio de sua ampla rede de distribuição, máquinas CNC, drive, motores, encoders e controle CNC. Além disso, presta serviço de pós-vendas. Seus principais produtos são tornos horizontais e verticais; centros de usinagem verticais, horizontais, de cinco eixos e de duas colunas; máquinas multifuncionais horizontais e verticais; e retificadoras cilíndricas internas e externas. Tudo isso permite sinergias que aumentam o desempenho e oferecem ao usuário a oportunidade de criar sua própria vantagem competitiva no cada vez mais exigente ambiente da manufatura.

dezembro.2014/102

o mundo da usinagem

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conhecendo um pouco mais

Descoberta científica e o Em tempos de seca no Brasil e no mundo, onde em algumas regiões do planeta um barril de água pode custar bem mais que um barril de petróleo, uma nova descoberta tem trazido muita esperança para a comunidade científica e para diversos países que sofrem com estiagens prolongadas. Um grupo de pesquisadores do Centro Nacional de Águas Subterrâneas da Austrália e da Universidade Americana de Flinders, liderados por Vincent Post, descobriu haver aproximadamente 500 mil km³ de água doce abaixo dos oceanos e das plataformas continentais em pelo menos quatro continentes espalhados pelo globo: Oceania, África, Ásia e América do Norte, respectivamente na Austrália, África do Sul, China, Estados Unidos e Canadá. O assunto foi tema de um artigo científico na revista Nature, no qual os pesquisadores fazem uma projeção de que estes 500 mil km³ de água doce encontrados representem “cem vezes mais do que a quantidade extraída de água da subsuperfície do planeta desde 1900. Ou seja, mais do que toda a água extraída por meio de poços que recolhem água sob as placas tectônicas, isto é, dos chamados “aquíferos”. Mas os pesquisadores não estão apresentando seus resultados com ufanismo. Eles lembram que todos os cientistas especializados em águas subterrâneas não ignoram a existência de água doce 34

o mundo da usinagem

abaixo do leito marinho, onde, de fato, aquíferos doces e salobros não são raros. Há milhares de anos, em uma das fases em que o nível do mar era mais baixo do que em fases posteriores, as águas da superfície se infiltravam, enchendo o lençol freático que, hoje, se encontra sob o mar. A novidade é sua localização e mapeamento, graças aos modernos recursos tecnológicos. Porém, três considerações devem ser feitas sobre essa descoberta. Em primeiro lugar, os futuros exploradores desses recursos terão que avaliar o custo-benefício da extração (algumas vezes semissalobra), em detrimento das novas possibilidades de captação de água da chuva e racionalização do consumo. Há de se mensurar essa variável econômica na medida em que ela se torna o principal fator para a exploração desse recurso, embora não o mais importante. Numa segunda análise, podemos mensurar os impactos ambientais gerados por tal exploração, de forma a compreender os desdobramentos futuros, que podem causar efeitos diretos sobre a sanidade econômica do empreendimento e, por consequência, seu custo-benefício. Esses desdobramentos podem se manifestar de diversas maneiras negativas, já que não há estudo científico sobre a movimentação de placas tectônicas em relação a esses reservatórios/aquíferos. De qualquer dezembro.2014/102


planeta fica mais doce

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tenção das temperaturas. Há uma série de implicações que precisam ser levantadas pela comunidade científica antes que possamos dizer que esses serão recursos utilizáveis. A descoberta já começa a circular pelos meios de comunicação e, de qualquer forma, é uma notícia que vem alegrando a todos, já que a água doce hoje é um tema que está seriamente na pauta de todas as esferas da sociedade (política, 3º setor e civil). A água é um recurso natural da humanidade e deve ser tratada e estudada de maneira global a fim de se preservar a integridade de nosso planeta e continuar garantindo a permanência da vida humana. João Manoel S. Bezerra de Meneses Gestor ambiental/Jornalista Para saber mais: http://hypescience.com/existe-maisagua-doce-no-oceano-do-que-nosextraimos-da-terra-em-100-anos/

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maneira, este parece ser o aspecto mais importante a ser levado em conta: o ambiental. Uma última consideração, e não menos importante, aponta para a questão da sustentabilidade, ligada à esfera ambiental e à economia. Com o consumo atual de água no mundo, por quanto tempo essa extração seria viável até torná-la tão insustentável como é hoje a questão dos combustíveis fósseis? O bom senso – e verdadeira mentalidade sustentável – indicaria que a racionalização do consumo de água é mais pertinente que a exploração de um recurso ainda não estudado pela ciência. Pode nos iludir o fato de que a exploração de tais mananciais passaria por tecnologia já nossa conhecida: plataformas marítimas que perfurariam o leito dos oceanos, ou nos próprios continentes e ilhas onde esses aquíferos aflorariam. No entanto, Vincent Post faz um comentário que merece atenção: “A água doce sob o fundo do mar é muito menos salgada do que a água do mar. Isso significa que pode ser convertida em água potável com menos energia do que a água do mar exige durante a dessalinização, e também nos deixaria com muito menos águas hipersalinas”. Sabemos que a salinidade das águas do mar influi diretamente nos sistemas de marés do globo, que é responsável pela manu-

o mundo da usinagem

35


nossa parcela de responsabilidade

Engajamento e bem-estar Já falamos sobre liderança e a busca pelo líder ideal, que precisa gostar de gente, encantar-se pelas complexas relações humanas, pela magia de tornar simples o que nos parece complexo. Hoje nos colocamos do outro lado, e do outro lado existem todas as pessoas, a organização, a engrenagem. Cada dente de engrenagem, cada parte precisa e deve funcionar perfeitamente para que a engrenagem faça o motor partir, ganhar velocidade e fazer o movimento acontecer de forma eficaz e produtiva. Assim somos nós. Fazemos parte dessa engrenagem. Mas que parte? Qual o meu papel nesse cenário? Seria a minha participação tão importante a ponto de fazer essa engrenagem engripar, com o risco de fazer parar o motor? Sim, se apenas um dente dessa engrenagem não encaixar, o motor não funcionará. Mas a exigência hoje vai muito além de fazer o motor funcionar. O que nos é solicitado é fazer o motor girar muito, muito mais rápido, de forma inovadora e surpreendentemente mais econômica. É fazer o mais com menos, superar os limites, ganhar na produtividade, enfim, ser competitivo. 36

o mundo da usinagem

Ouvimos isso inúmeras vezes nos últimos 12 meses e essa tarefa nos parece pesada em algumas ocasiões. Por certo: a economia não cresce a contento, os negócios por sua vez caminham à sombra da economia, o país, num momento delicado de definições políticas, desacelera. Então, como posso eu, um pobre mortal, acelerar o motor? Às vezes essa tarefa está mais ao nosso alcance do que podemos imaginar. O primeiro ponto é não deixar que os aspectos globais e que hoje não se apresentam de forma promissora nos abatam. Ser negativo, cair na descrença de todas as coisas, sentar e chorar, chorar, chorar, não nos levará a caminho algum. Importante estarmos cientes de que, assim como nós, mais 199 milhões de pessoas vivenciam, todos os dias, as mesmas coisas: a economia, a política, os resultados, etc. O que pode mudar é a percepção que temos da mesma realidade. Então refletimos sobre qual é a organização para a qual hoje presto serviços: quais os valores importantes para essa organização? Qual a seriedade? Qual o papel social? Quanto ela está focada em inovação? Onde eu me dezembro.2014/102


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dezembro.2014/102

reforçando as possibilidades do atingimento dos objetivos que nos foram propostos e garantindo uma participação mais presente nos ganhos. Isso se chama engajamento. Esse engajamento nos levará a ultrapassar os próprios limites, realizar sonhos, ser felizes. Acredite. E aqui eu convido você a uma reflexão: o quanto você se sente engajado na organização para a qual trabalha?

Vivian Camargo

localizo dentro dessa empresa? O que faço, qual o meu papel, minhas responsabilidades, como estou entregando aquilo a que me propus? Se nós soubermos responder grande parte dessas questões, com certeza o mesmo cenário irá se descortinar diante de nossos olhos de uma forma mais positiva, mais promissora. Se tivermos a consciência de que realmente estamos aqui por um papel importante, independentemente de posição ou função, mas fazendo o que realmente nos faz brilhar os olhos, daí então não haverá concorrente para nós. Passamos a enxergar oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional onde outros enxergam dificuldades, passamos a considerar desafios onde outros enxergam amea­ ças, porque nos sentimos competentes, hábeis e seguros. Conhecemos a visão da organização, confiamos na liderança, conhecemos as estratégias e quais os caminhos e formas para fazer com que se concretizem projetos,

Sandra Pascuti HR Business Partner Sandvik Coromant América do Sul e Sandvik Machining Solutions São Paulo o mundo da usinagem

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o mundo da usinagem

dezembro.2014/102


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