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Publicação da Sandvik Coromant do Brasil

issn 1518-6091 rg bn 217-147

Grandes mandriladoras Versatilidade, precisão e 80 toneladas de cavacos por mês novas alternativas Revisão de processos elimina gargalos de produção

Trens de pouso

Síntese de operações reduz ciclo produtivo



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pAra começar...

Construir e reconstruir são, no fundo, atividades muito semelhantes. O que fará a grande diferença é o ânimo, a vontade, o desejo, a coragem, o entusiasmo, a vibração, a criatividade, a inspiração, a determinação, o conhecimento, a sabedoria, a sede de vencer e a fé que servirão de impulso a cada movimento, a cada decisão feita por aquele que decidir tomar para si um destes dois desafios.

O Mundo da Usinagem


76 Índice

Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISSN 1518-6091 RG. BN 217-147

Edição 04 / 2011

03 para começar...

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Wallace Nakaya Dias

04 ÍNDICE / Expediente 0 6 Machine investments: saiba mais sobre os processos de usinagem em grandes mandriladoras 18 gestão empresarial: eleb otimiza produção de peças para o setor aeroespacial 26 e stratégia: lanmar alcança resultados expressivos com programa de incremento da produtividade

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Divulgação Eleb

32 tendências e oportunidades i: pré-sal já movimenta importantes setores da indústria 36 tendências e oportunidades II: pequenas iniciativas formam grandes empreendedores 40Nossa parcela de responsabilidade

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Gustavo Magnusson

42 anunciantes / distribuidores / fale com eles

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O Mundo da Usinagem

O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de doze edições ao ano e distribuição gratuita para 15.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. Conselho editorial: Aldeci Santos, Ancelmo Diniz, Aryoldo Machado, Edson Truszco, Edson Bernini, Eduardo Debone, Fernando de Oliveira, Francisco Marcondes, Heloisa Giraldes, Nivaldo Braz, Nivaldo Coppini, Nixon Malveira e Vera Natale. Editor-chefe: Francisco Marcondes Coordenação editorial, redação, edição de arte, produção gráfica e revisão: Equipe House Press Propaganda (Ana Carolina Carbonieri, Décio Colasanti, Thaís Tüchumantel e Ronaldo Monfredo). Jornalista responsável: Francisco Marcondes - MTB 56.136/SP Propaganda: Gerente de contas - Thaís Viceconti / Tel: (11) 2335-7558 Cel: (11) 9909-8808 Projeto gráfico: House Press Gráfica: Company



Machine Investments

Produtividade ideal na usinagem de

grande porte

– Parte II

Wallace Nakaya Dias

Há 100 anos no mercado, Bardella utiliza grandes mandriladoras para produzir de forma ágil peças de grandes dimensões para diversos setores da indústria

O Mundo da Usinagem


N Mandriladoras floor type e mandriladoras portal são os principais equipamentos de grande porte utilizados pela empresa

a primeira parte desta reportagem (edição 74), vimos como a demanda por máquinas de grande porte, mais especificamente de grandes mandriladoras, vem crescendo nos últimos anos. Nesta edição, seguiremos abordando mais algumas particularidades deste mercado em expansão, como a produtividade potencial destes equipamentos, a segurança das operações e a especialização de mão de obra que este tipo de máquina requer. A Bardella – fornecedora de equipamentos para os setores industriais de Metalurgia, Energia, Petróleo, Gás e Movimentação de Materiais – é uma das empresas que vêm obtendo resultados positivos com a utilização deste tipo de máquina. Mandriladoras floor type com mesa giratória e mandriladoras portal fuso 130 e 210 são os principais equipamentos de grande porte utilizados pela empresa para usinar peças de amplas dimensões como carros de pontes rolantes, estruturas de máquinas para mineração e equipamentos hidromecânicos e siderúrgicos. Segundo Antônio José Pereira Machado, engenheiro do departamento de Usinagem da Bardella, os custos relativos à usinagem das peças de grande porte representam, em média, cerca de 20 a 30% do custo total de fabricação. A grande vantagem de se utilizar equipamentos de grande porte está no fato de permitirem o processamento de diversas operações de usinagem, do desbaste ao acabamento, sem a necessidade de remoção da peça da máquina. “Em máquinas de

médio porte, a peça usinada deve ser movimentada várias vezes, o que gera uma perda de produtividade devido ao elevado número de preparações necessárias”, lembra Machado.

Ferramentas robustas Operando com profundidade de corte entre 5 e 7 mm e a uma velocidade de 150 metros/min, estas máquinas operatrizes também possibilitam a remoção de cavacos em grande escala e permitem atingir profundidades de corte maiores do que as das máquinas convencionais. Na avaliação de Machado, estas características podem contribuir para dinamizar a produção da empresa. Na Bardella, os materiais mais comumente usinados são o aço carbono 1.020 e o aço RST 52,3. A maioria dos materiais apresenta dureza de 130 HB, e alguns variam entre 150 e 250 HB. Para usinar materiais tão rígidos, a empresa utiliza ferramentas específicas para cada tipo de operação, sendo as de metal duro intercambiável as mais empregadas. Outras soluções utilizadas nos processos produtivos da Bardella são as brocas, machos e ferramentas compostas de HSS (aço rápido). “No caso de torneamento de peças temperadas ou de alta dureza, utilizamos ferramentas de cerâmica ou ferramentas com ponta de nitreto cúbico de boro”, conta Machado. “Em alguns casos de furações mais profundas também são utilizadas brocas canhão, brocas com pastilhas intercambiáveis e brocas piloto”, completa.

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Machine Investments Wallace Nakaya Dias

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Padrão de qualidade Para refrigerar a região do corte, a Bardella utiliza uma mistura de ar comprimido com óleo refrigerante, conhecida como névoa. Neste sistema, o fluido lubrificante é injetado por meio de pressão nos pontos de furação e, no caso das operações de fresamento, a névoa é pulverizada sobre a superfície das peças a serem trabalhadas. Quanto ao nível de precisão destas máquinas, ao contrário do que comumente se pode pensar, as mandriladoras não exigem necessariamente tolerâncias dimensionais maiores – na verdade elas trabalham com tolerâncias proporcionais ao tamanho de suas peças. Estas proporções são calculadas de acordo com um conjunto de normas, denominado Sistema de Ajustes e Tolerâncias ISO (International Organization For Standardization), que tem como finalidade padronizar o sistema de ajustes, garantindo, desta forma, a qualidade do produto final independentemente de suas dimensões.

Bardella utiliza grandes mandriladoras na usinagem de carros de pontes rolantes, estruturas de máquinas para mineração e equipamentos hidromecânicos e siderúrgicos

Cuidados necessários Segurança é outro requisito essencial ao se trabalhar com equipamentos de grande porte. “Para fixar as peças nos dispositivos das mandriladoras, por exemplo, os preparadores precisam subir em plataformas que acompanham o ca-

beçote das máquinas, em alturas de até seis metros”, explica Machado. Nestas ocasiões, alguns cuidados básicos devem ser colocados em prática para evitar acidentes. Os operadores utilizam cintos de segurança e, em alguns casos, são preparadas plataformas auxiliares



Machine Investments Operações em grandes mandriladoras trabalham com profundidade de corte variando entre 5 e 7 mm e uma velocidade de 150 metros/min e os chamados cabos vida, que são equipamentos instalados na parte de melhor acesso, impedindo que ocorram quedas em caso de desequilíbrio. Devido ao elevado peso das peças, que podem chegar a até 100 toneladas, o manuseio dos equipamentos é um trabalho que deve ser feito com a ajuda de, no mínimo, duas pessoas. Além disso, para que as peças não sejam danificadas em caso de acidentes, deve-se tomar muito cuidado com a movimentação rápida da máquina para evitar colisões das ferramentas com partes da peça. Este cuidado deve ser constante, já que alguns

clientes exigem em suas cláusulas contratuais a reposição da matéria-prima caso não seja possível a recuperação da peça. Outra particularidade da usinagem de grande porte são as altas taxas de remoção de material. Na Bardella, cerca de 80 toneladas de cavacos são removidos todos os meses. Por uma questão de segurança, cavacos longos são evitados ao máximo, mas, quando inevitáveis, são manipulados por operadores que utilizam luvas de proteção e ganchos apropriados para isso.

Produção dinâmica Um dos momentos mais importantes ao se trabalhar com mandriladoras deste porte é a preparação da máquina. “Nos casos em que as peças ocupam toda a extensão do equipamento, esta operação exige parada de máquina, o que interrompe a produção por, aproximadamente, nove horas”, informa Machado. 

Há um século no mercado Fundada pelo imigrante italiano Antonio Bardella em 1911, a Bardella começou como uma pequena oficina no bairro da Barra Funda, em São Paulo, fabricando fogões, grades para janelas e jardins e outros artefatos de ferro para residências. Hoje, a empresa possui duas plantas localizadas no Estado de São Paulo, uma em Guarulhos e outra na cidade de Sorocaba. Detentora de alta capacidade técnica, a Bardella fornece serviços de caldeiraria, usinagem e montagem de equipamentos para os setores industriais de Metalurgia, Energia, Petróleo, Gás, Movimentação de Materiais, Service, Aços Trefilados e Aços Laminados. Desde 2003, a empresa participa do projeto Formare, criado pela Fundação Iochpe, uma organização civil sem fins lucrativos. O projeto oferece cursos de capacitação para 40 jovens, e nele profissionais da Bardella ministram aulas referentes ao apoio e suporte a sistemas de gestão de processos, produtos e meio ambiente. A empresa ainda possui certificados ISO referentes à qualidade e meio ambiente.

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Assim, se uma preparação for feita de modo equivocado, o set up deverá ser refeito, o que acaba gerando perda de produtividade. Já quando se tratam de peças semelhantes, os tempos de set up podem ser minimizados com a fabricação de dispositivos de fixação comuns a todos os processos. Os mais comumente utilizados são platôs, prisioneiros, macacos com rosca, correntes, garras e travessas. Também com a intenção de otimizar sua produção, a Bardella optou por uma mudança em seu parque industrial. Atualmente, apesar de ainda atuar com um layout do tipo funcional, a empresa está em processo de montagem de células de trabalho por meio de projetos de Lean Manufacanuncio_usinagem_202x133.pdf 1 4/11/2010 10:12:57 turing – filosofia de gestão que tem

Wallace Nakaya Dias

Machine Investments

Na Bardella, cerca de 80 toneladas de cavacos são removidos todos os meses



Wallace Nakaya Dias

Machine Investments como objetivo reduzir os desperdícios e implantar o conceito de produção enxuta nas empresas.

Demanda por profissionais

Devido à dificuldade de encontrar profissionais qualificados, Bardella treina seus profissionais internamente, processo que pode durar mais de sete anos

Segundo o engenheiro da Bardella, encontrar profissionais qualificados nesta área do mercado pode ser difícil. “Os cursos de engenharia ministrados pelas universidades são voltados quase que inteiramente para a indústria seriada, de médio e pequeno porte”, relata. Machado adianta que um dos requisitos fundamentais para engenheiros interessados em ingressar nos departamentos de Engenharia de Manufatura de uma empresa como a Bardella é a experiência em usinagem com peças diversas. 



Machine Investments Custo relativo ao processo de usinagem pode representar de 20 a 30% do custo total de fabricação de uma peça de grande porte

Por este motivo, a Bardella costuma treinar seus profissionais internamente, em seu departamento de Engenharia de Manufatura e Orçamentos. Ali, os operadores começam trabalhando em máquinas menores e, por meio do desenvolvimento de seus potenciais, chegam até o nível necessário para operar mandriladoras pesadas, num processo de evolução que costuma demandar no mínimo sete anos. Para alguém interessado em trabalhar como processista, Machado alerta: “Conhecimento de máquinas CNC, leitura e interpretação de desenho, Auto Cad, conhecimento das ferramentas, máquinas e dispositivos de fixação da peça e conhecimento de medição em processo são necessários”.

Superando desafios Seguindo a tendência do mercado, diversas fabricantes de mandriladoras pesadas surgiram nos últimos anos. Segmentos como o

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Wallace Nakaya Dias

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No torneamento de peças temperadas ou de alta dureza, Bardella utiliza insertos de cerâmica ou insertos com ponta de nitreto cúbico de boro

de mineração e siderurgia estão em constante crescimento, alavancando o mercado de máquinas pesadas e superpesadas. Mas o setor também enfrenta desafios. Temporadas de grande demanda do mercado são alternadas com épocas de baixa demanda em usinagem pesada. Lidar com esta entressafra é o principal desafio das empresas deste setor: é necessário saber administrar estes períodos. “Na Bardella, procuramos compensar as épocas de baixa aumentando a prestação de outros serviços, como reformas e atualização tecnológica de equipamentos”, afirma Machado. Já nas vendas, a principal ques-

tão a ser gerenciada é a concentração da demanda em serviços que requerem um mesmo tipo de máquina, causando ociosidade em outros equipamentos. “Às vezes, temos uma alta procura por serviços que demandam a utilização do torno vertical, enquanto nossa maior disponibilidade pode ser atender serviços de mandriladoras, por exemplo”, comenta Machado. Operando há cem anos no mercado de usinagem pesada, a Bardella tem conseguido superar os desafios da usinagem de grande porte com sucesso e garante que a razão para isso está no fato de honrar integralmente todos os seus compromissos contratuais, satisfazendo sempre seus clientes. Thais Paiva Jornalista



Divulgação Eleb

gestão empresarial

Máquinas multitarefas dinamizam produção industrial Embraer/Eleb utiliza centros de usinagem na fabricação de peças para o setor aeroespacial e consegue reduzir tempos de produção e set up

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roduzir mais peças em menos tempo é um desafio enfrentado diariamente por todas as indústrias. Outros objetivos comuns às empresas do setor metalmecânico são atingir maior flexibilidade nas entregas, melhor qualidade dos produtos, e redução do work in process, bem como dos ciclos de produção e dos custos de fabricação. No caso da Embraer/Eleb Equi-

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pamentos Ltda – fabricante de equi­ pamentos aeroespaciais –, as exigências do mercado não são diferentes. Além dos desafios comuns enfrentados por muitas indústrias, a Eleb ainda deve lidar com questões próprias da indústria aeroespacial, tais como a alta complexidade das peças produzidas e o vasto mix de produtos de baixa demanda, que exigem produções em lotes pequenos.

Peças exigentes José Luiz Fragnan, diretor da unidade Eleb, explica que as peças deste setor são produzidas em processos lentos e fragmentados. “Os produtos passam por máquinas diversas que exigem uma grande variedade de ferramentas, o que implica numerosos set ups”, ressalta Fragnan. “Esta troca constante de ferramentas pode acarretar falhas



gestão empresarial José Luiz Fragnan, da Eleb: “Máquinas multitarefas diminuem de forma expressiva a possibilidade de equívocos, pois exigem apenas um set up

Solução versátil Com o objetivo de solucionar estes desafios, a Embraer/Eleb adotou em 2006 suas primeiras máquinas multitarefas, os centros de torneamento. A empresa foi uma das primeiras da América Latina a adquirir este tipo de tecnologia. O principal diferencial deste equipamento é a possibilidade de realizar diversas operações – como fresamento, furação e torneamento – em uma só máquina. “Conseguimos reduzir significativamente a quantidade de operações necessárias para a fabricação da maioria de nossas peças, pois com os centros de torneamento podemos executar diversas opeDivulgação Embraer

que geram prejuízo às empresas”, completa. O diretor também indica que outra particularidade do setor aeroespacial é trabalhar com matérias-primas muito resistentes, o que gera um desgaste excessivo de ferramentas. Além disso, a baixa velocidade de corte exigida pela alta

resistência dos materiais demanda a utilização de ferramentas e dispositivos de fixação robustos que garantam a estabilidade do processo – itens que, segundo Fragnan, não são encontrados no mercado com facilidade. O surgimento de novos materiais e novas tecnologias de produção para este setor exige que as indústrias em geral estejam preparadas para trabalhar com produtos de alta complexidade. “O nível de complexidade dos produtos cresce permanentemente; por isso, as empresas que não utilizam tecnologia de ponta hoje estão sujeitas a sofrer uma perda de produtividade que pode ser fatal”, prevê Fragnan.

Com nova tecnologia, empresa pôde trabalhar com lotes menores, garantindo flexibilidade para atender a demanda do mercado

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rações de uma só vez”, justifica Fragnan. Isto é possível devido à quantidade de ferramentas que podem ser acopladas ao magazine da máquina, possibilitando a troca rápida do ferramental sempre que necessário. Por apresentar alto nível de automação, as máquinas multitarefas também permitem que o operador controle diversos eixos, tanto lineares quanto circulares, além de utilizar ferramentas fixas e ferramentas que são acionadas conforme a necessidade de fabricação do produto. “Com a utilização desse recurso de seleção das ferramentas de corte, conseguimos praticamente eliminar a possibilidade de falhas com o set up, o que poderia causar a perda do produto, e com isso aumentamos nossa produtividade e aprimoramos a qualidade das peças”, conta Fragnan.

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Otimizando a produção Apesar do elevado investimento inicial, as máquinas multitarefas apresentaram um excelente custo– benefício para a Embraer/Eleb. “Uma peça estrutural, que antes requeria 50 horas para ser produzida, agora pode ser concluída em apenas 10 horas”, conta. “Como os testes de conceito são muito mais rápidos, conseguimos fabricar os protótipos em um tempo muito menor, o que acelera todo o processo de fabricação”, avalia o diretor. Outra vantagem é a flexibilidade que estas máquinas apresentam, podendo operar com vários tipos de matéria-prima, como aço, alumínio, titânio e fibras de carbono. Ao reduzir as etapas necessárias para a produção das peças, foi possível reduzir o work in process (trabalho em andamento no chão de fábrica),


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gestão empresarial Centros de torneamento possibilitaram aprimoramento da qualidade dos produtos, pois apresentam acabamento mais preciso

o que levou a uma consequente redução dos estoques. Com estas características de processo, a Eleb também pôde produzir lotes menores, atendendo melhor as necessidades do mercado. Com este novo processo, o gerenciamento da produção também se tornou mais fácil. Todos os produtos ficam estocados em um único local aguardando a operação, já que todos serão usinados na mesma máquina. No sistema anterior, era preciso gerenciar diferentes estoques de peças para as diferentes máquinas que faziam parte do processo de usinagem. “Antes da implantação destas máquinas, utilizávamos um equipamento para cada tarefa e, às vezes, ainda havia a necessidade de fazer um acabamento manual”, lembra Fragnan. Hoje, todos os processos podem ser realizados em uma única máquina.

Robustas e precisas Os centros de torneamento multitarefas são equipamentos constituídos por um monobloco fundido, com guias temperadas a 64 HRC e montadas com dois carros transversais independentes, características

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Segurança no setor de aviação A Eleb é uma unidade industrial da Embraer S.A. que está instalada em São José dos Campos (SP), ocupa uma área total de 23.700 m2 e uma área construída de 19.300 m2. A empresa atende o segmento de aviação comercial de médio porte, fabricando componentes para heli­ cópteros, aviação executiva e aviação de defesa. Entre os principais serviços oferecidos estão o desenvolvimento e produção de trens de pouso e componentes hidráulicos e eletromecânicos – atuadores, válvulas, acumuladores e pilones. A empresa também é responsável pelo teste das peças fabricadas em sua unidade. Alguns dos testes realizados são ensaios de queda livre, de carga estática, de fadiga, de durabilidade, testes hidráulicos e de temperatura. Os produtos aprovados são certificados pela empresa e chegam ao mercado com garantia de qualidade e segurança.

que oferecem rigidez e versatilidade à máquina e evitam qualquer contato das guias com os cavacos produzidos durante a usinagem. Desta forma, o equipamento fica protegido de danos que poderiam ser causados pela interferência dos cavacos na operação de corte. Estes centros de torneamento também possibilitam a troca de ferramentas em qualquer ponto da operação, o que otimiza o tempo de produção. Graças ao direcionamento das forças de corte às áreas mais rígidas do equipamento, os centros de torneamento são considerados máquinas robustas que executam as operações com precisão. Também devido a esta característica, os blocos modulares podem ser realinhados caso sofram colisões durante o processo. Segundo Fragnan, a qualidade oferecida pelas máquinas multitarefas também pode ajudar outros tipos de indústrias, além da aeroes-

pacial. “A indústria automotiva, por exemplo, também pode se beneficiar deste tipo de equipamento, já que trabalha com peças de usinagem complexa como eixos e engrenagens”, sugere. Fragnan ainda destaca a importância da inspeção de qualidade nestas duas indústrias. “Em ambos os casos, a qualidade não só diz respeito apenas à vida útil da peça, mas à própria segurança das pessoas que utilizam os nossos produtos”, afirma. “Não pode haver tolerância em relação a falhas neste processo porque, nestes casos, qualquer erro pode ser fatal”. No caso da indústria aeronáutica, o diretor acredita que o principal objetivo a ser alcançado é superar o conceito artesanal da produção, priorizando os recursos tecnológicos disponíveis que podem favorecer a qualidade e a produtividade. Thais Paiva e Rodrigo Hora Jornalistas



Dorival Silveira

estratégia

A produtividade

em alta

Lanmar investe em novas ferramentas e processos para otimizar a produção de peças e consegue elevar o nível de produtividade em até 800%

O

ritmo de crescimento de uma empresa depende da capacidade de identificar e solucionar os problemas em sua produção. Pensando nisso, a Sandvik Coromant desenvolveu o Programa de Incremento da Produtividade (PIP), em 2005 mundialmente e em 2006 no Brasil, que reúne espe-

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cialistas em diversas operações de usinagem para antecipar os resultados que podem ser obtidos com a aplicação de novas soluções nos processos produtivos. A vantagem é que os resultados podem ser calculados e comparados antes mesmo da aplicação da solução proposta. Localizada na cidade de Hor-

tolândia (SP), a Lanmar – fabricante de peças para o setor petrolífero e aeroespacial – é uma das empresas que vem colhendo resultados expressivos depois de sua adesão ao programa. Desde seu primeiro contato com o PIP, em 2007, por intermédio da Cutting Tools – distribuidor autorizado de ferramentas Sandvik


Coromant –, a empresa conseguiu otimizar a maioria dos processos envolvidos na fabricação de algumas de suas peças, alcançando economia de tempo e custos muito acima do esperado.

Novas estratégias de produção

“O mandril tem dois furos, com diâmetros de 110 e 60 mm”, explica Silveira, especialista em furação que participou da implantação do programa na empresa. “Antes do PIP, eram necessárias mais de oito horas para realizar esta operação e, após a consultoria técnica prestada, conseguimos diminuir esse tempo para apenas 1hora e meia”, continua.

Resultados expressivos

Gustavo Magnusson

A primeira oportunidade para a implementação do programa surgiu em 2008 com as dificuldades suscitadas pela peça mandril, componente que integra a chamada “árvore de natal” – equipamento constituído por uma série de válvulas, utilizado no setor petrolífero para controlar a vazão de óleo de um poço de exploração de petróleo ou de gás natural. “Este equipamento exigia diversas operações de usinagem, como furação, torneamento, canal e mandrilamento, além de empregar duas máquinas distintas em sua

produção, uma mandriladora e um torno vertical”, explica Fabiano da Silva Rodrigues, representante de vendas da Cutting Tools. Para Valdomiro Fincatti, encarregado de produção na Lanmar, o caráter fragmentário do processo envolvia muitas horas e equipamentos e retardava toda a produção, gerando altos custos. “Precisávamos de novas estratégias de usinagem que diminuíssem o lead time das peças e o desgaste de ferramentas”, conta Fincatti. Assim, com o propósito de aumentar a produtividade da empresa, Rodrigues e os especialistas de produtos da Sandvik Coromant Okis Bigelli, Antônio Giovanetti e Dorival Silveira identificaram as mudanças necessárias no processo de fabricação da peça e sugeriram alternativas de usinagem com a utilização de novas ferramentas.

Lanmar é uma das empresas que vem colhendo resultados expressivos desde sua adesão ao PIP, em 2007

Esta redução significativa no tempo de usinagem foi alcançada com a adoção das brocas CoroDrill 800.24 de 60 mm de diâmetro e T-Max Drill 424.10 de 110 mm de diâmetro. Juntas, estas ferramentas compõem o Sistema Ejector, que foi utilizado em uma mandriladora Cutmax 3. Além disso, os especialistas sugeriram a utilização dos bedames de 15 mm no torno vertical, equipamento também utilizado no processo de produção do mandril. Além do ferramental, a assessoria técnica da Cutting Tools ofereceu um treinamento especial para que os operadores da Lanmar pudessem se familiarizar com a nova tecnologia aplicada no chão de fábrica. Após esta mudança na operação de furação, o resultado final foi um ganho de produtividade de 159%, com uma redução no ciclo de usinagem de 14 para apenas 6 horas. “Antes, a Lanmar utilizava uma broca para completar a furação em duas etapas, pois a peça precisava ser virada. Depois deste processo, ainda havia a necessidade de mandrilar os furos para obter o acabamento desejado”, lembra Rodrigues. 

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estratégia Gustavo Magnusson

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Fabiano da Silva Rodrigues, da Cutting Tools, especialistas de produtos da Sandvik Coromant Dorival Silveira e Okis Bigelli e, ao meio, Valdomiro Fincatti, da Lanmar o PIP também na fabricação de peças para o setor aeroespacial, outro segmento atendido pela empresa, onde havia sido identificado um gargalo de produção. Neste caso, a produção da peça conexão apresentava alguns desafios, como a geometria complexa e a dureza de sua matéria-prima – o aço inoxidável endurecido. “A peça é semelhante a um cotovelo e demandava

Menos etapas, mais economia De acordo com Fincatti, a linha de produção de peças para o setor aeroespacial exigia ferramentas robustas e com classes de pastilhas de metal duro apropriadas para seu tipo de material. “Além disso, ainda havia Gustavo Magnusson

O mandrilamento é um processo de usinagem onde ferramentas de corte são fixadas em barras de mandrilar. “Com a aplicação das brocas Ejector, a furação passou a ser feita em uma única etapa; além disso, a excelente qualidade do acabamento final obtido permitiu eliminar a operação de mandrilamento”, continua Rodrigues. Já a operação de canal foi ainda mais bem sucedida, gerando um ganho de produtividade de 800%. O processo anterior utilizava um bedame e duas ferramentas de torneamento – uma direita e outra esquerda – para abrir um canal, o que era feito em uma série de etapas. Com o novo processo implementado (bedames de 15 mm) é possível realizar toda a operação com uma única ferramenta e o tempo de usinagem foi reduzido de 14 horas para apenas 1,5 hora.

operações de corte interrompido em suas extremidades, formando um quadrado”, explica Rodrigues. “Para isso, utilizávamos duas máquinas, um torno e um centro de usinagem, o que tornava o processo final demorado e representava alto custo para a empresa”, detalha. Deste modo, a peça era primeiramente desbastada no centro de usinagem com uma fresa de disco até que o quadrado fosse formado. Após essa etapa, a peça seguia para um torno para o desbaste final de acabamento. Todo este processo consumia de forma excessiva pastilhas de fresamento e levava aproximadamente 2,5 horas para concluir cada peça.

Expandido soluções Diante dos bons resultados atingidos na linha de peças para o setor petrolífero, a Lanmar resolveu adotar

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Diante dos bons resultados atingidos na linha de peças para o setor petrolífero, a Lanmar resolveu adotar o PIP também na fabricação de peças para o setor aeroespacial



estratégia comemora Rodrigues. “Em relação ao tempo de usinagem, a redução também foi extremamente positiva, passando de 2,5 horas para apenas 40 minutos”, contabiliza.

Experiência em usinagem Fundada há 38 anos como resultado da parceria entre quatro amigos, a Lanmar é uma empresa especializada na usinagem de peças de pequeno, médio e grande porte com alta precisão para as indústrias aeronáutica e petrolífera. A empresa se dedica à usinagem de ligas especiais como titânio, inconel, alumínio e aço. Entre os principais serviços oferecidos estão o corte com jato d’água de alta pressão, fabricação e montagens de máquinas, processos de dobra CNC, montagens e cravação de porcas de flange e montagens mecânicas. Em 2006 a empresa mudou-se para o município de Hortolândia (SP), onde agora está localizada sua nova planta de 62.000 m², que conta com 285 funcionários. A empresa possui os certificados ISO 9000, que assegura sua gestão de qualidade, e NBR 15100, que garante o sistema da qualidade aeroespacial de sua fábrica. utilização do centro de usinagem na fabricação do componente aeronáutico, pois a operação de fresamento tornou-se desnecessária após a aplicação das novas ferramentas. “Com isso, obtivemos um ganho de produtividade de 278%, o que levou a uma economia de aproximadamente R$ 53.000,00 ao ano”, Fotos: Gustavo Magnusson

o desafio de remover altas taxas de cavacos, que precisava ser superado”, completa ele. Após um estudo detalhado do processo de fabricação da peça, a solução adotada foi a utilização de bedames de 8 mm para o desbaste do quadrado até a medida final da peça. Este novo processo eliminou a

Confiança que dá frutos

Com sistema Ejector, tempo de usinagem foi reduzido de oito horas para 1 hora e meia 30 O Mundo da Usinagem

Parceiras há aproximadamente quatro anos, a Lanmar e a Cutting Tools estão muito satisfeitas com os resultados obtidos. Por meio de visitas semanais, a equipe da Cutting Tools está sempre atenta a possibilidade de detectar problemas junto aos operadores de máquinas da Lanmar, para posteriormente propor projetos que possam solucioná-los. Atualmente, a empresa fornece brocas para furações profundas, a linha de bedames para usinagem pesada e pastilhas para torneamento. “Estamos muito satisfeitos com a assessoria prestada pela Cutting Tools”, informa Samuel Amate, gerente industrial da Lanmar. “A redução do tempo de usinagem e a diminuição do consumo de ferramentas geraram uma economia muito significativa em nossos processos de fabricação”, afirma Amate. Para Rodrigues, o apoio do cliente foi uma condição essencial para o sucesso do trabalho. “A confiança depositada em nossas sugestões foi muito importante para que, em conjunto, conseguíssemos alcançar estes ótimos resultados”, conclui. Thais Paiva Jornalista


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Desafios da

nova fronteira

Com a exploração do pré-sal, surge um novo mercado que deverá movimentar todos os setores da indústria

E

m 2006 a Petrobras descobriu, a poucos quilômetros de nosso litoral, gigantescas reservas de petróleo e gás natural de alta qualidade, que podem transformar o Brasil em um dos maiores produtores dessas commodities no mundo. O pré-sal pode ser descrito como uma cadeia rochosa localizada nas porções marinhas de grande parte do litoral brasileiro e que apresenta grande potencial para a geração e acúmulo de petróleo. Os chamados campos de pré-sal encontram-se em alto mar, entre 250 km e 300 km longe da costa, em uma faixa que vai do Espírito Santo até Santa Catarina, somando aproximadamente 800 km de comprimento. Este novo eldorado brasileiro reúne jazidas que, em alguns casos, estão mais de 7 mil

32 O Mundo da Usinagem

metros abaixo do nível do mar. Apesar dos desafios naturalmente ligados ao pré-sal, especialistas consideram que a exploração comercial dessa riqueza é plenamente viável e deverá movimentar a economia nacional. As reservas brasileiras de petróleo e gás anteriores à descoberta do pré-sal somavam aproximadamente 14 bilhões de barris equivalentes. Somente com as reservas estimadas de áreas já descobertas, como Tupi (agora conhecida como campo Lula), Iracema (agora renomeada campo Cenambi), Iara, Guará, Libra, Franco e outras, a disponibilidade total pode chegar a cerca de 40 bilhões de barris. Todavia, há estimativas de que a região do pré-sal possa conter de 50 a 100 bilhões de barris. Maior empresa petrolífera brasilei-

ra, a estatal Petrobras já se prepara para o desenvolvimento do pré-sal, com a perspectiva de que sua exploração comercial se firme a partir de 2014 e se consolide por volta de 2030, quando espera-se que o Brasil já esteja entre os cinco maiores produtores de petróleo do mundo.

Desenvolvimento necessário

A Petrobras é reconhecida em todo o mundo como uma das empresas de ponta na exploração de petróleo em águas ultraprofundas (a partir de 1.000 metros). No caso do pré-sal, a lâmina d’água onde ocorrerão as perfurações de poços apresentam entre 2 mil e 3 mil metros de profundidade. O principal desafio destas operações está no fato de que, para atingir os de-

Divulgação Petrobras

tendências e oportunidades i


Para que isso ocorra é preciso, acima de tudo, dispor de capital humano qualificado em várias áreas de conhecimento, para dar sustentação aos novos processos necessários para a exploração comercial dos recursos do pré-sal. Será preciso dispor de pesquisadores, técnicos e gestores capacitados em quantidade suficiente para desenvolver as soluções exigidas; para construir e ampliar os recursos de infraestrutura; para operar equipamentos; e para gerenciar os processos de extração, armazenamento, distribuição e comercialização do petróleo, gás e seus subprodutos. Segundo estimativas de especialistas, do ponto de vista financeiro, a exploração do pré-sal demandará investimentos de mais de US$ 200 bilhões ao longo dos próximos anos. Além destes investimentos, destinados à exploração das camadas pré-sal e à expansão do segmento produtivo de petróleo e gás (que inclui prospecção, refino, distribuição e transformação), muitos outros setores deverão ser estimulados. É o caso das indústrias metalúrgica, naval, da construção

Somente a Petrobras deverá contratar mais de 200 mil pessoas até 2013 civil, além de um sem-número de prestadores de serviços que serão direta ou indiretamente beneficiados pelo fenômeno. Um exemplo notável desse envolvimento multissetorial é o mercado imobiliário, que já vem experimentando um forte aquecimento nos negócios em cidades litorâneas próximas às novas regiões de exploração do pré-sal. Para se ter ideia da demanda que haverá por profissionais qualificados nestas regiões, somente a Petrobras deverá contratar mais de 200 mil pessoas até 2013 para atender às necessidades do projeto pré-sal. Os reflexos dessa demanda podem ser percebidos também no setor da Educação. Algumas instituições de ensino superior estão desenvolvendo novos cursos nas áreas de engenharia e química direcionados ao segmento petrolífero. Mas vale lembrar que este mercado exigirá ainda profissionais de nível técnico, administradores e gestores para dar suporte ao crescimento geral esperado.

Preparando para o crescimento As empresas que pretendem se beneficiar da exploração do pré-sal devem planejar seu crescimento e investir desde já em treinamento, organização e contratação de suporte especializado para oferecer capacitação a seus colaboradores. Aos profissionais e estudantes que pretendem aproveitar o crescimento proporcionado pelo pré-sal, capacitação, qualificação e especialização são as palavras-chave para ser bem-sucedido neste breve futuro, quando se espera um mercado ávido por grande volume de profissionais. Por outro lado, iludem-se aqueles profissionais que pensam poder entrar neste mercado sem as credenciais exigidas pelas empresas. Em um mundo globalizado como o nosso, a importação de mão de obra – em especial daquela altamente especializada – é um dos fatores que sem dúvida serão ponderados pelos contratantes na hora de formar suas equipes. Divulgação BDO

Recursos e perspectivas

Divulgação Petrobras

pósitos de petróleo e gás do pré-sal, deverão ser realizadas perfurações que atingirão até 5 mil metros sob o solo. As atuais tecnologias já permitem a exploração comercial de poços nessas condições, mas ainda será preciso investir no desenvolvimento de novas soluções para que os custos de extração sejam reduzidos e, consequentemente, a capitalização dos poços possa ser viabilizada.

Artigo produzido por Marcelo Gonçalves Auditor e professor de Finanças e Controladoria em cursos de pós-graduação e MBA

O Mundo da Usinagem 33




tendências e oportunidades ii

Movendo a

Fernando Favoretto

economia brasileira

Hurth Infer, de Sorocaba (SP)

Considerado a força motriz do mercado, empreendedorismo exige criatividade e ousadia

S

egundo a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – utilizada para medir as taxas do empreendedorismo mundial –, o Brasil está entre os países mais empreendedores do mundo. A taxa média de empreendedorismo nos últimos dez anos no Brasil é de 13%. Apenas no ano de 2009, essa taxa era de 15%, o que significa que a cada 100 brasileiros 15 estão empreendendo. Essa pesquisa também revelou mudanças recentes no perfil dos empreendedores nacionais. O número de jovens e mulheres que estão

36 O Mundo da Usinagem

empreendendo aumentou consideravelmente nos últimos anos. Outra mudança foi o nível de estudo dos atuais empreendedores. “Quem se considera um profissional completo ao pegar o diploma está enganado. O novo empreendedor já percebeu que o aprendizado deve ser diário e constante”, aponta João Batista Diniz Leite, professor do IBMEC (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais), de Brasília. Segundo Ângelo Mori Machado e José Luiz Amaral Machado, diretores da Gerencial Auditoria e

Consultoria, este é um momento favorável para o empreendedor brasileiro. O País passa por um processo de crescimento econômico que ainda deve ser intensificado com os investimentos que serão feitos para a Copa do Mundo FIFA de 2014 e para os Jogos Olímpicos, em 2016. Além disso, os especialistas ressaltam que, com uma possível reforma tributária e previdenciária no País, os empresários brasileiros teriam benefícios com uma eventual redução dos impostos, o que favoreceria ainda mais a realização de novos negócios. A


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reforma também possibilitaria maiores investimentos na indústria, gerando mais empregos e atraindo mais empresas estrangeiras ao Brasil.

Afinal, o que é empreender? O termo empreendedorismo foi usado pela primeira vez em 1950, pelo economista Joseph Schumpeter. Segundo o economista, o empreendedor seria uma pessoa criativa, que é capaz de obter sucesso com suas inovações. Renato Fonseca, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo), amplia o conceito proposto por Schumpeter. “O empreendedor deve ser uma pessoa que sabe captar oportunidades, sabe apresentar suas ideias e defendê-las, buscando os recursos necessários para realizar seu propósito; em resumo, empreendedores são aqueles que realizam visões”, esclarece o consultor. De acordo com Schumpeter, o empreendedorismo seria a prática necessária para a manutenção do mercado, pois os produtos inovadores, Divulgação

Renato Fonseca, do Sebrae: "Crescimento da economia nacional justifica mudanças no perfil do empreendedor brasileiro" que são resultado de soluções empreendedoras, tomam o lugar dos produtos antigos. Com isto, a concorrência no mercado fica restrita às empresas inovadoras. Esse conceito recebe o nome de destruição criativa, que garante a rotatividade do sistema. Baseando-se neste conceito, o professor João Batista aponta o empreendedorismo como o principal responsável pelo crescimento da economia e do capitalismo de modo geral. “Quando falamos em empreender, estamos falando em iniciativas que podem ser feitas na fabricação de um produto, na inovação ou aprimoramento de um processo ou na oferta de um serviço, não significa necessariamente apenas criar um novo negócio”, adverte o professor.

Exemplo a ser seguido João Batista Diniz Leite, do IBMEC: “O novo empreendedor percebeu que o aprendizado deve ser diário e constante”

38 O Mundo da Usinagem

Um modelo de empreendedorismo é a empresa Hurth Infer Indústria de Máquinas e Ferramentas. Inicialmente batizada como Infer, a empresa foi fundada em 1963 pelo imigrante italiano Pasquale Milone e

pelo brasileiro Leopoldo Funaro. Os dois profissionais trabalhavam como funcionários de uma empresa do setor de ferramentas e detectaram uma oportunidade neste setor: havia uma grande demanda da indústria por ferramentas e os fabricantes demoravam em atender os pedidos. Como agora, na época o mercado também oferecia muitas oportunidades para expansão e desenvolvimento, com a chegada das montadoras de automóveis ao País. Por isso, decidiram investir na criação de um negócio próprio. Como em todo início, os sócios tiveram de enfrentar muitos desafios. Segundo Aniello Milone, diretor da Hurth Infer e filho de um dos fundadores, o maior deles foi a consolidação da empresa no mercado. “Éramos uma empresa pequena e desconhecida e tivemos que conquistar a confiança dos clientes. Tínhamos a nosso favor apenas a boa vontade e a experiência dos fundadores”, conta o diretor. Aniello Milone lembra que naquela época não havia linhas de crédito para pequenos empreendedores; portanto, todos os investimentos tinham de ser feitos com capital próprio. Com o crescimento, a empresa se mudou de São Paulo para Sorocaba (SP), em 1972, em busca de instalações maiores. Hoje a Hurth Infer está instalada em uma área de 60.000 m², sendo 11.000 m² de área construída, e oferece ao mercado ferramentas rotativas especiais em aço rápido e metal duro, além de brochas e ferramentas para usinagem de engrenagens. Seus principais clientes são montadoras e fabricantes de autopeças. Investir continuamente em novas tecnologias para a fábrica e também



na especialização dos colaboradores é um bom caminho para manter qualquer empresa competitiva no mercado. No início dos anos 1980, a Hurth Infer começou a se preparar para o futuro. “A abertura do mercado aos produtos importados só começaria mais tarde e naquela época havia dificuldades para se importar componentes de reposição para as máquinas”, conta Aniello Milone. Esta dificuldade foi a oportunidade encontrada pelos sócios para que a empresa se especializasse na fabricação de máquinas chanfradoras e brochadeiras. Com o conhecimento que a empresa tinha do setor, a iniciativa logo alcançou sucesso. Segundo o diretor, até hoje os investimentos em novas tecnologias são uma prática constante da Hurth Infer. Em 2010, foram investidos R$ 6 milhões em máquinas e equipamentos.

Todos podem empreender Para manter o espírito empreendedor que deu início à empresa, os profissionais da Hurth Infer são incentivados a colocar em prática atitudes inovadoras que possam trazer aprimoramento aos processos. Estes são os chamados intraempreendedores, colaboradores que praticam atitudes empreendedoras em seu trabalho diário. “O conceito de empreendedorismo é amplo, está ligado à criatividade, à inovação e ao conhecimento”, explica o professor João Batista. “Os colaboradores são parte integrante dos processos de produção, assim, são também muitas vezes os mais aptos a sugerir novas soluções”, acredita Leite. Para isso, a empresa

40 O Mundo da Usinagem

Fernando Favoretto

tendências ii

Aniello Milone, da Hurth Infer: “Incentivamos nossos colaboradores a priorizar atitudes inovadoras” tem de estar aberta a receber e pronta a analisar todas as sugestões, permitindo que os funcionários também colaborem para o desenvolvimento dos procedimentos. Segundo especialistas em empreendedorismo, independentemente do cargo que se ocupa dentro de uma empresa todos podem se tornar empreendedores – basta ter disposição para colocar as iniciativas em prática. “Para isso, é preciso refletir sobre os processos atuais para encontrar soluções de melhoria”, explica Renato Fonseca, consultor do Sebrae. Por sua vez, o professor do Ibmec acrescenta que o verdadeiro diferencial de um empreendedor é sua capacidade de abstração. “Este profissional acredita em um ideal e por isso arrisca. Ele também pode ter muitos prejuízos, mas sabe aproveitar ao máximo até mesmo seus fracassos”, conclui Batista. Gustavo F. Quattrone Jornalista Veja mais maisinformações informaçõesem: em: www.omundodausinagem.com.br





nossa parcela de responsabilidade

futuro das empresas E m todo o mundo, há uma preo­ cupação cada vez maior com a sustentabilidade em diversos âmbitos de nossas vidas. Esta tendência vem impactando as organizações em diversos aspectos, e um deles é a liderança. Atualmente, espera-se que os profissionais que ocupam estes cargos saibam promover as mudanças necessárias para alcançar o verdadeiro desenvolvimento sustentável nas empresas e na sociedade como um todo. A sustentabilidade está também relacionada à consciência que as pessoas têm do impacto de suas ações no resto do mundo. No caso da liderança sustentável, este princípio funciona da mesma forma, pois este profissional deve ter consciência dos efeitos que terão suas ações, tanto na empresa quanto na sociedade em geral. Este tipo de liderança demanda novos comportamentos, que surgem a partir das alterações dos modelos mentais predominantes da liderança convencional. Liderar pessoas é um desafio constante e é possível ter sucesso nesta tarefa sendo um líder sustentável. Durante o Fórum Mundial de Liderança e Alta Performance, realizado pela HSM, Luiz Carlos Cabrera, professor de Gestão de Carreiras de 44 O Mundo da Usinagem

Administração de Recursos Humanos, destacou que uma liderança sustentável pode ser alcançada a partir da prática de quatro componentes básicos. Estes pontos são: agir com foco nos resultados economicamente viáveis, sendo justo em suas ações e promovendo a perenidade do negócio; promover ações que sejam socialmente corretas, com foco no crescimento das pessoas; promover ações que sejam culturalmente aceitas e adequadas; e atuar no ambiente de forma ecologicamente adequada. Além destas iniciativas, o líder sustentável deve proporcionar crescimento para as pessoas ao seu redor, mostrar interesse genuíno por elas, ouvindo a todos atentamente e estando sempre disponível para conversar. Integridade também deve ser um de seus valores. Querer ensinar, formando assim equipes autossuficientes, e agir com ousadia são habilidades que consolidam o perfil deste novo profissional. Exercer uma liderança sustentável é manter o equilíbrio entre seus alicerces. A igualdade entre os pilares que sustentam um negócio deve ser equilibrada e, para isso, o profissional não deve ter medo de tomar as atitudes necessárias.

Fernando Favoretto

Liderança sustentável é o

Podemos nos basear na teoria de Peter Senge – especialista em aprendizado organizacional –, que define o comportamento de profissionais em estado de medo. Nestas ocasiões, costumamos concentrar nossa atenção em um só ponto, o que faz com que nossa consciência e visão periféricas desapareçam. Entramos, então, em um baixo estado de consciência, focando nossos esforços exclusivamente na ameaça. Com este comportamento, o profissional nunca conseguirá manter o equilíbrio necessário para exercer a liderança sustentável. Para as empresas, uma das vantagens de contar com líderes que têm este perfil é que, além de estar preparados para assumir cargos de liderança, estes profissionais já sabem a melhor maneira de conduzir a empresa e já estão inseridos na cultura organizacional com uma visão sustentável. Não se trata de um modismo ou simplesmente de um incentivo para o comprometimento do funcionário com a empresa, mas sim de uma ação em prol do futuro da organização. Harumi Nomura Gerente de Recursos Humanos Sandvik Coromant do Brasil



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