89 Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147
Cummins:
Programa de Incremento da Produtividade (PIP) gera mais uma vez grandes resultados
Lean Summit 2012: produção enxuta avança no Brasil Torneamento de peças duras: em prol da economia e do meio ambiente
Índice
edição 89
10/2012 AGIR
R FICA VERI
AR NEJ AN LA P PL
R FAZE
12 Produtividade
Pastilha de CBN com interface SafeLock Crédito: AB Sandvik Coromant
4 Soluções de Usinagem I
16 Negócios da Indústria I
22 Educação e Tecnologia I
34 Educação e Tecnologia II
04 Soluções de Usinagem I Cummins: investimento em confiança e foco nos resultados
12 Produtividade Lean Manufacturing: discutindo o conceito Toyota de Produção Enxuta
16 Negócios da Indústria I 22 26 28
Acompanhe a Revista O Mundo da Usinagem digital em:www.omundodausinagem.com.br
34 36
Contato da Revista OMU Você pode enviar suas sugestões de reportagens, críticas, reclamações ou dúvidas para o e-mail da revista O Mundo da Usinagem: faleconosco@omundodausinagem.com.br ou ligue para: 0800 777 7500 outubro.2012/89
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Pensamento Lean no Brasil: na vanguarda da qualidade Educação e Tecnologia I Testes Vocacionais: eles funcionam? Negócios da Indústria II Troféu Produtividade Blaser 2012 Soluções de Usinagem II Torneamento de peças duras Educação e Tecnologia II O gap entre a educação e a indústria Nossa Parcela de Responsabilidade Nos dias de hoje Anunciantes / Distribuidores / Fale com Eles
EXPEDIENTE
O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 15.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP Editor-chefe: Fernando Oliveira Co-editora: Vera Natale Coordenação editorial, redação, produção gráfica e revisão: Ação e Contexto (Fernando Sacco, Gustavo R. Sanchez, João M. S. B. Meneses, Renato Neves, Thais Kuperman, Vivian Camargo) Jornalista responsável: Fernando Sacco - MTB 49007/SP Projeto gráfico: Renato Neves Impressão: Ipsis Gráfica e Editora
o mundo da usinagem
3
soluçþes de usinagem I
Cummins:
Investimento em confiança e foco nos resultados
Arquivo Cummins
Programa de Incremento da Produtividade (PIP) conduzido na Cummins gera economia de US$ 400 mil anuais
4
o mundo da usinagem
outubro.2012/89
T
rabalhar em equipe tem
cimento do ferramental, passando
da Sandvik Coromant que, resumi-
sido uma especialidade
pela sua preparação, logística, até a
damente, abrange a avaliação e oti-
entre a Cummins Bra-
reafiação, os processos são condu-
mização dos processos em parceria
zidos internamente.
com o cliente.
sil e a Sandvik Coromant. Desde 2005, o gerenciamento completo
A proximidade entre as duas
Na ocasião, atualização das
das ferramentas está centralizado
companhias possibilita uma res-
ferramentas, alteração dos parâ-
dentro da planta da Cummins,
posta rápida às necessidades da
metros de corte e dos sistemas de
localizada em Gua-
produção e o conhecimento com-
fixação geraram ganhos expressi-
rulhos (SP). As-
partilhado abre portas para a me-
vos e permitiram um aumento na
sim, do forne-
lhoria dos processos internos. Foi
capacidade produtiva em um curto
assim em 2008, quando as duas
espaço de tempo, como declarou
empresas se uniram para solucio-
então Geraldo Sumitomo, à épo-
nar um gargalo na produção da
ca supervisor de manufatura da
linha de blocos de cilindro C, ISC
Cummins do Brasil. “Os resultados
e ISL por meio do Programa de In-
do último PIP se refletem até hoje,
cremento da Produtividade (PIP)
para nós foi um trabalho extremamente válido com foco nos resultados” relembra hoje Emerson Santos, engenheiro de manufatura da Cummins e responsável pela linha de blocos de cilindro C, ISC e ISL. Todavia, a dinâmica de mercado exige um trabalho de melhoria contínua e, mesmo apresentando uma linha altamente competitiva, o Programa de Incremento da Produtividade não é um processo estático, como enfatiza oportunamente Silvio Bauco, supervisor de processos PIP e Machine Investments da Sandvik Coromant: “O PIP é um programa contínuo e está pautado pela necessidade do cliente, até porque os gargalos mudam de posição. Então o primeiro trabalho nos
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o mundo da usinagem
5
soluções de usinagem I
res, como explica Emerson Santos: “Notamos que essa operação da usinagem estava apresentando números insatisfatórios com base nos resultados do CPK, índice utilizado para avaliar a capabilidade produtiva dos processos ”. Outro problema Vivian Camargo
apresentado era a necessidade constante da troca de ferramentas, o que poderia comprometer a ergonomia do operador e por si só já era motiOperação realizada antes do processo de otimização (PIP): usinagem do furo do comando do bloco de motor diesel com guias e barras mancalizadas
vo para melhorar o processo. Além
ajudou a entender o funcionamen-
pontua o vendedor técnico da
Parada (HMP) em torno de R$ 95
to da linha, abrindo espaço para
Sandvik Coromant que realizou o
mil/ano. “Essa operação era de fato
novas melhorias”.
trabalho de PIP, ao lado de Thiago
um gargalo: tanto a máquina quanto
Antonio Granzoto, responsável
Vasques, engenheiro de manufa-
o conceito empregado não estavam
pelo atendimento à Cummins, re-
tura da Cummins, para otimizar
correspondendo às necessidades”,
força a importância do sucesso do
um processo de produção na uni-
conclui Thiago Vasques.
trabalho iniciado em 2008 e que
dade da empresa em Guarulhos.
até hoje repercute positivamente: “A Cummins é uma empresa forte, competitiva e nesses anos de trabalho conjunto aprendemos que sempre há espaço para melhorar”,
Novos Desafios Passados três anos desde o primeiro PIP, a empresa se deparou com um novo gargalo na mesma linha, dessa vez no processo de desbaste do comando dos moto-
disso, cálculos preliminares indicavam perdas de Horas de Máquina
Mudanças à vista A fim de contornar esses problemas e otimizar o processo de fabricação dos blocos de cilindro, uma equipe de onze pessoas (oito profissionais da Cummins e três da Sandvik Coromant) optou por realizar um novo PIP, que teve início em setembro de 2011. A partir daí, foi elaborado um estudo que envolveu a atualização do ferramental, para eliminar o número de operações da linha, além de reduzir o ciclo de tempo das CNCs, o que reduziria
Vivian Camargo
As barras mancalizadas foram totalmente substituídas pela barra de mandrilar Silent Tools. No detalhe, a Silent Tools em ação 6
o mundo da usinagem
despesas operacionais. Uma das primeiras iniciativas do PIP foi a atualização das ferramentas. Foram incorporadas ao procesoutubro.2012/89
Sandvik Coromant, estreitando assim conhecimento e atualização na área de ferramentas para usinagem.
Arquivo Cummins
Política de resultados
so brocas helicoidais de performan-
Linha de usinagem de blocos de motor diesel produzidos na unidade fabril da Cummins em Guarulhos
ce diferenciada (Corodrill 861) e brocas calibradoras especiais para usinagem de furos com tolerâncias centesimais. “Com essas mudanças ganhamos em desempenho e qualidade”, resume Thiago Vasques. O balanceamento das máquinas foi outro ponto trabalhado no projeto, bem como as fases de tryout com vistas à otimização das ferramentas, etapa que contou com
Uma das principais mudanças trazidas pelo PIP foi a eliminação de uma das máquinas utilizadas na linha de usinagem, justamente aquela dedicada ao problemático processo de desbaste do furo do comando. Com isso, o fato de contar com uma operação a menos gerou uma economia, em termos de despesas operacionais, na casa dos US$ 90 mil anuais. Contudo, a eliminação de uma das máquinas poderia gerar problemas de logística e gargalo operacional pior que o anterior, devido ao realocamento da usinagem. A solução para esse caso foi a adoção da barra antivibratória Silent Tools dedicada ao processo de mandrilamento, o que permitiu
auxílio dos operadores, que colocaram à disposição o conhecimento operacional do processo, como pontuou Kleber Santos, líder de produção da Cummins durante a visita de nossa reportagem. Vale ressaltar que os operadores, engenheiros e técnicos da unidade passam por treinamentos regulares de manuseio e otimização das ferCoromant. Além disso, anualmente são apresentadas as novidades dos CoroPaks, pacotes de lançamentos de novas ferramentas de corte da outubro.2012/89
Arquivo Cummins
ramentas conduzidos pela Sandvik
o mundo da usinagem
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soluções de usinagem I
manter tolerâncias estreitas mesmo havendo longos balanços da ferramenta. A barra antivibratória Silent Tools foi incorporada a uma das máquinas CNC da linha, que passou em seguida por um novo arranjo de layout. “A adoção dessa ferramenta fez a grande diferença, já que ao redu-
na cadeia produtiva, ou seja, mais do que uma ferramenta utilizada na correção de processos deficientes, a Silent Tools foi uma solução de produtividade”, pondera Silvio Bauco. Com essas mudanças, o tempo de desbaste do furo do comando diminuiu de seis para dois minutos, o que possibilitou a eliminação da antiga operação sem aumentar o tempo de ciclo da linha. Não se trata apenas de uma linha mais enxuta e eficaz, o trabalho do PIP trouxe resultados como a melhoria na segurança e ergonomia dos operadores, tecnologias mais competitivas e adequação dos ciclos de máquinas. “Chegamos a ficar dois dias com a
Bloco usinado
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o mundo da usinagem
Motor ISL, fabricado de acordo com as normas Euro 5
Cummins: Recorde na produção de motores e nova unidade em Itatiba O ano de 2011 marcou um bom momento para a Cummins Inc. e sua subsidiária brasileira. Foram produzidos 112 mil motores em território nacional, 16,6% a mais do que 2010 e um recorde para a unidade, que começou a operar em Guarulhos-SP em 1974. O faturamento total na América do Sul foi de US$ 1,9 bilhão, um crescimento de 45%, cuja receita ficou dividida em 61% para a unidade de Negócios de Motores, 19% Distribuição, 14% Geração de Energia e 6% para Componentes. A América do Sul já responde por 10,5% do faturamento global da maior fabricante independente de motores diesel do mundo, fundada em 1919. Prova dessa importância é a construção da mais nova unidade da Cummins no Brasil em Itatiba (SP), para receber a nova unidade de negócio de grupos geradores e o centro de distribuição. Em um terreno de 436 mil m² e área construída de aproximadamente 50 mil m², a nova planta industrial da Cummins vai demandar investimentos iniciais da ordem de US$ 90 milhões entre compra do terreno e construção da fábrica. A expectativa é que a nova unidade esteja em operação a partir de março de 2014, gerando inicialmente 250 empregos diretos, com projeção de alcançar 700 postos de trabalho nos anos seguintes. Arquivo Cummins
dados de corte, com impacto direto
Arquivo Cummins
zir a vibração foi possível elevar os
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soluções de usinagem I
Antonio Granzoto e Marcos Morine, da Sandvik Coromant, de capas amarelas, apresentam aos operadores José Carlos dos Santos, Ronaldo Mendes e André Talhares, engenheiros Thiago Vasques e Emerson Carlos dos Santos e o líder de produção Kleber Santos, todos da Cummins, o novo conceito da barra Silent Tools que substituiu as barras mancalizadas anteriormente usadas na linha do bloco C.
máquina responsável pelo desbaste do furo de comando parada e, após essa melhoria, ainda não tivemos nenhuma parada corretiva. Além disso, o peso da ferramenta diminuiu cerca de 60%, o que facilita e dinamiza o tempo de troca”, detalha Kleber Santos. Vivian Camargo
O foco e profissionalismo dos envolvidos trouxe outro ponto positivo: nenhuma peça foi perdida durante as fases de teste e aplicação do PIP. “Todos os blocos saíram dentro do especificado”, comemora Emerson Santos. A confiança nos resultados tende a gerar novas melhorias: “Em um futuro próximo pretendemos utilizar ferramentas Silent Tools para ganhar cada vez mais tempo de ciclo também nas furações”, prevê Marcos
De olho no mercado Atualmente, a linha de blocos de cilindro ISC e ISL produz cerca de 1.500 unidades por mês e atende clientes como a Ford Caminhões e
Morine, vendedor técnico da área de
MAN, duas grandes empresas do
Round Tools da Sandvik Coromant.
segmento no País. O modelo ISL
atende as normas Euro 5, responsável por controlar a redução de emissão de poluentes. A diretriz, em vigor desde 1º de janeiro de 2012, também confere mais desempenho e menor consumo aos motores, a fim de garantir baixo custo operacional ao consumidor final. Com foco nos resultados e atenta às mudanças nos processos produtivos, a parceria entre Cummins e Sandvik Coromant é prova de que o investimento em confiança gera mudanças positivas e fortalece toda a cadeia produtiva. Mais do que isso, evidencia que a melhoria é sempre um objetivo possível e, acima de
Vivian Camargo
tudo, mútuo. Fernando Sacco Jornalista
Foto de toda a equipe Cummins e Sandvik Coromant que participou ativamente do processo de otimização: Ronaldo Mendes, André Talhares, Antonio Granzoto, Katia Regina F. de Almeida, Thiago Vasques, José Carlos dos Santos, Kleber Santos, Marcos Morine, Emerson Carlos, Adilson Lopes e Roberto Tino
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o mundo da usinagem
outubro.2012/89
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Soluções em Metrologia
João Luís de Oliveira
produtividade
Lean Manufacturing:
Discutindo o conceito Toyota de Produção Enxuta Modelo de gestão empresarial embasado em metodologia originada há quase oito décadas na japonesa Toyota vem ganhando cada vez mais destaque
do Lean Institute Brasil (LIB). Foi
sobre estudos de
um evento riquíssimo de conteúdos
caso de diferentes
conceituais, práticos e bons exem-
empresas que atuam no Brasil nas
plos de empresas que são referên-
mais diversas áreas industriais.
cia nos seus devidos segmentos.
Segundo levantamento do LIB,
Além de palestras de autoridades
13% dos participantes represen-
internacionais, como James Woma-
tavam o setor automotivo, 10% a
ck (Fundador e Senior Advisor do
área de metalurgia, 7% o setor de
Lean Enterprise Institute, EUA),
máquinas e equipamentos e 6% o
Mike Rother (Consultor e pesqui-
setor aeroespacial.
sador da Universidade de Michi-
O Lean Summit 2012, 10º even-
gan, que estuda a Toyota desde
to organizado pelo LIB, foi o fórum
1989), David Meier (Presidente
privilegiado para que empresas de
da Lean Associates), David Verble
diversos segmentos tivessem co-
Lean Summit de 2012
(Consultor e Presidente da Ver-
nhecimento, apresentassem e com-
apresentou a mais de
ble, Worth & Verble e Ex-Gerente
partilhassem suas experiências em
mil participantes,
de
de Desenvolvimento de Recursos
diversos momentos da “jornada
quase 200 empresas do Brasil e do
Humanos na Matriz da Toyota nos
Lean”, que busca enxugar procedi-
exterior, o caminho que, há quase
EUA) e Brian Maskell (Presidente
mentos, custos, tempos, falhas, em
quinze anos, se percorre no Brasil
da BMA Inc.), o evento também
busca de maior produtividade e
com incentivo e direta participação
contou com mais de 30 palestras
qualidade, por isso mesmo também
O
12
o mundo da usinagem
outubro.2012/89
Participantes do Lean Summit 2012 durante a palestra de Mike Rother
chamada de “produção enxuta”.
mentas atreladas a uma forma de
ther, “praticar hábitos e modificar a
Segundo José Roberto Ferro, presi-
agir e pensar. Esta forma de agir e
cultura” em busca de soluções.
dente do LIB, “o objetivo do even-
a mudança de como se vê este tipo
Já Brian Maskell, palestrando
to foi prover conhecimento para
de gestão gera uma análise dos há-
sobre “Os fundamentos econômico-
apoiar as empresas e praticantes de
bitos inconscientes e propicia mu-
-financeiros do Lean”, tratou de
diferentes setores e em diversos es-
danças que liberam a capacidade
termos e conceitos do pensamento
tágios da “jornada Lean”. Os que já
produtiva,
atitudes
Lean e lembrou as vantagens da “li-
aplicavam o sistema puderam apro-
subconscientes e permitindo con-
beração de capacidade”, uma vez
fundar seus conhecimentos com o
centração em outras funções.
que esta reduz os desperdícios den-
eliminando
que há de mais recente no mundo”.
Ainda segundo Rother, “para
Em sua palestra, “Criando a
superar desafios é preciso praticar
cultura de melhoria através dos
as possibilidades, é preciso mudar
Kata”, Mike Rother enfatizou a ne-
o piloto automático”. O pensamen-
cessidade de se criar uma cultura
to Lean permeia a capacitação e a
de melhoria contínua dentro do
reorganização das organizações fa-
contexto fabril/empresarial para
bris, mudando velhas práticas para
se ter êxito dentro das propostas
novas soluções e desenvolvendo
Lean. A estratégia Lean pressupõe
respostas positivas para situações
boas técnicas produtivas e ferra-
adversas. Ser Lean é, segundo Ro-
outubro.2012/89
tro do fluxo de valor do produto. O fundamental conceito de fluxo de valor estendido foi apresentado pelo próprio James Womack em sua palestra sobre as novas perspectivas para este conceito. A melhoria do fluxo de valor pelo processo Lean não se restringe mais apenas ao interior da empresa, devendo ser buscada de ponta a ponta na cadeia, dos foro mundo da usinagem
13
produtividade
ICAR F I R VE
AGIR
R FAZE
necedores aos clientes. O novo enfoque, em função da globalização da economia, contempla provedores de serviços, distribuidores, varejistas e a consequente necessidade de valorizar as relações com fornecedores e clientes que vão, hoje, de continente a continente. Apenas analisando todo o fluxo passo a passo é que se atinge o conhecimento do fluxo global, podendo assim analisar seu valor. Com gráficos para discutir alguns exemplos, Womack sugeriu as várias abordagens analíticas possíveis. A “disciplina da melhoria”, também dita “Toyota kata”, ou “pensamento Toyota” , além de ter sido apresentada em uma segunda palestra de Mike Rother, na realidade permeou a totalidade das apresentações.
Sistema Lean de Negócios o Conceito O Sistema Lean de Negócios é definido pelo LIB como “uma estratégia de negócios para aumentar a 14
o mundo da usinagem
JAR E N A P PLL
satisfação dos clientes por meio da melhor utilização dos recursos”. O propósito da gestão Lean é atingir preços mais baixos por meio de processos que melhorem fluxos e suporte, envolvendo pessoas qualificadas, motivadas e proativas. Desenvolver produtos como soluções para o cliente, analisando e melhorando o fluxo de valor nas fábricas em todos os níveis de funcionamento, da matéria-prima até o produto acabado, criando fluxos contínuos e sistemas puxados em função da demanda real dos clientes são as práticas do princípio Lean. O termo Lean foi cunhado há cerca de 20 anos. Entre 1988 e 1990, Womack coordenou o projeto de pesquisa International Motor Vehicle Program (IMVP) do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Esse projeto visava entender a dinâmica de competição das indústrias automotivas e culminou na descoberta da excelência do Sistema Toyota em comparação aos sistemas de produção de massa então em vigor no mundo ocidental.
O grande marco da concepção do termo Lean foi o livro “A Máquina que Mudou o Mundo”, de Womack , Daniel Jones e Daniel Roos, publicado em 1990, hoje com mais de dois milhões de cópias vendidas em todo o mundo, que apresentou os resultados dessa pesquisa e concebeu o termo Lean para caracterizar o Sistema Toyota. José Roberto Ferro lembra que “em maio de 1998, Womack veio ao Brasil pela primeira vez para promover o lançamento do seu novo livro ‘Lean Thinking’ — traduzido para o português como ‘A Mentalidade Enxuta nas Empresas’ —, que ampliava as ideias, conceitos e práticas da Toyota, levando-os a outro patamar. Naquela oportunidade, visitamos algumas empresas e organizamos o primeiro Lean Summit para cerca de 100 participantes. Ao final de uma semana, fizemos uma avaliação conjunta e concluímos que o conhecimento sobre Lean era praticamente inexistente no país”. Sob a liderança de José Roberto Ferro foi constituído, em 1998, o Lean Institute Brasil (LIB), como uma instituição sem fins lucrativos, com o propósito de disseminar a filosofia Lean no país. Tratava-se do segundo instituto criado para difundir e disseminar o sistema de gestão Lean, apenas um ano após Womack ter fundado o Lean Enterprise Institute (LEI) nos Estados Unidos. Segundo José Roberto Ferro, “ o LIB foi concebido com o propósito de disseminar a filosofia e o sistema Lean de gestão de forma pública e prática, de modo a contrioutubro.2012/89
buir para a efetiva transformação das empresas”.
2004 ocorre bienalmente na cidade
triais, basicamente transformando a
de São Paulo, SP.
maneira de pensar, agir e produzir,
Desde então, o Lean Summit
O Lean Institute Brasil vem que-
não apenas nos setores de manufa-
foi realizado anualmente em 1999
brando paradigmas empresariais e
tura como também nos de serviços.
(São Bernando do Campo, SP), 2000
demonstrando que os conceitos e
(Campinas, SP), 2001 (Curitiba, PR)
práticas Lean são aplicáveis a todos
João Manoel S.Bezerra de Meneses
e 2002 (Gramado, RS); a partir de
os segmentos empresariais e indus-
Gestor Ambiental/Jornalista
Termos mais usados pelo conceito Lean O vocabulário Lean reflete com precisão a estrutura conceitual da produção “enxuta” conforme contribuições estruturais de Taiichi Ohno (1912-1990), funcionário da Toyota desde 1932 e vice-presidente nos anos 1970, e de Shigeo Shingo (1909-1990), seu grande parceiro no estabelecimento do que o mundo passou a chamar de “toyotismo”. ANDON: ferramenta de gestão para estimular colaboração entre as diferentes categorias profissionais da organização fabril no processo de solução de problemas, oferecer suporte visual ao encaminhamento de sugestões de melhorias e mostrar o estado das operações em uma área, avisando ocorrências fora do padrão. CHAKU-CHAKU: método de condução do fluxo de uma só peça em uma célula em que as máquinas descarregam as peças automaticamente, de modo que se possa levar uma peça diretamente de uma máquina a outra, sem parar para descarregar. FLUXO DE VALOR: todas as ações, que criam valor ou não, necessárias para trazer um produto ou serviço do conceito ao lançamento (também conhecido como fluxo de valor do desenvolvimento) ou do pedido à entrega (também conhecido por fluxo de valor operacional). Inclui todas as etapas de processamento de informações e materiais necessários para que o valor seja entregue ao cliente. GEMBA ou GENBA: termo japonês para “local real”, normalmente utilizado para o chão de fábrica ou qualquer lugar em que ocorra o trabalho que cria valor. GEMBA WALKS: “passeio” que os engenheiros devem fazer pelo chão de outubro.2012/89
fábrica ao constatar a existência de algum problema na linha de produção. Na terminologia inglesa é o conceito de MBWA: management by walking around. GEMBA KAIZEN: melhoria do chão de fábrica. HEIJUNKA: nivelamento da produção, que se obtém pelo sequenciamento dos pedidos, tornando a demanda dos clientes previsível. É o conceito principal para estabilizar o fluxo de valor e, com isso, o inteiro processo de manufatura. HOSHIN KANRI: é o desdobramento da estratégia, também chamado de desdobramento de metas, sistema de planejamento estratégico que combina os recursos disponíveis com as atividades-chave de modo que apenas o desejável, relevante, importante e atingível seja permitido. JIDOKA: trata-se do princípio de dar ao operador a autonomia de parar o processo quando alguma anormalidade for detectada. KAIKAKU: melhoria radical e revolucionária de um fluxo de valor, a fim de rapidamente se criar mais valor com menos desperdício. KAIZEN: mudança para melhor, melhoria contínua de um fluxo completo de valor ou de um processo individual, a fim de se criar mais valor com menos desperdício. Além de melhorar a produtividade, o kaizen contribui para a melhoria das condições de trabalho. KANBAN: significa, em japonês, “cartão visual” ou “quadro de sinais” usados na gestão do estoque para o funcionamento “just in time“ das operações. O KANBAN pode coordenar (e
apontar a necessidade de alternar) as produções “empurrada” (push system) e “puxada” (pull system). KATA: a palavra significa pensamento, então Toyota Kata são os princípios da Toyota, a maneira de pensar da empresa. LEAN ENTERPRISE: um acordo contínuo entre todas as empresas que compartilham o fluxo de valor para uma família de produtos, a fim de especificar corretamente o valor sob a ótica do cliente final, eliminando ações que geram desperdício e fazendo com que as atividades que agregam valor ocorram em um fluxo contínuo puxado pelo cliente. LOGÍSTICA LEAN: um sistema puxado com reposição frequente em pequenos lotes, estabelecido entre cada uma das empresas e plantas ao longo do fluxo de valor. MUDA: o que é supérfluo e inútil; parceiro de MURA (fora do padrão) e MURI (sobrecarregado). POKA-YOKE: termo derivado do japonês Yokeru, que significa “Prevenir” e Poka, “erros por desatenção”. Assim, o poka-yoke (se pronuncia poká-yokê) visa prevenir as falhas humanas decorrentes da desatenção que provoquem defeitos no produto. SISTEMA 5 S: Seiri (senso de utilização e descarte), Seiton (senso de arrumação e ordenação), Seiso (senso de limpeza), Seiketsu (senso de saúde e higiene) e Shitsuke (senso de autodisciplina). Fontes para o Glossário: Léxico Lean, 2003, Glossário Ilustrado para praticantes do Pensamento Lean, Lean Enterprise Institute. http://www.manufacturingterms.com/Portuguese/
o mundo da usinagem
15
neg贸cios da ind煤stria I
Pensamento Lean no Brasil:
Na vanguarda da qualidade
Participantes da abertura do Lean Summit 2012 16
o mundo da usinagem
outubro.2012/89 agosto.2012/88
João Luís Oliveira
Como grandes empresas adotaram o Sistema Lean para alcançar a excelência operacional em sua gestão?
A
Manufacturing a ferramenta mais
dezena de empresas parceiras
adequada em um mercado acirrado e
para a fabricação de caminhões e
cada vez mais volátil.
ônibus Volkswagen.
Em diferentes níveis e trazen-
A chamada “Jornada Lean” co-
do suas experiências Lean nos
meçou em 2009 com o planejamento
diferentes segmentos industriais,
A3, “uma prática pioneira da Toyo-
o Lean Summit 2012 foi um su-
ta, na qual a análise e a solução de
cesso pela amplitude de seus de-
problemas e o desenvolvimento de
bates e pela excelência de seus
projetos são feitos com base num
palestrantes. Apesar da grande
método desenvolvido numa única
qualidade de todas as apresenta-
folha de papel, no formato A3”, ex-
ções durante o evento, nos limi-
plica José Roberto Ferro, presidente
taremos às apresentações afeitas
do Lean Institute Brasil.
ao setor metalmecânico.
A MAN Latin America, as oito
busca contínua por uma
empresas que participam do con-
gestão enxuta, eficiente
sórcio modular e seus prestadores
e flexível deixou de ser
apenas um fator competitivo e hoje já se traduz como sinônimo de sobrevi-
Soluções em cadeia
de serviço, e os dois parceiros de logística realizam o planejamento encadeado, envolvendo toda a orga-
vência. A eliminação de desperdícios
Um case de sucesso de gestão en-
nização, pelo pensamento A3. Com
e gargalos, o aumento da produtivi-
xuta é a MAN Latin America, que
isso promove-se o alinhamento e
dade por meio de soluções simples e
desde 1996 realiza suas opera-
consenso entre as áreas, suportados
a manutenção dos processos de qua-
ções por meio do modelo de con-
pelo método PDCA, para controle
lidade encontraram no sistema Lean
sórcio modular, reunindo uma
de processos. A sigla PDCA resume
João Luís Oliveira
Mike Rother discutindo soluções para dilemas dos processos de manufatura.
outubro.2012/89
o mundo da usinagem
17
negócios da indústria I
zer/agir), check (checar ou verificar) e action (agir de forma corretiva). “Através de um ‘A3 Mãe’ a empresa definiu requisitos de qualidade e metas que deveriam ser alcançados por seus parceiros e fornecedores”, explicou Adilson Dezoto, diretor da MAN Latin America. A empresa preconiza a cultura da liderança com foco no gemba (palavra japonesa para chão de fábrica) e valoriza a cadeia de ajuda. Trata-se de uma mudança de postura coletiva em diversos níveis da empresa que garantiram à MAN projetar para 2012 um aumento de produtividade de 15%, a redução de 25% das ocorrências por veículo, a redução de 50% do inventário in house e um aumento de 50% na Fidelidade do Programa de Produção.
Sistemas à prova de erros Na Eaton, empresa diversificada que atua no gerenciamento de energia e que na América do Sul fabrica componentes elétricos e sistemas de distribuição de energia, produtos para motores automotivos, para filtração industrial e sistemas hidráulicos, além de sistemas de transmissão para veículos em geral, a filosofia de produção enxuta trouxe à empresa ganhos como redução dos tempos de ciclos e set up, nivelamento dos estoques, padronização dos trabalhos e sistemas à prova de erros. As práticas enxutas em escala mundial fazem parte de um sistema de gerenciamento 18
o mundo da usinagem
e negócios denominado Eaton Business System (EBS). José Roberto de Lima, gerente da unidade de negócios de transmissões leves da empresa, comparou o trabalho Lean conduzido na Eaton ao funcionamento de um carro: “O trabalho padrão da liderança é o motor, o processo de prestação de contas diário é a direção e a disciplina é o combustível”. De acordo com o executivo, os próximos passos da cultura Lean na empresa são consolidar o trabalho padrão da liderança, continuar vivendo uma cultura de melhoria contínua dos processos, valorizando as pessoas e a obtenção de resultados de longo prazo. Já a Mercedes-Benz do Brasil, centenária e moderna empresa que tem em seu histórico ter produzido o primeiro ônibus, o primeiro caminhão com motor a gasolina e o primeiro caminhão a Diesel do mundo, como vê o Lean? A empresa tomou fôlego para uma ação notável e o “Começando certo” do título da apresentação de André Luiz Moreira, seu Diretor de Produção, nos introduz na aventura da transformação da antiga fábrica de carros, em
Juiz de Fora-MG, em uma das mais modernas plantas do mundo para produção de caminhões. Em apenas 18 meses concretizaram-se na nova planta os objetivos da empresa: maximizar o retorno sobre um investimento de R$ 450 milhões por meio de um rigoroso planejamento dentro dos princípios da produção enxuta. Conceitos como one-piece-flow, just-in-sequence e kanbans asseguram a ausência de estoques e de desperdícios. Ao longo da linha de montagem final com 36 estações e da montagem de cabines com 67 estações, portais garantem a verificação da qualidade de cada etapa da produção. O I-Park, “parque industrial de fornecedores” ali mesmo, na própria planta, sedia as empresas parceiras que fornecem componentes, realizam pré-montagens e pintura de peças. “Começar certo”, no caso da Mercedes-Benz de Juiz de Fora significa também o inovador processo de fabricar seus dois distintos produtos, o Accelo (leve) e o Actros (extrapesado), na mesma linha de montagem, o que indica a extrema otimização dos processos da logística Lean.
James Womack: “temos que consertar as lideranças”.
João Luis Oliveira
as palavras plan (planejar), do (fa-
outubro.2012/89
negócios da indústria I
Mudança de cultura
tivas, implantou outros programas-
com zero desvio, melhoria de lead times
-piloto do sistema Lean e chegou ao
e baixos custos, pela cooperação de to-
A Villares Metals, maior produtora de Aços Especiais não planos de Alta Liga da América Latina, além de outros segmentos de mercado, investe fortemente no que define como “mudança cultural”. Valorizando as pessoas dentro do contexto fabril, a Villares Metals está em fase de elaboração de um manual do sistema de gestão que é a base das condutas e práticas dentro do campo produtivo e administrativo. No ano de 2011, partindo de duas áreas-piloto - Acabamento de Barras e Usinagem - a empresa dedicou 1120 horas a semanas kaizen, para 257 participantes, com 775 ideias implantadas. No chão de fábrica, além da gestão visual de todos os procedimentos e do fluxo de materiais, obteve-se redução de até 80% na movimentação dos operadores e redução de alguns tempos de set up, da ordem de 50%. O objetivo para 2012-2013 é ampliar a implementação da filosofia de gestão Lean para as áreas de Acabamento Bruto, Célula de Aços Rápidos, Tratamento Térmico e Forjaria. Nessa “mudança cultural” necessária ao funcionamento do sistema Lean, na Villares Metals todos estão envolvidos, do presidente aos operadores.
5 S ou níveis de excelência, que são os
dos os níveis operativos – Planejamen-
pilares do sistema Lean (ver terminologia Lean, à pág. 15). Os resultados foram notáveis quedas no índice de acidentes (-94%), diminuição de quase 50% nos tempos de produção, entre outros. Os próximos passos da empresa estão direcionados à extensão do sistema Lean e à sua intensificação nas áreas administrativas e de suporte à produção.
Investimento em
Pessoas Do Grupo Bosch, empresas de tecnologia automotiva, industrial e de construção, vem o alerta sobre a importância do modelo de trabalho implantado na empresa como fator preponderante dos resultados que se pretende obter, passando-se da burocracia coercitiva e de gerência corretora de problemas a uma burocracia habilitadora, que capacita seus colaboradores e disponibiliza uma gerência “próxima”, que apoia as necessidades da fábrica. Estabele-
Melhoria Contínua Uma das mais antigas adeptas do sistema Lean no Brasil, o Grupo ThyssenKrupp iniciou seu primeiro programa piloto logo após o Lean Summit de 2000. Construtor de uma das maiores usinas de aço do país, com vários ramos de negócios, de motores a elevadores, o grupo, ao longo da última década, implementou o programa SeisSigma, estendeu o conceito Lean às áreas administra20
o mundo da usinagem
cer responsablidades, formar times e, sobretudo, capacitar o pessoal é a dinâmica da responsabilidade que a empresa vem seguindo, tendo obtido 8% de melhoria na produtividade e grande aprimoramento no clima organizacional, entre outros.
to, Logística, Compras, Manutenção, RH – suportando a estabilidade da produção. Diminuir a instabilidade do processo, com zero acidentes, zero desvios e ganho em produtividade são metas trabalhadas em todos os níveis da organização. O objetivo de zero acidente, partindo de 24 em 2008, baixando para 10 em 2010, está prestes a ser alcançado em 2012 em uma das plantas da fábrica de São Bernardo do Campo.
O Lean hoje Vemos, portanto, que o Lean não é apenas um instrumento de melhoria de produção, mas uma perspectiva de negócio capaz de suportar e superar os desafios impostos pela nova economia. Não por acaso, o conceito de produção enxuta já se estendeu para áreas como saúde, educação, construção, serviços e até mesmo para a administração pública. Nas palavras de James Womack, “para se dar o próximo passo na jornada Lean nós precisamos criar lideranças Lean, que façam uso pleno das ferramentas Lean”. A figura do líder se torna fundamental e estratégica. “O líder não executa só mudanças individuais, ele introduz uma nova mentalidade de gestão”, enfatizou Womack. É o que vem fazendo a EMBRAER, desde 2007, um exemplo de gestão Lean que
Metas Claras Centrada na estabilidade, a Scania, fornecedora de soluções em transportes, tem buscado a excelência na produção,
esperamos tratar em breve.
Fernando Sacco João Manoel S.Bezerra de Meneses Jornalistas outubro.2012/89
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educação e tecnologia I
TESTES VOCACIONAIS:
ELES FUNCIONAM? “O que você vai ser quando crescer?” é uma frase comumente dirigida às crianças assim que elas adquirem capacidade de resposta verbal, por volta dos três anos de idade
J
ogador de futebol, bombeiro,
vem alargando os tempos do inse-
médico, piloto de avião.... as
rimento dos jovens no mercado de
crianças respondem em fun-
trabalho, criando cursos universitá-
ção das identificações projetadas pe-
rios para profissões que, até pouco
las figuras parentais ou responsáveis
tempo, eram aprendidas na prática:
que exerçam estas funções, por seus
culinária, moda, turismo, educação
professores, grupos de afinidades e,
física, geriatria, para citar apenas al-
atualmente, daquilo que apreen-
guns do grande elenco.
dem nos meios de comunicação,
Nesse universo, existe orien-
muitas vezes mediados pelos valo-
tação possível aos jovens de hoje?
res da cultura de massa. De tempos
Algumas escolas de Ensino Médio
em tempos, algumas profissões são
organizam ciclos de palestras, com
mais populares do que outras, e as
representantes de várias profissões
crianças podem variar suas esco-
— normalmente pais de alunos —
lhas na medida em que crescem e
vindo apresentá-las aos estudantes.
se desenvolvem.
Outras escolas aplicam testes voca-
A sociedade, contudo, ou a famí-
ShutterStock
lia, acabam forçando-as a uma defi-
22
o mundo da usinagem
cionais ou encaminham seus alunos para fazê-los.
nição no momento em que situações
O momento da escolha profis-
reais lhes batem à porta: trabalhar
sional envolve questões profundas
para ajudar a família, desenvolver
do ser humano, muito estudadas
sua própria independência e auto-
no campo da Filosofia, sobre o “ser
nomia — normalmente vindos com
alguém”, que escolha seguir, iden-
o término do Ensino Médio e a deci-
tidade social, etc. Como a escolha
são de cursarem uma universidade.
também abrange as expectativas
Como se dão tais escolhas em
que os outros depositam no indiví-
nossos dias? A própria sociedade
duo, bem como as próprias expectaoutubro.2012/89
Ação e Contexto
questões paralelas, como a timidez
de bilhões de indivíduos, até o de-
e o QI (quociente de inteligência).
licado e preciso trabalho de diag-
Pode uma pessoa com QI bastan-
nósticos de saúde e intervenções
te alto, portanto muito inteligente,
médicas.
não se sentir inclinada por nenhu-
A Terceira Revolução Indus-
ma profissão e, em outras palavras,
trial gerou centenas de profissões
não progredir e nem mesmo se de-
de nível técnico ou superior que,
senvolver intelectualmente? Ou
no elenco do MEC (Ministério de
uma pessoa extremamente tímida
Educação) comparecem em 99 arcos
pode se tornar um brilhante ator,
de profissões divididas em cinco
profissão que automaticamente li-
grandes áreas, nos seguintes agru-
gamos à desinibição?
pamentos: Ciências Biológicas e
As inclinações das pessoas em
da Saúde, Ciências Exatas e da
tivas do indivíduo sobre si mesmo,
direção a atividades que poderão
Terra, Ciências Humanas e So-
isso pode gerar angústias, dúvidas
ser o centro de suas atenções du-
ciais, Ciências Sociais Aplicadas e
e muita confusão.
rante toda a vida adulta, dependem
Engenharias. O secretário de Edu-
A área da Psicologia comporta o
de fatores profundos de persona-
cação Profissional e Tecnológica
campo de orientação vocacional, que
lidade, educação, meio familiar e
do MEC em 2009, Eliezer Pache-
se desenvolve como um instrumen-
socioeconômico. Se não bastassem,
co, lançou, naquele ano, o Catá-
to facilitador do processo de escolha,
existem fatores biológicos, como
logo Nacional de Cursos Técnicos,
buscando revelar aptidões indivi-
memória, acuidade visual, força e
elencando 185 carreiras!
duais e sua relação com a satisfação
tonicidade física que obviamente
É bastante claro, portanto, que
pessoal. Esses estudos, porém, não
têm peso determinante na escolha
nenhum teste vocacional, por mais
consideram a vocação como algo
do caminho profissional.
bem montado e aplicado que seja,
fechado e concluído, que os especia-
Nos últimos 30 anos, as carrei-
conseguiria dar conta de leque tão
listas reconheceriam e o seu possui-
ras profissionais saltaram das an-
amplo de possibilidades. No en-
dor seguiria ou seria instado a fazê-
tigas quatro ou cinco tradicionais,
tanto, esse tipo de teste continua
-lo. Para os psicólogos que veiculam
chamadas “liberais” — médico,
a proliferar não apenas em nosso
suas posições na Revista Brasileira de
engenheiro, advogado, professor e
país como pelo mundo todo, espe-
Orientação Profissional, publicação da
padre — para centenas de outras,
cialmente nos EUA. O “autoteste”
Associação Brasileira de Orientação
todas fruto da chamada “Terceira
existe em vários sites de diversa
Profissional, a vocação não é algo
Revolução Industrial”: a era
natureza, pertencentes a esco-
cristalizado, que se descobre, mas
da informática, da ciência
las, consultores, empresas de
um processo aberto, que vai se cons-
nuclear e da biotecnologia.
colocação. Tais testes são
truindo e desconstruindo ao longo
Grande parte das carreiras
da vida, em processo de reorganiza-
exige formação específica,
ção e enriquecimento.
por comportarem manuseio e leitura de maquinário de grande
podem ajudar enormemente em
precisão, usado desde a gestão de
um momento de muitas dúvidas
planos de deslocamento de milha-
durante a adolescência. Associadas
res de aviões, trens, metrôs, passan-
aos testes vocacionais abordam-se
do pela administração das finanças
outubro.2012/89
Ação e Contexto
Os testes vocacionais, contudo,
o mundo da usinagem
23
educação e tecnologia I
sempre muito superficiais, mon-
e o conceito de locus de controle pas-
tados sobre perguntas de grande
sou a ser muito usado em avaliações,
Assim sendo, os testes vocacio-
obviedade e clara superficialidade:
seleção de pessoal e treinamentos,
nais, como os demais testes psico-
“Você gosta de organizar seus perten-
inclusive em trabalhos de reforço de
lógicos existentes no campo da psi-
ces?”, “Você tem paciência em explicar
motivação dentro das empresas.
cologia, devem ser cuidadosamente
ritmo e produtividade anteriores.
o que lhe perguntam?”, “Você gosta de
Vem se constatando cada vez mais
utilizados como mais um instrumen-
ficar em casa vendo um filme ou ir ao
que a contratação de pessoal, em to-
to de análise, e não como instrumento
estádio para ver seu time jogar?”
dos os níveis e tipos de instituição,
exclusivo de resposta propriamente
O teste psicológico desenhado
balizada somente pela capacidade
dita, pois para a realização de uma
por psicólogos, normalmente resul-
técnica dos contratados (facilmente
boa avaliação do interessado deve-se
tado de anos de pesquisas, se baseia
detectável em currículos escritos e
considerar, principalmente, os ele-
em respostas que o examinado dá
entrevistas técnicas), raramente de-
mentos e dados da história de vida
sem perceber a ligação entre ela e
tecta questões de personalidade que,
de cada um, seu contexto sócio-his-
seu significado no campo da psico-
enfatizadas por motivação de fazer
tórico, a rede psicossocial de apoio,
logia. Muitas vezes, o simples ato de
carreira, podem prejudicar equilí-
bem como suas singularidades e po-
pedir que a pessoa copie cinco linhas
brios já sedimentados nas instituições
tencialidades, particulares a cada in-
de um texto já revelam característi-
contratantes. Mais que isso, a coloca-
divíduo e, assim, realmente auxiliar o
cas como cuidado, acuidade, aten-
ção de determinados tipos de pesso-
sujeito em sua descoberta a respeito
ção, concentração e, claro, limpeza.
as em um setor pode abrir caminho
da importante escolha profissional a
No entanto, é conhecido dos psi-
para que ela se torne o algoz de seus
percorrer em sua jornada de vida.
cólogos há quase 70 anos, o chama-
colegas, levando-os não apenas a
do Modelo de Locus de Controle, criado
desenvolverem stress e sintomas de
Maria Julia Bezerra de Meneses
dentro da teoria da aprendizagem so-
burn out como, sobretudo, à perda do
Psicóloga
cial de Julian Rotter, em 1954, um dos mais eminentes psicólogos do século, cujos estudos serviram de base para o desenvolvimento da psicologia da personalidade, entre outros enfoques. Rotter chamou a atenção para o controle da motivação no indivíduo, interno e dependente apenas de suas crenças e mentalidade, ou externo, suscetível ao peso do ambiente. De início ficou clara a importância do modelo de análise em ambiente hospitalar, para identificar maneiras de motivar o paciente a receber tratamento, entender suas reações a ele e oferecer pistas para a interação com os médicos. A seguir, ainda na década de 1960, deu-se a interlocu-
Para saber mais: ROTTER, J. & Hochreich,D., 1980, Personalidade, Rio de Janeiro, Editora Interamericana, 1980. GOULART, I. e SAMPAIO, J., Psicologia do Trabalho e Recursos Humanos. São Paulo, Casa do Psicólogo, 1998. FORTE, A., “Locus of Control and the Moral Reasoning of Managers”, Journal of Business Ethics, publicação online, 2005( 58): 65–77. BORGES, L.; ALVES FILHO, A., A Mensuração da motivação e do significado do Trabalho. Estudos de Psicologia (Natal), 6(2):177-194, 2001
AZEVEDO, Beatriz M. de e CRUZ, Roberto M., “O processo de diagnóstico e de intervenção do psicólogo do trabalho”. Cadernos de Psicologia Social e do Trabalho, vol.9, no.2, p.89-98. 2006 www.colegio24horas.com.br www.oportaldosestudantes.com.br http://www.guiadacarreira.com.br http://www.eduquenet.net http://www.caiuaficha.com.br http://www.abopbrasil.org.br
ção com a Psicologia Organizacional 24
o mundo da usinagem
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Arquivo Blaser Swisslube
negócios da indústria II
Troféu Produtividade Blaser 2012 maturando o conceito de Ferramentas Líquidas
®
A
conteceu no último dia
das conjuntamente entre os clientes
aumento da vida útil da ferramenta,
18 de setembro, em São
e a Blaser. “Este Troféu representa,
maior disponibilidade da máquina,
Paulo, capital, a entre-
portanto, a análise das melhores so-
entre outros” – afirma Alessandro
ga do Troféu Produtividade 2012,
luções e escolhas de fluidos refrige-
Alcantarilla, gerente-geral da Blaser
promovido pela Blaser Swisslube
rantes levando-se em consideração
Swisslube do Brasil.
do Brasil. O evento contou com a
indicativos como qualidade de pro-
Na primeira entrega do Troféu
presença de uma série de empresas
cesso, rentabilidade, produtividade,
Produtividade Blaser, todos os par-
participantes de diversos segmen-
diminuição do volume de descarte,
ticipantes finalistas das categorias
tos que concorriam ao prêmio em de Fluido, Consumo de Ferramenta, Segurança no Processo, Sustentabilidade e Produtividade. O Troféu Produtividade teve início na Unida-
Premiados com o Troféu Produtividade 2012 Blaser Swisslube, da esquerda para a direita: Ivan B. Neves, Imafix Industria e Comercio de Peças Ltda (Consumo de ferramenta), Marilia Gevaerd, Siadrex Industria Metalurgica Ltda (Sustentabilidade), Eder F. Gonçalves, Delta Usinagem e Fundidos Ltda (Segurança no processo); Fabio A. Menezes, Icape Industria Campineira de Peças Ltda (Produtividade); Anderson Bovo e Ricardo Vieira, PW Industria e Comércio de Componentes Ltda (Consumo de fluido) Arquivo Blaser Swisslube
cinco categorias, a saber: Consumo
de francesa da Blaser, e se encontra, atualmente, em sua segunda edição. No Brasil a premiação ocorreu pela primeira vez e o objetivo foi o mesmo da iniciativa europeia: reconhecer e premiar clientes que usaram as melhores soluções para fluidos em seus processos, soluções devidamente documentadas e desenvolvi26
o mundo da usinagem
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Arquivo Blaser Swisslube
Representantes da Blaser Swisslube presentes à premiação, da esquerda para a direita: Claus Hirschmann, Alessandro Alcantarilla, Carsten Witthüser, Marcelo Kuroda e João Carosella
compartilharam exemplos e solu-
foi entregue para a Delta Usinagem e
da muito pouco valorizado no país, o
ções. Nitidamente ali estavam em-
Fundidos – SP. Por último, mas não
mercado das Ferramentas Líquidas®.
presas e corporações que entendem
menos importante, a Categoria Sus-
A ideia básica da premiação é não
a importância e o agregamento de
tentabilidade, que contou com dois
apenas destacar empresas que em-
valores à produção quando se va-
finalistas, teve como eleita a Siadrex
pregam produtos da Blaser segundo
lem de boas técnicas no uso dos
Ind. e Metalúrgica – SP.
as precisas indicações do fabricante,
Apesar de ser uma iniciativa nova
como também, colocar as várias em-
Em cada categoria foram indica-
no mercado brasileiro, o que se pôde
presas que têm tal política em contato
dos três finalistas que, segundo os
notar nesta primeira edição brasileira
umas com as outras, em encontros que
gestores da Blaser, são igualmente
do Troféu Produtividade Blaser 2012
propiciam trocas de experiências fru-
merecedores de reconhecimento, as-
foi a garra e empenho de empresas
tíferas. Raramente se cresce sozinho e
sim como o vencedor. Na Categoria
que atuam no âmbito nacional, en-
compartilhar ideias e soluções é a base
Produtividade o vencedor do prêmio
fatizados pela competência de seus
da colaboração e do crescimento.
foi a empresa Icape Indústria Cam-
anfitriões que, de maneira singular,
pineira de Peças – SP. Já na Cate-
vêm apostando na maturação e no
João Manoel Bezerra de Meneses
goria Consumo de Fluido foi eleita
reconhecimento de um mercado ain-
Jornalista/Gestor Ambiental
fluidos para usinagem.
a PW Ind. e Com. de Componentes – SP. “Esta categoria premia o cliente que consome menos fluidos Blaser, o que pode parecer antagônico em um primeiro momento, mas que está fundado em uma das principais premissas da empresa que é justamente gerar economia, aumentar a produtividade e prover maior valor agregado para ambas as partes” – explica Alcantarilla. Sequenciando o evento foi entregue o troféu da Categoria Consumo de Ferramenta para a empresa Imafix – SP. O 4º Troféu, na Categoria Segurança no Processo outubro.2012/89
Blaser: produzindo fluidos de alto desempenho desde 1936 Blaser SwissLube orgulha-se de ser uma empresa familiar que tem por foco o cliente satisfeito e não o mercado de ações. Fundada em 1936 por Willy Blaser, ganhou projeção global com seu filho Peter Blaser e já tem em Marc Blaser a terceira geração de comprometimento com o mesmo ideal: produzir fluidos de alto desempenho e amigáveis ao meio ambiente. Sediada na Suiça, ali mantém seu laboratório de pesquisas para fluidos de usinagem e lubrificantes, o maior da Suíça, de onde saem suas fórmulas para óleos de base mineral e vegetal, miscíveis e integrais e hidrocraqueados para afiação e retificação. Há dez anos estabelecida no Brasil, a Blaser SwissLube disponibiliza sua ampla gama de fluidos em todo o território nacional, efetivamente colaborando para a melhoria do padrão da usinagem nacional e difundindindo a responsabilidade com o meio ambiente. http://www.blaser.com
o mundo da usinagem
27
soluções de usinagem II
Arquivo AB Sandvik Coromant
Torneamento de peças duras
O
acabamento de peças com dureza acima de 45HRc e geralmente entre 55 e 68 HRc é considerado como usinagem de peças duras. Mudar essa usinagem de retificação para torneamento pode gerar economias significativas, tanto do ponto de vista financeiro quanto ambiental. A melhor maneira de se fazer isso é utilizar pastilhas de Nitreto Cúbico de Boro (CBN) pois, em termos de dureza, o CBN é superado apenas pelo diamante, sendo ainda mais resistente em relação à oxidação provocada pelas altas temperaturas geradas durante a usinagem. A combinação do grau de dureza e tenacidade das classes em CBN e a preparação de aresta atende com muita eficiência as diferentes necessidades na usinagem de peças endurecidas como, por exemplo, em cortes contínuos e cortes interrompidos. 28
o mundo da usinagem
As ferramentas para torneamento de CBN podem ser programadas para usinar perfis que na retificação requerem rotinas muito demoradas para dressagem do rebolo O torneamento com CBN não deve ser visto como alternativa para as operações de retificação, mas pode oferecer muitas vantagens do ponto de vista técnico e econômico, sendo as principais: • Rapidez • Altas taxas de remoção de material • Usinagem de peças com perfis complexos • Utilização da mesma máquina da usinagem em verde • Várias operações em uma única montagem • Flexibilidade na troca de tipos de peças • Dispensa refrigeração (na maioria dos casos) • Fácil descarte de cavacos • Maior produtividade • Menor custo do processo outubro.2012/89
Arquivo AB Sandvik Coromant
As peças mais comuns no torneamento de peças duras são eixos e engrenagens, coroa e pinhão, entre outras outubro.2012/89
Microgeometria da pastilha A preparação da aresta das pastilhas de CBN tem influência efetiva no torneamento de peças duras, tanto do ponto de vista da qualidade superficial quanto da vida útil. Há dois tipos de chanfros de aresta específicos para cada tipo de usinagem: o chanfro tipo S, com melhor resistência da aresta contra microlascamento e qualidade superficial consistente e o chanfro tipo T, para melhor acabamento superficial em cortes contínuos e mínima formação de rebarbas em cortes interrompidos .
Chanfro T - Fase negativa
Chanfro S - Fase negativa e aresta de corte com tratamento ER
Além de várias opções de chanfros de aresta, a Sandvik Coromant tem geometrias de pastilhas positivas e negativas com raios de 0,2mm até 1,2mm; para pastilhas de CBN com formatos negativos há a Tecnologia Safe-Lok, com formato confiável e seguro mecanicamente, intertravado e soldado nos cantos, resistente a altas forças de corte e a altas temperaturas porque mantém a solda longe do calor gerado na zona de corte, tratando-se de uma solução única e patenteada pela multinacional sueca. Aumentar a faixa de avanço com pastilhas Wiper é uma das maneiras mais eficientes de melhorar a produtividade no torneamento. O desenvolvimento das pastilhas Wiper da Sandvik Coromant teve início com as pastilhas de metal duro T-Max P há muitos anos. A oferta Wiper está disponível em pastilhas negativas e positivas incluindo as pastilhas de CBN para usinagem interna e externa. Com a tecnologia Wiper é possível dobrar o avanço e ganhar em produ-
Arquivo AB Sandvik Coromant
A estabilidade e rigidez do conjunto máquina, ferramenta e peça é fundamental para o sucesso no torneamento de peças duras. A qualidade superficial e tolerâncias estreitas que são necessárias no acabamento desse tipo de operação dependem da estabilidade do processo como um todo. O sucesso do torneamento com CBN depende muito do processo de usinagem adotado e pontos importantes, como número de passes, profundidade de corte, avanço da ferramenta, velocidade de corte e fixação da peça e ferramenta, determinam a viabilidade da usinagem. A necessidade de flexibilização e otimização da usinagem somadas à maior produtividade fazem do CBN uma opção valiosa para o desenvolvimento e competitividade na usinagem de peças duras. A Sandvik Coromant tem uma oferta de produtos completa para a otimização do torneamento de peças duras e algumas vantagens em se utilizar as pastilhas de CBN serão discutidas a seguir.
Solda Safe-Lok
Solda convencional
Tecnologia multi-aresta Safe-Lok. Cantos de CBN mecanicamente Intertravados - soldados longe da zona de corte quente - proporcionam excelente resistência e segurança para pastilhas com design converncional
Sistema de fIxação Safe-Lok
tividade mantendo o acabamento superficial, ou manter o avanço e obter um acabamento superficial duas vezes melhor. A geometria Wiper com a combinação de cinco raios é patenteada pela Sandvik Coromant. O conceito Xcel reúne uma série de vantagens na geometria da aresta anteriormente não disponíveis em uma única ferramenta. Com uma aresta de corte reta e um pequeno ângulo de entrada, o conceito Xcel reúne uma o mundo da usinagem
29
soluções de usinagem II
série de vantagens na usinagem de peças duras, mantendo a espessura do cavaco constante e o desgaste uniforme, o que permite altos avanços com um excelente acabamento superficial . Pode-se aplicar a pastilha Xcel em operações de usinagem estável e corte contínuo, em superfícies paralelas ou perpendiculares à linha de centro sem cantos a 90o.
10
CoroThread 266
Além das pastilhas Wiper e Xcel, a Sandvik Coromant oferece outros produtos para usinagem de peças duras: as pastilhas CoroTurn-TR com intertravamento com trilho tipo T iLock que fixa a pastilha contra forças multidirecionais no torneamento de perfis, proporcionando alta precisão na usinagem de peças com tolerâncias apertadas. A interface iLock está disponível em pastilhas positi-
vas com 35o e 55o, com raios de 0,4 e 0,8 mm. Para rosqueamento de peças duras, o CoroThread® 266 é uma alternativa para roscas com perfil V 60o, projetado com uma interface iLock para garantir a perfeita fixação da pastilha nas operações de rosqueamento. O CoroThread® 266 com ponta de CBN tem uma excelente estabilidade para máxima precisão na usinagem de roscas.
desempenho e auxiliam a atingir alta produtividade. Além das classes 7015 para cortes contínuos e alta resistência ao desgaste, 7025 para cortes contínuos e interrompidos leves e a 7525 para cortes interrompidos pesados, a Sandvik Coromant tem diponível
Pastilhas CoroTurn -TR Interface ilock
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o mundo da usinagem
Arquivo AB Sandvik Coromant
Xcel
Todas as nossas classes foram otimizadas em sua área de aplicação para proporcionar a melhor produtividade possível, além da segurança do processo de usinagem. Para operações de usinagem leve, pesada ou interrompida em aços endurecidos com dureza acima de 55HRc, nossas classes têm excelente
outubro.2012/89
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Exigência de tenacidade Parâmetros de intermitência
Principais classes de CBN Carga
Frequência Tempo em corte
Arquivo AB Sandvik Coromant
em algumas geometrias a classe de cerâmica 7925 para desbaste e cortes interrompidos severos e a classe de cerâmica CC6050 como classe complementar para acabamentos que, juntas, abrangem praticamente todo o campo de aplicação de usinagem de peças duras. As classes de CBN 7525 e 7925 são indicadas também para usinagem de ferros fundidos.
Resistência ao desgaste
soluções de usinagem II
Dicas Práticas no torneamento de peças duras Optar por uma estratégia de usina-
(comparado aos dois-cortes) e desvios
lado, são necessárias duas ferramen-
gem de um corte ou de dois cortes é
de tolerância devido ao desgaste relati-
tas e uma troca a mais, aumentando
uma questão de analisar as exigências
vamente rápido.
o tempo total de usinagem.
da usinagem em relação ao acaba-
No ponto de vista ambiental, o tor-
mento e à tolerância da peça e à pro-
neamento de peças duras é mais vanta-
dutividade total.
joso que a retificação pelo fato da não utilização de óleo na maioria dos casos, sendo que na retificação a utilização do oleo é fundamental para lubrificação na área de contato entre a peça e o rebolo para a qualidade da peça .
`
Na retificação, o desgaste do rebolo gera uma borra, um resíduo sólido que tem um alto custo ambiental
Estratégia de um corte A estratégia de remoção de metal
Estratégia de dois cortes
para ser decartado, portanto devemos considerar o torneamento com pastilhas de CBN como primeira escolha quando o processo de fabrica-
com um corte é adequada para set ups
Uma estratégia de dois cortes per-
estáveis com balanço de uma vez o
mite usinagem de superfícies com
diâmetro (1xD) no corte interno. Para
acabamento de alta qualidade. São
uma boa usinagem, recomendamos
recomendadas pastilhas do primeiro
pastilhas chanfradas, levemente rone-
corte para desbaste com um raio de
adas (tipo S) e avanço e velocidade mo-
1.2 mm e a pastilha para o acabamen-
derados. As vantagens dessa estratégia
to com um chanfro (tipo T) ambas na
são menor tempo de usinagem, além
geometria Wiper. As vantagens in-
do uso de apenas uma ferramenta. As
cluem ferramentas otimizadas para
desvantagens incluem dificuldades
desbaste e acabamento, maior segu-
Okis Bigelli
em atender tolerâncias dimensionais
rança e tolerâncias mais estreitas e
mais estreitas, vida útil mais curta
maior vida útil da pastilha. Por outro
Especialista de produto Cortes e Canais e CBN
32
o mundo da usinagem
ção tem usinagem de peças duras. Com o desenvolvimento de novas classes, geometrias e opções de chanfros, o torneamento de peças duras com CBN faz de fato diferença na redução dos custos e aumento da produtividade durante o processo de fabricação.
outubro.2012/89
educação e tecnologia II
O gap entre a educação e a indústria
R
ecentemente
reporta-
atração que busca separar ciência
escolas de Engenharia, o que expõe
gens a respeito da falta
de mito), como “uma tentativa de
falta de interesse na profissão e la-
de engenheiros no País,
despertar o interesse dos jovens
cunas, legado dos ensinos básico e
um suposto déficit de 40 mil profis-
americanos em matemática e ciên-
médio. A distância verificada entre
sionais, viraram lugar-comum. As
cia, face à falta de entusiasmo nes-
as aulas conceituais e o entusiasmo
especulações sobre os motivos pas-
ses assuntos”.
pela ciência e tecnologia é outra
sam pelo crescimento repentino da
Hoje o Brasil faz parte do bloco
dura prova de resistência. Em um
economia nacional em valores de
dos mercados emergentes, e sua
ambiente tecnológico tão veloz, no-
7,5% e vão até a eficácia das univer-
industrialização foi iniciada timida-
tadamente em áreas como eletrôni-
sidades na empreitada da formação
mente na década de 1930 com os jo-
ca e comunicação, fica difícil culpar
de engenheiros.
vens padecendo do mesmo desinte-
as universidades.
O vestibular da FUVEST 2012, o
resse pelas ciências exatas que os de
Como pano de fundo dessa aná-
maior do Brasil, confirma esse dé-
países cujo desenvolvimento cientí-
lise, cabe lembrar que, em geral, as
ficit. Nos cursos de Engenharia da
fico já demonstrou sua supremacia,
universidades têm os cursos notur-
Escola Politécnica tivemos 15 candi-
colocando o homem na Lua. Ago-
nos como pilares de sustentação.
datos para uma vaga, enquanto nas
ra é tratar a doença da indiferença
Em muitos casos isso se traduz em
carreiras de Publicidade e Propa-
para que não se transforme em um
alunos já integrados ao mercado de
ganda e de Relações Internacionais
mal crônico, e, para isso é preciso ir
trabalho, que passam o dia em roti-
essa relação foi de 47 e 44 candida-
à raiz do problema.
nas exaustivas e que chegam cansa-
tos por vaga, respectivamente.
Nesse palco temos dois atores, a
dos à aula, não raro questionando a
Curiosamente, em outubro de
universidade de um lado e a indús-
utilidade dos conceitos a que estão
2010, a Casa Branca justificou a
tria de outro. Permeado pelos ári-
sendo expostos. Não esqueçam: eles
participação especial do presidente
dos primeiros anos da graduação, o
têm poder de comparação e perce-
Barack Obama no programa Myth-
ambiente acadêmico tem registrado
bem a distância entre o acadêmico e
Busters do canal pago Discovery (a
taxas de evasão de 55% em algumas
o corporativo.
34
o mundo da usinagem
outubro.2012/89
“professor-lousa-
vel aprendizado contínuo, como
-giz-saliva” também não ajuda
cursos de pós-graduação, mestra-
O
modelo
muito a resolver essa equação. Evoluímos do retroprojetor ao Powerpoint, mas apenas a embalagem mudou. O conteúdo continua basicamente o mesmo, e perde em dinamismo para a internet que democratizou
o
conhecimento.
Longos anos de crescimento medíocre criaram alguns professores de engenharia que tiveram pouca
Além da formação técnica intrínseca à atividade, espera-se do recém-formado que saiba trabalhar em equipe em ambientes multiculturais
dos profissionais ou até mesmo cursos de idiomas. Harmonizar e aproximar esses dois universos é uma das tarefas a que se dedica a SAE BRASIL, através de seus programas estudantis, BAJA SAE BRASIL, FORMULA SAE e AeroDesign SAE BRASIL e de suas ferramentas de educação continuada com cursos específi-
oportunidade de frequentar um
cos ao mundo da mobilidade, nem
chão de fábrica, e, portanto, sen-
sempre encontrados nas universi-
tem dificuldade em contextualizar
samente próximos da ociosidade.
dades. A SAE BRASIL está engaja-
o conhecimento teórico. O mesmo
Essa indústria anseia por novos
da no esforço de minimizar o gap
se passa com os laboratórios das
engenheiros que possam imedia-
entre a educação de engenharia e
universidades, também defasados
tamente cumprir objetivos sem-
a indústria.
em relação à indústria.
pre ambiciosos.
O universo corporativo exibe
Além da formação técnica in-
no Brasil um ambiente altamente
trínseca à atividade, espera-se do
competitivo. Que o diga o cres-
recém-formado que saiba trabalhar
cente mercado de veículos, perto
em equipe em ambientes multicul-
de 4 milhões de unidades/ano, e
turais, entenda e se adapte rapi-
o importante parque industrial
damente à cultura corporativa da
automotivo espalhado país afora,
empresa. Longas jornadas de traba-
que, ao menor soluço do merca-
lho são comuns, e dificultam ainda
do, pode nos posicionar perigo-
mais o esforço para o imprescindí-
Mauro Andreassa Membro do Comitê de Educação de Engenharia do Congresso SAE BRASIL 2012, Professor associado do Instituto Mauá de Tecnologia e Gerente de Assistência Técnica ao Fornecedor América do Sul da Ford Brasil (Matéria reproduzida com permissão da Companhia de Imprensa, www.companhiadeimprensa.com.br)
SAE BRASIL A Society of Automobile Engineers foi inaugurada nos EUA em 1905 e dez anos depois já contava com 1800 sócios. Dela fizeram parte grandes nomes da indústria automotiva, inclusive o engenheiro Elmer Sperry, que cunhou o termo “automotivo”. A SAE representa engenheiros de todas as atividades que envolvem mobilidade e seu pensamento e avanços da indústria da mobilidade se fazem presentes em um grande número de eventos e publicações distribuídas anualmente em mais de 65 países. Dando particular atenção à formação em engenharia, a SAE patrocina mais de 450 eventos anuais. A SAE Brasil foi criada em 1990 e atualmente conta com 1500 membros e um congresso internacional sob sua responsabilidade. Consulte http://www.saebrasil.org.br/ para se inteirar de todos os projetos em curso, sobretudo BAJA SAE BRASIL, FORMULA SAE e AeroDesign SAE BRASIL. outubro.2012/89
o mundo da usinagem
35
nossa parcela de responsabilidade
E
m agosto tivemos um
pecto do relacionamento do homem
acontecimento
com o meio ambiente natural.
relativa-
Vivian Camargo
Nos dias de hoje mente raro que fez muitas
Aliado a isso, a rotina de busca
pessoas saírem da rotina e olharem
por metas e resultados muitas vezes
certamente serão profissionais me-
para o céu. Tratava-se da Lua Azul,
nos torna mecânicos demais. Não
lhores e mais bem preparados.
um fenômeno que ocorre uma vez
temos tempo para nada que não
Não custa nada, vamos parar e
a cada dois ou três anos (o próximo
seja nosso trabalho e os finais de se-
olhar o céu, ver os ipês, ouvir os pás-
será em 2015), quando temos duas
mana são usados para os problemas
saros. Quem sabe isso não se torna
luas cheias em um mesmo mês.
que não puderam ser resolvidos de
uma rotina como foi no passado.
Nos dias de hoje, com a rotina
segunda a sexta-feira.
de responsabilidades, cobranças e
Por outro lado,
demandas, quase não há tempo de
é comum ver em-
olhar para os lados quando dirigi-
presas desenvol-
mos ou andamos - quem dirá apre-
vendo programas
ciar a Lua.
e práticas voltadas
Entender os sinais que nos cercam pode ser uma
como gestores, temos a missão de “reeducar” os jovens para mudarem este estado de coisas
ferramenta valiosa. Por isso, vamos investir em nós mesmos, deixar nossa realidade mais musical
E assim como não olhamos para a
ao meio ambiente,
Lua, não temos mais chance de ver o
sustentabilidade e
nascer e o pôr do sol, não contempla-
qualidade de vida.
mos a florada das árvores, não ouvi-
Nós, que fazemos
dades, cobranças e
mos mais o canto dos pássaros. São
parte de tudo isso,
demandas que te-
apenas alguns exemplos da beleza a
temos uma parcela de culpa por não
mos pela frente não vão mudar,
que renunciamos diariamente.
interiorizarmos estas preocupa-
mas podem se tornar mais brandas,
ções, ou seja, não trazermos esses
pois estaremos em harmonia com o
cuidados para o nosso dia-a-dia.
que ocorre à nossa volta.
Pode parecer lúdico para alguns, lugar comum para outros, mas o
e com mais cores. As responsabili-
fato é que a maioria não se permite
Por isso, reavaliar nosso compor-
E se ainda não alcançamos a ple-
o tempo adequado para coisas que
tamento é fundamental não só nes-
nitude, continuaremos tentando,
fogem dos compromissos rotinei-
se aspecto, mas em todos que even-
pois a Lua, as árvores e os pássaros
ros, o que acaba por gerar desequi-
tualmente signifiquem um melhor
estarão sempre ali para nos lembrar.
líbrios pessoais interiores.
equilíbrio em nossas vidas. E como
De fato a qualidade de vida, es-
gestores, temos a missão de ‘’reedu-
pecialmente nos grandes centros
car’’ os jovens para mudarem este
urbanos, é discutível e certamente
estado de coisas. Se eles entende-
Ferramentas Rotativas
influencia negativamente este as-
rem a necessidade de tal mudança,
Sandvik Coromant
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o mundo da usinagem
Marcos Soto Gerente Técnico
outubro.2012/89
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