85 Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISSN 1518-6091 RG BN 217-147
Educação e Tecnologia A hora e a vez do ensino tecnológico
Produtividade
Usinagem de peças sinterizadas: Saiba como proceder
Soluções de Usinagem Demanda por energia aquece indústria de turbinas hidráulicas
Índice
edição 85
02/2012
12 Produtividade
18 Negócios da Indústria
24 Educação e Tecnologia
26 Conhecendo um Pouco Mais
04 Soluções de Usinagem
Centro Paula Souza
Créditos da Foto de Capa: AB Sandvik Coromant Descrição: Fresamento de engrenagem com fresa CoroMil 170
4 Soluções de Usinagem
Demanda por energia aquece indústria de turbinas hidráulicas 12 Produtividade FATEC Victor Civita, na região do tatuapé, inaugurada em outubro de 2011 Usinagem de peças sinterizadas 18 Negócios da Indústria Diversidade & Talento. O que faz a diferença? 24 Educação e Tecnologia A hora e a vez do ensino tecnológico 28 Conhecendo um Pouco Mais Voluntariado no Brasil Acompanhe a Revista O Mundo da Usinagem Digital em:www.omundodausinagem.com.br 32 Nossa Parcela de Responsabilidade 34 Anunciantes / Distribuidores / Fale com Eles
Contato da Revista OMU Você pode enviar suas dicas e sugestões de reportagens, críticas, reclamações ou dúvidas para o e-mail da revista O Mundo da Usinagem: faleconosco@omundodausinagem.com.br ou ligue para: 0800 777 7500 fev.2012/85
EXPEDIENTE
O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 7000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. Editor-chefe: Fernando Oliveira Co-editora: Vera Natale Coordenação editorial, redação, produção gráfica e revisão: Ação e Contexto (Fernando Sacco, Gustavo R. Sanchez, Renato Neves). Jornalista responsável: Fernando Sacco - MTB 49007/SP Projeto gráfico: Renato Neves. Impressão: Ipsis Gráfica e Editora. A Revista O Mundo da Usinagem deseja ao Engo . Francisco Marcondes, seu editor-chefe por mais de dez anos, muito sucesso em suas novas atividades. Agradecemos a todos os colaboradores que nos apoiaram ao longo desse trajeto. Nosso objetivo continua sendo levar matérias interessantes do mundo da usinagem aos leitores deste segmento da indústria nacional.
o mundo da usinagem
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soluções de usinagem
Demanda por energia aquece indústria de turbinas hidráulicas
Com características distintas de projetos, a construção de cada máquina é quase um protótipo e exige perícia da área da manufatura O crescimento da economia brasileira tem promovido um aumento significativo da demanda por energia. Diante desse fato, é natural que a mídia concentre mais atenção nos grandes investimentos do governo, como no caso da Usina de Belo Monte, que poderá causar, teme-se, um grande impacto ambiental. Há, contudo, 4
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uma demanda menos aparente, proveniente de investimentos menores, feitos por investidores individuais ou grupo de investidores, tais como grandes fazendeiros ou industriais, que abrem oportunidades para a indústria produtora de equipamentos mecânicos, necessários à construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs)
— de até 50 MW (megawatts) — e Mini Centrais de Geração Hidrelétrica (CGHs) — de até 1 MW. Como referência, uma usina de 50 MW poderia suprir as necessidades, em termos de energia elétrica, de uma cidade de aproximadamente 50 mil habitantes. Com vistas a esse mercado, em 1992 foi fundada a SEMI, com o propósito de fornecer produtos e serviços para a área elétrica. Com o tempo, firmou-se no segmento de usinas hidrelétricas de pequeno e médio porte, fornecendo projetos elétricos, serviços de montagens eletromecânicas, sistemas de fev.2012/85
Gilmário Daru
É comum encontrar desde pequenas peças de algumas dezenas de gramas, até peças enormes de algumas centenas de quilos automação e supervisão para usinas comandadas à distância. Como desdobramento dessa iniciativa, em 2007, a SEMI uniuse a um grupo de profissionais do mercado, entre eles o engenheiro fev.2012/85
Robert Fink, atual diretor técnico da empresa, que à época já possuía muitos anos de experiência, atuando em indústria voltada a esse campo, e fundou-se a SEMI Industrial. O foco, desde o início, sempre foi dirigido ao segmento de equipamentos hidromecânicos para PCHs, entre eles turbinas hidráulicas, comportas, grades, condutos forçados, válvulas borboleta, válvulas dispersoras, equipamentos de levantamento, entre outros. Desde então a empresa vem se destacando nesse nicho, com usinas instaladas em Chupinguaia e Alta Floresta do Oeste (Rondônia),
Cristina (Minas Gerais), Sapezal e Comodoro (Mato Grosso), entre outras, somando aproximadamente 30 turbinas produzidas e instaladas pela empresa. Atualmente, o Grupo SEMI é constituído pelas empresas SEMI Industrial, SEMI Montagens e SEMI Sistemas, oferecendo assim soluções completas para PCHs, abrangendo todo o escopo eletromecânico. A qualidade dos produtos que a empresa fabrica tem o respaldo tecnológico da Universidade de Gênova, na Itália, que fornece os perfis hidráulicos, a fim de validar e certificar cada projeto. Atualmente a como mundo da usinagem
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Divulgação Eng. de Projetos SEMI
características, o negócio abrange mais do que as questões técnicas e mercadológicas; envolve também a situação do mercado de energia bem como os incentivos e programas de governo para o setor. Toda máquina é projetada em função da vazão e da queda d’água disponível no local da obra, com o objetivo de definir a solução mais eficiente e econômica para o caso, podendo resultar em um modelo de turbina do tipo Francis ou Kaplan de eixo horizontal ou vertical, por exemplo. Com características muito distintas de projetos, a construção de cada máquina é quase um protótipo e, sendo assim, exige muita perícia por parte do pessoal da área da manufatura. Para os amantes da usinagem, a fabricação de turbinas fornece um
Gilmário Daru
Rotor do tipo Francis, duplo
Rotor do tipo Francis, simples
Gilmário Daru
panhia, localizada em São José dos Pinhais, no Paraná, está apta a produzir desde turbinas para 1 MW de potência até aquelas capazes de gerar em torno de 15 MW. Nesse ramo, a abordagem de mercado é distinta do que é hábito no campo de bens de consumo industrial, pois cada turbina corresponde a um cliente, cada projeto tem características próprias, tanto no que se refere ao projeto em si, quanto aos esforços burocráticos, necessários para se obter todas as licenças ambientais, sem as quais nenhuma usina pode ser instalada ou entrar em operação. Segundo Robert Fink, em muitos casos, da ideia até a inauguração pode-se consumir algo em torno de dez anos ou mais, mesmo se tratando de usinas de baixo impacto ambiental. Devido a tais
Cones porta-fresa e fresas da Sandvik Coromant 6
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vasto campo de aplicação, pois para a construção de uma dessas máquinas, em torno de 50% do serviço destina-se a essa área da manufatura e os demais 50% são dedicados à caldeiraria. Neste tipo de produção é comum encontrar desde pequenas peças de algumas dezenas de gramas, até peças enormes de algumas centenas de quilos, ou seja, é exigido, dos analistas de ferramentas e também dos profissionais da manufatura, um conhecimento que cubra desde a usinagem leve até a superpesada. Só de cavacos são geradas mais de 40 toneladas por ano. fev.2012/85
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aço carbono utilizando-se na maioria das vezes o aço ASTM A36. Se por um lado o A36 é um aço bastante maleável, adequado à caldeiraria e de fácil usinabilidade, o aço inoxidável A743 já exige um pouco mais de atenção, em espe-
cial quanto à escolha da classe de metal duro, geometria de corte e formação de cavacos das pastilhas de metal duro e determinação dos parâmetros de corte (velocidade, avanço e profundidade). Uma escolha inadequada pode gerar
Divulgação Eng. de Projetos SEMI
Turbina Francis Simples Horizontal com todos os seus componentes mecânicos
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No caso de usinagens de peças maiores e mais complexas, há sempre a preocupação extra de como fixar e balancear o sistema máquina / ferramenta / peça a fim de se evitar vibrações ou oscilações de corte que possam comprometer a segurança da operação e do operador, assim como causar alguma avaria em peças que, devido ao porte, costumam ter um custo bastante elevado. De acordo com Marcelo Peruzzo, Engenheiro de Produção da SEMI, os componentes vitais e hidráulicos da máquina, como por exemplo, os rotores, são feitos em aço inoxidável martensítico ASTM A 743 CA 6 NM, enquanto as partes, estruturais são produzidas em
Vista parcial da área de montagem da Semi com algumas turbinas do tipo Francis em fase de montagem interna fev.2012/85
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Montagem de pastilha na fresa CoroMill 200
perda de produtividade e consequentemente um aumento nos custos finais de fabricação. Praticamente tudo é fabricado internamente, apenas o material fundido e os serviços de tratamento térmico são obtidos de terceiros. Com uma demanda crescente, a empresa vem operando atualmente com cerca de 60% de sua capacidade, contudo, com os investimentos feitos em sua infraestrutura ao longo do tempo e aproximadamente 90 funcionários especializados, a fábrica tem capacidade, no momento, para produzir até 20 turbinas por ano. José Alves de Oliveira, encarregado de usinagem, informou que para o ano de 2012 a carga horária da fábrica já está praticamente tomada, graças às encomendas já confirmadas. Tanto para Marcelo, quanto 8
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para Oliveira, entre os fatores que mais contribuem para o êxito em vendas da companhia estão também o custo x benefício das turbinas que produzem, a qualidade do produto, o cumprimento dos prazos e toda a atenção que é dada a cada projeto, envolvendo também a fabricação, a entrega, a assistência técnica e a manutenção, quando necessário. A vida estimada de uma turbina gira em torno de 20 a 30 anos, pois depende em parte da qualidade da água, que pode ser mais ou menos abrasiva, mais ou menos ácida. É natural que uma empresa com esse volume de usinagem desperte o interesse de muitos fornecedores de ferramentas, mas Oliveira fez questão de ressaltar o bom atendimento que tem recebido da Gale Ferramentas Ltda
(distribuidor autorizado Sandvik Coromant), por meio da pessoa de Ademir Valdomiro Santos – vendedor técnico – especialista em usinagem. “Trabalhando com peças de grande porte e alta complexidade, em termos de forma, peso, estrutura, tratamento térmico, dureza entre outros fatores, além do valor agregado devido ao custo da matéria-prima, é sempre bom poder contar com um suporte técnico à altura de tais necessidades” pondera. Com o tempo todo tomado pela gestão de prioridades, como planejar, organizar, dirigir e controlar o fluxo produtivo, a fim de cumprir prazos cada vez mais curtos, não sobra muito tempo aos gestores para se dedicarem ao estudo de como otimizar os processos de usinagem, em termos
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soluções de usinagem
Tampa de turbina Francis em fase de usinagem fev.2012/85
Gilmário Daru
soluções de usinagem
Supervisor de usinagem da Semi recebendo orientação técnica do vendedor técnico da Gale Ferramentas, distribudor autorizado da Sandvik Coromant
de ferramentas, geometrias, clas-
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Turbina Francis simples, de eixo horizontal 100% montada 10
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Divulgação Eng. de Projetos SEMI
Divulgação Eng. de Projetos SEMI
ses, parâmetros de corte, entre tantos outros detalhes e é justamente nesse ponto que a expertise do fornecedor de ferramentas pode fazer a diferença. Uma das áreas onde se conseguiram grandes melhorias foi no fresamento de aços inoxidáveis.
A introdução das fresas CoroMill 200 de diâmetros de 25 mm, 32 mm e 50 mm montadas com pastilhas RCKT120400M0 MM2030 e PM4230, permitiu acelerar os avanços e obter maior produtividade nas operações de cópias e faceamentos. Outro bom resultado foi obtido com as fresas CoroMill
345 nos diâmetros 120 mm e 80 mm que garantiram um aumento de produtividade na casa dos 30%. Cerca de 10% das peças de uma turbina são produzidas em ferro fundido. Nas operações de torneamento de fundidos, Ademir sugeriu a introdução das pastilhas WNMG080408 na classe KM 3210 para a usinagem de uma determinada peça e o resultado passou de quatro peças por aresta, com a pastilha anterior, para 14 peças por aresta com a nova classe. Colocando-se à disposição do cliente, o vendedor técnico contribui no esclarecimento de dúvidas, assistência técnica quanto à escolha de ferramentas e de seus respectivos parâmetros de corte, além de acompanhar tryouts, fornecer orientações quanto à montagem e manutenção das ferramentas, treinar os operadores de máquinas, entre outros serviços. O caso SEMI Industrial é mais um exemplo de como a integração entre fornecedor e cliente tem gerado benefícios para ambas as partes.
Turbina Kaplan - S de jusante de eixo lateral fev.2012/85
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Divulgação Grupo Setorial de Metalurgia do Pó
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Usinagem de peças sinterizadas Há três formas de se melhorar a usinabilidade destes componentes: Saiba aqui quais são elas A Metalurgia do Pó, também conhecida por sinterização, permite a fabricação de peças metálicas seriadas com ótimas tolerâncias geométricas e muito bom acabamento superficial. Além disto, o 12
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processo é considerado ecologicamente correto devido ao seu alto grau de aproveitamento da matéria-prima e baixo consumo energético quando comparado a outros processos.
O interesse por esta tecnologia vem aumentando de modo expressivo nos últimos anos, como comprova a última edição do congresso internacional PTech, realizado em Florianópolis em novembro de 2011. Segundo seu organizador, o Engº Lucio Salgado da Metallum Eventos Técnicos, mais de 490 profissionais de 14 países participaram do evento, entre eles especialistas e pesquisadores de fev.2012/85
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Como qualquer liga metálica, a usinagem de aços sinterizados requer parâmetros específicos, diferentes dos aços convencionais
ções em que se precisa atender a tolerâncias estreitas. Nestes casos, aplica-se à peça sinterizada a usinagem ou retífica de precisão”, explica Fernando Iervolino, consultor de metalurgia do pó e participante do Grupo Setorial de Metalurgia do Pó — comitê formado pelas principais empresas ligadas a esta tecnologia no Brasil, cujo objetivo é disponibilizar informações e material didático para indústrias, universidades e escolas técnicas. Vale lembrar que os materiais sinterizados apresentam porosidade em sua estrutura e, por isso, sua usinagem requer alguns cuidados específicos capazes de evitar que as características do metal reduzam a produtividade da operação de usinagem.
Fonte: Grupo Setorial de Metalurgia do Pó
renome internacional. Em relação à edição de 2009, houve um aumento de 45% no número de participantes e de 50% no número de trabalhos apresentados. Em uma condição considerada ideal, o que se busca neste método de produção é fabricar, desde a conformação inicial, peças que se aproximem ao máximo do for-
mato final desejado. Contudo, algumas peças fabricadas por meio deste método às vezes apresentam detalhes dimensionais que, para serem obtidos na compactação, exigem um ferramental complexo, o que pode gerar problemas, como a quebra da ferramenta ou a desregulagem frequente do equipamento de prensagem. Para evitar tais problemas, opta-se pela simplificação da etapa de compactação e acrescenta-se uma etapa de usinagem para obtenção do formato final desejado. Furos transversais, roscas ou canais são exemplos de características usinadas posteriormente. “Da mesma forma que ocorre com o aço convencional, as peças sinterizadas também podem demandar usinagem nas situa-
Fig 1: Comparação da Metalurgia do Pó com outros processos de fabricação
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Fonte: Grupo Setorial de Metalurgia do Pó
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Fig 02: Exemplo de compactação de uma polia dentada para comando de válvula.
Densidade e porosidade Iervolino esclarece que, para a compactação do pó, são três os métodos de fabricação utilizados com mais frequência: a compactação uniaxial, a compactação isostática e a compactação por injeção metálica. A compactação uniaxial é a mais produtiva e econômica de todas, além de ser a técnica mais utilizada mundialmente. Todavia, a compactação uniaxial convencional não permite obter peças com pó 100% densificado. Dependendo da liga a ser sinterizada, esta técnica permite chegar a um grau de densificação em torno de 92%. “Materiais com densidade acima de 90% já apresentam boa 14
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usinabilidade”, informa o consultor. Densificações acima de 90% são possíveis através do uso de técnicas especiais de compactação uniaxial, podendo chegar a 100%, obtendo assim um material com propriedades superiores às dos materiais obtidos por meio de processos convencionais, como fundidos, laminados e forjados. Se por um lado a característica de porosidade do material é vantajosa em certas aplicações (como mancais autolubrificantes, por exemplo), por outro esta propriedade pode representar um complicador para a produtividade nas operações de usinagem. Como se sabe, a descontinuidade do material gera vibração, causando a quebra da
aresta de corte da ferramenta e seu consequente desgaste prematuro. “A porosidade intrínseca das peças produzidas por meio da metalurgia do pó acaba simulando o efeito de corte interrompido, causando vibração e interrupção do corte milhares de vezes por segundo”, adverte Iervolino. “Para evitar esse efeito, é possível utilizar pelo menos três recursos que melhoram a usinabilidade dos materiais sinterizados”, revela.
Contornando o problema A primeira alternativa é usinar componentes sinterizados fev.2012/85
produtividade
Peças fabricadas através da metalurgia do pó apresentam ótimas tolerâncias e acabamento superficial
Com relação aos processos de usinagem extremamente finos, em que não pode ocorrer a formação de rebarbas ou o lascamento das bordas do produto usinado, as pastilhas positivas são mais indicadas, tanto nas classes e geometrias de quebracavacos MF / PF quanto nas classes UF / UM – que podem ser a solução para as dificuldades mencionadas nas usinagens extremamente finas. Segundo Gamarra, o Cermet alcançou alguns resultados positivos em testes de campo. A produtividade obtida nesses experimentos, porém, foi inferior à do metal duro, exigindo maiores estudos e pesquisas para melhorar a performance nesse tipo de aplicação.
Fonte: Grupo Setorial de Metalurgia do Pó
que apresentem densidades mais elevadas, com compactação superior a 90%. José Gamarra, gerente técnico da Sandvik Coromant, lembra que a usinagem de peças sinterizadas exige a aplicação de ferramentas de corte adequadas para esta operação. Segundo ele, as pastilhas mais recomendadas para estes trabalhos podem variar em termos de geometrias, de acordo com as necessidades de cada processo.
Alguns pontos, porém, devem ser observados para se evitar problemas na usinagem. Primeiramente, destaca-se a utilização de classes de metal duro compostas por microgrãos e por cobertura PVD, que proporcionam pastilhas com arestas de corte mais “vivas” (agudas). Como exemplos, Gamarra cita algumas classes da Sandvik Coromant, como a GC-1025, GC-1125 e a GC-1005, além das classes lançadas recentemente, como a GC-1105 e a GC-1115. “Essas classes devem estar associadas a geometrias de quebra-cavacos que também proporcionem ângulos de saídas positivos no corte efetivo”, orienta o gerente técnico. Tanto para pastilhas negativas (double face) quanto para as positivas (single face), Gamarra indica a utilização das geometrias de quebra-cavacos MF / PF.
Fig 03: Densidade da peça de aço e o processo de compactação adequado
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Melhorando a usinabilidade Outro cuidado importante é acrescentar um aditivo à mistura de pó metálico. O sulfeto de manganês (MnS), por exemplo, se empregado na proporção 0,5%, não altera as propriedades mecânicas do metal e facilita a usinagem da peça sinterizada, pois atua como lubrificante. “Outra forma de facilitar a usinabilidade da peça sinterizada”, explica Iervolino, “é promover sua impregnação com resina”. Ele esclarece que a impregnação prévia dos sinterizados de baixa e média densidade com resina preenche e veda seus poros, melhorando substancialmente sua usinabilidade. “Deste modo, a descontinuidade natural do material
(que é prejudicial à ferramenta de corte) deixa de existir, permitindo que a usinagem seja concluída sem problemas”, orienta.
O cuidado final No caso de peças sinterizadas impregnadas com resina não há restrições quanto ao uso de fluidos de corte pois este só atuará sobre a superfície da peça, não existindo o risco do mesmo impregnar no interior da peça. Já as peças sinterizadas não resinadas, por possuírem sua porosidade aberta, são impregnadas pelo líquido em que são banhadas. Deve-se verificar junto ao cliente se esta contaminação é desprezível ou se pode interferir no funcionamento do equipamento
final. Este cuidado deve ser tomado, por exemplo, com as peças de caixas de transmissão, sistemas de freio, amortecedores e compressores herméticos para refrigeração. “Componentes sinterizados podem ser utilizados em praticamente qualquer aplicação, desde que a especificação do material seja feita de forma correta. Isto vale não só para o material sinterizado, mas também para qualquer novo material a ser empregado em uma aplicação”, finaliza Iervolino. Décio Colasanti Jornalista
Com a colaboração do Engo. Fernando Iervolino Grupo Setorial de Metalurgia do Pó
Onde encontrar informação para usinar sinterizados? Como qualquer material metálico, componentes sinterizados exigem parâmetros de usinagem (velocidade de corte, tipo de aresta, classe de pastilha, etc.) específicos para que esta operação seja realizada de forma eficiente. Estes parâmetros mudam conforme as características de cada material. Existem literaturas técnicas sobre parâmetros de máquina e ângulos de corte mais adequados para a usinagem de peças sinterizadas. Assim, quem pretende usinar estes materiais deve se informar antes de começar o trabalho. Veja abaixo algumas fontes de informação: ▪▪ Höganäs: Principal fabricante mundial de pós metálicos, disponibiliza literatura sobre usinagem de materiais sinterizados. A empresa patrocinou o PTech, evento técnico realizado em Florianópolis em novembro de 2011 para tratar de temas relacionados à metalurgia do pó. Acesse www.hoganas.com.br ▪▪ Grupo Setorial de Metalurgia do Pó: O site apresenta uma grande quantidade de informações sobre peças sinterizadas. Ele é patrocinado pelas principais empresas ligadas a este setor no Brasil, entre elas Magneti Marelli, Mahle-Miba, Metaldyne, GKN, Metalpó, BS Metalúrgica, Höganäs, Engefor, Air Products e Citra. Acesse www.metalurgiadopo.com.br ▪▪ Livro: A Metalurgia do Pó — Alternativa econômica com menor impacto ambiental; 1ª Ed. / 2009. Acesse www. metalurgiadopo.com.br ▪▪ Sandvik Coromant: A fabricante de ferramentas de metal duro presta suporte para a seleção das melhores soluções em usinagem e auxilia seus clientes no dimensionamento de pastilhas de corte. Acesse www. coromant.sandvik.com.br
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negócios da indústria
Diversidade & Talento O que faz a diferença?
Como empresas e profissionais têm explorado o talento que reside na diferença Um dos maiores bens do patrimônio corporativo nos dias de hoje são os talentos pessoais que ocupam cargos-chave em sua estrutura, do chão-de-fábrica à direção. O respeito pela diferença não é aquele superficial, de aceitação de etnias,
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religiões e culturas, algo que já é visto como básico na sociedade civil ocidental. O verdadeiro respeito pela diferença é a percepção integradora da diversidade que leva as empresas à descoberta e ao amadurecimento maior de talentos.
Transformar tal percepção em instrumento competitivo significa abrir espaço para mobilidade. Nessa linha, devemos considerar dois tipos de mobilidade: vertical e horizontal. De fato, os talentos migram, tanto verticalmente — dentro e fora da empresa (o famoso reconhecimento de talentos/promoção do profissional) — como horizontalmente, ao mudar de
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Adriana Elias
empresa, núcleo e, muitas vezes, de cargo. Ambas são mais uma tarefa de percepção e especialidade do já sobrecarregado departamento de Recursos Humanos: a retenção de talentos. Na Sandvik Coromant, o engenheiro de aplicação Carlos Ancelmo é um ótimo exemplo. Depois de um curso técnico em Mecânica de Precisão, o profissional passou
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a estagiar na área de treinamento técnico da empresa. “Minha primeira função foi a de operador de máquinas e eu atuava principalmente em testes e demonstrações práticas de aplicação de ferramentas”, explicou. A responsabilidade aumentou um ano depois, ocasião em que foi efetivado. “Isso permitiu que eu fizesse, além das demonstrações,
A multiplicidade de olhares implica em maior acuidade de resposta, pois você percebe e situa seu interlocutor, sem tratar a todos de uma maneira pré-concebida o mundo da usinagem
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Vivian Camargo
negócios da indústria
Carlos Ancelmo: “Minha primeira função foi a de operador de máquinas e eu atuava principalmente em testes e demonstrações práticas de aplicação de ferramentas”
pequenas palestras e também recepcionasse visitantes para que conhecessem nossa fábrica e os processos de produção de nossas ferramentas”, lembrou. Passados três anos, Ancelmo tornou-se instrutor técnico e quatro anos depois foi transferido para o departamento responsável pelo Programa de Incremento da Produtividade (PIP), voltado para criação de oportunidades de vendas. Hoje, o tecnólogo formado pela FATEC está na fase final de seu mestrado em Engenharia Mecânica na Unicamp e é prova de que, além do conhecimento técnico, comprometimento também é importante: “Para sentir-se valorizado é necessário fazer parte do processo. Acredito que esse fator, somado 20
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ao respeito que adquiri como profissional nesses anos de empresa, componham a estrutura que me motiva a ir mais longe”, concluiu. A prática de identificação e manutenção de talentos recebe diferentes tratamentos, dependendo da cultura de cada empresa. Treinamento, oportunidades de formação, investimento no crescimento pessoal, criação de ambiente de trabalho que prestigie e impulsione talentos estão na ordem do dia na gestão de negócios. A Mitutoyo, multinacional especializada na fabricação de instrumentos e equipamentos de metrologia, é um caso antigo dessa filosofia. A empresa promove um trabalho regular de capacitação junto à sua matriz no Japão.
O engenheiro de aplicações Régis Ronsoni acaba de participar de um treinamento técnico-comercial envolvendo duas das linhas de produto da Mitutoyo. Além disso, teve a oportunidade de conhecer as fábricas e os processos de fabricação que envolvem os produtos. “Após um período de adaptação em que as duas partes passam a se conhecer melhor, a barreira cultural é minimizada e é possível trabalhar em conjunto de maneira eficaz”, explicou o engenheiro, que complementou: “Essa experiência foi muito importante tanto no aspecto profissional quanto pessoal. O contato direto com uma cultura tão diferente me ajudou a entender melhor a forma de trabalho dos japoneses. Hoje é possível trabalhar e me comunicar com a matriz de maneira mais eficiente”.
A criatividade da indústria reside na percepção das diferenças e na adaptação de empresas e indivíduos Já o diretor de Aftermarket da Federal Mogul para a América do Sul, Marcelo Gabriel, é um exemplo de diversidade profissional e mobilidade basicamente horizontal, em que os avanços na carreira se deram sempre centrados no mesmo eixo profissional, desde a fev.2012/85
negócios da indústria
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Marcelo Gabriel. E de fato, conversando com esse profissional, esta habilidade surge como forte componente de sua maneira de pensar. “Os elementos são aqueles dados pela sua empresa, mas o profissional deve saber combiná-los a cada caso, levando em consideração as expectativas da outra empresa com que se negocia” enfatizou. O executivo explicou que essas qualidades, que envolvem a combinação de elementos e suas respectivas proporções, são como “a receita de um bolo”: “todos os ingredientes são fundamentais, mas é impossível colocar a mesma quantidade de cada um. É preciso conhecê-los, saber a dose, a ordem
de colocação e, acima de tudo, qual a consequência de uma escolha inadequada, seja ela positiva ou negativa”, completou. Marcelo Gabriel ainda disse: “A diversidade no trabalho não é cada pessoa pensando do jeito que quer, fazendo o que quer. São as pessoas usando os seus recursos para pensar um objetivo comum, ou seja, um diálogo entre as diversidades individuais e a diversidade intrínseca às empresas e isso só pode ser feito por meio do exercício da observação”. Tendo como uma de suas atribuições a gestão de pessoas, o executivo nos ofereceu exemplos: “Descobri que uma das funcionárias com quem devia traba-
Arquivo Pessoal
formação até os dias de hoje. Formado no curso técnico de Mecânica de Precisão na Escola SENAI “Suíço-Brasileira” no final de 1990, desde cedo começou a situar seus interesses pela carreira de maneira não-convencional. Graduou-se em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e ao longo dos anos acumulou especializações em Marketing, Ciência, Tecnologia e Educação. Em breve, deve iniciar seu pósdoutorado, pesquisando sobre o impacto da norma ISO 26.000 na cadeia automotiva. Uma formação tão diversificada poderia ser um entrave na busca de uma carreira linear. Poderia, mas não foi. Ao longo dos anos, ele passou por diferentes empresas e culturas corporativas: Romi, FAG, ArvinMeritor (hoje Arvin) são alguns exemplos. Mas qual foi a grande vantagem competitiva desse profissional diversificado? Ele vê na multiplicidade de olhares — algo que adquiriu em sua formação de historiador — uma ferramenta útil, pois propicia compreensão mais ampla dos processos humanos e até mesmo capacidade de análise dos comportamentos, um instrumento fundamental quando o assunto é negociação. “A multiplicidade de olhares implica em maior acuidade de resposta, pois você percebe e situa seu interlocutor, sem tratar a todos de uma maneira pré-concebida”, ponderou
Régis Ronsoni: “O contato direto com uma cultura tão diferente me ajudou a entender melhor a forma de trabalho dos japoneses.”
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negócios da indústria
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saíram como os pontos nodais nas carreiras dos profissionais entrevistados, o que leva a aprender a explorar a diversidade como uma ferramenta de competitividade, tanto para a empresa quanto para o funcionário. O Brasil não é diferente por acaso: a criatividade da indústria reside na percepção das diferenças e na adaptação de empresas e indivíduos. Um país cuja integração da diversidade já completou 500 anos pode, hoje, ser mestre nas questões da diversidade. Diversidade é, afinal, a matriz de nossa sociedade, não apenas entre brancos, indígenas e negros, mas no amálgama, em nosso território,
Adriana Elias
lhar tinha cursado o magistério e só soube disso porque sempre considerei importante analisar, além da carreira, a trajetória de vida, ou seja, eu tinha em mãos uma pessoa capaz de contribuir nos treinamentos e ajudar a definir os objetivos dos treinamentos oferecidos pela empresa aos clientes”. A pedagogia do marketing e do pós-venda, envolvendo percepção de expectativas, diversidade de comportamento e maneiras de conceber o mundo dos negócios, educação tecnológica e treinamento, o respeito recebido na empresa e a recíproca dos funcionários em relação a ela, além do respeito pelo próprio trabalho, se sobres-
Marcelo Gabriel: “A diversidade no trabalho não é cada pessoa pensando do jeito que quer, fazendo o que quer. São as pessoas usando os seus recursos para pensar um objetivo comum” 22
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de contingentes de imigrantes das mais variadas nacionalidades, religiões e formação. O engenheiro norte-americano Frederick Taylor, criador das bases da Organização Científica do Trabalho, defendeu que o lugar do cérebro é no escritório e o lugar do braço, na oficina, preceito felizmente em vias de total superação nos dias de hoje. Empresas que não explorarem as potencialidades do seu capital humano, abrindo a oficina para o cérebro, não conseguirão desenvolver a valiosa diferença e colher os frutos dessa diversidade. Equipe Ação e Contexto
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educação e tecnologia
A hora e a vez do ensino tecnológico FATEC amplia instalações e contribui para o desenvolvimento da indústria metalmecânica
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retamente ligados ao exercício da profissão em si. Formar engenheiros leva tempo, por isso é cada vez mais valorizado o título de tecnólogo. Em três anos graduam-se profissionais plenos, com foco específico e possibilidade de ingressar em programas de extensão universitária. A oferta de cursos de tecnologia reflete a necessidade do merca-
Vocação industrial Atualmente, 16 unidades oferecem cursos ligados aos processos de usinagem, desde mecânica
Arquivo Ação e Contexto
Atualmente, o Brasil conta com pouco mais de 700 mil engenheiros. Um número pequeno para um país que busca superar décadas de atraso estrutural. De acordo com a Confederação Nacional das Indústrias (CNI), em pesquisa realizada em 2010, 32 mil profissionais ingressam no mercado todos os anos, mas para atender a nova demanda precisaríamos de 60 mil. A leitura desses dados mostra um panorama em que seria necessário aumentar o número de vagas, entretanto, essa realidade não é tão objetiva. Dados divulgados também em 2010 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revelam que de cada 35 engenheiros formados no Brasil, apenas dez trabalham em ocupações diretamente ligadas à profissão, ou seja, o problema não é só o número de engenheiros, mas também a dispersão desses profissionais em segmentos que não estão di-
do e essa tem sido a linha seguida pelo Centro Paula Souza, uma autarquia do Governo do Estado de São Paulo vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia. O Centro é responsável pela administração de 51 Faculdades de Tecnologia (FATECs) estaduais espalhadas por 47 municípios paulistas. A instituição concentra cerca de 50 mil alunos matriculados em 60 cursos de graduação tecnológica. Quase 20% desses estudantes estão ligados ao segmento metalmecânico.
Laboratório de automação e controle de processos da FATEC-SP: Processos mais efetivos e compreensíveis
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educação e tecnologia
Centro Paula Souza
industrial e de precisão até a área de polímeros. Entretanto, a unidade mais completa em termos de usinagem localiza-se no bairro do Bom Retiro, região central da capital paulista. Trata-se da FATEC São Paulo. São dez laboratórios especializados onde são desenvolvidos produtos, projetos e materiais. Os estudantes ainda têm contato com laboratórios de CAD/ CAM/CAE, sistemas hidráulicos e pneumáticos, espaços dedicados à automação e até um laboratório de forjamento. “Temos dois laboratórios voltados exclusivamente à usinagem, onde se desenvolvem aulas práticas de projetos de fabricação, ensaios, testes e desenvolvimento de ferramental, bem como as atividades de iniciação científica e pesquisa aplicada”, explica a professora Sil-
Centro Paula Souza
FATEC Vitor Civita, na região do Tatuapé, inaugurada em 2011
Aluna do curso de Manutenção de Aeronaves oferecido na ETEC Alberto Santos Dumont, no Guarujá, litoral do Estado de São Paulo
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via Regina Lucas, chefe do departamento de Mecânica da FATEC-SP. No curso de mecânica com ênfase em processos de produção, um quarto da grade de 2.400 horas é voltado à teoria e prática da usinagem em laboratório, inclusive em ambiente simulado. Na manufatura virtual, os alunos podem estudar o aquecimento de uma determinada ferramenta através de simulações computadorizadas. “Não é necessário construir um protótipo e testar uma pastilha ou uma broca para saber se vai dar certo. Antes de partir para os módulos práticos podemos estudar profundidades de corte, materiais e vibrações, o que torna a usinagem um processo muito mais efetivo e compreensível para o aluno. Em contrapartida também é preciso conceituar isso na prática e a nossa formatação permite que os alunos tenham esse tipo de visão”, comenta a docente. O curso, que já soma 40 anos de tradição, tem praticamente 100% de empregabilidade e se consolida como referência para aqueles que buscam qualidade e objetividade na educação.
FATEC Zona Leste União pela educação Localizada no bairro Cidade A. E. Carvalho, a FATEC Zona Leste é, acima de tudo, um exemplo de superação. Em meados de 2000, a população do bairro se viu ameaçada pela construção de uma penitenciária no local. Foi a união desses moradores que fez o Governo do Estado desistir da proposta inicial e inaugurar em 2002 a primeira instituição pública de ensino superior da Zona Leste de São Paulo. “Algumas pessoas não acreditavam que os próprios filhos cursariam a instituição, mas hoje a maioria dos nossos alunos mora na região e 90% deles frequentaram escolas públicas” explica com orgulho a diretora Anna Cristina Barbosa. O local, que já formou mais de 1700 alunos, abriga 20 salas de aula, auditório e laboratórios de polímeros, usinagem, projetos e automação, delegando ao ambiente um perfil completo de ferramentaria. o mundo da usinagem
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educação e tecnologia
ETECs – a nova força de trabalho Em 2011, o orçamento para o ensino profissional (ETECs e FATECs) somou R$ 1,2 bilhão e fez parte de um plano de expansão que aumentou em 100 mil o número de matrículas nos cursos técnicos. Não se trata só de ensino superior. A formação começa nas chamadas Escolas Técnicas. Atualmente as ETECs estão espalhadas por 150 municípios, atendendo cerca de 210 mil estudantes. Dentre os 101 cursos oferecidos é possível encontrar as modalidades de mecânica, manutenção automotiva e eletromecânica. Só no segundo semestre de 2011, mais de sete mil alunos optaram por esses tipos de qualificação.
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estão atuando. A mesma pesquisa é realizada no primeiro e no segundo ano após a saída do curso. Os dados revelam que 93% dos ex-alunos estão empregados na sua área de formação.
Nova unidade no Tatuapé A Zona Leste de São Paulo, que já contava com uma FATEC no bairro Cidade A. E. Carvalho ganhou, em meados de outubro de 2011, a nova unidade Tatuapé, batizada de Victor Civita, uma homenagem ao fundador do Grupo Abril.
Fernando Sacco Jornalista
Centro Paula Souza
“Os alunos têm contato com equipamentos de eletroerosão, máquinas fresadoras, furadeiras, tornos e abrasivos, tudo isso aplicado à disciplina de polímeros”, explica o professor da disciplina de usinagem Marcelo Acácio. Assim como o segmento metalmecânico, a área de polímeros carece de profissionais capacitados para desenvolver materiais com propriedades especiais, que envolvem especificações técnicas muito rigorosas, como sensores, sistemas de transmissão de dados, nanocompostos e uma infinidade de outras inovações. E o mercado responde a toda essa demanda. De acordo com Maria Aparecida Colombo, coordenadora do curso de Polímeros, os alunos têm obrigatoriedade de estágio a partir do 5º semestre, mas é natural que logo após o ingresso na instituição eles já comecem a trabalhar. O acompanhamento desses profissionais é realizado periodicamente pelo Centro Paula Souza. Assim que os alunos se formam a instituição entra em contato para saber a área em que
O local passa a oferecer os cursos de construção de edifícios, controle de obras e transporte terrestre. No total foram investidos R$ 23,5 milhões no complexo que conta com 24 salas de aula, quatro laboratórios e auditório. No futuro, espera-se a instalação de espaços para análise microbiológica, construção civil e instalações prediais, ensaios de materiais, física e eletricidade, informática, maquete, metrologia e resistência dos materiais. A FATEC Victor Civita é a quinta Faculdade de Tecnologia da capital, ao lado das unidades Ipiranga, Bom Retiro, Cidade A. E. Carvalho e Jardim São Luís. A previsão é de que neste ano sejam inauguradas novas FATECs em Itaquera, Jacareí e Diadema. Os índices de empregabilidade da instituição mostram um trabalho assertivo, todavia, o país precisa de mais técnicos qualificados. É esse tipo de investimento que se reverte em competitividade e torna a indústria brasileira menos vulnerável e mais dinâmica.
Aula de mecatrônica na ETEC Jorge Street localizada em São Caetano do Sul fev.2012/85
conhecendo um pouco mais
Conferência Internacional marca o fim da celebração do Ano do Voluntariado De 15 a 17 de dezembro de 2011, foi realizado em São Paulo, realizou-se o evento que marcou o 10° aniversário do Ano Internacional do Voluntariado, instituído pela Organização das Nações Unidas. Reuniram-se milhares de delegados, em várias mesas, painéis, eventos e seminários. O evento serviu também para destacar a existência de milhões de voluntários que, em projetos de assistência social, educação, saúde e cultura em todas as partes do mundo, contribuem efetivamente para aplacar os problemas da pobreza e do abandono social. O programa de voluntários da ONU é representando no Brasil pela Rede Brasil Voluntário (RBV) e a campanha que norteia 28
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suas ações é “O Planeta é Voluntário. E Você?”. A ideia é que o planeta oferece o que tem de melhor e não pede nada em troca: ele é, portanto, voluntário. A RBV é resultado da união de centros de voluntariado em vários estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e São Paulo, fundados na década de 1990. A articulação da rede entre eles teve início em 2008 e atinge mais de 40 milhões de pessoas no país. Os centros de voluntariado reúnem pessoas de todas as profissões e idades, participando de iniciativas de responsabilidade social criadas e geridas pela sociedade civil. Esses centros são, claro, sem fins lucrativos, e utilizam seus recursos para promover e fortalecer
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Voluntariado no Brasil o voluntariado, servindo como espaço de mobilização e articulação. Para capacitar iniciativas de voluntariado, os centros oferecem palestras, cursos e oficinas, fundamentais para os voluntários. No âmbito do voluntariado empresarial, os centros enfatizam seu princípio de responsabilidade social do Instituto Ethos, segundo a qual “a empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviços, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários”. Desde 2012, quase 100 empresas brasileiras participam do Grupo de Estudos do Voluntariado Empresarial em São Paulo. O número fev.2012/85
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Meninos do Morumbi
conhecendo um pouco mais
O ensaio dos Meninos do Morumbi acontece toda sexta-feira às 19h30 ou aos sábados às 11h30
tende a crescer, a sociedade está cada vez mais preparada para distinguir e selecionar as empresas que demonstram real compromisso com o bem-estar social. Os projetos voluntários são tantos que se torna difícil, neste espaço, falar de alguns em detrimento de outros. Fazemos justiça, no entanto, aos mais antigos entre nós, como a Associação Paulista de Combate ao Câncer, fundada em 1934 pelo oncologista Antônio Prudente, e a Rede Feminina de Combate ao Câncer, iniciada em 1946 por sua esposa, Carmen Annes Dias Prudente. Não tardou para que surgissem outras iniciativas igualmente notáveis, como o Departamento de Voluntários do Hospital Israelita Albert Einstein, que data de 1955 e hoje conta com mais de 400 integrantes. Para além de simplesmente atender e auxiliar no conta30
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to humano no hospital — o que já seria muito — os voluntários do Einstein e de grupos técnicos do hospital passaram a trabalhar com os líderes da comunidade de Paraisópolis, levantando suas necessidades. Em seguida, foi implantado o Programa Einstein na Comunidade de Paraisópolis (PECP), que atualmente atende ambulatorialmente dez mil crianças por ano e oferece atividades socioeducativas a outras três mil pessoas. Outro grande pioneiro no Brasil, com exatos 50 anos de ação, é o CVV (Como Vai Você), que atende pessoas deprimidas, solitárias, potenciais suicidas, já tendo salvado milhares de vidas, recebendo
chamados tanto por meio de chat online quanto por meio do número de telefone 141, que se tornou conhecido nacionalmente. No entanto, o voluntariado não atende apenas seres humanos em seu momento de maior fragilidade, que é o da doença. Existe trabalho voluntário em quase todos os setores do atendimento social, nas lides com crianças e adultos, sobretudo em termos educacionais e culturais: música, esportes, oficinas de arte, ateliês profissionalizantes, laboratórios de informática, culinária, artesanato, entre outros. O Projeto Educarte, por exemplo, proporciona aprendizado musical a crianças e adolescentes na Cidade de Deus (bairro na Zona Oeste do Rio de Janeiro), e tem entre os voluntários muitos policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora local. A música e a dança também foram a base da hoje Associação Meninos do Morumbi, fundada pelo músico Flávio Pimenta em 1996, que alcançou dimensão e fama internacionais. Mesmo dispondo de apenas poucas horas por semana, os centros de voluntariado saberão orientar os interessados e canalizar seus interesses e disponibilidades para um projeto socialmente válido. Equipe Ação e Contexto
PARA SABER MAIS
www.brasilvoluntario.org.br Para acessar a rede nacional. www.voluntariado.org.br O Centro de Voluntariado São Paulo apoia empresas nos programas de Voluntariado Empresarial com palestras e oficinas. Entre em contato: orgsociais@voluntariado.org.br www.cvv.org.br Para conhecer os projetos e a atuação do CVV.
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nossa parcela de responsabilidade
Terminamos o ano de 2011 com o Brasil comemorando várias conquistas no cenário internacional. Balança comercial e exportação positivas, economia estável. A mais recente delas, e talvez a de mais impacto, tenha sido a nova posição do Brasil no mundo com relação ao Produto Interno Bruto (PIB): passamos a Inglaterra e agora ocupamos o sexto posto. Mais promissores ainda foram os comentários de nosso ministro da Fazenda, de que seremos em breve o número cinco, passando também a França. Sem dúvida alguma, este é um fato histórico para nós, pois estamos galgando posições entre as maiores economias mundiais. Nossa grande responsabilidade, no entanto, não deveria ser simplesmente fazer crescer nossa economia e alcançar posições de grandeza quantitativa, mas sim qualitativa, ou seja, crescimento nos indicadores econômicos, sociais e civis. Estamos entre os maiores em PIB, mas ainda precisamos aprimorar muito a nossa distribuição de renda, educação, saúde, 32
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transporte, impostos, juros, etc. É vital colocarmos como um de nossos objetivos a mudança de nosso foco e assumirmos definitivamente que o Brasil deve crescer em direção à melhoria dos indicadores sociais, para não nos tornarmos uma enorme potência beneficiando poucos e condenando a maioria dos brasileiros a viver à margem de toda essa riqueza gerada, brasileiros esses vivendo em um mesmo território, amando a pátria certamente tanto quanto os mais privilegiados, porém sujeitos a condições extremamente adversas, totalmente aquém daquelas que, por direito, deveriam ter. Trata-se de abordagem que vai além da política: estamos falando de atitude! Somos todos responsáveis por esta grande virada, que só será possível a partir do engajamento coletivo na luta pela grande transformação que se faz necessária. País rico é país sem pobreza, sem corrupção, sem maracutaias. País rico é pais desonerado, é país produtivo, é país competitivo. País rico é país com educação, com
Fernando Favoretto
Atitude pela brasilidade saúde, com igualdade, respeito à diversidade e inclusão social.
Já passou da hora de traçarmos uma estratégia como país, com foco naquilo que realmente agregará valor aos brasileiros — a todos os brasileiros! — e não somente a uma minoria privilegiada. Façamos então nossa parte. Nossa atitude é a arma mais poderosa que temos para mudar este cenário. Ser mais eficaz e cobrar eficácia. Ser mais produtivo e cobrar produtividade. Ser honesto e cobrar honestidade, ser mais humano e cobrar igualdade de oportunidades. Ser mais Brasileiro e cobrar Brasilidade! Desejamos a todos nossos clientes e amigos um excelente 2012, com muita paz, sucesso e atitude! Claudio Camacho fev.2012/85
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