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Este número de nossa revista discute, com muito detalhe e ênfase, o papel da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico, ou P&D como usualmente se diz. Também nos chama atenção o significado que essa área pode ter na melhoria das condições de trabalho dos funcionários envolvidos no processo, como aponta uma das reportagens. De fato é difícil falar desse tema

Em verdade, um país sem pesquisa será sempre uma colônia. Por esse motivo, o recente acidente em Alcântara no estado do Maranhão, foi para nós como se um pedaço do nosso orgulho também tivesse se transformado em cinzas, porém, sabemos que o alcance do êxito implica em riscos e provações e só a determinação e a fé, essas que levaram Dumont a surpreender o mundo ao colocar o primeiro mais

sem que se envolva índices de qualidade, de

pesado que o ar deslizando na brisa, devem continuar norteando a nós que herdamos de nossos heróis o desafio e

produtividade e um constante superar de expectativas outrora intransponíveis aos olhos lei-

a honra de, por eles, colocar o primeiro satélite brasileiro em órbita por nossa própria conta e mérito. A todos os cole-

gos de quem não tem a pesquisa como foco.

gas do INPE e do CTA toda a nossa solidariedade.

Índice........................................................................................................ Reportagem A fresa CoroMill Century R590, aplicada na fabricação de partes de blocos de motor, mostra-se eficiente e produtiva .....................................................4

Artigo

Instituto Fábrica do Milênio - Tecnologia de Ponta para as Indústrias Automotiva e Agroindustrial ................................................8

Reportagem

A Voith Paper atingiu a produção de seu 10.000 o rologuia, e a Sandvik Coromant está presente neste marco histórico com a família de pastilhas Wiper..................................................12

Artigo

Uma nova mentalidade em formação - sistema tripartite para C&T avança no país...........................................................20

Reportagem

Esta é a MWL, empresa que concorreu com a americana Standard Steel e a japonesa Sumitomo para o contrato de New York, e venceu: mais que uma empresa, uma lição de vida. ..................................................................26

Artigo

As atividades de pesquisa & desenvolvimento na Villares Metals - exportações de materiais básicos para indústrias de todo o mundo requereu esforço, tenacidade, inteligência empresarial e muita, muita pesquisa. ................................34

SEÇÕES Página ABEPRO......................................................................................................15 Ponto de Vista......................................................................................................16 Usinabilidade.........................................................................................................18 Destaques .............................................................................................................23 Notas & Novas.......................................................................................................24 Suprimentos.........................................................................................................30 Fluidos de Corte ..................................................................................................32 Movimento............................................................................................................38 Distribuidores ......................................................................................................39

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O Mundo da Usinagem


O Mundo da Usinagem

Tecnologia avançada

Publicação trimestral da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil S.A. ISSN 1518-6091 RG.BN 217.147 e-mail: omundo.dausinagem@sandvik.com

SANDVIK DO BRASIL Presidente: José Viudes Parra

DIVISÃO COROMANT Diretor-Coromant: Cláudio José Camacho Gerente de Marketing e Treinamento: Francisco Carlos Marcondes Coordenadora de Marketing: Heloisa Helena Pais Giraldes Assistente de Marketing:

Foi-se o tempo em que o Brasil se limitava apenas a importar tecnologia de fora para manufaturar seus produtos. Nosso país, que estava rotulado para ser simplesmente um paraíso de mãode-obra barata e apenas operacional, começa a despontar como um importante pólo de desenvolvimento e pesquisa. Tomemos como exemplo o que está ocorrendo na indústria automobilística, onde por muitos e muitos anos estavamos limitados a produzir automóveis, importando toda uma tecnologia

Cibele Aparecida Rodrigues dos Santos

de fora que praticamente já era considerada obsoleta em seu

Conselho Editorial: Nivaldo L. Coppini, Adriano Ventura,

país de origem.

José Carlos Maciel, Roberto Saruls, Francisco C. Marcondes, Antonio Borges Netto, Marlene Suanno, Tadeu B. Lins, Heloisa H. P.

produção de um novo modelo de automóvel no Brasil pela

Giraldes, Aryoldo Machado, José Edson Bernini e Fernando G. de Oliveira Coordenadora da publicação: Vera Lúcia Natale Editoria: Depto. de Marketing da Divisão Coromant Responsável: Francisco C. Marcondes Reportagem: De Fato Comunicações; Vera Lúcia Natale. Fotógrafos: Mike Amat; Sérgio Mekler, Marcos Magaldi; Izilda França Moreira; Pierre Yves Refalo. Criação, Editoração: Arte Gráfica Revisor: Fernando Sacco Fotolito: Digigraphic Gráfica: GraphBox-Caran Tiragem: 16.000 exemplares Jornalista responsável: Heloisa Helena Pais Giraldes MTB 33846

CORPO TÉCNICO (DIVISÃO COROMANT) Gerente do Departamento Técnico: José Roberto Gamarra Especialista em Fresamento: Marcos Antonio Oliveira Especialista em Capto & CoroCut: Francisco de Assis Cavichiolli Especialista em Torneamento: Domenico Carmino Landi Antonio José Giovanetti Especialista em Furação: Dorival Silveira Especialista em Die & Mould: Sílvio Antonio Bauco SAC (Departamento Comercial): (11) 5696-5604 Atendimento ao cliente: 0800 55 9698

Quantas vezes ouvimos notícias de que iniciaríamos a utilização de uma nova linha de usinagem, porém, na verdade, estávamos falando de um modelo desatualizado e de uma linha de produção que em média tinha mais de 20 anos de idade. Felizmente esta não é mais nossa realidade, haja visto o que tem ocorrido nesta área, com lançamentos de carros realmente inovadores, em linhas de produção modernas, pesquisados e desenvolvidos no Brasil. No campo das máquinas e das ferramentas também muita inovação vem ocorrendo, denotando mútua superação, ora da máquina pela ferramenta e ora da ferramenta pela máquina, de maneira que os profissionais da usinagem vêm obtendo contínuas melhorias no potencial de competitividade desse campo de atuação. O importante é não perder contato com as pesquisas e com o desenvolvimento, e por esse motivo, continuamos a investir 6% de nosso faturamento nesta área. Atualmente estamos entre as 4 plantas produtivas de maior importância estratégica do grupo. Como já dissemos aqui anteriormente, a Sandvik Coromant do Brasil se orgulha de estar presente junto a todo este desenvolvimento, por meio de inúmeras parcerias que temos com as melhores universidades do país, como também pelo trabalho conjunto de nossos especialistas de produtos do Brasil, que são considerados pela nossa matriz como um dos melhores do mundo. Esta é a Sandvik Coromant do Brasil, com a qual nossos clientes podem contar!

Av. das Nações Unidas, 21.732 Santo Amaro - São Paulo - SP CEP 04795-914

“O importante é não perder contato com as pesquisas e com o desenvolvimento, e por esse motivo, continuamos a investir 6% de nosso faturamento nesta área”

Cláudio José Camacho Diretor - Coromant

Boa leitura.

Sandvik Coromant do Brasil

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A fresa CoroMill Century R590, aplicada na fabricação de partes de blocos de motor, mostra-se eficiente e produtiva, resultando em melhor qualidade de vida para as pessoas envolvidas no processo.

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ualidade, produtividade e melhor relação custo-benefício é o que se espera obter quando se introduz uma nova ferramenta de corte no processo. A fresa CoroMill Century R590, da Sandvik Coromant, está proporcionado mais do que isso: sua aplicação melhorou a qualidade de vida das pessoas que trabalham na célula de produção dedicada à fabricação de partes de blocos de motor (carcaça e 4

O Mundo da Usinagem

tampa) na unidade da Yamaha Motor do Brasil, instalada em Guarulhos (SP). A CoroMill Century R590, especialmente indicada para a usinagem de alumínio, foi lançada no final de 2002 e começou a ser testada pela Yamaha em abril de 2003. A decisão de incorporá-la ao processo foi tomada em julho, no contexto da ferramenta de gestão industrial TPM – Total

Productive Maintenance – que visa a otimização do uso de ativos segundo Wagner Valentini, supervisor de produção da Yamaha. De acordo com o supervisor, com a introdução da ferramenta, esperava-se o atendimento de alguns parâmetros monitorados no processo, que a empresa chama de P.Q.C.D.S. – Produtividade, Qualidade, Custo, Prazo e Segurança. “Esperávamos que a fresa satisfizesse as nossas necessidades para a usinagem de alumínio, proporcionando uma performance de corte mais suave, com mínima geração de rebarbas, e a solução atendeu às nossas expectativas”, destaca. O encarregado de usinagem da Yamaha, Mauro Augusto Souza, comenta que a fresa não só proporciona ganhos de natureza técnica, como também de qualidade


de vida para os operadores pois: “com a aplicação da Century R590, temos menos desgaste, a preocupação para fazer o processo funcionar é bem menor.” Conforme Souza, anteriormente era utilizada uma ferramenta que trabalhava com velocidades de corte e avanço menores e vida útil mais curta. “Com a Century R590, a produtividade é bem maior e as paradas de máquina são mínimas. Então, temos mais tempo para checar, fazer inspeções periódicas, monitorar o processo. Isso melhora nossas condições de trabalho”, explica, enfatizando que no processo anterior havia a necessidade de troca de cabeçote a cada seis horas. Traduzindo em números, a aplicação da nova ferramenta permitiu reduzir o tempo de

fresagem da carcaça do bloco de motor de 40 para 10 segundos. Essa mesma redução foi obtida para o fresamento da tampa da carcaça, já que as áreas usinadas são equivalentes. “No processo anterior, com pastilhas de metal duro, trabalhávamos com a rotação de 4.000 rpm e avanço de 1.200 mm/min. Hoje, com a fresa Century R590, com pastilhas com ponta de diamante, estamos operando com a rotação de 10.000 rpm e avanço de 6.000 mm/min”, afirma o encarregado de usinagem. De acordo com Celso Cardoso de Lima, encarregado de afiação de ferramentas, além de mais produtiva, a CoroMill Century apresenta uma vida útil bem mais longa. “A ferramenta que utilizávamos anteriormente tinha a capacidade de fazer 90 peças e, atingido esse volume, tínhamos de trocar a aresta. Com a nova fresa já fizemos cerca de 16 mil peças e ela ainda continua trabalhando”.

Cardoso de Lima destaca que, além da fresa, o óleo de corte também foi trocado por um de classificação Blasocut Universal 2000, da marca Blaser, que não exige descarte. Até a visita da equipe de O Mundo da Usinagem, na última semana de julho, a Century R590 havia sido utilizada para a produção de 10.800 carcaças e 10.800 tampas. “Iniciamos o teste com a carcaça, cujo processo, pela construção de dispositivos, é um pouco diferente do de fabricação das tampas”, afirma Cardoso de Lima. “O mesmo cabeçote, com o mesmo inserto e os mesmos dados de corte, foi levado para teste na usinagem das tampas”, especifica. A vida útil da CoroMill Century 590 é estimada em 4.000 minutos de contato com o material usinado, embora possa haver variações dependendo da composição do produto fresado. “Se o alumínio tiver uma porcentagem maior de silício na sua

Da esquerda para a direita: Mauro Augusto Souza, encarregado de usinagem da Yamaha Motor do Brasil; Valdir Américo, vendedor técnico da Sandvik Coromant; Celso Cardoso de Lima, encarregado de afiação da Yamaha Motor do Brasil; Marcos Antonio Oliveira, especialista em fresamento, da Sandvik Coromant.

Sandvik Coromant do Brasil

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Fresa Century usinando a face da carcaça da moto modelo YBR12.

composição, este material ficará mais abrasivo, e a tendência é a redução da vida útil”, explica Marco Antonio Oliveira, técnico de fresamento da Sandvik Coromant. Segundo Valentini, até a última semana de julho, a fresa havia trabalhado 3.250 minutos, sem apresentar problemas.

A

FERRAMENTA

A fresa Century R590, com pastilha de diamante, está sendo aplicada na linha de produção de partes de blocos de motor da linha Yamaha YBR, motocicleta de 125 cilindradas, montada na unidade da Yamaha de Manaus (AM). Um dos carros-chefe da empresa está disponível em três modelos que são montados na unidade da Yamaha de Manaus (AM). O bloco de motor, composto de quatro partes (carcaças direita e esquerda, e tampas direita e esquerda), é de alumínio, um material que, por suas características físicas, é de usinagem complexa. “O alumínio é muito pastoso e exi6

O Mundo da Usinagem

ge uma ferramenta com maior poder de corte”, diz Cardoso de Lima. Ele explica que, no processo anterior, era como cortar com faca um material que exige corte com lâmina de barbear. “Não tínhamos essa lâmina até introduzirmos a Century.” Marco Antonio Oliveira, especialista em fresamento da Sandvik Coromant, informa que, para usinar alumínio, a do motor aresta de corte da ferramenta deve ser bem viva, com os cantos bem afiados, sendo necessário ainda que a ferramenta suporte altas temperaturas e apresente velocidade de corte elevada. “O alumínio tem a tendência de grudar na ferramenta, criando o que se chama de aresta postiça. Quando isso acontece, a ferramenta pode se quebrar”, afirma Oliveira, destacando que, para usinar alumínio, é recomendada a utilização de pastilha de metal duro bem afiada ou pastilha de diamante.

Carcaças do motor da moto modelo YBR125.

A pastilha de diamante é recomendada para materiais nãoferrosos (alumínio, cobre, latão, etc.). Sua utilização para usinagem de materiais como aço (mesmo de baixo carbono) encontra restrições, pois existe a tendência de ocorrer a desintegração, por difusão química, do diamante em contato com o aço ou outro material com carbono em sua composição. A CoroMill Century R590 tem corpo de alumínio de alta densidade, é leve e foi desenvolvida para trabalhar na produção em escala, com nova geometria dos canais de refrigerante para facilitar a expulsão dos cavacos. Opera com mínimo esforço de corte, podendo ser aplicada na usinagem de peças com paredes finas que exigem baixa pressão de corte, conforme Valdir Américo, vendedor técnico da Sandvik Coromant. Ainda de acordo com Américo, a fresa tem sistema de fixação serrilhado, que garante que as pastilhas não se desloquem no sentido radial do cabeçote quando estão trabalhando em alta velocidade


Wagner Valentini, supervisor de produção da Yamaha Motor do Brasil.

de corte. “O sistema de fixação garante ainda o posicionamento seguro e preciso das arestas e uma ação bem balanceada do cabeçote, que pode ser usado para pastilhas com ponta de diamante policristalino (PCD) e também metal duro”, explica. A fresa caracteriza-se ainda por ter poucos componentes, o que facilita o uso e a manutenção. O cabeçote de alumínio, por ser leve, proporciona vida útil mais longa ao eixo-árvore das máquinas. Precisa, a

fresa permite que as pastilhas sejam ajustadas até 0,10 mm, com um “simples movimento no parafuso existente no cabeçote”, diz Américo. Na Yamaha, a fresa Century R590 é utilizada na célula de produção composta de 15 centros de usinagem Brother TC-S2A. Cinco dessas máquinas são utilizadas para fresar as carcaças e uma para fresar as tampas. A cada 21 horas, são produzidas 2.400 tampas (1.200 direitas e 1.200 esquerdas) e 1.000 carcaças (500 para o lado direito e 500 para o lado esquerdo). Atualmente, a célula trabalha a pleno vapor e qualquer aumento de demanda exigirá investimentos em mais máquinas.

Yamaha: pioneira na fabricação de motos Presente no Brasil desde 1970, a Yamaha Motor do Brasil, subsidiária da Yamaha Motor Company, sediada no Japão, foi criada para importar e distribuir motocicletas e prestar serviços de suporte ao mercado nacional. Com resposta positiva do mercado, a empresa decidiu ampliar os investimentos no país e em 1974, inaugurou a primeira indústria de motocicletas do Brasil, em Guarulhos (SP). O início das operações foi marcado com a fabricação da primeira motocicleta nacional: a RD 50. Os investimentos não pararam e em 1981, os produtos da unidade brasileira passaram a ser exportados. Em 1985, inaugurou sua segunda fábrica no país, a Yamaha

Motor da Amazônia, na Zona Franca de Manaus. A unidade manauara, além de motocicletas, fabrica motores de popa desde 1988. Os produtos são destinados ao mercado interno e às exportações, principalmente para os países da América do Sul, México e EUA. No ano de 2002, a Yamaha comercializou 99 mil motocicletas. Neste ano, projeta vender cerca de 130 mil unidades no mercado doméstico e exportar 12 mil unidades. Os investimentos previstos para 2003 totalizam US$ 33 milhões. Os recursos serão destinados à instalação de nova fábrica, para atingir a capacidade produtiva de 300 mil motocicletas ao ano, marketing, treinamento, lançamento de produtos e expan-

são da rede de concessionárias. A Yamaha fechou 2002 com a participação de mais de 12% do mercado nacional de motocicletas, cujas vendas totalizaram cerca de 792 mil unidades. O segmento de duas rodas apresentase em expansão, com crescimento médio de 23% anuais. Em 2003, espera-se a comercialização de 1 milhão de unidades. A linha YBR, cujas partes do bloco de motor são usinadas com a CoroMill Century R590, foi lançada em abril de 2000. É a primeira motocicleta de 125 cilindradas, 4 tempos, a ser produzida no país pela Yamaha. Um dos carros-chefe da empresa, está disponível nos modelos: YBR 125 K, YBR 125 E e YBR 125 ED.

Sandvik Coromant do Brasil

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A

s primitivas crenças cristãs a respeito do ano 1000, genericamente chamadas de “Milenarismo”, pregavam a volta de Cristo e conseqüente período de paz e bonança. Outras religiões, ao contrário, acreditavam que o ano 1000 traria o fim do mundo, pura e simplesmente. Tais crenças arrefeceram após a virada do 1o Milênio pós-Cristo, mas nunca desapareceram completamente. De quando em quando, alguma seita de menor relevo, ou mesmo setores do cristianismo, retomavam os temas do Apocalipse e o marcavam para a próxima virada do Milênio.

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O Mundo da Usinagem

Tecnologia de Ponta para as Indústrias Automotiva e Agroindustrial Pois o ano 2000 chegou e o que realmente afligiu nossa sociedade não foi o Apocalipse ou o Anti-Cristo mas o “bug do Milênio”, que desgovernaria computadores e, com eles, aviões, suprimentos de eletricidade e água, trânsito urbano, etc. Como bem vimos, os computadores foram preparados para a mudança de dígito e essas desordens não ocorreram. E a passagem do Milênio foi devidamente celebrada em todo o mundo, com grandes espetáculos e até mesmo a construção de teatros e estádios especiais, como o magnífico Millennium Dome de Londres. No Brasil, entramos no novo Milênio com uma contribuição para o futuro que comporta muito planejamento, entusiasmo e trabalho: o programa Institutos do Milênio. Este programa, lançado em 2001 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, em conjunto com o CNPq, denota, basicamente, a certeza de que um dos componentes de ação séria e duradoura para o bem-estar social no novo Milênio era a otimização de recursos, de investimentos

mas, sobretudo, de inteligências. O principal objetivo do programa Institutos do Milênio é o de apoiar o desenvolvimento de entidades que constituam a vanguarda do conhecimento científico e tecnológico no Brasil. Tais entidades, alinhadas à política científica e tecnológica da primeira década do Milênio, devem capacitar os centros e laboratórios de pesquisa para que participem dos avanços na vanguarda mundial do conhecimento e mobilizar os institutos de competência já adquirida no país para que, com trabalho em rede de cooperação, obtenham a superação de desafios históricos. Ou seja, tais Institutos devem superar as limitações geográficas e as distâncias no conhecimento, efetivando a integração de dezenas de grandes centros e pequenos laboratórios de todas as regiões do país e de centenas de pesquisadores experimentados e jovens cientistas. Criou-se, assim, o Instituto Fábrica do Milênio (IFM), coordenado pelo professor João Fernando Gomes de Oliveira (USP - São Carlos), pensado em função do desempenho do setor produtivo em países emergentes e da competitividade entre as empresas da área de manufatura e de


tria brasileira. As pesquisas contemplam, de forma integrada, a solução de problemas tecnológicos de ponta e a otimização gerencial voltada para as diversas realidades regionais do Brasil. Baseado na cidade de São Carlos – SP, o IFM conta com pesquisadores de 19 institutos de ensino e pesquisa, 25 grupos de pesquisa no Brasil e 6 no resto do mundo, unindo abordagens sul-americanas, estados-unidenses e européias, no equacionamento de soluções de manufatura inovadora e desenvolvimento de tecnologia nas áreas de: equipamentos agrícolas. A carência de conhecimentos científicotecnológicos é claramente sentida nas empresas de pequeno e médio porte, o que coloca o Brasil em uma situação crítica de desenvolvimento industrial, pois tais empresas são fundamentais para a saúde econômica e o desenvolvi-

A

mento harmônico do país. O Instituto Fábrica do Milênio (IFM), portanto, é capaz de desenvolver projetos de pesquisa com abrangência nacional, com um sistema de gestão inovador e eficiente, que possibilita aumentar a velocidade de desenvolvimento da pequena e média indús-

Gerenciamento de Redes Cooperativas e Cadeias de Suprimentos; Gerenciamento da Transformação Organizacional e Qualidade; Inovação e Gerenciamento do Ciclo de Vida dos Produtos; Processos de Fabricação e Automação Industrial.

METODOL METODOLOGIA OGIA DE TRABALHO DO IFM ESTRUTURA - SE A PARTIR DE QUA QUA TRO GRANDES MECANISMOS DE A TUAÇÃO TUAÇÃO

Processo de captação contínua das necessida-

implementações físicas, modelos didáticos, etc., com

des e carências tecnológicas das empresas, o que

o objetivo de transmitir conhecimentos aos grupos en-

inclui procedimentos de levantamento de informações

volvidos, assim ampliando o potencial de demonstra-

diretamente com as cadeias produtivas e entidades

ção dos resultados das pesquisas.

1.

de classe. A esse quadro se associam os dados de carências e necessidades levantados continuamente

4.

pelo Fundo Setorial de Universidade-Empresa do Mi-

transferência de tecnologia, compreendendo uma es-

nistério da Ciência e Tecnologia, completando a

trutura de cursos locais e in site distribuída entre as

abrangência dos cenários demonstrativos sobre os

instituições parceiras do IFM, além de uma estrutura de serviços de assessoria e consultoria gerenciada

quais se alicerçam os projetos.

Processo de disseminação do conhecimento e de

por meio de um portal na Internet que funciona como Definição e realização de projetos de pesquisa

um e-marketplace de serviços e de cursos. Este portal

dentro das quatro grandes áreas de atuação elencadas

conta com especialistas associados nas áreas de inte-

acima. O projeto contempla tanto o desenvolvimento

resse em todo o território nacional, além de conter pá-

de conhecimentos aplicáveis aos problemas industriais como também a formação de pessoal de alto nível.

ginas de conhecimentos sobre os principais proble-

2.

mas industriais brasileiros. Existe também um programa de estágios orientados para alunos de gradu-

3.

Gerenciamento de um portfólio de cenários de pro-

dução, compreendendo modelos de referência,

ação, estágios de especialização para trainees e profissionais de empresa.

Sandvik Coromant do Brasil

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no México e a tradicionais instituições no exterior (Estados Unidos e Europa). O conjunto de instituições e projetos envolvidos formam uma massa crítica que os capacitam a desenvolver um espectro de pesquisas que abrange desde o desenvolvimento de tecnologias industriais básicas até elementos de gestão, as quais podem, se organizadas de forma integrada, contribuir efetivamente para o desenvolvimento das indústrias brasileiras. Em poucas palavras, o Instituto Fábrica do Milênio substitui o centro de Pesquisa e Desenvolvimento que as pequenas e médias empresas brasileiras não conseguem montar e manter por si próprias.

As instituições participantes da rede IFM foram escolhidas tendo em vista sua comprovada capacidade de integração com empresas e experiência de trabalho em rede de cooperação de pesquisa. Elas já vem desenvolvendo projetos em colaboração com reconhecido sucesso, entre eles a sub-rede de usinagem do sistema Recope (Rede Cooperativa de Pesquisas Metal-mecânicas), o NUMA (Núcleo de Manufatura Avançada), do Programa Núcleos de Excelência (Pronex), a sub-rede de automação industrial, o CIMM (Centro de Informação Metalmecânica), sistema de informações do setor pela Internet, além de outros projetos integradores, como o projeto temático apoiado pela FAPESP

– Fundação de Amparo à Pesquisa

O Programa de Estágio In-

supervisionada tanto na Univer-

Espera-se que, ao término

tegrado do Instituto Fábrica

sidade, onde adquirirá conheci-

do estágio, a empresa tenha

do Milênio (IFM) foi criado

mentos, como na Empresa, onde

um profissional formado para o

para fazer uma “ponte” entre

adquirirá experiência. O Progra-

mercado atual; com visão

os cursos de graduação e o

ma de Estágio Integrado tem

holística da empresa; especia-

mercado de trabalho, buscan-

duração de 13 meses e é dividi-

lista em conceitos referentes

do minimizar a lacuna perce-

do em 4 fases: a) Seleção, Ali-

aos seus produtos, apto a pro-

bida entre a formação aca-

nhamento e Integração; b) Co-

mover integração em empresas

dêmica básica dos forman-

nhecendo a Empresa; c) Adqui-

e a integrar e liderar equipes;

dos e o perfil profissional de-

rindo Conhecimentos e d) Adqui-

que retorne para a Universida-

sejado pelas empresas.

rindo Experiência.

de: temas de pesquisa, oportu-

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do Estado de São Paulo, sobre usinagem de alta velocidade. Todas essas equipes foram integradas a outras universidades com centros emergentes de pesquisa, localizadas no nordeste do país, a uma universidade

Para tanto, o Programa uti-

Os estagiários têm, em todas

nidades de projeto, integração/

liza uma metodologia dual, ou

as fases do estágio, um grupo

parceria com empresas, moti-

seja, um programa de parceria

responsável pela orientação e

vação para os demais alunos,

universidade-empresa onde

coordenação de suas ativida-

além de seu retorno como ex-

ambas se unem a fim de pre-

des, composto por membros da

aluno (Alumni).

parar o estagiário para o mer-

Universidade (um professor e

Este programa já se en-

cado de trabalho, possibilitan-

dois alunos de mestrado) e por

contra em seu quinto ano de

do que ele trabalhe de forma

membros da empresa.

atividade.

O Mundo da Usinagem


OS GRUPOS DE PESQUISA DO NUMA Núcleo de Manufatura Avançada

Grupo GMO: Gerenciamento da Mudança Operacional Grupo SIM: Simulação de Sistemas de Manufatura Grupo EI: Engenharia Integrada Grupo CAE: Projeto de Engenharia Assistida por

Computador (CAD/CAE) Grupo GCP: Gestão Cooperativa da Produção Grupo OPF: Otimização de Processos de Fabricação Grupo QUA: Qualidade Grupo AMA: Adequação Ambiental em Manufatura

NUMA, um dos núcleos de excelência Desde o final dos anos 80, funcionavam os chamados Recopes, Redes Cooperativas de Pesquisa, que associavam pesquisadores que trabalhavam em rede em função de projetos específicos, evitando duplicação de esforços e recursos e otimizando o trabalho de todos. Por outro lado, já existia, na Escola de Engenharia de São Carlos, a Fábrica Integrada Modelo – FIM – que tinha, e ainda tem, a função didática de fazer o aluno vivenciar um ambiente de fábrica. Dessa experiência evoluiu-se, no início dos anos 90, graças ao PRONEX – Programa de Núcleos de Excelência – da FINEP, para o Núcleo de Manufatura Avançada – NUMA,

programa de fomento à pesquisa que conta com a participação, além da EESC-USP, da UFSCar, UNICAMP e UNIMEP. O projeto NUMA é, portanto, o aproveitamento de várias iniciativas já existentes e hoje dele fazem parte os 8 grupos específicos de pesquisa elencados acima. Apenas a título de exemplo, o GEI – Grupo de Engenharia Integrada, coordenado pelo professor Daniel Capaldo Amaral, desenvolve softwares para organizar o desenvolvimento de produtos, em duas grandes linhas, a de diagnóstico de ferramentas e a de desenvolvimento e proposição de sistemas (como planejamento de processos em computadores), enquan-

to que o OPF, coordenado pelo professor Reginaldo Teixeira Coelho, é um laboratório de pesquisa envolvendo 15 jovens pesquisadores em programas de mestrado e doutorado, trabalhando em 10 projetos de pesquisa integrados. As empresas trazem seus problemas e podem financiar bolsas de Mestrado e de Doutorado, para terem pesquisados problemas de seu específico interesse. Uma vez por ano são apresentados os resultados em curso e a continuidade dos trabalhos prevista. Para consultar esses resultados e conhecer melhor o Instituto Fábrica do Milênio – IFM – e o NUMA, acesse: www.ifm.org.br e www.opf.sc.usp.br

Sandvik Coromant do Brasil

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E

m julho passado, a Voith Paper Brasil registrou um marco em sua história no país: a produção do 10.000o rolo-guia. Para se ter uma idéia deste feito, basta dizer que, em média, esta peça tem 7 m de comprimento por 1,25 m de diâmetro. Só o processo de usinagem exige hoje, após inúmeras melhorias introduzidas no processo, não menos que 15 horas de trabalho. A filial brasileira da Voith Paper foi inaugurada em 1964, no bairro do Jaraguá, em São Paulo. O milésimo rolo-guia saiu da fábrica em 1986. Esse dado demonstra a evolução da filial: os primeiros 1.000 rolos-guias foram fabricados em 22 anos; os 9.000 seguintes foram produzidos em apenas 17 anos. “Para registrar este feito, a Voith reuniu todos os funcionários envolvidos na produção de rolos no momento do batismo do 10.000 o ”, conta o engenheiro de produção Carlos Augusto Macedo Jr. Como se trata de 12

O Mundo da Usinagem

uma peça prensada, no momento final da conformação, quando são unidos os segmentos do rolo, recebe um número de batismo. O 10.000 o foi colocado na principal prensa da fábrica e registrado de forma diferenciada. “Este evento foi também uma forma de valorizarmos nossos profissionais”, ressalta. Este marco se reveste de importância também no interior do Grupo Voith, que há alguns anos transformou as filiais em unidades de negócio. Dentro deste

contexto, o gerente industrial Cláudio Massera explica que a unidade brasileira já é centro de competência mundial para a produção de cilindros secadores, outro item importante nas máquinas de papel. “No caso dos rolos-guia, somos a segunda fábrica em importância dentro do grupo e, agora, pretendemos pleitear a transformação em centro de competência também para a linha de rolos”, explica. No passado, cada filial produzia integralmente as máquinas

Da esquerda para a direita: em pé, da Voith Brasil, Antonio Casaroto, técnico de ferramentas, Carlos Macedo Jr., engenheiro de produção, José Imaculado, supervisor de produção, Rubens B. Moraes Filho, chefe de usinagem e Eduardo Debone, vendedor técnico da Sandvik Coromant; agachados, Wamberto Picolotto, controle de qualidade e Sidney Juliato, operador de máquina, ambos da Voith.


Claudio Massera, gerente industrial Voith Paper.

que comercializava mas, com a nova estratégia global, passaram a produzir os itens nos quais demonstra maior capacidade técnica e econômica. “O grupo vende a máquina e as filiais fornecem os componentes segundo sua eficiência. No caso dos rolos-guia acima de 800 mm, a tendência é que a unidade brasileira passe a receber mais pedidos, até porque as máquinas estão aumentando de largura”, explica o chefe de planejamento da produção José Aparecido Alves.

INTEGRAÇÃO A Voith Paper Brasil tem ainda outros motivos para comemorar este marco, na medida em que ele resulta da integração de todos os setores envolvidos. “Este lote de produtos exigiu um empenho maior da equipe”, frisa o chefe da usinagem Rubens Bueno Moraes Filho. Quando o pedido chegou, no início do ano, a quantidade de peças (quase 90 rolos-guia, dois cilindros secadores, etc.) e o prazo de apenas cinco meses indicavam que a filial não teria capacidade para

José Aparecido Alves, chefe de planejamento de produção Voith Paper.

atendê-lo e nem se poderia terceirizar, tratando-se de peça de grandes proporções. A saída foi buscar soluções que agilizassem a fabricação, formando um grupo técnico – que reuniu chefia, supervisores, operadores, incluindo alguns fornecedores , “deixando de trabalhar em grupo para trabalhar em equipe”, frisa Moraes Filho. No que diz respeito à usinagem, a Sandvik Coromant atuou de forma ativa nos esforços. Parceira de longa data da Voith Paper, a Sandvik – por meio do vendedor técnico Eduardo Cesar Debone – contribuiu com seu know-how em ferramentas para melhorar o desempenho da usinagem. O emprego das pastilhas Wiper possibilitou ganhos expressivos de tempo e qualidade superficial. “Na usinagem dos internos, reduzimos a operação em uma hora. No acabamento ganhamos mais duas: de 7 horas baixamos para 5 horas”, conta Moraes, explicando que estes ganhos, somados a várias outras melhorias ao longo do processo, permitiram colocar a produção dentro do

programado. Para tanto, afirma que foi preciso quebrar alguns paradigmas: “O normal é terminar a peça com um avanço pequeno pois, do contrário, dizem os manuais, a peça começa a vibrar. Resolvemos manter o avanço e, para nossa surpresa, o rolo não vibrou”. “Tivemos um grande ganho também em padronização da peça utilizando a Wiper e o pulverizador que nós desenvolvemos”, conta o supervisor de usinagem José Imaculado Costa. Ele explica que como não existem insertos capazes de usinar 7,5 m x 1,5 m sem troca de aresta, a peça ficava com emendas de passe, exigindo o emprego manual de lixas. “Hoje, acerto a medida no início de cada rolo e consigo terminar com uma só aresta”, diz. Anteriormente, com o emprego de uma pastilha C, essa operação consumia quatro horas e meia, com 0,25 mm/rot de avanço. “Com a Wiper C chegamos a 0,8 mm/rot de avanço, com 220 rpm. A rugosidade fica entre 2,5 e 2,7 ra, e o R máximo fica entre 10 e 14, bem abaixo do que nos é exigido”, detalha. No acabamento, Imaculado Costa conta que passou a empregar a Wiper C 4025, em substituição à KNUX, de cerâmica, “que, aliás, é um inserto importado e de custo mais alto”. Para tanto, foi também preciso modificar o ângulo do suporte, realizado pela equipe interna com apoio dos fornecedores de ferramentas. “Para nós é muito importante que todos os rolos saiam dentro deste padrão, não importando o

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exemplo é o pulverizador, também um desenvolvimento interno, que permite direcionar o jato para o ponto que se deseja e dosar o refrigerante e o ar, contribuindo não só para o resfriamento da ferramenta como para a retirada dos cavacos sobre a peça.

TPM: destaque na integração dos funcionários

Sidney Juliato, operador de máquina, e a usinagem do rolo-guia número 10.000.

diâmetro ou o comprimento da peça”, diz Imaculado Costa, lembrando que “antes, nós fazíamos rolos com um acabamento espelhado. Visualmente, a peça parecia perfeita, mas na hora de medir estava fora da especificação de rugosidade. Com a Wiper nós conseguimos e com uma velocidade maior”. Na fábrica da Voith Paper, as pastilhas Wiper estão presentes em vários pontos da produção: a C, no desbaste; a WNMG, no acabamento; a DNMG, na usinagem do interno. Também é utilizada na tampa do cilindro secador e nas pontas de eixo. O rolo-guia é responsável pelo “trajeto” das folhas ao lon14

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go da máquina de produção de papel. Cada máquina pode ser equipada com mais de 100 rolosguia. Grande parte da produção é destinada ao mercado externo. O 10.000o rolo-guia, por exemplo, vai para Veitsiluoto, Finlândia.

CRIATIVIDADE Um capítulo à parte nesta história é a criatividade dos funcionários da Voith Paper, de fundamental importância para o alcance dos resultados. Um dos exemplos é o suporte de ferramenta desenvolvido para a usinagem interna dos rolos e que foi construído artesanalmente, com o emprego de sucata de metal duro e esferas de aço. Outro

Para a direção da empresa, a implantação do TPM – Total Productive Maintenance – teve papel de destaque na obtenção dos resultados. “Elegemos o TPM para integrar nossos profissionais e promover maior desenvolvimento de nosso fator de diferenciação de competitividade, que é o ser humano”, enfatiza Claudio Massera. Segundo Massera, antes da implantação da metodologia, o pessoal da fábrica era muito isolado, mas após algumas reuniões, começaram a surgir os primeiros resultados, revelando capacidades e competências de cada um. “Os funcionários perceberam que quanto mais se reuniam e dialogavam, mais idéias surgiam para melhorar o ambiente de trabalho”, conta. José Aparecido Alves lembra que a metodologia foi sendo implantada aos poucos e que vem passado por constante evolução na Voith Paper. Sua continuidade é garantida pelo acréscimo de novos pilares e remodelagem dos antigos, além de outras metodologias de apoio que vão sendo adotadas para dar suporte ao processo TPM.


INTERAÇÃO UNIVERSIDADE-EMPRESA* O LOPP – Laboratório de Otimização de Produtos e Processos, da Escola de Engenharia da UFRGS, vem realizando diversos projetos de pesquisa envolvendo a interação universidade-empresa, a maioria partindo de empresas que ali buscavam apoio para a melhoria da qualidade e produtividade. A interação oferece muitas vantagens à universidade, sobretudo ao assegurar recursos para manter em seu corpo os profissionais que capacita com mestrados e doutorados. Tais verbas também viabilizam a atualização de laboratórios e aquisição de equipamentos para pesquisa de ponta. Outra vantagem é o conhecimento e a experiência neles adquiridos, que subsidiam a pesquisa aplicada e as publicações, além de facilitar a implantação de projetos como a empresa-júnior. Para a empresa, a interação também traz claros benefícios. Normalmente, a universidade é procurada para auxiliar na solução de problemas que a empresa não equaciona satisfatoriamente. Nesse momento, a universidade pode ser funProf. Dr. José Luis Duarte Ribeiro Coordenador do LOPP e da PG em Engenharia de Produção da Escola de Engenharia da UFRGS. * Palestra proferida durante o ENCEP 2003 (Encontro de Coordenadores de Cursos de Engenharia de Produção; ABEPRO-FEI, S.B. Campo, Maio de 2003)

damental, complementando o conhecimento acumulado pela equipe de profissionais da empresa. Por fim, os pesquisadores da universidade,– graduandos, mestrandos, doutores – podem dedicar ao problema um tempo que é impossível de se mobilizar só no interior da empresa, onde os profissionais devem manter também a rotina. No Brasil, esta interação está entrando em uma segunda fase. A primeira se consistiu de projetos isolados, em geral de curto prazo, sem suporte institucional e com as necessidades resolvidas caso a caso. Também não havia consenso sobre o papel de tal interação. Já na segunda fase, os projetos são atendidos por equipes de pesquisadores juniors e seniors, e se estendem por 12 ou 24 meses, com infra-estrutura institucional para relatórios, apresentações e aplicativos. Por fim, é claro o entendimento do papel da interação universidade-empresa que, adequadamente dimen-sionada, com certeza beneficia ambas as partes. O principal veículo para viabilizar as oportunidades desta interação são os cursos de especialização e mestrado profissionalizante que, freqüentados por profissionais de empresas, estabelecem o diálogo entre as partes. Os alunos percebem rapidamente as vantagens de

implantação das técnicas discutidas em classe e, muitas vezes, daí surge a proposta de parceria. Em princípio, a maior contribuição da academia é o método utilizado para estruturar problemas complexos. Os profissionais de empresas, em geral, possuem grande conhecimento técnico nos processos onde é necessária a intervenção, enquanto a universidade verbaliza esse conhecimento ajudando a estabelecer o método de trabalho para as etapas de diagnóstico, planejamento da intervenção, intervenção e reflexão sobre os resultados alcançados. Há duas atitudes essenciais para o sucesso da interação universidade-empresa e a primeira delas é a simetria. Esses projetos devem pressupor que ambos possuem parte da solução e o desafio é reunir conhecimentos teóricos e práticos para entender, equacionar e resolver problemas complexos. Outra atitude fundamental é o fator humano. Os pesquisadores da universidade devem atentar não apenas para a parte técnica, mas também para as pessoas, sua formação, suas preocupações, seus projetos futuros, pois são elas quem realizam as mudanças. Projetos vencedores são os que envolvem soluções técnicas alinhadas às aspirações de todos os envolvidos.

ABEPRO - Associação Brasileira de Engenharia de Produção - Universidade Metodista de Piracicaba - Faculdade de Engenharia e de Produção - Programa de Pós Graduação Rod. Santa Bárbara-Iracemápolis - Km 1 - Cep: 13450-000 - Santa Bárbara d’Oeste - SP Sandvik Coromant do Brasil site: www.abepro.org.br e-mail: abepro@unimep.br Tel: (0xx19) 3124-17676, 3124-1770

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unidade de produção de pastilhas que a Sandvik Coromant mantém em São Paulo está se transformando numa referência dentro do grupo Sandvik. Gerentes e supervisores das fábricas da Suécia, EUA e França estiveram recentemente no Brasil para conhecer o funcionamento da fábrica brasileira. O motivo é o sistema de Lean Manufacturing (Produção Enxuta) que implantamos e que nos possibilitou reduzir o tempo de produção (TMT – Total Manufacturing Time) de 24 dias para apenas 8 dias e meio. Com este TMT, superamos a fábrica do Japão, que até então registrava o menor tempo de produção de todas as unidades Sandvik Coromant. Além de ser uma grande satisfação atingir os níveis de produção dos países mais desenvolvidos, este fato está nos propiciando a oportunidade de ampliar as exJosé Carlos Fiorezi Gerente Industrial, Sandvik Coromant do Brasil.

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portações. A Sandvik Coromant mantém unidades fabris em vários países, que concorrem entre si para produzir de forma mais rápida, com melhor índice de qualidade, menor índice de rejeição, etc., já que estes resultados têm influência nas decisões estratégicas tomadas pela direção mundial. Nós, no Brasil, tínhamos diversos resultados bons, como o segundo menor índice de rejeição, o melhor índice de CP e CPK de qualidade (constância e capacidade do processo), além de um custo bastante competitivo. Contudo, da primeira à última operação, demorávamos em média 24 dias úteis para produzir uma pastilha. No final de 2001, a unidade japonesa atingiu um TMT de 10 dias. Ou seja, enquanto precisávamos de 6 semanas e meia para colocar nossos produtos na Europa (5 semanas de produção mais 1 semana e meia de transporte), o Japão conseguia realizar esse mesmo processo em cerca de 2 semanas e meia, menos da metade do tempo.

Era preciso fazer algo diferenciado, sob o risco de perdermos espaço nas exportações para os estoques centrais do grupo. Estive no Japão para conhecer os processos que haviam implantado e decidimos montar um programa de Lean Manufacturing semelhante ao da fábrica japonesa, embora adaptado à nossa realidade. Pesquisamos, contratamos uma empresa de consultoria, a TÁKTICA, e em 4 de julho de 2002, lançamos o programa TMT<10, com o objetivo de produzir em menos de 10 dias.

NOVO CONCEITO O programa utiliza um novo conceito de Lean Manufacturing, que é o de Produção Puxada. No sistema convencional de produção, o planejador da produção observa apenas a capacidade de entrada. Assim, enche-se a fábrica, o que acaba causando filas de espera. Assim, em média, no ano passado, tínhamos na fábrica 650 mil pastilhas de estoque em processo (WIP), girando todos os dias. Com o programa foi possível ter uma visão global do nosso processo produtivo, o que nos permitiu enxugá-lo e reduzir o número de pastilhas que circulam diariamente pela fábrica para um nível muito menor.


A fábrica da Sandvik Coromant conseguiu, em 12 meses, reduzir o tempo de produção de pastilhas em 2/3, ultrapassando todas as demais unidades do grupo no mundo. O segredo está em promover uma entrada bem controlada, no momento do carregamento da produção. Agora, os lotes entram e saem mais rápido. Quando entra um lote sabemos que hoje será prensado, amanhã sinterizado, depois vai ao laboratório... e no nono dia o lote estará pronto para ser entregue. Nosso sistema envolve as ferramentas do sistema Toyota de Produção, semelhante ao utilizado na indústria automobilística, onde se produz de acordo com o lote. Introduzimos o Programa 5 S, de organização, limpeza, utilização, saúde e autodisciplina, um programa de set-up rápido das máquinas, mexemos um pouco no layout da fábrica, treinamos os operadores para cuidar das máquinas e fazer manutenção autônoma (TPM), instituímos reuniões mensais com todos os funcionários e reuniões diárias com os líderes da fábrica, facilitadores do projeto, além do pessoal do planejamento. Alguns programas foram introduzidos, mas não de forma profunda, o que deverá ocorrer a partir do segundo semestre, com um novo projeto que visa dar sustentabilidade e continuidade ao TMT<10. Sabemos que sem um trabalho continuado, corremos o risco de o tempo de produção aumentar novamente.

É importante lembrar que reduzimos o tempo de produção em dois terços sem perder produtividade e nem aumentar custos, riscos sobre os quais fomos alertados por nossa matriz.

MOTIVAÇÃO Os bons resultados que alcançamos não seriam possíveis sem a participação e dedicação dos funcionários. A princípio, houve pequenas resistências e desconfianças, geradas pelo temor do desemprego. Foi necessário um forte trabalho motivacional, lançado juntamente com o programa. Fizemos também uma campanha de conscientização, com o objetivo de demonstrar que o projeto não traria desemprego. Pelo contrário, era uma forma de garantir a manutenção de nossos empregos. De fato, com os resultados positivos, nestes primeiros doze meses, pudemos contratar 10 novos funcionários. Desde o primeiro dia do TMT<10 buscamos nos relacionar com os operadores de forma transparente, a mais aberta possível. Em nossas visitas a fábricas que adotavam programas semelhantes, caso

da Eaton e da DaimlerChrysler, levamos grupos de funcionários de áreas diferentes da fábrica, inclusive do chão-de-fábrica. Hoje, temos bem claro que o segredo do sucesso do programa está em um conjunto de fatores: maior controle do processo como um todo, um processo enxuto, melhor controle do carregamento e – o que é fundamental – o envolvimento e a participação de todos os funcionários. Para tanto, é necessário haver uma abertura para que eles possam se manifestar, dar sugestões e compartilhar idéias. O importante é que nos credenciamos para fornecer aos nossos clientes (vendas locais e estoques centrais) com mais rapidez. A direção mundial sabe que um pedido encaminhado à nossa fábrica pode ser atendido em apenas três semanas, posto na Europa, ou em menos de duas semanas para os clientes instalados no Brasil.

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mundo do plástico cresceu muito rapidamente nestas duas últimas décadas, provocando, conseqüentemente, o aparecimento de novos aços para confecção de moldes de injeção e de extrusão de plásticos. São importantes as propriedades exigidas para esses moldes como: soldabilidade, limpeza interna, alta polibilidade, estabilidade dimensional e resistência ao desgaste e à corrosão, com boa reprodutibilidade. Os aços para moldes de injeção de plásticos fabricados pela Villares Metals podem ser fundidos pelos processos ISO e ISOMAX.

PRODUTOS ISO Os produtos ISO são obtidos através de técnicas de elaboração de metal líquido, incluindo refino em forno-panela e José Carlos Maciel Assessor técnico Villares Metals S/A Grupo Sidenor

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desgaseifi- cação a vácuo, combinadas a processamentos especiais de forjamento e tratamento térmico.

PRODUTOS ISOMAX Os produtos ISOMAX são obtidos através do mesmo processo dos produtos ISO, acrescido de uma etapa de refino por refusão ESR – Eletro Sleg Refining – após o lingotamento, que torna a estrutura do aço mais homogênea e compacta, reduz a segregação de elementos de liga e impurezas e a quantidade de inclusões. Resulta deste processo uma microestrutura fina e homogênea, sem porosidades, e as poucas inclusões, se ainda presentes, são menores e encontram-se melhor distribuídas, o que contribui para um ótimo desempenho quando em serviço. Na linha de aços para moldes de injeção de plásticos, a Villares Metals dispõe no mercado dos seguintes tipos de aços:


Os aços da linha VP20 são oferecidos ao mercado já beneficiados (temperados e revenidos) numa faixa de dureza de 30 a 34 HRC, podendo ser fornecidos sob consulta no estado recozido ou em outras durezas. Todos os aços da linha VP20 são elaborados através de desgaseificação à vácuo na aciaria. Seu acabamento superficial é usinado com atendimento pelo Centro de Distribuição da Villares Metals através de corte e recorte. Suas aplicações são para moldes que se destinam à injeção de termoplásticos não clorados, matrizes para extrusão de termoplásticos não clorados e moldes para sopro. Destacamos na linha dos VP20 o VP20ISO-FS por ser um produto fabricado em grandes dimensões onde a remoção por usinagem é alta e que exige uma usinabilidade otimizada. Para isso, foi adicionado o enxofre (0,07%). Hoje, com o processo High Speed, essa usinagem tornou-se mais fácil.

Como exemplo dessa aplicação podemos destacar as matrizes para pára-choque de carros e caminhões (parte frontal) que são feitos com VP20ISO que permite uma boa polibilidade e os machos (parte de trás dos para-choques) são feitos com VP20ISO-FS, mais fácil de usinar e que não necessitam de polibilidade alta. Além dos VP20 a Villares Metals oferece outros aços como: VP50IM que é um aço ferramenta para moldes, desenvolvido especialmente para injeção de termoplásticos, que é fornecido no estado solubilizado com dureza de 30 a 35 HRC e posteriormente endurecido por tratamento térmico de envelhecimento a 490ºC, por no mínimo 6 horas em temperatura, para dureza de 40 a 42 HRC, portanto, com resistência superior a do VP20 e possuindo excelentes propriedades de polimento, texturização e soldabilidade. É um aço que pode ser nitretado e a dureza superficial atinge 58 HRC. VP420IM é um aço inoxidável, após a têmpera e reveni-

mento, que possui como vantagem principal uma elevada resistência à corrosão que permite trabalhar em ambientes úmidos e corrosivos. A Villares Metals oferece esse aço na condição recozida (não inoxidável) com dureza máxima de 200HB e na condição beneficiada (VP420TIM) na dureza de 28 a 32 HRC. O VP420IM tem como característica uma boa polibilidade no estado temperado e revenido permitindo um alto brilho que por conseguinte fornece ao produto injetado um grau de acabamento excelente. VH13IM é um aço-ferramenta para trabalho a quente e moldes para injeção de plásticos a disposição, no Centro de Distribuição da Villares Metals no estado recozido com dureza máxima de 197 HB. É utilizado para aplicações em moldes quando se deseja durezas superiores as do VP20 e VP50. Possui excelente capacidade de polimento e pode ser nitretado. Sandvik Coromant do Brasil

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azões históricas talvez não sejam suficientes para explicar por que algumas sociedades conseguiram, em poucas décadas, sair da pobreza e mover-se em direção a uma relativa riqueza, enquanto outras seguem patinando no charco de economias pouco eficientes ou até mesmo conhecem a experiência do empobrecimento depois de um período de prosperidade? Charles I. Jones (Teoria do Crescimento Econômico), economista da Universidade de Stanford, prefere colocar a questão em outros termos: “Por que algumas economias desenvolvem infra-estruturas que são extremamente propícias à produção e outras não?”. A resposta de Jones, quase uma tautologia, Carlos Henrique de Brito Cruz Reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e ExPresidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de S.Paulo (Fapesp).O presente artigo foi publicado pela Revista Pesquisa Fapesp (2003,n.85), cuja autorização de republicação se agradece.

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dificilmente deixará de fazer sentido: as sociedades desenvolvidas investem mais no conhecimento, e as pessoas que integram seu setor produtivo destinam muito mais tempo ao aprendizado de novas técnicas e tecnologias. Por isso, para além de “razões históricas”, não há nenhum determinismo na maneira pela qual as nações mais avançadas chegaram a seu alto grau de desenvolvimento, abundância e bem-estar. Para Jones, uma vez q u e entre em jogo o fator conhecimento, há sempre “a promessa implícita de que a vitalidade do crescimento econômico esteja apenas adormecida nas regiões mais pobres do mundo”. O advento da Internet e da Teia Mundial (a World Wide Web) escancarou as portas da informação e tomou óbvio o primado

da ciência, da tecnologia e da cultura como elementos fundamentais para o desenvolvimento econômico e social. Já sabiam disso os chineses do século 14, quando a China chegou a ser a sociedade tecnologicamente mais avançada do mundo graças a um incomparável domínio das técnicas de manufatura no campo da náutica, da tecelagem, da impressão, da fundição e outros. Foi também graças à pesquisa sistemática e ao conhecimento acumulado em navegação oceânica que Portugal, uma comunidade de 2 milhões de habitantes, cujo governo tinha a pretensão de dominar o comércio de especiarias, tornou-se uma das nações mais poderosas dos séculos 15 e 16. Que essas nações tenham perdido sua hegemonia tecnológica ao longo dos séculos, é outra história.

Para que se consolide, o arranjo precisa ser tomado como política


David Landes, historiador do desenvolvimento econômico, destaca em seu “A Riqueza e a Pobreza das Nações”, que a invenção da invenção, isto é, a sistematização do método científico e da atividade de pesquisa a partir do século 18, foi um dos grandes ingredientes para uma revolução industrial na Europa e para o desenvolvimento que se seguiu. Tornaram-se mais ricos os países que souberam criar um ambiente propício à criação e disseminação do conhecimento e a sua aplicação na produção. A “invenção da invenção” no século 18 foi seguida pela “descoberta da invenção” na segunda metade do século 19. A nascente indústria química alemã percebeu, por volta de 1870, que para o desenvolvimento de seus negócios e a manutenção de sua competitividade era necessário que a empresa tivesse uma capacidade de invenção própria. O Estado alemão percebeu também que precisava garantir o direito de propriedade intelectual àqueles capazes de terem idéias, e unificou e vitaminou sua lei de patentes em 1877. O respeito à propriedade intelectual e a percepção da importância do conhecimento levou ao nascimento dos primeiros grandes laboratórios industriais: Basf, Höechst e Bayer foram as empresas que primeiro

descobriram o poder das idéias e da invenção, transformando essa atividade – a de desenvolver conhecimento – num fator essencial, permanente e profissional dentro da empresa. Do outro lado do Oceano Atlântico, e na mesma época, Thomas Edison e Alexander Graham Bell começavam a criar, com suas invenções, o que viria a ser a moderna indústria eletrônica. Pelo final do século 19, com muitas das importantes patentes de Edison expirando, a General Electric, que ele criara, percebeu que precisava profissionalizar e intensificar seu esforço de criação de idéias e conhecimento: em 1900, inaugurou o General Electric Research Laboratory em Schenectady, NY. Hoje, a equipe de cientistas e engenheiros do Centro de Pesquisas e Desenvolvimento da GE tem 1.130 pessoas. O “filhote” de Bell demorou mais a florescer – no dia de Ano Novo de 1925 foram inaugurados em Manhattan os Laboratórios Bell, outra usina de idéias e invenções que mudou nosso mundo: ali foi inventado o transistor, em 1948. É notável que, na teoria econômica sobre o desenvolvimento o conhecimento só passe a figurar como elemento explícito a partir da Nova Teoria de Crescimento estabelecida por Paul Romer, de Stanford, e seus colabora-

dores, a partir de 1987. Até então o conhecimento era considerado uma variável externa à teoria econômica, embora vários autores supusessem seu efeito sobre a produtividade do trabalho. Um destes foi Robert Solow, professor do MIT, premiado com o Nobel de Economia em 1987. Solow, no final dos anos 50, observou que o crescimento da economia norte-americana ao longo do século 20 não podia ser explicado apenas recorrendo ao crescimento do capital e da mãode-obra disponíveis. Foi estabelecido assim que havia outras fontes de crescimento econômico, denominadas em conjunto “resíduo de Solow”. No caso dos EUA, um terço do crescimento anual da renda per capita deriva, Solow mostrou, dessas outras fontes. Aqui entra o conhecimento no jogo do desenvolvimento. Romer desenvolveu o modelo básico da Nova Teoria do Crescimento considerando que o conhecimento afeta a produtividade do trabalho. Por isso, 1 milhão de trabalhadores com acesso ao conhecimento mais moderno, produzem mais do que 1 milhão de trabalhadores sem esse acesso. Conhecimento só pode ser gerado e ser acessível quando há pessoas educadas para isso.

sistêmico entre empresa, universidade e governo de Estado. Sandvik Coromant do Brasil

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Sua inclusão, como variável de destaque para o desenvolvimento econômico, traz para a teoria econômica a educação e a cultura como parâmetros determinantes do desenvolvimento de uma nação. A escolaridade média do brasileiro, de apenas cinco anos, não nos ajuda a ter mais competitividade. Formar 6 mil doutores por ano poderia ajudar mais, se empresas usassem uma fração apreciável desses doutores para criar idéias e gerar inovação na empresa e competitividade. Enquanto os doutores brasileiros tem tido seu mercado restrito ao meio acadêmico e ao setor público, os doutores coreanos vão engrossar as fileiras de cientistas na indústria. Com efeito, dos 90 mil cientistas de que a Coréia dispõe – praticamente o mesmo número de cientistas disponíveis no Brasil – cerca de 80% dedicam-se a fazer pesquisa e desenvolvimento (inovação, portanto) na indústria, enquanto, entre nós, a indústria não absorve mais que 10% dessa qualificada força de trabalho. Essa disparidade explica o alto volume de patentes coreanas depositadas em escritórios americanos no ano passado – mais de 3.400 – contra apenas 113 patentes brasileiras. Para que se consolide, o arranjo sistêmico entre empresa, universidade e governo precisa ser tomado como política de Estado. Aqui vale a pena mencionar novamente Jones, quando diz que “o estoque de qualificação 22

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nos países em desenvolvimento é tão baixo porque as pessoas qualificadas não conseguem auferir o retorno pleno de suas qualificações”. Essa realidade é ainda mais impressionante quando se considera a massa industrial brasileira mais significativa que a coreana – e, não por acaso, a relativamente baixa competitividade dos produtos brasileiros. Não só a capacidade empreendedora, mas também a política nacional para a ciência e tecnologia estavam, até há pouco – digamos, até 1998 – baseadas no fundamento equivocado de que o lugar da inovação era a universidade, não a indústria. A partir dos últimos anos vem se impondo, entre nós, a idéia de que a inovação é um elemento fundamental do desenvolvimento econômico, e de que a indústria é o lugar privilegiado de sua materialização. À universidade cabe desenvolver C&T, mas seu papel principal é o de formar pessoas qualificadas que vão gerar o conhecimento necessário para a inovação. Finalmente, o fato relevante dessa mudança foi a entrada em cena de um terceiro ator – o governo – com uma política facilitadora que vá dos incentivos fiscais ao uso do poder de compra do Estado para viabilizar projetos de P&D no interior das empresas. Tem sido assim até mesmo (e sobretudo) nos Estados Unidos, onde se calculam gastos anuais de US$ 20 bilhões em compras tecnológicas pelas agências governamentais.

O apoio estatal tem-se revelado um círculo virtuoso em que cada dólar investido pelo Estado corresponde, em geral, a outros US$ 9 aplicados pela empresa.

Pode-se concluir, com algum otimismo, que está se formando no país uma mentalidade capaz de levar a empresa a investir no conhecimento para aumentar sua competitividade, dando maior sentido ao papel formador da universidade e compelindo o Estado a cumprir sua função de todos os tempos, que é a de criar um ambiente propício à geração e à disseminação do conhecimento e à sua aplicação na produção. produçã Para que isso se consolide é preciso que esse arranjo sistêmico tripartite se torne efetivamente uma política de Estado, e não de governos que se sucedem; e que não haja interrupções que ponham a perder o que já foi feito.


A Sandvik Coromant introduziu um novo conceito de broca dentro do programa CoroDrill Delta-C. A broca Delta-C Al tem como foco os materiais ISO-N, particularmente ligas de alumínio com teor de Si de 812% ou menos. Em aplicações aeroespaciais e automotivas, essa nova broca de alta precisão fabricada em

metal duro apresenta potencial para substituir completamente as brocas PCD, em muitas operações de furação em alumínio. A qualidade e a tolerância do furo foram aumentadas e a formação de rebarbas foi reduzida de modo

O CoroTurn RC, sistema de fixação fácil de usar da Sandvik Coromant para alta performance em todas as operações de torneamento, foi ampliado de modo significativo. Dentre as novidades, também devemos destacar as unidades de corte Coromant Capto projetadas para trabalharem em 45 graus utilizando o eixo B nas modernas multitarefas. O que também é novo são as cabeças de corte CoroTurn RC que devem ser usadas com as barras de mandrilar antivibratórias e sólidas para

usinagem interna, tipo 570. A gama completa irá agora satisfazer a ampla variedade de exigências operacionais daquele tipo de máquina, além de outras, e ao mesmo tempo reduzir o estoque de ferramentas. O CoroTurn RC fixa a pastilha em duas direções, combinando as forças que apoiam a pastilha contra o assento e que puxam contra os encostos laterais proporcionando uma fixação bem firme da mesma. O assento da pastilha foi projetado para total intercam-

significativo, graças à geometria exclusiva especialmente desenhada para alumínio. A broca Delta-C Al está disponível como Tailor Made nos diâmetros de 3-20 mm, com ou sem refrigeração interna, e em cinco tipos diferentes de broca.

bialidade dos jogos de grampos e calços em espessuras e materiais diferentes. A estabilidade otimizada é obtida po meio da fixação rígida em combinação com o acoplamento Coromant Capto. Os alívios, radial e axial, melhorados em todas as unidades de corte Coromant Capto externas também o tornam apropriado para a usinagem interna.

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Evento AIM Foi lançado, a 7 de Agosto, em concorrida solenidade em São José dos Campos, SP, a AIM – Associação de Inteligência em Manufatura. O objetivo da associação é a de trabalhar em grupo, envolvendo empresas e o ITA – Instituto Técnico da Aeronáutica – no desenvolvimento de pesquisa e de altas tecnologias de processos de

O NGP (Núcleo de Gestão de Projetos) da Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp – realizará, a 18 de setembro próximo, o IV Colóquio NMQ – Gestão de Projetos, sob patrocínio da Sandvik Coromant e da Microsoft e com apoio da ZF Sistemas de Direção. Local: Centro de Convenções da Unicamp. “Inscrições abertas com vagas limitadas”. Informações e inscrições: http://www.fem.unicamp.br/ ~defhp/nmq/evento/index.htm

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usinagem no segmento da manufatura aeroespacial. Já fazem parte da associação: ITA, Sandvik

Coromant, Titex Plus, Siemens, Erowa, Villares Metals-Sidenor, Mitutoyo, Blaser Swisslube, Hermle, Instituto Fábrica do Milênio, Unigraphics Solutions Brasil e Fundação Casimiro Montenegro Filho. A associação desenvolverá e otimizará parcerias. Para mais informações, telefonar para Ruy Torres, (11) 287-9488.


XXIII ENEGEP O tema central do XXIII ENEGEP, que acontecerá entre os dias 19 e 21 de outubro em Ouro Preto – MG, será “Redes produtivas para o desenvolvimento regional”. O tema traz para o centro do debate os arranjos produtivos impulsionadores, ou mais adequados, à criação de vantagens competitivas que proporcionam o desenvolvimento de determinadas áreas geográficas, em determinadas situações. Desse modo, a discussão do tema pretende não só permitir a análise de experiências reconhecidas, como os de clusters, redes e aglomerações de empresas de diversos tipos no Brasil e no mundo, mas também

avaliar a necessidade e a possibilidade de criação de novos arranjos que permitam o desenvolvimento regional. O ENEGEP 2003 superou todas as expectativas, recebendo o maior número de trabalhos e o maior número de artigos aprovados de todas as suas 23 edições. Foram aprovados cerca de 40% dos trabalhos encaminhados, o que demonstra o rigor técnico aplicado na avaliação destes artigos. Confira nossa programação por meio do site http:// www.abepro.org.br/enegep/ principal/index.asp ou pelo telefone (19) 3454-2238. Não deixe de participar.

8o Seminário Internacional de Alta Tecnologia INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS EM MANUFATURA: O aumento da produtividade como meta. Se realizará a 18 de Setembro, na UNIMEP (Campus Taquaral), em Piracicaba, com palestras de especialistas brasileiros e convidados da Alemanha e da Suiça. O evento conta com o patrocínio de várias empresas, do Instituto Fábrica do Milênio e da FAPESP. Secretaria do Encontro: labscpm@unimep.br e www.unimep.br/scpm/seminario

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MWL Brasil Rodas e Eixos Ltda., instalada na fábrica da antiga estatal MAFERSA, nada tem a ver, juridicamente, com a antiga estatal. A MAFERSA, fundada em meados de 1940, acompanhara com denodo o desenvolvimento industrial brasileiro dos anos 50 aos anos 70, produzindo carros de passageiros na fábrica de São Paulo, rodas de trens e eixos naquela de Caçapava – SP (a partir de 1955) e vagões de carga em Contagem – MG. As diminuições dos investimentos ferroviários dos anos 80 coibiram o ritmo da MAFERSA, embora hoje os problemas de então possam parecer pequenos. Tanto João Aquino Carvalho Júnior, administrador de empresas e diretor financeiro da 26

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MWL, quanto Domingos José Minicucci, diretor industrial, demonstram profundo conhecimento do contexto social que a MAFERSA enfrentava, explicando-nos que após uma das maiores rentabilidades da empresa, nos anos 70, graças à implantação do metrô de São Paulo, sobreveio a queda nos transportes de carga e de passageiros dos anos 80 e 90, algo que trouxe problemas financeiros à MAFERSA. Com a política de desestatização dos anos 90, a MAFERSA foi privatizada, e nos anos seguintes seus proprietários decidiramse por seu fechamento. Estaria assim encerrada a história de quase 60 anos de uma empresa estatal se não fosse pela decisão de 9 ex-funcionários de carregar as esperanças de outros 250 ex-colegas da MAFERSA, buscando reiniciar, na fábrica de

Caçapava, aquilo que todos sabiam fazer melhor do que qualquer outro novo emprego: rodas, lingotes de aço carbono, eixos, roldanas. A maioria deles tinha mais de 10 anos de casa e, sobretudo, o nível de compreensão entre todos era muito alto”, testemunha Carvalho Júnior. Esses 9 ex-funcionários – Aparecido Nobuo Terazima, Domingos José Minicucci, João Aquino Carvalho J únior, Sandra Lopes, João Bosco Gomes, José Laercio Ribeiro, José Ramos, Dickson Sugahara, Afonso Celso de Moraes – provinham de áreas distintas da empresa. Embora a maioria seja de engenheiros, há entre eles um metalurgista, um economista, um técnico em administração e dois técnicos em química. Iniciam-se assim, em fins de 1999, os trabalhos da MWL Brasil. “O principal era fazer com que clientes e fornecedores acreditassem na viabilidade da MWL”,


diz o diretor financeiro Carvalho Júnior, ainda feliz por informar que 100% deles, tanto clientes quanto fornecedores (a Sandvik Coromant sendo um deles), quanto sucateiros, acreditaram na MWL desde o princípio. A participação dos sucateiros foi muito importante, “pois a MWL possui aciaria própria, já que usa um aço que não é comercial e, fabricando-o em lotes pequenos, sem depender de fornecedores externos, agiliza a própria produção”, explica Domingos Minicucci. Um dos primeiros clientes a manter com a MWL um contrato que era da antiga MAFERSA foi a Companhia Vale do Rio Doce, com quem até hoje a MWL tem importante relação comercial. “Pouco a pouco os demais clientes foram renovando os contratos, e nós íamos pessoalmente até eles, como fizemos com os Estados Unidos”, relembra Minicucci. Com o crescimento do sistema

ferroviário e o aumento de contratos com o exterior, o primeiro passo da MWL foi consolidar a sua situação funcional, assinando contratos de longo prazo, e investindo na compra de uma máquina de ultra-som, fundamental para o controle da qualidade de produção. O início da bonança não desequilibrou o gerenciamento da MWL: “além de não haver competição entre presidência, direto-

ria e gerentes, continuamos efetuando uma retirada mensal préestabelecida, como nosso salário, e reinvestindo todo o lucro na própria empresa, sem recorrer a empréstimos para efetivar as melhoriais necessárias ao processo produtivo”, nos diz orgulhosamente Carvalho Júnior. Entre esses investimentos, não se consideram apenas novos equipamentos e melhorias na

Engenheiros Okis Bigelli e Carlos Vilela Neto, da Sandvik Coromant, e Domingos José Minicucci e João Aquino Carvalho Jr., da MWL Brasil.

Sandvik Coromant do Brasil

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Momento do processo de forjamento de roda.

fábrica: plano de saúde para todos os funcionários, refeitório, clube totalmente equipado, cursos de treinamento, são as novidades com as quais se entusiasmam os diretores Minicucci e Carvalho Júnior. “Pode parecer pouca coisa mas para quem passou por períodos de até 10 meses sem o próprio salário, essas são vitórias importantes, sobretudo quando pensamos que estamos concluindo o primeiro ano de PLR – Participação nos Lucros e Resultados”, – frisa Carvalho Júnior. A MWL é hoje uma fábrica em processo de modernização, embora seus 50 tornos verticais e máquinas de usinagem pesada já produzam de 10 a 12 rodas ferroviárias por hora! A aciaria, em funcionamento desde 1980, funde a sucata que é transforma28

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da em liga de aço carbono em função das diferentes exigências de diversos tipos de produtos, tanto de modelos específicos de rodas, como de eixos, roldanas para pontes rolantes suspensas, esboços para engrenagens. As rodas ferroviárias, principal estrela da MWL, não são fundidas mas sim forjadas, em um processo em que uma prensa de 6 mil toneladas transforma os blocos incandescentes em “esboços”, a seguir laminados com friso e pista. Outra prensa punciona o furo central e, depois de processo controlado de resfriamento lento, em câmeras refratárias, iniciam-se as fases de usinagem que darão o perfil e

acabamento definitivo às rodas. Todo o processo produtivo – que chega a fabricar 250 rodas por dia – é rigorosamente controlado em função de uma qualidade que tem competido e ganho concorrências tanto no Brasil como, sobretudo, no exterior. A MAFERSA tinha já o ISO 9002 e a MWL adotou a versão 2000, tendo obtido, inclusive, a certificação AAR, da American Association of Railroads, que lhe garante, na prática, acesso ao mercado americano e internacional. Embora não tenha ainda um centro de Pesquisa & Desenvolvimento, a MWL mantém estreita relação com a UNICAMP, desenvolvendo projetos conjuntos com o Departamento de Materiais e Laboratório Ferroviário da Faculdade de Engenharia Mecânica. Tanto rigor tornou a MWL fornecedora de empresas no Urugai, Chile, Argentina, dos metrôs de Toronto (Canadá), Miami, Boston, Chicago e daquele de New York, considerado um dos maiores do

Pastilha RCMX usinando a parte interna da roda.


mundo! Também a Inglaterra, mãe inventora das ferrovias, é cliente da MWL, com a Wabtec comprando 500 rodas mês. Mas não é de sua produção maior – até 6000 rodas e 700 eixos mês – além de rodas para pontes rolantes – 250 peças mês – de que a diretoria da MWL mais se orgulha. A empresa que exporta 40% de sua a produção, que responde por 100% das rodas do metrô de New York, a quem fornece 700 rodas mês, se orgulha da rotatividade zero no corpo de funcionários, que os diretores Carvalho Júnior e Minicucci vêem como os grandes parceiros em toda essa grande empreitada. Funcionários que uma vez por mês são convidados a se sentarem com o presidente e o diretor financeiro para discutir a empre-

sa, ter elucidados processos administrativos, conferir sugestões. O sistema adotado é o de escolher os aniversariantes do mês, até completar o ciclo anual, não deixando ninguém de fora.

Esta é a MWL, empresa que concorreu com a americana Standard Steel e a japonesa Sumitomo, para o contrato de New York, e venceu: mais que uma vitória, uma lição de vida.

O processo de usinagem das rodas ferroviárias MWL passa por cinco operações básicas, da usinagem da face interna do aro, do furo do cubo da roda, das faces externas do aro, do cubo, do friso e da superfície de rolamento, chegando à usinagem da face externa do disco e interna do disco e do cubo. A Sandvik Coromant é responsável por 70% do ferramental usado pela MWL e “sua participação na história desta empresa foi de vital importância”, avalia o diretor financeiro João Aquino Carvalho Júnior. “Certas pastilhas não tem concorrente. Se a Coromant não tivesse acreditado na MWL e não nos tivesse dado crédito, pa-

raria a produção”, revela ele. Atualmente, no rodeiro, desbaste e acabamento, são usadas as pastilhas RCMX32 (Classe 4015) e 50 (Classe 3015), enquanto que a Wiper dá acabamento de furo. Fornecedora da MAFERSA desde sua fundação, em 1944, a Sandvik Coromant já teve nessa empresa seu maior faturamento. No passado, a cada 6000 rodas se usavam 2000 pastilhas, enquanto que hoje este número caiu para 400. “Tal diferença é resultado da melhoria do processo de forjamento e da qualidade das pastilhas mas, sobretudo, da combinação de ambos os fatores”, analisa o diretor industrial Domingos Minicucci. Os engenheiros Okis Bigelli e

Carlos Vilela Neto, vendedores técnicos da Sandvik Coromant responsáveis pelo contato com a MWL, explicam que trabalham há dois anos no sistema de consignação, em que a empresa paga após o uso. “Isso reduz o custo do estoque a zero”, explica o engenheiro Vilela, que trabalha na fábrica desde 1991, em parceria de que muito se orgulha. E temos certeza que continuará a se orgulhar, sobretudo quando a MWL concretizar seu projeto de investimento no desgaseificador, equipamento que lhe permitirá fabricar rodas para velocidades superiores a 200 km horários e fornecer, assim, para os trens de altíssima velocidade, como o TGV francês e o ICE japonês.

Rodas prontas, aguardando procedimentos de controle de qualidade.

Sandvik Coromant do Brasil

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C

om picos de produção que chegam a 1,5 milhão unidades de rolamentos mensais, como ocorreu no primeiro trimestre desse ano, e tendo como clientes fixos as exigentes montadoras e as fábricas de autopeças, instaladas não só no Brasil como no exterior, a Rolamentos FAG deve produzir e entregar as encomendas no prazo estabelecido, pois o não cumprimento de prazos pode resultar na perda de clientes.

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O Mundo da Usinagem

Para garantir a pontualidade, a eficiência dos fornecedores é de importância capital, pois a falta de um item pode fazer parar uma linha de produção inteira. Na área de ferramentas de corte, a Sandvik Coromant supre as necessidades da fabricante de rolamentos, segundo Aldemir A. Ferreira, coordenador de estoqueferramentaria da FAG. “Fabricamos cerca de 300 tipos de rolamentos, embora nem todos sejam produzidos mensalmente”. A empresa complementa a linha com rolamentos importados. Ferreira informa que sua empresa consome cerca de 45 itens da Sandvik Coromant. “A falta de um desses itens pode fazer parar a produção, mas isso não tem ocorrido nos últimos quatro anos”, atesta o coordenador. Na verdade, até já houve a falta de ferramenta, por conta de uma greve dos funcionários da alfândega brasilei-

ra, que se estendeu por vários dias, mas a FAG não foi prejudicada, porque a Sandvik Coromant colocou em prática um plano de contingência para garantir o funcionamento da linha de produção. “A Sandvik nos apresentou, no mesmo dia, uma solução alternativa, evitando que a produção fosse prejudicada”, observa Ferreira, lembrando que a relação de parceria tem sido extremamente positiva. “Não tenho tido máquina parada por falta de pastilha”, garante. De fato, nas verdadeiras parcerias não existe lugar para encantamentos ilusórios que acabam se concretizando em perdas de prazo e máquinas paradas.

VIZINHOS A Rolamentos FAG e a Sandvik Coromant são vizinhas. Apenas um muro separa as empresas. A proximidade geográfica pode até ajudar a tornar o fornecimento de ferramentas mais ágil. Porém, segundo Marco Antonio Conrado, comprador da Rolamentos FAG, o que torna a relação cliente-fornecedor eficiente é a simplicidade


aliada a novas tecnologias inseridas no processo de compras, ao longo de mais de duas décadas. “Só sentamos para negociar com o pessoal da Sandvik quando precisamos introduzir novos itens em nossa lista de preços. O restante flui normalmente”, comenta Conrado, destacando que sua empresa não tem tido problemas com fornecimentos de ferramentas de corte. Gerson Abel, também comprador da FAG, informa que a empresa implantou em 1999 o software de gestão empresarial SAP, que apresenta vários recursos para se otimizar os processos entre comprador e vendedor, desburocratizando processos, tornando-os ágeis e seguros. “Com a Sandvik, o fluxo é dinâmico, eliminamos a necessidade de emissão de requisição e pedido de compra, o esto-

que é controlado mensalmente e reposto, e reduzimos também o número de entregas e notas fiscais da Sandvik que eram processadas em nosso recebimento”. Ou seja, é plenamente possível

que comprador e fornecedor encontrem caminhos benéficos a ambas as empresas que representam, em um patamar de confiança que leve sempre à melhor produtividade e qualidade.

Num passado não muito remoto, o comprador (ou o departamento de compras) era um simples gerador de custos. Hoje, com a nova tônica na estrutura de Suprimentos, o comprador, ao saber dimensionar as necessidades de sua empresa, controla e impede a formação desnecessária de estoques. Passa-se, assim, das pequenas “economias” localizadas ao lucro propiciado pelo cancelamento do estoque parado e do desperdício. De acordo com Conrado, o comprador é um importante elo entre a empresa e seus fornecedores, buscando sempre so-

luções que resultem numa relação custo-benefício positiva. Este profissional, partindo do conhecimento claro e preciso de sua empresa, deve contribuir para que as informações fluam, sem encontrar obstáculos, entre os diversos departamentos e setores. Conrado se preocupa com os efeitos da internet, embora confesse ser impossível, hoje, trabalhar sem ela. Tal preocupação se deve à mudança que ela introduz nos relacionamentos, que se tornam mais impessoais, tornando-se, portanto, necessário evitar o distanciamento entre as pessoas.

O bom vendedor, conforme visão de quem está há mais de dez anos na função de comprador, é aquele que traz soluções e não problemas. “Não basta a preocupação em vender, é necessário interessar-se pelo produto, pela qualidade e mesmo necessidades do cliente”, pondera Conrado. Sidney Pedro Harb, vendedor técnico da Sandvik, frisa que, de fato, é necessário ouvir o cliente e procurar entender suas dificuldades. “Deste ponto de vista, os profissionais da Sandvik sempre nos procuram com a oferta de novas tecnologias e novas soluções alternativas”, conclui Conrado.

Gerson Abel Neto e Marco Antonio Conrado, compradores da Rolamentos FAG, Sidney Pedro Harb, vendedor técnico da Sandvik Coromant e Aldemir A. Ferreira, coordenador de estoque-ferramentaria, da Rolamentos FAG.

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Análise da influência dos diferentes fluidos de corte na retificação com CBN em altas velocidades

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evido à necessidade crescente de adequação aos requisitos atuais de segurança do operador e ao meio-ambiente, novas combinações de tipos de rebolos e fluidos de corte estão sendo procuradas. Como resultado, tem-se buscado otimizar o processo de retificação, por meio da adoção de procedimentos que visam uma diminuição na energia gerada durante o processo de corte e sua mais rápida dissipação da zona de retificação. Estes procedimentos incluem o uso de rebolos de CBN, os quais permitem que maior quantidade de calor seja removida da região de corte através da própria ferramenta superabrasiva. Quando a retificação com CBN é realizada com altas velocidades, tem-se uma melhora significativa no processo, porém há algumas desvantagens, como altas temperaturas e maiores solicitações do fluido de corte. Segundo a literatura especializada, os óleos solúveis, quando utilizados na retificação CBN, dão lugar à formação de vapor a alta temperatura, no ponto de contato entre o rebolo e a peça Salete Martins Alves Estudante responsável Prof.Dr. João Fernando G. de Oliveira Professor responsável USP - São Carlos - NUMA-OPF

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O Mundo da Usinagem

retificada. Este vapor de água pode atacar o CBN, decompondo-o. Deve-se levar em conta que a formação de B203 na superfície de CBN, forma uma capa protetora que evita sua posterior oxidação e conseguinte deterioração. Dado que este B203 é solúvel em água, a oxidação continua sendo conduzida, deteriorando as partículas de CBN, especialmente em suas arestas de corte, acelerando a degradação do rebolo e, portanto, sua vida útil. Diante desta necessidade, os nossos objetivos de pesquisa são: avaliar possíveis reações químicas que possam ocorrer entre o rebo-

lo de CBN e convencionais e os diferentes tipos de fluidos de corte, estudar o desgaste do rebolo de CBN quando submetido a retificação com diferentes tipos de fluido, avaliando parâmetros de saída e acompanhando, por análise microscópica, a evolução do desgaste, desenvolver novas formulações de fluidos de corte alternativos, não existentes no mercado, à base de óleo vegetal, que possuam propriedades como lubricidade e refrigeração e não agrida o ambiente, analisar o desempenho das novas formulações na retificação com rebolo CBN nas condições testadas por meio dos parâmetros de saída.

Problemas gerados pelos fluidos de corte Soluções Propostas Conhecer melhor as reações entre o fluido e a ferramenta Avaliar desempenho mecânico Nova formulação _ fluido ecológico


Metodologia Para Escolha de Fluidos de Corte Não Agressivos ao Meioambiente Para Aplicações em Usinagem de Metais

O

uso do fluido de corte tradicional (base mineral) tem sido evitado, pois a este é atribuída uma série de doenças ocupacionais e agressões ao meio-ambiente. O desenvolvimento tecnológico dos fluidos de corte tem possibilitado algumas soluções, como os fluidos “não agressivos” ao homem e ao meio-ambiente. É nosso objetivo estudar o uso de alguns fluidos de corte para aplicações em usinagem de materiais e propor uma metodologia de comparação de desempenho entre eles. Como formas de aplicação dos fluidos, usou-se a técnica MQL (Mínima Quantidade de Lubrificante), apenas ar comprimido sem óleo e o corte sem fluido algum, na operação de fresamento de topo do aço AISI H13 no estado endurecido (50 — 52 HRc). Os experimentos demonstraram que é possível estabelecer-se uma comparação entre várias condições de refrigeração / lubrificação, baseada na Energia de Usinagem (EU), na Energia Acumulada (EA) no corpo-de-prova e no índice de Classificação dos fluidos de corte (ICFC). Aldo Braghini Júnior. Estudante responsável Prof. Dr. Reginaldo Teixeira Coelho Professor responsável USP - São Carlos - NUMA-OPF

Figura 1 - Variação da Energia de Usinagem (EU) e da Energia Acumulada no corpo-deprova (EA) sob diversas condições de refrigeraçâo/lubrificação. Na técnica MQL foi usado o óleo Microcorte 220 com uma vazão de 20 ml/h e uma vazão de ar comprimido de 22,5 m3/h.

Figura 2 - Variação do Índice de classificação de fluidos de corte sob várias condições de refrigeração/lubrificação. Na técnica MQL foi usado o óleo Microcorte 220 com uma vazão de 20 ml/h e uma vazão de ar comprimido de 22,5 m3/h.

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Fechamento das atividades de treinamento Nesses primeiros oito meses de 2003 realizamos 165 eventos; 32 cursos e 133 palestras, totalizando 4083 pessoas treinadas. Estamos sempre em movimento. O

leitor

de O

Mundo

da

Palestras, Cursos e Eventos com a Participação da Sandvik Coromant:

Usinagem pode entrar em contato

Cursos e Eventos Unisinos em São Leopoldo, RS: Curso UMM (Usinagem de Moldes e Matrizes)

gestões e/ou críticas, além de fazer

com a revista para apresentar suconsultas sobre eventuais proble-

em parceria com as empresas OKUMA, SEACAM, VILLARES, BRASIMET e TITEX,

mas técnicos de usinagem que vem

certificado pela universidade (40 horas).

enfrentando em sua empresa para

CETEMP, SENAI, RS: Curso para professores.

que eles sejam avaliados e, se for o

Evento em parceria com a empresa Siemens nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

caso, solucionados pelo Corpo Téc-

Palestras Motivacionais

isso, basta recorrer a:

Mitutoyo, CBA, Villares/Sidenor, Convenção Sandvik Coromant/Produção. Palestras Técnicas

nico da Sandvik Coromant. Para omundo.dausinagem@sandvik.com Se preferir, o leitor também pode

PUC, PR: Seminário sobre tendências da usinagem. Evento Abimaq, SC: Palestra sobre Produtividade. Além de todas as atividades acima citadas, também foram realizados cursos e palestras de treinamento nas seguintes organizações: Detroit, Daimler Chrysler, NG Metalúrgica, Fazanaro, ICS, Pilão, Grob, Cefet-ES, TRW,CVRD, Nuclep, Petrobrás, Balzers, CTA, Unitau, Romi – Coriolano SP, Sulzer, Mackenzie. Investir em treinamento é investir em produtividade, se você tem necessi-

se comunicar com a Sandvik Coromant por telefone, entrando em contato com: Departamento Comercial (011)5696 5604 Atendimento ao Cliente 0800 55 9698

dade de treinamentos ou palestras específicas sobre usinagem fale com a Sandvik Coromant: (011) 5696.5589 – Cibele.

Villares Metals - Grupo Sidenor Sumaré-SP (11) 6341- 7278

Corrigenda No número 2-2003 da OMU, leia-se: À página 33, balanceamento e não baleceamento.

Programa de Treinamento 2003 OUF Mês TBU TRF UMM EAFF OUT EAFT 22, 23, 24 e 25 Set. 01 e 02 15 06, 07, 08 e 09 20,21 e 22 Out. 27 e 28 03,04 e 05 17, 18, 19 e 20 Nov. 24 e 25 01, 02, 03 e 04 Dez. TBU Técnicas Básicas de Usinagem (14horas em 2 dias) TFR Técnicas de Furação e Roscamento com macho (07 horas em 1 dia) UMM Usinagem de Moldes e Matrizes (28 horas em 4 dias) EAFT Escolha e Aplicação de Ferramentas para Torneamento (21 horas em 3 dias) EAFF Escolha e Aplicação de Ferramentas para Fresamento (21 horas em 3 dias) OUT Otimização da Usinagem em Torneamento (28 horas em 4 dias) OUF Otimização da Usinagem em Fresamento (28 horas em 4 dias)

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O Mundo da Usinagem

Instituto Fábrica do Milênio (16) 273 - 9267 Voith Paper Brasil (11) 3944-4099 MWL Brasil (12) 253 - 1281 Yamaha Motor do Brasil (11) 6460 - 5387 Revista Pesquisa Fapesp São Paulo-SP (11) 3838 - 4000


Ceará CE

Amazonas AM

Pernambuco PE

Ferrametal Fortaleza Tel: (0xx85) 287 4669 Fax: (0xx85) 217 1558 E-mail: ferrametal@secrel.com.br

MCI Manaus Tel: (0xx92) 663 2544 Fax: (0xx92) 663 2544 E-mail: mci@internext.com.br

Recife Tools Recife Tel: (0xx81) 3268 1491 Fax: (0xx81) 3441 1897 E-mail: recifetools@veloxmail.com.br

Espírito Santo ES

Rio De Janeiro RJ

Bahia BA

Hailtools Vila Velha Tel: (0xx27) 3349 0416 Fax: (0xx27) 3239 3060 E-mail: hailtools@bol.com.br

Jafer Rio de Janeiro Tel: (0xx21) 2270 4835 Fax: (0xx21) 2270 4918 E-mail: jafer@ajato.com.br

Sinaferrmaq Lauro de Freitas Tel: (0xx71) 379 5653 Fax: (0xx71) 379 5844 E-mail: sinaferr@terra.com.br

Mato Grosso do Sul MS

Machfer Rio de Janeiro Tel: (0xx21) 2560 0577 Fax: (0xx21) 2560 0577 E-mail: machfer@openlink.com.br

São Paulo SP

Kaymã Campo Grande Tel: (0xx67) 321 3593 Fax: (0xx67) 383 2559 E-mail: vendas@kayma.com.br

Minas Gerais MG Escândia Belo Horizonte Tel: (0xx31) 3295 7297 Fax: (0xx31) 3295 3274 E-mail: escandia@terra.com.br Sandi Belo Horizonte Tel: (0xx31) 3295 5438 Fax: (0xx31) 3295 2957 E-mail: sandiferramentas@uol.com.br Tecnitools Belo Horizonte Tel: (0xx31) 3295 2951 Fax: (0xx31) 3295 2974 E-mail: tecnit@terra.com.br Tungsfer Ipatinga Tel: (0xx31) 3825 3637 Fax: (0xx31) 3826 2738 E-mail: tungsfer@uai.com.br

Santa Catarina SC GC Joaçaba Tel: (0xx49) 522 0955 Fax: (0xx49) 522 0955 E-mail: gc@softline.com.br

Toolset Rio de Janeiro Tel: (0xx21) 2290 6397 Fax: (0xx21) 2280 7287 E-mail: toolset@openlink.com.br Trigon Rio de Janeiro Tel: (0xx21) 2270 4566 Fax: (0xx21) 2270 4566 E-mail: trigon@ajato.com.br

Rio G. do Sul RS Arwi Caxias do Sul Tel: (0xx54) 223 1388 Fax: (0xx54) 223 1388 E-mail: arwi@arwi.com.br Consultec Porto Alegre Tel: (0xx51) 3343 6666 Fax: (0xx51) 3343 6844 E-mail: consultec@consultec-rs.com.br F.S. Representações Porto Alegre Tel: (0xx51) 3342 2366 / 3342 2463 Fax: (0xx51) 3342 2784 E-mail: vendas@fstools.com.br

Atalanta São Paulo Tel: (0xx11) 3837 9106 Fax: (0xx11) 3833 0153 E-mail: atalantatools@uol.com.br Cofast Santo André Tel: (0xx11) 4997 1255 Fax: (0xx11) 4996 2816 E-mail: cofast@cofast.com.br Cofecort Araraquara Tel: (0xx16) 232 2031 Fax: (0xx16) 232 2349 E-mail: cofecort@aol.com Comed Guarulhos Tel: (0xx11) 6442 7780 / 209 1440 Fax: (0xx11) 209 4126 E-mail: comed.sp@superig.com.br Diretha São Paulo Tel: (0xx11) 6163 0004 Fax: (0xx11) 6163 0096 E-mail: diretha@diretha.com.br Maxvale São José dos Campos Tel: (0xx12) 3941 2902 Fax: (0xx12) 3941 3013 E-mail: maxvale@directnet.com.br

Paraná PR Mega Tools Campinas Tel: (0xx19) 3243 0422 Fax: (0xx19) 3243 4541 E-mail: megatools@terra.com.br

Repatri Criciúma Tel: (0xx48) 433 4415 Fax: (0xx48) 433 6768 E-mail: repatri@terra.com.br

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PS Ferramentas Bauru Tel: (0xx14) 234 4299 Fax: (0xx14) 234 1594 E-mail: ps@psferramentas.com.br

Logtools Joinville Tel: (0xx47) 422 1393 Fax: (0xx47) 3026 5727 E-mail: logtools@logtools.com.br

PS Ferramentas Maringá Tel: (0xx44) 265 1600 Fax: (0xx44) 265 1400 E-mail: psparana@psferramentas.com.br

Pérsico Piracicaba Tel: (0xx19) 3413 2633 Fax: (0xx19) 3421 2832 E-mail: persicof@terra.com.br Sandvik Coromant do Brasil

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