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Publicação da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil ISSN 1518-6091 RG. BN 217.147

Ed. 4. 2005



Palavra do Diretor

Q

Inovação em alicerce sólido

Foto: P. Y. Refalo

danças e desafios. Aprendemos uantos sonhos realia conviver com uma economia zados! Quantas alemais estável, com um crescigrias! Alguns percalmento menor que o esperado é ços, é verdade, mas certo, mas de uma forma sustennem sempre são só vitórias. tada. A mudança inesperada do Aprendemos assim! câmbio, os desafios das exporAo analisar os resultados obtações, a concorrência cada vez tidos, temos a certeza que o salmais agressiva, fizeram com que do encontrado é extremamente nossa velocidade de adaptação positivo, que valeu a pena e que e criação aumentasse ainda faríamos tudo novamente. mais, nos tornando mais comDas dificuldades, levamos o “enfrentar quaisquer petitivos e experientes. conhecimento para as mudandesafios que o Estamos prontos para enças necessárias. Do sucesso, frentar quaisquer desafios que o aprendizado do que pode e futuro nos reserve, o futuro nos reserve, tendo deve ser melhorado.Uma metendo como alicerce como alicerce o conhecimento lhoria contínua. A busca ino conhecimento adquirido até aqui, somado às cessante da perfeição! adquirido até aqui, inovações que certamente inDurante todo o ano trabalhasomado às inovações troduziremos no ano que chemos em conjunto com nossos que certamente ga. Como sempre, juntos. clientes e amigos para atingir Gostaríamos imensamente as metas estabelecidas e, ao fiintroduziremos” de agradecer nossos clientes nal do mesmo, temos a certeza parceiros que nos ajudaram a atingir e sue a satisfação de termos cumprido nosso dever, perar nossos objetivos, tendo humildemente apesar de todos os obstáculos encontrados dua certeza de que também colaboramos para rante o percurso. que os seus fossem também atingidos. Essa é A cada ano, percebemos que a dificuldade de nossa missão! atingirmos nossos objetivos aumenta, e que os Que o ano que chega seja tão bom quanto o mesmos são a cada ano mais audaciosos, o que que se encerra, e que nos traga novamente muitas nos leva a ter uma sensação de alegria indescritíalegrias e aprendizado. vel ao chegarmos ao final de um período e poder Boas festas e um ano repleto de paz e sucesso! dizer que, sim, conseguimos novamente! Assim foi o ano de 2005, ano repleto de mu-

Cláudio José Camacho Diretor - Coromant


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Índice

Suprimentos Capa

Foto: Izilda França/Criação: Arte Gráfica

Quando o barato pode sair caro

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Gestão Empresarial Voith Siemens introduz conceito na produção de rotores

Num mercado em que cada vez mais proliferam tubos de aço inoxidável sem costura das mais variadas procedências, redobrar os cuidados com a qualidade de um produto é fundamental para evitar problemas futuros e a perda de competitividade

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Voith Siemens Hydro Power Generation está produzindo rotores Francis para PCH s (Pequenas Centrais Hidroelétricas) e Pelton, com o conceito mecano-soldado (2 discos fundidos em rotores Francis e 1 disco e meias-conchas fundidas em rotores Pelton), em substituição ao conceito monobloco.

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Ponto de Vista

A defesa da propriedade intelectual e a competitividade no Brasil .................................................................................... pág. 10

Empreendedores

A dura vida do empreendedor................................................................................................ pág. 12

Produtividade

Corodrill 880 com Step Technology, um passo notável para a alta produtividade de furos ......................................................................................... pág. 18

Pesquisa & Desenvolvimento

Como as inclusões no material da peça podem afetar o desgaste da ferramenta? ............................................................................................... pág. 26

Interface

Pesquisa no setor produtivo: autonomia & desenvolvimento................................................................................................ pág. 32

OTS

Avanço tecnólogico na manufatura.......................................................................................... pág. 36

Destaques ........................................................................................................................ pág. 40 Movimento ........................................................................................................................ pág. 41 Contatos ........................................................................................................................... pág. 42

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Editorial

Publicação trimestral da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil S.A., ISSN 1518-6091 RG.BN 217.147

e-mail: omundo.dausinagem@sandvik.com

SANDVIK DO BRASIL

Presidente: José Viudes Parra

DIVISÃO COROMANT Diretor Coromant Cláudio José Camacho Gerente de Marketing e Treinamento Francisco Carlos Marcondes Coordenadora de Marketing Heloisa Helena Pais Giraldes Assistência ao Marketing Cibele Aparecida Rodrigues dos Santos Daiane Miranda Conselho Editorial Nivaldo L. Coppini, Adriano Ventura, José Carlos Maciel, Tadeu B. Lins, Francisco C. Marcondes, Roberto Saruls, Heloisa H. P. Giraldes, Marlene Suanno, Aryoldo Machado, José Edson Bernini e Fernando G. de Oliveira, Vera L. Natale Coordenadora da publicação Vera Lúcia Natale Editoria: Depto. de Marketing da Divisão Coromant Responsável: Francisco C. Marcondes Jornalista responsável Heloisa Helena Pais Giraldes MTB 33846 Propaganda: Gerente de contas Thaís Almeida Viceconti Tel.: (11) 6335-7558 Cel.: (11) 9909-8808 Editoração: Arte Gráfica Comunicação Revisor: Fernando Sacco Gráfica: Type Brasil Tiragem: 11.200 exemplares

Av. das Nações Unidas, 21.732 Santo Amaro - São Paulo - SP CEP 04795-914

O final de um ciclo sempre remete a reflexões, quando se pondera sobre todas as ações realizadas até aquele momento, visando aprender com os erros, aprimorar ainda mais as ações que renderam resultados positivos e, portanto, melhor planejar a próxima etapa. Esse ato revela, na realidade, o “ímpeto”, por vezes inconsciente, de evoluir, à semelhança da natureza, onde há tempo para nascer, para se desenvolver e amadurecer. São as eternas mudanças que nos renovam e nos impelem a seguir adiante. Assim, trabalhos de pesquisa e desenvolvimento e seus resultados, sejam na efetiva otimização de processos produtivos, sejam no próprio aperfeiçoamento de nosso pensamento e, conseqüentemente, de nosso sentimento e ação a respeito da vida, do trabalho e dos relacionamentos que nos permeiam, devem ser sempre enaltecidos, pois são a mola propulsora de todo projeto fértil. O artigo da seção Interface versa muito oportuna e claramente sobre essa questão: a importância de se realizar constantes trabalhos de pesquisa, inclusive no âmbito pessoal, para que assim se preserve a capacidade de discutir, argumentar e crescer de fato, incrementando nossos valores, flexibilizando nosso comportamento e nosso papel pessoal e social. As matérias da seção “Ponto de Vista” e “Empreendedores” têm a mesma preocupação – a necessidade de rever “estruturas” e pesquisar novos caminhos para melhor defender a propriedade intelectual ou abrir uma empresa de modo mais fácil. O case da Voith Paper é mais um exemplo de que o desejo de caminhar para frente e aprimorar cada vez mais seus recursos e processos tem valido a pena, tanto quanto a visão e a atitude de áreas como suprimentos, em que a “batalha” preço x qualidade deve ser sempre balanceada pelo crivo do pensar em fazer melhor , buscando a excelência. A equipe da OMU relembra que, ao longo desse ciclo de 2005, procurou selecionar o que havia de melhor para seus leitores e celebra o ano vindouro com a certeza de que a confluência desses artigos, opiniões, relatos de ações bem-sucedidas, possam contribuir para processos decisórios maduros, que contemplem posturas sejam corajosas ou prudentes, mas sobretudo vinculadas ao movimento, garantindo assim a mudança rumo a horizontes mais amplos, alimentando a competitividade saudável. Sêneca (séc. I d.C.), nos parece muito apropriado para o momento: “Não há bons ventos para uma nau que não sabe para onde vai”.

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Suprimentos

Q quipamentos funcionando 24 horas por 365 dias. Imagine o prejuízo que uma empresa de petróleo teria se uma das tubulações de uma plataforma de extração de petróleo precisasse ser substituída devido a uma falha do material, interrompendo a produção por algumas horas. Sem contar que tal parada provocaria riscos à segurança e ao meio ambiente. É exatamente para evitar problemas como esses que várias empresas, em especial aquelas que operam com aplicações críticas, estão priorizando cada vez mais a qualidade dos tubos utilizados em seus equipamentos ou instalações.

Isso é o que aponta o engenheiro Angelo Martines, gerente de produtos tubulares para a América do Sul da Sandvik Materials Technology (SMT), unidade de negócios do Grupo Sandvik responsável pela produção de tubos de aço inoxidável e ligas especiais sem costura, cintas transportadoras, fitas de aço, arames de aços inoxidáveis e ligas especiais, ligas e elementos para aquecimento elétrico. A constatação tem como base o perfil das próprias empresas que compõem a carteira de clientes da SMT. “São empresas de grande porte extremamente preocupadas com produtividade, segurança, confiabilidade e manutenção. Muitas delas são companhias globais, que já conhecem a Sandvik através de aplicações em outros países, como Rhodia, ABB, Kvaerner,

FMC, Brasken ou como a própria Petrobras”, diz. Martines observa ainda que, apesar da crescente preocupação com a qualidade do material de produtos tubulares, algumas empresas ainda não perceberam que esse é um quesito de extrema importância e que um acidente pode por em risco até mesmo a sua sobrevivência. “Existem empresas que se baseiam exclusivamente no custo de aquisição do produto e se esquecem que se este for inadequado ou de baixa qualidade vai gerar custos extras como paradas do equipamento para manutenção”, diz ele, acrescentando que o produto também vai apresentar uma performance inferior e menor vida útil. De acordo com o gerente da SMT, tão importante quanto o desempenho e as propriedades dos materiais


Num mercado em que cada vez mais proliferam tubos de aço inoxidável sem costura das mais variadas procedências, redobrar os cuidados com a qualidade de um produto é fundamental para evitar problemas futuros e a perda de competitividade

(resistência mecânica, à corrosão, etc) é a satisfação do cliente com a qualidade do serviço e o suporte técnico prestado. “A Sandvik não atua como simples fornecedora de tubos. Nós vendemos soluções, ou seja, aquilo que o tubo pode proporcionar ao cliente”, enfatiza Martines, ao dizer que, em primeiro lugar, é preciso considerar as características exigidas pelo projeto, tais como exigências técnicas, segurança, aspectos de fabricação do equipamento, inovações tecnológicas, e, por último, deve-se considerar o aspecto custo. “As empresas que têm uma preocupação intensa com custos imediatos realmente vão optar por produtos que não têm todo esse suporte técnico e conteúdo tecnológico e, conseqüentemente, correm o risco de ter custos posteriores.”

Um caso emblemático citado por ele é o de um fabricante de equipamentos para a indústria alimentícia. Martines conta que o equipamento funcionava como um pistão hidráulico, com pressão bastante elevada, o que exigia um tubo de aço inoxidável sem costura. A empresa, que vinha utilizando tubos da Sandvik com excelentes resultados, devido a uma decisão de economizar acabou optando por um produto asiático. “Apesar de o produto estar dentro da norma, depois de fabricar inúmeros equipamentos e de ter exportado, a empresa verificou que ele apresentava uma variação dimensional muito grande, fazendo com que o fluido hidráulico vazasse e se misturasse ao alimento que estava sendo produzido”, conta Martines. Resultado: a economia obtida pela empresa na aquisição dos tubos gerou um prejuízo de R$ 250 mil na troca dos equipamentos. “Isso sem falar que ela teve de deslocar sete técnicos até o país comprador, com todos os equipamentos sobressalentes, para fazer a troca”, completa. Em teoria, se o tubo estiver perfeitamente dentro das normas, isto não significa que os riscos de utilização serão menores. E é com base nessa premissa que muitos concorrentes, segundo Martines, operam no mercado, ou seja, seus produtos não possuem nenhum requisito adicional de qualidade assim como relegam a um segundo plano as questões ligadas a suporte técnico. O desenvolvimento de produtos tubulares da companhia pressupõe, segundo ele, ir além do que estipula a norma. “Se a norma estabelece que a tolerância dimensional da

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espessura de parede de um tubo pode variar entre menos 0 % e mais 20%, isso não significa que o tubo da Sandvik será produzido dentro dessa dimensão. Sempre trabalhamos em uma faixa de tolerância muito mais estreita.” Outro quesito importante na área de tubos, elucida Martines, é o entendimento das necessidades do cliente. Para isso, a SMT adota como prática prestar suporte às empresas não somente durante a fase de projeto de um equipamento bem como durante a fase de montagem, instalação e ao longo de todo o ciclo de vida útil do mesmo. “Ao visitar o cliente, avaliamos a aplicação para a qual o produto está sendo destinado, as conseqüências de uma provável falha devido à seleção incorreta de materiais, discutimos a possibilidade de aumento de produtividade frente a um número menor de paradas para manutenção de equipamento, etc.”, explica. O gerente da SMT ressalta, porém, que é muito comum encontrar no mercado fabricantes de tubos que trabalham sem nenhum tipo de aparato técnico que possa fornecer ao cliente todas as informações fundamentais para a escolha correta de um material. A atenção dedicada ao desenvolvimento de materiais faz parte também da estratégia da SMT de buscar a sofisticação dos produtos e disputar nichos específicos de mercado. “Por isso, temos uma preocupação constante com a qualidade e com nossos serviços prestados. A Sandvik tem por filosofia de trabalho fornecer ao cliente a melhor solução para um determinado problema ou uma determinada situação que ele porventura esteja enfrentando”, afirma Martines.


Suprimentos

Um aspecto que tem contribuído também para o desenvolvimento da qualidade dos produtos tubulares, segundo ele, é a maior conscientização ambiental e em relação à segurança por parte das empresas. Especialmente na última década, as companhias vêm, inclusive no Brasil, evoluindo na adoção de práticas mais responsáveis do ponto-de-vista da preservação do meio-ambiente. “Nós fabricamos tubos para trocador de calor, processo que envolve operações de risco porque há fluidos ou gases sendo aquecidos ou resfriados e muitos deles podem ser extremamente danosos não só ao meio-ambiente, mas também às pessoas”, explica Martines, acrescentando que esses produtos muitas vezes são fabricados para uma aplicação específica, de modo a dar ao cliente a tranqüilidade para utilizar o material. Mais do que pragmática, a preocupação das empresas em ter processos muito mais produtivos, valorizar a qualidade dos produtos e a segurança obedece à própria lógica do negócio, segundo a visão de Martines. Para ele, operar com produtos de qualidade pode ser um fator de vantagem competitiva. “Se a empresa tem menos manutenção, menos paradas, teoricamente consegue ser mais competitiva. Ao contrário daquelas cuja preocupação é baseada simplesmente na idéia do custo inicial, que podem vir a ter problemas sérios de manutenção e atrasar a entrega de um produto ou serviço a seus clientes, ou até mesmo gerar algum dano ambiental ou a algum funcionário.” Mas como a empresa escolhe um produto de qualidade se, no caso de um tubo, não é possível fazer

“Enfrentamos uma concorrência de produtos que notoriamente apresentam problemas ou falhas e muitas vezes o cliente não consegue visualizar a diferença” um teste comparativo, pelo menos não nas mesmas condições em que ele será utilizado e num prazo de tempo e a custos aceitáveis? Buscar referências. Essa, em poucas palavras, é a maneira mais adequada de se avaliar e assegurar a qualidade não só das matérias-primas como, também, do processo de fabricação e sofisticação tecnológica de um produto, segundo Martines. “É impossível, em função da aplicação, fazer um teste comparativo num curto espaço de tempo, mesmo que seja através de simulações em laboratórios, porque não há como controlar todas as variáveis do processo. O cliente nos fornece as condições de temperatura, pressão, meio corrosivo, etc. E, com base nisso ou em tabelas, ou por referências ou testes que efetuamos em nosso centro de pesquisa, apresentamos a melhor solução para ele.” Nesse aspecto, o diferencial da Sandvik também não tem como ser negado. “A companhia tem uma estrutura de vendas em mais de 130 países do mundo, o que nos dá um extenso leque de referências de aplicações que possuímos em

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outros países e também através da infinidade de testes efetuados em nosso centro de pesquisas, que fica localizado em Sandviken”, diz Martines. Outro trunfo da empresa, citado por ele, são as fábricas que mantém em sete países do mundo: EUA, Canadá, Índia, República Tcheca, França, Alemanha e Suécia. “Cada uma dessas fábricas é especializada em um tipo de produto ou de aplicação. Além dessas fábricas de tubos, nós temos uma grande unidade na Suíça, chamada Santrade, que é responsável pela comercialização de acessórios, conexões e flanges.” Essa abrangência e capacitação já renderam frutos. Depois de um longo e detalhado processo de homologação, a SMT passou a ser fornecedora da Embraer. Hoje, os tubos hidráulicos e de instrumentação utilizados nos aviões da empresa são fabricados pela unidade da Sandvik chamada Precitube, localizada na França, especializada na produção de tubos de precisão. Apesar de atuar em nichos de mercado nos quais a qualidade do produto é crucial para as empresas, Martines diz que a SMT ressente-se dos efeitos da concorrência predatória. “Enfrentamos uma concorrência de produtos que notoriamente apresentam problemas ou falhas e muitas vezes o cliente não consegue visualizar a diferença. Além disso, quando se trata de tubos, para se ter uma idéia da qualidade é preciso testá-lo sendo muitos dos testes destrutivos.” Na dúvida, ele lembra que vale sempre a velha máxima segundo a qual o que parece barato pode sair caro. Intexto Comunicação Empresarial


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Ponto de Vista

A defesa da propriedade intelectual e a competitividade no Brasil

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Ilustração: Arte Gráfica

ão é exagero afirmar que avançar nas discussões sobre a proteção da propriedade intelectual no Brasil é algo estratégico e urgente para que o país conquiste o tão almejado posto de líder regional e figure no seleto grupo de países desenvolvidos. O Brasil atualmente já ocupa uma posição de destaque no Mercosul e recentemente vem obtendo uma série de vitórias nas batalhas comerciais travadas na OMC. Tudo isso prova que sabemos muito bem defender nossos interesses externamente, porém temos uma agenda interna ainda essencial a ser s u p e ra d a e onde a proteção da propriedade intelectual figura como prioritária. Redefinir o papel da proteção à propriedade intelectual passou a ser essencial para que o Brasil avance em temas fundamentais para entrar definitivamente no clube dos países desenvolvidos. No último Fórum Econômico realizado em Davos (Suíça), foi apresentada uma nova proposta de divisão dos países, baseados em critérios que definem a competitividade

global. Em um primeiro grupo, nações como Índia, China e Ucrânia são caracterizadas como competidoras por preço, aproveitando que os fatores de produção utilizados são baratos. Em outro grupo – no qual o Brasil faz parte, ao lado da Polônia e do México – os países são impulsionados pela eficiência e dependem de aumento da produtividade para crescer. E, por último, o terceiro grupo é caracterizado pelos países impulsionados pela inovação, dos quais Finlândia, Alemanha e Japão são considerados os principais representantes. Infelizmente, a sociedade brasileira ainda não tem a percepção de que cuidar das condições de inovação, além de garantir investimentos no país, empregos e geração de impostos a médio e longo prazo, significa carimbar o passaporte para o seleto clube dos países impulsionados pela inovação. Em recente seminário da Câmara Americana de Comércio de São Paulo, representantes da indústria, das universidades e também do governo reuniram-se para debater o assunto e o Instituto Nacional da Propriedade


Intelectual inevitavelmente acabou dominando a pauta desse encontro. Dados do próprio INPI apontam que atualmente existem 580 mil pedidos de autorização de marcas, mais outros 120 mil pedidos de patentes esperando regulamentação do instituto. Pelas contas realizadas, seriam necessários, respectivamente, 10 e 12 anos para regularizar essa situação. Esse dado é preocupante, pois revela apenas a ponta do iceberg de um fenômeno muito maior e muito mais complexo, que poderia ser incluído na famosa lista de problemas que o país deve enfrentar para reduzir o “custo Brasil”. Incentivar a proteção da propriedade, além de se traduzir no cuidado com nossos avanços tecnológicos, industriais e de serviços, é o mais poderoso instrumento para alavancar o desenvolvimento nacional, conferindo segurança jurídica às empresas que queiram se estabelecer em território nacional. Países que estão em um nível de desenvolvimento econômico similar ao Brasil já fizeram ou estão fazendo uma profunda auto-análise quanto a esta questão. A Coréia - que em uma geração deu um impressionante salto qualitativo quanto ao seu índice de competitividade - pode servir de inspiração para o nosso caso. Na última edição do Fórum Econômico Mun-

dial, em Davos, esse país asiático ostentava um orgulhoso 9o lugar no ranking mundial de tecnologia, enquanto o Brasil amargava uma distante 42a posição. No ranking de inovação, a situação é ainda mais crítica. Enquanto a Coréia estava despontando entre os primeiros lugares do ranking, o Brasil chegava à 59 a posição, atrás de países como Argentina, Chile e Portugal. Esses fatores, entre outros, são os responsáveis pela Coréia, atualmente, ostentar um excelente 29º lugar no ranking global de competitividade, enquanto o Brasil se localiza na 57 a posição, atrás de países como Índia, México e China. Todas essas variáveis provam inequivocamente que o país precisa ter uma posição séria e determinada sobre a questão, sob o risco de, mais uma vez, perder o bonde da história no que se refere ao desenvolvimento econômico. Nossa economia tem potencial, vários grupos econômicos vêm demonstrando interesse em investir no país de forma consistente, mas enquanto não tirarmos do papel para colocar em práticas essas questões, corremos o risco de continuarmos sempre segurando a lanterna deste campeonato mundial, cujo troféu é o bem-estar da população. Geraldo Barbosa Presidente da BD no Brasil e do Movimento Brasil Competitivo


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Empreendedores

A dura vida do empreendedor

Ilustrações: Arte Gráfica

Estudo do Banco Mundial mostra que o Brasil lidera a lista dos países que criam maiores dificuldades para abrir uma empresa. É um dos grandes obstáculos para que pequenos negócios entrem na economia formal.

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brir uma empresa, pequena, média ou grande, no Brasil, é como participar de uma gincana. É preciso ter disposição para cumprir cerca de 17 procedimentos, comparecer em até 15 órgãos do governo, ter tempo e dinheiro de sobra. Para se ter uma idéia da dimensão do problema da burocracia nesse campo, um estudo realizado pelo Banco Mundial esse ano, denominado Doing Business (fazendo negócios), indica que qualquer mortal interessado em abrir um empreendimento no Brasil tem de desembolsar, por baixo, 274 dólares em taxas e tributos, além de esperar uma média de 155 dias para abrir as portas.

O levantamento aponta que o Brasil ocupa o sexto lugar, entre 133 países pesquisados, em matéria de demora para a abertura de uma empresa. O tempo gasto nos trâmites burocráticos é o triplo da média mundial, que é de 49 dias. Na Austrália, por exemplo, em dois dias se abre um negócio, e nos Estados Unidos são necessários cinco dias. Para fechar uma empresa brasileira são necessários 10 anos. É o segundo processo mais lento do mundo. Perde apenas para a Índia, com 11,3 anos. O estudo do Banco Mundial leva em conta a realidade dos principais centros financeiros de cada país. No caso do Brasil o cenário foi a cidade de São Paulo. A situação da capital paulista é emblemática e reflete muito do que acontece ao longo do território, embora em algumas capitais

o problema esteja minimizado, como é o caso de São Luís, no Maranhão, onde é possível abrir um empreendimento em seis dias. O périplo é longo não apenas por envolver várias etapas a serem cumpridas, mas também devido a inúmeros imprevistos que normalmente acontecem no meio do caminho. Um processo em fase final de deferimento pode retornar ao ponto inicial se uma assinatura tiver algum detalhe diferente da que consta na carteira de identidade, por exemplo, ou ainda se houver qualquer pequena rasura ou termo incorreto. As dificuldades enfrentadas pelos empreendedores brasileiros não ocupavam a agenda pública desde o final da década de 1980, quando foi criado o Ministério da Desburocratização. Agora, um grupo de trabalho do Governo Federal, capitaneado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio


Exterior (MDIC), está incumbido de realizar um diagnóstico dos principais entraves no registro empresarial, e de implementar soluções que minimizem o martírio de potenciais empreendedores. O primeiro passo foi a realização de um workshop em maio, reunindo membros do Governo Federal e outros setores envolvidos no processo em instâncias estaduais e municipais. No evento foram debatidas experiências internacionais de desburocratização e iniciativas locais bem-sucedidas. Também foram esboçadas sugestões de atuação em nível federal. “As exigências são repetitivas e falta orientação para o empreendedor”, afirma Carlos Gastaldoni, secretário de Desenvolvimento da Produção do MDIC e coordenador do grupo de trabalho. Segundo ele, a legislação foi feita com foco em cada um dos órgãos envolvidos, sem uma visão geral do processo e sem pensar no cliente. Grande parte da demora devese ao fato de que os órgãos responsáveis por autorizar o registro não conversam entre si. Assim, o potencial empresário tem de fornecer os mesmos dados e documentos a cada um deles. E precisa esperar que se cumpra cada etapa para iniciar outra.

Burocracia Os contadores são as figuras que mais conhecem o duro diaa-dia das filas da burocracia. “A sensação é de que a cada ano fica mais difícil abrir um negócio. Em Brasília, costumamos gastar de 40 a 60 dias para cadastrar uma empresa e outros 3 a 4 meses para que ela possa funcionar”, comen-

ta o contador Leo Arksy, da empresa de contabilidade Welmaso, de Brasília. A questão é importante porque impacta a pauta de crescimento sustentável do Brasil a longo prazo. A burocracia é um dos motivos da alta taxa de informalidade dos negócios no país, hoje na casa dos 40% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Banco Mundial. Segundo um estudo do Instituto Análise de Ribeirão Preto, realizado no final do ano passado a pedido do Ministério da Fazenda, de um total de 640 empreendedores informais do estado de São Paulo, 21,5% não pensavam em legalizar suas atividades por causa das dificuldades burocráticas, 24,6% devido ao alto custo financeiro e 18,5% devido ao tempo gasto no processo. O argumento explica a ênfase especial ao tema pedido pelo ministro Luiz Fernando Furlan, do MDIC, ao grupo de trabalho interministerial, e também a inclusão do tema na lista de medidas da nova Política Industrial. “Mas não adianta esperar que o Estado sozinho conduza o processo de mudanças. A pressão da sociedade é fundamental”, alerta o cientista político Sérgio Abranches. Entidades representativas do público empresarial já estão se movimentando nesse sentido. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), por exemplo, elaborou um anteprojeto de lei, apresentando ao Congresso em 2004, redefinindo o Estatuto das Micro e Pequenas Empresas e fazendo outras propostas. Interessados no assunto não faltam. O número de empreendedores no país

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Empreendedores

“No Brasil, embora esteja previsto em lei, o cadastro único ainda está longe de se tornar realidade.”

é crescente. O Brasil passou de sétimo colocado, em 2002, para o 6º lugar, em 2003, na pesquisa Global Entrepreneurship Monitor, feita pela London Business School, sobre o nível da atividade empreendedora em todos os continentes. No ano passado, 12,9% da população estava envolvida em alguma ação empreendedora, formal ou informalmente. A criação de um cadastro único de empresas, reunindo informações da Receita Federal e das secretarias de fazenda estaduais e municipais é o desejo daqueles que defendem um processo menos complexo na constituição de empresas no Brasil. O Sebrae, a Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis (Fenacon) e o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) já definiram essa demanda como a principal em sua pauta de reivindicações. O conceito one stop shop (algo como loja de parada única) já funciona em vários países desenvolvidos. A unificação das informações fis-

cais é, inclusive, uma exigência da Emenda Constitucional 42, aprovada na Reforma Tributária de 2003 A entrada única de dados cadastrais é a regra, por exemplo, no Canadá, que também já admite o preenchimento de formulários pela internet. Assim, em apenas dois dias, é possível obter o registro. O empreendedor se compromete a enviar, por correio, um único documento: o contrato social da empresa. No Brasil, embora esteja previsto em lei, o cadastro único ainda está longe de se tornar realidade. “Existem disparidades nas regras locais e também na estrutura tecnológica. Em São Paulo, por exemplo, o registro de empresa é regulado por lei estadual e, por isso, terá de ser aprovada uma nova lei que possibilite o cadastro único”, explicou Paulo Ricardo de Souza Cardoso quando Coordenador-geral de fiscalização da receita, em 2004. A adoção de um código único de classificação econômica de empresas é outra medida fundamental para a viabilização do projeto. A Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE - Fiscal),

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criada em 1994 e atualizada em 2002, foi sendo paulatinamente usada pelos diversos ministérios. Ela torna possível o uso de um mesmo código de atividade em todo o país e viabiliza o cadastro único. A classificação segue o padrão da Organização das Nações Unidas, o que facilita a comparação de informações brasileiras com dados mundiais. Nem todas as cidades, porém, a utilizam e, naquelas em que já é empregada, falta uniformidade. Algumas aplicam os três primeiros algarismos da classificação, enquanto outras elencam até seis. Na Receita Federal o padrão é o uso dos quatro primeiros números. Na esfera federal, cogita-se que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) poderia coordenar uma central de codificação de atividades econômicas.

Unificação de códigos O código da CNAE também poderia ser usado para cruzamento com as atividades listadas nos planos diretores das cidades. Isso facilitaria a concessão dos alvarás de funcionamento e serviria para orientar a necessidade de fiscalizações e licenças específicas. Na cidade de São Paulo está sendo elaborado um software que determinará, por exemplo, a necessidade de uma vistoria ambiental com base no código. Além do cadastro único existem outros problemas. Faltam informações sistematizadas e de fácil compreensão sobre o procedimento a ser adotado pelos interessados em abrir empresas, principalmente porque as regras variam de cidade para cidade, de estado para estado. O Sebrae tem


Empreendedores

“Dos 152 dias registrados no estudo do Banco Mundial, 120 são gastos nos procedimentos de fiscalização e vistoria para a obtenção das licenças vinculadas ao alvará de funcionamento.”

desempenhado um papel importante nessa área. “É preciso unificar as regras”, sugere o presidente do CFC (Conselho Federal de Contabilidade), José Martonio Alves Coelho. Como se não bastasse o tortuoso caminho até a obtenção do registro da empresa, os futuros empresários precisam munir-se de persistência para conseguir autorizações de funcionamento das instâncias locais, como a prefeitura, o corpo de bombeiros e a vigilância sanitária. Dos 152 dias registrados no estudo do Banco Mundial, 120 são gastos nos procedimentos de fiscalização e vistoria para a obtenção das licenças vinculadas ao alvará de funcionamento. A falta de fiscais em muitas cidades adia a vistoria. Em Brasília houve casos em que, para agilizar o

processo, o empreendedor teve de ir ao corpo de bombeiros com seu próprio carro para buscar o técnico, já que faltam viaturas.

Fiscalização Qual seria uma possível solução? Para André Spínola, consultor de tributos e desburocratização do Sebrae, deveriam ser criadas classificações mais precisas das atividades de acordo com o risco potencial que elas oferecem para a sociedade. Assim, as fiscalizações se concentrariam nos negócios em que há, de fato, perigo de acidentes. Outra hipótese seria dar ciência ao empreendedor de todas as obrigações a cumprir em relação à segurança da atividade. Ele assinaria um termo de responsabilidade

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comprometendo-se a executá-las em determinado período de tempo. Dessa forma, a firma poderia iniciar suas atividades mais rapidamente. Não é apenas o nascimento de um empreendimento que envolve tantos meandros. Os processos de fechamento ou alteração das condições jurídicas são compostos por rituais ainda mais cansativos. O prazo de dez anos citado pelo Banco Mundial para dar baixa de um estabelecimento é conseqüência, em grande medida, da exigência de certidões negativas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, da Receita Federal e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Uma alternativa para resolver o problema seria a eliminação de todas essas certidões. O empresário daria baixa na Junta Comercial e avisaria aos órgãos envolvido que cobrariam eventuais dívidas. A redução do prazo de abertura e encerramento de empresas no Brasil ainda vai demorar. Contando com aprovações de projetos de lei no Congresso, investimentos em informatização e, sobretudo, uma cooperação entre os governos, serão precisos pelo menos três ou quatro anos, se tudo correr bem. Mas questões complexas muitas vezes são resolvidas com soluções marcadas pela simplicidade, quase óbvias. Enquanto as mudanças estruturais não aparecem, foram criadas em dez cidades, com o apoio do Sebrae, as Centrais Fáceis, que reúnem escritórios dos órgãos envolvidos no registro num único local. Clarissa Furtado Matéria publicada por especial permissão da Revista Desafios do Desenvolvimento, a quem a OMU agradece



Produtividade

Foto: Arquivo

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S

e formos falar do processo de furação, acredito que deveríamos voltar até os primórdios da humanidade quando, ainda na Idade da Pedra, os homens já possuíam furadores de osso, para couro e madeira. Nos dias de hoje a furação é umas das operações mais comuns na usinagem moderna. Raramente encontraremos uma peça em que não exista nenhum furo, portanto nós criamos ferramentas para que, associadas às máquinas, cumpram, com alta produtividade, as necessidades dos nossos clientes. Como definiríamos um furo? Um vazio na peça? É claro que não é tão simples assim. Qualquer profissional que trabalha com usinagem sabe o valor deste furo. Para clientes que usinam grande quantidade de peças por lote, o valor está na produtividade, está na rapidez da usinagem. Por outro

lado, para clientes que usinam pequenos lotes, peças grandes e com alto valor agregado, o valor do furo está na confiabilidade do processo. Provavelmente encontraremos peças em que o furo é apenas de passagem, de baixo valor agregado e com certeza encontraremos também furos com tanta precisão que operações subseqüentes à furação serão necessárias. A Coromant, com a mais alta tecnologia existente no mercado, produz brocas para todos os valores de furos, sejam eles para passagem ou de precisão. Com a evolução das máquinas e dos materiais a serem usinados, as brocas evoluiram também, desde o metal duro, onde hoje são usados microgrãos extrafinos até as coberturas, que proporcionam maior vida e produtividade às ferramentas. Atualmente, as brocas inteiriças de metal duro da Coromant são desenvolvidas especificamente para cada tipo de material a ser usinado, como a R850 para alumínio, a R840 para aços e uso geral e a nova R842, na classe GC1210, lançada no CoroPak 05.2, para ferro fundido.

Falando especificamente em brocas com pastilhas intercambiáveis, o sucesso da substituta da Coromant-U, a Corodrill 880, está tornando esta ferramenta um ícone mundial na usinagem de furos. Desde 1977, a Coromant é pioneira no desenvolvimento de brocas com pastilhas intercambiáveis, tendo efetivamente lançado esta tecnologia de furação, com a T-Max U. A marca T-Max é tão forte, que muitos ainda hoje chamam a Coromant-U de Broca T–Max, pois ela foi a primeira e revolucionária, razão de seu nome perdurar até os dias de hoje. A broca T-Max, com canais retos e pastilhas WCMX, e diâmetros a partir de 25 mm, aumentou a produtividade em até 10 vezes em relação às ferramentas existentes na época. Em 1986, foram lançadas T-Max com diâmetros a partir de 17,5 mm, que utilizavam pastilhas com geometria LCMX com duas arestas de corte e, em 1994, os canais retos foram substituídos por canais helicoidais, para um melhor escoamento de cavacos, surgindo assim a Coromant-U, proporcionando furos mais profundos


e com melhor acabamento. A faixa de diâmetros pode ser reduzida para 12,7 mm. A Corodrill 880 mantém a robustez da T-Max-U e a tecnologia de escoamento de cavacos da Coromant-U e, o melhoramento de classes e coberturas de metal duro, associado à exclusiva e patenteada Step Technology da pastilha central, faz dela a melhor broca existente no mercado nos dias atuais. A Step Technology existente na pastilha central da Corodrill 880 proporciona um balanceamento perfeito

excelentes para a época, a velocidade de corte era de 90 a 250 m/min e o avanço de 0.08 - 0.12 mm/rot. Já a Coromant-U trabalha com os mesmos avanços da broca T-Max-U, porém com velocidade de corte de 180 a 290 m/min, mostrando já um aprimoramento de classes e coberturas das pastilhas intercambiáveis de metal duro. Com a nova Corodrill 880 no mesmo material, as velocidades de corte se mantiveram muito próximas da Coromant-U. Para o aço acima referido, as ve-

GC4044, classe de alta tenacidade para usinagens em condições instáveis e velocidades de corte (de médias a baixas). Para a pastilha central foi desenvolvida a classe GC 1044, para uso geral, uma classe com alta tenacidade garantindo alta segurança na usinagem. Há ainda três geometrias de quebra-cavacos, GR, GM e LM, desenvolvidas cada qual para uma aplicação específica: GR, geometria quebra-cavacos desenvolvida para altos avanços em aços e ferros fundidos; GM, para avanços de médios a altos e uso geral e a LM, para materias de difícil quebra de cavacos e aços inoxidáveis.

nas forças de corte, resultando em um furo mais preciso. O próprio nome se refere à entrada “passo-a-passo” no produto (fig.1) a ser furado, fazendo com que a broca tenha menos deflexão e proporcionando um aumento de até 100% do avanço, se comparado às brocas existentes no mercado. Quando comparamos os dados de corte de uma broca T-Max diâmetro 25 mm em aço SAE 8620, com 150Hb de dureza e com classes

locidades de corte variam de 180 a 290 m/min, porém os avanços foram para a faixa de 0.12 – 0,26 mm/rot, indicando assim um enorme aumento de produtividade. Isso tudo também é permitido devido a três classes disponíveis para pastilhas periféricas: GC4014, classe para alta velocidade de corte e condições estáveis de usinagem; GC4024, classe para velocidades de médias a altas, para uso geral e

Figura 1

1

2

3

Entrada passo-a-passo: 1 - A primeira parte entra em contato com o material. Para evitar altas forças de corte que empurrem a broca do centro, esta parte tem de ser pequena.

Pastilha central

Pastilha periférica

Centro da Broca

2 - A segunda parte entra em contato com o material para equilibrar a ferramenta. 3 - Agora a terceira parte pode entrar em contato com o material de maneira segura.

Figura 2

Outra vantagem da Step Technology é que ela protege a aresta interna da pastilha periférica, tornando a Corodrill 880 a única broca com pastilhas intercambiáveis com quatro arestas efetivas de corte. (fig. 2). Todas as pastilhas periféricas são com tecnologia Wiper, que proporcionam um excelente acabamento do furo. Mantendo-se uma velocidade de corte, por exemplo, de 250 m/min, e alterando-se apenas os avanços, foram obtidos, num ensaio laboratorial, os seguintes valores de acabamento, na furação de aço baixa-liga, com pastilhas intercambiáveis na geometria GR : 0,04 mm/rot, aproximadamente 0,84 Ra; 0,20 mm/rot, aproximadamente 1,53 Ra; 0,32 mm/rot, aproximadamente 2,30 Ra. Portanto para se manter a rugosidade baixa, (quando exigida), alta produtividade e qualidade de furo a Corodrill 880 é a solução mais eficaz.

Altas faixas de avanço são possíveis sem desgaste do canto periférico interno

Centro da Broca

O Mundo da Usinagem

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Dorival Silveira Técnico de produto, ferramentas rotativas, Sandvik Coromant do Brasil


Gestão Empresarial

Fotos: Izilda França

20

A equipe (da esquerda para direita): Denis Alberto, chefe de usinagem da Voith Siemens, Eduardo Debone, vendedor técnico da Sandvik Coromant, Antônio Yamashita, técnico de ferramentas, Arthur Leotta, gerente da engenharia de produção, Edilson Barbosa, programador CNC e Rafael Lacerda, engenheiro de produção, todos da Voith Siemens.

Voith Siemens Hydro Power Generation está produzindo rotores Francis para PCH s (Pequenas Centrais Hidroelétricas) e Pelton, com o conceito mecano-soldado (2 discos fundidos em rotores Francis e 1 disco e meias-conchas fundidas em rotores Pelton), em substituição ao conceito monobloco.

Voith Siemens introduz conceito na produção de rotores

A

mudança proporciona vantagens em termos de redução e precisão do ciclo de fabricação, aperfeiçoamento das condições para a usinagem completa do perfil hidráulico (geometria) e otimização do controle das variáveis de fabricação, o que redunda na maior confiabilidade do produto. O conceito mecano-soldado começou a ser aplicado em 2004, na linha de produção de rotores Pelton, da planta brasileira da companhia, localizada no bairro do Jaraguá, na Zona Oeste da capital paulista. O conceito provou ser superior ao monobloco e, a partir do primeiro semestre de 2005, passou a ser uti-

lizado também na produção dos rotores Francis. Em ambas as linhas de produção, a fresa R 210, da Sandvik Coromant, tem mostrado grande eficiência, e se tornou uma importante ferramenta para a unidade brasileira da Voith Siemens fabricar os rotores Pelton e Francis dentro dos apertados custos de produção que haviam sido previamente definidos. Com o conceito mecano-soldado, o ciclo de produção foi reduzido em cerca de 30%, revela o gerente de Engenharia de Produção da Voith Siemens Hydro, Arthur Leotta. A usinagem, considerando as operações de torneamento e fresamento, representam 20% do ciclo , com-

plementa. Para se ter idéia do que significa uma redução desta ordem, é preciso ter em mente que o ciclo de produção completo de um rotor dura meses . É necessário também imaginar a produção de peças de grande porte, em que o padrão para dar a medida de peso, quase sempre, é a tonelada. A título de ilustração, para produzir apenas um componente de um rotor Francis de médio porte, como uma coroa - que estava sendo fresada quando a reportagem de O Mundo da Usinagem visitou a empresa - são necessárias duas semanas de trabalho, segundo o supervisor de Preparação de Ferramentas da Voith Siemens Hydro, Antônio


Processo de fabricação do rotor Francis.

Yoshinori Yamashita. São duas semanas, trabalhando dois turnos , de segunda a sábado , esclarece. A coroa bruta, que estava em processo de fresamento, pesa em torno de 6 toneladas e cerca de 60% do material é retirado por usinagem. Na operação de fresamento de uma peça como esta, a quantidade de insertos utilizada é relativamente pequena, considerando o tempo e o processo de usinagem , especifica. Além de possibilitar a redução do ciclo total de produção, o conceito mecano-soldado tem garantido também a melhor qualidade do material (em última instância, do produto final). Conforme o chefe de Usinagem e Componentes Fundidos da Voith Siemens Hydro, Denis Alberto Loureiro, os rotores Pelton e Francis são produzidos com aço inoxidável fundido (como o ASTM A743).

No conceito monobloco, fundese um bloco de aço no formato próximo ao do rotor acabado e retira-se a quantidade de sobremetal para se chegar ao perfil final. No conceito mecano-soldado, funde-se uma peça no formato de um disco que é torneado e posteriormente fresado. No rotor Pelton, metade da concha é fundida e o sobremetal é retirado por fresamento. Como as peças são feitas em partes - que depois de usinadas são soldadas - o acesso das ferramentas de corte é facilitado, possibilitando a usinagem total do rotor. No conceito monobloco, a usinagem não era total, porque o acesso das ferramentas de corte era impossível em certas partes do rotor. A usinagem atingia cerca de 85% da peça, no caso de rotores Pelton. Para as áreas em que o fresamento não podia ser realizado, aplicava-se o es-

O Mundo da Usinagem

21

merilhamento manual. Além disso, a produção das peças fundidas também é facilitada porque a geometria é bem mais simples e garante o deslocamento das impurezas do material para as regiões mais periféricas.

Fresamento O fresamento possibilita que a tolerância hidráulica (perfil) fique muito mais próxima da concepção do projeto, já que a operação é executada conforme programação CNC, sendo mínima a intervenção manual. Essa operação é realizada por várias ferramentas, dentre elas a fresa R210 que utiliza pastilhas de metal duro fabricadas no Brasil. Segundo o vendedor técnico da Sandvik Coromant, engenheiro Eduardo Debone, essa fresa é indicada para uso com altos avanços e profundidades de corte pequenas. Com essa


Gestão Empresarial

Disco Fundido para usinagem no conceito Mecano-soldado para rotores Francis.

ferramenta é possível obter grandes remoções de cavacos em um tempo reduzido, acrescenta. O engenheiro mecânico da Voith Siemens Hydro Power, Rafael Segantin Lacerda, diz que a R210 foi introduzida em sua empresa junto com os conceitos de usinagem em Z-Level (usinagem em camadas) e HFC - High Feed Cutting (Usinagem em Altos Avanços). Discutimos com os profissionais da Sandvik Coromant e decidimos aplicar a fresa, afirma. Os resultados mostram que a escolha foi correta, complementa.

Rotores Também conhecido como roda Pelton, o rotor Pelton é aplicado em usinas hidroelétricas instaladas em rios que apresentam alta queda d‘água. Praticamente a totalidade dos rotores Pel-

Processo de usinagem no conceito mecano-soldado de rotores Francis.

Processo de usinagem do disco.

ton produzidos pela Voith Siemens no Brasil, nos últimos cinco anos, foi exportada para os mais diversos mercados mundiais. Atualmente, a maior parte das vendas externas deste tipo de rotor é destinada a países da América Latina e Europa. Já o rotor Francis, que pode ter até 13 pás, é aplicado em usinas instaladas em rios com média e alta quedas. Aliás, rotores Francis são utilizados na maior usina hidroelétrica do mundo, a Usina de Itaipu, que deverá perder o posto quando a Usina de Três Gargantas (SanXia), na China, estiver plenamente operacional. Nos últimos anos, perto de 80% dos rotores Francis da Voith Siemens são comercializados no mercado nacional, incluindo aplicação nas PCHs, onde o conceito mecanosoldado pode ser utilizado. A Voith Siemens produz também

O Mundo da Usinagem

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Disco no conceito Mecano-soldado completamente usinado.

rotores do tipo Kaplan, que normalmente são aplicados em usinas instaladas em rios com baixa queda. Cerca da metade da produção é exportada. No Brasil, grande parte das vendas é voltada para aplicações de repotenciação (aumento de potência) e reabilitação.

Mercado O governo brasileiro divulgou em outubro passado que viabilizou investimentos de R$ 16,9 bilhões na expansão da infra-estrutura de energia elétrica no País (geração e transmissão de energia), no período de 33 meses. Conforme material distribuído à imprensa, os recursos destinados à geração de energia serão aplicados na implantação de 39 unidades geradoras em 15 usinas hidroelétricas, e de 36 unidades geradoras em 13 usinas termoelétricas, localizadas em todas as regiões do país. O material divulgado pelo governo indica que são mais 11,06 mil MW de potência em instalação, o que representa um incremento de 12% da capacidade instalada de geração de energia elétrica. Até o final deste ano devem entrar em operação mais 11 unidades geradoras, em 7 usinas hidráulicas e térmicas; outras 28 unidades geradoras, começarão a funcionar em 13 usinas hidráulicas e térmicas no próximo ano.


Gestão Empresarial

Entre os investimentos mais significativos realizados no período, em geração de energia hidroelétrica, o governo aponta a obra da usina de Peixe Angical, em construção no rio Tocantins, nos municípios de Peixe e São Salvador (TO). A Voith Siemens Hydro Power tem importante participação neste projeto e já realizou a entrega da primeira turbina Kaplan, com capacidade de gerar 153 MW. A empresa tem contrato com a Enerpeixe para fornecer três grupos de geradores providos com turbinas hidráulicas do tipo Kaplan. O material possui dimensões comparáveis às maiores máquinas deste tipo já instaladas e em operação no país. A potência total instalada da UHE será de 450 MW. Em que pesem os investimentos realizados em geração de energia no País, o mercado mostra-se retraído. Balanço relativo ao desempenho setorial, divulgado pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), indica que a área de geração, transmissão e distribuição de energia (GTD) apresentou variação negativa de 7% no primeiro semestre de 2005 em comparação ao mesmo período do ano anterior, em reais constantes.

Fachada da Voith Siemens Hydro Power Generation, em São Paulo, Brasil.

Conforme análise da Abinee, na área de GTD, a boa performance dos negócios dos equipamentos de transmissão não foram suficientes para compensar o retraído mercado de geração, que está dependendo dos leilões de energia nova”, e de distribuição, que apenas no segundo trimestre começou a receber algumas encomendas. Apesar disso, as expectativas do setor são de crescimento para o futuro próximo devido à necessidade premente de investimentos na infra-estrutura de energia elétrica do País. O otimismo da entidade é compartilhado pelo novo presidente da Voith

Siemens Hydro Power Generation, Osvaldo San Martin, que assumiu suas funções em outubro de 2005, num cenário adverso, com dólar em baixa, aço em alta e o entrave nas licenças ambientais e investimentos para a construção de novas hidroelétricas. “A expectativa é de que o cenário mude, já vemos uma movimentação do governo federal na liberação de novas obras e também na realização do leilão de energia em dezembro, o que nos deixa esperançosos em relação aos próximos anos”, afirma San Martin. De Fato Comunicações

Centro de competência mundial A Voith Siemens Hydro Power Generation é uma divisão

O Grupo Voith desenvolve padrões mundiais na tecno-

da Voith AG, fundada em 1867, e emprega mais de 2.200

logia de máquinas de fazer papel, transmissão de energia,

pessoas em todo o mundo. É uma das líderes mundiais no

equipamento para usinas de energia e serviços industriais.

fornecimento de equipamentos, turbinas e geradores para

Com vendas em torno de 3,3 bilhões de euros, tem 24.000

hidrogeração de energia elétrica. Estima-se que um terço

funcionários e atua em 180 lugares no mundo. Trata-se tam-

da energia do mundo seja gerada por equipamentos Voith

bém de uma das maiores empresas familiares da Europa.

Siemens Hydro. No Brasil, 47% da capacidade hidroelétrica

Além de estar presente nas maiores hidroelétricas, a

instalada vem de usinas que utilizam turbinas e equipamen-

Voith Siemens Hydro forneceu as maiores turbinas do mun-

tos Voith Siemens Hydro.

do para a Usina de Três Gargantas (SanXia). Funcioná-

A Voith Siemens Hydro no Brasil é centro de competência

rios da Voith Siemens do mundo todo, incluindo o Brasil,

mundial para todo o Grupo Voith Siemens Hydro na tecnolo-

estiveram envolvidos no projeto que - em sua capacidade

gia de fabricação de componentes hidráulicos e construção

instalada máxima - vai gerar 18.200 MW para mais de 100

de rotores das turbinas.

milhões de pessoas e indústrias.

O Mundo da Usinagem

24




26

Pesquisa & Desenvolvimento

Como as inclusões no material da peça podem afetar o desgaste da ferramenta?

O

s metais fundidos, como o ferro e o aço, contém inclusões não metálicas que, dependendo da composição química, podem ser abrasivas ou dúcteis. Essas inclusões são resultantes das impurezas na liga ou propositalmente introduzidas para melhorar determinadas propriedades do material da peça. Inclusões abrasivas e dúcteis são adicionadas para melhorar a resistência ao desgaste e a usinabilidade do material, respectivamente. Nos discos de freios, produzidos com ferros fundidos de alto carbono, o aumento da quantidade de grafita é compensado pela adição de elementos formadores de carbonetos e/ou carbonitretos, como o titânio e

O desgaste da ferramenta aumentou. A microestrutura do material foi analisada e aparentemente não apresentou nenhuma alteração de grande evidência. Neste caso, como justificar o aumento do desgaste na ferramenta? Este artigo discute como as inclusões presentes no material da peça podem ser as responsáveis pela questão em pauta. o nióbio, introduzindo partículas duras na matriz para aumentar a resistência ao desgaste [1]. Além disto, o titânio melhora propriedades de fricção, evitando o travamento do sistema de freios (CHAPMAN;MANNION,1981 apud. [1]). Nos ferros fundidos, o titânio forma pequenas partículas de carboneto de titânio, inseridas na matriz, com dureza em torno de 3000 DPH. O titânio também consome boa parte do nitrogênio disponível no metal, formando nitreto de titânio [2] e carbonitreto de titânio que é uma solução sólida de carboneto de titânio e de nitreto de titânio. O nióbio pode ser intencionalmente adicionado para formar inclusões de carbonetos de nióbio,

com dureza de 2000 – 2500 DPH [2], para melhorar a resistência ao desgaste das camisas de cilindro do ferro fundido cinzento (CASTELLO BRANCO,1984 apud [3]) e em anéis de ferro fundido dúctil (VATAVUK,1995 apud [3]). Em algumas normas é especificado o uso de molibdênio para conferir resistência à quente e, conseqüentemente, resistência à fadiga térmica [1]. O molibidênio combina com o carbono para formar uma inclusão muita dura de carboneto de molibidênio. A dureza da inclusão de Mo2C varia de 1500 a 1800 DPH [2]. Nas camisas de cilindro é adicionado fósforo para formar steadita e assim melhorar a resistência ao desgaste. A steadita é uma fase


Ilustração: Arte Gráfica

eutética entre o ferro e o fósforo. Quando o fosfeto de ferro e o carboneto de ferro combinam, na microestrutura do ferro fundido, um eutético ternário de ferro, carbono e fósforo é formado. O enxofre, presente na sucata e no coque, tem uma forte afinidade com manganês, resultando na formação das inclusões de sulfeto de manganês durante a solidificação do material. A presença dessas inclusões na matriz não melhora as propriedades mecânicas do ferro fundido cinzento, no entanto, contribui de forma positiva na usinabilidade do material. Freqüentemente, as inclusões de sulfeto de manganês aderem na ferramenta, formando um filme lubrificante que melhora a usinabilidade do material da peça e reduz o desgaste da ferramenta. Melhorar a usinabilidade do material é de grande interesse, em razão do seu significativo impacto sobre a competitividade industrial. No entanto, a adição das inclusões abrasivas, com o intuito de melhorar a resistência ao desgaste de determinados componentes, resulta no detrimento da usinabilidade. Assim, devido ao importante papel das inclusões nas propriedades do material da peça e na usinabilidade, este trabalho tem por objetivo investigar o comportamento

e a influência das inclusões abrasivas e dúcteis na usinagem do ferro fundido cinzento

espessura de 30 mm para assegurar homogeneidade da microestrutura ao longo da seção transversal.

Procedimento Experimental

Caracterização das inclusões

Material O material utilizado nesta pesquisa é o ferro fundido cinzento classe FC 250, com dureza de 200 HB e limite de resistência à tração, no corpo-de-prova em estudo, de 240 MPa. O número de células eutéticas por mm2, Figura 1c, é de 80. O material é formado por uma matriz perlítica, Figura 1b, contendo grafita tipo A, Figura 1a. A composição química é apresentada na Tabela 1. Os corpos de prova utilizados na pesquisa, com 400 mm de comprimento e 120 mm de diâmetro externo, foram produzidos com

A

B

Para identificação das inclusões presentes no material da peça, foi empregado um microscópio eletrônico de varredura. Este equipamento possui acoplado um espectrômetro de energia dispersiva, através do qual foi possível realizar a microanálise química das inclusões presentes na peça e no cavaco. Os cavacos utilizados na análise foram obtidos no processo de torneamento externo longitudinal com ferramentas SNMA 120408 de metal duro, sem cobertura, classe KR3015. Os parâmetros de corte empregados foram: f = 0,257 mm;

100 µm

C

500 µm

200 mm Figura 1 – (a) Classificação da grafita segundo a norma ASTM A247. (b) Matriz perlítica. Reagente: Nital. (c) Células eutéticas. Reagente: Stead.

S Mn P Cu Sn Ti C 0,065 0,477 0,046 0,646 0,064 0,010 3,44 Tabela 1 – Composição química (%).

O Mundo da Usinagem

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Si Cr Nb Mo 2,24 0,195 0,001 0,004


Pesquisa & Desenvolvimento ap = 2 mm; vc = 150 m/min. Amostras metalográficas das seções transversais do cavaco foram preparadas para observar o comportamento das inclusões durante a usinagem. Inicialmente, o cavaco foi coberto com nitrato de prata para reduzir a sua fragilidade, facilitando o manuseio. Para retenção de bordas durante o polimento, as amostras de cavaco foram embutidas em resina de alta dureza. A preparação das amostras metalográficas consistiu no lixamento, com lixas de carbeto de silício, até a lixa com tamanho de grão de 1500 mesh, e no polimento com pasta de diamante de granulometria 0,25 µm. Como lubrificante, durante o polimento, foi utilizado álcool etílico. A microestrutura das amostras metalográficas das seções transversais dos cavacos foi revelada com o reagente nital para que fosse possível correlacionar a deformação da microestrutura com a deformação das inclusões.

MnS

Ampliação 6000x

200 µm

SE

Figura 2 – Inclusão de MnS no ferro fundido cinzento FC 250 com 0,15% S. Reagente: Nital.

40 µm

400 µm

Figura 3 – Inclusão de MnS. (Ferro fundido cinzento com 0,12% S e Vc = 150 m.min-1). Reagente: Nital.

200 µm

Resultados e discussões Tão importante quanto a caracterização da matriz é a identificação e a quantificação das inclusões devido ao seu importante papel no desgaste da ferramenta. A identificação e a quantificação das inclusões presentes na matriz possibilitam avaliar qualitativamente a usinabilidade do material da peça. No ferro fundido cinzento em estudo há tanto inclusões benéficas quanto prejudiciais à usinabilidade. Como inclusão benéfica à usinabilidade, encontra-se o sulfeto de manganês, Figura 2. Quando na interface cavaco-ferramenta, esta inclusão forma um filme lubri-

cementita

Figura 4 – Inclusão de MnS encapsulada pela steadita no cavaco do ferro fundido cinzento usinado a vc=150 m/min. Reagente: Nital.

ficante promovendo a redução dos desgastes da ferramenta por adesão e difusão. A Figura 3 mostra a inclusão de MnS intensamente deformada no cavaco. O efeito lubrificante das inclusões de MnS, na usinagem, pode não ser percebido, principalmente

O Mundo da Usinagem

28

quando a inclusão de MnS está encapsulada pela steadita, Figura 4, ou pela inclusão de TiC [5]. É importante lembrar que a ferramenta de corte utilizada nos ensaios é de metal-duro e que esta contém Ti(C,N) em sua microestrutura. Assim, o material da peça


contém inclusões, Figura 6, com o mesmo grau de dureza das inclusões que constituem a ferramenta. Devido à elevada temperatura desenvolvida na ferramenta de corte, a ação abrasiva das inclusões presentes no material atua no sentido de intensificar o desgaste na ferramenta. A amostra metalográfica de cavaco, Figura 4, mostra a inclusão de MnS encapsulada pela steadita. Embora a matriz perlítica apresente-se intensamente deformada plasticamente, o mesmo não é observado nas inclusões de MnS, isto porque a steadita inibiu a deforma-

ção das inclusões de MnS. A steadita é um eutético ternário, composta pela austenita, carboneto de ferro e fosfeto de ferro [6]. A Figura 5 mostra o comportamento da steadita no cavaco. Comparando com a deformação das inclusões de MnS, Figura 3, e com a inclusão de Ti(C,N), Figura 7, na mesma região, fica evidenciado que a steadita pode ser considerada particularmente prejudicial à usinabilidade do material devido ao seu efeito abrasivo. As inclusões prejudiciais à usinabilidade, presentes no material pes20 µm

200 µm

Figura 5 – Steadita no cavaco do ferro fundido cinzento FC 250 usinado a 200 m/min. Reagente: Nital.

Ampliação 6000x

200 µm

SE

Figura 6 – Inclusão de Ti(C,N) com cromo dissolvido.

O Mundo da Usinagem

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Pesquisa & Desenvolvimento

150 µm

empresa Tupy Fundições Ltda. pelo apoio técnico, fornecimento de matéria-prima e bibliográfica utilizados neste trabalho.

40 µm

Figura 7 – Inclusão de carbonitreto de titânio no cavaco. Vc = 150 m/min. Reagente: Nital

quisado, são: carboneto de titânio, carbonitreto de titânio, Figura 6, carbonitreto de titânio e nióbio, e carboneto de molibdênio. Pode-se observar na Figura 7 que as inclusões com alta dureza, em relação à matriz perlítica, não são deformadas plasticamente, mesmo quando as condições de temperatura e pressão desenvolvidas na interface cavaco-ferramenta são suficientemente altas para promover alterações microestruturais no material da peça. Assim, pode-se concluir que as inclusões de Ti(C,N) são potencialmente prejudiciais à usinabilidade devido ao seu efeito abrasivo. Apesar da intensa pressão e da elevada tensão de compressão e de cisalhamento a inclusão de Ti(C,N) não foi deformada plasticamente, Figura 7, devido à sua elevada dureza, contribuindo, possivelmente, para o desgaste por abrasão na ferramenta de corte. Dentro deste quadro de resultados são apresentadas as conclusões aqui discutidas.

e quantidade, diferentes resultados de usinabilidade podem ser obtidos para o material da peça. Para elucidar a influência das inclusões na vida da ferramenta, secções transversais de cavaco foram preparadas, nas quais pode-se observar que as inclusões com alta dureza, em relação à matriz perlítica, não são deformadas plasticamente, ficando evidente que estas inclusões são potencialmente prejudiciais à usinabilidade. Como conseqüência do comportamento das inclusões de sulfeto de manganês na usinagem, torna-se evidente a característica dúctil dessas inclusões durante a usinagem. Portanto, a análise de algumas amostras metalográficas de cavaco, utilizando um microscópio ótico (equipamento facilmente encontrado a disposição), poderá trazer informações bastante valiosas, facilitando a compreensão a respeito dos resultados de usinabilidade.

Conclusões

Os autores agradecem ao programa de pós-graduação em Engenharia Mecânica (POSMEC) da Universidade Federal de Santa Catarina e ao Usicon pelo suporte financeiro, à Capes pela bolsa de pesquisa e à

A caracterização das inclusões presentes no material da peça é de grande relevância, visto que dependendo das suas características

Agradecimentos

O Mundo da Usinagem

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Adriana Ana Pereira, Lourival Boehs GRUCON – Depto. Eng. Mecânica, UFSC, Florianópolis-SC. Wilson Luiz Guesser Tupy Fundições Ltda. Engenharia Metalúrgica, Joinvile-SC. Depto.Eng. Mecânica, UDESC, Joinvile-SC.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] GUESSER, Wilson L. et al., “Ferros Fundidos Empregados para Discos e Tambores de Freio”, in Brake Colloquium, SAE, 2003, Brasil-Gramado, 2003. [2] LAIRD, G. et al., Abrasion Resistant - Cast Iron Handbook. Ilinois: AFS American Foundry Society, 2000. p.9-103. [3] GUESSER, Wilson L.; GUEDES, Carlos L., “Desenvolvimentos Recentes em Ferros Fundidos Aplicados à Indústria Automobilística”, Seminário da Associação de Engenharia, AEA, 1997, Brasil-São Paulo, 1997. [4] PEREIRA, Adriana A.; BOEHS, Lourival; GUESSER, Wilson L., “The Influence of Sulfur on Machinability of Gray Cast Iron FC 250”, in 38thInternational Seminar on Manufacturing Systems, 2005, Florianópolis. Anais Eletrônicos. Brazil-Florianópolis: CIRP, 2005. CD-ROM. [5] PEREIRA, Adriana A., Influência do Enxofre na Microestrutura, nas Propriedades Mecânicas e na Usinabilidade do Ferro Fundido Cinzento FC 25. Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica - Departamento de Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2005. [6] GOODRICH, G.M., “Cast Iron Microstructure Anomalies and Their Causes”, in AFS Transactions, v. 107, p. 669-681, 1997.



Interface

Ilustração: Arte Gráfica

32

O desenvolvimento tecnológico de um país está intimamente ligado às suas atividades de pesquisa. A pesquisa traz conhecimento, o conhecimento permite o domínio, e o domínio dá confiança.

Pesquisa no setor produtivo: autonomia & desenvolvimento

C

om confiança, qualquer nação, instituição ou pessoa, investe sem correr riscos. E mais, o conhecimento instiga a busca por maiores avanços, maiores conhecimentos, maiores domínios. Pesquisa gera pesquisa! Não por acaso são os países mais ricos os que mais investem em pesquisas. Embora seja no ramo metal-mecânico, não o considero mais ou menos importante que os demais, já que todos os ramos são importantes e interligados: saúde, alimentação, economia, cultura, lazer, sociedade, etc. Mas, por acreditar que o avanço de um ramo pode impulsionar outros, sou um incansável defensor da pesquisa no meu ramo de atuação.

Os engenheiros, ao ingressarem no mercado de trabalho, não devem dedicar-se apenas às rotinas administrativas para não perderem contato com a pesquisa. Caso o façam, deixam de ser engenheiros com o passar do tempo. Perdem a capacidade de engenhar. Ou se tornam engenheiros burocráticos, que assinam papéis, conferem tabelas, fazem relatórios, aceitam a opinião de fornecedores (que são valiosas, mas podem ser perigosas) e, muitas vezes, são levados por eles, por pura falta de poder de argumentação. Tornam-se pessoas que perdem a capacidade de discutir, de questionar, pois seus conhecimentos estão estagnados. Mas, felizmente, a maioria está ciente deste fato e tenho visto nas empresas colegas

com vontade imensa de crescer, de aumentar os conhecimentos. Neste sentido, os cursos de extensão universitária são mecanismos importantes, embora não suficientes. Toda e qualquer informação adicional aprimora a base de conhecimento do indivíduo, mas não existem limites para o conhecimento. Em 1991, ao retornar da Inglaterra, após meu doutorado, em um evento em São Paulo, sobre usinagem, promovido pela hoje extinta SOBRACON – Sociedade Brasileira de Comando Numérico – apresentei trabalho derivado de meu doutoramento, sobre torneamento de ligas de titânio e níquel com fluido de corte aplicado à alta pressão. Neste evento conheci dois engenheiros da Fiat Automóveis (Engº Antônio Maria de Souza Júnior,


que desenvolvemos em parceria, todos tendo por finalidade resolver problemas de usinagem da linha de produção da empresa, muitos desenvolvidos no próprio chão de fábrica da Fiat Powertrain. O referido curso de treinamento foi tão positivo que o repetimos para mais duas turmas, com o auxílio de um aluno de doutorado na época, Wisley Falco Sales, hoje professor e pesquisador da PUCMINAS em Belo Horizonte. Mas a maior demonstração de investimento no conhecimento por parte da Fiat Powertrain veio após Wisley terminar seu doutorado, entrar como professor na PUCMINAS e participar do Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica daquela instituição. Neste programa, desde 2000, já se matricularam aproximadamente 15 engenheiros da Fiat para o mestrado, sem interrupções de suas atividades normais de engenheiros. Vários mestrados já foram concluídos, sendo que o primeiro deles em 2001, foi o do Engenheiro Antônio

Foto: Arquivo

hoje na Fiat Powertrain e Engº Fábio Pires de Morais, hoje na Proema). Dali surgiu a proposta para um curso de treinamento de 40 horas, sobre usinagem, oferecido por mim e pelo colega Prof. Márcio Bacci da Silva, no início de 1993, denominado Usinagem dos Metais. Fizeram o curso 20 engenheiros, entre eles Antônio Maria e Fábio. O grupo de alunos já possuía alto nível de conhecimento prático que, aliado ao conhecimento teórico adquirido no treinamento, garantiram a eles potencial para discernir e analisar cientificamente os problemas de produção que enfrentavam no dia-a-dia e que se tornaram temas para pesquisa científica. Nascia ali uma relação muito frutífera entre a Fiat Automóveis e o nosso Laboratório de Ensino e Pesquisa em Usinagem (LEPU) da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEMEC) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Já são mais de 12 anos de relacionamento, com mais de 10 trabalhos de mestrado e doutorado, concluídos e em andamento,

Da esquerda para direita: Roberto Araujo Piacese (Tecnólogo de processos e produtos), Sandro Luiz Perdigão (Operador de produção), Joel Ferreira da Silva, João André Bastos Ornelas dos Santos e Walter Seppe (Tecnólogos de processos e produtos) da Fiat Power Train. O Mundo da Usinagem

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Interface

Maria de Souza Júnior. Hoje, com o apoio de seus superiores, ele incentiva seus comandados a trilhar o mesmo caminho. Este grupo da Fiat Powertrain desenvolve hoje pesquisas em parceria com outras instituições além da UFU e da PUCMINAS, como a Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG e com a Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Usando este exemplo, não poderia deixar de dizer que o

investimento, estigma que devemos mudar. Devemos ter sempre presente que a chance de errar aplicando metodologia científica é reduzida drasticamente. Eu sempre relaciono o termo científico com o conhecimento. Otimizar é uma palavra muito rígida, difícil de atingir em qualquer sistema, e eu sempre prefiro substituí-la por capacidade de prever. O Professor Milton Shaw, em seu livro Metal Cutting Principles [Oxford University Press, New York, USA, 1986] comenta: A usinagem é um processo tão complexo, com um número de variáveis tão grande que é impossível prever (otimizar) o seu comportamento. Mas isto não quer dizer que pesquisas científicas não têm valor. Pelo contrário, toda pesquisa bem elaborada e corretamente interpretada contribui para o conhecimento do processo. E conhecimento é o passo mais próximo da capacidade de prever (otimizar). As pesquisas que fazemos no Brasil não deixam nada a desejar àquelas feitas nos países desenvolvidos. Nós temos o principal, que é a qualidade elevada dos recursos humanos, que compensa muitas deficiências. A grande diferença de nossas pesquisas, comparadas com a dos países ricos, está na infra-estrutura laboratorial e nos salários per-

“O maior investimento que uma nação, uma instituição, uma empresa podem fazer, é qualificar seu pessoal” treinamento de atualização, a especialização, o mestrado (podendo ser o profissionalizante que pode ser mais objetivo para a empresa), e o doutorado devem estar nos objetivos do setor de RH das empresas. Além de formar, elas podem e devem, também, contratar mestres e doutores prontos. Infelizmente, as empresas nacionais ainda não têm esta cultura. A grande maioria enxerga a capacitação como custo e não

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cebidos pelos pesquisadores, ambos insuficientes no Brasil. Não que os órgãos governamentais não apoiem a pesquisa. Isto acontece, mas o investimento não é ainda o necessário. Também, com pouco investimento, os pesquisadores emergentes são os mais prejudicados pois, justamente no início de suas carreiras, quando precisam criar a infra-estrutura básica, com mais recursos, sofrem uma concorrência desleal com pesquisadores mais tarimbados e com maior capacidade de produção científica, que acabam levando todos os recursos nos editais. Claro que não se pode deixar de lado a experiência dos proponentes, mas deveria haver um critério que considerasse os emergentes. O ideal é disponibilizar recursos para fomentar a todos, mas enquanto isto ainda é sonho, novos critérios deveriam ser usados. Devo citar, também, o baixíssimo investimento em pesquisa por parte das empresas privadas nacionais. Com raríssimas exceções, a grande maioria das empresas vê a pesquisa como custo e não como investimento. Mais ainda, algumas acham que os pesquisadores podem trabalhar sem custos, ou talvez, pensam que eles já são pagos para isto (sic!), e jamais poderiam cobrar pelo seu trabalho. Assim como a infra-estrutura, os salários dos pesquisadores são pontos diferenciais entre os países ricos. Enquanto nos EUA um pesquisador sênior, com 20 – 25 anos de experiência recebe um salário que varia de US$120.000 a US$150.000 por ano, aqui recebemos de US$25.000 a US$35.000. Contudo, embora o empresário brasileiro seja inteligente, a visão


Nova rede de Pesquisa de curto prazo, infelizmente, predomina. O médio e o longo prazo, normalmente, ficam em segundo plano. Mas eu gostaria de insistir no tal do conhecimento, que não tem prazo e não tem hora, parafraseando a propaganda de educação do MEC. Mas é verdade, e também não tem preço. O maior investimento que uma nação, uma instituição, uma empresa podem fazer, é qualificar seu pessoal. Por educação, refiro-me a todos os níveis: graduação, especialização, mestrado, doutorado e os chamados cursos de atualização ou treinamento. E a educação continuada é de fundamental importância, pois a velocidade de avanço e crescimento da tecnologia é espantosa. Você empresário, gostaria de ver seu engenheiro conhecedor, discutindo e propondo soluções ou prefere vê-lo como franco atirador, burocrático e aceitando as decisões dos fornecedores? Outra atividade importante é a participação em Congressos da área. Na fabricação, é fundamental participar do COBEF – Congresso Brasileiro de Engenharia de Fabricação – e do COBEM – Congresso Brasileiro de Engenharia Mecânica, que acontecem nos anos ímpares. Acredito firmemente que as empresas que apenas recebem transfe-

Outra rede de pesquisa na área de usinagem foi formada no final de 2004, patrocinada pelo CNPq, com a participação de 11 instituições de pesquisas e 7 empresas do ramo metal-mecânico: é a Rede de Materiais Avançados com Usinabilidade Melhorada, coordenada pelo professor Álisson Rocha Machado. Ela é dividida em quatro subprojetos: Usinagem de aços-de-livre-corte, usinagem de ligas austeníticas, usinagem de aços para matrizes e usinagem de ferros fundidos. Qualquer empresa produtora ou usuária desses produtos pode e deve participar da rede. Além de ter acesso aos resultados das pesquisas participam de workshops e reuniões de trabalho, geralmente com discussão de temas relacionados à usinagem desses materiais. Normalmente, os temas das pesquisas em desenvolvimento são problemas das empresas envolvidas e como contrapartida, geralmente elas oferecem bolsas de iniciação científica, de mestrado e doutorado, integral ou parcial. Os interessados podem contactar o Professor Álisson Rocha Machado <alissonm@mecanica.ufu.br> rência de tecnologia serão atropeladas pelo avanço tecnológico, ou serão empresas burocráticas, totalmente dependentes, sem chance de crescimento, com vida curta. CONHECIMENTO é a palavra-chave. Desta forma, a pesquisa é a chave. Vai garantir o domínio de tecnologias. Hoje, os centros de formação de pessoal e de desenvolvimento de pesquisa em usinagem no nosso país são muitos. Formamos um número considerável de mestres e doutores nos últimos anos. Hoje temos um bom contingente fazendo parte do IFM, o Instituto Fábrica do Milênio, uma rede de mais de 350 pesquisadores, 31 grupos de pesquisas e 19 instituições, patrocinado pelo CNPq-MCT,

coordenado pelo Professor João Fernando Gomes de Oliveira, da Engenharia de produção da USP de São Carlos – SP, que tem como principal função buscar solucionar problemas da indústria metalmecânica que atua na área de fabricação. Vale a pena consultar o site: www.ifm.org.br onde o leitor encontrará detalhes da atividade desenvolvida pela rede, além de publicações e outras informações importantes da área de manufatura. Como um bom mineiro, vou resumir: Estamos com a faca e o queijo, convido todos os empresários para o banquete... Álisson Rocha Machado LEPU - Faculdade de Engenharia Mecânica Universidade Federal de Uberlândia-MG.

Laboratórios de Pesquisa Podemos citar, além do laboratório da UFU, com parti-

UNICAMP (Anselmo Eduardo Diniz e Olívio Novaski).

cipação dos professores Álisson Rocha Machado, Márcio

UFMG (Alexandre Abrão e Juan Carlos Rúbio).

Bacci da Silva e Helder Barbieri Lacerda, os seguintes

UNIMEP (Nivaldo Lemos Coppini e Klaus Schützer).

laboratórios que já estão consolidados e com destaque

PUCMINAS (Wisley Falco Sales).

de atuação e seus respectivos professores:

UNIFEI ( João Roberto Ferreira). SOCIESC (Marcelo Teixeira dos Santos).

USP São Carlos (João Fernando Gomes de Oliveira e

CEFET MG (Sandro Cardoso dos Santos).

Reginaldo Teixeira Coelho).

UFSJ (Durval Uchôas Braga).

UFSC (Walter Lindolfo Weingaertner, Rolf Bertrand Schöe-

FAENQUIL (Marcos Valério Ribeiro).

ter e Lourival Boehs).

UFES (Flávio José dos Santos).

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OTS

Ilustração: Arte Gráfica

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A AIM, associação que reúne o ITA e oito parceiros privados, entre eles a Sandvik Coromant e a Titex Plus, já contribuiu para a otimização de processos de 55 empresas.

A

relação entre universidades, institutos de pesquisa e o setor industrial registrou um salto significativo nos últimos anos. Ações governamentais associadas a movimentos das instituições de ensino e pesquisa e das próprias indústrias têm contribuído para a criação de um ambiente de intercâmbio que certamente trará inúmeros benefícios ao desenvolvimento da tecnologia no País. Criada no início de 2004, a AIM - Associação de Inteligência em Manufatura - é uma das iniciativas mais recentes e promissoras nessa área. Instalada no campus do ITA: Instituto Tecnológico de Aeronáutica, em São José dos Campos (SP), a própria AIM é resultado da parceria entre universidade e empresas, tendo à frente a Sandvik Coromant, a Siemens e a

Hermle. A esse grupo inicial, associaram-se em seguida a Balzers, a Blaser Swisslube, a Unigraphics, a Villares Metals e a Titex Plus. Os parceiros têm o compromisso de disponibilizar para a AIM o estado-da-arte em suas respectivas áreas de atuação. “O ITA procurou juntar num mesmo ambiente empresas de tecnologias complementares que aumentassem a sinergia para os desenvolvimentos industriais aplicados no chão-de-fábrica”, explica o coordenador da AIM, professor Jefferson de Oliveira Gomes. A princípio, a proposta da entidade era a de desenvolver pesquisa aplicada voltada para os setores automotivo, aeronáutico e de ferramentarias, mas esse espectro foi ampliado para abrigar também os setores de petróleo e de próteses para a área médica.

Contando com modernas instalações - foi eleita a Melhor Instalação em Engenharia pelo Guia do Estudante da Editora Abril -, a AIM se propõe a realizar trabalhos de desenvolvimento de dispositivos eletrônicos, de prototipagem rápida, de processos de usinagem, de técnicas CAM para otimizar a vida das ferramentas e de técnicas CAD CAM necessárias à perfeita utilização de máquinas com cinco eixos simultâneos, da modelagem dos produtos ao pós-processamento CNC. “Parte significativa das pesquisas está relacionada ao processo de cinco eixos simultâneos”, informa Gomes. A estruturação da AIM atende tanto a indústria quanto a academia. De um lado, ao prestar serviços à indústria, promove o aumento da competitividade e a otimização das


OTS empresas. “Nossas pesquisas aplicadas são tratadas como um produto: têm cronograma, prazo de entrega e serviço pós-venda”, diz o coordenador. Os serviços são cobrados e os recursos obtidos são destinados à manutenção e atualização do laboratório, assim como ao custeio de bolsas dos hoje 31 colaboradores da associação, entre pesquisadores e técnicos. O lucro gerado vai para o desenvolvimento de pesquisas fundamentais, ou seja, aquelas que ainda não têm aplicação no chão-de-fábrica. Gomes vê benefícios para todos os participantes. Os clientes recebem um conjunto de conhecimentos e soluções que irá otimizar a sua produção. Os alunos têm a oportunidade de desenvolver trabalhos ligados a situações reais do cotidiano industrial, devendo gerir projetos, respeitar prazos e, portanto, ficam preparados para atuar nas corporações. “Com a

a AIM é um espaço tecnológico onde os parceiros têm a oportunidade de realizar testes e simulações nem sempre possíveis na planta de seus clientes.

associação, nós fechamos o ciclo de formação de profissionais diferenciados para o mercado”, afirma. Um detalhe é que os trabalhos realizados também vão gerando outros frutos, como a produção de quase uma dezena de teses de mestrado e doutorado, assim como inúmeros artigos e trabalhos publicados em revistas especializadas e apresentados em congressos. Um dos trabalhos realizados, aliás, está em vias de se transformar em patente. A sinergia criada no interior da AIM tem ainda levado os parceiros a associarem-se em trabalhos fora do âmbito da instituição, um exemplo sendo o seminário realizado pela Sandvik Coromant, Siemens e Unigraphics. Já os parceiros da AIM, além de associar suas marcas à iniciativa, têm na entidade um veículo de divulgação de seus produtos e tecnologias. Fernando Garcia de Oliveira, gerente de OTS da Sandvik Coromant, conta que a empresa abraçou a idéia desde o início. “Entre outros fatores, porque assim participamos da geração de conhecimento em processos e tecnologia que nós próprios vamos poder utilizar em nossas ofertas aos nossos clientes”, frisa. O gerente lembra ainda que a AIM é um espaço tecnológico onde os parceiros têm a oportunidade de realizar testes e simulações nem sempre possíveis na planta de seus clientes. “A AIM é atualmente uma fonte de recursos tecnológicos para a Sandvik”, diz, justificando o fato de o grupo Sandvik ter colocado duas de suas empresas como parceiros da AIM, a Sandvik Coromant e a Titex Plus.

Ilustração: Arte Gráfica

SERVIÇOS PRESTADOS Ao longo dos seus quase dois anos de operação, a AIM já atendeu cerca de 20 empresas de grande porte e 35 pequenas e médias empresas. Entre os

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serviços prestados, na área de CNC, estão o desenvolvimento de projeto para evitar ruídos em alta velocidade, para a Embraer; otimização da usinagem de aços de trabalho a quente, para a Volkswagen. Para um grupo de ferramentarias ligadas à ACIJ (Associação Comercial e Industrial de Joinville) foi realizado um trabalho de otimização das estratégias de CAM para desbaste e acabamento. Christian Dihlmann, expresidente do Núcleo de Usinagem e Ferramentaria da ACIJ, lembra que o trabalho realizado atendeu plenamente às necessidades do grupo de empresas. “Precisávamos melhorar o desbaste e acabamento do aço 120, muito utilizado nas ferramentarias. A AIM realizou ensaios visando a melhoria das condições de corte e nos repassou os resultados obtidos. Com essas informações, algumas empresas conseguiram ganhos de até 50%”, informa. Contando com um banco de dados com informações de 50 empresas nacionais e internacionais, a AIM também está capacitada a realizar benchmarkings para avaliar o desempenho organizacional e tecnológico de empresas do ramo de usinagem. Nesse campo já atendeu um grupo de 25 fornecedores da Embraer, a pedido da empresa aeronáutica, e oito associados da Virfebras, associação de ferramentarias de Caxias do Sul (RS). “Trata-se de um projeto inteligente e que dá certo”, comenta Fábio Panageiro, diretor industrial da Panmetal, um dos 25 fornecedores da Embraer beneficiados com o serviço. A partir do estudo de benchmarking tecnológico, a Panmetal pôde conhecer sua situação perante empresas européias, asiáticas e americanas que atuam em seu segmento e, inclusive, conhecer as reais possibilidades de se transformar num fornecedor


Destaque em Encontro Mundial de Usuários de Prototipagem Rápida (FDM) para montagem desenvolvida pelo ITA.

Prêmio Melhores Universidades - Categoria Instalações Físicas recebido pelo ITA com destaque para o CCM/AIM.

global de usinagem de precisão de aeropeças. “Os dados e gráficos passados pela AIM nos permitiram visualizar melhor o quadro das nossas necessidades. As sugestões apresentadas estão sendo avaliadas e estamos pensando em investir”. José Wilmar de Melo Justo Filho, diretor da ThyssenKrupp Autômata, fornecedora de peças usinadas e subconjuntos para a indústria aeronáutica, também se diz satisfeito com o trabalho realizado. Em sua análise, as informações obtidas no estudo permitiram à empresa “notar pontos que estavam passando despercebidos e nos ofereceu um outro foco para a problemática da usinagem em nossa empresa”. Na área de fresamento em cinco eixos simultâneos foi realizado um projeto para a Petrobras, em parceria com a Divisão de Física do ITA, sobre técnicas de fabricação de componentes de turbinas a gás. Esse trabalho originou duas teses de mestrado. Para a Avibras, em parceria com a Divisão de Mecânica Aeronáutica do ITA, foi feito um trabalho na área de fabricação de turbinas, que por sua vez deu origem a uma tese de doutorado. Na área de prototipagem rápida, a AIM realizou estudos para a Embraer sobre o desenvolvimento de protótipos funcionais, incluindo testes de resistência mecânica e inflamabilidade. Para a

GM, desenvolveu protótipos funcionais e realizou testes em motores, incluindo testes de polímeros e modelos. Já para a Unesp-Guaratinguetá desenvolveu moldes de vazamento, com posterior sinterização de TiMo e alumina, para a fabricação de próteses utilizadas em cirurgias de cranioplastia. Os trabalhos para a Embraer e Unesp deram origem a teses de doutorado. Para a Fundição Tupy, foi realizado um projeto de otimização das operações de furação, brunimento (resultando num trabalho de mestrado) e o gerenciamento de fluidos de corte na usinagem de ferro fundido vermicular. Também já utilizaram os serviços da AIM, empresas como a Bosch, Eleb (parceria da Embraer com a Liebherr) e Villares Metals. Ao reunir desde o fabricante de aços até o de CNC, incluindo todas as variáveis que interferem no processo de usinagem, como máquinas, ferramentas, revestimentos, lubrificantes e softwares de CAD/ CAM, a AIM introduziu um modelo organizacional inédito, na opinião de Fernando Oliveira, da Sandvik. “A AIM já conquistou o respeito do mercado e está se transformando num pólo gerador de tecnologia que terá reflexos na competitividade da indústria brasileira”, ressalta. De Fato Comunicações

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40

Destaques

CoroPlex MT ™

combina dois conceitos de sucesso em um para usinagem multitarefa

A

introdução da ferramenta multifuncional CoroPlex™ MT da Sandvik Coromant estabeleceu um novo padrão que é de máximo benefício ao usuário para operações realizadas com a mais recente tecnologia em termos de máquinas-ferramenta. O CoroPlex MT é uma combinação de dois conceitos de suces-

so em um – CoroMill 390 e CoroTurn 107. É usada tanto em aplicações rotativas como uma ferramenta efetiva em operações de fresamento – quanto indexada em várias posições opcionais para aplicações estacionárias como o torneamento, usando duas pastilhas CoroTurn 107 diferentes. A ferramenta Sandvik Coromant CoroPlex MT multifuncional foi desenhada para uso praticamente irrestrito de todas as posições de pastilhas sem auxílio de qualquer software extra. Embora o CoroPlex MT seja específico para usinagem Multitarefa, é fácil de usar essa ferramenta em máquinas um pouco mais antigas

que ainda trabalham com uma capacidade de software limitada a ciclo standards convencionais. O CoroPlex™ MT é uma ferramenta multifuncional inovadora para acabamento de peças em um único set-up com tempo de máquina parada reduzido. Essa ferramenta também completa a gama de ferramentas Sandvik Coromant dedicadas para usinagem Multitarefa, junto com as ferramentas conjugadas CoroPlex TT, com duas pastilhas em um suporte proporcionando a possibilidade de mudar as operações de modo momentâneo; e o CoroPlex SL minitorre, com quatro ferramentas em uma.


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Movimento

Sandvik Coromant - Programa de Treinamento 2006 Mês

TBU

Fev

20 e 21

Mar

13 e 14

Abr

24 e 25

Mai

29 e 30

Jun

19 e 20

Jul

03 e 04

TFR

UMM

27, 28, e 29 10 e 11 08, 09, 10 e 11

Ago 07 e 08 Set

25 e 26

Out

16 e 17

Nov

EAFT

11, 12, 13 e 14 13 e 14

26, 27 e 28 14, 15 e 16

EAFF

OUT 13, 14, 15 e 16

OUF

TUA

TGU

03, 04 e 05

17, 18 e 19

24, 25, 26 e 27

18, 19 e 20

27, 28 e 29

Técnicas Básicas de Usinagem (14 horas em 2 dias) Técnicas de Furação e Roscamento com Fresa (14 horas em 2 dias) Escolha e Aplicação de Ferramentas para Torneamento (21 horas em 3 dias) Usinagem de Moldes e Matrizes (28 horas em 4 dias) Escolha e Aplicação de Ferramentas para Fresamento (21 horas em 3 dias)

20, 21, 22 e 23

05, 06 e 07 28, 29, 30 e 31 02, 03 e 04

06, 07 e 08

Otimização da Usinagem em Torneamento (28 horas em 4 dias) Otimização da Usinagem em Fresamento (28 horas em 4 dias) Técnicas para Usinagem Automotiva (21 horas em 3 dias) Técnicas Gerenciais para Usinagem (21 horas em 3 dias)

Arte Gráfica Comunicação

Mais informações sobre os cursos, acesse www.cimm.com.br

Blaser


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Contatos

O leitor de O Mundo da Usinagem pode entrar em contato com os editores pelo e-mail: omundo.dausinagem@sandvik.com

FALE COM ELES

AIM (12) 3947 5814 BD (Brasil) (11) 5185 9887

Revista Desafios do Desenvolvimento (61) 3315 5188 Sandvik Materials Technology Divisão de Tubos (11) 5696 5408 Tupy Fundições Ltda. Engenharia Metalúrgica, Joinvile-SC. (47) 4009 8181

Ilustração: HGF Comunicação

UDESC, Depto.Eng. Mecânica (48) 3231 1500 Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC (48) 3331 9387 Ramal:229 Universidade Federal de Uberlândia/LEPU-FEMEC (34) 3239 4148 Voith Siemens (11) 3944 5264

Anunciantes Aços Roman..........................40 Blaser....................................29 Castrol..................................23 Coopertec.............................33 Deb’Maq...............................31 Dynamach............................11

Ergomat................................15 Faro.......................................39 FMU.....................................37 Hanna...................................13 Kabel Schlepp......................41

Metroltec..............................43 Romi.....................................25 SKF.......................................02 T.A.G. ..................................09 Villares Metals......................17

Sandvik Coromant e seus Distribuidores Amazonas-AM: MSC, Manaus, Tel: (92) 3613 2350 Bahia-BA: Sinaferrmaq, Lauro de Freitas, Tel: (71) 3379 5653 Ceará-CE: Ferrametal, Fortaleza,Tel:(85) 3287 4669 Espírito Santo-ES: Hailtools, Vila Velha,Tel: (27) 3320 6047 Mato G. do Sul-MS: Kaymã, Campo Grande, Tel: (67) 321 3593 M i n a s G e r a i s - M G : Escândia, Belo Horizonte, Tel: (31) 3 2 9 5 7297; Sandi, Belo Horizonte,Tel: (31) 3295 5438; Tecnitools, Belo Horizonte, Tel: (31) 3295 2951; Tungsfer, Ipatinga, Tel: (31) 3825 3637 Paraná-PR: Gale, Curitiba, Tel: (41) 3339 2831; Oliklay, Curitiba, Tel: (41) 3327 2718; PS Ferramentas, Maringá, Tel: (44) 265 1600 Pernambuco-PE: Recife Tools, Recife,Tel: (81) 3268 1491 Rio de Janeiro-RJ: Jafer, Rio de Janeiro, Tel: (21) 2270 4835; Machfer, Rio de Janeiro, Tel: (21) 2560 0577; Toolset, Rio de Janeiro,

Tel: (21) 2560 0577; Trigon, Rio de Janeiro, Tel: (21) 2270 4566 Rio Grande do Sul-RS: Arwi, Caxias do Sul, Tel: (54) 3026 8888; Consultec, Porto Alegre, Tel: (51) 3343 6666; F.S., Porto Alegre, Tel: (51) 3342 2463 Santa Catarina-SC: GC, Joaçaba, Tel: (49) 3522 0955; Repatri, Criciúma, Tel: (48) 3433 4415; Thijan, Joinville, Tel: (47) 3433 3939; Logtools, Joinville, Tel: (47) 3422 1393 São Paulo-SP: Atalanta, São Paulo,Tel: (11) 3837 9106; Cofast, Santo André, Tel: (11) 4997 1255; Cofecort, Araraquara, Tel: (16) 3333 7700; Comed, Guarulhos, Tel: (11) 6442 7780; Diretha, São Paulo, Tel: (11) 6163 0004; Maxvale, S. José dos Campos, Tel: (12) 3941 2902; MegaTools, Campinas, Tel: (19) 3243 0422; PS Ferramentas, Bauru, Tel: (14) 3234 4299; Pérsico, Piracicaba, Tel: (19) 3234 4299

Sandvik Coromant, atendimento ao cliente : 0800 - 559698



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