OMU 104

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104 Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147

Torcomp Crédito: AB Sandvik Coromant

Indústria automotiva supera desafios da furação profunda e aumenta a eficiência

CoroDrill 805

produtividade

Unidade de pastilhas e ferramentas especiais da Sandvik do Brasil aumenta competitividade com ferramenta de gestão

entrevista

Coordenador da Feimafe avalia o setor no atual cenário do país

soluções de usinagem

Biblioteca de ferramentas AdveonTM ajuda indústria a ser mais produtiva em seus processos


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2

o mundo da usinagem

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4

sumário

soluções de usinagem 1

Solução especial ajuda Torcomp a melhorar processos e a realizar novos investimentos

20

conhecendo um pouco mais

expediente:

Bitcoin: como funciona, as vantagens e os riscos da moeda

24

educação e tecnologia O caminho das startups para viabilizar projetos de inovação dentro das empresas

O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 15.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. As fotos sem menção de créditos foram captadas no banco de imagem Shutterstock.

Fabio Ferracioli (Events Manager, Sandvik Coromant) é responsável pela publicação da revista “O Mundo da Usinagem”

Edição: Alfredo Ogawa (Kreab); coedição: Vera Natale (Sandvik Coromant do Brasil); revisão: Luiz Carlos Oliveira (Kreab)

Colaboraram nesta edição: Inês Pereira (coordenação editorial e reportagem); Samuel Cabral (edição de arte)

Jornalista responsável: Alfredo Ogawa - MTB 17077/SP Tiragem: 7.500 exemplares; Impressão: Pigma Gráfica Editora Ltda.

abril.2015/104

Acompanhe a REVISTA O MUNDO DA USINAGEM digital em: www.omundodausinagem.com.br Contato da Revista OMU Você pode enviar suas sugestões de reportagens, críticas, reclamações ou dúvidas para o e-mail da revista O Mundo da Usinagem: faleconosco@ omundodausinagem.com.br ou ligue para: 0800 777 7500

edição 104 • abril/2015

10

produtividade

O TPM e os ganhos de competitividade da planta de pastilhas e ferramentas especiais da Sandvik do Brasil

16

entrevista

Alfredo Ferrari fala da importância da Feimafe para realização de negócios e intercâmbio de conhecimento

28

soluções de usinagem 2

32

negócios da indústria

36

nossa parcela de responsabilidade

A biblioteca de ferramentas AdveonTM aumenta a produtividade e a segurança dos processos de usinagem

A crise hídrica reúne indústrias em evento para apresentação de soluções e boas práticas

A mensagem do gerente Marcos Soto

o mundo da usinagem

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soluções de usinagem 1

A escolha

certa Com a adoção de ferramentas especiais, a Torcomp, que atua no setor automotivo, eliminou deficiências no processo de produção e reduziu pela metade seu tempo de furação, ganhando espaço para novos investimentos

4

o mundo da usinagem

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Por Fernando Sacco

T

ornar o processo de fura-

com prazos cada vez mais aper-

desafio constante para a

gerente de Pesquisa, Desenvolvi-

ção mais produtivo é um

indústria metalmecânica. Quan-

do se trata de furação profunda,

mento e Assistência.

A deficiência no processo

este desafio é ainda maior, dada

produtivo acontecia, sobretudo,

caso da Torcomp, especializada

estava sendo capaz de atingir pa-

a complexidade da operação. No no fornecimento de peças para

a cadeia automotiva, o objetivo foi alcançado por meio de dedi-

cação, atenção aos detalhes e conhecimento dos processos.

A empresa procurava reduzir

o tempo de produção de uma família de pinos de articulação —

fabricados em aço SAE 4140, um material com elevada resistência à fadiga e largamente utiliza-

do na produção de eixos, bielas Crédito: Izilda França

tados”, conta Reinaldo Martins,

e virabrequins — aplicados em

porque a broca empregada não râmetros que atendessem às necessidades de produção.

“A broca operava em um

processo

intermitente

através

do ciclo pica-pau, com paradas regulares. A vida útil dessas fer-

ramentas era muito reduzida,

furávamos de cinco a dez metros apenas e as quebras aconteciam com frequência”, acrescenta Car-

los Vinícius Lemes, coordenador de processos da Torcomp.

Outro fator que comprometia

veículos da linha amarela, como

a efetividade do processo era a

Apesar dos diferentes com-

são de lubrificação não ultrapas-

tratores e retroescavadeiras.

primentos de furo, todos os pro-

cessos conduzidos na empresa

envolvem a furação profunda, cuja relação diâmetro/comprimento da ferramenta varia entre 20xD e 30xD. “Não estávamos

conseguindo atender à demanda

de produção desta peça. Os lotes

estavam se acumulando, não havia rendimento e trabalhávamos

máquina empregada, cuja pressava os 4 bar. Segundo Davison

Souza Silva, técnico de processos da empresa, “o entupimento era comum, o que aumentava ain-

da mais o índice de quebra das ferramentas”. “Não estávamos

alcançando os índices de produ-

tividade previstos nas cotações”,

resume o presidente da Torcomp, Fabrizio Giovaninni.

Chão de fábrica e vista de entrada da Torcomp em São Paulo.

Empresa conta com mais duas unidades em Cornélio Procópio (PR) e Chambersburg, no estado da Pensilvânia (Estados Unidos)

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o mundo da usinagem

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soluções de usinagem 1 Crédito: Izilda França

Qualidade ampliada Manter processos ineficientes,

ainda mais em um mercado com

altíssimo grau de competição, não era o objetivo da Torcomp, que tem como política a flexibi-

lidade para se adaptar à rápida

evolução do mercado e a busca constante por processos de qua-

lidade. “Nosso objetivo é produzir no melhor tempo e com o menor custo, sem abrir mão da

qualidade final”, diz o gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Assistência, Reinaldo Martins.

A saída foi alcançada por

meio de um trabalho conjunto entre a equipe da Sandvik Coro-

mant e os técnicos da Torcomp com foco na otimização do ferra-

Broca especial com geometria

ram propostos um novo processo

conceito da CoroDrill 861:

modificada, no mesmo

mental. Após alguns estudos, fo-

e a utilização de uma broca bem

tempo de ciclo foi reduzido de

especial e no mesmo conceito de

No detalhe, peça finalizada

5,06 min para 2,39 min.

longa, de 30xD, com geometria aplicação da CoroDrill 861. “Trata-se de uma ferramenta versátil

e de alta performance, que pode

ser aplicada em diversos tipos de materiais”, explica o especialista técnico Marcos Morine.

Indicada para a usinagem de

furos profundos com altas veloci-

dades de corte, a nova ferramenta conta com uma cobertura especial aplicada na ponta da broca.

O que, segundo Morine, propicia

um escoamento mais eficiente dos cavacos, já que diminui o coeficiente de atrito. A geometria espe-

cial da broca também gera cava6

o mundo da usinagem

cos menores e mais gerenciáveis,

A equipe técnica da Sand-

fazendo com que o resultado seja

vik Coromant forneceu, ainda,

A fim de garantir mais versa-

intuito de alcançar os melhores

rapidamente identificado.

tilidade e estabilidade, o grupo

adotou ainda o sistema modular de troca rápida Coromant Capto.

“Isso nos ajudou a alinhar com precisão a ferramenta, reduzin-

do a possibilidade de quebras”, explica o técnico de processos,

Rafael Souza Santos. Além disso, o tempo de preparação também ficou menor.

treinamentos específicos com o

resultados. “Juntos, redefinimos as estratégias de usinagem. Na

primeira aplicação, já consegui-

mos 40 metros de usinagem, triplicando o desempenho do

processo anterior”, conta Rafa-

el Verçosa, vendedor técnico da

Sandvik Coromant, que partici-

pou do processo de implantação da nova broca.

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Benefício geral O grupo logo abandonou o

xiliar técnico e responsável pela

balhar na chamada furação contí-

A broca permite ainda, em mé-

modelo pica-pau e passou a tra-

dia, cinco reafiações com 100% de

nível de otimização foi exce-

broca nova, o que eleva seu ren-

lente, resultado de um trabalho

conjunto e dedicado de todos os

profissionais envolvidos”, avalia Reinaldo Martins.

Quem também se beneficiou

com a modernização dos pro-

desempenho comparado a uma dimento para 240 metros lineares

de usinagem, em média: “Um aumento significativo da vida útil

Trata-se de uma solução ali-

de usinagem, houve uma reade-

bre o faturamento total. “Nesse

acabando assim com o estoque intermediário.

“O antigo modelo nos obriga-

va a ter um estoque maior, uma logística mais complexa que não

que busca 4% de melhoria sosentido, a adoção de novas ferramentas e equipamentos mais modernos é fundamental”, anali-

sa o coordenador de processos da Torcomp, Carlos Vinícius Lemes.

Tendo em vista um processo

favorecia a produção. Atualmen-

de produção mais moderno, a

menor, já que não precisamos re-

novo torno CNC, com 70 bar de

te, o estoque de ferramentas é por as quebras, além disso, man-

temos um estoque virtual com a Sandvik Coromant, evitando qualquer tipo de surpresa”, ex-

plica Alex Gonçalves Coelho, au-

presidente da Torcomp

Souza Silva, técnico de processos.

nhada aos objetivos da empresa,

quação da linha de produção,

Fabrizio Giovaninni,

da ferramenta”, calcula Davison

cessos foi o departamento de estoque. Com a redução do tempo

coordenador de processos

gestão de estoques da Torcomp.

nua, resultando em um aumento

de produtividade de 112%. “O

Carlos Vinícius Lemes,

Reinaldo Martins,

gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Assistência

empresa também adquiriu um pressão. Segundo o vendedor técnico Rafael Verçosa, “o ganho financeiro alcançado com a nova

ferramenta foi crucial nesse in-

vestimento já que, após o incre-

Rafael Verçosa,

vendedor técnico da Sandvik Coromant

Escolha acertada FERRAMENTA

PROCESSO

TEMPO DE CICLO

FABRICANTE

Broca de aço rápido

Furação Pica-pau

12,0 min

Concorrente

Broca de metal duro

Furação Pica-pau

5,06 min

Concorrente

Broca especial conceito CD 861

Furação Contínua

2,39 min

Sandvik Coromant

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soluções de usinagem 1 Crédito: Izilda França

mento da produtividade, houve também um aumento na demanda para essa aplicação”.

Mais uma prova dos bons re-

sultados de um trabalho conjun-

to e bem conduzido, com reflexos

em diversas áreas da empresa. Com isso o grupo mostra que

não existe problema sem solução. Basta apenas aliar equipes técnicas experientes e dispostas a che-

gar sempre ao melhor resultado. Não se trata apenas de ganhos de

tempo, mas de uma parceria de resultados que fortalece, acima de tudo, o trabalho competente.

As equipes comemoram os resultados

positivos da parceira, no dia 4/02/2015.

Da Torcomp (de pé) e da Sandvik Coromant (agachados)

Aposta no crescimento A Torcomp nasceu já como uma empresa espe-

planta irá nos ajudar a alavancar este volume, ga-

motivo. Sua origem está atrelada à chegada da mon-

mento de retração econômica no Brasil”, defende

cializada na usinagem de peças para o setor autotadora Scania na região do ABC paulista, em 1957.

Atualmente, a Torcomp conta com 150 cola-

Fabrizio Giovaninni, presidente da empresa.

Outro investimento relevante nos últimos

boradores e cerca de 40 máquinas CNC, distribu-

anos foi o aprimoramento da área de tratamento

Procópio, com o maior parque de CNCs no norte

mosfera controlada e máquinas para pré-aqueci-

ídos em duas unidades, em São Paulo e Cornélio do Paraná.

A empresa também acaba de inaugurar uma

nova unidade em Chambersburg, no estado da

térmico. A empresa adquiriu dois fornos de at-

mento e revenimento, agregando novos processos e mercados.

No campo ambiental os números impressio-

Pensilvânia (EUA). A nova planta de 1.600 m²,

nam. O índice de reciclagem da empresa é de

próximos quatro anos, servirá de base para ex-

sa: ISO 9001, ISOTS 16949, ISO 14001, OHSAS

que prevê investimentos de US$ 9 milhões nos

portações e, ao longo dos próximos meses, deverá iniciar a fase de produção de peças e com-

99,8%. A lista de certificações também é exten18001, SA 8000 e BEST 4.

Investindo na tríade de qualidade, empreen-

ponentes. “Muitas operações conduzidas nas

dedorismo e inovação, a Torcomp mostra que a

ca Reinaldo Martins.

desafios da economia. Ao contrário, é preciso

plantas brasileiras servirão de referência”, expli“Já exportamos para EUA e México e esta nova

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nhando mais mercado e superando o atual mo-

o mundo da usinagem

apatia não é a melhor fórmula para superar os buscar sempre novas oportunidades.

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BLASER

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o mundo da usinagem

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produtividade

Melhoria contínua Fotos: Ricardo Correa

Baseado em contribuição e engajamento dos colaboradores, o TPM (Gerenciamento Produtivo Total) atua na gestão e melhora a eficiência operacional da Sandvik

Os líderes do programa

TPM mantêm o constante aperfeiçoamento de cada passo implementado

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o mundo da usinagem

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estratégica Por Inês Pereira

tabilizando perdas. Nes-

O

apresentou antes (edição 99) o tra-

o Gerenciamento Produtivo Total

Manutenção Autônoma e Planeja-

cursos utilizados pela Sandvik

tuno abordar o pilar Melhoria

país começou o ano conse cenário de incertezas,

(TPM) é um dos principais reMachining Solutions, Unidade

de Produção Indexables Brasil, para aumentar a sua competitividade. Desde os primeiros dias de 2015, o comitê envolvido na condução do programa arquite-

A equipe da revista OMU já

Stanguini, líder do pilar ME.

Em 2009, as possibilidades do

balho do TPM, com foco no pilar

TPM começaram a ser estudadas

da. Para o momento, achou opor-

com um número alto de manu-

Específica (ME), que se concentra principalmente na redução de

custos e otimização de recursos, elementos fundamentais para a competitividade das empresas.

na Sandvik. “A fábrica estava tenções corretivas. As máquinas quebradas atrasavam as entre-

gas para os clientes. Iniciamos a implementação do projeto e, em

2010, demos o kick-off na área de pastilhas. Começamos com uma máquina-piloto e um projeto de

tou as principais ações envolven-

Saldo positivo

o TPM como uma ferramenta de

lizada no Japão pós-guerra. Com-

fazemos na fábrica tem o supor-

tinha o grande objetivo de apri-

jetos foram incluídos ao TPM e,

sos de manutenção de máquinas

para a área de ferramentas es-

do toda a operação. “Utilizamos gestão estratégica. Tudo o que

te do programa, pois sua aplicabilidade cabe para qualquer

atividade. Funciona da seguinte

forma: analisamos os indicadores

da fábrica e pensamos no que o TPM pode fazer para ajudar. No

começo do ano, conversamos sobre estratégias de produção para

O TPM é uma ferramenta idea-

posto por oito pilares, inicialmente

morar constantemente os procese equipamentos. As crescentes

necessidades das grandes corporações, entretanto, levaram seus criadores a ampliar o foco da ferramenta para o âmbito da gestão.

Utilizado por muitas em-

2015, reforçando a utilização do

presas em diversos países, na

”, resume Wagner Cirilo, coorde-

nos próprios, adaptados ao seu

programa TPM dentro da planta nador do programa, presente há

quatro anos na planta de pastilhas e ferramentas do Brasil. abril.2015/104

Sandvik, o TPM ganhou contor-

universo. “Alguns pilares não se aplicam à nossa estrutura”, explica o Controller Alessandro

melhoria também. Daí por dian-

te, só expandimos o programa”, conta Wagner Cirilo.

Em 2011 e 2012, novos pro-

em 2013, o programa expandiu

peciais. Atualmente, a Sandvik

tem cinco pilares consolidados e em andamento — Manutenção

Autônoma, Manutenção Planejada, Educação e Treinamento, Melhoria Específica e o recen-

temente introduzido, o pilar da Manutenção da Qualidade —

faltam mais três para completar a consolidação. “O aperfeiçoan-

do dos pilares, entretanto, nunca vai terminar”.

o mundo da usinagem

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produtividade Foco no envolvimento O incentivo à colaboração e a

ve Cirilo. Os times de projetos se

toda uma estratégia nas escolhas.

amplo, que abrange inclusive a

cutir o andamento, o status, entre

Melhoria Específica, ninguém

diversidade em seu sentido mais

diversidade de opiniões e pensamentos, permeiam o trabalho dos

reúnem semanalmente para disoutras coisas.

A escolha do líder do pilar

vários grupos do TPM. E estão na

contempla, no entanto, o conhe-

equipes propiciando o real envol-

peito daquela determinada ope-

base da estratégia de trabalho das

vimento, engajamento e empoderamento das pessoas envolvidas.

“Queremos que todos entendam o conceito. Não tendo o envolvi-

mento total, não funciona”, reforça o coordenador do programa.

Por exemplo, em um grupo

não participam somente as pessoas envolvidas no dia-a-dia e que

conhecem a fundo aquele pro-

cesso ou tarefa em específico. São

convidados a participarem colaboradores de outras áreas, o que

acaba por enriquecer o resultado

como um todo. “Nós procuramos por um engenheiro, um funcionário da manutenção, um operador de outra área para, juntos, dar diferentes olhares e contribuições.

Inclusive pessoas de RH”, descre-

Dessa forma, para liderar o pilar mais indicado do que o Alessandro, que é (nosso) Controller”.

Vale também dizer que o en-

cimento que a pessoa tem a res-

tendimento da cultura da empresa

ração, processo ou área que irá

o funcionamento do TPM. Diz-

cuidar. Por exemplo, a mesma

pessoa que faz a gestão do pilar de Manutenção da Qualidade, hoje é responsável pelo Sistema

de Gestão da Qualidade, que é de importância fundamental

para a empresa. Se ela perceber que algum dos pilares está se

sobrepondo ou indo contra um procedimento, seguramente vai

nos alertar. Essa é a nossa estratégia”, afirma. Em Manutenção

Autônoma, por exemplo, estão envolvidos supervisores de fábrica, porque eles são “donos” da

máquina. “O operador lida dire-

tamente, mas o supervisor tem

toda a responsabilidade e um olhar mais qualitativo. Temos

também tem papel relevante para -se que a cultura do TPM anda

de mãos dadas com a cultura da empresa. “A nossa unidade está

a mais de 1.200 dias sem nenhum acidente com afastamento registrado, e isso tem que ser mantido

nessa fábrica. O objetivo é zero acidentes, e as pessoas levam a sério.

Esse conceito é utilizado no TPM”, diz Cirilo. Se elas podem prevenir

uma quebra, por exemplo, preci-

sam entender de que forma. “O operador utiliza os cinco sentidos

para ver se a máquina está com algum problema e como evitá-lo.

Mas isso exige todo um trabalho

baseado em colaboração, engajamento e empoderamento”, resume o coordenador do programa.

Da esq. para a

dir.: Wagner Cirilo, coordenador do

TPM; Alessandro

Stanguini, líder do

Pilar ME; Welington

Renzo, responsável pelo Kaizen

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o mundo da usinagem

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Melhoria específica Os pilares estão ligados entre

si, direta ou indiretamente – o

que torna o programa realmente de gerenciamento total. Os

pilares Manutenção Planejada

e Autônoma estão focados em manter, respectivamente, a qua-

A Sandivik

pamento funcionando. Educação

Prêmio Loss

os outros pilares. Ou seja, treina

2014, de melhor

que elas possam desempenhar

praticante do

lidade do equipamento e o equi-

e Treinamento dá suporte a todos adequadamente as pessoas para

as suas funções. O pilar de Ma-

recebeu o

- Excelência empresa

TPM no Brasil

nutenção da Qualidade é voltado

ao produto propriamente dito

e o Pilar de Melhoria Específica (ME) tem a função primária de eliminar toda e qualquer perda

e reduzir custos, o que acaba por otimizar os recursos disponíveis.

“Pode ser de horas trabalhadas, relacionadas ao pessoal; pode

ser perda dos insumos; perda de recursos, e aí podemos falar dos recursos de utilidade como água,

energia etc. Com o uso racional desses recursos, eliminamos des-

perdício”, descreve o líder do pilar Alessandro Stanguini.

O foco é manter um trabalho

saudável e competitivo. “Esta-

mos competindo com mercados extremamente produtivos, caso

do Japão e dos Estados Unidos; e com outros extremamente ba-

ratos, como a Índia e a China. O Brasil está passando por uma

situação em que é muito difícil

manter a competitividade. Nós abril.2015/104

conseguimos preservar um nível

do comitê de quatro membros,

de Melhoria Específica trabalha

perdas ou aspectos que podem

de produtividade bom, e o pilar

para aumentá-lo cada vez mais e absorver qualquer aumento de volume sem adicionar recursos”, diz Stanguini. Em outras pala-

vras, redução de custo e maximização da utilização de ativos

e recursos. Com essa prática, a

fábrica do Brasil se mantém entre as principais unidades do Grupo

Sandvik – na área de ferramentas de corte. “Exportamos mais de 80% da nossa produção”.

A aplicação do ME consiste

nas respostas às seguintes per-

guntas: ‘Como vamos buscar a

redução de custo?’, ‘Como vamos

melhorar nossa produtividade?’, ‘Como podemos aumentar o nú-

mero da produção sem adicionar

pessoas ou recursos?’. Por meio

são analisados pontos da fábrica, ser melhorados. “Nós estudamos a fundo, definimos um tema e

criamos um grupo formado pela base: alguns operadores-chave,

algumas pessoas da engenharia e manutenção. Damos sugestão, propomos ao grupo que faça uma

melhoria naquele determinado

processo e equipamento. Eles têm de trabalhar, levantar os pro-

blemas, quais as possíveis soluções e fazer uma contraproposta

para o comitê”, descreve o líder

do ME. Com a aprovação, o grupo implementa as melhorias e o comitê passa a contabilizar os be-

nefícios. “Fazemos o acompanha-

mento dos resultados durante 12 meses, e isso é o que tem ajudado a manter a competitividade”. o mundo da usinagem

13


produtividade Projetos – complexidade e execução No total, desde o começo do

programa, o ME realizou 35 projetos, sendo 32 finalizados e três

em andamento. Além deles, o

grupo também gere projetos de escopo menor, chamados de Pro-

jetos de Execução Rápida (PER). O ME clássico demora, aproxima-

damente, quatro meses para ser estudado, avaliado e concluído.

Já os PER têm um tempo médio de duas semanas. “São ideias sim-

ples. Um projeto traz retorno pe-

queno, mas a execução é rápida. Estamos focando em multiplicar esses projetos pequenos, porque eles vão alcançar os mesmos mon-

tantes dos projetos grandes pela

quantidade e pela simplicidade dos casos”, explica Stanguini.

Um projeto grande e um pe-

queno são diferenciados pela

complexidade de execução. O número de pessoas, de células

envolvidas e o tempo necessá-

rio para a implementação. O ME nasce do pilar para a operação.

Um projeto de execução rápida

nasce da operação para o pilar. É

uma proposta da operação para o

O barco viking reúne o conceito do TPM, cuja meta é

alcançada pelo engajamento das pessoas. Todos juntos, soprando a vela, para seguir em frente

O Pilar de ME lançou um pro-

guini. Duas pessoas da área es-

tituir o equipamento que faz a

da máquina e desenvolveram

pilar. Cada supervisor tem a auto-

jeto, no ano passado, para subs-

menos burocrático, tem menos fa-

filtragem do óleo nas máquinas

nomia de analisar. “O PER é muito ses (praticamente uma ou duas eta-

pas), validação financeira e estudo

dos problemas. E é por isso que são tão interessantes, porque são muito

rápidos”, afirma o Gerente de Produção Welington Renzo”. 14

o mundo da usinagem

e não era eficiente. “Com a troca do equipamento, reduzimos o

consumo de 1000 litros de óleo para 60 litros de óleo por mês.

Mas ainda estava gastando demais”, lembra Alessandro Stan-

tudaram o sistema de filtragem

um pré-filtro e, assim, fazer uma dupla filtragem. “E por meio de

PER, eles reduziram ainda mais

o consumo de óleo, e o produto

final (lama de metal duro) agora sai mais seco do equipamento e pode ser vendido”.

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Kaizen O termo japonês, Kaizen, sig-

nifica ‘mudança para melhor’ ou

‘melhoria’ e no ambiente da manufatura refere-se às práticas con-

com a peça na vertical, o robô faz

todo o manuseio”, exemplifica o gerente de produção.

Projetos grandes demandam

tínuas para melhoria dos proces-

esforço, estudos e dificuldades.

introduziu esse conceito na planta

ideias não tinha espaço para

sos. O gerente Welington Renzo

da Sandvik, há dois anos. Adap-

tou-o à necessidade que tinham de dar mais espaço e liberdade

Um operador cheio de boas desenvolvê-las. Para o gerente,

o Kaizen se encaixa perfeitamen-

te nessa lacuna — as pequenas

O colaborador Marcelo

Oliveira, responsável pelo

projeto de Setup que melhora a performance da máquina

ideias que precisavam ser rea-

petição saudável dentro do gru-

mente nenhuma restrição a toda

melhor do mês e, posteriormente,

qualidade, segurança, processo,

essa expectativa”, conta Renzo.

e implemente. O supervisor ava-

titivos, temos de ser inovativos.

premiação simbólica. Não é o va-

que inovemos uma vez por ano.

reconhecimento.

a cada segundo, precisamos de

tilhas por causa da sua posição. O

participar um pouco, seja com

melhoria. É o que essa ferramen-

vertical e o robô passou a pegá-la.

“Vimos muitos casos em que as

dro Stanguini.

não eram reconhecidos, não tinha

seguiu fazer 298 kaizen — não só

grama gera, inclusive, uma com-

a produção. Temos alguns casos-

para o desenvolvimento e apli-

cação de pequenas e, no entanto, ótimas ideias. Diferentemente dos projetos de execução rápida ou

longa, que demandam algum in-

vestimento para realização, usar o Kaizen não depende de custos, e sim de ideias — a mudança de um

equipamento de lugar, a mudança

da maneira de fazer, a mudança da posição da peça. “O robô de uma máquina não pegava uma das pas-

operador testou colocar a peça na Com isso, ele economizou muito tempo, já não precisava parar a ati-

vidade para virar e fazer o posicionamento de todas as peças. Agora, No Kaizen, todos

participam e são reconhecidos.

Na foto, Stanguini

com o colaborador Ricardo Ruiz

Cereto, eleito

o melhor Kaizen de Janeiro

abril.2015/104

lizadas. “Não fazemos pratica-

po, porque fazemos a eleição do

e qualquer melhoria. Pode ser

o melhor do ano. Então se cria

custo que o operador identifique

“Para nos mantermos compe-

lia e aprova. O autor recebe uma

E o cenário, hoje, não permite

lor do prêmio que importa. É o

Como é impossível ser inovativo

No kaizen, todo mundo pode

um time maior, trabalhando na

atividades pequenas ou maiores.

ta possibilita”, explica Alessan-

pessoas faziam melhorias, mas

No ano passado, a fábrica con-

essa oportunidade. Hoje, o pro-

na área de pastilhas, mas em toda que aumentam a produtividade

em um ou dois segundos por peça. Para você calcular financeiramente isso é muito pouco. Mas

esses segundos, ao longo de um ano, permitirão aumentar o volu-

me de produção em 10% naquele

equipamento. Esse é o grande ganho”, conclui o Controller.

Conheça os projetos do TPM no site www.omundodausinagem.com.br o mundo da usinagem

15


entrevista

produtividade

A Feimafe 2015 receberá, em maio, cerca de 1400 marcas dos principais setores da indústria

Para Alfredo Ferrari, investir em tecnologia é o caminho para elevar o país novamente ao posto de potência industrial Alfredo Ferrari vive um grande momento. Reco-

da economia brasileira”. Ferrari foi diretor de ven-

rência no setor metalmecânico, o engenheiro co-

tomáticos e CNC, de onde se desligou em fins de

nhecido pelo mercado brasileiro como uma refememora 44 anos de carreira. Ferrari é Coordenador da Comissão Organizadora da 15º FEIMAFE - Feira

Internacional de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura. “As empresas de manu-

fatura no país necessitam, cada vez mais, investir no aumento da produtividade e da qualidade, para

se tornarem competitivas. Essa exposição estimu-

la as indústrias a investirem nos seus métodos de produção, promove uma evolução em relação aos

últimos anos e contribui para com o crescimento 16

o mundo da usinagem

das na Ergomat, empresa fabricante de tornos au2014. Lá, iniciando em 1971, construiu sua trajetó-

ria profissional e focou o seu trabalho no esforço de contribuir para a evolução tecnológica dos clientes e do ensino técnico. Em 2006, criou o blog

www.tornoautomatico.com.br para divulgar tecnologia e difundir seus conhecimentos técnicos. Seus

planos para a nova fase incluem o site e projetos vinculados ao ensino técnico e à tecnologia da usinagem. Acompanhe, a seguir, a entrevista concedida pelo engenheiro à revista O Mundo da Usinagem.

abril.2015/104

Crédito: Divulgação

Por mais


OMU: Qual será o impacto do atual cenário

e produtos industriais completos. Estes vi-

rão as perspectivas e os principais desafios da-

des volumes, pelo impacto da política cambial

econômico no setor metalmecânico? Quais sequi para frente? ALFREDO FERRARI: A situação político-econômica pela qual passa o país, neste momen-

nham, até então, sendo importados em granpraticada nos últimos anos, em detrimento da indústria de manufatura nacional.

to, provoca um exagerado sentimento de in-

OMU: Quais as expectativas dos organizado-

consequência, o que se registra é uma forte

serão realizados?

um longo período. Isso afeta o desempenho

num momento muito importante, em que as

certeza para população e empresariado. Como

res da FEIMAFE quanto aos negócios que ali

queda em investimentos, que já se estende por

ALFREDO FERRARI: A FEIMAFE ocorrerá

do setor de bens de capital e, em particular, o

empresas estão ansiosas para investir em novi-

de máquinas-ferramenta. Em outras situações, o Brasil já demonstrou ser maior do que qual-

quer crise e, certamente, superará mais esta. Somado ao fato de que existe uma demanda

represada muito grande no mercado de máquinas e as empresas necessitam substituir

seus equipamentos obsoletos e improdutivos. Com a necessidade de aumentar a eficiência

e melhorar a qualidade de seus produtos, as

empresas deverão investir, cada vez mais, em modernos equipamentos.

Com isso, estarão preparadas para enfren-

tar a competição, tanto no mercado doméstico, como na exportação. Esta última, também,

deverá ser um caminho para as empresas au-

dades de última geração e substituir o seu parque de máquinas já desgastado. A feira é uma

vitrine para a divulgação das mais novas tecnologias existentes no mundo. Nela, estarão pre-

sentes fornecedores de máquinas-ferramenta,

sistemas de automação, equipamentos para o

controle da qualidade, dispositivos e acessórios para as máquinas e ferramentas de corte. Por

isso, espera-se que haverá possível crescimento nas vendas com relação à última edição. A pre-

sença dos bancos no evento, capitaneados pelo BNDES, contribuirá, por meio de linhas espe-

ciais de financiamento, como o FINAME PSI, para a realização de bons negócios.

mentarem suas receitas, já que a situação cam-

OMU: A situação de incertezas deverá afe-

de novos mercados e no incremento naqueles

tima edição?

favoráveis nas exportações de máquinas, pro-

já me referi, existe uma demanda reprimida mui-

bial vem se tornando mais favorável na busca

tar os resultados da feira com relação à úl-

em que já atuam. Além dos resultados mais

ALFREDO FERRARI: Sem dúvida. Porém, como

vocados pela desvalorização do real perante o

to grande que estimulará a realização de novos

dólar norte-americano, outro fato importante

que deverá se refletir no aumento da demanda por máquinas-ferramenta e sistemas de auto-

mação, é a nacionalização de peças, conjuntos abril.2015/104

investimentos. Os vetores que estarão indicando

os rumos da economia e da política, na ocasião do evento, será outro fator decisivo para os re-

sultados da feira. Esperemos que eles sejam posio mundo da usinagem

17


entrevista tivos e permitam criar um clima de confiança no

empresariado, para realizar investimentos. Ape-

sar de 2015 estar sendo visto como um ano para

uma potência industrial.

equilibrar a economia do país, devemos contar

OMU: Após 44 anos de presença atuante,

-ferramenta em relação ao ano anterior.

senvolvimento tecnológico? Para onde caminha

OMU: Por que o tema “Inovação e eficiência

ALFREDO FERRARI: Volto a falar da necessi-

como mote da feira?

setor metalmecânico de investir em modernas

com um certo crescimento no setor de máquinas-

para a indústria metalmecânica” foi escolhido ALFREDO FERRARI: Este tema tem a ver com a

necessidade de modernização do parque de máquinas no Brasil, que é muito velho. Veja bem.

Enquanto nos países industrializados como Ale-

manha, EUA e Japão a idade do parque de máquinas orbita entre cinco e oito anos, no Brasil

essa idade chega a 17 anos. Portanto, a indústria

como vê a evolução no setor em termos de dee qual deverá ser a principal contribuição?

dade urgente das empresas de manufatura do tecnologias, com máquinas de alto rendimen-

to e que produzam peças com qualidade. Esta FEIMAFE estará apresentando aquilo que há

de mais moderno e o visitante terá a oportuni-

dade de tomar conhecimento do estado da arte da manufatura industrial no mundo.

nacional necessita de um choque tecnológico

OMU: A academia já está preparando futuros

mentos obsoletos e promover um aumento de

ALFREDO FERRARI: Sem dúvida. As univer-

para se modernizar, substituir os seus equipasua eficiência e melhoria da qualidade.

OMU: Como e por que se deu a criação do projeto “Ilha do conhecimento”?

ALFREDO FERRARI: A “Ilha do conhecimento” é um projeto inédito. Idealizado pela

promotora do evento, a Reed Exhibitions Alcântara Machado, consiste num espaço ex-

clusivo para a realização de debates técnicos e apresentações pelos expositores. A Ilha tem o objetivo de promover a atualização profis-

sional e o conhecimento sobre produtos, equipamentos, tecnologias, tendências e melhores práticas de mercado.

OMU: O que destacaria como aspectos mais

importantes sobre a nova etapa de sua carreira? ALFREDO FERRARI: O meu objetivo, para

os próximos anos, é contribuir para o desenvolvimento das indústrias de máquinas e de manufatura em geral, além do ensino técnico. E procurar ajudar a levar o país de volta 18

ao patamar que sempre ocupou, ou seja, o de

o mundo da usinagem

profissionais para o mercado em transformação? sidades, as escolas técnicas e de engenharia estão muito bem preparadas para a formação de mão de obra e para atender a demanda nos próximos anos, que deverá ser promissora para

o desenvolvimento industrial. Obviamente, os

investimentos em modernos equipamentos por essas entidades de ensino deverão ser feitos de forma contínua, acompanhando a evolução tecnológica no mundo. Só nos resta aguardar o

retorno do crescimento econômico e dos investimentos para se criar novos postos de trabalho, absorvendo a mão de obra disponível e as vin-

douras. Para comprovar isto, o tradicional Es-

tande Temático deste ano, na FEIMAFE, estará

demonstrando, através da participação do ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica -, as mais

modernas técnicas de manufatura aplicadas no mundo. Será uma experiência muito gratificante para os visitantes e expositores da FEIMAFE.

Alfredo V. F. Ferrari é Vice-Presidente da Câmara Setorial de Máquinas-Ferramenta da ABIMAQ abril.2015/104


Vitrine de oportunidades Quem conhece a FEIMAFE sabe que vale a

pena organizar a agenda para não perder pelo menos um dos seis dias de feira. É uma opor-

tunidade rara de conhecer, reunido no mesmo espaço, o portfólio de algumas das mais impor-

tantes empresas do mundo. Em uma área de

85.000 m², no Parque Anhembi, em São Paulo, cerca de 1.400 marcas nacionais e internacionais

De 18 a 23 de maio, cerca de 70 mil

pessoas, entre engenheiros, compradores, empresários e estudantes visitarão a Feira

representam os principais setores da indústria:

Máquinas-ferramenta, Controle de Qualidade, Automação, Acessórios, Dispositivos e componentes, e Ferramentas de corte.

A FEIMAFE 2015 receberá um público esti-

mado em mais de 70.000 técnicos, engenheiros,

compradores, empresários, estudantes, do Brasil

e do exterior. Eles encontram na feira um polo irradiador de inovação e informação de mercado, incluindo linhas de financiamento apresen-

tadas pelos bancos, com a presença do BNDES. Conforme Ferrari: “Para o expositor, a FEIMAFE representa o principal momento para apresen-

tar sua linha de produtos, realizar lançamentos, consolidar a marca, conquistar novos clientes e aumentar a sua participação no mercado”.

A novidade dessa edição da feira é o projeto Ilha

do Conhecimento – um espaço exclusivo para troca de experiências e atualização profissional. Com o tema “Inovação e eficiência para a indústria metalo-

mecânica”, as apresentações de 45 minutos abor-

darão produtos, serviços, tecnologias e tendências. Ferrari recomenda a visita ao Estande Temáti-

co, como imperdível: “Com o slogan Manufatura Inteligente pela Produtividade, novos métodos de fabricação e de controles da produção estarão sendo apresentados pelo ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica –, como manufatura aditiva

pela utilização de impressoras 3D e gerenciamento inteligente na produção das indústrias”.

A última edição da FEIMAFE, em 2013, re-

cebeu 68.170 compradores e profissionais do

setor, de 78 países, e 1.466 marcas expositoras. Um dos destaques, na ocasião, foi a forte presença estrangeira. A feira contou com 776

marcas nacionais e 690 internacionais, vindas

de países como Alemanha, Estados Unidos, Inglaterra, Itália, entre outros.

A ABIMAQ - Associação Brasileira da Indús-

tria de Máquinas e Equipamentos - entidade apoiadora da feira, registrou, em 2014, alta nas Debates e

atualização

profissional

acontecem no novo espaço da Feimafe

abril.2015/104

exportações brasileiras de máquinas. De janeiro

a julho desse ano, o faturamento bruto do setor somou R$ 40,68 bilhões, montante 14,5% menor

que no mesmo período do ano anterior. Mas, nesse mesmo período, as exportações foram de US$ 7,86 bilhões, registrando um aumento de 18,2%, representando 44,6% do faturamento total do setor, acima da média histórica de 32%.

o mundo da usinagem

19


conhecendo um pouco mais

Esse tal de

bitcoin

O dinheiro digital ganhou mercado, mas ainda é cercado por dúvidas e instabilidade

Por Adriana Garbim e Inês Pereira

M

uito se fala de bitcoin.

da é tímida. Em São Paulo, o Bar

logia, já ouviu algo a

na frente. Segundo Talita Freire,

Quem gosta de tecno-

respeito da moeda virtual que

circula exclusivamente no mundo

digital. Abordado numa roda de conversa, o tema bitcoin fatalmen-

te vai dividir opiniões. De um lado, os entusiastas como Hamil-

ton Amorim, analista de sistemas e investidor incansável. “Realizo regularmente compras em estabe-

lecimentos comerciais, principalmente eletrônicos importados”, conta. Do outro lado, os céticos.

“Uma especulação, como uma loteria, sem garantias”, resume

Samy Dana, professor de Econo-

mia e Finanças da Fundação Ge-

frequentadores ligados à área de

informática: “Mas, por enquanto, poucos pagaram com bitcoins”.

O Wordpress, plataforma de publicação pessoal de sites e blogs,

aceita bitcoins nas negociações com os clientes. A construtora

Tecnisa também aposta na conso-

lidação da moeda. Na venda de um apartamento, aceita a primeira parcela da entrada em dinhei-

ro virtual, e ainda oferece um bônus de 5% que será descontado no saldo devedor do imóvel.

Embora pareça abstrato de-

mais, o conceito do bitcoin não é

dessa criptomoeda. Sua circula-

simples quanto engenhosa: um

ção pelo mundo ultrapassou a

marca dos US$ 5 bilhões. No Brasil, as transações atingiram R$ 11

milhões em dezembro de 2013. Mas sua utilização para adquirir bens de consumo e serviços aino mundo da usinagem

sócia-proprietária, a ideia veio de

túlio Vargas (FGV-SP).

Ninguém contesta o estouro

20

e Bicicletaria Las Magrelas saiu

difícil de entender. A ideia é tão sistema que permita a realização

rápida de diferentes operações

como transferências, depósitos e pagamentos on-line por todo o

mundo, sem intermediários e de

forma anônima. A partir dessa abril.2015/104


volvedor japonês, radicado nos Estados Unidos, Satoshi Naka-

moto, criou o bitcoin. O curioso

Crédito: Divulgação

possibilidade, em 2008, o desen-

é que, depois de demonstrar o sistema, interagir por e-mail ou bate-papo via internet, Naka-

moto saiu de cena, tornando-se inacessível. Sequer se sabe se o

seu nome ou a sua situação são verdadeiros.

A moeda digital peer-to-peer

(par a par) não depende de uma autoridade central (governo, ban-

co central etc.) e faz parte de um sistema de pagamentos global to-

talmente descentralizado. O eco-

nomista de São Paulo, Richard Rytenband, explica que as transações na rede bitcoin não são reali-

zadas em dólares, euros ou reais, como são no PayPal ou no Mas-

Richard Rytenband, economista: Transações mais

baratas e rápidas do que as formas tradicionais

tercard; em vez disso, são feitas

lhada com todos. Quando uma

transações dentro da rede Bitcoin.

local de um bitcoin é determinado

a outra B, ela cria uma mensa-

em saber sobre cotações, adquirir

que contém a chave pública de

do Bitcoin intermediam as tran-

em bitcoins. “O valor na moeda em um mercado aberto, da mes-

ma forma que são estabelecidas as taxas de câmbio entre diferentes moedas mundiais”.

Como funciona?

Para garantir segurança e evi-

tar fraudes, as transações são verificadas e o gasto duplo (a dupli-

cação do bitcoin ou falsificação) é

prevenido por meio de um uso inteligente da criptografia de cha-

ve pública. “O mecanismo exige

que cada usuário tenha duas ‘cha-

ves’ — uma privada, mantida em segredo, como uma senha, e outra pública, que pode ser compartiabril.2015/104

pessoa A decide transferir bitcoins gem, chamada de ‘transação’,

B, assinando com sua chave privada”, descreve Rytenband. Quer

dizer que todos podem saber que

a transação foi realizada, mas não quem a realizou. Essa transação é

registrada por profissionais cha-

mados ‘mineradores’, carimbada com data e hora e exposta em um

“bloco” do blockchain (o grande

banco de dados, ou livro-razão da rede Bitcoin). A criptografia de chave pública garante que todos

os computadores na rede tenham um registro constantemente atu-

alizado e verificado de todas as

Para os usuários interessados

ou vender, sites como o Mercasações. “Nossa empresa garante a entrega dos bitcoins a quem os

comprou e a entrega do dinheiro a quem os vendeu”, esclarece Rodrigo Batista, sócio do site. Já o BitcoinToYou, além de atu-

ar como casa de câmbio virtual, mantém no centro de Curitiba

uma loja física. Em São Paulo, o usuário também pode fazer suas transações fora da tela do compu-

tador, do tablet ou do smartphone: em um caixa eletrônico, na torre

do World Trade Center. Até uma

espécie de confraria foi criada na o mundo da usinagem

21


conhecendo um pouco mais sede do Instituto de Tecnologia e

não é regulamentada no Brasil,

oferece riscos e incertezas. E ain-

No Bitcoin Hub, que reúne curio-

a Alemanha e Estados Unidos”,

irreais”. Opinião compartilhada

Sociedade do Rio de Janeiro (ITS). sos, empreendedores e entusiastas por tecnologia.

Flutuações na rede

A valorização rápida da moe-

como já ocorre em países como diz o analista Hamilton Amorim.

Para ele, uma das maiores vantagens do bitcoin como investimen-

to é sua blindagem tecnológica a interferências

governamentais,

da (de US$ 13,50, em janeiro de

como inflação, confiscos ou co-

mesmo ano) trouxe muitos adep-

O que Amorim entende como

da tende a criar bolhas e preços pelo professor de Economia da

Universidade Federal do ABC (UFABC), Ramón García Fernandez, que acrescenta: “Pela falta de

um órgão regulamentador, o uso

moeda digital será limitado e res-

2013, para US$ 1.200, no final do

brança de impostos.

tos ao investimento. “Para inves-

vantagem, é ponto fraco na aná-

enfrentaram complicações de se-

cos e com bitcoin não é diferente.

FGV: “O bitcoin não cumpre a fun-

bitcoins (então cotados em US$ 250

outros investimentos, como ouro

valor, não é unidade de troca. O

tir, devemos estar cientes dos ris-

lise do professor Samy Dana, da

Reforçando que, ao contrário de

ção de moeda, não tem reserva de

ou ações, a moeda digital ainda

fato de não ser regulamentado Crédito: Divulgação

trito à área de informática”.

As casas de câmbio também

gurança; hackers furtaram 24 mil

mil) da Bitfloor, em 2012, e houve em uma série de ataques DDoS

(distributed denial-of-service) con-

tra a mais popular casa de câmbio, a japonesa Mt.Gox, em 2013. Apesar da decolagem meteórica, em 2014, a casa declarou falência,

alegando a perda de US$ 500 milhões, o que ocasionou um prejuízo a mais de 170 mil pessoas. O fato foi um choque para os de-

fensores da moeda que tem ape-

nas seis anos de existência e em janeiro de 2015, ficou pela pri-

meira vez cotada abaixo dos US$ 200. O dinheiro virtual, como seu

próprio criador, ainda vive cercado de mistério e desperta dú-

vidas. Pode ser só “uma hype na onda tecnológica”, nas palavras

do professor da UFABC. Ou, ao contrário, pode chegar o dia em

esteja mais próximo do nosso cotidiano, pagando a conta na mesa do bar ou na loja de departamenSamy Dana, da FGV-SP: Sem regulamentação, a moeda oferece riscos e incertezas

22

o mundo da usinagem

tos. No lugar da carteira de couro, uma legítima carteira virtual no bolso.

abril.2015/104


O que é importante saber Vantagens

Por não haver intermediários, as

Por sua “linguagem”

Sem a regulamentação

tancialmente mais baratas e rápi-

tem o potencial de

sujeita aos impactos de

transações de bitcoins são subsdas do que as feitas por redes de pagamentos tradicionais.

universal, a moeda ser aceita na maior parte do planeta.

pelo governo, não está inflação, pacotes eco-

nômicos ou tributação.

Riscos

A volatilidade

nos

Violação de segurança. O

Embora as carteiras de bitcoin

comportamento

de

de um hacker. Ou ainda

grafia, os usuários devem sele-

preços demonstra um bolha em crescimento e queda. Essa instabi-

lidade excessiva torna insegura a aplicação.

usuário pode sofrer a ação ocorrer a perda por um descuido de apagar o ar-

quivo digital (seria como perder um papel moeda).

sejam protegidas por cripto-

cionar a ativação da criptogra-

fia. Se um usuário não cifra a sua carteira, os bitcoins podem ser roubados por malware.

Se o usuário esquecer ou perder a sua senha, não

Alguns países, como o Brasil, consideram

bém não receberão os valores, caso não tenham

cia de tributação por ganho de capital. A

há como recuperar o prejuízo. Herdeiros tamacesso à senha por meio de um testamento.

abril.2015/104

o bitcoin investimento e sujeito a incidênReceita Federal estuda meios de cobrar.

o mundo da usinagem

23


educação e tecnologia

A

startup

vai à indústria As jovens empresas de base tecnológica e desenvolvimento de inovações, com alto potencial de crescimento, buscam parcerias com as corporações Por Inês Pereira

A

startup quer ganhar o

mas sem adequação ou viabili-

mento, Corporate Garage,

falta de convivência com o mer-

mercado. Um novo movi-

está tirando o pesquisador-em-

preendedor do laboratório para

No recente encontro ‘A quar-

ta era da inovação’, promovido

tiva — a ideia do lugar da casa

pinas Startup (ACS), no início do

em que se fazem ensaios e expe-

riências. Nesse caso, a garagem representa a inclusão da startup

dentro da corporação. “No Brasil, o conceito ainda é novidade.

Mas, nos Estados Unidos, o Cor-

porate Garage está consolidado”, conta Taíla Lemos, diretora da

Associação Nacional de Pesquisa

e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei). O segmento, agora, busca diminuir a distância entre os dois mundos. “Muitas vezes, o empreender de-

senvolvia um produto inovador, o mundo da usinagem

cado”, considera Taíla.

o mundo real. O termo significa,

literalmente, garagem corpora-

24

dade comercial, justamente pela

pela Anpei e a Associação Camano, a aproximação entre as jo-

vens empresas e as corporações, seus negócios e stakeholders, foi

amplamente discutida. Marcos Vinícius de Souza, representan-

te do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (MDIC) e responsável pelo Programa Inovativa Brasil,

lembrou que inovação ainda é um tema novo dentro do gover-

no: “Os setores público e privado ainda não estão bem preparados para entrar nas startups. Uma das

nossas preocupações é justamenabril.2015/104


te saber como conectá-las às ca-

como aceleradoras. Com a crise

novas plataformas tecnológicas.

Para a diretora da Anpei, exis-

empreendedores sentiram o im-

business, para que cultura e iden-

deias das grandes empresas”.

te, ainda, preconceito de parte a parte. Geralmente, a grande em-

presa tem o preconceito contra o empreendedor da startup, o rotu-

lando como o cientista maluco, despreparado e irresponsável. Já a startup considera a grande

empresa conservadora e que, por isso, vai impedir o desenvolvi-

mento de tecnologias. “As duas

visões são um equívoco”, afirma.

O modelo de negócios que

traz nas veias o DNA da inovação tecnológica viveu seu primei-

ro boom a partir de 2005, com a criação das leis no Brasil que dão

a concessão de incentivos fiscais às pessoas jurídicas que realiza-

econômica, entretanto, os jovens pacto. O investimento em inova-

ção foi reduzido. O governo fez cortes no Ministério de Ciência e

Tecnologia e no Conselho Nacio-

nal de Desenvolvimento Cien-

tífico e Tecnológico (CNPq). A responsável pela Coordenadoria

de Planejamento e Negócios do Instituto de Pesquisas Tecnológi-

cas (IPT), Flavia Gutierrez Motta, aponta dois grandes desafios para

o país, nesse momento: “Temos

um Custo Brasil alto e isso dificulta a sobrevivência das startups. E o

fato de o país não oferecer educação de qualidade para todos sufoca os talentos brasileiros”.

rem pesquisa e desenvolvimento

Montagem da garagem

Inovação Tecnológica (10.973) e

reúnem em busca de maior visão

ados de 2008, o governo inves-

taxa de desindustrialização alta.

de inovação tecnológica — Lei de Lei do Bem (11.196/05). Em me-

tiu em vários fundos setoriais. A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp)

criou programas, as agências

de financiamento dos Estados começaram a investir e a abrir fundos de investimento para as startups. Também surgiram os primeiros movimentos de investidores-anjo (investimentos efetuados por pessoas físicas com capital próprio).

Em 2010, o segmento ganhou

parte do princípio de que o que

a grande empresa está fazendo

é ruim e descartável, acaba descartando tudo o que bom, e ela

tem seus pontos fortes. O traba-

lho é promover o namoro entre a corporação e o empreendedor; dar tempo para se conhecerem,

falar a mesma língua e ajustar o diálogo; saber o que cada um tem

de melhor e causar o melhor nos dois lados.

A implementação é feita em

ciclos. O olhar especializado de

consultoria identifica na empresa

de mercado. “O Brasil tem uma

O único jeito de revertermos isso é investir na inovação — seja no processo industrial, de distribui-

ção do produto, no modelo de negócio”, acredita a diretora da

Anpei. Muitas empresas sequer

cogitam a entrada na inovação tecnológica por considerar ina-

cessível. A ideia de levar a startup

para a indústria abre essa possibilidade. “No final, todos ganham”, afirma.

O objetivo do Corporate Ga-

rage é casar os pontos fortes da

de desenvolvimento, conhecidas

des, novos modelos de negócio e

abril.2015/104

tidade não se percam. Se a startup

Nesse momento, as startups se

novo impulso com as empresas que dão suporte à startups em fase

Sem esquecer qual é o seu core

grande empresa com novas atitu-

Taíla, da Anpei: o corporate

garage leva a inovação

tecnológica para a indústria

o mundo da usinagem

25


educação e tecnologia os pontos fortes, os destaques, o

mente preparados, o que significa

também realiza pesquisas na área

ção, o acesso a mercado, a flexibi-

com os erros, mudar rápido, não

Flavia Gutierrez Motta, do

que faz bem, a rede de distribuilidade de incorporar produtos à

linha de produção, enfim, mapeia todos os diferenciais. E pergunta: ‘Quais os mercados quer atacar e

não atingiu ainda?’ ‘Quais problemas precisa resolver?’.

O próximo passo é captar a

suportar muitas críticas, aprender

desistir nunca, ter flexibilidade.

IPT, acrescenta às áreas de aten-

ender frente ao problema da cor-

mação. O IPT incuba uma startup

“Quando você coloca este empreporação, ele acha a solução. Ele

tem esse comportamento, de achar solução”, define Taíla Lemos.

Completado o mapeamento, é

startup ideal, uma vez que já se

iniciada uma preparação. Como

trabalhar internamente. Às vezes,

trabalhar com o empreendedor?

sabe o que a empresa precisa para

ainda, é possível localizar funcionários com perfil de empreende-

dores, realizando atividades de

rotina. Esses talentos escondidos podem trabalhar de maneira em-

preendedora, desde que devida-

os funcionários da empresa vão Como determinar as rotinas? E,

desenvolvimento de uma partí-

cula nova tem financiamento da

Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). É me-

nor em termos de recursos, mas com resultados promissores”.

Na indústria, toda a parte de

independente e mapear o acesso a

a redução gradativa dos recur-

uma organização que consiga ser toda empresa, de modo a assimilar os pontos fortes e trazer para dentro a inovação?

da corporação. São essas pessoas que facilitarão o acesso dos em-

preendedores que vão desenvol-

ver tecnologia e inovações para a empresa. Um ponto a ser destacado é que a startup atuará com o

investimento, não só da própria

estão no foco das startups. Com sos naturais, a busca da eficiência energética é o grande desafio para

a ciência e a tecnologia. Muitas empresas trabalham nessa área para o setor industrial, desde auto-

matização do ambiente, regularização de iluminação, temperatura,

tudo isso de maneira inteligente,

de modo a melhorar a exigência energética do prédio até a exigência energética do processo.

Diversos empreendedores de-

corporação, mas fazendo uso da

dicam-se à questão da eficiência

e outras linhas de financiamento.

os é outra linha forte de pesqui-

Lei do Bem, dos incentivos fiscais

Áreas promissoras

Num futuro não tão distante,

os pesquisadores-empreendedores brasileiros apostam na inter-

net das coisas. “Ela está cada dia Flávia, do IPT: o Custo Brasil

mais forte nas nossas vidas: no

sobrevivência das startups

e em um sem número de aplica-

o mundo da usinagem

de nanotecnologia. “O projeto de

automação, resfriamento e energia

como

criam-se os facilitadores dentro

26

ção Saúde e Tecnologia da Infor-

montar

principalmente,

Para a empreitada dar certo,

é alto e compromete a

de Biotecnologia.

carro, no fogão, na lava-roupas

tivos”, analisa Taíla Lemos, que

de projeto e de processos. Resídusas. Como conseguir trabalhar na

redução? Como tratar a questão água que entra no processo indus-

trial? Como guardar essa água? Como diminuir o seu uso? Como

melhorar a exigência energética do

consumo dessa água? Essas são as principais perguntas que as star-

tups voltadas ao setor industrial buscam responder.

abril.2015/104


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27


soluções de usinagem 2

Adveon™ e a

revolução 4.0 Biblioteca progressiva de ferramentas garante maior produtividade e segurança dos processos de produção

Por Equipe técnica AB Sandvik Coromant, Suécia. Traduzido e adaptado por Vera Natale

P

or trás da chamada Revo-

aspecto do processo de produção.

gerais, promove a infor-

montagem de ferramentas usa-

Problema crônico

ponto crítico. É uma batalha cole-

dados é inegável. Hoje, a ferra-

cada vez maior do homem com

mações para o CAD/CAM com

satisfaz. Ela tem que vir acom-

tre objetos que se movimentam

usada pelos fornecedores de fer-

lução 4.0 que, em linhas

matização da manufatura, ou

inteligência da fabricação, está a internet das coisas, ou interação

a máquina, da comunicação ene dos equipamentos que aprendem a falar uns com os outros.

Esses conceitos integram mundo real e virtual, gerando vários be-

nefícios a todos os envolvidos na

cadeia de valor. A biblioteca de ferramentas Adveon ™ — uma

plataforma totalmente aberta e integrada aos sistemas CAM —,

é um recurso valioso dessa van-

guarda que ajudará as empresas de manufatura a serem mais produtivas em seus processos.

É constante a pressão para tornar

mais rápido o set-up das máqui-

nas, aumentar a produtividade

e melhorar a segurança em cada 28

o mundo da usinagem

E, por consumir muito tempo, a das na usinagem representa um

tar, interpretar e transferir infor-

tantas variações na terminologia

ramentas de corte. A norma ISO

13399 surge como uma aliada, já que foi criada considerando as di-

ficuldades geradas pela ausência de padronização. (veja Quadro Conheça a ISSO 13399) Ao inte-

grar as bibliotecas de ferramen-

tas com base na ISO 13399 em suas respectivas plataformas, os

desenvolvedores de CAD/CAM

podem auxiliar as empresas a

A demanda com relação a

menta de corte empacotada não panhada de dados necessários que permitam o seu uso em um ambiente virtual. Na verdade, a demanda por várias fontes e

a geração de dados em vários formatos têm causado um problema no setor da manufatura

— não apenas aos fornecedores de ferramenta de corte, mas principalmente ao usuário final,

no sentido de obter os dados corretos e no formato certo.

Devido a essa dificuldade,

rapidamente construírem biblio-

muitas empresas não perdem

múltiplos fornecedores e também

para suas ferramentas. Conse-

teca de ferramentas a partir de

proporcionar acesso a modelos

3D para visualização e simulação precisa da usinagem.

tempo criando modelos sólidos

quentemente, não podem se beneficiar de uma simulação segura na programação CAD/CAM, abril.2015/104


O AdveonTM está incluído gratuitamente em todas as novas licenças EdgeCAM

ou qualquer outra vantagem que

porta a incorporação de dados

catálogo aberto permite a redução

mais amplas desses sistemas.

ramenta (tool offset), que podem

ca e definição de ferramentas de

vem com o uso das capacidades Do ponto de vista dos desen-

volvedores de softwares CAM, o problema é igualmente agudo.

Um dos principais entraves é que as bibliotecas de ferramentas,

muitas vezes, não têm conteúdo, sendo difícil para eles encontra-

rem os dados necessários, e para os clientes, por sua vez, obterem esses dados em seus sistemas.

Benefícios da padronização

A padronização fornece uma

definição comum dos atributos

de correção dimensional da fer-

ser empregados no chão de fábrica, geralmente usando equi-

pamento de pré-setting. Além disso, ferramentas de múltiplas

funções podem ser definidas, por exemplo, montagens com fresa versão direita e duas ferramentas

de torneamento versão esquerda. Em última análise, quando todas

as ferramentas na indústria com-

partilham os mesmos parâmetros e definições, a comunicação de informações sobre ferramentas

e sistemas de software torna-se

físicos das ferramentas de corte.

muito simples.

zação das descrições de produtos

Biblioteca eficiente

seu respectivo uso em bibliotecas

facilitar a programação CAM rápi-

A padronização também su-

tagens de longo alcance. A área de

Isso possibilita tanto a harmoni-

de todos os fornecedores, quanto de ferramentas de software CAM.

abril.2015/104

Projetado especificamente para

da e segura, o Adveon™ tem van-

drástica do tempo gasto na bus-

corte. Sendo assim, não é mais necessário procurar informações em catálogos ou interpretar os

dados de um sistema para outro. O fabricante ganha acesso rápido

às informações sobre ferramentas de corte necessárias para adquirir a solução de usinagem mais ade-

quada, aliada a uma seleção mais eficiente. Os usuários ainda po-

dem selecionar as ferramentas uti-

lizadas em suas operações diárias,

manter e alterar o programa de

ferramentas e criar suas próprias bibliotecas, copiando e colando a partir da área de catálogo. Ferra-

mentas virtuais podem ser montadas de uma forma rápida e segura

e os dados rapidamente exportados para a programação CAM e simulação 2D e 3D.

o mundo da usinagem

29


soluções de usinagem 2 O poder da integração CAM A integração do Adveon™

com os sistemas CAM pode aumentar significativamente a pro-

dutividade de um processo de

menta aberta Adveon™ foi in-

torneamento e tornofresamento,

Sandvik Coromant.

to 3D e multi-eixos. A plataforma

tegrado, em cooperação com a Construída com a introdução

usinagem. Edgecam é o primeiro

do software Edgecam 2014 R2,

CAM para programação CNC,

variedade de exigências de ope-

fornecedor de softwares CAD/ com o qual a biblioteca da ferra-

a biblioteca suporta uma ampla rações de usinagem: fresamento,

Conheça a ISO O padrão conhecido como “ISO 13399 represen-

tação e troca de dados de ferramentas de corte” apresenta, pela primeira vez, uma maneira padronizada de descrever os dados de corte. Essa

norma foi desenvolvida em conjunto por vários

combina a facilidade de uso com geração de percurso sofisticado da ferramenta, e é utilizado mun-

dialmente dentro de uma ampla gama de indústrias.

Principais benefícios do Adveon Visualização imediata dos desenhos em 2D e 3D para si-

mulação precisa de usinagem

parceiros como a Sandvik Coromant, o Institu-

Exportação instantaneamen-

(Centro Técnico para Engenheiros Mecânicos, na

simulação

to Real de Tecnologia em Estocolmo, e o Cetim

França) e outros grandes players na arena metal-

mecânica. A norma, que permite que as empresas trabalhem com ferramentas de qualquer fornecedor e garante precisão das informações geomé-

tricas, define parâmetros agrupados em quatro itens principais: Corte (pastilha); Ferramenta (suporte da pastilha); Adaptativo (extensão do

porta-ferramenta/extremidade traseira) e Auxi-

liar (parafusos, grampos). Montagens completas de ferramentas — criadas pelo usuário final, a

partir dos elementos de ferramentas individuais — podem ser definidas pela norma. A partir do

site de ferramentas de fornecedores, as empresas podem baixar os dados dos produtos, e usar di-

retamente em seus softwares CAM para montar ferramentas utilizadas na produção.

30

incluindo operações de fresamen-

o mundo da usinagem

te para CAM ou software de

Precisão de todas as informações geométricas

Economia de tempo durante o set-up da máquina

Aumento da produtividade na programação

Maior segurança de usinagem Solução off-line - trabalha sem conexão com a internet.

Baseado na norma ISO 13399

– padronização da descrição de dados de corte

abril.2015/104


abril.2015/104

o mundo da usinagem

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negócios da indústria

Falta água.

Sobram soluções

Por Inês Pereira

M

uito se noticiou a res-

peito da crise de água no Estado de São Pau-

lo. Embora a imprensa tenha mudado o foco para a agenda polí-

tica, a preocupação ainda bate

à porta. A temporada de chuva não eliminou os planos de pos-

síveis cortes e rodízios no abastecimento. No início de março, a

Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, em São Paulo,

promoveu o evento “Crise Hídri-

ca — Realidade e Reflexos” para especialistas, empresários e pes-

quisadores. Entre as conclusões, uma se destaca: a indústria está fazendo a sua parte.

Na bancada dos palestrantes,

a engenheira Patrícia Cordeiro

de Souza, gerente de Localidades

São Paulo da Siemens, conta que

Evento reúne representantes da indústria para discutir os impactos da crise hídrica nas empresas, apresentar boas práticas e planos de contingência

a unidade Anhanguera, de He-

althcare Diagnósticos, recebeu a certificação Leadership in Ener-

gy and Environmental Design

(LEED) na categoria Gold, considerada a mais importante em ter-

mos de sustentabilidade e meio ambiente no mundo. “Fomos a segunda unidade da Siemens no

mundo, e a segunda empresa no Brasil, a ser certificada no nível Gold”, afirmou Patrícia.

A Siemens se preocupa há

tempos com a gestão de recursos hídricos. Desde 2004, a empresa

já tem torneiras com redução 32

o mundo da usinagem

abril.2015/104


Udo Kurt Gierlich, da ZF: efluentes

tratados são

aproveitados

nas torres de resfriamento

automática de água, e um con-

cima do que não conhece?” A cada

ra na véspera?”, explicou Patrí-

dente da pressão na coluna de

hidrômetros. Caso identifiquem

mantêm os alimentos aquecidos

trole manual de vazão indepenágua para abastecer as bacias, os mictórios e a torre de resfria-

mento. Em 2006, foi feita uma

reforma dos sanitários do prédio principal, que tem oito andares.

Trocaram as bacias de 12 litros por fluxo pelas de 6 litros. Tam-

bém instalaram válvulas com

dois dias, funcionários checam os

desvio superior a 5% na meta, eles alertam seus superiores para descobrir a causa do problema.

Uma vez por ano, todas essas informações são organizadas e servem de base para novas melhorias no sistema.

A equipe coordenada por

descarga controlada, arejadores

Priscila ganhou o segundo lugar

prumada paralela para receber

no que reúne projetos de todas

nas torneiras e prepararam uma

água de chuva. Em 2010, o sistema de captação da água de chuva já estava funcionando.

Para melhorar a eficácia do

controle, a Siemens adotou uma

regra que parece óbvia, mas faz

toda a diferença: medir o consumo de água. Para isso, foram espa-

lhados 12 hidrômetros pelo complexo. Com os aparelhos, segundo

Patricia de Souza, ficou mais fácil fazer o controle geral: “Se você

não mede, não possui dados. Como realizar alguma ação em abril.2015/104

no Melhor Ação, programa inter-

as filiais da Siemens no mundo. A ação brasileira premiada redu-

cia. Normalmente, as pistas que em banho-maria utilizam água

aquecida, por baixo dela, uma resistência elétrica. Por que não deixar apenas a resistência? Foi o

que fizeram. “De 27 litros de consumidos em média por refeição,

chegamos a 22 litros”, afirmou

Patricia, lembrando que a média

no mercado é de 25 litros por re-

feição. “Isso nos proporcionou uma economia de 115 mil litros por mês.”

A Siemens utiliza a intranet e

ziu o consumo de água do res-

as TVs corporativas para enga-

simples, mas muito eficientes.

nha atual, as pessoas adotaram

taurante da empresa, com ações

Todos os processos da cozinha, desde a lavagem de alimentos até a manutenção dos equipa-

mentos, foram revistos e, por meio de treinamento, reformulados. A peça de carne, por exem-

plo, era descongelada com água corrente. “Por que não transferir

a carne do freezer para a geladei-

jar os funcionários. Na campaa hashtag #eueconomizo e agora

comentam o que estão fazendo para reduzir o consumo da água

em suas casas, na comunidade, com seus amigos e familiares.

“Ações como essa incentivam os colaboradores a contribuir com o meio ambiente não só dentro da empresa”, disse Patricia. o mundo da usinagem

33


negócios da indústria Tratamento de resíduos Em sua apresentação, Udo

Kurt Gierlich, gerente de Infra-

jam industriais ou biológicos, são

viços da ZF do Brasil, fabricante

tamento de Efluentes (ETE) e, de-

estrutura, Meio Ambiente e Ser-

de autopeças, descreve como a empresa economizou água e conseguiu alinhar demandas da responsabilidade empresarial, metas corporativas e atendimento da

legislação ambiental. A unidade

da ZF, em Sorocaba (SP), consome Patrícia, da Siemens: gestão de recursos hídricos premiada

Todos os resíduos gerados, se-

pouco mais de 178.000m³ de água

por ano, sendo dois terços do volume provenientes de poços artesianos e um terço comprado.

tratados em uma Estação de Tra-

pois, lançados em uma Estação de Tratamento Biológico (ETB). Só en-

tão são descartados no rio Pirajibu.

“Observamos que a qualidade da água era bem superior à exigida

pela Cetesb. A partir daí, decidi-

mos reaproveitar esse recurso nos nossos processos”, conta.

Um dos objetivos era suprir

a perda de água por evaporação nas torres de resfriamento du-

1

“A indústria está fazendo a sua parte” A Federação das Indústrias do Estado

de São Paulo (Fiesp) acompanha com pre-

ocupação os reflexos da crise no setor. Tem

atuação marcante nos comitês de bacias hi-

drográficas, questionando legislações, ações e fazendo reivindicações. A entidade lança

periodicamente material com informações e procedimentos importantes para a gestão da água. Também está presente em 105 câmaras

técnicas (grupos formados por especialistas de diversas áreas) que discutem assuntos como cobrança e proteção da água, usos múltiplos, águas subterrâneas e assuntos

jurídicos. A entidade participou do evento,

representada pela engenheira e especialista em questões ambientais do Departamento

de Meio Ambiente da Fiesp, Priscila Freire. Sua palestra destacou três temas:

34

o mundo da usinagem

O PAPEL DA INDÚSTRIA NA CRISE “Sem dúvida, a prioridade é o abastecimento humano e de animais. Mas é preciso haver transparência, negociação e não colocar a indústria como vilã. Na região metropolitana de

São Paulo, temos mais de 52 mil indústrias;

na de Piracicaba, 16 mil. Estamos falando de, mais ou menos, 60 mil indústrias nessas duas regiões críticas. Elas representam mais de 1,5

milhão de empregos diretos, fora os indiretos. A sustentabilidade é ambiental, social e eco-

nômica. As pessoas precisam trabalhar para prover o alimento, que está aumentando de-

vido aos problemas atuais. Onerar nossa folha de pagamento, nos trazer mais impostos não é

solução. A indústria está, sim, disposta a nego-

ciar e, juntamente com a sociedade, enfrentar a crise. Mas também precisa de incentivos.”

abril.2015/104


rante o tratamento térmico. Essa

dade dos efluentes despejados no

milhões de litros. Com o projeto,

um volume capaz de abastecer

perda anualmente chega a 17,3

a ZF ampliou a ETB e instalou

uma osmose reversa — que re-

aliza uma espécie de filtragem na água, separando cloro e sais minerais — para facilitar a ma-

nutenção das tubulações que conduzem a água durante o tra-

tamento térmico. A partir dessas mudanças, a empresa conseguiu

suprir toda a necessidade de água para o abastecimento das torres e

continuou preservando a quali-

rio. “Deixamos de usar água em 1.280 famílias durante um mês —

17 milhões de litros de água, to-

mando como base uma família padrão, com três pessoas e 150

litros de consumo por pessoa por dia”, afirmou Gierlich. As ações e os projetos da Siemens e da ZF

mostram que a indústria caminha na direção certa, que inclui alter-

nativas para preservar a saúde do

negócio e reforçar a atuação responsável e cidadã.

2

IMPACTO NA PRODUÇÃO “Indústrias de grande porte para-

lisam a produção por falta d’água,

inclusive por não captar, por não conseguir colocar sua sucção de

água no rio. Tivemos relatos de

indústrias da região do ABC que chegaram a paralisar, dispensan-

do seus funcionários por dois dias. Outros nos comunicaram que, como solução, trocaram o horário do turno — fecharam no pe-

ríodo que não tem pressão na linha e transferiram o trabalho dos

funcionários para a parte da noi-

te. Estamos sofrendo, vamos nos virando. Mas precisamos também

de outras ações. Estas, que estão muito claras para todo mundo.”

abril.2015/104

3

Priscila, da Fiesp:

a indústria está disposta a negociar, mas precisa

de incentivos

PRÊMIO E ESTUDOS “A Fiesp tem vários manuais publicados ao longo dos últimos anos. De 2005, Conservação, reu-

so de água e edificações, feito em conjunto com

a Universidade de São Paulo (USP), será relançado. Um ato de conservação e uso de água é de

2009, muitos manuais disponíveis. Estamos lan-

çando o décimo ano do Prêmio Água. Não se fala de conservação e reuso de água há pouco tempo.

Para se dar uma ideia, 89% das indústrias inscritas no Prêmio demonstram ter praticado o uso interno de água. Em dez anos, observamos todos

os projetos inscritos e, só no Alto Tietê, 241 indústrias de grande porte já obtiveram uma eco-

nomia de mais de 32 milhões de metros cúbicos de água. Na bacia Piracicaba, Capivari e Jundiaí

(PCJ), temos 75 indústrias de grande porte e, com base nos projetos implementados, estima-se que economizaram 108 milhões de metros cúbicos.”

o mundo da usinagem

35


nossa parcela de responsabilidade

Vt = Velocidade do tempo

P

or uma coincidência, fui

A busca pela redução de al-

vam em conta esses fatores para

usinagem ainda é um desafio;

que há muito mais! Há poucas áre-

convidado a escrever nes-

guns segundos no processo de

momento especial! Acontece que

porém, outros aspectos ganham

ta edição da revista em um

há exatos 30 anos iniciei minha

jornada no Grupo Sandvik e, por

consequência, no mundo da usinagem e das ferramentas de corte. Posso garantir que passou rápido e foram tempos muito bons!

Quando olho para trás na mi-

nha vida profissional que, claro,

se mistura com a pessoal, sinto

saudades de tempos bons que

vivi. Ainda mais nesse momento, em que enfrentamos tantas difi-

culdades no nosso país! Também

fazem falta alguns colegas, ami-

importância, fazendo com que os profissionais da nossa área se-

jam mais completos, dinâmicos e

preparados do que no passado. A concorrência reforça essa exigên-

cia. Não há fronteiras nem barreiras para a vinda de novos de-

safios, novas tecnologias e elas chegam com uma velocidade

muito maior, exigindo de cada

Enquanto os desafios internos

se multiplicavam exigindo cada vez mais perseverança, tenacidade

e excelência em gestão de pessoas e em outras áreas, o mercado de fer-

ramentas de corte também foi mu-

dando significativamente do ponto

Estes não são fenômenos ape-

no nosso caso, temos um agravan-

a demanda não andam na mes-

vendemos valor mais que qualquer outra atividade. 36

o mundo da usinagem

ou nos envolver na fabricação de inúmeros produtos, por meio da usinagem, direta ou indiretamente.

Fazendo um balanço, para

muito positivos. A escolha pela

bem como os desafios, as oportunidades, o aprendizado, as pessoas com quem convivo e convivi, enfim as amizades.

Afirmo, sem medo de errar,

vivida, pode proporcionar muito

A parte agradável é essa longevi-

dade dos colegas, encontrá-los e

sante e, se bem explorada e bem prazer e conhecimento!

falar do passado e das compara-

ções, das mudanças, dos “causos” de usinagem... É muito bom!

O problema ocorre quando bus-

dificuldades. Não há muita gen-

serviço, consultores financeiros e

mos oportunidade de conhecer e

neste universo há muito tempo.

tenhamos muita gente que está

gidos: não apenas como especia-

antes, mas como prestadores de

De agulhas cirúrgicas a aviões, te-

que esta é uma área muito interes-

camos novos talentos para carregar

listas na ‘’arte de usinar’’ como

dos processos de transformação.

ma velocidade. Isso faz com que

de vista da demanda dos clientes.

Hoje, somos muito mais exi-

tra, estamos envolvidos na maioria

área de ferramentas foi acertada,

te: a reposição de novos talentos e

muito a eles o que aprendi!

assuntos. De uma forma ou de ou-

que ser excelente!

não basta ser bom no que faz, tem

uma ou outra razão, deixaram

am na minha memória. Agradeço

tanto conhecimento sobre tantos

mim, esses anos todos têm sido

nas da área de ferramentas. Mas,

meu convívio, mas que continu-

as que disponibilizam o acesso a

um ser muito melhor. Ou seja,

gos e os mestres, com quem tive contato nesta jornada e que, por

decidir que não se interessam, digo

o bastão. Esta é uma das grandes

te com a mesma disposição para ‘analisar desgaste’, ‘tomar banho de óleo’, ‘ficar no pé da máquina’, e o que dizer de ‘pegar cavaco’.

Para os que eventualmente só le-

Marcos Soto

Sandvik Coromant do Brasil Round Tools Manager – América Latina

abril.2015/104


agenda eventos

abril.2015/104

o mundo da usinagem

37


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Feimafe pág. 37

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38

o mundo da usinagem

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o mundo da usinagem

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