www.onfiresurfmag.com | nยบ60 ano X | Dezembro 2012 Janeiro 2013 bimestral pvp cont 3euros [iva 6% inc]
*ParabĂŠns Parko de toda a Billabong
*A melhor forma de prevenir o futuro é ser o primeiro a inventá-lo. **Techno Butter, tecnologia exclusiva da O’Neill: 20% mais leve, 30% de menor absorção de água, propriedades de secagem mais rápida, altamente elástico.
PROGED SA: infoproged@proged.com
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*”Precisas de ter a tua mente decidida” - na procura de ondas com Ry Craike. **Para mais informações vai a dcshoes.com/surf
*Fato do Ano segundo a SIMA Awards. O Fato mais rรกpido do mundo a secar.
#coverwork #welovephotos Convidámos o Mário Belém, um dos mais conceituados ilustradores portugueses e amante das ondas desde muito novo, para ilustrar a capa desta edição, que celebra, como já percebeste, os 10 anos da ONFIRE! Rapidamente e gentilmente aceitou o nosso convite. Enviámos-lhe três propostas de capa e recebemos cinco obras de arte. A decisão final não seria fácil mas houve uma que rapidamente chamou a atenção de todo o staff... Claro que a opinião do Mário era de igual importância mas, para nossa sorte, ia de encontro à nossa. Melhor do que ninguém, Mário, no email em que nos enviou as propostas, justificou o porquê da escolha final: “A minha versão favorita de capa é sem dúvida a última, com o ONFIRE a azul-verde-água-escuro. Acho que é de longe a mais forte. Tem quatro coisas a favor: é a mais original, as cores são lindas, é a mais sugestiva - não tem manobrão mas é a que dá mais lugar ao sonho, à viagem de olhar para a foto e imaginar “o que é que vai acontecer a seguir?”-, e é a foto mais bonita das três, portanto é a que está mais directamente relacionada com o “#welovephotos”. Mas pronto, como é óbvio vocês é que sabem.” Mário informou-nos ainda que a sua criação é baseada no “sprout” do Thomas Campell (um dos seus artistas/designers favoritos no mundo inteiro)! A ONFIRE não se poderia sentir mais honrada por ver esta edição tão especial a integrar a arte de dois Artistas (Mário e o homem das lentas da casa ONFIRE, Carlos Pinto) de forma perfeita!
Aconselhamos-te a comprar uma botija de oxigénio pois vais-te passar de uma forma tal com as fotos que vais ver nesta páginas que vais começar a hiperventilar que nem um maluco! Será nessa altura que uma poderosa inalação no oxigénio te vai ajudar a continuar a desfolhar esta inesquecível orgia de cores e sentimentos sem que nada de dramático aconteça à tua pessoa!
............................................................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................................. The Freakin’ Director Nuno Bandeira | The Psycho Editor António Nielsen | Editores de Fotografia António Nielsen + Carlos Pinto + Nuno Bandeira | Escribas colaboradores João Rei . Marcos Anstácio . Miguel Pedreira . Mikael Kew . Ricardo Vieira . YEP . Zaca Soveral | Contabilidade Remédios Santos Revista bimestral #60 | Registo no ERC nº 124147 | Depósito legal nº 190067/03 | Sede da Redacção|Sede do Proprietário Rua Infante Santo nº39, 1º Esqº, .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .............................................................................................................................................................................................................
#spotligth #surftrip Há muito que queríamos colocar frente a frente os dois surfistas que irão, com toda a certeza, seguir o caminho de Tiago Pires. Frederico Morais e Vasco Ribeiro são dois grandes amigos que sabem que esse caminho não será fácil, mas apoiam-se um no outro para atingir o objectivo que ambos perseguem.
Uma edição tão especial como esta só poderia ter nas suas páginas o mais especial destino de surf do mundo, as Mentawai. António Silva, João Guedes e Eduardo Fernandes passaram mais de um mês a explorar a perfeição das ondas mais perfeitas do mundo, e, para não variar, o resultado dessa exploração foram horas e horas de surf incrível! E advinha onde podes vê-lo...
............................................................................................................................................................................................................................................................................................. ............................................................................................................................................................................................................................................................................................. Arte & Design Marcelo Vaz Peixoto | Fotógrafo residente Carlos Pinto [www.carlospintophoto.com] | Photo maniacs Bruno Smith . Diogo Soutelo . João Pedro Rocha . Jorge Matreno . Pedro Ferreira . Sérgio Villalba . Tó Mané | Departamento Comercial António Nielsen, Marta Costa | Proprietário Magic Milk Shake Produção Audiovisual, Lda | NIPC 506355099 | Impressor Lisgráfica | Distribuição Vasp | Tiragem MÉDIA 10.000 exemplares 2780-079 Oeiras | Mail staff@onfiresurfmag.com | Interdita a reprodução de textos e imagens. .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... .......................................................................................................................................................................................................................................................................................................... ONFIRESURFMAG.COM 11
A ideia de fazer uma edição especial da ONFIRE é quase tão antiga no nosso grupo de trabalho como a própria revista, mas por alguma razão nunca avançou. Avançar com este projecto neste momento à primeira vista não me parecia ser a melhor ideia do mundo mas, como já dizia Fernando Pessoa (quando foi contratado pela Coca-Cola em 1927 para criar um slogan em português para a marca), “primeiro estranha-se, depois entranhase”. E a partir do momento em que decidimos avançar parece que recebemos uma injecção de pica para fazer uma revista de surf como nunca se tinha visto em Portugal. Acompanho revistas como a Surfer e Surfing há muitos anos e por diversas vezes comprei os seus especiais de fotografia. Acabavam por ser algumas das minhas edições preferidas, mas no fim ficava sempre a faltar algum conteúdo. Daí termos decidido, depois de algum debate, incluir dois artigos de fundo para complementar esta edição especial de 10 anos, uma incrível viagem aos Mentawai e uma entrevista com os dois surfistas em maior ascensão no nosso país. Depois começou a procura por imagens diferentes do normal, aquelas que se destacam a página dupla mas “perdem-se” quando aparecem mais pequenas. O resultado é o que têm nas mãos, uma edição de luxo da ONFIRE que esperamos que vos traga muitas sensações e, acima de tudo, vontade de surfar! Let’s go!!! _ António Nielsen
Guess Who... Bolina. | photo by carlospintophoto.com
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Senhores e senhoras, meninos e meninas, cães e gatos, tartarugas e cágados, têm nas vossas mãos e patas aquela que considero a revista de surf (quase) perfeita! Não que não goste da ONFIRE normal, muito antes pelo contrário, adoro-a, mas o conceito de revista que tens agora em tua posse sempre foi o que considero como quase perfeito, a nível de papel e editorial. Artigos de luxo e zero artigos “menores”… Não que esses artigos menores não sejam importantes mas penso que fazem mais parte de uma necessidade herdada daquele que é o conceito dos últimos anos de uma revista de surf e que nos dias de hoje ainda perdura. No fundo, esse conceito é aquilo a que o mercado se habituou a ver e por isso mesmo acaba por exigir. Se nesta edição conseguimos quebrar este conceito, a “desculpa” para tal foi uma e só uma: a comemoração de 10 anos de existência da ONFIRE. Além de todo este o conceito, que passa não só por uma reformulação do tipo de papel mas por uma reestruturação editorial, decidimos também celebrar esta década com um especial #WeLovePhotos, vulgarmente conhecido por “Especial Fotografia”. E uma coisa vos posso garantir, quem nos dera ter tido mais 40 páginas pois não imaginam a quantidade de fotos fenomenais que tivemos de deixar de fora… Mas quem sabe se esta edição não será o ponto de partida para uma mudança drástica (no sentido mais do que positivo) da ONFIRE? Será que o mercado português, e isto envolve leitores e anunciantes, está preparado para este tipo de direcção editorial? Como gostava de vos dizer que sim!… Óbvio que se este conceito seguisse teríamos ainda de afiná-lo pois temos colaboradores de texto fundamentais e que teriam de ser inseridos nesta nova fórmula (o que seria bastante simples). Mas uma coisa vos posso garantir, se conseguíssemos que a ONFIRE passasse a ser como esta edição, no final do ano que vem acredita que lançaríamos um novo número especial onde voltaríamos a subir a fasquia mais uns degraus. Isto porque, como disse no início, esta é, para mim, a revista quase perfeita, e, mesmo sabendo que a perfeição é algo inatingível, sei também que poderemos ainda chegar mais um pouco perto dela… Sem dúvida que é esta procura constante pela perfeição que me fez, faz e fará continuar a batalhar para melhorar esta realidade que faz agora 10 anos, de seu nome… preciso mesmo dizer? _ Nuno Bandeira
Guess where… | photo by Sergio Villalba
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*O nosso tecido Eco Poly Cotton é a junção perfeita entre o estilo clássico e moderno. Com um toque macio devido ao algodão, a secagem é amas rápida. Os elementos reciclados de garrafas de plástico dar uma maior durabilidade. A mistura destes materiais permite um print à mão que parece perfeitamente gasto desde o seu início.
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Surfer, MĂŠxico | photo by carlospintophoto.com
Francisco Alves, Costa da Caparica | photo by carlospintophoto.com
T贸mas Valente, Carcavelos | photo by Andr茅 Carvalho/Goma
Nicolau Von Rupp, Mentawai | photo by Alex Laurel/Nike
Pedro Boonman, Supertubos | photo by Jo達o Bracourt
photo by carlospintophoto.com
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Filipe Jervis, Praia Grande | photo by carlospintophoto.com
Alex Botelho, Galiza | photos by Jo達o Pedro Rocha
Marlon Lipke, Barcelona | photo by carlospintophoto.com
Ruben Gonzalez, Supertubos | photo by carlospintophoto.com
Miguel Blanco, Costa da Caparica | photo by carlospintophoto.com
MĂŠxico | photo by carlospintophoto.com
Glass | photo by carlospintophoto.com
Tiago Pires, Teahupoo | photo by Timo/Quiksilver
texto by ONFIRE photos by carlospintophoto.com
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Há quem considere que Frederico Morais e Vasco Ribeiro são os dois surfistas mais talentosos que alguma vez apareceram em Portugal. Ambos estão numa fase em que precisam de dar um “salto” para o plano internacional e seguir as pegadas de Tiago Pires. A ONFIRE entrevistou cada um deles para perceber onde estão e por onde vão. Algumas perguntas são semelhantes mas as respostas são diferentes, tal como serão os seus percursos, mas o destino parece ser o mesmo, o World Championship Tour da ASP!
Kikas, o Vasco Ribeiro é um amigo ou um rival? É o maior rival de todos os tempos (risos)! Estou a brincar, acho que é ao mesmo tempo um rival e um amigo, dentro de água torna-se mais uma rivalidade saudável, não uma coisa que seja má para nós. Nós puxamos um pelo outro, que é o que precisamos neste momento. Houve alguma altura em que a rivalidade tenha ficado mais acesa e que a amizade tenha sido posta ao limite? Há derrotas piores que outras, mas perder para ele ou perder para o Francisco Alves ou outro qualquer é igual, não é por aí que me sinto pior ou melhor. É como tudo na vida, há derrotas que uma pessoa consegue engolir melhor do que outras. A fase júnior da tua carreira acabou recentemente, estás onde esperavas por esta altura da tua carreira? Acho que, pelos planos que tenho feito ao longo do ano, estou numa situação que eu gosto, sinto-me confortável e num bom caminho. Acho que tenho vindo a fazer um bom trabalho, este foi um ano bom para mim, sinto que evoluí em muitos aspectos e fiz os resultados que precisava, por isso estou satisfeito. Quem é a tua equipa de trabalho? Tenho o meu pai que me ajuda na minha carreira porque sabe ser um pai e ajuda-me em tudo incondicionalmente. Tenho o Carlos Pinto, que é como se fosse um pai nas viagens, é a pessoa com quem eu mais viajo. Tenho o meu preparador físico, que é o João Miguel Garcia, que me treina três vezes por semana. São treinos específicos para o surf, TRX, treinos medicinais, treino de força com pesos para também estar forte fisicamente. Há o psicólogo Pedro Almeida que é quem me ajuda para que a minha cabeça fique melhor para os campeonatos, e o meu tio Tomás Morais, que também me ajuda a nível de competição, como funcionar com as derrotas e com as vitórias e como saber lidar com a pressão. O meu manager é o Quirin Rohleder e o Richard “Dog” Marsh é quem me ajuda a nível técnico do surf. Comecei a treinar com ele a meio do ano passado e fizemos este ano todo. Fez imensa diferença para mim e é uma pessoa que eu quero continuar a ter por perto! O acompanhamento que tens da tua família é algo que há uns anos era invulgar no surf nacional. Vês grandes benefícios nesse acompanhamento face a outros que não tiveram as mesmas condições? Eu vejo isso como um grande beneficio, hoje em dia são muitos os que viajam com os pais no circuito. Surfistas como Kolohe Andino, Gabriel Medina, John John Florence raramente andam sem os pais. Eu acho que foi o apoio do meu pai que me fez continuar e me puxou muito para o surf. Tudo o que fiz até hoje é a ele que tenho que agradecer, e à minha mãe que trata de tudo por mim. Na altura o apoio do meu pai era estranho mas foi um esforço e um investimento que fez e que neste momento está a render, o que o deixa feliz por tudo o que fez. Eu vejo surfistas que não viajam com a família porque não têm possibilidade e tenho a certeza que assim que as tiverem vão fazê-lo. Como é a tua rotina em Portugal quando não estás em “modo competição”? Tento surfar duas vezes por dia, é o ideal, e neste momento treino três vezes por semana. São treinos intensos de uma hora, normalmente tudo feito em circuito, sem parar. Em 2013 vais estar 100% dedicado ao WQS, mas já tens a experiência do que é a vida no circuito. Achas que estás preparado para encarar isso a tempo inteiro? Eu sinto-me preparado, sei que são campeonatos difíceis, nunca sabes que tipo de mar podes esperar e há muitos bons surfistas, tudo à procura do mesmo. Acho que o importante é estar preparado psicologicamente porque a nível de surf já se baseia tudo ao mesmo! Uma pessoa que consiga lidar bem com as vitórias e as derrotas é uma pessoa que se pode dar bem no circuito. É nisso que eu tenho vindo a trabalhar e acho que o Pro-Junior europeu tem vindo a ser uma grande ajuda porque aprendi a lidar melhor com derrotas e vitórias e a ser mais consistente nos campeonatos, que é uma coisa muito importante neste momento para o WQS. Conhecem-se muitas histórias de bons surfistas que não chegaram longe por se “perderem” no tour, como fazes para não ir pelo mesmo caminho uma vez que tens toda a liberdade para o fazer? Acho que uma pessoa tem de ter prioridades, durante campeonatos nunca saí à noite, nunca tive sequer essa tentação, sei perfeitamente o que estou lá a fazer! Mas estes últimos dois meses do ano, em que não há campeonatos, acabam por ser bons para nos divertirmos mais e estar com os amigos e quando começa a altura de treinar, começo a treinar. Há tempo para tudo! A qualificação para o WCT é um objectivo já para 2013? Não, acho que isso é demasiado ambicioso e que ainda tenho muito a aprender para me qualificar para o WCT. Quando for para entrar, quero que seja uma etapa em que eu fique e não que seja de entrar e sair. Acho que hoje em dia, para uma pessoa entrar para o WCT e ficar, é preciso muita coisa, viu-se isso com o Kolohe Andino este ano. Ele é dos melhores surfistas de sempre e fazem dele uma “superstar” mas esteve até ao fim “ao papel” para se qualificar.
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Então, para quando? Eu tenho os meus planos na minha cabeça, mas não quero estar a dizer pois é completamente imprevisível! As condições para os surfistas evoluírem e darem o salto para o mais alto nível a partir de Portugal evoluíram bastante. Como comparas com as condições que os surfistas de sítios como a Austrália têm para evoluir? Acho que em Portugal, neste momento, pelo menos os surfistas de topo têm óptimos apoios e isso já é uma grande ajuda. Mas o que se vive em Portugal neste momento é que as pessoas fazem surf para serem “cool” e na Austrália fazem porque é um modo de vida. Acho que no dia em que o surf começar a ser visto como um desporto e um modo de vida a sério será quando vamos desenvolver muito mais coisas e criar mais e melhores atletas. Há uns anos, talvez por serem da mesma equipa, o Tiago Pires era uma enorme influência na tua carreira, que importância tem neste momento? Olhas muito para ele ou já olhas mais para outros surfistas? O Saca é um grande surfista e foi o primeiro português a entrar no WCT mas, não lhe tirando o mérito, neste momento baseio-me em outros. Quero identificar o meu surf com surfistas como Kolohe ou John John, Gabriel, Julian ou Dane. São surfistas com que me identifico na maneira de ver a onda, de ver o surf e como eles surfam. São fora de série e tanto conseguem uma secção de vídeo excelente, como ganhar um WCT, e isso é uma coisa que eu admiro e que nem todos os surfistas têm. Eu quero ter isso no meu surf, ser capaz de fazer uma boa secção de vídeo com todas as manobras progressivas, surf de rail, tubos e tudo, e ao mesmo tempo saber ser um surfista de competição. É mais nisso que me baseio. Que importância têm as secções de vídeo neste momento da tua carreira? Acho que são importantíssimas e fundamentais no surf, acho que um vídeo é o que mostra realmente o teu surf. Juntas o melhor que fizeste durante algum tempo e são importantíssimos para manter as pessoas informadas, para dar conteúdo de modo a que as pessoas possam ver o que tu andas a fazer. Eu adoro filmar, acho que é um desafio e não saio da água contente se não conseguir pelo menos um ou dois clips bons. Acho que isso torna-se mais um treino porque uma pessoa quer dar um aéreo bom ou um “granda” rasgadão e vai estar a batalhar por aquela manobra que depois se vai tornar automática para fazer nos campeonatos. O que andas a usar a nível de pranchas? Uso bastante Chilli, que são as minhas pranchas de eleição. Gosto muito também das pranchas do Ricardo Martins, que trabalha na Polen, que me patrocina. É um shaper de que gosto muito e todo este ano competi com uma Ricardo Martins. E foi um grande ano para mim em termos de resultados. Também tenho o Nuno Cardoso, o Surdo, de quem já tive grandes pranchas. No ano passado andámos meio desencontrados e não fiquei com nenhuma no quiver de competição. Mas já estamos a trabalhar nisso à séria e acho que vamos ter grandes resultados.. Quando tempo achas que vais estar em Portugal em 2013? Espero estar menos que em 2012 porque é bom vir a casa mas de certo modo em Portugal uma pessoa sente-se muito sozinha na água. Não há muito surfistas que te vão motivar a fazer melhor do que estás a fazer. E acho que estando fora, mesmo que seja em sítios perto de casa como França, uma pessoa já tem muito mais esse estimulo na água. Eu gosto imenso de estar fora e viajar e o meu treinador não vive cá, o que puxa bastante por mim a estar fora. Em 2012 tentei coincidir os Pro-Juniores com alguns WQS e deixou-me muito pouco tempo para viajar fora disse calendário. Gosto de vir cá, visitar os meus amigos e os meus pais, mas gosto muito de viajar e estou a habituado a fazê-lo desde pequeno por isso sei como estar fora e controlar emoções como as saudades. Mas como também viajo sempre com o Carlos todas essas coisas passam ao lado.
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Tu e o Vasco vão viajar quase sempre juntos ou por terem patrocínios diferentes isso pode não acontecer? Eu não sei qual é o calendário dele para o ano, como ele ainda é júnior não sei como será mas certamente faremos algumas viagens juntos. Outra pessoa com quem estou a planear viajar é o Nicolau (Von Rupp), que é um grande surfista e que também gosta mais de viajar do que estar por casa e será uma grande companhia. Quem achas que tem capacidade de se juntar a este “grupinho do WQS” nos próximos anos? Espero que o Francisco Alves se junte. Acho que ele tem um grande surf, basta conseguir pôr as peças todas juntas pois ele tem tudo para fazer os campeonatos connosco. Depois temos uns mais novos como o Miguel Blanco, Tomás Fernandes e Guilherme Fonseca, que podem vir a ser atletas de WQS pois da idade deles são dos melhores da Europa. Este ano tiveste de faltar aos trials do WCT para competir no World Juniors, chegaste a ponderar ficar por cá para participar nesse evento? Isso estava completamente fora de questão. Sem dúvida que será um dos grandes objectivos de 2013, acho que competir num WCT é o objectivo de qualquer surfista, ainda por cima em casa, com o apoio que a nosso público dá aos que entram. Além do mediatismo que recebes, acho que nós surfistas portugueses temos nível de sobra para passar alguns heats ali ou pelo menos dar um bom espectáculo. O surf está a evoluir muito a nível de aéreos, estás a fazer algum trabalho para acompanhar? Tenho vindo a treinar e acredito que estou a fazer bons progressos. Acho que é muito importante trabalhar os aéreos mas acho que muitas pessoas estão muito focadas nisso e acabam por esquecer do rail e surf power. E vês que, nos campeonatos, quem acaba sempre por ganhar tem surf power e cheio de linha. Claro que temos o Medina e o John John que dão aéreos a estalar os dedos mas são aéreos que não são normais. Com o Richard já fizemos treinos de mota de água, para haver mais repetição da mesma manobra, e conseguir ganhar o “tique” para fazer o aéreo. Como meter a mão, como mexer o corpo e tentar interiorizar e treinar e insistir. Um grab que gostaria de aprender e dar com regularidade é o stalefish que é uma manobra que bem feita é linda de se ver. Vamos ver se consigo... O Vasco tem tido bastante sucesso recentemente. Sentes que isso abafa um pouco o que tens feito ou são percursos completamente diferentes? Eu acho que, antes de tudo, nós somos os dois abafados pelo Saca. Ele é o número um e nenhum de nós está sequer perto de fazer o que ele já fez! O que eu procuro é a nível internacional, não é por acreditarem mais num ou noutro que me vai deixar com menos força para lutar pelos meus objectivos. Isso é uma coisa que não ligo muito, sei que preciso muito do apoio nacional e acho que tenho muitas pessoas a apoiar-me, mas como em tudo, há pessoas que acreditam menos que outras mas o importante é eu acreditar. Saber o que eu quero e ter os meus objectivos bem delineados e acho que tudo é possível se acreditares. Achas que as pessoas já sabem ver bem o surf em Portugal? Acho que se pode contar pelos dedos as pessoas que sabem ver surf à séria em Portugal. Há pessoas que gostam de surf, mas perceber de surf não é dizer que ele deu uma paulada ou um tubo ou que surfa bem ou isso. Uma pessoa como o Richard percebe de surf, um Martin Potter, um Brad Gerlach, o Carlos ou o David Raimundo percebem de surf, é isso que eu quero dizer. Agora ver o surf e perceber que ele deu uma paulada e deitou água mas falta ali qualquer coisa, não finalizou ali. Saber ver essas coisas acho que há muito pouca gente em Portugal. Ou mesmo fora, há poucas pessoas que conseguem analisar o surf a um certo pormenor. Para terminar, já competiste muitas vezes com o Saca? É um surfista com quem gostavas de medir forçar mais regularmente? Não tenho assim um grande querer ganhar ou querer ir no heat com ele. Acho que sabe melhor ganhar ao Mick Fanning em Burleigh Heads ou Kolohe Andino ou Jack Freestone do que estar a pensar em querer medir forças com ele. Mas o Saca é considerado o melhor surfista em Portugal e no surf muitas vezes as pessoas gostam de achar que só és tão bom como o teu último resultado... Sim, mas acho que não quero que me vejam a ser melhor surfista que o Saca só porque lhe ganhei no último campeonato. Quando for, se alguma vez vier a ser melhor surfista que o Saca, quero que seja porque as pessoas vêm o meu surf e dizem que sim, o surf dele neste momento está melhor que o surf do Saca ou qualquer outro surfista, e não por ter ganho um heat. OF
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s c o r i b e i r o Frontside Tail Out | Austrália
Vasco, o Frederico é um amigo ou um rival para ti? Acaba por ser um bocadinho dos dois, é um grande amigo meu mas também é o meu maior rival aqui em Portugal e na Europa. Acima de tudo somos muito amigos, mas quando estamos a competir isso fica um bocado à parte. Sempre com muito respeito um pelo outro, claro. Ele é mais velho do que tu e é um surfista de quem se fala há muito tempo. Lembraste quando foi o teu primeiro contacto com ele? Acho que foi quando comecei a fazer os Esperanças e ele já competia e já ganhava tudo. Eu olhava para ele como um ídolo tal como para outros, como o Nicolau e alguns que já não competem. Sei que tu não gostas de fazer grandes objectivos, mas sentes que cumpriste o que tinhas pensado em fazer durante 2012? Acabou por ser um bocado 50/50, alguns cumpri outros não. Consegui repetir o meu título de campeão da Liga Meo Pro Surf e qualificar-me para o World Juniors em Bali. Mas depois queria ter ganho o Pro-Junior e fiquei em segundo, e queria ter feito um melhor resultado em Bali, que não consegui. Não tinha em mente fazer muitos WQSs mas depois de Jeffreys Bay comecei a pensar que mais valia fazer mais uns e ficar no top100. Acabei por não conseguir mas também não fazia parte dos meus objectivos iniciais. São objectivos mais pessoais ou “contratuais”? São pessoais, os meus patrocinadores não exigem grandes resultados, apenas que dê o meu melhor, que treine, e que tenha uma boa imagem. Mas sei que tenho de fazer bons resultados! O que vais fazer em 2013? No início do ano vou fazer só WQSs e quando começar o Pro-Junior Europeu vou fazendo, dependendo da minha disponibilidade em relação aos WQSs. Tenho como objectivo qualificarme para Bali e ser campeão europeu, mas este ano vou dedicar-me mais ao WQS. Neste momento é mais importante estar entre os 100 primeiros do WQS do que ser campeão do Pro-Junior? Sim, se conseguir fazer os dois é óptimo, mas o júnior é uma coisa que mais tarde ou mais cedo vai acabar e o WQS é por onde passa o meu futuro. Este ano tiveste um heat decisivo, que acabou por ser “fatal” na tua busca pelo título ProJunior. Apenas precisavas de ficar em 3º e acabaste em 4º, foi uma questão pressão ou pouca sorte nas ondas? Foi um bocado os dois, eu comecei bem, com uma boa onda mas acabei por esperar demais para fazer uma segunda onda boa para ficar mais confortável. Os outros três começaram a melhorar os seus scores e quando deu por mim já estava no fim do heat e em quarto e não consegui apanhar mais ondas. Claro que fiquei um bocado nervoso mas acho que foi mais as ondas. Foi uma das piores derrotas da tua vida? Acho que sim, acho que foi mesmo a pior! Sei que estiveste na Namíbia, com o Tiago Pires, conta como foi essa “aventura”! Estávamos em Moçambique a fazer um “photo shoot” para a Quiksilver mas não havia ondas. O Aritz Aranburu também estava lá e já tinha ido à Namíbia no ano anterior e preparou um bocado esta “missão”. Estavam connosco todos os cameras e fotógrafos da marca e fomos todos para lá. Realmente é um sítio incrível mas é muito frio e não tem nada à volta. Tens andar pelo deserto para chegar lá mas acho que compensa. Tivemos de ir a Joanesburgo, apanhar um avião para Windhoek, capital da Namíbia, depois ainda tivemos de fazer um voo num avião mais pequeno para chegar ao aeroporto mais perto, que fica mais ou menos a uma hora do pico. Depois ainda temos de fazer mais uma hora de carro, chegar a uma cidade, ficar aí a dormir e depois fazer mais uns 40 minutos no deserto. A onda é a melhor que já surfei, super comprida, parece uma máquina, vai em tubo quase a onda toda. O drop é difícil e o pico tem imensa corrente, estás na areia e vês ondas incríveis depois chegas dentro de água e não as consegues apanhar com facilidade. Mas se tiveres a sorte de apanhar no sítio certo é a melhor onda da tua vida. Como é a presença do Tiago Pires nesta fase da tua carreira? Ele tem ajudado bastante, falamos de técnica e competição, e é muito importante para mim ter acesso a ele para perguntar sobre algumas dúvidas que tenho. Claro que tenho os meus treinadores mas é sempre bom ouvir outras pessoas, especialmente o Saca, sendo o melhor e mais experiente surfista português.
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o r i b Frontside Barrel | Reef
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Cada ano que passa, estás menos tempo em casa. Estás a adaptar-te bem a isso? Gosto de estar fora, prefiro isso do que estar em Portugal pois acaba por ser sempre a mesma coisa. Gosto de vir duas ou três semanas, ver a família e os amigos mas depois começo a fartar-me. Temos ondas boas mas é frio, o ambiente acaba por ser sempre a mesma coisa... Quando chegas sentes que está tudo sempre na mesma? Sim, está tudo sempre exactamente na mesma, posso estar dois meses fora e quando volta está tudo exactamente igual. Isso também tem coisas boas, uma pessoa volta às origens, surfa os mesmos sítios, vê a família mas depois queres fazer outras coisas e surfar outros sítios mas é sempre o mesmo. Muitos atletas, não só no surf, quando se dedicam às suas carreiras ainda muito novos acabam por sentir que perdem um pouco a oportunidade de serem miúdos, tu não sentes falta de nada que os teus amigos estejam a fazer por cá? Não, acho que fiz cada coisa a seu tempo, acho que tive uma altura em que eu era mais novo e brincava como todas as crianças. Mas depois comecei a perceber que era isto que queria e não me arrependo nada do que tenho feito até agora! Acho que é realmente isto que eu gosto! Fala-me da compatibilidade entre o surf e sair à noite... Isso às vezes acaba por ser a coisa mais complicada. Nós vamos para sítios como a Austrália, Bali e por aí, que são locais onde há sempre grandes festas, no Brasil então nem se fala! Mas se uma pessoa tiver os objectivos bem assentes e souber o que quer para o futuro consegue controlar-se. Quando não há campeonatos, acabamos sempre por ir, mas tem de ser sempre controlado. Nunca viajas sozinho? Quando tinha 12 fui sozinho para a Austrália, foi a primeira vez que fui mas não gosto muito. Tenho a possibilidade de levar sempre alguém e o Telmo acaba por viajar sempre comigo. É importante para a tua confiança, quando vais competir, levares o teu treinador? É, estou muito habituado a isso, e sinto-me mais em casa. A minha família muitas vezes também vai e assim sinto-me sempre melhor. Já tens uma data definida na tua cabeça de quando fazes tenções de entrar no WCT, ou é muito cedo para estares a dizer datas? Não, eu em 2013 quero acabar no top100 do WQS para poder competir nos eventos Prime, e no ano seguinte quero qualificar-me. Ou seja, em dois anos. Depende um bocado de como as coisas correrem este ano. O teu seeding dá para competires em alguns eventos Prime? No início do ano vou começar a fazer todos os campeonatos que conseguir para tentar entrar no top100. Acredito que com um ou dois resultados bons já posso estar a fazer Primes o resto do ano. Mas antes vou representar a selecção nacional à China, um campeonato da ISA que é reservado às oito primeiras selecções do último mundial. Logo a seguir, no dia seguinte até, há um campeonato da Quiksilver na mesma onda, um WQS 4 estrelas em que vou competir. Depois sigo para a Austrália. Já conheces os “cantos” do tour todos? Só não conheço Tahiti, através dos treinos da Quiksilver já fui aos outros. A maior parte dos surfistas da tua geração preocupa-se muito com a produção de secções de vídeo mas até agora tu ainda não lançaste nada. Porquê? Eu acho que é importante fazer isso e que devia trabalhar mais nesse sentido, mas para ser sincero não tenho muita paciência para andar a mandar mensagens a alguém para me vir filmar. Eu gosto de ir surfar quando tiver de ir surfar. Se estiver lá alguém a filmar é bom, mas se não tiver não há problema. Eu vou tentar fazer um clip, tenho bastantes filmagens já desde há algum tempo pois o Nuno Telmo filma-me sempre e agora até filmei um bocado, mas vamos lá ver como fica.
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c o r i b e i Frontside Air | Bolina
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Há uns anos eras um viciado na competição, continuas assim? Sim, eu gosto mais de competir do que fazer free surf. Gosto de ter alguma pressão em fazer alguma coisa, não poder cair... No free surf uma pessoa diverte-se muito mais mas não tem objectivos como na competição. Acho que isso é uma coisa boa, a maior parte das pessoas gosta mais de free surf e depois chegam à competição e não conseguem aplicar o seu surf e eu acho que sou ao contrário. Acho que sou melhor em competição do que em free surf. Agora já estou há algum tempo sem competir, e ainda vou ficar mais um mês e já estou cheio de saudades. Qual é o teu local preferido do tour e o sítio de que gostas menos? Austrália é o sítio que gosto mais e onde passo mais tempo. Geralmente vou sempre com o Carlos e o Kikas, somos bons amigos e é sempre bom surfar com ele e ter as filmagens e as fotografias para ver depois das sessões. Os sítios que gosto menos... não gostei do Equador, e Brasil, quando fui ao Rio de Janeiro não gostei muito. Tinha sempre imensa gente, tens de ter sempre muito cuidado por causa dos roubos e esse tipo de coisas. É uma cidade linda mas não foi um sítio onde eu me sentisse lá muito bem. Há muito pouco tempo atrás um surfista que queria ser reconhecido à séria tinha de dedicar algum tempo ao Havai. Achas que isso se mantêm para a tua geração? Eu acho que acaba por ser um sítio super importante e muita gente continua a achar isso. Eu não gosto muito, tem imenso crowd e estás sempre a levar com os locais, tens de estar sempre com cuidado. E uma pessoa não precisa assim tanto de ir ao Havai. Podes qualificar-te sem ir lá e depois só vais lá para competir em Pipeline. E ir ao Havai só para surfar em Pipe acaba por não render, se for preciso passas quatro horas dentro de água e só apanhas uma onda e até vais em frente. Mas já dedicaste algum tempo àquela onda? Sim, já fui quatro vezes ao Havai. As vezes que lá fui sempre que dava Pipe eu ia, é sempre bom habituares-te ao ambiente mas é um sítio muito complicado de apanhar ondas. No ano passado fui ao México, a Puerto Escondido, e as ondas são tão pesadas como Pipeline e com muito menos crowd. Quantas pranchas usas por ano e quantas partes? Em 2012 acho que usei mais de 40 pranchas e parti pelo menos metade. Sempre que ligo ao Nick (Uricchio) ele pergunta-me, “então, mais pranchas partidas?” (risos). É raro não gostar de uma prancha e fico um bocado triste quando as parto mas o que tenho feito é o seguinte, uso duas ou três vezes uma prancha e se gosto peço uma igual, então tenho sempre outras iguais feitas. Ouvi dizer que só gostas das pranchas quando elas têm um aspecto novo, senão já não usas. É verdade? É, não sei, eu tenho um problema qualquer. Mesmo que a prancha ainda esteja boa mas se a tiver muito tempo parada em casa e ficar com aquele ar mais velha, já não gosto. Por isso é que eu não consigo guardar pranchas, se é boa não consigo guardar só para os campeonatos, porque ficam com ar mais amarelo e já não gosto delas. Sinto a prancha a andar mal, geralmente quando são novas são sempre boas, depois ao longo do tempo vão ficando piores. Tens um plano B para se algum dia quiseres meter o surf em stand by? Uma pessoa tem sempre que pensar num plano B pois podes ter uma lesão que não te permita fazer mais surf. Eu tenho o 11º ano, falta-me o 12º, teria de voltar à escola e depois tirar um curso. Ou fazer alguma coisa ligada ao desporto, uma escola de surf talvez. E nesta fase da tua vida em que estás sempre a viajar, qual é a viabilidade de ter namoradas? É complicado (risos). Nesta altura ou tenho uma namorada que faz surf, e não há muitas giras... ou então tens uma namorada que consiga perceber que nesta fase não é tudo à volta dela. Às vezes é difícil elas perceberem que o meu objectivo, e o que gosto mais, é o surf e a minha carreira. Não quero ter namorada porque acaba por ser mais uma distracção, um dia mais tarde sim. Para terminar, há uns anos falou-se bastante no problema que tens nas costas, podes fazer um update sobre este tema? Há uma semana fiz um exame e fui a um especialista de Escoliose e ele diz que estou livre de qualquer lesão. E não vale a pena corrigir porque a minha técnica e o meu surf estão baseados ao meu corpo como está e se tiver que fazer alguma correcção provavelmente vou mudar a minha técnica. E isso pode ser prejudicial para mim. Então o que tenho de fazer é bastante ginásio, fortalecer bastante na parte dos abdominais e continuar a fazer o que faço, surfar! OF
texto by António Silva e Eduardo Fernandes photos by Bruno Smith (excepto quando assinalado)
Uma viagem para um destino de sonho e três surfistas com características completamente diferentes, será a receita para o desastre ou uma viagem épica? O free surfer António Silva convenceu os seus amigos João Guedes e Eduardo Fernandes a virar as costas à rotina de um Verão de competições pela Europa para viverem uma aventura diferente no Sudoeste Asiático. O resultado é o que se pode ver nas próximas páginas, dois meses de perfeição, emoção e algum pesadelo.
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Todos os anos costumo de ir para a Indonésia e desta vez desafiei o João Guedes para vir comigo. O Guedes pouco tinha estado por aqueles lados e ainda convidou o seu companheiro de equipa, o Eduardo Fernandes, que nunca lá tinha estado, a vir também. Juntou-se o Hugo Pereira para filmar e lá, no local, o Bruno Smith. Eu já não faço competição por isso tenho o meu calendário livre e eles tinham o Verão em aberto. A ideia inicial era ir às Panaitan, mas esses picos funcionam é na off-season, a época da chuva, talvez até Maio. Nós só íamos para lá a partir de fim de Maio e já não conseguimos apanhar nenhum swell mesmo grande que quebrasse lá. Nunca lá estive pois são precisas condições muito especificas mas quando dá, dizem que é das melhores ondas do mundo. A direita chama-se “Apocalipse” e é muita rápida e a esquerda chama-se “One Palm Point” e é comprida e rasa. Mas como as Panaitan não iam bombar, decidimos ir para os Mentawaii.
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Foram quatro voos, um ferry e um barquinho para chegar ao nosso destino. Voámos para Londres, depois para Doha. Nesse aeroporto não tivemos qualquer hipóteses senão ficar por ali e tentar dormir no chão pois só tínhamos voo para Jacarta na manhã seguinte. Depois de uma noite difícil finalmente chegou a hora do nosso próximo voo. Fomos para o portão de embarque e quando chegou a nossa vez a senhora disse que havia um problema com nossos bilhetes. Ficámos assustados e perguntámos qual era o problema, ela disse que os nossos assentos estavam ocupados e perguntou se não nos importávamos em ir em primeira classe até Jacarta! Não podia ter vindo em melhor altura pois estávamos todos partidos. Quando chegámos a Jacarta tivemos outro pequeno problema porque não conseguimos um visto de dois meses e sim de um mês no aeroporto, e quando fomos passar na imigração, o Hugo mostrou o itinerário de viagem. Logo viram que não tínhamos visto para todo o tempo que iríamos passar e não nos deixaram passar. Esperámos um tempo e tentámos comprar um visto mas a resolução acabou por ser mais simples do que se esperava. Passámos para outra cabine, do outro lado, e não demos nada, dissemos que o visto era electrónico e que não tínhamos imprimido e foi na boa.
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No dia seguinte apanhámos o avião e fomos até Padang, daí apanhámos um ferry que demora umas 10 horas até chegar a Siberut, e depois um speed boat e estávamos lá. Uma vez lá estás no paraíso, não precisas de carro ou mota, andas a pé para os picos. Logo que chegámos estavam altas ondas na direita de HT’s, e acabou por ser maior dia das próximas três semanas. Estávamos cansados mas ainda fomos lá dar uns tubos, mas claro, não tivemos o melhor aproveitamento deste dia pois a viagem é sempre dura. Ali é onde entra maior e tens acesso a Lance’s Left, que é aquela esquerda comprida que aparece nos filmes todos, andando uma hora pelo mato e mais umas quantas ondas ali à volta, algumas até sem nome. Para saber mais sobre os swéis que iam entrar tinhas de perguntar aos surfistas que vinham nos barcos. Surfámos principalmente mais HT’s, que era em frente a casa e muito consistente. É uma onda incrível e o vento está sempre a virar e de um momento para o outro fica clássico. Durante três semanas estivemos por lá, surfámos praticamente todos os dias e quando não surfávamos íamos pescar, passear, esse tipo de coisas que fazes quando não tens internet. Ainda fomos acampar, fomos de barco, passámos por Macarronis, Greenbush e acabámos em Roxys, que é mais a sul. Aí o Edu mostrou um nível muito bom. De backside surfou como vi pouco em Portugal. Enquanto eu apanhava uma onda ele apanhava dez e deu altas manobras. Mas durante essa viagem não parava de chover e foram uns dias difíceis! Ainda por cima montámos a tenda numa vala e acordámos a meia noite quase a nadar. Quase não dormimos durante três dias, foi pesado, apesar de termos apanhado altas ondas.
[ Odiaadia
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O nosso dia a dia era acordar cedo, olhar o mar, ir surfar, voltar do surf, comer o Mi Goreng e depois íamos surfar novamente. Quando voltávamos ao fim de tarde para casa ficávamos à conversa e jogávamos dominó. Não havia telefone, não havia internet, e só havia energia das 19 às 23 horas! E eram assim quase todos os nossos dias, surfando muito, contemplando a natureza e convivendo com a família de indonésios com quem ficámos.
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[ BaliLifestyle
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Ao fim de um tempo nessa vida, começas a ficar maluco. E é incrível que estás ao lado do mar cheio de peixe mas eles só te dão peixes de aquário para comer. Por isso, ao fim destas semanas voltámos para Bali. Já estávamos um pouco fartos de comer isso ou Mi Goreng e Nasi Goreng todos os dias. É saudável mas farta e já estávamos a sentir falta da animação de um sítio como Bali. Aí comes bem, tens ondas, festa e tens outra vida. Uma vez lá vi uma russa e apaixonei-me. Falei com ela, dei-lhe o meu contacto e a coisa correu bem. Para ser sincero, quase nem surfámos em Bali, andámos pelo “Bali Lifestyle”. Tratámo-nos bem, ficamos em Seminiak que é muito central, se estiver bom na Bukit Península chegas lá bem, se quiseres ir para Keramas também é perto e a mesma coisa com Kanguu. Era uma semana que havia pouco swell e depois de tanto tempo a surfar altas ondas as perspectivas de surfar Uluwatu com mais 100 pessoas não eram as melhores para nós. Eu saí umas quantas noites, La Plancha, Skygarden, que não é aquela “javardeira” de Kuta. | p o r A n t ó n i o S i lv a
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Depois o swell “acordou” e nós também, por isso arrancámos de novo para o Mentawai. Fomos para o Playground, Ebay. Ficámos novamente em terra mas tínhamos um barquinho para ir surfar outros picos. Esta zona tem bastante crowd, e este ano estava muito pior que no passado, maioritariamente brasileiros e australianos. O pessoal que fica em terra, como nós, é tudo pessoal porreiro, mais tranquilo. Já o pessoal dos barcos vem com outra fome, têm aqueles 10 dias e pagam uma fortuna por isso. Depois tens aqueles ambientes na água, coisas ridículas no meio do paraíso. Pessoal a dar voltinhas aos gritos uns com outros. Mas aquela zona tem umas 30 ondas todas por perto e quando isso acontecia íamos embora e surfávamos noutros sítios. Surfámos muito em Bankvolts, que é a onda mais pesada da zona e a minha preferida. Rifles, que é das melhores direitas do mundo e um tubo muito comprido. Uma das surfadas que dei com o João Guedes no inside de Bankvolts destacou-se para mim. Estavam altas ondas e tive de ir a terra três vezes porque estava sempre a partir o leash, é o que dá usar sempre leashes fininhos. Eu já sabia que ele era bom nos tubos e em quase todas as surfadas deu altas tocas, com bom controlo. É uma boa pessoa para ter como companhia numa trip destas, tem aquela atitude “se tu vais, eu vou”, a mesmo coisa com o Edu.
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[ D e v o lt a a o S u r f L i f e s t y l e
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O p e s a d e l o
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No fim ficámos todos doentes, acontece-me todos os anos. Antes deste regresso aos Mentawai encontrámos o João Barbosa, que foi um dos mais reconhecidos fotógrafos de surf portugueses, e um grande aventureiro. Ele tinha estado no sítio para onde nós íamos e apanhou Malária, tendo que voltar de emergência para ir para o Hospital. Para ser internado. Uma vez lá, ao fim de uns dias, o João ficou doente, depois o Bruno e mais tarde eu! Eu estive duas semanas muito fraco, mal consegui entrar na água... O único que se safou foi o Eduardo, que é um guerreiro. Dormia em qualquer sítio, em pé se fosse preciso, e aguentava qualquer coisa, uma boa companhia para este tipo de viagens.
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Quando voltámos apanhámos uma grande tempestade enquanto íamos no ferry, que já ia lotado, e foram 10 horas sempre com uma chuva torrencial. Não havia um espaço dentro do ferry, as cabines estavam todas ocupadas e nós íamos lá fora ao ar livre com centenas de indonésios nas mesmas condições. Tentámos abrigar-nos debaixo de qualquer coisa que fizessa de tecto mas não havia nada e a chuva não parava. Às duas da manhã vi que o bar tinha fechado fui até lá e dormi no balcão, ou pelo menos tentei. Acabou por ser uma longa viagem!
[ Ad e u s a m i g o s
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Entretanto chegou a hora do João e o Eduardo irem para Portugal. Já a minha viagem nem a meio ia pois estava a apontar para ficar lá quatro meses. No resto do tempo andei de um lado para o outro a apanhar altas ondas. Depois voltei para Bali e fui ter com a minha “esposa” russa. Ela é modelo e mora lá, ainda fomos os dois a Lombok e apanhei umas boas em Desert Point. Foram uns tempos bem passados e para o ano há mais!!!
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*Volcom Stone apresenta “Strange Brains”, uma série na web criada por quatro surfistas.