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Dimensão pol ftica das novas formas de organização

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negociação

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para os trabalhadores ficou o aprendizado prático dessas lutas. E, no primeiro momento que foi possível, 81/82, essas experiências foram retomadas. Nessa nova fase a representação operária pôde se estruturar e avançar tendo como locus fundamental o espaço fabril da indústria automobilística e os trabalhadores dessas empresas como seus atores principais.

Essa experiência organizativa se inscreve dentro de um conjunto de práticas sociais do movimento dos trabalhadores, nos últimos anos, no sentido de uma real reapropriação do espaço da produção como espaço privilegiado do conflito, luta e organização operárias.

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É nesse contexto de emergência das lutas operárias no pós-78 que se criam as condições, no início da década de 80, para o surgimento das organizações de trabalhadores na maioria das montadoras localizadas na Grande São Paulo, bem como em muitas outras empresas do país.

Dimensão política das novas formas de organização

O ressurgimento das comissões de empresa no pós-78 é resultado dos vários fatores que convergiram no nascimento do novo sindicalismo. Esse sindicalismo parte principalmente dos trabalhadores das empresas modernas e daqueles setores mais de poo:ta da economia brasileira, e tem seu locus func. ... mental nas indústrias automobilísticas, com o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema como sua expressão maior. É nesse setor que serão travadas, no final dos anos 70 e nos seguintes, os principais embates contra o autoritarismo militar, pela democratização da sociedade e, por extensão, pela ]iberalização das relações de trabalho no Brasil. E também esse setor do movimento operário que irá tentar, a partir da constatação das amarr,.as legadas pelo corporativismo, criar um partido político que pudesse, na esfera pública, defender os interesses gerais das classes trabalhadoras. E é, ainda, esse movimento de renovação do sindicalismo que buscará com a Central única dos Trabalhadores, criada em 1983, atuar na defesa das principais reivindicações dos trabalhadores tanto no campo quanto na cidade.

Em forma mais específica, essa renovação sindical desembocará no surgimento da representação por local de trabalho, as comissões de fábrica, como as conhecemos no decorrer dos anos 80.

Organização que se vincula essencialmente a todas as demais transformações que estão ocorrendo no interior do movimento operário, as comissões de fábrica podem ser vistas como um termômetro do que se passa em amplos setores da classe trabalhadora.

Representação localizada no interior das grandes e médias empresas, mesmo que em número pequeno ainda se levarmos em conta as dimensões do parque industrial brasileiro, a organização por local de trabalho e, nesse sentido, podemos somar às outras formas de organização dentro da fábrica como as CIPAs, os grupos de fábrica, as comissões de corr.pensação de horas, etc., constitui uma tendência visível de como se movem os trabalhadores em seu cotidiano. Em que medida tal organização, em sua prática, reflete aspirações mais profundas do operariado? E, até que ponto a experiência das comissões de fábrica representa a luta por novos direitos para o movimento operário?

Ora, esses anos foram marcados pela emergência da classe trabalhadora na cena política brasileira, envolvendo a participação operária nos enfrentamentos mais gerais contra o autoritarismo do final dos anos 70 até meados da década de 80, assim como a presença de uma camada de trabalhadores que defendia a ampliação dos direitos democráticos no interior das unidades de produção.

Nesse aspecto, a proliferação dos conflitos trabalhistas, nos últimos anos, relacionados com a busca de melhores condições de vida e trabalho no cotidiano da fábrica, permaneceu associada, desde então, à luta por direitos no conjunto da sociedade.

Na raiz desses conflitos está a paulatina afirmação das classes subalternas que não aceitam mais serem tratadas como apêndices das máquinas. E nesse processo de reconstrução de sua identidade os trabalhadores não apenas tentam aumentar seu poder de barganha junto ao Estado e aos empregadores, como questionam aspectos do processo de trabalho, o autoritarismo da estrutura sindical e a dicotomia produtor /cidadão.

A demanda por direitos de cidadania no âmbito pol ftico, aliada às reivindicações de maior participação na renda nacional e de maior controle das condições de trabalho caracterizam, em linhas gerais, o movimento operário, especialmente no setor situado nas empreszs modernas. E é dentro deste contexto que se insere a experiência das organizações por local de trabalho que emergem ern 1978 e que ganham novos contornos na década de 80 a partir do surgimento da comissão de fábrica dos trabalhadores da Ford de São Bernardo em 1981.

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