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Bibliografia comentada Alcances e limites da experiência das

conquistas, obtidas via sindical, através da contratação coletiva. li - fundamental que o nível dos grupos de trabalho possa avançar no sentido de determinar propostas de intervenção concretas reladanadas aos seus respectivos campos, que perm itam a construção de linhas de atuação especfficas no campo da saúde, no da identificação de técnicas empregadas no processo produtivo, no que diz re!;peito às leis de mercado que regem o emprego no setor etc.

"A experiência da organização no local de trabalho dos trabalhadores ela Fiat: comissão de fábrica e delegacia sindical de base"

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O conhecimento da experiência de organização de base na Fiat coloca importantes (e atuais) questões para o movimento sindical do Rio de Janeiro.

Historicamente, a organização dos metalúrgicos da Fiat assume lugar destacado na memória do movimento operário do RJ. Foi a Delegação SindiCJI de Base metalúrgico (DSB) que, pela primeira vez no cio estado, quebrou, na prática, a setor pol rtica de negociação salarial instituída pela ditadura mi!it:1r. A DSB conquistou a negociação direta com a Fiat, rompendo com a pol rtica oficial de outorga dos fndices de reajuste salarial. Somente dois anos depois ( 1978) a negociação di reta foi estendida ao conjunto da categoria.

Aliás, esta conquistél só se fez possfvei pois a DSB veie: atuando ao longo do período autoritário, de repressão aos movimentos dos trabalhadores, mantendo um m fnimo de organização e reivindicação dos trabalhadores na empresa.

A partir de 1978, a DSB passa à oposição ao sindicato da categoria, reforçando a renovação sindical manifesta em SP e no ABC. Foi um passo signifi;;ativo pois a participação da Fiat, pela quantidade de operários que empregava, sempre foi decisiva nas eleições sindicais dos metalúrgicos do Rio. Por outro lado, a prática cotidiana da DSB e da (futura) comissão de fábrica (CF) sempre foram instâncias de formaçãn de militantes e lideranças sindicais. Recebendo apoio da DSB, a CF formou-se em 1979 como um desdobramento permanente e ampliado da de salários (CSal) tornando-se uma das primeiras organizações operárias de base

RJ. A partir da r, DSB e CF atuariam juntas nas lutas pelo atendimento das reivindicações dos trabalhadores e no trabalho de oposição sindical. Nes- 1 te momento, fortalece-se ainda mais a estruturação ào novo sindicalismo, que encontrava seu opositor na corrente Unidade Sindical, representada pela do shdicat.o.

A atuação conjunta da DSB e da CF deu continuidade à organização dos trabalhadores da Fiat, desencadeada nas greves de 1978/79. Este processo culmim;ria na greve contra as demissões de 1981. A greve, que foi o aui:Je da disputa entre DSB e CF versus diretoria do sindicato, evidenciou suas divergências e contradições, refletindo com maior nitidez o entre os pólos "combativos" e "mais atrasados" do movimento sindical. Momento de grande atuação da CF, que já vinha arrancando direitos aos patrões, esta greve foi também seu fim: toda a comissão foi demitida.

No aprofundamento dos pontos aqui levantados, pode-se extrair importantes questões. A reflexão da atuação conjunta da DSB e da CF joga luz no debate sobre a necessidade (ou não) de uma comissão sindical de base (CSB) e uma CF numa mesma empresa. Outra questão: na greve de 1979, Gianini, de suas lideranças, referiu-se à organização de base como meio eficaz de e renovação sindical.

Bibliografia comentada

1. ANTUNES, Ricardo - O Que é Sindicalismo,

SP, Brasiliense, 1982,95 pp. Apanhado geral das origens, evolução e importância dos sindicatos na históriâ européia, comentando as várias concepções pol fticas acerca do mesmo. Sfntese histórica do movimento sindical com ênfase no pós 30 e nos temas polêmicos da atualidade: IL:ta por dentro ou fora do sindicato, democracia sindical etc ....

2. ANTUNES, Ricardo e Nogueira, Arnaldo - O Que São Comissões de Fábrica, SP, Brasiliense, 1982, 120 pp. in: Primeiros Passos, n9 47. Comentário sobre as experiências significativas das "comissiones obreras" espanholas, dos conselhos de fábrica italianos (com referências às teses de Gramsci). Análise da história das CF's no Brasil nos períodos de 45 a 50, 1953, 60-64, 1968 e pós 78. Termina com o debate suscitado pela iniciativa da Volkswagen de instituir uma comissão de trabalhaáores: comissão operária ou patronal? Relaciona também a luta pela Nova Estrutura Sindical com a democracia pol ftica.

3. BRUNO, Lucia- O Que é Autonomia Operária, in: Primeiros Passos, n<? 140, SP, Brasiliense, 1985, 91 pp. Correlaciona os organismos de

base dos trabalhadores com a luta pela sociedade comunista através da gestação, nas lutas dos trabalhadores sejam elas quais forem, das novas relações sociais de produção democráticas, igualitárias e sem alienação. Identifica o papel de partidos e sindicatos quanto à autonomia operária.

4. CASTRO, Pedro - Greve: Fatos e Significados, in: Série Princfpios, n<? 63, SP, Atica, 1986, 72 pp. Estudo detalhado sobre o fenômeno da greve. Discute o seu conceito, o seu processo de deflagração e encaminhamentos (tentando dar conta da diversidade empírica) e elabora uma classificação sua. Ao final discorre sobre o movimento grevista no Brasil.

5. GIANOTTI, Vito- O Que é Estrutura Sindical, in: Primeiros Passos, n<? 194, SP, Brasiliense, 1987, 74 pp. - Idem A liberdade Sindical no Brasil, in: Tudo é História, n<? 113, SP, Brasiliense, 1986, 72 pp. Dois livros que eram para ser um só. Um analisa, ponto por ponto, a estrutura sindical e suas conseqüências para o Movimento sindical no Brasil. O outro trata da relação entre a liberdade sindical e as leis coerci6. IB RAHIM, José - O Que Todo Cidadão Precisa

Saber Sobre Comissão de Fábrica. ln: Cadernos de Educação Política, n<? 11, SP, Global, 1986, 96 pp. Define sindicalismo de massa e de classe.

Comenta os inúmeros casos de revolução social versus criação de conselhos e comissões, analisa a legislação sindical brasileira e o surgimento do

Novo Sindicalismo. Propõe uma estrutura sindical democrática, fornecendo indicações para a formação de um grupo de fábrica.

7. LEITE, Marcia de P. - O Movimento Grevista no Brasil. in: Tudo é História, n<? 120, SP,

Brasiliense, 1987, 76 pp. - Idem, O Que é Greve in: Primeiros Passos, n<? 202, SP, Brasiliense, 1988, 85 pp. Os dois mostram a atuação da classe trabalhadora em suas greves, com atenção para as comissões sindicais e de empresa. Tratam de 1900 até hoje. O segundo analisa o direito, os tipos, as técnicas, o processo e as origens da greve.

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