Por Lula Marcondes
Os africanos estavam sempre tocando...
...com muita devoção.
Música!
Eles tocavam para adorar os espĂritos da MĂŁe Natureza...
...eles tocavam para celebrar a vida...
...eles tocavam sempre.
Mas um dia, os africanos foram escravizados...
...e vendidos ao redor do mundo.
Em qualquer lugar onde estivessem, eles trabalharam muito duro.
Apesar das dificuldades da nova vida, a mĂşsica permanecia em suas almas...
...e a batida do tambor nos seus coraçþes.
Embora fosse muito perigoso, eles continuaram a tocar seus tambores.
E muitas vezes, eles pagavam um preรงo muito alto.
Mas a música era as suas vidas! E um caminho para a liberdade.
Em qualquer lugar onde os africanos estivessem, a música estava lá.
Foi assim na Jamaica...
...foi assim nos Estados Unidos...
... e tambĂŠm no Brasil.
Naquele lugar tropical, os africanos conheceram os habitantes nativos...
...e a sua mĂşsica.
EntĂŁo eles fizeram um grande Encontro Musical!
Com tambores, maracas, e canto-e-resposta...
...e ĂŠ claro, a melodia...
...e a grande roda!
Várias expressões culturais nasceram do Encontro Musical nesse lugar tropical pelas mãos desses povos oprimidos porém fortes.
O Candomblé (da fusão de diferentes tradições religiosas africanas) e o Toré (dos rituais religiosos indígenas) passaram a ser as principais matrizes dessas novas expressões culturais. E embora a mulher nem sempre tocasse o tambor, ela era uma parte muito importante do Encontro Musical. Com o tempo, a sua participação ficou mais ativa.
Assim o Coco afro-indígena nasceu, bem como suas derivações posteriores como o Samba de Coco, Coco de Roda, Coco de Umbigada, Coco de Embolada.
Através do Encontro Musical nos Quilombos escondidos dentro das matas, a Capoeira foi criada, desenvolvida e passou a ser uma resposta contra a opressão.
O Encontro Musical também fez florescer os Maracatus e Caboclinhos, a Ciranda, o Tambor de Crioula, o Jongo, e tantas outras expressões culturais e ritmos.
É claro que o branco português também participou do Encontro fora das matas. Sua influência é clara em várias expressões culturais por toda a extensão desse país tropical conhecido como Brasil.
Então o Encontro Musical aconteceu e ainda acontece em todos os lugares. Vários ritmos, expressões culturais e maneiras de celebrar nasceram e se espalharam por todo o país.
E todos eles têm um ponto comum: a celebração da vida e da liberdade!
Povos Indígenas em Pernambuco: O estado de Pernambuco possui uma população aproximada de 47.000 indígenas, distribuídos em 12 povos. Estão localizados entre o agreste e sertão e são representados através de duas organizações indígenas: - APOINME (Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minhas Gerais e Espírito Santo) - COPIPE (Comissão de Professores/as Indígenas em Pernambuco) POVO
LOCALIZAÇÃO
POPULAÇÃO (2010)
Pesqueira
12.005
2. Kapinawá
Buíque, Tupanatinga, Ibimirim
3.283
3. Kambiwá
Ibimirim e Inajá
2.911
4. Pipipã
Floresta
1.195
5. Atikum
Carnaubeira da Penha e Salgueiro
4.631
6. Pankará
Carnaubeira da Penha e Itacuruba
5.000
Petrolândia, Tacaratu e Jatobá
5.500
Petrolândia
1.500
1. Xukuru
7. Pankararu
8. Pankararu Entre Serras 9. Pankaiuká
Jatobá
150
Águas Belas
4.000
11. Truká
Cabrobó e Orocó
6.044
12. Tuxá
Inajá
10. Fulni-ô
261
R
M
C
D
M O
RA
O A
C A
I
M
05 11
01
05-06
04
02-03
06
02
I
03-12 07-08
07
07-09
X
M
HU
10
Povos Quilombolas em Pernambuco: Segundo o Movimento Quilombola, o estado de Pernambuco possui em torno de 300 comunidades quilombolas localizadas na Zona da Mata, Agreste e Sertão. Oficialmente, de acordo com Fundação Cultural Palmares, estão registradas apenas 108 comunidades certificadas e 106 com processo aberto no INCRA para regularização territorial. Hoje, apenas duas comunidades possuem o território titulado, os quilombos Castainho e Conceição das Crioulas. QUILOMBO
LOCALIZAÇÃO
1. Castainho
Garanhuns
206 famílias
Salgueiro
750 famílias
2. Conceição das Crioulas
POPULAÇÃO (2010)
R
M
C
D
M O
RA
O A
C A
I
M
02 I
X
01
M
HU
Dedicado a Mestre Pastinha, Xicão Xukuru, Mestre Custódio, Dona Jacira, Beija-Flor, Dona Neuza, Mestre Dédo, Mestre Pitunga, Mestre Batista, Manoel Deodato, Mestre Salustiano, Biu Roque, ...
... a tantos outros que estĂŁo fazendo o Encontro Musical no outro lado da vida e a todos aqueles que ainda estĂŁo lutando e continuando o Encontro nesse imenso e belo paĂs chamado Brasil.
Realização: Oficina de Criação
O Norte - Oficina de Criação www.onorte.arq.br Textos e ilustrações: Lula Marcondes
Incentivo: