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Entrevista: André de Aragão Azevedo
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André de Aragão Azevedo, Secretário de Estado para a Transição Digital, considera-se ele próprio um exemplo de transição digital. É advogado de formação, com vasta experiência em consultoria jurídica, foi chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Saúde entre 2008 e 2011, trabalhou durante mais de sete anos na Microsoft Portugal e assumiu, em 2019, a liderança da Agenda Digital nacional. Até assumir a pasta atual, testemunhou ao longo do seu percurso a importância do Digital na competitividade e sustentabilidade das organizações. Dias antes do confinamento, em março de 2020, viu aprovado o Plano de Ação para a Transição Digital de Portugal, que considera ser a resposta nacional ao desafio da “Revolução Digital”. “Portugal Digital” é a marca que o seu gabinete quer deixar, numa fase de grande destaque para o nosso país a nível da digitalização.
André de Aragão Azevedo, Secretary of State for Digital Transition, considers himself an example of the digital transition. He is a lawyer with extensive experience in legal consulting, was Head of Office of the Secretary of State for Health between 2008 and 2011, worked for over seven years at Microsoft Portugal, and has taken up the post, in 2019, of the leader of the national Digital Agenda. Until taking over his current position, he witnessed throughout his career the importance of Digital in the competitiveness and sustainability of organizations. Days before the lockdown, in March 2020, the Portuguese Digital Transition Action Plan was approved, which he considers being the national response to the challenge of the “Digital Revolution”. “Portugal Digital” is the brand his office wants to create, in a phase of great highlight for our country in terms of digitization.
O Sr. Secretário de Estado é licenciado em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa, trabalhou como advogado e consultor jurídico, iniciando a sua carreira em Macau. Como surge na sua vida a área da tecnologia? Como é que um jurista de formação se converte no responsável pela Agenda Digital nacional?
De facto, eu sou um exemplo de transição digital. Alguém que, vindo de outra área, fez um caminho de aproximação à tecnologia, à medida que se tornou mais nítida a importância do Digital na competitividade e sustentabilidade das organizações, sejam elas públicas ou privadas. Hoje, todos os negócios são digitais, o que significa que nenhum de nós, nem nenhum setor económico, pode ficar à margem deste processo. Todo o meu trajeto profissional foi marcado pela alternância entre o setor público e privado. O primeiro contacto mais intenso com a tecnologia surgiu em 2008 enquanto chefe do gabinete do Secretário de Estado da Saúde com a tutela dos sistemas de informação do Ministério da Saúde. Ficou claro para mim que, num contexto de fortes restrições orçamentais e de impossibilidade de contratação de recursos humanos, a única forma de induzir eficiência teria de ser por via da tecnologia. Qualquer projeto de reforma tinha sempre uma forte dependência tecnológica. Após esta fase seguiu-se um período de mais de 7 anos na Microsoft Portugal em que, nos últimos anos, integrei a Comissão Executiva enquanto Diretor Nacional de Tecnologia com a responsabilidade de promover uma Agenda Digital nacional, trabalhando com o setor público e privado. Foi, por isso, uma honra e uma enorme satisfação poder assumir, em 2019, esta nova responsabilidade ao nível político.
You are a Law graduate from Universidade Clássica de Lisboa. You have worked as a lawyer and legal consultant, starting your career in Macau. How does the technology area come into your life? How does a jurist become the Head of the national Digital Agenda?
In fact, I am an example of a digital transition. I am someone from another area who took a path towards technology, as the importance of digital in the competitiveness and sustainability of organizations, whether public or private, became clearer. Today, all businesses are digital, which means that none of us, or any economic sector, can be left out of this process. Alternating between the public and private sectors marked my entire professional career. My first intensive contact with technology came in 2008 as Head of Office of the Secretary of State for Health with the supervision of the Ministry of Health’s information systems. It was clear to me that, in a context of strong budget restrictions and the impossibility of hiring human resources, the only way to induce efficiency would have to be through technology. Any reform project always had strong technological dependence. After this phase, there was a period of more than 7 years at Microsoft Portugal in which, in recent years, I joined the Executive Committee as National Director of Technology with the responsibility of promoting a national Digital Agenda, working with the public and private sector. It was, therefore, an honor and an enormous satisfaction to be able to assume this new responsibility at the political level in 2019.
Considera-se um revolucionário ao nível da digitalização em Portugal?
Apenas no sentido em que sou responsável, juntamente com a minha equipa, pelo Plano de Ação para a Transição Digital de Portugal, que aprovámos em março deste ano e que, de algum modo, corresponde à resposta nacional ao desafio da “Revolução Digital”. Por outro lado, é verdade que a transversalidade do impacto do nosso trabalho e a necessidade de chegar o Digital a todos os setores, mesmo os mais improváveis ou tradicionais, implica um espírito de resiliência e uma certa dose de determinação. Mas tem valido a pena porque acredito sinceramente que esta é uma oportunidade histórica para o nosso país, que pode, através do Digital, perder a natureza periférica e assumir uma nova centralidade.
Do you consider yourself a revolutionary of digitization in Portugal?
Only in the sense that I am responsible, alongside my team, for the Action Plan for the Digital Transition of Portugal, which we approved in March of this year and which, in some way, corresponds to the national response to the challenge of the “Digital Revolution”. Moreover, it is true that the transversality of the impact of our work and the need to reach Digital to all sectors, even the most unlikely or traditional, implies resilience and a certain amount of determination. But it has been worth it because I sincerely believe this is a historic opportunity for our country, which can, through Digital, lose its peripheral nature and assume a new centrality.
Neste momento, qual é a prioridade na estratégia da Secretaria de Estado para a Transição Digital?
Acreditamos que qualquer política pública estrutural deve ter por base um plano de ação que norteie a atividade e o trabalho diário de forma coordenada. Foi isso que, ao longo dos primeiros 100 dias de Governo, trabalhamos intensamente no que se veio a traduzir na aprovação, em Conselho de Ministros, do “Plano de Ação para a Transição Digital”, na criação de uma Estrutura de Missão para coordenar e operacionalizar o Plano e na criação de uma nova marca: Portugal Digital. O objetivo é que o Digital seja o motor de aceleração da Economia Portuguesa, não deixando ninguém para trás. A prioridade é, assim, dar cumprimento a esse Plano e em particular às 12 medidas emblemáticas que definimos, numa lógica que pretende responder aos 3 grandes desafios: capacitação da nossa população, transformação digital das nossas empresas e digitalização da nossa Administração Pública.
At this moment, what priority does the Secretary of State for Digital Transition have in its strategy?
We believe that an action plan that guides the activity and daily work in a coordinated way must base any structural public policy. This is what we worked hard on during the first 100 days of Government: the approval, in the Council of Ministers, of the “Action Plan for Digital Transition”; the creation of a Mission Structure to coordinate and make the Plan operational; and the creation of a new brand: Portugal Digital. The goal is to make Digital the acceleration engine of the Portuguese Economy so that no one is left behind. The priority is, therefore, to implement this Plan and, in particular, the 12 emblematic measures that we have defined, in a logic of 3 major challenges: the capacity building of our population; the digital transformation of our companies; and the digitization of our Public Administration.
O dr. conhece bem o funcionamento da área da saúde em Portugal, tendo sido, também, Chefe de Gabinete do Secretário de Estado da Saúde, entre 2008 e 2011. Há uns meses, criou-se uma grande polémica relativamente à recomendação do governo sobre o uso de uma app de rastreamento para um maior controlo da pandemia. Acredita que, para haver uma transição bem-sucedida, terá de haver uma grande preparação de mentalidades?
Sem dúvida. O desafio maior não decorre da tecnologia, mas sim da cultura e das mentalidades. Na transição digital a tecnologia é apenas um instrumento que temos à nossa disposição, mas se não houver a vontade política ou a liderança certa não seremos bem-sucedidos. E isto é válido para qualquer organização. As maiores dificuldades que enfrentamos resultam exatamente de pessoas que, por não compreenderem o que está em causa ou não dominarem os temas, acabam por resistir à mudança.
You know well the operation of the health area in Portugal, having also been Head of Office of the Secretary of State for Health between 2008 and 2011. A few months ago, there was controversy over the government’s recommendation to use a tracking app to help control the pandemic. Do you believe that a successful transition requires a mentality preparation?
No doubt about it. The greatest challenge does not stem from technology, but culture and mentalities. In the digital transition, technology is only an instrument at our disposal, but if there is no political will or the right leadership, we will not succeed. And this is true for any organization. The greatest difficulties we face result precisely from people who, because they do not understand what is at stake or do not master the issues, end up resisting change.
E as empresas tecnológicas estão preparadas para superarem este tipo de desafios?
As empresas tecnológicas é que criaram este mercado e aceleraram o ritmo de mudança. A questão que se coloca é outra: o ritmo do legislador e da regulação é muito mais lento que o do mercado e da inovação, o que faz com que hoje nos deparemos com avanços tecnológicos que não estão suportados por qualquer base legal ou regulamentar que acautele potenciais riscos. Por outro lado, dada a base tecnológica dessas empresas, a incorporação do digital nos respetivos modelos de negócio faz com que seja tipicamente mais competitiva e que, mesmo em contexto de pandemia, se possa dizer que estão em contraciclo, com indicadores de crescimento muito significativos. Ou seja, o que temos de garantir é que a sociedade no seu conjunto está preparada para os desafios tecnológicos.
And are technology companies prepared to overcome these challenges?
It was technology companies that have created this market and have accelerated the pace of change. The question is another: the pace of legislation and regulation is much slower than the pace of the market and innovation, and so we are facing technological advances that are not supported by any legal or regulatory basis that safeguards potential risks. On the other hand, due to the technological base of these companies, the incorporation of digital in their business models typically makes them more competitive. And even in the context of a pandemic, we can say that they are in a countercyclical, with very significant growth indicators. In other words, what we have to ensure is that society as a whole is prepared for technological challenges.
Em que é que é preciso investir para que este processo seja bem-sucedido?
Em primeiro lugar, na capacitação das pessoas, através do re-skill e upskill da nossa população ativa, por forma a garantir que a nossa força de trabalho está apta a responder às necessidades das empresas e do mercado. Cada um de nós deverá avaliar e pensar se dispõe das competências necessárias para manter a sua posição laboral e eventualmente progredir, sendo certo que o investimento em competências digitais será sempre uma boa aposta. Em segundo, nas próprias empresas, que deverão também analisar o estádio de maturidade digital em que se encontram e definir um roadmap de evolução. Mas é inquestionável que empresas mais digitalizadas estão mais imunes a crises como a que atravessamos e serão sempre mais competitivas. É estranho que mesmo em 2020, apenas 20% das nossas empresas utilizem plataformas de e-commerce e que apenas 27% recorram a dashboards de analítica avançada. A Administração Pública também não pode ficar à margem deste processo, devendo promover-se o alargamento da oferta de serviços digitais e a melhoria da experiência dos cidadãos e empresas na utilização desses mesmos serviços.
What to invest in to make this process successful?
First of all, we must invest in the professional training of people, through the re-skill and upskill of our working population, to guarantee the aptitude of our workforce, which will then be able to respond to the needs of companies and the market. Each of us must assess and think about whether we have the necessary skills to maintain our working position and eventually make progress, making sure that investment in digital skills is always a good bet. Secondly, investing in companies, which should also analyze their stage of digital maturity and define a roadmap of evolution. But there is no doubt that more digitized companies are more immune to crises like the one we are going through and will always be more competitive. It is strange that even in 2020, only 20% of our companies use e-commerce platforms, and only 27% use advanced analytic dashboards. Nor can Public Administration be left on the sidelines of this process; it must promote the broadening of digital service provision and the improvement of the experience of citizens and companies in using these services.
Considera que a pandemia veio marcar a transição digital oficialmente?
Creio que sim. A pandemia acelerou a transição digital em Portugal nas suas múltiplas dimensões. Já temos vários estudos recentes realizados durante a pandemia que indicam uma digitalização acelerada da nossa população, bem como uma adaptação rápida das empresas ao novo contexto. A evolução que se produziu em Portugal nos últimos 6 meses deveria ser equivalente à que, em condições normais, ocorreria em 3 anos. E isso pode ser atestado em diversos indicadores digitais, como a utilização do e-commerce, o aumento exponencial do registo de sites no domínio .pt, ou a própria maneira como as escolas se adaptaram a esta nova realidade.
Do you think pandemic has officially marked the digital transition?
I believe so. The pandemic has accelerated the digital transition in Portugal in its multiple dimensions. We already have several recent studies carried out during the pandemic, indicating accelerated digitization of our population as well as a rapid adaptation of companies to the new context. The evolution that has taken place in Portugal over the last 6 months should be equivalent to what would normally happen in 3 years. And this can be observed in several digital indicators, such as in the use of e-commerce, in the exponential increase of the registration in the .pt domains, or in the way schools have adapted to this new reality.
Acredita que haverá ainda um turn back numa Era pós-Covid ou há, já, uma perceção assumida de que o Digital veio para ficar?
Acho que todos nós incorporámos ao longo destes 6 meses novos comportamentos que vieram para ficar e que nos tornam genericamente mais competitivos. Naturalmente que alguns comportamentos sociais serão, desejavelmente, revertidos, porque já não decorrem de imposições de saúde pública. Mas as competências que todos nós adquirimos e que nos tornam muito mais flexíveis vieram com certeza para ficar.
Do you believe there will be a turn back in a post-Covid era or is it already an assumed perception that digital is here to stay?
I think we have all incorporated, over these 6 months, new behaviors that are here to stay, and that makes us generally more competitive. Naturally, some social behaviors will, hopefully, reverse because it is no longer the result of public health impositions. But the skills we have all acquired, and which make us much more flexible, have certainly come to stay.
Várias notícias e artigos de opinião nos média dão conta de que a aceleração do Digital veio criar oportunidades para as startups. Em que medida é que isto acontece?
Sendo as startups digital natives, e havendo um contexto social e económico que favorece a interação digital e que cada vez mais valoriza negócios digitais, abrem-se espaços, alargam-se mercados e surgem novas oportunidades de negócio que os empreendedores têm sabido aproveitar. No estudo que referi anteriormente, demonstrou-se que 50% do ecossistema de startups admite que, com a pandemia, surgiram novas oportunidades e 40% prevê mesmo expandir o negócio. Este fenómeno só é explicável pela forte incorporação tecnológica nos modelos de negócio destas startups, e pela elevada diferenciação técnica e académica dos respetivos recursos humanos.
News and opinion articles in the media report the acceleration of digital has created opportunities for startups. To what extent does it happen?
Startups are digital natives, there has been a social and economic context that favors digital interaction, which increasingly values digital business. So, entrepreneurs have taken advantage of the fact that there is an expansion of the market to open new spaces and start new business opportunities. The study I mentioned earlier says that 50% of the startup’s ecosystem admits, with the pandemic, there are new opportunities, and 40% even expects to expand the business. Only the strong technological incorporation in the business models of these startups, and the high technical and academic differentiation of their human resources can explain this phenomenon.
Quais considera serem os principais sectores de sucesso para as startups, a nível do Digital, atualmente?
A vitalidade do nosso ecossistema empreendedor, que conta com mais de 2.500 startups e com mais de 150 incubadoras, tem permitido identificar casos de sucesso em diversas áreas e materializar a incorporação efetiva de tecnologias diruptivas. Ao nível dos setores de indústria, eu destacaria a bio e nano tecnologia, com avanços impressionantes. Portugal destacou-se internacionalmente pelo número de startups que conseguiram inovar e apresentar novas respostas no contexto da Covid. Mas também o setor financeiro, através de novas startups a surgirem ou a se deslocarem para Portugal, tem se constituído enquanto cluster e colocado alguma pressão nos stakeholders tradicionais, obrigando a Banca a investir em inovação e na oferta de novos serviços de muito maior valor acrescentado para os consumidores. O Turismo enquanto setor económico estratégico tem igualmente correspondido em termos de surgimento de novas startups, nomeadamente por via da atividade do NEST – Centro de Inovação em Turismo, que agrega entidades públicas e privadas.
What are the main sectors of success for Digital startups today?
The identification of success cases in several areas and the materialization of the effective incorporation of disruptive technologies have been possible due to the vitality of our entrepreneurial ecosystem, which has over 2,500 startups and over 150 incubators. In the industry sectors, I would highlight bio and nanotechnology, which have impressive advances. Portugal has stood out internationally for the number of startups that have succeeded in innovating and presenting new responses in the context of Covid. But also the financial sector, through new startups emerging or moving to Portugal, is forming itself as a cluster and has put some pressure on traditional stakeholders, forcing the banking sector to invest in innovation and in offering new services of much greater added value to consumers. Tourism, as a strategic economic sector, has also corresponded in terms of the emergence of new startups, namely through the activity of NEST - Tourism Innovation Centre, which brings together public and private entities.
Em que medida as startups podem ser um importante trunfo para o processo da transição digital?
Há uma correlação direta entre o nível de maturidade do ecossistema de startups e o respetivo nível de competitividade global dessa mesma economia. Pela sua natureza, inovação e abertura ao risco, as startups são um fator relevante na renovação do nosso tecido empresarial. Mesmo as grandes empresas já perceberam as vantagens de, pelo menos em parte, externalizarem os seus departamentos de R&D, recorrendo a startups para induzir e incorporar inovação nos seus processos de fabrico. Portugal é hoje percecionado como uma Startup Nation e isso não decorre apenas do fator Websummit, mas do crescimento sustentado deste setor. Mas neste momento queremos ser mais do que uma Startup Nation e posicionarmo-nos como uma verdadeira Digital Nation, o que implica trabalhar outras dimensões para além do empreendedorismo. E isso é já uma realidade. Pela primeira vez, em 2020, Portugal foi considerado um “País Fortemente Inovador”, de acordo com o European Innovation Scoreboard, destacando-se dos restantes países do Sul da Europa.
How far can startups be an advantage for the digital transition process?
There is a direct correlation between the level of maturity of the startup ecosystem and the respective level of global competitiveness of this same economy. Thanks to their nature, innovation, and openness to risk, startups are a relevant factor in the renewal of our business structure. Even large companies have already realized the advantages of at least partly outsourcing their R&D departments, using startups to induce and incorporate innovation into their manufacturing processes. The world today perceives Portugal as a Startup Nation, and this is not only a result of the Web Summit factor but the sustained growth of this sector. But right now, we want to be more than a Startup Nation and position ourselves as a true Digital Nation, which means working on other dimensions besides entrepreneurship. And that is already a reality. For the first time, in 2020, Portugal was considered a “Highly Innovative Country” according to the European Innovation Scoreboard, standing out from the other southern European countries.
Ouvimos, na Web Summit, Von der Leyen dizer que o valor das tecnológicas europeias aumentou quase 50% só em 2020. Gostávamos que comentasse este facto e nos dissesse se acredita que Portugal, enquanto Estado-membro, será definitivamente um país altamente capacitado nesta área.
A forte valorização das empresas tecnológicas ocorreu na Europa e no resto do Mundo, reforçando-se uma tendência dos últimos anos de peso crescente das empresas de base tecnológica em todos os indicadores de valorização bolsista. A Europa e as empresas europeias, felizmente, não foram exceção. Quanto à capacitação do nosso País, diria que é para isso que temos vindo a trabalhar e que continuaremos a dar o nosso melhor. Mas posso partilhar o interesse que diariamente sentimos por parte de empresas e investidores internacionais, que mesmo no atual contexto olham para Portugal como uma opção muito interessante, em virtude das condições que o nosso País oferece e em que a elevada qualidade de vida, do talento e do capital humano são sempre fatores altamente valorizados.
We heard at the Web Summit from Von der Leyen that the value of European technology has increased by almost 50% in 2020 alone. We would like you to comment on this and to tell us whether you believe Portugal, as a Member State, will definitely be a highly skilled country in this area.
The strong valuation of technology companies has occurred in Europe and the rest of the world, reinforcing a trend of the last years of growth of technology-based companies in all stock market valuation indicators. Fortunately, Europe and European companies were no exception. Regarding the capacity building of our country, I would say that this is what we have been working towards and that we will continue to do our best. But I can share the interest we feel daily from international companies and investors, who even in the current context look at Portugal as a very interesting option, due to the conditions that our country offers. As well as the high quality of life, talent and human capital are always highly valued factors.
Se pudesse imaginar uma fotografia futura de um escritório normal em Portugal daqui a 10 anos, como é que ela seria?
Será com certeza muito próximo dos escritórios que as grandes empresas tecnológicas já oferecem hoje aos seus colaboradores. Basicamente tirando partido do teletrabalho, mas de forma mais estruturada e híbrida, conjugando os benefícios do trabalho remoto com a necessidade de interação pessoal e social das equipas, que continuarão a precisar de espaços físicos para certas funções ou momentos. Mas não tenho dúvida que as necessidades de espaço para escritórios tradicionais diminuirão e que isso será uma excelente oportunidade para um melhor work-life balance por parte dos colaboradores, bem como o desenvolvimento de cidades e empresas económica e ambientalmente mais sustentáveis.
If you could imagine a future photo of a normal office in Portugal 10 years from now, what would it look like?
It will certainly be very close to the offices that large technology companies already offer their employees today. Basically taking advantage of teleworking, but in a more structured and hybrid way, combining the benefits of remote work with the need for personal and social interaction of teams, who will continue to need physical spaces for certain functions or moments. But I do not doubt that the need for traditional office space will decrease and this will be an excellent opportunity for a better work-life balance by employees as well as the development of more economically and environmentally sustainable cities and companies.