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11. Empresas Precisam Ler Mais Ficção Científica
As últimas 80 e tantas páginas teimaram em dizer que há novas formas de tratar capital humano na era do conhecimento. Neste contexto, transformação digital é, na verdade, um conjunto de processos de inovação para fazer com que negócios analógicos -que existiam antes dessa era- se mudem para outro espaço-tempo, onde conhecimento é essencial na performance corporativa. E onde gente, energia desse conhecimento, é essencial.
Isso não acontece por mágica e o analógico não desaparece num piscar de olhos. Ainda há chocolate amargo, vinho, EKÄUT APA 1817 e malt whisky. Ainda bem. A mudança da transformação digital é nos processos, e faz com que a organização deixe de existir apenas no ambiente analógico, porque lá não cabe mais e, lá, não dá para existir na intensidade, escala, diversidade, velocidade e performance do digital. Pensado a partir do digital, o analógico é o substrato, parte de uma realidade nova, complexa, fluida e ainda sendo entendida. E os próximos cinco, dez anos, vão criar este entendimento em quase todo lugar. Os processos de transformação digital com, para e pelas pessoas na sociedade do conhecimento estão mostrando que as previsões de Drucker são a nova realidade nas organizações. De conhecimento ou não, porque todas, enfim, serão de conhecimento. As que ainda não chegaram lá têm dois caminhos: ou se tornam organizações -digitais- de conhecimento ou seguem para o grande cemitério dos CNPJ. Porque os novos níveis de performance exigem a leveza e velocidade típicos de organizações digitais, criadas e mantidas por pessoas, em times e redes de aprendizado, focadas na resolução de problemas do usuário. E tudo isso já estava escrito.
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Só que o digital e a transformação não estavam explicitadas. Mas Drucker identificava trabalho e trabalhador do conhecimento no fim da década de 1950, numa economia que começava a se basear em informação, no ocaso da primeira e segunda revoluções industriais 83 , que atingiam seus patamares de produtividade e começavam a produzir, por sua vez, o hardware -as ferramentas digitais- da revolução de informação que estava por vir.
Havia uma sociedade analógica pré-Drucker e há uma sociedade digital pós-Drucker. Há mais de 50 anos. Mas parece que as empresas só despertaram para isso nos últimos cinco anos. Os governos perderam a oportunidade de antecipar políticas digitais para a economia do conhecimento e suas organizações. Se o tivessem feito, as ações correspondentes poderiam ter sido realizadas com muito mais calma e tempo, ao longo dos últimos trinta anos, talvez. Porque nos anos 1990 já era claro que haveria internet em tudo, para tudo, em todos os lugares e que era sobre ela que as plataformas dos negócios seriam construídas.
Mas há muitas razões para não ter acontecido como poderia. As organizações não conseguiram imaginar, tampouco se deixar imaginar e não prestaram atenção em quem estava imaginando o futuro. Nunca, aliás, dão
83 Da mecanização e produção em massa; estamos na quarta; veja The Fourth Industrial Revolution, no WEF, em bit.ly/2yW4IFD.