variedades
Opiniões
a tecnologia provavelmente ajudará A indústria sucroenergética brasileira enfrenta uma crise de fundo político-financeiro oriunda de falsos incentivos, ganância, má gestão, falta de credibilidade e impunidade que se alastra pelo nosso país "
Guilherme Rossi Machado Junior
Consultor da G. Rossi Consultoria e Representações C
A indústria sucroenergética brasileira enfrenta uma crise de fundo político-financeiro oriunda de falsos incentivos, ganância, má gestão, falta de credibilidade e impunidade que se alastra pelo nosso país, mas, por outro lado, detém uma tecnologia que provavelmente a ajudará a superá-la. No final dos anos 1990, houve uma reestruturação do setor sucroenergético com o uso de tecnologia que trouxe melhorias e aumento no teor de açúcar recuperável e tonelagens acima de três dígitos, em algumas unidades, como vemos hoje. Nos anos 1970, não se atingiam essas produtividades, e, para um projeto ser viável, elas deveriam estar acima de 70 toneladas de cana por hectare e 95 kg de açúcar por tonelada. O emprego de vinhaça nos canaviais das Usinas Tamoio e Da Pedra era novidade tecnológica na época. As variedades IAC - Instituto Agronômico de Campinas, gerenciadas pelo Dr. Antonio Segalla, e as variedades CB (Campos-Brasil), desenvolvidas na região de Campos-RJ, pelo Dr. Frederico Menezes Veiga, predominavam na época, após um ciclo de variedades importadas da Índia e de outros centros produtores. No Nordeste, alguns programas de desenvolvimento de cultivares surgiram sem lograr resultados. Em Dumont-SP, a Copereste, tendo à frente o Dr. Franz Brieger, foi uma das primeiras instituições privadas de pesquisa canavieira, encampada, a partir de 1970, pelo Programa de Melhoramento Copersucar, gerenciado pelo Dr. Hermindo Antunes Filho, contando, na época, com 90 usinas filiadas. Foi uma escola de tecnologia da cana-de-açúcar que formou dezenas de consultores, técnicos e diretores de usinas e que, em 2004, converteu-se no atual Centro de Tecnologia Canavieira, com a adesão de novas usinas e cooperativas. O Programa Nacional de Melhoramento de Cana – Planalsucar, também dessa época e liderado pelo Dr. Gilberto Miller Azzi, desenvolveu muita tecnologia e encerrou-se em 1990, sendo encampado pela, hoje, Rede Interuniversitária para o Desenvolvimento do Setor Sucroalcooleiro – Ridesa, integrada por 10 universidades federais que, atualmente, dominam o benchmarking através das variedades RB, no Brasil.
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O programa de pesquisa mais antigo de cana-de-açúcar, do Instituto Agronômico de Campinas – IAC, sobreviveu por muitos anos estático, mas renasceu e mantém-se em marcha acelerada na pesquisa canavieira. Na década de 1990, a empresa Canavialis-Allelyx, fundada por melhoristas egressos do ex-Planalsucar, com investimentos do Grupo Votorantim, desenvolveu as variedades CV e foi, depois, adquirida pela Monsanto de Tecnologia, tornando-se a Canavialis Monsanto, com tecnologia de ponta na área de biotecnologia e melhoramento de cana-de-açúcar. Porém não resistiu à falta de perspectivas futuras para ganhos imediatos e retirou seus investimentos do mercado de pesquisa de cana-de-açúcar no Brasil. No auge da entrada de multinacionais na área de pesquisa canavieira, outras empresas visaram à introdução de distintos genes oriundos da biotecnologia em variedades próprias. Assim, as empresas DuPont, Bayer, Syngenta, Basf e até a estatal Embrapa cogitaram criar seus próprios programas de melhoramento vegetal de cana-de-açúcar, mas, quando o boom de investimento de novas usinas e destilarias (de 2006 a 2008) desacelerou, elas se desestimularam. Além disso, com os novos requisitos da cana-de-açúcar, como o programa de etanol de segunda geração e cogeração para produção de energia elétrica através da biomassa, outras empresas, como GranBio, Vignis e AgnBio, surgiram com foco em novas tecnologias, por exemplo, para o desenvolvimento de variedades de biomassa. Os primeiros dez anos do Programa de Melhoramento da Copersucar foram marcados por constantes cobranças das usinas envolvidas e resultaram em 7 novas variedades SP70 e 5 variedades SP71.
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