pragas florestais
controle biológico de pragas florestais
o controle biológico só será bem-sucedido se a fundamentação científica for rigorosamente mantida durante seu desenvolvimento e implementação "
Carlos Frederico Wilcken
Professor de Entomologia Florestal da UNESP de Botucatu e Coordenador do Protef/Ipef
O Brasil possui 7,7 milhões de hectares de florestas plantadas (FAO, 2015), sendo o oitavo maior país com plantações florestais, muito atrás da China, com 79 milhões de hectares e dos EUA, com 26,3 milhões de hectares (primeiro e segundo lugares). Das plantações florestais brasileiras, 72% são formados com eucalipto (IBÁ, 2015). A alta produtividade das plantações florestais brasileiras é afetada pela ocorrência de pragas e doenças. Desde 2003, as plantações de eucalipto têm sido atacadas por pragas exóticas ou invasoras, que têm causado perdas entre 10% e 30% no volume de madeira produzida, incluindo mortalidade de árvores quando associada ao déficit hídrico. Quanto às opções de manejo, apesar dos inseticidas químicos serem eficientes e de rápida ação curativa, ainda não há produtos registrados oficialmente pelo MAPA, além das exigências impostas pela certificação ambiental, que restringem o uso desse método de controle. Nesse contexto, a principal alternativa é o controle biológico. O Brasil é reconhecido globalmente pelos programas de controle biológico bem-sucedidos na agricultura e na silvicultura.
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As principais pragas exóticas do eucalipto são o gorgulho-do-eucalipto (Gonipterus platensis), o psilídeo-de-concha (Glycaspis brimblecombei), o percevejo bronzeado (Thaumastocoris peregrinus) e a vespa-da-galha (Leptocybe invasa). Para essas pragas, a principal estratégia é o controle biológico clássico, que envolve a importação de inimigos naturais da região de origem da praga e posterior liberação no campo, após passar por quarentena oficial. Nas florestas plantadas de eucalipto, atualmente o principal problema é o percevejo bronzeado, inseto de 3 mm que suga as folhas, causando o bronzeamento da copa das árvores e subsequente desfolhamento. Essa praga, presente em 14 estados brasileiros, tem atacado quase todos os clones híbridos comerciais, além das espécies mais comuns de eucalipto no Brasil. Em 2012, foi introduzido o parasitoide de ovos Cleruchoides noackae, da Austrália. Esse parasitoide vem sendo produzido nos laboratórios da Unesp-Botucatu e Embrapa Florestas, e já foram realizadas liberações em vários estados. Os resultados em MG demonstram redução de até 90% da área atacada pela praga após três anos de liberações periódicas. A vespa-da-galha, praga de viveiros florestais e em plantios a campo, também está sendo controlada com o parasitoide Selitrichodes neseri, introduzido a partir da África do Sul, em 2015. A eficiência do parasitismo ainda está em avaliação. Outro exemplo interessante foi a ocorrência do gorgulho do eucalipto nas florestas de eucalipto do ES, em 2004. Essa praga causa desfolha dos ponteiros, levando ao atraso no crescimento das árvores.