A busca da perfeita interface entre a floresta e a indústria - OpCP76

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FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira

FLORESTAL: celulose, papel, carvão, siderurgia, painéis e madeira ano

www.RevistaOpinioes.com.br ISSN: 2177-6504
21 • número 76 • Divisão F • jun-ago 2024 ano 21 • número 76 • Divisão F • jun-ago 2024 a busca da perfeita interface entre
floresta e a indústria
a

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Plataforma Digital Multimídia da Revista Opiniões

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A partir desta edição, a Revista Opiniões passa a ser produzida em 7 idiomas:

• Português

• Espanhol

• Inglês

• Francês

• Árabe

• Chinês e

• Hindi.

A poderosa ferramenta de Inteligência Artificial, que foi desenvolvida com exclusividade para a Revista Opiniões, permitiu que todos os artigos de todas as edições publicadas nos 21 anos de nossa operação, de ambos os setores nos quais atuamos – bioenergético e florestal –, fossem traduzidos para todos estes idiomas. Esta facilidade já está disponível no formato de texto corrido. No Site da Revista Opiniões, clique na bandeira da língua desejada e veja a mudança ser feita instantaneamente.

A versão Digital também disponibiliza áudios de todos os artigos em Português e Inglês, nas páginas dos próprios artigos, bem como em uma página especial com todos os áudios reunidos em cada uma das línguas, para que, com um simples toque, você possa ouvir a revista inteira, artigo por artigo, controlando pelo celular ou pelo rádio do seu veículo.

Seja bem-vindo a este maravilhoso mundo novo.

Plataforma Digital Multimídia da Revista Opiniões

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Nathan Caressato Suzano

Karina e Marcos Rafael Sylvamo

Jefferson BM2C

Anderson e Victor Dexco

Rodrigo Zagonel Suzano

André Luis Bracell-SP

Valverde UF Viçosa

Cassiano Lacan Florestal

Edimar Aperam Bioenergia

Fernanda Sylvamo

Samuel UF

Espírito Santo

Roosevelt Ferrinho Consultoria

Camilla IBÁ

Reginaldo Mafia Bracell-BA

Guilherme Oguri PMAF do IPEF

Igor Reflorestar

Alexandre Coutinho MIP Florestal

Capa: Nathan Lara Caressato, arte em IA Índice: acervo Cenibra

Dennis Field Eyes e ForLiDAR

Marcelo Denadai Fatec Botucatu

Maristela e Jorge UF Santa Maria

Ana Clara e Renan SENAI

índice

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Nathan Caressato Suzano

Karina e Marcos Rafael Sylvamo

Jefferson BM2C

Anderson e Victor Dexco

Rodrigo Zagonel Suzano

André Luis Bracell-SP

Valverde UF Viçosa

Cassiano Lacan Florestal

Edimar Aperam Bioenergia

Fernanda Sylvamo

Samuel UF Espírito Santo

Roosevelt Ferrinho Consultoria

Camilla IBÁ

Reginaldo Mafia Bracell-BA

Guilherme Oguri PMAF do IPEF

Igor Reflorestar

Áudios: acervo Eucatex

Alexandre Coutinho MIP Florestal

Dennis Field Eyes e ForLiDAR

Marcelo Denadai Fatec Botucatu

Maristela e Jorge UF

Santa Maria

Ana Clara e Renan SENAI

Quando você estiver na estrada

Na sua próxima viagem de carro, pegue seu celular, entre no site da Revista Opiniões, escolha a edição recente desejada, folheie até esta página, ligue o rádio do seu carro, toque na foto do autor escolhido e ouça o primeiro artigo utilizando os controles do rádio do seu carro.

Quando terminar, toque no segundo autor e assim por diante. Quando chegar no seu destino, poderá ter ouvido toda a edição da revista.

É lógico que você não precisa viajar para desfrutar desse conforto. O sistema também funcionará na sua mesa de trabalho, andando no parque, na esteira da academia, nas ruas congestionadas da cidade grande ou no sofá da sua Casa.

Boa leitura ou boa audição, como preferir.

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Nathan Caressato Suzano

Karina e Marcos Rafael Sylvamo

Jefferson BM2C

Valverde UF Viçosa

Anderson e Victor Dexco

Edimar Aperam Bioenergia

Rodrigo Zagonel Suzano

André Luis Bracell-SP

Fernanda Sylvamo

Roosevelt Ferrinho Consultoria

Cassiano Lacan Florestal

Samuel UF Espírito Santo

Reginaldo Mafia Bracell-BA

Guilherme Oguri PMAF do IPEF

Igor Reflorestar

Áudios: acervo Eucatex

Camilla IBÁ

Dennis Field Eyes e ForLiDAR

Marcelo Denadai Fatec Botucatu

Alexandre Coutinho MIP Florestal

Maristela e Jorge UF Santa Maria

Ana Clara e Renan SENAI

When you have been on the road

On your next car trip, take your cell phone, go to the Revista Opinião website, choose the recent edition you want, scroll to this page, turn on your car radio, touch the photo of the chosen author and listen to the first article using the controls from your car radio.

When you're done, tap the second author, and so on. When you arrive at your destination, you may have heard the entire edition of the magazine.

Of course, you don't need to travel to enjoy this comfort. The system will also work at your desk, walking in the park, on the treadmill at the gym, on the congested streets of the big city or on the sofa at home.

Happy reading or good listening, whichever you prefer.

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A nova força de trabalho: a desenvolvedora

“Hoje todos somos datilógrafos” é uma expressão sempre presente em palestras e treinamentos na Suzano. Para os mais novos, datilografar se refere ao ato de digitar. Era extremamente comum nos anos 80 e 90 ver matérias de jornais afirmando que quem não possuísse um curso de datilografia estaria fora do mercado de trabalho. A Suzano mesmo, nessa época, treinava seus profissionais nessa habilidade.

E, de fato, chegamos a esse ponto, não é verdade? Você imagina sua vida profissional hoje sem saber datilografar?

A transformação digital pós-pandêmica mudou drasticamente – e continua mudando – o mercado de trabalho. Um dos pilares dessas alterações são as habilidades requeridas dos profissionais. Deixamos de dizer “habilidades do futuro” para nos referirmos às “habilidades do presente” como um conjunto de competências necessárias para que os colaboradores transformem os negócios e a si mesmos, com mais inovação, bem-estar, simplicidade e alto impacto.

À medida que a tecnologia continua a redefinir as indústrias, a necessidade de competências atuais e de uma força de trabalho com conhecimentos de tecnologia nunca foi tão crítica. Há anos, literalidade tecnológica ou habilidades de TI figuram entre as habilidades mais necessárias e em falta no mundo. E, com a certeza de que com tecnologia tudo é possível, hoje é mais necessário do que nunca.

Pessoalmente, uma característica que eu admiro nesses jovens é a preguiça, mas não vista como algo ruim, mas pelo lado do 'será que precisamos fazer assim? Esse processo não poderia ser automatizado?' "

Hoje, a indústria como um todo exige uma combinação de conhecimentos em diversas esferas, que vão das competências tradicionais até as habilidades tecnológicas de ponta. Para uma empresa como a Suzano, que está na vanguarda da inovação sustentável, a capacidade de integrar tecnologias ao dia a dia é fundamental. Esperamos que os profissionais modernos possuam uma compreensão abrangente da posição que ocupam e novas habilidades urgentes, com ênfase crescente na análise de dados, na literacia digital, na proficiência com ferramentas de software avançadas e na criatividade.

Capacitar pessoas para essa realidade deve ser, portanto, uma obrigação dentro das indústrias de ponta. Na Suzano, essas habilidades são desenvolvidas na Academia Digital, onde treinamos e empoderamos nossos colaboradores em áreas como Ciência, Análise e Engenharia de Dados, Inovação Aberta, Agilidade, LowCode, RPA e Criatividade.

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Q Índice
Editorial de abertura
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Enxergamos a tecnologia como um meio para o atingimento de resultados, e não como um fim. Ser um cidadão desenvolvedor é entender que a tecnologia está à nossa disposição para criarmos e resolvermos diversos aspectos da nossa vida no trabalho, com mais facilidade e rapidez. Algo que estará cada vez mais introjetado nas organizações, assim como foi a datilografia no passado. Afinal, não somos hoje datilógrafos?

Como dito, a tecnologia é um componente essencial nas operações da Suzano. A integração de dispositivos e sistemas, sistemas de informação geográfica (GIS), RPA, desenvolvimento de softwares e Advanced Analytics transformaram a forma como monitoramos florestas, gerenciamos recursos e otimizamos processos de produção.

A Agilidade e o Design nos permitiram inovar mais rápido, ser mais centrados no cliente, interno ou externo, e criar aquilo que ainda não havia sido feito. E grande parte disso é feito fora da área de tecnologia, pelas pessoas do “negócio”. Por meio de um Data Lake organizado, os alunos puderam criar aplicativos web para monitoramento automatizado de florestas, um otimizador que cria melhores rotas de transporte de ônibus, reduzindo o tempo e a emissão de gases do efeito estufa, ou ainda preditores de consumos para melhor eficiência operacional.

Um desenvolvedor cidadão é um indivíduo que cria produtos de tecnologia usando ambientes de desenvolvimento homologados e disponibilizados pela TI corporativa. Eles não são desenvolvedores profissionais, mas possuem as habilidades e o conhecimento para desenvolver tecnologia que atenda às necessidades específicas do negócio. No contexto da Suzano, os desenvolvedores cidadãos desempenham um papel chave na promoção da inovação e da eficiência operacional. E esse é, hoje, um dos grandes diferenciais de uma empresa que se vê como uma startup de 100 anos.

Na Suzano, investir no desenvolvimento de Tech para todos os nossos colaboradores nos traz inúmeros benefícios:

• Agilidade e Produtividade: Colaboradores letrados e empoderados em Tech podem criar e implantar aplicativos rapidamente para atender às necessidades

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imediatas do negócio, melhorando a agilidade operacional e trazendo ganhos em simplificação e eficiência.

• Eficiência de Custo: Ao capacitar colaboradores não técnicos para criar soluções, reduzimos a dependência de fornecedores externos, trazendo não somente um ganho econômico, mas também um ganho de personalização do produto, afinal, é a área criando para ela mesma.

• Empoderamento dos Colaboradores: Ao oferecermos ferramentas e treinamento para o desenvolvimento de tecnologia, promovemos uma cultura de inovação, na qual reafirmamos sempre que “com Tech tudo é possível”.

• Escalabilidade: À medida que mais colaboradores se tornam proficientes no desenvolvimento de soluções de tecnologia, com uma governança robusta, percebemos um aumento de escala de soluções personalizadas e de ganhos cada vez maiores para as pessoas e para o negócio.

• Qualidade de Vida: Empoderar os colaboradores em Tech contribui para a redução de atividades transacionais, reduzindo horas de trabalho que podem ser usadas em trabalhos mais criativos.

Os resultados se acumulam ao longo dos quase seis anos de programa da Academia Digital. Entre eles, já identificamos mais de R$ 29 milhões capturados em geração de valor para a empresa. Mas esse não é o número mais expressivo. O que mais chama a atenção é o impacto na vida e na carreira desses profissionais. Refiro-me a mais de 3 mil pessoas formadas em habilidades Tech e 10% de Redeployment . Esse é um número que representa mudança de área para a área de TI, favorecendo a movimentação interna. Também é mensurável o aumento do encarreiramento das pessoas participantes, com mais promoções e destaques em programas de performance da Suzano, e uma redução de mais de 10 mil horas de trabalho repetitivo.

O Perfil dos Novos Profissionais

O perfil dos profissionais que estão entrando no mercado de trabalho hoje é marcado por uma forte aptidão tecnológica. Esses jovens são altamente tecnológicos, familiarizados com as mais recentes inovações e ferramentas digitais desde cedo. Eles são propositivos, constantemente buscam

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formas de melhorar processos e trazer soluções inovadoras para desafios antigos. Sua inquietude e desejo de enfrentar desafios fazem deles agentes ativos de mudança, sempre prontos para questionar o status quo e propor novas ideias.

Pessoalmente, uma característica que eu admiro nesses jovens é a preguiça, mas não vista como algo ruim, mas pelo lado do “ será que precisamos fazer assim? Esse processo não poderia ser automatizado? ” É uma geração muito criativa, que precisa encontrar meios de exercer essa criatividade. “Livrar-se” de atividades burocráticas é uma delas.

No entanto, apesar dessa forte base tecnológica, muitos desses jovens profissionais são altamente especializados em suas áreas. Essa especialização pode limitar sua visão global e a capacidade de atuar de forma transversal em diferentes setores da empresa. É essencial que nós, como organização, invistamos no desenvolvimento de habilidades generalistas nesses profissionais, ajudando-os a adquirir uma compreensão mais ampla dos negócios e a conectar pontos entre diferentes disciplinas. Isso ampliará sua capacidade de contribuir de forma mais estratégica e integrada.

Para ajudar esses jovens a se tornarem mais versáteis, aqui na Suzano oferecemos um programa de desenvolvimento contínuo que incentiva a aquisição de novas competências, a ampliação de conhecimentos e a troca entre gerações. Mentoria, rotações e projetos interdepartamentais são algumas das estratégias que usamos para promover essa transformação, inclusive para diferentes tipos de cargos, e não apenas para jovens de entrada. Ao fomentar uma visão global e habilidades generalistas, não apenas enriquecemos a trajetória profissional desses jovens, mas também fortalecemos sua própria capacidade de inovação e adaptação em um mercado em constante e rápida evolução como o Florestal-Celulósico. Na prática, olhamos menos para a formação prévia, eventualmente deficitária e desatualizada de muitas universidades, quando analisamos apenas o passado de formação escolar e acadêmica, e damos o devido peso ao que mais importa, que é o futuro desses profissionais para o desenvolvimento deles e da organização.

Ações de formação em diversas competências digitais realizadas públicos, com formações variando de Criatividade até Desenvolvimento

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Q Índice Editorial de abertura

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Afinal, à medida que o nosso setor continua a evoluir, as expectativas para os profissionais também se transformam. Hoje buscamos futuros colaboradores que não apenas possuam habilidades tradicionais, mas também demonstrem forte aptidão para tecnologia e inovação, alinhados ao último relatório sobre o Futuro do Trabalho do Fórum Econômico Mundial, que evidencia as seguintes características:

• Proficiência Técnica: Profissionais devem estar confortáveis com análise de dados, ferramentas de software e tecnologias emergentes.

• Adaptabilidade e Criatividade: A habilidade de aprender e se adaptar rapidamente a novas tecnologias e metodologias é básico para esse novo mundo.

• Colaboração: Trabalhar eficazmente com equipes multifuncionais, garantindo uma boa visão de tudo e de todos e com foco no cliente.

• Foco em Sustentabilidade: Compreensão profunda de práticas sustentáveis e sua integração em soluções tecnológicas.

• Mentalidade de Solução de Problemas: Proatividade e empoderamento em identificar desafios e desenvolver soluções usando as tecnologias.

A Suzano é líder mundial na produção de celulose e, por isso, precisa estar na vanguarda da revolução tecnológica na indústria florestal-industrial. Abraçar o movimento dos desenvolvedores cidadãos e investir nas habilidades do presente, necessárias para os profissionais modernos, são essenciais para navegar nessa transformação. Ao fomentar uma cultura de inovação, agilidade e sustentabilidade, nos conectamos à nossa “Startup de 100 anos”, inovamos e melhoramos, com muita tecnologia e foco nas pessoas.

Esse novo perfil de colaborador não é apenas um papel, mas um catalisador para a mudança, impulsionando empresas a serem cada vez mais inteligentes para um futuro mais sustentável e eficiente. Olhando para frente, a importância de investir nesse movimento não pode ser subestimada - é a chave para liberar todo o potencial da força de trabalho moderna e alcançar o sucesso a longo prazo em um mundo em constante mudança. Que outras empresas se juntem a nós nesse movimento, para que cada vez mais pessoas sejam formadas em Tech . n

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Opiniões
realizadas
pela Suzano em diversas partes do país, para diversos Desenvolvimento Low Code (criação de aplicativos com pouco código).

Soluções

Analíticas Inteligentes em mais de 200 milhões de hectares
Top of Mind em Planejamento Florestal
Conheça o Remsoft Operations:
www.remsoft.com/remsoft-operations

A real produtividade de uma floresta

Novos conceitos de produtividade florestal

É incontestável que o Brasil é protagonista entre os países produtores de celulose e papel, principalmente devido à produtividade de nossas florestas de eucalipto. Esse sucesso não vem apenas da aptidão climática do país, mas também de grandes investimentos em pesquisa pública e privada que possibilitaram atingir esse patamar. No entanto, na última década, observamos uma estabilização na produtividade das florestas, acompanhando as alterações climáticas principalmente dos regimes hídricos, não somente uma redução,

mas também uma piora na distribuição das chuvas, ora concentrada em poucos meses, ora escassa, porém, sempre integrada a altas temperaturas e consequente surgimento de novas pragas, beneficiadas por tais mudanças.

Então, surgem os questionamentos: Chegamos ao limite de produtividade das nossas florestas de eucalipto no Brasil? Quais novas estratégias devem ser implementadas nos programas de melhoramento genético para mitigar os efeitos das mudanças climáticas? Por que ainda plantamos clones antigos? Como podemos aumentar a resiliência das nossas florestas frente às pragas e doenças emergentes?

Para responder a estas e outras dúvidas, vamos lançar mão da experiência e das novas ciências. A Sylvamo, com um dos programas pioneiros de melhoramento genético de eucalipto no Brasil, evoluiu seus objetivos significativamente ao longo de quase seis décadas. Inicialmente, o foco principal era o aumento da produtividade volumétrica.

Mais do que nunca, precisamos evoluir também na forma de mensurar nossa produtividade e reconhecer que minimizar perdas em ambientes complexos também pode ser considerado ganho. "

Carnielli Zamprogno Ferreira e Marcos Rafael Amâncio

Gerente de Pesquisa, Planejamento e EHS Florestal, e Coordenador de Melhoramento Genético, respectivamente, ambos da Sylvamo

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Karina
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Aos poucos, conceitos de qualidade da madeira, tolerância ou resistência a pragas, doenças, déficit hídrico, sustentabilidade e resiliência foram encorpando o indicador de produtividade das nossas florestas, trazendo maior complexidade aos processos de seleção de novos materiais genéticos e seus respectivos ganhos.

Nesse novo contexto, a produtividade não é mais medida pelo Incremento Médio Anual (IMA), mas pelo IMACel (tonelada de celulose seca ao ar por hectare por ano), que engloba os três principais fatores de seleção: o volume, a densidade básica e rendimento de celulose.

O grande desafio do programa de melhoramento moderno das empresas do setor de celulose e papel é não apenas aumentar a quantidade de celulose produzida em uma mesma área, mas olhar também para a característica dessa polpa por material genético, obtendo ganhos significativos na floresta e indústria.

Os impactos climáticos também influenciam na expressão dessas características de qualidade da madeira, além das já conhecidas influências no crescimento. Portanto, o estudo dessas interações com ambiente é de extrema importância. Com o avanço das tecnologias de sistemas de informações geográficas (SIG), aliado às bases de dados públicas abrangentes contendo informações climáticas históricas e atuais, além dos avanços computacionais, torna-se viável a utilização de ferramentas mais robustas.

É nesse contexto que a Ambientômica surge como uma poderosa ferramenta no melhoramento genético. Adotando abordagem similar à Genômica, a Ambientômica tem foco no “ambientôma” – o conjunto de todos os fatores ambientais que determinam um local. Essa abordagem “ômica” possibilita a interpretação mais precisa da complexa relação de associação entre o genótipo e ambiente, permitindo o aumento na acurácia de seleção e até predição de novas cultivares em locais nunca antes testados.

Essa análise mais ampla do conceito de produtividade traz uma forte participação da relação dos fatores ambientais nos limites genéticos das espécies e mede a capacidade das florestas de eucalipto em ajustar suas respostas fenotípicas em um sistema interligado solo-planta-atmosfera.

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Isso determina a sua “plasticidade”, ou capacidade fisiológica em responder positivamente às interferências do meio em que está inserida. Isso talvez explique, por exemplo, o porquê da reintrodução de clones antigos e menos produtivos volumetricamente nos plantios comerciais de grandes empresas, que reconhecem nesses clones outros comportamentos de adaptação ou plasticidade para se desenvolver em ambientes inconstantes, enquanto os novos clones estão em processo de descrição.

Para diminuir a pressão sofrida pelos clones recém-lançados, é necessária uma mudança conceitual nos plantios comerciais tradicionais.

Essa mudança envolve a adoção de novas práticas na seleção e recomendação operacional de clones, definindo um conjunto de clones, que, quando plantados juntos, demonstram maior produtividade e resiliência. Os chamados compostos clonais geralmente apresentam produtividades superiores em comparação aos plantios monoclonais, pois agregam maior diversidade genética nos talhões comerciais e, consequentemente, minimizam as perdas por fatores bióticos e abióticos.

Prever a produtividade futura nunca foi uma tarefa simples e tornou-se ainda mais desafiadora com a instabilidade e imprevisibilidade climática.

Mais do que nunca, precisamos evoluir também na forma de mensurar nossa produtividade e reconhecer que minimizar perdas em ambientes complexos também pode ser considerado ganho. Essa mudança de chave na forma de pensar é essencial para continuidade do protagonismo do setor.

A busca constante por materiais genéticos, a adoção de novas tecnologias e adaptação das práticas tradicionais de plantio são cruciais.

Além disso, é necessário redefinir o conceito de ganho de produtividade, entender que em algumas situações a manutenção da produtividade é um avanço significativo, e que a minimização das perdas por problemas bióticos ou abióticos também representa um ganho importante.

Ao olharmos por essa perspectiva, estaremos mais preparados para enfrentar os desafios futuros e assegurar a sustentabilidade do setor a longo prazo.n

19 Opiniões

Evolução da sinergia

floresta & industria

Em que pese o fracasso do crescimento econômico brasileiro pós-1970, diferentemente do asiático, que ainda surfa na onda do crescimento mundial daquela década, resta-nos o orgulho da evolução da silvicultura e da indústria florestal brasileira, fruto das políticas dessa época que criaram o Programa Nacional do Desenvolvimento (PND) e a Lei de Incentivos Fiscais ao Florestamento e Reflorestamento (Fiset-FR). É provável que os legisladores do Fiset-FR e do PND já vislumbrassem possível crescimento da indústria florestal, mas não a ponto de imaginar que o setor florestal brasileiro se tornaria o mais competitivo e sustentável do mundo. Menos ainda que a silvicultura viria a ser o modelo florestal seguido por todos os países e ter a Engenharia Florestal e os seus centros de pesquisa como referenciais.

Relatar sobre esta perfeita sinergia entre Floresta e Indústria é descrever a evolução do setor, tendo como marcos o Fiset-FR e o PND. Sem estes, o setor florestal seria insignificante; provavelmente o máximo que se poderia esperar dele seria um crescimento vegetativo, um fiasco de “evolucionismo florestal”. Com eles, mesmo que fruto de uma canetada do Estado, de um “criacionismo florestal”, o setor decola a velocidade de foguete, superando todas as expectativas.

Se a cadeia produtiva florestal do Brasil dependesse da evolução natural da economia por meio do crescimento natural da demanda e oferta da madeira, ela seria pífia. Ainda teríamos as pequenas e poluidoras fábricas de celulose e papel, sem contar a necessidade de importação. As

Se a cadeia produtiva florestal do Brasil dependesse da evolução natural da economia por meio do crescimento natural da demanda e oferta da madeira, ela seria pífia. "

Sebastião Renato Valverde Professor de Política e Legislação Florestal da Universidade Federal de Viçosa

Coautor: Gleison Augusto dos Santos, Professor de Inovação Florestal da Universidade Federal de Viçosa

Q Índice
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estratégica
Macrovisão

siderúrgicas consumindo carvão de mata nativa, e as serrarias e laminadoras processando toras da Mata Atlântica de forma extrativista e insustentável.

Com o Fiset-FR e o PND, houve uma transformação significativa nesta cadeia produtiva. De extrativista da mata nativa para produtivista via reflorestamento, de pequenas para as grandes indústrias, vide as de celulose que tornou o Brasil o líder neste mercado. Embora, como reflexo destas políticas, elas sejam concentradas e verticalizadas, isto não é diferente, guardada as devidas proporções, das antigas fabriquetas que também obtinham sua matéria-prima de áreas próprias.

Pode-se afirmar que o Fiset-FR e o PND estão para o setor florestal brasileiro como a máquina a vapor esteve para a revolução industrial, a globalização para o comércio internacional e a internet para a democratização e velocidade da comunicação global. Embora louváveis, políticas sozinhas não revolucionariam o setor. Elas tiveram a contribuição das universidades no crescimento sustentável deste setor. Foram a ciência, os PD&I e a formação de profissionais nas escolas de Engenharia Florestal, via seus centros de apoio a pesquisa florestal como a Sociedade de Investigação Florestal (SIF) e o Instituto de Pesquisa e Estudo Florestais (IPEF), que alavancaram este desenvolvimento.

Estes centros foram e têm sido fundamentais para a aproximação das indústrias e das florestas com as universidades para favorecer a interação de professores/ pesquisadores com as empresas, com o desenvolvimento dos programas de pós-graduação em ciências florestais e agrárias, para a empregabilidade dos egressos, para o investimento em infraestruturas de laboratórios, viveiros, áreas de demonstração etc., para o aparelhamento das universidades, para a formação dos grupos de apoio às pesquisas florestais como os Grupos Temáticos (GTs) da SIF Colheita e Transporte Florestal, Carbonização, Genética e Melhoramento, Restauração, Sociedade e Ferroligas.

Se dependesse do “evolucionismo”, a indústria florestal seria capenga. Talvez nem a Engenharia Florestal existisse, quiçá a

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SIF e o IPEF. Foram o Fiset-FR e o PND que impulsionaram o setor, a Engenharia Florestal e os centros de apoio à pesquisa. O avanço das pesquisas e da ciência florestal tornaram a silvicultura mais produtiva, mais sustentável e mais competitiva.

Isso fez com que o Brasil se consagrasse no maior player da indústria de celulose e no único produtor de aço e ligas com biorredutor sustentável a ter como matriz energética a biomassa mais limpa do mundo. Isso tudo reflorestando sem supressão da nativa, sem concorrer com a produção de alimentos e cumprindo mais que a legislação ambiental em proteger as áreas de preservação permanente (APP) e de reserva legal (RL) e mantendo corredores ecológicos na mesma proporção da área reflorestada comercialmente.

Neste ritmo de desenvolvimento florestal, nada e ninguém superará o Brasil. Ainda há espaço para crescer, pois o PIB florestal é pouco representativo em relação ao Nacional diante de seu potencial, que, em vez de 2%, poderia ser de mais de 10% como os finlandeses e suecos. Há, para isso, terras ociosas e abundantes sem aptidão agrícola, muitas delas degradadas pelas pastagens.

Tal qual cresceu o segmento de celulose –em que o Brasil é o maior exportador e tem espaço para o crescimento das indústrias de painéis MDF, MDP, OSB, laminados e compensados.

Enfim, a busca pela perfeição desta sinergia é o motor do crescimento florestal. Isso passa pelas universidades e centros de pesquisas. Neste contexto, a SIF se orgulha de ser a líder em Pesquisa, Tecnologia e Inovação numa perfeita interface Floresta e Indústria.

Em conjunto com as empresas do setor florestal brasileiro e na parceria Universidade & Empresa, novos produtos de madeira estão em desenvolvimento, como bioquímicos, biofármacos, biocosméticos, biodiesel e novos têxteis a partir das fibras florestais. Em um futuro próximo, a fibra das árvores e a interface aperfeiçoada da Floresta & Indústria, visando alto valor agregado dos produtos, serão o grande substituto da maioria dos produtos substitutos do petróleo. n

21 Opiniões

Acho que está faltando madeira! Temos madeira para todo mundo?

O consumo de madeira para fins industriais no Brasil cresceu, em média, 3% ao ano na última década, conforme as divulgações da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores). Em 2019, esse crescimento foi ainda mais expressivo, atingindo o pico de 15%, o que começou a refletir diretamente no preço da madeira em pé. Com a perspectiva de maiores investimentos e expansões das capacidades fabris, é natural esperarmos um aumento ainda maior na demanda por madeira. Assim, surge a pergunta: o setor florestal no país está preparado para atender a essa demanda?

Pouco após a pandemia, vivenciamos a primeira fase de investimentos das empresas do setor de celulose e papel, e tivemos ainda a boa surpresa da maior utilização da madeira como fonte de energia para biomassa.

Ambas as tendências seguem o aumento de demanda projetado pela FAO, de 37% até 2050, e o nosso país está se destacando como grande canteiro de obras de novos investimentos do setor florestal.

Em 2022, a empresa Malinovski realizou um levantamento dos investimentos até 2028, projetando uma necessidade de madeira de aproximadamente 30 milhões de m³ por ano, o que demandaria uma área plantada adicional de 950 mil hectares.

Em abril deste ano, recebemos com alegria as notícias de novos investimentos dos nossos colegas de grandes empresas florestais do Rio Grande do Sul a Minas Gerais, que somam cifras na ordem de 100 bilhões de reais. E essas notícias nos levam a pensar: estamos entrando na segunda fase de investimentos no setor ou será apenas a continuação da fase anterior?

Para entender melhor o cenário atual, nosso time resolveu ampliar as projeções para esse momento. Os novos investimentos chegam com novas necessidades de produção de aproximadamente 30 milhões de m³ ao ano, com inícios de produção em anos variados, que, quando somados aos levantados pela Malinovski, totalizam 1,9 milhões de hectares.

Em abril deste ano, recebemos com alegria as notícias de novos investimentos dos nossos colegas de grandes empresas florestais do RS a MG, que somam cifras na ordem de 100 bilhões de reais. "

Lins Machado e Victor Augusto Soares Bertin

Diretor Florestal e Gerente de Planejamento Florestal, respectivamente, ambos da Dexco

Q Índice
Anderson
�� Escassez de madeira

Nessa nova projeção, é importante considerar o tempo de cultivo das árvores. Diferentemente do período entre o anúncio da construção de uma nova fábrica e o início das suas operações, que leva em torno de dois a três anos, empreendimentos florestais requerem um horizonte mais longo, pois dependem do cultivo do eucalipto, que levará de seis a sete anos. Mas a estratégia de antecipação do cultivo das florestas não tem ocorrido. Na maioria das vezes, quando acontece o anúncio de um novo investimento industrial, os players do setor florestal correm em um ritmo alucinado para ampliarem a sua base florestal.

Outro ponto a ser levado em consideração é a localização dessas unidades industriais e florestais e a capacitação profissional. O setor avança para regiões menos produtivas e, o mais preocupante, sem ampliar a formação de profissionais capacitados e engajados no mesmo ritmo dos projetos industriais. Talvez tenha faltado investimento de parte desses bilhões na formação dos atuais e futuros profissionais que irão assegurar essa nova base florestal do presente, avançando para o futuro.

Mas, o que nos leva a afirmar que estamos passando por uma fase de déficit de madeira? Vamos olhar para o passado para projetar o futuro. Por muito tempo, tivemos certa estabilidade no setor e naquele período a indústria de base florestal trabalhou abaixo da capacidade total, momento em que tivemos grandes excedentes de florestas. O período é lembrado também pela estabilidade no preço da madeira (a 40 R$/m³), onde ocorreram muitos movimentos de venda da terra para reduzir o imobilizado e comprar madeira no mercado. Além disso, algumas empresas florestais reduziram o investimento em floresta (manejo), o que resultou na queda de produtividade.

Embora a produtividade deva estar alinhada aos níveis de crescimento das expansões, observamos o comportamento oposto. Paramos no tempo, permanecendo no mesmo patamar a uma taxa média de 0 a 1% ao ano, influenciada pelos impactos das baixas precipitações (quando comparamos com a normal climatológica), variações em temperaturas e expansão para áreas em que não se tinha tanto conhecimento sobre o comportamento dos materiais genéticos.

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Curiosamente, nesta nova melodia dos dias atuais, todas as notas de expansão foram tocadas juntas: vemos expansões e novas fábricas, com a indústria trabalhando mais próxima ao full capacity e novas teclas sendo pressionadas como o aumento de biomassa para energia. Concluímos que este novo acorde se transformou em um descompasso entre oferta e demanda. E que isso já se refletiu no crescente preço de madeira e na corrida por áreas mais próximas às indústrias (a famosa redução do raio médio).

Além disso, quando falamos de um suprimento de madeira consistente, cada empresa toma uma estratégia diferente. Na Dexco, por exemplo, adotamos uma abordagem mais conservadora, buscando garantir a autossuficiência. Sempre fizemos investimentos em florestas pensando no longo prazo. Realizamos alguns movimentos de venda ao mercado, quando temos oportunidades e excedentes, mas sempre com a segurança e o cuidado com o futuro. Nesse jogo complexo, não existe certo ou errado nem respostas definitivas, apenas decisões importantes que precisam ser tomadas, administrando suas consequências.

Por fim, concluímos que, considerando a falta de sincronia entre projetos industriais e os ciclos de produção florestal, não conseguimos antecipar a convergência de todos os movimentos do mercado, e que não observamos com o preço da madeira o mesmo comportamento de outras culturas como o gado e a soja, que retornaram a patamares pré-pandemia.

Fica evidente que a equação atual não está balanceada. Acreditamos que o suprimento de madeira já está em colapso e que nos próximos dois a três anos enfrentaremos uma crise ainda mais forte. A intensidade dessa crise está totalmente relacionada com a demanda de celulose no mercado, podendo permanecer no patamar atual ou se agravar ainda mais se o seu preço continuar subindo como está acontecendo neste ano. Porém, esses novos patamares de preço valorizam o setor florestal, as pessoas que nele trabalham, nossos produtores, fornecedores e parceiros, o que nos deixa mais competitivos com relação a outras culturas.

O consenso é claro: o momento de plantar é agora. Ou deveria ter sido ontem?

2025 e 2026 nos darão uma pista! n

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Opiniões

Equilíbrio entre oferta e demanda de madeira?

Esqueça!

Qual a pior situação para o setor de base florestal: escassez ou excesso de madeira? Isso depende, se você é produtor ou consumidor e de que momento estamos falando, de hoje ou do futuro. O que hoje é bom para um, provavelmente será ruim no futuro. E se hoje está ruim para o outro, mais à frente poderá ser excelente, se tomadas as ações corretas, no tempo certo.

Vamos começar pelos conceitos: escassez e excesso são desequilíbrios entre a oferta e a demanda, com reflexo nos preços. Equilíbrio de mercado é algo difícil de atingir e impossível de perpetuar, especialmente quando este mercado, como o florestal, é composto por inúmeros players, com interesses diversos e antagônicos, sem falar das variáveis climáticas, biológicas, macroeconômicas, tributárias, políticas, culturais etc. Resumindo o contexto: equilíbrio entre oferta e demanda de madeira é pura utopia, melhor não se preocupar com isso.

Mais importante que buscar o inalcançável equilíbrio, é compreender que nosso setor é de longo prazo, muito diferente da agropecuária, que pode rapidamente converter uma lavoura de soja em milho, em pasto ou no que quiser ou precisar.

A flutuação de preços das commodities agrícolas é maior que a da madeira justamente por conta dessa flexibilidade entre as safras. Por outro lado, para produzir madeira, um fator implacável se coloca diante do mercado: o tempo. Assim como não se produz um uísque de doze anos em seis, não se produz uma floresta de eucaliptos em menos de cinco ou seis anos, tampouco um plantio de pinus no dobro deste período.

O timming florestal também é diferente da nossa própria indústria florestal. Vamos usar um cenário extremo, mas não incomum: uma nova indústria de celulose de fibra curta (eucalipto) leva de um a três anos para ser planejada e menos de dois anos para ser instalada. Considerando os projetos mais recentes, com capacidade nominal de 2,5 milhões de ton/ano, tem-se uma nova demanda de quase 10 milhões de metros cúbicos de madeira a cada ano, que “nasceu” depois de três a cinco anos desde sua idealização.

Esse “bebê” faminto irá consumir anualmente cerca de 40 mil hectares, precisando de uma base florestal de quase 250 mil hectares plantados.

Na melhor das hipóteses, plantando os clones certos e sem eventos adversos (estiagem, pragas, doenças), leva-se, pelo menos, sete anos até que os primeiros plantios sejam colhidos. Então, já de saída, a conta não fecha. Os projetos de novas plantas industriais com essa escala de consumo deveriam ser iniciados pela formação de sua base florestal, pelo menos sete anos antes.

Nosso setor é de longo prazo, muito diferente da agropecuária, que pode rapidamente converter uma lavoura de soja em milho, em pasto ou no que quiser ou precisar. "

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Oferta e demanda de madeira no Brasil

Mas a realidade é bem diferente: muitas coisas, boas e ruins, acontecem em sete anos. O projeto fabril pode ser postergado, por pouco ou muito tempo, por inúmeras razões. Se atrasar um ano, “sobrarão” 10 milhões de metros cúbicos de madeira. Se atrasar dois... muita madeira irá “sobrar”.

É nessa hora que quem compra madeira aproveita para “pechinchar”, pagando preços abaixo do break even point, também conhecido como ponto de equilíbrio. Nestas circunstâncias, as indústrias conseguem baixar seus custos de produção e melhorar sua rentabilidade, os bônus dos executivos serão maiores, mas quem plantou, esperou seis anos para ter a rentabilidade esperada e ficou no prejuízo, dificilmente plantará uma nova floresta.

Esse “lucro adicional” e momentâneo da indústria inviabilizará novos plantios florestais. No próximo ciclo, menos madeira será ofertada pelo mercado e os preços voltarão a subir, mas a redução do volume será uma realidade inevitável. E aqui, novamente, o tempo estará contra todos. Não dá tempo de atender a essa demanda tão rapidamente.

Nesse cenário futuro, quem não for autossuficiente terá de pagar mais e ir mais longe para buscar a madeira, tentando tirar a madeira de quem já estava mais perto do produtor.

Quem não puder absorver esse custo adicional de logística e elevação de preço deixará o mercado. Por outro lado, isso será um verdadeiro estímulo para que novas florestas sejam plantadas, pois, com preços de madeira mais elevados, a silvicultura torna-se mais competitiva que a agropecuária, com quem disputamos terras, cada vez mais caras e distantes. A rentabilidade financeira de projetos florestais será mais atrativa que a de outros mercados que disputam capital.

As próprias empresas consumidoras também terão mais facilidade para aprovar a expansão de sua base florestal, pois fatores ofensores como o aumento de custos e redução de produtividade, por exemplo, podem ser compensados com a aprovação pela alta gestão de custos de madeira futura mais realistas (mais altos).

Em outras palavras, se o preço da madeira de mercado está muito baixo, a ponto de nem remunerar o investimento do produtor, não

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se justifica internamente a implantação de florestas próprias que irão gerar custos de formação florestal mais altos que os preços de mercado.

O setor de base florestal no Brasil tem evoluído não só em genética, tecnologia e gestão, mas também comercialmente. Nos últimos vinte anos, inúmeras TIMO’s (Timber Investment Management Organization), que são gestoras de fundos de investimentos florestais, implantaram novas florestas comerciais e vincularam a produção da madeira ao abastecimento de grandes empresas consumidoras dessa matéria-prima, através de contratos de suprimento de madeira a longo prazo.

Estes contratos estipulam qual será o preço a ser pago pela madeira, qual volume será entregue e em que prazo isso ocorrerá, o que é conhecido como mercado futuro. Neste cenário, há grande previsibilidade e segurança para o comprador e o vendedor, o que ajuda a estabilizar o preço.

Por outro lado, produtores independentes não têm acesso a essa mesa de negociação e apostam no investimento em silvicultura vendendo sua madeira no mercado spot, com pagamento à vista e pronta entrega da madeira. Neste último tipo de mercado, a exposição à incerteza e ao risco pode resultar em grandes lucros, num cenário com alto preço, ou prejuízo, caso o excesso de oferta de madeira force os preços para baixo.

Cabe destacar que, em ambos os mercados, o risco de produtividade está com o produtor e não com a empresa consumidora/ compradora, portanto, é lógico pleitear um valor adicional no preço em relação à madeira produzida pela própria empresa consumidora, mas isso não ocorre de forma espontânea nem corriqueira.

Se o equilíbrio é utópico e o tempo é implacável, como se equaciona o problema entre a oferta e a demanda?

A solução passa pelo entendimento de como este ciclo se repete, planejando estrategicamente, antecipando decisões de investimento, negociando contratos de longo prazo com bons clientes, diversificando o portfólio de projetos e de mercados para diluição de risco e, não menos importante, plantando florestas com padrão de excelência. Simples não é, mas é desafiador e instigante. n

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Agrossilvicultura:

uma opção realista para o setor florestal?

A resposta a esta pergunta seria a seguinte: sistemas agrossilviculturais devem necessariamente fazer parte das estratégias do setor florestal no que se refere ao suprimento de madeira.

Como resultado de um trabalho intensivo da Embrapa, universidades e empresas, os sistemas agrossilviculturais (iLPF – Integração Lavoura-Pecuária-Floresta) deixaram de ser teóricos acadêmicos e se tornaram alternativas efetivas para criarmos cadeias de valor sustentáveis (madeira-alimento-carbono-biodiversidade-renda).

E qual seria a relação sinergética entre o setor florestal e os sistemas agrossilviculturais? A priori , seria a capacidade dos sistemas agrossilviculturais em recuperar/viabilizar os mercados spots de madeira. E por que isso é importante para o setor? Os próximos parágrafos respondem a esta pergunta.

Há mais de uma década, a produção de madeira não tem acompanhado o crescimento da demanda industrial, criando um contexto de déficit estrutural ou de superávit marginal. "

O principal desafio, de curto e médio prazos, das indústrias de base florestal não está a jusante (mercados-alvo), mas sim a montante (suprimento de madeira). Há mais de uma década, a produção de madeira não tem acompanhado o crescimento da demanda industrial, criando um contexto de déficit estrutural ou de superávit marginal nos principais clusters . Este contexto deve-se a dois fatores: 1) expansão industrial desprovida de base florestal; e 2) produtividade florestal real abaixo da projetada, resultante da expansão da silvicultura para o

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Sistemas agrossilviculturais

oeste, da silvicultura de custo mínimo e dos eventos climáticos adversos, que se intensificaram nos últimos dez anos.

As indústrias de grande porte, principalmente as de celulose, vêm respondendo ao risco de desabastecimento priorizando a estratégia de autossuprimento via compra de ativos florestais, novos plantios e contratos de suprimento de longo prazo.

No caso das indústrias de menor valor agregado, usualmente de pequeno ou médio portes, a estratégia continua a ser a de suprimento via mercado spot em função do limitado poder de fogo para viabilizar a estratégia de autossuprimento.

O desafio referente ao suprimento via mercados spot é que estes vêm encolhendo a taxas exponenciais há muitos anos em todos os principais clusters industriais. Historicamente, este encolhimento resultou de modelos equivocados de negócio, valorização da terra/agricultura e falha na criação de uma mentalidade agrossilvicultural no meio rural.

Mais recentemente, a contração destes mercados deve-se à estratégia de autossuprimento das empresas de grande porte, ou seja, à compra de ativos e aos contratos de suprimento de longo prazo.

A recuperação dos mercados spot seria de interesse de todos os segmentos industriais florestais e agrícolas devido à significativa contribuição econômica, social e ambiental que proporcionam. Se essa recuperação acontecer com a efetiva participação da agrossilvicultura, teríamos os seguintes benefícios adicionais:

• Expansão das cadeias produtivas, possibilitando a diversificação industrial, maior e melhor integração intersetorial e aumento da renda;

• Redução dos riscos de conflitos sociais devido à concentração de terra e à monocultura florestal decorrente da concentração florestal em curso;

• Diversificação industrial nos clusters monopolizados pela celulose (manufaturas de produtos sólidos devolvem 40% da madeira em forma de cavaco);

• Aumento do estoque de carbono classificado como de qualidade, via produtos sólidos com longo-prazo de duração;

• Redução do risco de impactos ambientais decorrentes de eventos climáticos adver -

sos, cada vez mais frequentes, intensos e incertos. O desafio aqui é transmutar incerteza em risco para prevenir os impactos com eficácia;

• Incremento da biodiversidade, principalmente da fauna;

• Uso da terra de acordo com o seu potencial de uso, promovendo a conservação dos solos.

Esclarecidas as vantagens da agrossilvicultura, é importante destacarmos os desafios para inserir os plantios florestais no sistema agropecuário e torná-los parte efetiva dos mercados spot de madeira. Em síntese, os plantios associados à agropecuária irão se viabilizar se:

• Forem manejados com foco na produção anual contínua de multissortimentos de madeira;

• Contarem com assistência técnica especializada e efetiva por parte dos serviços governamentais de extensão rural, o que exigirá significativos investimentos para capacitação e ajuste da cultura organizacional;

• Tiverem acesso a serviços de colheita e transporte adequados aos portes dos plantios e condições das estradas rurais;

• Contarem com mecanismos comerciais adequados como, por exemplo, contratos de suprimento, madeira precificada, linhas de financiamento de longo prazo com juros adequados à atividade;

• Estiverem inseridos em clusters industriais maduros e competitivos (multiclientes e multiprodutos). No caso de clusters oligopolizados, a recuperação do mercado spot e da agrossilvicultura deverá ser acompanhada pela diversificação industrial.

Criar e implementar o modelo de negócio acima é uma tarefa complexa, de alto investimento e que vai demandar uma ou duas décadas para se viabilizar. Parece muito tempo, mas não é.

A silvicultura é naturalmente intensiva em capital e tempo. Mas o momento de começar é agora, porque recuperar os mercados spot de madeira com foco na agrossilvicultura é prioridade para todos.

Para finalizar, uma política florestal efetiva por parte do governo federal, clamada há mais de 30 anos, iria orientar e acelerar seguramente a silvicultura agroflorestal de mercado. n

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A agroindústria florestal

em interface com o iLPF social

A agroindústria florestal desempenha um papel cada vez mais importante em um mundo que volta as atenções para a sustentabilidade dos negócios. É nítido que a consciência e a percepção vêm crescendo na sociedade. Como somos agentes de desenvolvimento, ser protagonista nessa transformação pode ser um trigger para se manter competitivo de forma sustentável, no novo e/ou no velho cenário.

Temos um senso comum, que é a importância de alcançar o equilíbrio no mundo, nas suas diversas dimensões, na sociedade e no meio ambiente. Buscá-lo não é tarefa fácil, mas acredito que, se pensarmos de uma forma comum e com o propósito de construir interações legítimas e duradouras, poderemos colher bons frutos que irão impactar positivamente nesta missão de tornar o nosso mundo melhor, principalmente para as novas gerações.

A agroindústria florestal vem construindo bases para fortalecer a sustentabilidade do meio onde vivemos, através da geração de produtos sustentáveis, da interação com o meio ambiente e/ou nas relações com as regiões e comunidades onde atuamos. Essa melhoria contínua precisa ser parte integrante do ambiente de negócios para que, dessa forma, possamos gerar um impacto positivo no mundo que sonhamos construir.

Investir em manejo florestal, em técnicas de conservação do solo e da água, em novas tecnologias, além de projetos de viés econômico e impacto social abrangendo toda a cadeia produtiva e de valor, é a nossa maneira de impulsionar a sustentabilidade.

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Não podemos nos permitir estar em uma zona de conforto. O nosso anseio é que possamos influenciar novas iniciativas no setor e ver outras regiões em nosso País experimentando e inspirando ainda mais este propósito de fazer diferente. "

Edimar de Melo Cardoso

Diretor de Operação da Aperam Bioenergia

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agrossilviculturais
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31/05/2024, 15:06 Agircultura familiar fotos 16mar23 (11) jpeg

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Esperamos chegar no final do ano com 300 famílias diretamente beneficiadas pelo projeto Raízes do Vale

Opiniões
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Sistemas agrossilviculturais

Não podemos nos permitir estar em uma zona de conforto.

Com esse propósito de estarmos sempre nos reinventando, recentemente, na Aperam BioEnergia, estruturamos um projeto de agricultura familiar chamado “Raízes do Vale”, que objetiva a melhoria de geração de renda para as comunidades da nossa região de atuação, fortalecendo o relacionamento e a proximidade, além de contribuir para uma nova forma de utilização dos recursos. É gratificante poder testemunhar como os benefícios do projeto são sentidos pelos moradores das comunidades, com mais alimentos em sua mesa e com o reforço da renda mensal.

Ao final deste ano, esperamos chegar a 300 famílias diretamente beneficiadas pelo projeto, que já provoca um efeito significativo – e sustentável – na economia local, se refletindo na vida das famílias e no comércio dessas comunidades. Com o Raízes do Vale esperamos contribuir cada vez mais para a prosperidade da região, junto a outros projetos de educação, cultura e meio ambiente que desenvolvemos. Temos espaço para muito mais ainda e, com a certeza de estar no caminho certo, a nossa expectativa é que possamos atingir um número ainda maior de famílias.

O projeto se desenvolve nas entrelinhas dos talhões de eucalipto plantados pela Aperam BioEnergia. Nele são utilizados conceitos do iLPF (integração Lavoura, pecuária e Floresta) para o estabelecimento e a condução das culturas agrícolas implantadas. Temos o plantio de diversas culturas, como feijão, milho, mandioca e outras, que contribuem para a segurança alimentar das comunidades e reforçam a renda mensal das famílias. Nessa interação entre lavoura e floresta, geramos impacto positivo também na diversificação agrícola, fortalecendo e melhorando o uso do solo e dos recursos envolvidos.

O método de iLPF é bastante utilizado por empresas do setor e produtores rurais, porém, podemos dizer que, nesta versão, teremos um iLPF social que irá muito além das fronteiras da empresa– e que potencializará uma interface mais sustentável, tanto na relação com as comunidades como no uso das terras, dos pontos de vista técnico e estrutural.

Relevante destacar que esta parceria não é simplesmente entregar a terra para que os agricultores realizem o plantio.

O programa foi referenciado pela FAO-ONU como uma boa prática de uso sustentável do solo e da água.

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15:05
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Participamos ativamente de todo o processo, com orientação e palestras em relação a saúde e segurança no trabalho, cuidados com o meio ambiente e sobre a comercialização dos produtos. Por meio da Emater e dos técnicos da Aperam, os produtores recebem assistência técnica em manejo, conservação do solo, técnicas de fertilização e controle de plantas daninhas.

Vale reforçar ainda que, no programa de fertilização das áreas, estão sendo disponibilizadas quantidades de biochar produzido pela Aperam BioEnergia. Essa biomassa funciona como condicionador do solo, através da liberação de nutrientes e da melhor conservação da água. E também contribui para a descarbonização do planeta, pois o biochar é um dos produtos renováveis que fixam CO2 no solo por até centenas de anos, o que torna o projeto ainda mais sus -

Esse programa foi referenciado pela FAO, Agência da ONU de Agricultura e Combate à Fome, como uma boa prática de uso sustentável do solo e da água. Foi reconhecido no cenário nacional com a premiação na XIV edição do Prêmio Hugo Werneck e está sendo acompanhado pelo Programa Aliança Ambiental Estratégica, com a contribuição de especialistas da SEMAD e FIEMG. Esses reconhecimentos são motivos de orgulho para toda a empresa e todos os agricultores do projeto, pois assim podemos compartilhar com a sociedade e empresas do setor ações que podem transformar uma região. Sabemos que a técnica de iLPF traz diversos benefícios, e a reflexão vem ao encontro de potencializarmos estes benefícios e incluir a agricultura familiar da região onde atuamos para colaborar ainda mais com o desenvolvimento efetivo. São barreiras que precisamos derrubar, pontes a construir, sempre pensando e convergindo para pros-

Por fim, acreditamos que parcerias como o projeto “Raízes do Vale” trazem benefícios concretos, como destacamos acima, porém, o nosso anseio é que possamos, pelo menos, influenciar novas iniciativas no setor e ver outras regiões em nosso país experimentando e inspirando ainda mais este propósito de fazer diferente, e trazer valor adicional em sistemas e projetos que afetem diretamente a vida das pessoas. n

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Opiniões
O Raízes do Vale foi reconhecido no cenário nacional com a premiação na XIV edição do Prêmio Hugo Werneck.

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O clima e a qualidade da madeira

A influência do clima nas características da madeira

Para entender a influência do clima nas características da madeira, é essencial revisitar sua composição, formação e função dentro da árvore. Aqui, vamos considerar apenas as fibras e os vasos como células componentes da madeira em função da relevância para a árvore e a indústria.

As células da madeira são produzidas por um meristema chamado câmbio. A primeira etapa é a formação da lamela média, uma fina camada que separa e confere suporte às células e é composta essencialmente por polissacarídeos pécticos e lignina. Na sequência, as células são formadas: a parede primária e a secundária são depositadas. Ambas contêm polissacarídeos diversos, proteínas, lignina e microfibrilas de celulose que diferem entre as duas paredes no que concerne ao ângulo de deposição.

Outra variação possível é com relação à composição química da parede celular que lhes confere a especificidade ideal para a execução de suas funções. Após o depósito de todo material necessário à construção das paredes celulares, o citoplasma perde sua função dando lugar a um vazio que chamamos de lúmen. Como a parede em seu entorno foi lignificada, a célula não colapsa e possui um revestimento impermeável viabilizando seu uso, por exemplo, para armazenamento de substâncias químicas genericamente denominadas de extrativos.

Apesar de parecer simples, o processo de formação da madeira é excepcionalmente complexo. Um estudo recente mostrou que mais de 17 modelos de formação da madeira já foram propostos, tamanha sua complexidade. Temos certa segurança sobre o fato de que esse processo é dirigido pela expressão coordenada de numerosos genes estruturais e reguladores, mas muito pouco se sabe sobre os processos que estão subjacentes à formação da madeira. Dada a relevância da madeira para a indústria, é surpreendente ver que nossa compreensão sobre como a madeira se desenvolve e, consequentemente, como pode ser impactada pelo clima está longe de ser completa.

Alguns desafios ainda precisam ser superados, passando primeiramente pelo entendimento da madeira em cenários cotidianos antes mesmo de pensar como seria a reação da árvore face às mudanças climáticas. "

Fernanda Trisltz Perassolo Guedes

Especialista na Qualidade da Madeira e Biotecnologia da Sylvamo

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Inclusive, apenas recentemente conseguimos adaptar tecnologias para análise em larga escala da composição química da madeira, e a determinação da densidade básica da madeira em larga escala ainda é apenas um projeto para a maior parte das empresas do setor. Acrescente-se a isso uma carência de padronização de tais análises dificultando inclusive ações cooperativas como meio para aceleração do conhecimento. Enfim, os desafios para o entendimento do efeito do clima sobre a madeira começam pela dificuldade na aquisição de dados sobre a própria madeira.

Apesar dessa lacuna tecnológica, pesquisadores têm conseguido evidenciar em seus estudos o efeito do clima sobre as características da madeira. Um exemplo é o resultado de um estudo conduzido em um experimento com eucalipto simulando um déficit hídrico extremo, com exclusão induzida de 80% das águas pluviais. Nesse caso, as árvores tiveram seu crescimento drasticamente reduzido, e, quando a madeira dessas árvores foi analisada, identificaram uma redução na densidade da madeira e uma forte alteração na proporção de fibras e vasos, além dos vasos terem sofrido uma redução no diâmetro em relação àqueles produzidos em árvores do tratamento controle. Quando o aporte hídrico natural foi restaurado, as árvores retomaram o crescimento de forma surpreendente: um crescimento três vezes superior ao das árvores que cresciam sem a limitação. Podemos pensar que em algum tempo elas atingiriam o mesmo volume das árvores controle. Mas haveria uma recuperação da qualidade da madeira? Poderíamos deixá-las crescer a ponto de a nova madeira formada diluir o problema, mas ele permaneceria na madeira, como um registro da sua capacidade adaptativa corroborando para o aumento do problema de arrancamento que assombra o setor de papéis de alta qualidade para imprimir. Além disso, o padrão normal de formação da madeira poderia nunca ser retomado.

Essa situação retrata uma condição extrema cujos resultados foram similares a um estudo conduzido com uma conífera de rápido crescimento também utilizada como matéria-prima na indústria de papel na França: árvores que sofreram com eventos climáticos extremos tiveram seu crescimento e sua densidade reduzidos significativamente em relação às árvores que foram afetadas de forma mais branda pelo mesmo evento climático. A quase normalidade foi restabelecida após o evento, em níveis que variaram em função do clone. Experimentos simulando

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déficit hídrico mais brando no Brasil também mostraram um aumento na densidade básica. Se considerarmos que a densidade básica é o somatório de características anatômicas e químicas da madeira, também seria esperado que esses componentes tivessem sido afetados. De fato, estudos mostram que há um aumento no teor de lignina em locais mais secos. Essa alteração parece coerente já que a lignina também é responsável por viabilizar o transporte de água ao tornar as paredes celulares impermeáveis, rígidas e flexíveis na proporção exata para que a célula resista à pressão da coluna d’água sem colapsar. A lignina também possui propriedades isolantes que protegem as células de flutuações extremas de temperatura, normalmente associadas a condições de déficit hídrico.

Considerando que em condições de clima desfavorável o teor de lignina aumenta, verifica-se uma redução na representatividade dos demais componentes, como os polissacarídeos. Entretanto, a redução desses polissacarídeos pode ocorrer em decorrência de um outro fator que ainda é pouco compreendido: o turnover de polissacarídeos parietais das células da madeira. Esse processo foi observado em plantas de linho que, sob estresse, teriam utilizado polissacarídeos parietais para sobrevivência. Esse turnover de polissacarídeos e de proteínas é comum no metabolismo das plantas, mas normalmente não envolvem os componentes estruturais de células de tecidos funcionais, como a madeira.

Por fim, apesar de não ser um componente estrutural e possuir composição química variável, os extrativos também têm seu teor aumentado diante de condições climáticas desfavoráveis. Esse aumento tem por objetivo proteger a madeira e a árvore. Mas tem consequências negativas para a fabricação de polpa celulósica e de papel, prejudicando a qualidade ou gerando uma demanda de aumento de consumo de insumos químicos em uma tentativa de mitigação de risco.

Mitigar riscos pensando no efeito do clima sobre a qualidade da principal matéria-prima do setor de papel e celulose é crucial, não há dúvidas. Alguns desafios ainda precisam ser superados, passando primeiramente pelo entendimento da madeira em cenários cotidianos antes mesmo de pensar como seria a reação da árvore face às mudanças climáticas, e, para isso, precisamos construir pontes sólidas para superar as barreiras tecnológicas e assim alcançar o resultado esperado na velocidade necessária.n

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Como ficam as certificações florestais O futuro das certificações florestais

O setor de árvores plantadas para fins in dustriais foi pioneiro na adoção de certificações voluntárias no começo dos anos 1990, quando a demanda por garantias de sustentabilidade na cadeia de madeira deu seus primeiros pas sos sob a batuta do FSC ( Council – Conselho de Manejo Florestal, em português) e do PEFC ( sement for Forest Certification Schemes português, Programa para o Reconhecimen to da Certificação Florestal, o maior sistema mundial de certificação florestal).

Esse setor possui mais de 9 milhões de hectares de áreas certificadas (produtivas e de conservação), sendo que 3,8 milhões de hectares carregam a dupla chancela do FSC e PEFC, 4,4 milhões de hectares são certificados apenas pelo FSC e 0,9 milhões de hectares são certificados exclusivamente pelo PEFC. Pode-se dizer que tais áreas abastecem 60% da deman da europeia por celulose ( em vista que a certificação é um requisito bá sico para a maioria do mercado europeu. Por muitos anos, essas certificações foram o farol da sustentabilidade no setor florestal e apoiaram boa parte da melhoria contínua em diversos aspectos ambientais e sociais. Essa posição privilegiada, no entanto, se viu na berlinda com a publicação da Regulamen tação Anti-Desmatamento da União Europeia

contornos burocráticos e tem mostrado, dia após dia, seu potencial de causar disrupções no comércio

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O futuro das certificações florestais Opiniões

A Ibá (Indústria Brasileira de Árvores) realizou uma missão à Europa com o intuito de dialogar e fazer valer os diferenciais sustentáveis do País e do setor no processo de implementação das novas regras. A missão destacou as inconsistências da norma, os riscos atrelados à divulgação de dados concorrencialmente sensíveis, a falta de instruções práticas e de condições habilitantes para implementação – elementos que, às vésperas da entrada em vigor da regra em 31 Dez 2024, ainda estão na mesa de trabalho da Comissão Europeia.

No que diz respeito à tratativa da EUDR para as certificações, o texto é bastante claro ao definir que empresas certificadas não estão isentas de demonstrar conformidade com as novas regras. Isso porque, apesar de tanto o FSC quanto o PEFC possuírem linhas de corte para o desmatamento mais ambiciosas do que a EUDR, algumas especificidades de suas regras não estão plenamente alinhadas à ambição de desmatamento zero da Regulamentação.

Ainda assim, as empresas poderão oferecer a sua certificação como uma medida para mitigação de risco aos clientes europeus, especialmente devido ao fato de as certificações serem baseadas em verificações de campo independentes.

Mesmo com protagonismo limitado na EUDR, o FSC e o PEFC montaram planos de ação com cronogramas ambiciosos para se alinharem e oferecerem às empresas certificadas soluções para facilitar sua demonstração de conformidade.

Ambos os esquemas elaboraram regras voluntárias, como anexos que complementam seus requisitos com as exigências da EUDR e poderão apoiar as empresas que desejarem usar a certificação como ponto de partida para sua demonstração de conformidade. Ou seja, são soluções de adesão voluntária que não impactam as empresas certificadas que não possuem mercados na Europa.

No que diz respeito aos sistemas tecnológicos, o FSC optou por desenvolver uma ferramenta baseada em blockchain que permite que as informações de origem do produto fluam da floresta até o consumidor europeu. O PEFC, por outro lado, tomou a decisão de não investir em um sistema de informação próprio, mas sim fazer parceria com consultorias que oferecem tais soluções, negociando licenças mais baratas para os detentores de certificado, o que pode beneficiar sobretudo pequenos produtores.

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No âmbito das regras para Manejo Florestal, o cenário é outro, e algumas mudanças compulsórias, portanto, aplicáveis a todos os detentores de certificado, entram em cena no FSC e no PEFC. Em ambos os esquemas, a ambição com essa mudança, que pode ser significativa para muitas empresas, é oferecer ao mercado produtos totalmente livres de desmatamento e evitar regras diferentes dependendo do destino do produto, potencialmente afetando a integridade das marcas.

A mudança mandatória nas regras de conversão, no entanto, expõe os esquemas de certificação ao risco de perda de mercado, especialmente por parte daqueles que não exportam para a União Europeia e não seriam, até então, afetados pelas altas ambições do velho continente.

No FSC, há ainda mais um fator complicador: o fato de as regras de conversão terem sido completamente revisadas há um ano, por meio de um processo que durou mais de 10 anos para ser concluído. A resolução desta celeuma acerca dos requisitos de manejo ainda está em aberto no FSC e no PEFC, cabendo aos respectivos Board of Directors a dura decisão final.

Considerando que os esquemas de certificação estão buscando o alinhamento, muitos podem se perguntar se a União Europeia poderia futuramente considerar o reconhecimento desses padrões, mas a resposta, por hora, é não.

A Diretoria Geral Ambiental da Comissão Europeia, responsável pela operacionalização da norma, foi muito categórica ao afirmar que não tem a expectativa de reconhecer certificações voluntárias nem mesmo iniciativas governamentais.

A EUDR pode até estar desafiando a relevância do FSC e PEFC, mas o valor da certificação não se resume apenas a isso. Há que se reconhecer que os requisitos do FSC e do PEFC vão muito além.

O FSC, por exemplo, possui mais de 215 indicadores que promovem um ambiente de trabalho justo e seguro, o desenvolvimento de comunidades vizinhas, respeito aos povos tradicionais, uma régua alta para gestão da biodiversidade e de habitats naturais, dentre outros. Essas garantias não vão deixar de ter seu espaço no mercado mundial. Portanto, não é razoável assumir que a EUDR vai diminuir a relevância das certificações, e sim adicionar a tão temida camada extra de exigências e rastreabilidade. n

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Somos a primeira prestadora de serviços florestais a fazer o plantio mecanizado de eucalipto.

Velocidade: até 500 mudas por hora

Adaptabilidade: plantio em terrenos planos e inclinados

Eficiência: prepara a bacia, planta, aduba e irriga de uma só vez

A importância das interfaces

Transformações significativas

A interface do planejamento florestal e do planejamento industrial: A indústria de celulose está passando por transformações significativas, impulsionadas por megatendências globais, mitigação das mudanças climáticas e adoção de princípios da economia circular. Alguns pontos relevantes:

1. Economia Circular e Transformação Industrial:

• A economia circular está levando os principais players da indústria florestal a abandonarem modelos de negócios tradicionais e a adotarem novas tecnologias e estratégias.

• Espera-se que os mercados de produtos de base biológica dobrem de valor nos próximos 15 a 20 anos.

• A capacidade global de celulose cresceu significativamente na última década.

2. Diversificação de Produtos:

• Além da celulose convencional, a indústria está diversificando seu portfólio com produtos como combustíveis renováveis, produtos químicos de base biológica e materiais à base de lignina.

• Novas fibras têxteis à base de madeira e a linha de combustíveis e produtos químicos à base de hidrogênio verde também estão surgindo.

3. Produção de Celulose Neutra para o Clima:

• As fábricas de celulose podem desempenhar um papel fundamental no combate às mudanças climáticas.

• Duas formas principais de produção de celulose neutra para o clima são melhorar a eficiência energética nas fábricas e interromper o uso de combustíveis fósseis.

• Reduzir a geração de resíduos e usar subprodutos para substituir materiais virgens também é essencial.

Ao harmonizar a conservação dos ecossistemas florestais com a eficiência econômica e operacional das indústrias, é possível promover um desenvolvimento verdadeiramente sustentável. "

4. Tecnologias Emergentes:

• A floresta e a indústria 4.0 estão modernizando o setor, permitindo monitoramento e aprimoramento em todas as etapas da produção florestal, desde o plantio até a gestão industrial.

• A modelagem analítica ajuda a escolher o melhor tipo de eucalipto, técnicas de plantio e manejo do solo.

A importância da interface do planejamento florestal e do planejamento industrial: A integração entre o planejamento florestal e industrial é fundamental para alcançar um desenvolvimento sustentável. Essa interface é crucial, especialmente em setores que dependem das florestas plantadas, como a indústria de celulose e papel. O planejamento integrado abrange a gestão de recursos para garantir a sustentabilidade e a eficiência econômica e operacional das atividades. Harmonizar esses dois tipos de planejamento é essencial para proteger os recursos e garantir a viabilidade a longo prazo das indústrias.

Interface entre planejamento florestal e planejamento industrial 1. Sinergia na Sustentabilidade: A integração do planejamento florestal e industrial pode criar sinergias que promovam a sustentabilidade. Por exemplo, a gestão responsável das florestas pode fornecer uma fonte contínua e

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sustentável de matéria-prima para a indústria, enquanto práticas industriais sustentáveis podem reduzir a pressão sobre os ecossistemas florestais.

2. Gestão Integrada de Recursos: A interface entre os dois planejamentos permite uma gestão integrada dos recursos naturais. Isso significa que as decisões sobre o uso da terra, a conservação da biodiversidade e a alocação de recursos são feitas de forma coordenada, considerando tanto os objetivos florestais quanto os industriais.

3. Inovação Tecnológica e Processos Eficientes: A colaboração entre o planejamento florestal e industrial pode incentivar a inovação tecnológica, resultando em processos mais eficientes e sustentáveis. Por exemplo, o desenvolvimento de novas técnicas de manejo florestal pode ser combinado com avanços em tecnologias de processamento industrial para reduzir desperdícios e emissões.

4.Torres de Controle Integradas: Na nova fábrica da Suzano em Ribas do Rio Pardo, as áreas de planejamento e controle industriais e florestais foram pensadas de forma integrada.

A Torre de Controle Florestal fica junto com a Room Control Industrial otimizando a tomada de decisão, desde o plantio até a logística da Celulose.

5. Engajamento das Partes Interessadas: A interface eficaz entre os planejamentos envolve o engajamento de todas as partes interessadas, incluindo comunidades locais, governos, ONGs e o setor privado. Esse engajamento é crucial para garantir que as necessidades e preocupações de todos os envolvidos sejam consideradas e abordadas.

6. Segurança e Saúde Ocupacional: Um planejamento integrado bem estruturado considera a segurança e a saúde dos trabalhadores. Isso envolve a implementação de medidas de segurança e treinamentos e a criação de um ambiente de trabalho seguro e saudável.

7. Responsabilidade Social e Ambiental: As empresas têm uma responsabilidade social e ambiental. O planejamento industrial deve incluir práticas de responsabilidade corporativa, engajamento com as comunidades locais e investimento em projetos de desenvolvimento sustentável.

Exemplos de boas práticas

• Certificação Florestal e Cadeias de Custódia: A certificação FSC e outras iniciativas de certificação florestal promovem práticas de manejo sustentável que são integradas ao planejamento industrial. Isso garante que a matéria-

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-prima utilizada pelas indústrias venha de fontes responsáveis e sustentáveis.

• Planos de Manejo Integrado: A Suzano adota planos de manejo integrado que alinham o planejamento florestal com as operações industriais. Isso inclui a preservação de áreas nativas, a restauração de ecossistemas degradados e o uso eficiente de recursos.

• Parcerias Público-Privadas: Parcerias entre governos, empresas e ONGs visam a implementação de práticas sustentáveis na interface floresta-indústria. Essas parcerias buscam equilibrar os objetivos econômicos com a conservação ambiental.

Conclusão

A importância da interface entre o planejamento florestal e o planejamento industrial não pode ser subestimada. Essa integração é essencial para garantir que as atividades industriais que dependem dos recursos florestais sejam sustentáveis a longo prazo.

Ao harmonizar a conservação dos ecossistemas florestais com a eficiência econômica e operacional das indústrias, é possível promover um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

A colaboração entre governos, setor privado e sociedade civil é crucial para alcançar esse equilíbrio e assegurar que tanto as florestas quanto as indústrias possam prosperar de maneira harmoniosa e responsável.n

Opiniões

A busca por um A produtividade, a qualidade e o custo da madeira

equilíbrio dinâmico

A qualidade da matéria-prima fornecida para atender aos padrões industriais, assim como a perfeita sincronização entre a produção florestal e as necessidades industriais, garantindo um fluxo contínuo e adequado da mesma, é, no meu ponto de vista, o que mais representa a verdadeira integração da floresta com a indústria.

Com certeza, a eficiência no transporte da matéria-prima, minimizando custos e impactos ambientais, e a utilização de tecnologias avançadas para otimizar o processamento da madeira, aumentando a produtividade e a qualidade dos produtos, e, por fim, porém não menos importante, a implementação de práticas sustentáveis, o uso de energias renováveis e a consequente redução dos gases de feito estufa fecham o sucesso da integração.

O trinômio produtividade, qualidade e custo é indissolúvel e faz parte do sucesso desta busca pela perfeita integração entre a floresta e a indústria.

O desafio da produtividade não está focado apenas no setor florestal, mas em todos os setores da economia mundial, e isto necessariamente inclui: operar com excelência, adaptando a cultura e as práticas de gestão para direcionar os recursos para as iniciativas de maior valor; otimizar a alavancagem de capital, equilibrando os custos, ativos físicos e tecnologia para multiplicar o impacto da produção na linha da frente; e acelerar o crescimento, aumentando as receitas, melhorando as vantagens das ofertas atuais e proporcionando experiências novas e inovadoras aos clientes. Uma fala de um empresário resume de forma prática o desafio da produtividade: “Produtividade nunca é um acidente, é sempre o resultado de comprometimento com a excelência, planejamento inteligente e esforço focado”.

Nosso “operar com excelência” é promover a adequada proteção, preparo de solo, fertilização e plantio do material genético apto para que haja alta sobrevivência, rápido crescimento inicial com uniformidade para garantir elevada produtividade final dos nossos cultivos florestais.

Floresta e Indústria precisam ter sincronia, e a inovação tem de ser o elemento aglutinador desse movimento. Nesse contexto, a Transformação Digital não pode estar de fora. "

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Em específico no nosso setor, são muitos os fatores e interações que permeiam e influenciam a produtividade florestal, e em muitos dos quais não temos como interferir. Portanto, cabe ao silvicultor, independentemente do seu tamanho, atuar nos fatores em que tem possibilidade – esses fatores são os que chamamos de redutores da produtividade, por exemplo: plantas daninhas, fogo, pragas e doenças.

Hoje temos ferramentas tecnológicas trazidas pela inovação que, aliadas à existência de um banco de dados, podem nos auxiliar com segurança no planejamento competente e na tomada de decisões que impactarão diretamente na produtividade e, consequentemente, nos custos. O trabalho de alocação clonal, baseado no Big Data e na Inteligência Artificial, que analisa grandes volumes de dados para extrair informações valiosas e tomar decisões informadas que algumas empresas já vêm desenvolvendo, representa bem o que estou falando. No momento do planejamento, apenas combinar o material genético com o tipo de textura do solo e o risco de déficit hídrico pode assegurar um aumento em até 20% de produtividade.

Neste desafio chamado alcance e, principalmente, manutenção da produtividade, temos a qualidade como a principal metodologia para seu sucesso. Apesar dos avanços silviculturais realizados nos últimos tempos, ainda é possível aumentar a produtividade por meio do monitoramento, detecção e correção precoce de desvios na qualidade silvicultural.

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E quanto aos custos, de forma geral, podemos afirmar que mais de 80% dos custos operacionais da reforma florestal estão restritos a quatro operações: controle de matocompetição, preparo de solo, plantio e adubação. Portanto, precisamos investir na verificação da qualidade de execução das operações florestais de forma a se tomar as medidas corretivas imediatas e, assim, aumentar a probabilidade do alcance da produtividade florestal prevista.

Em 2023, o Professor Júlio Cesar Neves, do Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa, fez uma pesquisa com empresas, profissionais do setor e consultores para identificar quais eram os principais gargalos da produção florestal. Em segundo lugar, com 77%, ficou a qualidade e o “timing” das operações florestais, portanto, imaginem quanto espaço temos para melhorar?

A qualidade é uma metodologia de gestão operacional que visa a garantia da produtividade dos cultivos florestais, através do aperfeiçoamento das práticas silviculturais, da avaliação do cumprimento das normas técnicas recomendadas para as operações silviculturais, da prevenção de erros e distorções, da geração de informações que subsidiem a tomada de decisão, da transparência na apresentação dos resultados, da redução de custo e do processo de melhoria contínua.

Os ganhos do controle de qualidade das operações florestais contemplam ganhos financeiros e não financeiros, tais como a redução do desperdício de produtos (insumos em geral), a diminuição de perdas em ;

As quatro operações mais dispendiosas da reforma florestal e que têm impacto na produtividade e sugestão de indicadores de monitoramento

• Coleta afogado

• Coletoafogado

• Muda danificada

• Mudadanificada

• Muda inclinada

• Mudainclinada

• Mudanãofirme

• Muda não firme

• Profundidade do preparo

• Profundidade do adubo

• Profundidadedopreparo

• Profundidadedoadubo

• Estrondamento

• Estrondamento

• Dosagem

• Época

• Dosagem

• Época

• Forma(distância,profundidade,exposição)

• Forma (distância, profundidade, exposição)

• Dosagem

Preparo do solo

Preparo de solo Cont.

• Vazão

• Dosagem

• Vazão

• Vol.decalda

• Volume de calda

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Plantio Adubação matocompetição Plantio Adubação Controle da matocompetição

até 25% (New York Times e The Wall Street Journal) e o Controle Estatístico de Processo (CEP), quando se age no momento de detecção desvios. Porém, o que de certa forma observamos hoje, de maneira geral, é a impossibilidade de se verificar a qualidade de execução das operações florestais de forma a se tomar as medidas corretivas imediatas e, assim, aumentar a probabilidade do alcance da produtividade florestal prevista, ou pela pressão pelo plantio de extensas áreas em curto espaço de tempo, ou pela falta de metodologia competente e acompanhamento ou até mesmo pela falta de mão de obra destinada para tal.

A integração eficaz de produtividade, qualidade e custos faz parte da busca da perfeita interface entre a floresta e a indústria, sendo essencial para a competitividade e sustentabilidade a longo prazo das empresas florestais e um desafio estratégico que exige uma abordagem holística e coordenada.

Floresta e Indústria precisam ter sincronia, e a inovação tem de ser o elemento aglutinador desse movimento. Nesse contexto, a Transformação Digital não pode estar de fora, até porque é um processo abrangente e que deve estar presente em todas as etapas da produção.

Isso envolve o mapeamento das operações, soluções de comunicação, processamento e análise automatizada dos dados, finalizando com ganhos reais na rentabilidade através da gestão, da implantação da melhoria contínua e redução de custos nos processos das empresas. Ao compreender e gerir as inter-relações entre produtividade, qualidade e custos, as empresas podem não só melhorar sua eficiência operacional, mas também garantir a satisfação do cliente e a viabilidade econômica. A busca por um equilíbrio dinâmico entre esses três elementos requer uma abordagem estratégica e contínua, na qual investimentos em tecnologia, inovação e formação são essenciais.

A perfeita interface entre a floresta e a indústria requer uma abordagem integrada que combina tecnologia, práticas de melhoria contínua, foco na qualidade, gestão eficaz de custos, capacitação dos funcionários e monitoramento contínuo. Ao adotar essas estratégias, as empresas podem criar uma sinergia positiva entre esses elementos críticos, resultando em operações mais eficientes, produtos de alta qualidade e uma posição financeira robusta. A chave para o sucesso está na implementação coordenada dessas práticas e na adaptação contínua às mudanças do mercado e às novas tecnologias.n

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A produtividade, a qualidade e o custo da madeira

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A inteligência artificial

nos processos florestais

Alguns processos da produção florestal têm passado, nos últimos anos, por transformações, impulsionadas, em sua maioria, por soluções digitais que trazem consigo tecnologias inovadoras e disruptivas.

Desde o mapeamento de atributos de solo e planta, passando pela eletrônica embarcada em máquinas precisas, até o uso crescente das tecnologias da informação, as ferramentas de Silvicultura Digital estão cada vez mais presentes nas diversas etapas do ciclo de produção florestal.

Em um contexto de especificidade de soluções (assumido, inclusive, como a chave para o sucesso da Silvicultura Digital), outras ferramentas podem ser consideradas como alternativas para a tecnificação do setor. Em última análise, a quase totalidade destas alternativas perpassam por algum modelo de Inteligência Artificial (IA), cujo objetivo é ampliar a capacidade de coleta e processamento de dados, mas, principalmente, a de automação de processos e, consequentemente, redução da subjetividade das decisões.

A IA pode contribuir com os sistemas de produção, mas, no médio prazo, não eliminará a necessidade de ajustes finos aplicados via modelos convencionais em etapas que ainda soam como gargalos à produção florestal. "

Samuel de Assis Silva Professor de Mecanização Agrícola da Universidade Federal do Espírito Santo

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Apesar de recente nas Ciências Agrárias e de ser considerada, juntamente com a internet das coisas (IoT) e o Big Data, uma das tecnologias revolucionárias do século XXI, a IA não é, em sua essência, nova. Sua origem remonta aos primeiros anos da década de 1940 e coincide, não por acaso, com o surgimento das primeiras máquinas capazes de fazer cálculos matemáticos complexos.

Caminhando pari-passu com a evolução dos processadores eletrônicos e tendo como marco evolutivo a popularização dos computadores, ela se expandiu como ferramenta que simula o raciocínio humano, ultrapassando-o, atualmente, nas tarefas de aprendizado massivo de padrões e fenômenos complexos, regidos por um número incontável de variáveis.

Na silvicultura, a IA está inserida, em maior escala, nos sistemas autônomos de máquinas precisas, no monitoramento florestal, no processamento de imagens digitais e na modelagem preditiva. Sensores remotos e imagens capturadas a partir de plataformas aéreas e/ou orbitais são utilizados em associação com algoritmos de aprendizado de máquina ( machine learning ), visando o monitoramento do uso e cober-

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tura do solo, sinalizando, com elevada precisão, mudanças na cobertura vegetal de distintas áreas. Esses mesmos sistemas têm sido utilizados para a identificação de áreas com variação no vigor vegetativo das plantas e, em alguns cenários, a classificação de plantas sob infestação de pragas e doenças.

Por outro lado, sistemas autônomos baseados em IA e equipados com algoritmos de controle inteligentes auxiliam nas operações de colheita, plantio e manutenção florestal. Em termos de modelagem preditiva, utilizando dados históricos, associados ou não com informações coletadas em tempo real, os modelos de IA permitem a descrição (e previsão) do crescimento das árvores, da dinâmica da vegetação e até do risco de emergência com problemas fitossanitários. Não obstante ao supramencionado, a IA está presente também nas plataformas digitais que propõem a saída de um modelo puramente descritivo, em que as decisões são apoiadas por fases puramente analíticas e com grande intervenção humana, para modelos prescritivos que buscam, por um lado, apoiar as decisões em dados e informações e, por outro, propor a automação total destas, avançando diretamente para a intervenção–ação. ;

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Opiniões

Em todas as aplicações, o papel da IA é expandir a compreensão sobre diferentes fenômenos inerentes aos processos florestais. Essa ampliação se dá a partir de modelos de aprendizagem de máquina, seja ela simples e/ou profunda, com algoritmos que tanto podem prever padrões quanto classificar fenômenos em um ambiente ora discreto, ora contínuo.

Independentemente do modelo, a teoria por detrás da Inteligência Artificial está alicerçada sobre quatro pilares principais:

a) raciocínio: aplicar regras lógicas sobre conjunto de dados disponíveis e chegar à conclusão;

b) aprendizagem: usar os erros e acertos das decisões para alimentar novas avaliações;

c) reconhecimento de padrões: analisar, sensorial e comportamentalmente, um determinado fenômeno, visando reconhecê-lo em outros universos amostrais; e

d) inferência: aplicar o mesmo raciocínio em situações semelhantes.

Na implementação de modelos baseados em IA, a construção dos padrões é uma das etapas mais importantes, não apenas por ser a inicial.

A importância advém do fato de que todas as demais e, consequentemente, o sucesso do sistema dependem da qualidade dos dados utilizados para treinar os algoritmos. Uma vez coletados e preparados os dados, passa-se à etapa de treinamento do algoritmo, a qual deverá ser robusta a ponto de assegurar a mínima imprecisão nos resultados. Nesta etapa do aprendizado, o cientista de dados deve estar atento e propor hiperparâmetros que contribuam para tornar o modelo mais preparado para resolver um determinado problema da vida real.

É comum (e justificável) uma preocupação exclusiva com a escolha do modelo e com os dados de entrada e de saída, entretanto, a escolha dos hiperparâmetros são tão importantes como o próprio algoritmo selecionado, uma vez que a sua utilização permite ao modelo generalizar as previsões,

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evitando que o aprendizado se restrinja aos dados mostrados ( overfitting e underfitting ).

Em trabalho recente, desenvolvemos um sistema que processa uma quantidade massiva de dados climáticos multifonte para a predição, utilizando IA, da incidência de lagarta desfolhadora ( Thyrinteina arnobia) na cultura do eucalipto e o seu consequente zoneamento de risco.

Nessa pesquisa, a associação entre os dados multifonte, a resposta espectral das plantas e os modelos de IA permitiu delinear áreas e períodos de maior risco de ocorrência da praga em diferentes condições de aptidão da cultura do eucalipto, apontando também os locais com maior potencial de recuperação do vigor vegetativo após os danos das lagartas. Essas informações são cruciais para a tomada de decisões informadas sobre o manejo florestal, como o planejamento de intervenções preventivas ou a alocação eficiente de recursos. Nesse sentido, é essencial que a compreensão do todo do sistema de produção conduza as decisões de uso das tecnologias, mas não impeça que esta contemple a especificidade e não o generalismo.

A IA na silvicultura é uma realidade consolidada, entretanto, a sua efetividade será tanto maior quanto menores forem os problemas básicos e ordinários da produção florestal. A tecnologia pode contribuir com os sistemas de produção, mas, no médio prazo, não eliminará a necessidade de ajustes finos aplicados via modelos convencionais em etapas que ainda soam como gargalos à produção florestal.

Se a atuação dos profissionais envolvidos na produção florestal sempre foi importante para o sucesso dos empreendimentos, agora espera-se ainda mais proatividade e atualização tecnológica. As tecnologias já disponíveis e aquelas em desenvolvimento compreendem complexidades de uso e interpretação que vão além dos conhecimentos básicos adquiridos em formações acadêmicas e/ou na prática ordinária da profissão.n

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Opiniões
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Um caminho

sustentável

O Brasil é um grande produtor de florestas para diversas finalidades, destacando-se na produção de papel e celulose, florestas energéticas e captura de carbono. Independentemente de sua utilização principal, as florestas plantadas e naturais desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio ambiental e na oferta de serviços ecossistêmicos essenciais para a sociedade, como a regulação de fluxos hídricos.

Integrar as florestas aos processos para os quais fornecem matéria-prima é um desafio que envolve diversos aspectos, desde a prospecção de terras até o monitoramento dos estoques de carbono produzidos nesses projetos. Nesse sentido, a inteligência artificial aplicada à análise de dados espacialmente referenciados (IA/SIG) pode aumentar significativamente a eficiência operacional e a governança ambiental, social e corporativa.

Já na prospecção de terras, a análise integrada de fatores como solo, clima, recursos hídricos, aspectos legais, proximidade dos mercados consumidores e análises de viabilidade econômica torna-se muito mais

Soluções de IA/SIG também contribuem para suprir a crescente escassez de profissionais dispostos a trabalhar no campo sob condições adversas de clima, segurança e esforço físico. "

precisa quando apoiada por IA/SIG. O atual poder de processamento de computadores de uso pessoal permite a análise de inúmeras simulações e de diversos cenários. Assim, geramos visões detalhadas de regiões, estados ou até mesmo nacionais. A base de dados do CAR/SIGEF, por exemplo, disponibiliza informações ao nível de imóvel rural, permitindo aos empreendedores fazerem escolhas mais assertivas sobre quais imóveis atendem melhor aos seus critérios técnicos segundo a oferta de terras disponível no mercado.

Definidas as áreas de atuação, o acesso a veículos aéreos não tripulados, como drones de baixo custo, tem facilitado o atendimento das normativas ambientais e garantido a precisa delimitação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL). Em substituição aos antigos e caros mapas cartográficos em papel, hoje é cada vez mais comum a adoção conjunta de imagens di -

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gitais ortorretificadas e de nuvens de pontos LiDAR (Light Detection and Ranging) para produzir modelos digitais de terreno (MDT) e da cobertura florestal em 3D das áreas de interesse. Assim, a um custo bem menor, os gestores florestais podem delimitar com maior precisão as áreas de produção e infraestrutura (pátios, vias de escoamento, terraços de plantio, curvas de nível e aceiros corta-fogo), enquanto preservam com acuidade os recursos naturais dos imóveis, otimizando receitas e custos enquanto minimizam os impactos das suas atividades ao longo de todo o ciclo florestal. Complementarmente, as imagens de baixo custo com alta resolução espacial (10m e 20m), como as coletadas por sensores orbitais do tipo Sentinel 2, têm tido a resolução aumentada por algoritmos de IA (Generative Deep Learning) para a criação de imagens sintéticas com espantosa resolução espacial e espectral, permitindo assim identificar alvos com altíssima precisão e melhorar a qualidade de métodos de prospecção de terras, de monitoramento da conservação, cobertura vegetal e dinâmica de áreas plantadas.

Os recursos de IA/SIG são essenciais para o monitoramento do crescimento, do estado nutricional e do impacto de elementos bióticos (animais, insetos e micro-organismos vetores de doenças) e abióticos (clima, solo, luz, água, topografia e poluição) sobre os plantios florestais para fins industriais e sobre as florestas nativas. Trazem uma evolução, que nos permite sair do empirismo, da subjetividade, do viés e da inconsistência de medições realizadas por avaliadores humanos para procedimentos mais padronizados, consistentes, reproduzíveis e auditáveis de medições realizadas por sensores que geram dados processados por eficientes técnicas de IA/SIG.

Principalmente, nos casos em que as medições precisam ser regulares e frequentes, ou quando são necessárias avaliações qualitativas logo após intervenções de plantio ou de restauração da vegetação, visando obter indicadores de qualidade para identificar falhas operacionais e adoção de medidas corretivas ou preventivas, o uso de IA/SIG possibilita a formulação de eficientes indicadores multitemporais de qualidade.

A adoção da IA/SIG não apenas reduz custos e aumenta eficiência. A sua adoção também agrega eficácia, pois melhora o processo de tomada de decisões e permite uma atuação mais pontual e mais detalhada e, consequentemente, traz ganhos de produção. Soluções de IA/SIG também contribuem para suprir a crescente escassez de profissionais dispostos a trabalhar no campo sob condições adversas de clima, segurança e esforço físico. Pela forma como reduzem a necessidade de medições diretas, árvore por árvore, tornam-se abordagens com grande potencial para reduzir o risco de acidentes e aumentar a segurança das equipes de campo.

Garantida a existência de florestas mais bem formadas desde a sua implantação e mais bem monitoradas durante o seu crescimento, a adoção de técnicas de IA/SIG permite a precisa geração de estimativas de estoque em pé, seja na forma de metros cúbicos de madeira, seja em toneladas de carbono.

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Escolha de fazendas a partir de análise espacial de dados Imagens: a) Sentinel 2, 10m resolução espacial, b) Mosaico mensal Planet 4,7m resolução espacial, c) CBERS 4ª, 2m resolução espacial, d) Sentinel 2 Super Resolução 1m.
Opiniões

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Essas melhores estimativas são resultado dos avanços observados na miniaturização e na consequente redução do custo de sensores ativos como o LiDAR. A sua utilização é cada vez mais comum nas empresas, trazendo benefícios que extrapolam a sua aplicação no monitoramento dos ativos florestais, para atender também a outros objetivos como a otimização de percursos e da malha de acesso às áreas de produção, retalhonamento, terraceamento e combate a incêndios, com forte redução dos impactos da erosão e melhoria na conservação de solos.

A adoção de IA/SIG e LiDAR nos apresenta novos paradigmas. O exponencial aumento na quantidade de informação incomoda e nos inquieta e nos força a buscar novas alternativas para melhor utilização de dados como as nuvens de pontos LiDAR. A área de inventário florestal é um bom exemplo dessa inquietação, uma área que está sendo profundamente afetada pelas novas abordagens IA/SIG. Melhores estimativas volumétricas, de estoque de carbono e de outros procedimentos, como

a cubagem não destrutiva de árvores para uma melhor calibração de modelos, têm afetado as rotinas de muitas equipes e de técnicos que se confrontam hoje com a necessidade de sair de uma inércia estabelecida por décadas de tarefas repetitivas que não eram questionadas até agora.

Precisamos “sair da caixinha”. LiDAR e IA/SIG nos forçam a sair do planejamento 2D para uma gestão 3D dos nossos ativos florestais. Temos agora em mãos ferramentas que capturam a heterogeneidade das nossas florestas e que geram estimativas mais precisas a partir do perfilhamento aéreo total do plantio. Assim, é possível mudar a forma de amostragem dos povoamentos florestais, pela reconstrução 3D de parcelas e/ou transectos e adoção de métodos de amostragem em múltiplos estágios. Ou seja, com as amostras LiDAR de alta densidade nas parcelas e transectos, calibramos nuvens LiDAR de baixa densidade obtidas para a área total, gerando assim estimativas de alta precisão para qualquer que seja o levantamento realizado.n

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Opiniões
Q Índice Inteligência artificial
a) Escaneamento aéreo LiDAR de uma região, b) Escaneamento LiDAR Terrestre, restituindo os troncos individuais, c) Escaneamento aéreo LiDAR de alta densidade restituindo tronco individuais.

PLANT A DEIRA FL ORE ST A L

PlantMax X3

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Alta Produtividade : Até 2. 800 mudas plantadas/hora em condições ideais.

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Ro bus te z: Planta em diferentes condições de terreno: Plano, dobrado, com pedras, áreas novas e de replantio.

F l e x i bilidade : Plantio de pinus, eucalipto e outras espécies.

Multi t ar e f as: Planta, aplica pré-emergente, subsola e aduba de forma contínua ou intermitente.

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A interface entre as

indústria de celulose florestas plantadas e a

Produtos renováveis são a tendência dos próximos anos. Conhecida como economia verde, esses produtos são originados no setor de florestas plantadas e estão ganhando espaço na indústria e no dia a dia das pessoas. A madeira do eucalipto, por exemplo, é matéria-prima para produção de celulose, sendo usada na produção de diversos produtos como papéis, embalagens e outras infinidades de aplicações tais como indústria têxtil (viscose), alimentícia, farmacêutica e cosméticos.

Na Bracell, usamos o valor “olhar de dono” nas nossas decisões, em que assumimos a visão do negócio e, por vezes, saímos da discussão apenas do que é melhor para uma área ou outra. "

André Luis Scarin do Amaral Gerente de Logística Florestal da Bracell-SP

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Recebimento e beneficiamento da madeira
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De acordo com dados do Relatório Anual 2023 da Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), em 2022, o setor de florestas plantadas no Brasil beneficiou cerca de 25 mil pessoas direta e indiretamente. Com constantes investimentos em inovação, ciência e tecnologia, a indústria de base florestal segue desenvolvendo diversas soluções sustentáveis.

Mas para fazer isto tudo acontecer, não teria como deixar de lado a palavra “integrada”. Afinal, um dos grandes desafios deste setor é operar de forma totalmente integrada.

Em empresas onde a relação entre florestas e indústria encontra apoio da alta liderança, o resultado é o fortalecimento de ambos. Do contrário, premissas importantes acabam sendo deixadas de lado criando efeitos cíclicos negativos no negócio.

A relação Fábrica e Floresta é uma relação de cliente e fornecedor, por isso, considero fundamental a existência de claros SLA’s ( Service Level Agreement –contrato que estabelece os direitos e as obrigações entre contratado e contratante), rotina e governança na divulgação de resultados, reuniões de acompanhamento, planos de ação e correções de rota feitas de forma compartilhada e consensual. O rito, neste caso, reforça a credibilidade do trabalho.

Como toda relação cliente e fornecedor, existem momentos de alinhamento onde ambos precisam entender os limites e as necessidades entre as áreas para fazer boas escolhas para o negócio. Na Bracell, usamos muito o valor “olhar de dono” nas nossas decisões, em que assumimos a visão do negócio e, por vezes, saímos da discussão apenas do que é melhor para uma área ou outra.

Na parte operacional, como se trata de um ambiente técnico, considero fundamentais a interface e o diálogo entre as áreas da floresta e indústria, protagonizando as discussões e acordos. Áreas como Logística, Colheita, Planejamento e Controle de Qualidade precisam estar alinhadas com áreas da indústria, como Produção de Celulose, P&D, Qualidade e Controladoria.

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Trazendo um pouco da experiência que tenho vivido no setor florestal, estamos sempre buscando o melhor mix , encontrando o equilíbrio entre florestas, abastecimento, produção com a madeira que está disponível e que, apesar de manejada pelo homem, é um elemento da natureza e tem suas próprias particularidades.

Para finalizar, convido todos a pensar nesta interface entre os dois grandes negócios que são interdependentes – floresta e indústria – e com isso o grande desafio é equilibrar as necessidades do curto prazo, em produzir com alta qualidade, máxima produtividade e melhor custo, com a visão de longo prazo, pois a floresta é um ativo com esta característica.

Muitas empresas, assim como a Bracell, têm investido no conceito da floresta 4.0, caracterizada pela integração da tecnologia à rotina operacional florestal, e, desta maneira, surgem, na prática, novas formas de gerenciar, manusear e transformar o setor florestal.

O propósito da economia verde está sendo aplicado cada vez mais, e essas ações ampliam a visão de sustentabilidade, gerando uma mudança de comportamento e conscientização sobre a harmonia entre floresta e indústria.

Um exemplo é o Bracell 2030, em que a companhia definiu suas metas e compromissos ambiciosos e alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Por meio das ações concretas do programa, acreditamos que estamos contribuindo com um futuro melhor para a indústria de papel e celulose no Brasil, posicionando a Bracell como uma das vozes líderes em sustentabilidade no setor.

A agenda estratégica de ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança, em português) para 2030 inclui 14 compromissos e metas, divididos nos pilares de ações pelo clima, paisagens sustentáveis e biodiversidade, crescimento sustentável e de empoderamento das pessoas, ligado à área social.

À medida que as ações se vão concretizando, mudam-se as estratégias, facilitando, desse modo, o caminho para o crescimento econômico em simultâneo à questão ambiental. n

59 Opiniões

Floresta

Juntos, construímos um legado. Agora, vamos construir

Somos Envu, uma nova empresa com 50 anos de experiência

o futuro.

Envu é uma nova visão para uma empresa com meio século de história no segmento de saúde ambiental, que detém um sólido portfólio de produtos comprovados e reconhecidos.

Em cada uma de suas linhas de negócio, a Envu concentra seu trabalho na química e além, colaborando com os clientes para criar soluções que funcionarão hoje e no futuro.

Saiba mais sobre as inovações em Florestas em www.br.envu.com

Envu® é marca comercial de propriedade da Environmental Science U.S. LLC. ou de uma de suas a liadas. ©2023 Environmental Science U.S. LLC.

A relação entre a empresa e a academia

A relação entre universidades e empresas

na formação técnica profissional

Normalmente, em qualquer discussão sobre expansão dos negócios florestais, os recursos essenciais para produção passam por intensas e recorrentes avaliações, incluindo a disponibilidade e o custo da terra, potencial produtivo, oferta de madeira de mercado, custos e facilidades logísticas, requisitos legais, entre outros. Por outro lado, as estratégias necessárias para atração, retenção e capacitação de mão de obra raramente são consideradas. E talvez aí esteja a nossa maior limitação, uma vez que as empresas são formadas por pessoas cujo capital intelectual está diretamente relacionado com o seu potencial de geração de valor.

Embora seja muito difícil quantificar o real impacto da escassez de mão de obra, sabemos que decisões equivocadas sobre este tema hoje possuem um peso muito maior que no passado. As empresas florestais operam em maiores escalas de produção e com maior diversidade de riscos. Sendo assim, estabelecer e manter times qualificados, capacitados, engajados e alinhados à cultura das empresas tem-se tornado um grande desafio para qualquer nível de liderança.

Atualmente, o setor florestal brasileiro apresenta crescimento a uma taxa nunca vista anteriormente, com efeito direto sobre o aumento da demanda de mão de obra qualificada.

A gestão de pessoas também deve ser eficaz para equalizar as expectativas de crescimento de carreira das pessoas e a velocidade de geração de oportunidades da própria empresa, para não criar frustração e, tampouco, alta rotatividade. "

Reginaldo Gonçalves Mafia

Gerente de Pesquisa e Desenvolvimento em Manejo Florestal da Bracell-BA

Por outro lado, observamos também um aumento expressivo da oferta de vagas, número de cursos técnicos e acadêmicos, fortalecimento do ensino à distância e a criação de novas carreiras profissionais. De qualquer forma, a “conta não fecha”, o que provavelmente está ligado ao distanciamento entre a oferta e a demanda. Até certo tempo atrás, era comum o desenvolvimento de vários trabalhos cooperativos entre empresas e academia, o que, além de gerar conhecimentos e novas tecnologias, também desenvolvia e treinava pessoas para a iniciativa privada. Essas iniciativas, de certo modo, também serviam de exemplo e modelo para atrair, continuamente, novos talentos.

Infelizmente, nos últimos anos, essa interação diminuiu ou, pelo menos, não acompanhou toda a expansão dos negócios florestais. Nas universidades, está acontecendo uma série de mudanças.

62
Q Índice
��

Primeiramente, vários professores e pesquisadores, com perfil voltado ao desenvolvimento de pesquisa aplicada e em parceria com o setor produtivo, estão concluindo seus ciclos de contribuição. Além disso, precisamos considerar que as novas gerações de estudantes, muitas vezes, estão buscando a formação em outras áreas do conhecimento, mais distantes das ciências naturais, incluindo a área de agrárias. Não podemos esquecer também que, sobretudo os mais jovens, estão em busca de novos modelos de trabalho, possuem um perfil mais empreendedor e consideram mais fortemente o papel das empresas em torno de seus propósitos de vida, na escolha do seu primeiro emprego.

Por outro lado, as empresas, de certo modo, se distanciaram da academia, muitas vezes sob a perspectiva de alavancar novos negócios, com maior demanda por tecnologias e mais distante das ciências básicas. Do ponto de vista de gestão, embora os processos de meritocracia sejam essenciais, muitas vezes as ferramentas utilizadas têm um foco excessivo em avaliação, porém com poucas oportunidades para treinamento e capacitação.

A gestão de pessoas também deve ser eficaz para equalizar as expectativas de crescimento de carreira das pessoas e a velocidade de geração de oportunidades da própria empresa, para não criar frustração e, tampouco, alta rotatividade. Além disso, a experiência recente demonstra que é importante desenvolver e intensificar as estratégias de retenção dos talentos, uma vez que adotar apenas medidas reativas aos movimentos de mercado tem-se mostrado ineficiente.

A boa interface entre o setor produtivo e as universidades é um dos grandes motivos de sucesso do setor florestal brasileiro. Mas o que poucos sabem é que, além de ciência e tecnologia, a cooperação mútua entre esses dois atores resultou também na geração de grande parte do capital intelectual das empresas. Hoje, além do desafio de intensificar a formação de mão de obra qualificada, torna-se importante incluir os critérios de diversidade, equidade e inclusão. Mas, afinal, o que fazer diante de todos esses desafios?

Ao fazer uma retrospectiva, podemos entender que não há necessidade de grandes mudanças, mas precisamos intensificar as iniciativas, comprovadamente efetivas. Como sabemos, as empresas florestais, no passado,

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tiveram de atrair mão de obra para regiões sem infraestrutura e distantes dos grandes centros urbanos, precisaram desenvolver tecnicamente as pessoas e foram eficazes em estabelecer uma boa relação com a academia para formação de pessoas e para desenvolver ciência e tecnologia. O desafio de aumentar a disponibilidade de mão de obra técnica é muito grande. Conforme comentado anteriormente, existem várias mudanças em curso, muitas das quais são de difícil reversão. Portanto, acredito que haverá necessidade de perenidade do esforço e que as medidas precisam ser integradas e, na medida do possível, estruturantes.

Importante também destacar o papel estratégico das pessoas e áreas envolvidas na atração e contratação dos novos profissionais. Essas tarefas são complexas e extremamente importantes para alavancar as empresas, ao mesmo tempo que criam oportunidades para desenvolvimento social, incluindo as questões de diversidade, equidade e inclusão. A experiência tem demonstrado que precisamos dar um peso maior para as características pessoais, comportamentais e de atitudes que permitem aos indivíduos construírem relacionamentos verdadeiros, comunicar-se de forma eficaz, resolver problemas complexos, colaborar com outras pessoas e criar um ambiente saudável de trabalho.

O setor florestal, nas duas últimas décadas, além do crescimento acelerado, também está-se consolidando como estratégico para enfrentamento das mudanças climáticas. Por meio de várias inovações tecnológicas, a produção de madeira e sua conversão em novos produtos, em um balanço favorável de carbono, incluindo os projetos de restauração florestal, são oportunidades que estão sendo mais bem exploradas. Considerando o aumento da conscientização sobre as questões climáticas, talvez aí esteja uma oportunidade de maior atratividade para as novas gerações de talentos. Mas, para que esta aproximação possa gerar novos bons profissionais, tanto as universidades quanto as empresas precisam se reorganizar e intensificar as ações de cooperação. Estaremos no caminho certo ao encontrar jovens talentos e profissionais experientes formando times engajados, diversos em todos os sentidos, e que estejam felizes e orgulhosos por serem talentos do setor florestal brasileiro.n

63 Opiniões

Déficit

Mecanização de operações florestais por

razões estratégicas e déficit de mão de obra

A pauta de escassez de mão de obra no Brasil não é novidade, visto que, há um bom tempo, se discute sobre esse tema, mas é certo que atualmente esse assunto se intensificou com a ampliação dos projetos florestais, nos quais a oferta de mão de obra, especialmente a rural, está extremamente crítica.

Esse déficit traz desafios importantes e urgentes para as empresas, que precisam executar o planejamento de ampliação e manutenção dos projetos florestais, além de garantir o abastecimento das suas fábricas.

A implementação de ações ousadas, como a mecanização das operações, é necessária, principalmente com foco nas atividades de silvicultura, visto ser a maior demandante de mão de obra neste momento.

Mesmo que algumas empresas já tenham avançado de alguma forma com a mecanização, em maior ou menor escala, estamos sempre correndo contra o tempo, uma vez que, com o investimento florestal dos grandes players , a disputa por mão de obra aumentou consideravelmente, trazendo a necessidade de ações estratégicas do ponto de vista operacional e de gestão de pessoas.

A disputa entre os empregadores está acirrada e, de certa forma, até desleal, prevalecendo, muitas vezes, o poder econômico das empresas, que têm definido salários e benefícios acima do normal. "

Igor Dutra de Souza

Diretor Florestal da Reflorestar Soluções Florestais

Q Índice
de obra
de mão
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Para falar sobre esse tema de escassez de mão de obra, vemos como oportuno trazer à tona a necessidade de definição de estratégias das áreas de Recursos Humanos e de Treinamento e Desenvolvimento, que antecede a execução das estratégias operacionais. Para ganhar performance operacional, muito se busca o desenvolvimento de máquinas e implementos.

Porém, muitas empresas se esquecem que o maior diferencial está em quem “comanda” esses equipamentos, fazendo investimentos robustos em máquinas e pouquíssimo em desenvolvimento de pessoas.

Cada função requer um perfil adequado de colaborador, o que traz maiores probabilidades de se extrair o máximo do “conjunto” máquina e operador. Se isso não for levado em consideração, teremos performance menor e, consequentemente, maior demanda de mão de obra, o que está na contramão da situação atual.

Logo, definir com base em dados concretos as soft e hard skills necessárias para cada função deve ser o ponto de partida para maximização da mão de obra disponível.

Manual: toda atividade que utiliza ferramentas que têm fontes de energia exclusivamente de origem humana.

Semimecanizada: toda atividade que utiliza ferramentas, conjuntos mecânicos e implementos que possuem fontes de energia de origem humana e mecânica.

Mecanizada: toda atividade que utiliza conjuntos mecânicos e implementos que possuem fontes de energia exclusivamente mecânicas.

Automática: toda atividade que utiliza ferramentas controladas por diversos sistemas artificiais com um alto grau de tecnologia e baixa intervenção humana. A diferença entre automatizado e autônomo é o grau de interferência humana na operação, sendo que, na operação autônoma, tem-se alto grau de independência e uso de inteligência artificial.

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E isso tem de ser considerado na entrada de colaboradores no menor nível hierárquico das empresas, pois esses cargos devem “oxigenar” as demandas internas de postos mais complexos, o que requer a definição de estratégias já no processo de Recrutamento e Seleção, atraindo e selecionando colaboradores com potencial para ocupar outras posições, sendo fundamental para fortalecer a cultura da empresa e reduzir a demanda de mão de obra mais especializada no mercado.

O foco deve estar nas características comportamentais, uma vez que a parte técnica pode ser repassada pelos colaboradores seniores de cada função, sendo uma alternativa de valorização do quadro interno. Percebe-se com isso que não podemos pensar em mecanização sem pensar em pessoas.

Superada a questão do perfil do colaborador para suportar a mecanização, o desafio continua, afinal, é preciso contratar esse colaborador, e as dificuldades se tornam ainda maiores.

A disputa entre os empregadores está acirrada e, de certa forma, até desleal, prevalecendo, muitas vezes, o poder econômico das empresas, que têm definido

1 Ferramentas sem acionamento mecânico. Exemplo: enxada e machado.

Nível 2 Ferramentas com acionamento mecânico. Exemplo: matraca de plantio e aplicador de isca formicida.

Nível 3

Nível 4

Nível 5

Nível 6

Nível 7

Ferramentas com acionamento por motor. Exemplo: motosserra e motopoda.

Conjunto mecânico e implementos que demandam um operador e ao menos outra pessoa externa. Ex.: plantadora contínua e irrigador convencional.

Conjuntos mecânicos e implementos que demandam apenas o operador sem o uso de piloto automático. Exemplo: subsolador tracionado por trator.

Conjuntos mecânicos e implementos que demandam apenas o operador com o uso de piloto automático. Exemplo: subsolador especializado tracionado por trator de esteira assistido por sistemas de geotecnologias.

Conjunto mecânico controlado remotamente por operador de campo. Exemplo: veículo aéreo não tripulado - VANT. 0,97%

Nível 8

Conjunto mecânico sem operador de campo. Exemplo: trator autônomo e plantadora autônoma.

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Opiniões
Operação Nível de Mecanização Descrição Resultado
Nível
8,26%
39,24%
1.38%
5,56%
37,97%
6,61%
;
0%

Déficit de mão de obra

salários e benefícios acima do normal. Mas temos a convicção de que isso não é tudo, pois ainda há a necessidade de encantar e desenvolver o colaborador para que ele queira permanecer na empresa. Dessa forma, o diferencial se inverte, entrando em cena a essência maior que é a liderança de pessoas, na qual o dinheiro não é mais o fator preponderante. É necessário confiança, proximidade, empatia, humildade, vulnerabilidade, enfim, é preciso foco na experiência do colaborador. Ou seja, contar apenas com o poder econômico não é mais suficiente, felizmente.

Considerando o nível de mecanização das atividades da silvicultura brasileira, percebemos o horizonte de oportunidades que ainda existe neste setor.

Podemos confirmar essa afirmação através do levantamento realizado, em 2022, pelo PCMAF - Programa Cooperativo sobre Mecanização e Automação Florestal, que avaliou o nível de mecanização da silvicultura das empresas parceiras deste programa e outras que foram convidadas, totalizando 20 empresas, um extrato muito significativo das florestas plantadas no Brasil.

As operações foram divididas em oito níveis, variando de manual (níveis 1 e 2), semimecanizada (níveis 3 e 4), mecanizada (níveis 5 e 6) e automática (níveis 7 e 8). No geral, o grau de mecanização por nível ficou conforme demonstra o quadro em destaque.

Como pode ser visto, ainda estamos no nível 2, ou seja, essencialmente manual. No levantamento, foram consideradas as operações de preparo de solo, plantio, adubação, controle de matocompetição, controle de pragas e condução de brotação, mostrando a profundidade e representatividade da pesquisa.

Diante disso, a mecanização não pode ser vista mais como uma alternativa, mas como uma regra. E percebemos que nunca tivemos tantas alternativas como neste momento.

Para todas as operações florestais, nós já dispomos de, pelo menos, uma alternativa de mecanização.

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Agora, é necessário apostar e entrar no processo para contribuir com o desenvolvimento, caso contrário, os resultados serão postergados e a disputa pela mão de obra disponível continuará acirrada e cada vez mais cara.

A mecanização deve ser vista como alternativa para ganho de escala, garantia de execução do planejamento operacional e estratégico, acesso a áreas antes inviáveis para o plantio econômico de florestas, melhoria considerável das condições de trabalho, etc.

Isso proporciona oportunidades de otimização dos custos operacionais, sendo hoje o grande desafio para implantação da mecanização, pois ainda está latente a comparação com os custos das atividades manuais, mesmo com a ausência de mão de obra para realizar tais operações, como o que ocorre com o plantio manual, um dos maiores demandantes de mão de obra atualmente.

Os desafios futuros são ainda maiores em relação ao processo de Recrutamento e Seleção, pois as gerações atuais estão impondo condições que são incompatíveis com o ambiente e a realidade das operações manuais. Diante disso, mecanizar também significa ter uma esperança de atraí-los. Máquinas com tecnologia embarcada cada vez melhores e mais interativas, operações realizadas remotamente, treinamento com simuladores e com realidade virtual, uso de inteligência artificial para otimização das operações, uso de drones, entre outros, são exemplos que podem atrair a geração atual.

Mas tudo isso não será suficiente se o ambiente de trabalho não for acolhedor e tiver um propósito maior, o que novamente se remete ao foco em pessoas e na experiência do colaborador.

Portanto, o processo de mecanização não acontecerá apenas com o desenvolvimento de máquinas, terá de ser pensado, construído e executado com a participação intensiva da área de gestão de pessoas. Logo, a empresa que não considerava a área de Recursos Humanos um setor estratégico, terá de transformá-lo com a máxima urgência. n

66 Q Índice Opiniões

Formação da mão de obra

Observe a história e prospecte o futuro

O aumento da demanda por madeira instiga a buscar estratégias à diversificada cadeia produtiva. Isso requer silvicultura, manejo efetivo e profissionais qualificados e proativos diante dos desafios, prevendo e/ou evitando um “apagão florestal”. Entretanto, observando o setor florestal em uma linha do tempo, em destaque, podemos ser otimistas com o futuro, pois em várias ocasiões problemas foram sinalizados e solucionados. As experiências trouxeram know-how, proporcionando capacidade científica e tecnológica e formação de grandes empresas e pessoas capazes de responder às demandas por bens, produtos e serviços florestais de forma sustentável.

Historicamente, é relevante lembrar que, desde o Período Colonial, as espécies arbóreas participam da economia do Brasil, o que por séculos ocorreu por meio do extrativismo florestal predatório. No início do século XX, a floresta mostrou que não era infinita, pois o combustível responsável pelo transporte das “principais riquezas” começou a escassear. Assim, surge a silvicultura no Brasil, pois o reflorestamento foi a alternativa para conservar as florestas nativas, mantendo a economia. Contudo, o conhecimento restrito sobre o potencial das espécies silvestres demandou que essas e outras introduzidas fossem testadas.

Em 1930, quando se iniciou a industrialização no Brasil, a silvicultura já tinha dado seus primeiros passos. Em 1950, as indústrias eram realidade, atraindo novos investidores, que demandariam matéria-prima florestal. Alguns atores perceberam o que estava por vir e buscaram efetivar os incentivos fiscais para os reflorestamentos.

Os anos de 1960 foram o marco para o desenvolvimento florestal. Esse período sinalizou a preocupação real com as florestas naturais, seguindo o modus operandis do extrativismo predatório que levaria à exaustão e ao colapso do setor florestal. Assim, foi iniciado o 1º Curso de Engenharia Florestal (1960). Na ocasião, algumas espécies do gênero Eucalyptus já se haviam destacado por sua produtividade, além de Pinus spp., a Acacia mearnsii, e raras nativas foram mantidas no portfólio, como, por exemplo, a Araucaria angustifolia.

No final de 1970, o setor contava com a formação de engenheiros florestais em 10 universidades. Esses, subsidiados pelos incentivos fiscais, intensificaram a seleção de materiais genéticos, produção de sementes melhoradas, tecnologias para produção de mudas seminais, e iniciaram a clonagem de Eucalyptus. Paralelamente, avançaram na silvicultura e manejo de reflorestamentos direcionados a diferentes segmentos.

A história mostra nosso potencial de superação de possíveis “apagões”. Superar os entraves depende do nosso esforço individual e coletivo dentro e entre corporações. "

Maristela Machado Araujo e Jorge Antônio Farias

Professora de Silvicultura e Coordenador de Pós-graduação em Engenharia Florestal, respectivamente, ambos da Universidade Federal de S. Maria

Q Índice
��

Na década de 1980, as preocupações ambientais da sociedade aumentaram, as áreas de preservação e conservação foram mais rigorosamente exigidas, e os cuidados com o solo e práticas como o manejo integrado entraram na rotina dos silvicultores. Entretanto, apesar do maior custo requerido para consolidar esse avanço, o incentivo fiscal foi interrompido, sinalizando uma nova crise no setor.

Em 1994, surgiu a certificação florestal, buscando apoiar empresas voluntárias para evoluírem nos três pilares da sustentabilidade, o que abriria acesso aos mercados internacionais mais exigentes. Antes do início do século XXI, várias empresas haviam obtido a certificação, e oito novos cursos foram credenciados, visando formar engenheiros florestais, com visão inovadora.

A partir dos anos 2000, 90% dos produtos florestais demandados pela sociedade brasileira provinham dos reflorestamentos. Esse fato e as exportações ampliaram indústrias florestais, porém sinalizaram escassez de madeira à demanda. As empresas adquiriram áreas, e houve fomento ao reflorestamento de pequenas e médias propriedades. Concomitantemente, surgiram 35 novos cursos de Engenharia Florestal.

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Na contramão do crescimento do setor, ocorreu a crise financeira mundial de 2008-09, a qual trouxe impactos negativos. Paralelamente, no RS, foi definido o Zoneamento Silvicultural, considerado pelo governo uma estratégia de cunho ambiental, porém enfocada somente aos reflorestamentos e não a outras culturas.

Sequencialmente (2015), o setor voltou a equilibrar suas atividades. Nesse período, já se observava o destaque à produção de matéria-prima para celulose e papel, assim a Engenharia Florestal estava cada vez mais voltada a esse segmento.

Mais recentemente, foi sinalizada a tendência de escassez de madeira sólida no mercado, com fechamento de empresas de pequeno e médio portes nesse segmento, indisponibilizando madeira para a construção civil.

Também, foram percebidos efeitos das alterações do clima e de eventos meteorológicos extremos, demandando manobras inesperadas na silvicultura, concomitantemente com uma surpreendente redução de interessados em se qualificar e atuar no setor florestal. De modo geral, nos chama a atenção que, apesar da dependência dos reflorestamentos, a sociedade ainda não tem clareza dos benefícios sociais, econômicos e ambientais.

69 Opiniões
LINHA DO TEMPO DO SETOR FLORESTAL APONTANDO PONTOS DE DESTAQUES E INCERTEZAS ;

Formação da mão

de obra

Uma das causas pode estar associada ao fato de o setor florestal brasileiro ser excessivamente verticalizado. Claro que há programas de fomento, mas há o predomínio de verticalização. E qual é o problema disso? A verticalização não nos integra na sociedade. O Brasil é imenso e poderia dobrar a área florestal sem desmatar ou concorrer com culturas alimentares, mas para isso é relevante considerar ações de horizontalização da cadeia de fornecedores

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da, contamos com 72 cursos de graduação em Engenharia Florestal credenciados pelo MEC, distribuídos em todas as regiões do País, disponibilizando 4.629 vagas por ano. Essas, possivelmente ampliadas por equívoco de gestão, não são preenchidas. O que motiva essa fragilidade na educação? Acreditamos nos seguintes pontos: 1) considerável proporção de estudantes acessa as universidades sem a base necessária, desistindo do curso nos primeiros

70 Q Índice
Opiniões
Figura 1 –Linha do tempo do setor florestal demonstrando pontos de destaques e de incertezas. Os pontos são reunidos em fases (parte superior) (a); na parte inferior é apresentado o cronograma com início dos cursos de graduação em Engenharia Florestal (b) e sua distribuição por região e estado brasileiro (c). Fonte: IUFRO (1997); Opiniões (2005; 2010; 2016); Kengen (2019); Ageflor (2022); www camara leg br e www portal mec gov br (Acesso: Maio/2024) DISTRIBUIÇÃO DOS CURSOS DE ENGENHARIA FLORESTAL DE ACORDO COM O ANO DE CRIAÇÃO 1960 - 2018 Figura 1 –Linha do tempo do setor florestal demonstrando pontos de destaques e de incertezas Os pontos são reunidos em fases (parte superior) (a); na parte inferior é apresentado o cronograma com início dos cursos de graduação em Engenharia Florestal (b) e sua distribuição por região e estado brasileiro (c) Fonte: IUFRO (1997); Opiniões (2005; 2010; 2016); Kengen (2019); Ageflor (2022); www camara leg br e www portal mec gov br (Acesso: Maio/2024) NÚMERO DE CURSOS DE ENGENHARIA FLORESTAL POR REGIÃO E ESTADO BRASILEIRO

Qual é o diâmetro do seu problema?

Qual é o diâmetro do seu problema?

P

Discos de corte para Feller: conforme modelo ou amostra

Discos especiais conforme desenho

Detalhe de encaixe para ferramentas de 4 lados

• Disco de corte com encaixe para utilização de até 20 ferramentas, conforme possibilidade devido ao O externo.

• Diâmetro externo e encaixe central de acordo com a máquina

P Usinagem de peças conforme desenho ou amostra: Eixos, acoplamentos, roscas sem-fim transportadoras, roletes e tambores para esteiras transportadoras, tambores para pontes rolantes, cilindros hidráulicos e pneumáticos e outros.

D’Antonio Equipamentos Mecânicos
Industriais Ltda. Av. Marginal Francisco D’Antônio,
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dantonio@dantonio.com.br - www.dantonio.com.br
e
337 - Água Vermelha -
-
16 3942-6855 • 16 99794-1352
// P

Percepções dos desafios atuais do curso de

engenharia florestal

Desde 2016, a minha atuação no IPEF – Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais, sempre foi voltada a desenvolver e conduzir projetos relacionados a mecanização e automação das atividades de silvicultura e, mais recentemente, de viveiros florestais.

Ao longo desses anos, tive a oportunidade de participar de diversos eventos como expectador e palestrante, e a disponibilidade de mão de obra é um tema recorrente durante as discussões e “mesas redondas”.

Sempre que posso, tento contribuir com um ponto de vista consensual dentro do PCMAF – Programa Cooperativo sobre Mecanização e Automação Floresta, composto por 12 empresas florestais, no sentido de que o principal propulsor pela busca por soluções mecanizadas sempre está relacionado aos desafios impostos pela mão de obra no campo e viveiros, seja na sua disponibilidade, nas dificuldades operacionais do dia a dia, seja na melhoria das condições de trabalho. Em outras palavras, estamos mecanizando as operações para que o negócio florestal se mantenha competitivo e, principalmente, sustentável. Contudo, ainda existem grandes desafios para a formação de mão de obra especializada para os novos sistemas mecanizados, além das operações manuais e semimecanizadas.

Na edição mais recente do PPGF, tivemos a participação de, ao menos, um representante de cada região do Brasil e de 14 universidades. "

Guilherme Oguri

Coordenador executivo do Programa sobre Mecanização e Automação Florestal do IPEF

Pensando nisso, o IPEF, em parceria com a Reflore-MS – Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas, realizou um levantamento que identificou que existe uma demanda de, aproximadamente, 9.000 trabalhadores para suprir as diversas atividades florestais em campo, no estado. Com o subsídio destas informações, o Governo do Estado do Mato Grosso do Sul instituiu a Rede Estadual de Excelência em Qualificação Florestal, visando incentivar e articular iniciativas destinadas ao desenvolvimento do capital humano para atender ao nosso setor. Para quem quiser ter mais informações sobre o panorama nacional das diversas ações voltadas para o atendimento da demanda de mão-de-obra florestal, recomendo a leitura do artigo escrito pela Patrícia Machado, Ibá, intitulado Desenvolvimento profissional hoje e amanhã na indústria florestal, publicado na edição de abril/24 da Revista O Papel, da ABTCP.

Desde o ano passado, passei a ter no IPEF uma atuação mais ativa no PPGF – Programa de Preparação de Gestores Florestais, programa criado em 2011 a pedido dos diretores florestais das empresas associadas, os quais identificaram que os recém-formados em Engenharia Florestal estavam ingressando no mercado com pouco conhecimento voltado à gestão.

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72
Q Índice Formação da mão de obra
��

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Divulgação do PPGF – Programa de Preparação de Gestores Florestais – na universidade

Dinâmica de Grupo do PPGF

73
Opiniões

O programa evoluiu e foram inseridos tópicos como diversidade e inclusão, autoconhecimento, inteligência emocional, entre outros temas relevantes e pouco abordados durante a graduação. Anualmente, selecionamos entre 20 e 25 recém-formados em Engenharia Florestal e mestrandos em fase de conclusão, que têm a oportunidade de aprender e trocar experiências com especialistas que atuam no setor florestal, presencialmente, durante 5 semanas na sede do IPEF em Piracicaba-SP.

Além das palestras, organizamos visitas técnicas e momentos de descontração, visando maior interatividade entre os participantes que vêm a Piracicaba de diversas regiões do Brasil. Na edição mais recente, tivemos a participação de, ao menos, um representante de cada região do Brasil e de 14 universidades. Ao final do programa, as empresas patrocinadoras têm a oportunidade de oferecer vagas de emprego para os participantes e, desde a sua fundação, mais de 65% dos participantes foram contratados pelas patrocinadoras.

Este treinamento é gratuito aos participantes graças às empresas patrocinadoras. A ótima aceitação deste programa repercutiu no mercado a ponto da ABTCP – Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel –, replicar este formato para atender à demanda do setor industrial de produção de celulose e papel. O PPGCP – Programa de Preparação de Gestores de Celulose e Papel, teve início em 2019 com o apoio do IPEF.

Entendo que a quantidade de empresas interessadas no programa, bem como a quantidade de vagas oferecidas no encerramento de cada turma são um termômetro da demanda por Engenheiros Florestais no mercado, e posso dizer que, felizmente, o mercado está aquecido. Nas duas últimas edições a quantidade de vagas oferecidas foi maior do que a quantidade de participantes. Obviamente, isso não é uma garantia de que este fato ocorrerá na próxima edição, e sim um dado interessante para o mercado e utilizado em nosso planejamento.

Certamente, o PPGF não suprirá a demanda de mão de obra por Engenheiros Florestais, mas acreditamos que contribuiu e tem contribuído com o intuito de fornecer ao mercado de trabalho pessoas mais preparadas em termos de gestão e soft skills. Até o momento, o programa formou 253 Engenheiros Florestais.

Visando divulgar este programa e conhecer a realidade de alguns cursos de Engenharia Florestal, no último ano tivemos a oportunidade de apresentar o programa para alunos de

Visita a campo do PPGF – Programa de Preparação de Gestores

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Q Índice Formação
mão de obra
da

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graduação e pós-graduação em 12 faculdades diferentes, sendo que em 3 ocasiões o encontro ocorreu de forma online. Os estados visitados foram SP, PR, SC, RS, MG, MS e MA. Dessa forma, pude coletar algumas impressões que tentarei relatar brevemente aqui.

• Procura pelo curso de Engenharia Florestal e pós-graduação: embora haja uma certa diferença entre as universidades na relação candidato/vaga, todas as universidades visitadas estão necessitando de ações que despertem o interesse dos jovens pelo curso. Entendo que não é apenas a Engenharia Florestal que esteja com este desafio, mas muitos outros cursos, especialmente, os presenciais;

• Adesão ao evento: todas as visitas eram acompanhadas de uma palestra falando sobre o mesmo tema – Planejamento acadêmico direcionado ao mercado de trabalho florestal –conectando, assim, com a divulgação do PPGF. Obviamente, é um tema mais interessante para os primeiros anos de curso, contudo, o PPGF é destinado para aqueles que estão prestes a se formar e mestrandos concluintes. A minha impressão foi que conseguimos atrair cerca de apenas 1/4 da quantidade total de alunos de cada faculdade;

• Disparidade de estrutura física: todas as universidades que visitei eram públicas (estaduais ou federais), mesmo assim, nota-se a diferença entre a estrutura física oferecida pelas instituições, como quantidade e qualidade de laboratórios e seus equipamentos, salas de aula e salas dos docentes etc. As universidades mais tradicionais possuem total condição de atender ao tripé “ensino, pesquisa e extensão” de forma adequada.

Como se pode notar, os três pontos que relatei são negativos, o que não significa que não notei pontos positivos. Vi muita vontade e disponibilidade dos docentes para mudar este cenário, algumas ações concretas iniciadas que, se somadas, têm ainda mais potencial de fazer a diferença. Vi alunos interessados e que se preocupam com a baixa presença dos colegas na palestra. Vi muita união entre discentes e docentes à procura de boas soluções.

Espero que, na leitura desse artigo, não fique a impressão de que a minha intenção seja encontrar culpados. Pelo contrário, a minha ideia foi trazer um panorama das experiências vividas como profissional do setor e, de alguma forma, contribuir para o fortalecimento do curso de Engenharia Florestal, trazendo comigo o nome do IPEF, que muito contribuiu e ainda há muito que contribuir. n

75 Florestais
Opiniões

Carta aberta ao

Imagine se você descobrisse que o médico com o qual você vai fazer uma cirurgia cardíaca na manhã seguinte se formou há 20 anos como o melhor aluno da sua classe, na melhor faculdade de medicina do País. Muito bom, hein?!

Entretanto, nos últimos 20 anos, ele não leu nenhum livro, nem participou de nenhum congresso, nem teve por costume ler regularmente revistas especializadas da sua área médica. Você faria a cirurgia em paz?

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sistema florestal

No que se refere a nossa área, quantas tecnologias foram desenvolvidas e implantadas nessas duas décadas como o estado da arte e, depois de algum tempo, substituídas por uma nova opção, muito mais eficaz e eficiente, que tomaria o lugar da anterior, até ser igualmente substituída por uma mais nova ainda.

Quantas pragas e doenças apareceram, desapareceram, e algumas até voltaram? Quantas técnicas foram substituídas nesses últimos 20 anos?

Nenhum conhecimento é definitivamente eterno. A faculdade está sempre atualizada, mas tão somente até o dia da sua formatura. Os livros, igualmente, até o dia da sua publicação. As opções que são continuadamente atualizadas são os congressos e as publicações regulares das áreas.

Conhecendo esse cenário e o que passou a representar nesses 21 anos de operação para as universidades, centros de pesquisa e empresas do sistema agrícola e florestal, a Revista Opiniões decidiu abrir inscrições gratuitas para que todos os estudantes de todos os cursos de agroconhecimento, de qualquer parte do Brasil e do mundo, passem a receber gratuitamente todas as suas publicações.

O objetivo é fazer com que o estudante, desde o primeiro dia de aula, passe a participar da vida empresarial na qual se integrará, em alguns anos, já com atualizado conhecimento do que está sendo discutido, avaliado e implantado nas empresas. Muitos dos executivos e cientistas que hoje escrevem na Revista Opiniões declararam que liam nossas edições desde quando ainda eram estudantes nas universidades.

Ampliando o projeto de educação continuada, decidimos também abrir as inscrições gratuitas para todos os funcionários das áreas técnicas, agrícolas, industriais e administrativas das empresas produtoras e fornecedoras dos sistemas florestal e bioenergético de qualquer parte do Brasil e do mundo.

Todos os artigos da Revista Opiniões têm textos publicados em 7 idiomas, quais sejam: português, espanhol, inglês, francês, chinês, árabe e hindi, cobrindo a língua falada pelo incrível numero de mais de 4 Bilhões de pessoas.

O acesso à informação dirigida é a mais eficiente forma de unificar e atualizar o conhecimento entre todos os funcionários em cargos de comando, bem como preparar os funcionários em ascensão para assumi-los. Esta é a mais agradável forma de gerar a educação continuada.

Para se cadastrar na plataforma do programa de "Educação Continuada da Revista Opiniões" e passar a receber regular e gratuitamente as edições de nossas revistas, basta enviar um e-mail com os dados abaixo:

• Para: Jornalismo@RevistaOpinioes.com.br

• Assunto: Educação continuada gratuita

• Corpo do e-mail:

- Nome do funcionário ou estudante

- Área de trabalho ou curso que frequenta

- Nome da empresa ou da Universidade

- e-mail principal

- e-mail secundário ou pessoal

IMPORTANTE: Conforme a Lei Nacional de Proteção de Dados, garantimos, com registro em Cartório, que as informações não serão utilizadas para qualquer outro interesse. Coordenadores de curso de agroconhecimento e Gerentes de RH e Comunicação, entrem em contato conosco.

William Domingues de Souza Editor-chefe das Revistas Opiniões

WDS@RevistaOpinioes.com.br

Celular e WhatsApp: +55 16 99777-7799

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A utilização de novas tecnologias e a

formação da mão de obra profissional

A interface entre a floresta e a indústria representa um dos desafios contemporâneos, exigindo a conciliação entre a exploração dos recursos naturais e a preservação ambiental. A utilização de drones agrícolas, aliados à formação e preparo da mão de obra profissional, é essencial para alcançar um equilíbrio sustentável. Iremos discutir como as inovações tecnológicas, particularmente os drones e a qualificação profissional, podem transformar a relação entre a floresta e a indústria, promovendo um desenvolvimento mais sustentável.

Os drones agrícolas emergiram como ferramentas poderosas para a atividade agrícola, mas também para a indústria florestal. Equipados com câmeras de alta resolução e sensores avançados, esses drones permitem o monitoramento contínuo e preciso das condições das florestas. Eles podem mapear grandes áreas em pouco tempo, detectar pragas, identificar doenças e monitorar o crescimento das árvores. Além disso, drones são utilizados para dispersar sementes em áreas de difícil acesso, promovendo a regeneração florestal de maneira eficiente e rápida. A automação desses processos aumenta a eficiência operacional, reduz o desperdício e minimiza impactos ambientais.

Para que os drones sejam plenamente aproveitados, é fundamental que a mão de obra esteja devidamente preparada. Isso exige uma atualização constante dos currículos acadêmicos. "

A utilização de drones agrícolas na indústria florestal tem um impacto direto na sustentabilidade, permitindo uma gestão mais responsável dos recursos naturais, garantindo que a exploração seja feita dentro dos limites ecologicamente seguros.

A prevenção de desastres naturais, como incêndios florestais, é facilitada pela capacidade dos drones de fornecer dados em tempo real, permitindo uma resposta rápida. A saúde das florestas é monitorada continuamente, promovendo a conservação da biodiversidade e a recuperação de áreas degradadas. Assim, os drones agrícolas tornam-se aliados cruciais na promoção de práticas sustentáveis.

Para que os drones sejam plenamente aproveitados, é fundamental que a mão de obra esteja devidamente preparada. Isso exige uma atualização constante dos currículos acadêmicos, incorporando disciplinas que abordem o uso de drones na gestão florestal. Além disso, é necessário desenvolver programas de capacitação contínua para os profissionais que já atuam no setor, garantindo que eles possam operar e manter esses dispositivos tecnológicos.

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Q Índice Formação de mão de obra
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A formação deve ser multidisciplinar, abrangendo conhecimentos em tecnologia de drones, análise de dados e gestão florestal, para que os profissionais estejam aptos a enfrentar os desafios complexos da indústria moderna.

Investir em educação e treinamento é essencial para preparar uma mão de obra qualificada. As instituições de ensino, especialmente aquelas voltadas para as áreas técnicas e de engenharia florestal, devem atualizar seus currículos para incluir o uso de drones e práticas sustentáveis. Parcerias entre as universidades, os centros de pesquisa e a indústria podem acelerar o desenvolvimento de programas de formação que atendam às demandas do mercado. Além disso, é necessário incentivar programas de capacitação e desenvolvimento profissional contínuo, para que os trabalhadores possam se atualizar constantemente e acompanhar as inovações tecnológicas.

A promoção de uma cultura de inovação é vital para o desenvolvimento sustentável da indústria florestal. Empresas do setor devem incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, como drones agrícolas, investindo em projetos inovadores que possam melhorar a eficiência e a sustentabilidade das operações. A colaboração entre diferentes atores, como universidades, institutos de pesquisa e a indústria, pode gerar novas ideias e acelerar a implementação de práticas sustentáveis. Iniciativas de sucesso, que combinam inovação e sustentabilidade, devem ser destacadas e replicadas, servindo de exemplo para o setor como um todo.

No mapeamento com drones, o treinamento é fundamental para garantir que os operadores possam aproveitar ao máximo as capacidades dessa tecnologia, assegurando a coleta de dados de alta qualidade e a realização de análises precisas. Dentre os conhecimentos de grande relevância, destaco o entendimento dos princípios básicos de fotogrametria, a importância da sobreposição de imagens para criar mapas precisos e contínuos, e a calibração adequada do sensor e câmera, para obter imagens claras e bem definidas. Altura de voo, velocidade de deslocamento do drone e velocidade do obturador são algumas das variáveis que podem comprometer um mapeamento se não configurados corretamente.

Multilingual Edition

Os operadores dessas tecnologias precisam ser proficientes no uso de softwares específicos para planejamento de voo e processamento de dados, assim como na interpretação dos resultados obtidos. Além disso, é crucial que os operadores sejam capacitados em técnicas de voo seguro e regulamentações aéreas para operar os drones de forma legal e eficiente. Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) e Ministério da Defesa (MD) são os principais órgãos que regulamentam o uso de drones.

O treinamento prático, com simulações e voos controlados, permite que os operadores desenvolvam habilidades essenciais para lidar com diferentes cenários de campo, tais como condições meteorológicas adversas e terrenos variados.

Além dos pontos destacados acima, seja no mapeamento seja na pulverização, os erros de posicionamento de drones agrícolas podem ter consequências significativas tanto para o planejamento florestal, quanto para a eficiência do processo ou mesmo para o meio ambiente.

Quando um drone não trabalha com coordenadas precisas e com acurácia, ele pode aplicar produtos de maneira desigual, resultando em áreas superdosadas ou subdosadas.

Isso não só compromete a eficácia do controle de pragas e doenças, como também pode causar danos às plantas, devido ao excesso de produtos aplicados e impactar nos custos de produção.

Além disso, a pulverização inadequada pode levar à contaminação de áreas não-alvo, incluindo corpos d'água e habitats naturais, prejudicando a biodiversidade local. Para mitigar esses riscos, é crucial que os operadores de drones recebam treinamento adequado e utilizem sistemas de posicionamento e navegação de alta precisão, garantindo uma aplicação uniforme e segura dos produtos agroquímicos.

O uso de receptores GNSS ( Global Navigation Satellite System ) com RTK (Real-Time Kinematic) é essencial para corrigir os erros de posicionamento de drones agrícolas durante a pulverização. ;

79 Opiniões

O RTK é uma técnica avançada de posicionamento que utiliza correções em tempo real para melhorar significativamente a precisão dos dados do GNSS, permitindo uma precisão centimétrica. Ao integrar RTK nos drones agrícolas, é possível garantir que eles sigam rotas de voo muito mais precisas e aplicar produtos agroquímicos exatamente onde são necessários, porém precisamos tomar cuidado, pois utilizar RTK não é simplesmente ligar o equipamento e usar.

A base RTK pode fornecer dados precisos, porém, para garantir a acurácia das coordenadas, é necessário que essa base tenha uma coordenada conhecida, ou seja, ajustada previamente a partir da comparação com outras bases, como do sistema PPP do IBGE. Dessa forma, será garantida a acurácia das coordenadas corrigidas em tempo real.

Essa precisão e acurácia são cruciais em operações de pulverização, em que a uniformidade na aplicação dos produtos é fundamental para a eficácia do tratamento e para a proteção do meio ambiente. Com RTK, os drones podem evitar áreas sensíveis e minimizar a deriva de pulverização, reduzindo o risco de contaminação de áreas não-alvo e a exposição desnecessária de plantas e animais a produtos químicos.

Além disso, a precisão proporcionada pelo RTK aumenta a eficiência operacional, economizando tempo e recursos ao garantir que a quantidade correta de produto seja aplicada de maneira uniforme em toda a área de cultivo.

Dessa forma, o RTK se torna uma ferramenta indispensável para otimizar as operações de pulverização agroflorestais, promovendo práticas mais sustentáveis e produtivas.

Já no controle biológico de pragas com uso de drones, o treinamento é vital para maximizar a eficácia e eficiência dessas operações, garantindo que o material biológico, como predadores naturais ou agentes de controle, seja distribuído de forma precisa e uniforme.

A qualidade do material é crucial, portanto, operadores treinados são essenciais para manusear e abastecer os

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Q Índice Formação de mão de obra

Multilingual Edition

drones adequadamente, preservando a viabilidade dos organismos biológicos. Além disso, um bom treinamento também abrange o planejamento logístico, que envolve a coordenação dos voos para cobrir grandes áreas de cultivo, a gestão do tempo para garantir que os agentes biológicos sejam liberados no momento ideal, e a conformidade com as regulamentações ambientais.

Um operador bem treinado pode ajustar os parâmetros de voo para otimizar a dispersão, reduzir ou aumentar a faixa de aplicação para garantir a sobreposição necessária, e minimizar o tempo de operação, garantindo uma abordagem sustentável e eficaz no manejo integrado de pragas.

A integração eficaz de drones e sustentabilidade é a chave para uma interface perfeita entre a floresta e a indústria. Estratégias que equilibram a exploração econômica com a preservação ambiental são fundamentais para garantir a sustentabilidade a longo prazo.

Casos de sucesso em que drones foram utilizados para promover práticas sustentáveis devem ser compartilhados e replicados. Benefícios econômicos, como a redução de custos operacionais e o aumento da eficiência, aliados aos benefícios ambientais, como a conservação dos recursos naturais e a promoção da biodiversidade, demonstram que a integração de drones e sustentabilidade é uma abordagem vencedora.

A utilização de drones agrícolas e a formação e preparo da mão de obra profissional também são essenciais na busca pela perfeita interface entre a floresta e a indústria. A adoção dessas inovações tecnológicas pode transformar a gestão florestal, promovendo práticas mais eficientes e sustentáveis. No entanto, isso só será possível se houver um investimento contínuo em educação e capacitação profissional, pública e privada. A combinação de tecnologia, formação profissional e sustentabilidade é o caminho para um futuro em que a exploração dos recursos florestais seja feita de maneira responsável, beneficiando tanto a economia quanto o meio ambiente. n

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Opiniões

Áreas de interesse:

Edição Bioenergética:

• Cana-de-açúcar

• Milho

• Agave (sisal)

• Açúcar

• Etanol

• Biodiesel

• Biogás

• Biometano

• Bioeletricidade

• Carbono

Edição Florestal:

• Celulose

• Papel

• Carvão

• Siderúrgia

• Painéis

• Madeira

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Treinamento de mão de obra para proteção florestal

Quem nunca participou de uma conversa sobre uma vaga de emprego e ficou impressionado com a quantidade de requisitos necessários? Essas questões são comuns e fazem parte do setor de recursos humanos. Mas antes de tirar conclusões, precisamos entender que, dependendo das atividades exercidas, existem formações mínimas exigidas pela legislação para atender às responsabilidades e atributos que os profissionais terão de assumir.

Nesse contexto, temos diversos níveis de escolaridade, como ensino médio, técnico, tecnólogo, nível superior e pós-graduação. Tão fundamental quanto a escolaridade, o nível de experiência do profissional conta muito.

O setor de árvores plantadas está inserido neste cenário e busca cada vez mais pessoas qualificadas para atuar nas operações, já que a base para o sucesso é normalmente determinada pela sua produtividade por área.

Consideremos as áreas cultivadas de eucalipto em diferentes estados do Brasil, com destaque para o Mato Grosso do Sul. Esse setor demanda profissionais de diversas áreas, especialmente na Proteção Florestal, que envolve especialistas em: insetos-pragas, doenças, plantas daninhas, incêndios florestais, fisiologia de plantas, produtos para manejo, legislação federal, estadual e municipal, além dos requisitos das certificadoras.

Pode parecer simples a atuação de cada profissional dessas áreas, mas há uma complexidade de fatores intrínsecos e correlatos, que exige um entendimento abrangente para tomar decisões informadas e estar extremamente familiarizado com as condições climáticas.

Em outubro de 2023, o Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (Ipef) e a Associação Sul-Mato-Grossense de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas (Reflore-MS) publicaram uma síntese diagnosticando a demanda por recursos humanos para atuar em operações florestais. A pesquisa revelou uma necessidade mínima de 9.350 profissionais para diversas funções. A maior demanda foi para líderes-supervisores nas operações de plantio, totalizando 4.350 pessoas distribuídas em cinco principais grupos, incluindo combate a pragas e doenças (975 pessoas), plantio (900 pessoas), irrigação (775 pessoas), controle de matocompetição (400 pessoas) e aplicação de fertilizantes (400 pessoas). Esta pesquisa considerou apenas o Mato Grosso do Sul, não incluindo a demanda de outros estados brasileiros e países vizinhos na busca de profissionais.

Para suprir suas demandas de mão de obra, as empresas do setor florestal têm fortalecido parcerias com diversos órgãos e instituições, como a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), o Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais (Ipef), a Sociedade de Investigações Florestais (SIF), a Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (Fepaf), o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), o Serviço Social da Indústria (Sesi), sindicatos rurais, universidades, prefeituras e empresas privadas.

Temos diversos níveis de escolaridade, como ensino médio, técnico, tecnólogo, nível superior e pós-graduação. Tão fundamental quanto a escolaridade, o nível de experiência do profissional conta muito. "

Q Índice Formação de mão de obra
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Essas instituições estão preparadas para formar tecnicamente os profissionais e reciclar os já inseridos no mercado. Novas tecnologias estão sendo introduzidas, como o desenvolvimento de softwares, aplicativos mobile e inteligência artificial, utilização de veículos não tripulados e tecnologias de aplicações. Em breve, espera-se a integração de robótica nas operações florestais, transformando ainda mais o setor.

Compreendemos que as habilidades técnicas necessárias para a execução das atividades podem ser desenvolvidas, mas o perfil comportamental é crucial. Competências como trabalho em equipe, liderança, comunicação eficaz, resiliência, proatividade, adaptabilidade e empatia são fundamentais. A palavra-chave aqui é comprometimento, e, para alcançá-lo, algumas estratégias podem ser utilizadas nos treinamentos:

1. Alinhar os Treinamentos com os Objetivos Pessoais e Profissionais

• Identificar Necessidades: Realize avaliações para identificar as necessidades de desenvolvimento de cada colaborador.

• Objetivos Personalizados: Estabeleça objetivos de treinamento que estejam alinhados com as metas de carreira dos colaboradores e as necessidades da organização.

2. Tornar o Treinamento Relevante e Aplicável

• Conteúdo Prático: Foque em conteúdos que os colaboradores possam aplicar imediatamente em seu trabalho.

• Exemplos Reais: Use exemplos e estudos de casos reais que sejam relevantes para o setor e para a função dos colaboradores.

3. Utilizar Diversos Métodos de Treinamento

• Aprendizagem Mista: Combine métodos de treinamento, como e-learning, workshops presenciais, webinars e treinamento no local de trabalho.

• Interatividade: Inclua atividades interativas, como simulações e exercícios práticos.

4. Incentivar a Participação Ativa

• Discussões e Feedback: Promova discussões em grupo e sessões de feedback onde os colaboradores possam compartilhar suas experiências e aprender uns com os outros.

• Projetos Colaborativos: Incorpore projetos em equipe que permitam aos colaboradores aplicarem o que aprenderam de maneira colaborativa.

5. Reconhecer e Recompensar o Engajamento

• Certificações e Selos: Ofereça certificações ou selos de conclusão que os colaboradores

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possam adicionar aos seus perfis profissionais.

• Recompensas e Incentivos: Ofereça recompensas, como prêmios, bônus ou oportunidades de desenvolvimento de carreira para os colaboradores que se destacarem nos treinamentos.

6. Facilitar o Acesso ao Treinamento

• Flexibilidade de Horários: Ofereça treinamentos em horários flexíveis que permitam aos colaboradores participarem sem comprometer suas responsabilidades diárias.

• Acessibilidade: Utilize plataformas que permitam acesso fácil e remoto ao material de treinamento.

7. Criar um Ambiente de Aprendizagem Positiva

• Cultura de Aprendizagem: Promova uma cultura organizacional que valorize e incentive o aprendizado contínuo.

• Apoio da Liderança: Garanta que os líderes e gestores apoiem e participem dos programas de treinamento, mostrando seu valor para a equipe.

8. Solicitar e Implementar Feedback

• Avaliações Pós-Treinamento: Solicite feedback dos participantes após cada sessão de treinamento para entender o que funcionou bem e o que pode ser melhorado.

• Ajustes Contínuos: Use o feedback recebido para ajustar e aprimorar continuamente os programas de treinamento.

9. Utilizar Tecnologia para Melhorar a Experiência de Treinamento

• Plataformas de E-learning: Utilize plataformas de e-learning que ofereçam uma experiência de usuário intuitiva e recursos interativos.

• Gamificação: Incorpore elementos de gamificação, como pontos, níveis e competições amigáveis, para tornar o treinamento mais envolvente.

10. Comunicação Clara e Eficaz

• Divulgação Antecipada: Comunique claramente os objetivos, benefícios e detalhes logísticos dos treinamentos com antecedência.

• Reminders e Follow-ups: Envie lembretes e follow-ups para manter os colaboradores informados e engajados.

Engajar colaboradores em treinamentos e qualificações requer uma abordagem multifacetada que combine relevância, interatividade, reconhecimento e apoio contínuo.

Ao alinhar os treinamentos com os objetivos dos colaboradores, o aprendizado torna-se mais amigável, garantindo um envolvimento no processo evolutivo de todos. n

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Formação de mão de obra

A falta de mão de obra está se agravando

O mercado de trabalho está passando por mudanças significativas em todo o mundo, impulsionadas pelo avanço tecnológico e pelas transformações na cadeia produtiva. No Brasil, o investimento em aperfeiçoamento e qualificação dos profissionais se torna cada vez mais evidente com as mudanças no mercado de trabalho.

Além disso, é crucial atualizar a mão de obra, conforme afirma o Observatório Nacional da Indústria, responsável por fornecer inteligência estratégica para todo o complexo ecossistema industrial brasileiro.

O Mapa do Trabalho Industrial 2022-25, elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria, concluiu que, até 2025, o Brasil precisará qualificar 9,6 milhões de pessoas em ocupações industriais. Desse total, 2 milhões necessitarão de formação inicial para substituir inativos e preencher novas vagas, enquanto 7,6 milhões precisarão de formação continuada para atualização profissional. Isso indica que 79% da demanda por formação nos próximos quatro anos será voltada para o aperfeiçoamento. Apenas em Minas Gerais, a indústria precisa qualificar mais 1 milhão de trabalhadores ao final do mesmo ano.

A falta de mão de obra qualificada no setor produtivo como um todo está se agravando. Segundo um levantamento feito pela FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), falta mão de obra em todos os níveis de formação, tanto na qualificação básica quanto nos cursos técnicos e de nível superior.

No setor florestal, por exemplo, um dos gargalos para a produtividade florestal brasileira está na falta de profissionais habilitados para operar os avançados equipamentos de colheita florestal. Nestes mais de 60 anos da silvicultura nacional, as atividades no campo apresentaram grande desenvolvimento e uma mudança das características do trabalho, como a substituição da capina manual pela química, a substituição do corte com motosserras por máquinas robustas de colheita e pré-processamento da madeira, dentre outros. Evidentemente, na indústria de base florestal não foi diferente. Houve a modernização das técnicas de desdobro, da produção de fibras e da carbonização.

Apesar da evolução tecnológica dos últimos anos, a demanda ainda é grande por qualificação, como aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se, por um lado, o setor cresce exponencialmente, a mão de obra disponível não segue a mesma linha.

O setor de fabricação de móveis de madeira também vive realidade semelhante. A escassez de mão de obra é um desafio comum apresentado entre os sindicatos e preocupante para o setor moveleiro no Brasil.

Apesar da evolução tecnológica dos últimos anos, a demanda ainda é grande por qualificação, como aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) "

Ana Clara Caxito de Araújo e Renan Zopelaro da Silveira Pesquisadora do Centro Inovação e Tecnologia, e Instrutor de formação profissional, respectivamente, ambos do SENAI

Q Índice
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Principal centro de produção de móveis do estado de Minas Gerais e um dos maiores do Brasil, o polo moveleiro de Ubá conta com fábricas de móveis, serrarias e acabamentos elétricos. A maioria das empresas é de pequeno e médio portes, mas há também grandes indústrias. Essas empresas empregam cerca de 15 mil colaboradores e respondem por quase 25 mil empregos indiretos, gerando assim importante impacto econômico para a região.

Outros pontos importantes da região são a qualidade e a inovação. As empresas investem constantemente em tecnologia e design, produzindo móveis modernos e sofisticados. Presente no mercado exterior, elas exportam para os Estados Unidos, Europa e América do Sul.

Para garantir a qualidade e a competitividade desses produtos, é fundamental investir na formação e qualificação da mão de obra que atua nesse setor. Profissionais qualificados executam suas tarefas com maior agilidade e precisão, o que resulta em maior produtividade e menor desperdício de recursos, pois a habilidade técnica dos trabalhadores impacta diretamente a qualidade dos produtos fabricados.

A formação adequada também está relacionada à segurança no ambiente de trabalho. Conhecimento sobre técnicas seguras de manuseio de ferramentas e equipamentos reduz o risco de acidentes.

Mas, afinal, que tipo de qualificação da força de trabalho o mercado está buscando? Quais habilidades e competências precisamos desenvolver para estarmos alinhados com esses novos tempos? A solução requer uma análise detalhada da realidade do mercado, que deve ser comparada com o que está sendo feito em outros países. Também é necessário considerar as inovações tecnológicas que estão surgindo e como elas serão aplicadas nas várias atividades que influenciam nosso estilo de vida. No cenário dinâmico do mercado de trabalho contemporâneo, caracterizado pela constante evolução tecnológica, determinadas habilidades profissionais desempenham um papel crucial, especialmente na era da Indústria 4.0, que demanda profissionais capacitados a enfrentar desafios e aproveitar oportunidades proporcionadas por essa revolução industrial.

Segundo o Portal da Indústria, página eletrônica das quatro instituições que formam o Sistema Indústria (CNI, Sesi, Senai e IEL),

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foi-se o tempo em que dominar a teoria e conhecer a técnica eram suficientes para um profissional se destacar no mercado de trabalho. Hoje, com a constante transformação nos processos produtivos e na gestão de negócios, desenvolver habilidades práticas e competências socioemocionais se tornou fundamental para quem não quer ficar para trás. Entre as principais soft skills, ou seja, as características pessoais que influenciam no comportamento profissional, destacam-se: resolução de problemas complexos, ética no trabalho, comunicação eficaz, trabalho em equipe, gestão de tempo, criatividade e inovação, ordenar as informações, fluência de ideias, raciocínio indutivo e dedutivo, e raciocício matemático.

O investimento em capacitação é uma das estratégias de diversas empresas para contornar este desafio da oferta de força de trabalho, como é o caso das parcerias entre unidades do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) e o Polo moveleiro de Ubá e de um programa envolvendo o Senai-SP, a Indústria Brasileira de Árvores (Ibá) e a Associação Paulista de Produtores, Fornecedores e Consumidores de Florestas Plantadas (Florestar São Paulo), que vêm preparando profissionais para atuarem na operação de equipamentos do setor de florestas plantadas.

Da mesma forma, as empresas podem criar planos de desenvolvimento individual para cada colaborador que já faz parte do quadro da empresa, identificando suas habilidades e objetivos de carreira, e oferecer oportunidades de treinamento e capacitação que ajudem no desenvolvimento dessas habilidades. Isso demonstrará o comprometimento da empresa em investir no crescimento dos colaboradores e aumentará a retenção de talentos.

Esta proximidade entre as instituições de ensino e o setor produtivo é fundamental para que haja sinergia entre a qualificação da mão de obra e o dinamismo das demandas industriais. Tanto sob uma ótica macro, quando falamos do alcance dos objetivos nacionais para a indústria de base florestal, quanto micro, ao pensarmos no alcance da visão de cada empresa, o assunto “formação de mão de obra” deve estar em posição destaque, pois, assim como nas demais cadeias produtivas, não há possibilidade de atingirmos metas ou gerar inovação sem que essa força motriz esteja apta e engajada e seja capaz de produzir os resultados almejados.n

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Arte sobre a foto Valeu a pena, 2024

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