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PEDRO PROENÇA DESPEDE-SE ÁRBITRO INTERNACIONAL PORTUGUÊS COLOCA UM PONTO FINAL NA SUA CARREIRA

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Continente - 0,60 € (iva incluido) – Ilhas - S. Miguel e Madeira - 0,75 € (iva incluido) – Porto Santo 0,80 € (iva incluido)

Director: Angela Amorim | Distribuição Gratuita | www.edvsemanario.pt |

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DIÁRIO NACIONAL

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

Ano CXLVII | N.º 28

Sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

MILHÕES DO BCE VÃO COMPRAR DÍVIDA E AJUDAR ZONA EURO A SAIR DO BURACO

DRAGH! SALVADOR n O Banco Central Europeu (BCE) vai comprar mensalmente 60 mil milhões de euros de dívida pública e privada até setembro de 2016. “A compra terá início em março deste ano e durará pelo menos até ao final de setembro de 2016”, explicou o presidente Mario Draghi, que também confirmou a decisão de manter inalterada a taxa de juro de referência no mínimo histórico de 0,05%. O programa anunciado pelo do BCE foi elogiado por quase todos, mas agora, defendem, deve ser acompanhado por medidas que promovam o crescimento e o emprego...

EDUCAÇÃO

Professores do ensino artístico protestam em frente ao Ministério

PORTO

AANP pede apoio financeiro urgente para avançar com uma obra

SAÚDE

PCP acusa Governo de “condenar portugueses à morte antecipada”


local porto

2 | O Primeiro de Janeiro

Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015

AANP pede ajuda financeira urgente

Aumentar capacidade de alojamento de pessoas sem-abrigo A Associação dos Albergues Noturnos do Porto (AANP) pede apoio financeiro urgente à sociedade civil para avançar com uma obra de um milhão de euros, que visa aumentar em 25% a sua capacidade de alojamento de pessoas semabrigo. “É um investimento que significa um tremendo esforço financeiro por parte desta instituição”, explicou Miguel Neves, diretor daquela instituição que ajuda pessoas em pobreza extrema desde 1881. O mesmo responsável disse que as obras se iniciam já neste primeiro trimestre e que se vão desencadear, “brevemente, campanhas de angariação de apoios juntos dos habituais benfeitores”. “Vamos também tentar uma aprovação à uma candidatura aos novos fundos comunitários 2014-2020”, adiantou o dirigente da AANP, afirmando que um negócio próprio de produção de cogumelos ‘gourmet’, que a Associação tem, vai servir igualmente para gerar fundos que ajudem

SEM-ABRIGO. A Associação dos Albergues Noturnos do Porto pede apoio financeiro urgente à sociedade civil para avançar com uma obra de um milhão de euros

a ampliar o número de camas para os sem-abrigo. Atualmente, o serviço de acolhimento noturno os Albergues Noturnos têm capacidade para alojar 60 pessoas (49 homens e 11 mulheres). “Com as obras, vamos aumentar a capacidade para mais 15 camas. Portanto, no total vamos ter apoio no serviço noturno para 75 pessoas, em que 60 serão homens e 15 serão mulheres”, informou Miguel Neves. O diretor da instituição e psicólogo de formação afirma que continua a haver “um crescente número de solicitações”, a que a AANP “não consegue dar resposta”, porque não tem mais capacidade”. “Isto é mesmo uma questão de urgência disponibilizarmos mais camas”, porque há cada vez mais pessoas sem-abrigo e há cada vez mais pessoas com dificuldade em assegurar o seu alojamento autonomamente”,

alertou Miguel Neves, frisando que as obras de ampliação são reconhecidas como “necessárias”, quer pela Segurança Social, quer pelo próprio conselho local de ação social do Porto. As obras de reabilitação arrancam no edifício sede na Rua Mártires da Liberdade, centro do Porto, com uma primeira fase a contemplar o serviço de acolhimento noturno, “para melhorar as condições de acessibilidade, mobilidade e também de conforto, designadamente melhoramento térmico e acústico, melhorar as condições de balneários e sanitárias e o mobiliário. Essa primeira fase vai ter um investimento na ordem dos 800 mil euros e a empreitada arranca ao longo deste primeiro trimestre. A segunda fase, cujo investimento é superior a dois milhões de euros, é executada num edifício contíguo ao serviço de acolhimento noturno.

Na segunda fase das obras, prevêse a melhoria das condições do serviço de alimentação, do serviço de rouparia e do serviço de reabilitação e inserção social. “Estimamos que a obra esteja concluída em 2016”, prevê, sublinhando que a obra vai desenvolver-se sem interferir com a segurança e higiene serviço dos Albergues Noturnos e sem que ninguém tenha de voltar para a rua, garante o responsável. A AANP foi fundada a 01 de dezembro de 1881 pelo rei Luís I para responder à pobreza extrema, mantendo-se fiel a esse desígnio que é “infelizmente atual” e daí a necessidade de reabilitação do edifício, sustenta o responsável. “As pessoas vão passar de camaratas com capacidade até 25 pessoas, para quartos no máximo com sete camas, havendo logo aí uma melhoria significativa”, concluiu Miguel Neves.

Douro Azul tem novos projetos para Gaia

Nova unidade de atracagem e um hotel O presidente da Câmara de Gaia anunciou que a empresa de cruzeiros Douro Azul pretende ter uma nova unidade de atracagem no rio Douro, perto da ponte do Infante, bem como construir na zona ribeirinha um hotel. “Temos um projeto da Douro Azul, com uma unidade de atracagem e outra hoteleira, que vai permitir reabilitar a zona e criar postos de trabalho”, revelou Vítor Rodrigues aos jornalistas, no âmbito de uma visita que realizou à empreitada de reconstrução e estabilização de 20 metros da escarpa, num troço da rua Cabo Simão, situado entre as pontes Luís I e Infante.

Segundo o mesmo autarca, tendo a Câmara definido que a orla marítima merece toda a atenção do ponto de vista da manutenção enquanto a orla ribeirinha merece toda a atenção em termos de investimento, o objetivo atual é “começar por fazer obra que diminua os riscos, mas que de forma acoplada possa induzir investimento privado” para criação de “potencial económico”. Presente nesta visita, o secretário de Estado do Ambiente, Paulo Lemos, que com Vítor Rodrigues trocou “impressões para se tentar arranjar financiamento” para o projeto em causa poder avançar, destacou que a

prioridade é consolidar a escarpa, em “risco de erosão acentuada” e perigo “para a navegação e pessoas”. A empreitada em causa, com um custo de cerca de 123 mil euros, é da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), sendo financiada através do Fundo de Proteção dos Recursos Hídricos. A unidade de atracagem “ficará com uma plataforma superior para presença de autocarros”, sendo, por isso, necessário consolidar a escarpa e reabilitar a rua Cabo Simão. Vítor Rodrigues considerou ainda “fundamental” fazer a ligação entre as cotas alta e baixa da ponte Luís I

e o edifício que serviu de estaleiro para as obras de construção da ponte São João. Para o presidente, este é um projeto que não tinha que esperar pela criação do grupo de trabalho na Área Metropolitana do Porto (AMP) para a valorização do rio Douro. “O grupo de trabalho vai com certeza integrar projetos que estejam a ser desenvolvidos, mas não tinha que esperar pelo grupo para fazer o meu próprio trabalho”, sustentou o autarca de Gaia. A proposta da criação deste grupo de trabalho vai ser formalizada ainda este mês, na reunião do Conselho Metropolitano do Porto.

Ex-presidente da Câmara de Matosinhos

Narciso Miranda absolvido

O ex-presidente da Câmara de Matosinhos Narciso Miranda foi ilibado de desviar dinheiro de uma associação mutualista que liderou e de simular o roubo de um `smartphone´. O ex-autarca estava ainda acusado, enquanto presidente do conselho de administração da Associação de Socorros Mútuos de S. Mamede Infesta (ASMSMI), em Matosinhos, dos crimes de abuso de confiança, peculato e participação económica em negócio de que também foi absolvido. Segundo a acusação, quando desempenhava aquelas funções, Narciso Miranda terá adjudicado serviços a empresas de que faziam parte familiares, alguns deles de forma ilegal ou nunca realizados. Uma das filhas de Narciso Miranda e um ex-sócio desta também eram arguidos no processo por, alegadamente, terem participado no esquema que lesou a ASMSMI. O tribunal de Matosinhos absolveu a filha de Narciso Miranda, mas condenou o ex-sócio daquela a uma pena suspensa de 16 meses. Na Prégaia – Prefabricados

Trabalhadores não desarmam

Os trabalhadores da Prégaia – Prefabricados prometem continuar concentrados à porta da empresa, na Maia, para impedir a saída de camiões das instalações até terem garantias do pagamento dos salários em atraso, informou um dos funcionários. “Vamos manternos aqui até o problema ficar resolvido, ou seja, até que os camiões sejam descarregados ou até haver garantias de que o [dinheiro do] material vendido é para nós”, afirmou Vítor Brandão, trabalhador da empresa que já pediu insolvência. “Se os camiões tentarem sair, fazemos um cordão humano, deitamo-nos no chão… Se passarem por cima de um de nós, paciência”, avisou Ricardo Silva, outro funcionário. O trabalhador de 31 anos, empregado na Prégaia desde 2004, explicou que, pelas 17h00 de quarta-feira, a PSP quis desimpedir os portões tapados pelos carros dos funcionários e que estes acederam ao pedido com a garantia de que tal não viabilizaria a saída dos camiões. “Tiramos os carros, mas continuamos aqui e os camiões estão retidos dentro da empresa. Ordeiramente desimpedimos a passagem, mas os camiões não saíram”, esclareceu.


regiões

Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015

O Primeiro de Janeiro | 3

Oftalmologista holandês condenado por negligência grave

Pena suspensa Quatro pessoas ficaram parcialmente cegas na sequência de infeções contraídas após terem sido operadas em Lagoa. No Baixo Vouga

Hospital nega marcação de cirurgias fictícias A administração do Centro Hospitalar do Baixo Vouga (CHBV) assegurou, ontem, que “não foi identificada qualquer atividade fictícia” na marcação de cirurgias, cujo agendamento foi inspecionado. Em comunicado, aquela entidade admite, contudo, que, há cerca de um ano, “o processo de agendamento do Sistema de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), foi objeto de auditoria externa por parte da IGAS que, concluiu pela existência de algumas irregularidades que foram sanadas”. O deputado do PS Filipe Neto Brandão anunciou, ontem, que requereu ao ministro da Saúde esclarecimentos sobre uma denúncia à Ordem dos Médicos de estarem a ser marcadas “cirurgias fictícias” no Centro Hospitalar do Baixo Vouga.

O médico oftalmologista holandês que foi acusado de negligência grave depois de quatro pessoas terem ficado parcialmente cegas na sequência de operações foi, ontem, condenado, em Portimão, à pena suspensa de quatro anos e oito meses de prisão. O tribunal de Portimão condenou também um outro funcionário da clínica, acusado de usurpação de funções, à pena suspensa de dez meses de prisão. O médico holandês Franciscus Versteeg, ausente de todas as sessões do julgamento - autorizado pelo tribunal -, ficou ainda obrigado ao pagamento de 15.120 euros ao Centro Hospitalar de Lisboa Central, no prazo de 18 meses, e 5.000 euros ao

LAGOA. Quatro pessoas ficaram parcialmente cegas na sequência de infeções contraídas após terem sido operadas na clínica I-QMed

Centro Helen Keller, no prazo de 24 meses. O clínico estava acusado pelo Ministério Público (MP) de quatro crimes de ofensa à integridade física por negligência agravada, depois de quatro pessoas terem ficado parcialmente cegas na sequência de infeções contraídas após terem sido operadas na clínica I-QMed, que funcionava no concelho de Lagoa, no Algarve. O coletivo de juízes considerou como provados em julgamento a maioria dos factos constantes no despacho de pronúncia, nomeadamente os ocorridos no pós-operatório, que resultaram na infeção dos pacientes, não tendo ficado provada a origem da bactéria causadora da infeção. Para Valdelene Aparecida, uma das pacientes operadas em 2010 na clínica de Lagoa e a única presente durante a leitura do acórdão, “foi feita em tribunal a justiça possível”. Os advogados dos dois arguidos escusaram-se a prestar declarações.

Violência doméstica em Setúbal

Morta pelo marido

Três religiões rezam juntas em Lisboa pela paz

Uma mulher foi morta pelo marido, na madrugada de ontem, na habitação onde o casal residia, em Setúbal. O agressor, que apresentava ferimentos de arma branca, foi transportado, sob detenção, para o Hospital São Bernardo. Segundo relato do Jornal de Notícias, a PSP recebeu um alerta, cerca das 04h45 horas, para um possível homicídio em Setúbal, no interior de

uma residência. Quando os agentes chegaram ao local encontraram uma mulher, com cerca de 50 anos, “no solo, com sinais de violência e vestígios de sangue”. Uma equipa do INEM socorreu a vítima mas a tentativa de reanimação foi infrutífera e a mulher acabou por morrer. “Foi ainda possível, após mediação verbal com psicólogos do INEM, retirar uma arma

Plano custa um total de dois milhões de euros

Muçulmanos, cristãos e judeus vão rezar juntos pela paz, em Lisboa, numa reação aos atentados de Paris que causaram 20 mortes, incluindo as dos autores dos ataques à redação do jornal satírico Charlie Hebdo e a um supermercado judeu. “Em relação aos trágicos acontecimentos de que temos tido notícias, foi decidido pelas três religiões abraâmicas - judaica, cristã e islâmica - fazerem-se orações” em Lisboa, anunciou, em comunicado, o presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa, Abdool Vakil. As orações decorrerão hoje (dia de oração para os muçulmanos), pelas 13h15, na Mesquita de Lisboa, amanhã (dia de descanso para os judeus) pelas 19h30 na Sinagoga de Lisboa e domingo (Dia do Senhor para os cristãos) pelas 10h30 na paróquia de Campolide. “Esperemos que estas orações[...] sejam, mais uma vez, exemplo de como nos devemos portar neste mundo de diversidade cultural e religiosa”, sublinhou Abdool Vakil..

Restauro da Igreja dos Jerónimos até 2020

Uma equipa de especialistas em conservação e restauro do património vai tratar das “doenças” da igreja dos Jerónimos até 2022, data em que o monumento mais visitado do País, com 2,5 milhões de entradas anuais, celebra 500 anos. A intervenção em curso desde 2013 – foi, ontem, apresentada aos jornalistas por responsáveis da Direção-Geral do Património (DGPC) e da World Monuments Fund Portugal (WMF Portugal). “É um projeto de grande importância porque é fundamental a prevenção e a recuperação do património do País”, sublinhou o diretor-geral do Património, Nuno Vassallo e Silva. O plano está estimado num total de dois milhões de euros.

branca ao suspeito, cidadão com cerca de 50 anos e marido da senhora que atentava suicidar-se”, explicou a PSP. “A PSP confirma a existência de uma denúncia por violência doméstica, no âmbito de um processo de divórcio”, lê-se ainda no comunicado, sublinhando: “a vítima regressou por vontade expressa da mesma para a sua residência”.


nacional

4 | O Primeiro de Janeiro

Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015

Mantendo a Bolsa de Contratação de Escola

Novo Banco

MEC quer antecipar concursos O Ministério da Educação propôs à Federação Nacional dos Professores (Fenprof) uma antecipação dos prazos dos concursos, mas mantendo o modelo da Bolsa de Contratação de Escola (BCE). De acordo com o sindicalista Vítor Godinho, responsável pelos concursos no Secretariado Nacional da Fenprof, o Ministério da Educação quer constituir a BCE em junho, em vez de ser em setembro. O modelo testado no presente ano letivo fez com que algumas escolas estivessem dois meses e meio à espera de professor, recordou Vítor Godinho, após uma reunião de caráter técnico, no Ministério da Educação. Uma das principais queixas dos diretores escolares, em relação aos problemas verificados com os atrasos na colocação de professores, foi justamente o facto de o modelo em causa permitir, em teoria, que todos os professores possam concorrer a todas as escolas abrangidas pela BCE (cerca de 300), originando colocações múltiplas. “É um processo opaco”, considerou o sindicalista, defendendo que o primeiro colocado numa escola será certamente o primeiro colocado também noutras escolas, o que só resolve o problema de uma escola e mantém o das outras, que continuarão a tentar preencher o lugar, após o candidato fazer a sua opção. Para a Fenprof, a antecipação de prazos

EDUCAÇÃO. Os professores do ensino artístico protestaram ontem em frente ao Ministério, numa iniciativa organizada pela Fenprof

só resolverá parte do problema. “Corremos o risco de começar setembro com problemas novamente”, disse. Segundo o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, o Governo recorreu a este mecanismo para conseguir que os ordenados dos professores contratados nas escolas com autonomia e Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP) sejam pagos por fundos europeus, ao abrigo do Programa Operacional de Potencial Humano (POPH). A Fenprof vai continuar a defender que as colocações sejam feitas através de concurso nacional, com base na graduação profissional, que cruza a classificação profissional do docente com o tempo de serviço. “Se assim for, as vagas por preencher serão residuais e os atrasos não demorarão mais do que dois ou três dias a resolver”, defendeu Vítor Godinho. De acordo com a mesma fonte, o Ministério da Educação não propôs qualquer alteração da legislação na reunião realizada

nas instalações da avenida 5 de Outubro, em Lisboa. Vítor Godinho adiantou ter recebido do ministério a informação de que estão já a ser contactados os diretores de escolas, no sentido de perceber os problemas que encontram e as soluções que apontam nesta matéria. Protesto “artístico” Músicas como “Acordai!”, “Vou-me embora vou partir” e “Os vampiros” substituíram as habituais palavras de ordem no protesto de professores do ensino artístico, frente ao Ministério da Educação, em Lisboa, pela contagem do tempo de serviço. Meia centena de docentes contratados, dos conservatórios e escolas públicas com ensino artístico especializado, juntaram-se, numa iniciativa organizada pela Fenprof, para exigir que o tempo de serviço seja contado desde o dia 01 de setembro, apesar dos atrasos verificados nas colocações. O facto de os contratos contarem apenas a partir

do dia 15 de setembro faz com que não seja contabilizado um ano de serviço completo, o que fará interromper o ciclo de cinco anos de trabalho consecutivo em horário completo, necessário à vinculação, explicaram aos jornalistas os responsáveis sindicais presentes na concentração. Os professores alegam que a plataforma informática dos serviços do Ministério da Educação em que as escolas deveriam colocar os horários ficou bloqueada, não sendo por isso possível a muitas escolas concluírem os procedimentos antes do dia 15. Durante a manifestação, o secretáriogeral Mário Nogueira disse aos jornalistas que o Ministério da Educação decidiu incluir este ponto na ordem de trabalhos de uma reunião a realizar com a organização sindical, a propósito da mobilidade dos professores. “Estão nesta situação todos os professores contratados que existem nos seis conservatórios (Lisboa, Braga, Porto, Coimbra, Aveiro e Açores) e nas escolas artísticas António Arroio e Soares dos Reis”, afirmou, destacando: “Este é um problema ainda mais grave porque se, no caso das escolas públicas, em geral, a precariedade anda na ordem dos 15% a 16%, no caso das escolas artísticas anda na ordem dos 50 por cento”. Mário Nogueira considera ainda que os atrasos foram deliberados para retirar tempo de serviço aos professores, uma vez que pela lei os contratados antes de 15 de setembro ficam com o ano completo para esse efeito. “Este lapso de 15 dias é suficiente para quebrar o ano todo”, lamentou o líder da Fenprof. Os professores manifestaram-se ainda indignados por a delegação que se dirigiu ao edifício do ministério para entregar a carta ter sido recebida no átrio exterior por uma funcionária. Os docentes abandonaram o protesto entoando novamente os primeiros versos de “Vou-me embora/vou partir… mas tenho esperança”, empunhando cartazes nos quais se lia “Pela Vinculação” e “Je Suis Professor, Músico, Cidadão”.

PCP e a redução de 900 camas no SNS

Condenados à “morte antecipada” O PCP acusou o Governo de “condenar os portugueses à morte antecipada” com cortes no Serviço Nacional de Saúde e a redução de 900 camas, enquanto a maioria criticou que “se faça chicana política” com a saúde. Numa declaração política no Parlamento, a deputada comunista Carla Cruz fez um retrato negro da atual situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e particularmente das urgências, tendo sido acompanhada por PS, BE e PEV nas críticas ao ministério tutelado por Paulo Macedo. “A rutura dos serviços de urgência é resultado da política de redução de profissionais e condições materiais para dar resposta às necessidades, do encerramento de serviços de proximidade e degradação dos serviços de urgência”, afirmou. A deputada do PCP referiu que “nestes quatro anos foram reduzidas mais de 900 camas no SNS”, uma medida que “foi um erro”, tanto que “algumas estão agora a ser reabertas”. “A rutura dos serviços de urgência aí está a confirmar que temos razão

quando acusamos o Governo de condenar os portugueses à morte antecipada”, continuou. Carla Cruz disse saber de vários serviços de saúde com ordem de encerramento, contradizendo declarações do ministro da Saúde, e criticou a maioria PSD/CDS por “perante o desastre que está criado” tentarem “fugir às responsabilidades” e impedir que Paulo Macedo preste contas. Neste contexto, a parlamentar comunista adiantou que, além do agendamento potestativo para ouvir o governante, o PCP vai promover no dia 30 uma audição pública na Assembleia da República sobre defesa do SNS. O deputado social-democrata e líder da JSD, Simão Ribeiro, reagiu com indignação e apresentando números diferentes: “Tem a coragem e a lata de dizer que há algum doente em situação urgente que deixou de ser atendido? Esta maioria e esta bancada não faz chicana política com a saúde dos portugueses”. “Em 2011 o nosso país era um comboio desgovernado e atulhado em

dívida, só no SNS a maioria encontrou três mil milhões em dívidas a fornecedores e pagou já mais de dois mil milhões de euros, recapitalizou os hospitais e reforçou meios e técnicos”, afirmou, referindo que há “mais 2200 médicos do que em 2011 e mais mil camas nos hospitais do SNS” e pedindo a distribuição de um documento dos serviços da administração central de Saúde. Da bancada do CDS, a deputada Teresa Caeiro acusou o PCP de “cavalgar a onda dos dramas humanos para fazer política partidária” e de pretender apropriar-se da defesa do SNS. “Os senhores de facto têm uma cassete única que repetem ‘ad nauseam’ utilizando sempre os mesmo clichés, acabam sempre a falar dos grandes grupos económicos a propósito de tudo e de nada, vaticinam o fim do SNS há 35 anos mas ele continua e com indicadores sempre melhores”, atirou. Já a deputada do PS Luísa Salgueiro considerou que os problemas nos serviços de urgência estão a “desmascarar o falso

prestígio de Paulo Macedo”, que “muito preocupado com a sua imagem conseguiu indo disfarçar o efeito dos cortes que foi produzindo”. A socialista defendeu a ação dos governos socialistas na saúde e afirmou que atualmente os utentes “dirigem-se logo à urgência porque não há retaguarda” e “as camas de convalescença estão a ser encerradas”: “De 2006 a 2011 abriram 300 unidades de saúde familiar e os senhores [Governo PSD/CDS] abriram 90”. Helena Pinto, do BE, disse que as opções do Ministério da Saúde estão a pôr em causa “ganhos em saúde construídos ao longo de décadas por profissionais dedicados”. “Existe uma geração de pessoas que nunca pensou vir a assistir à situação que temos visto nos serviços de saúde. É exatamente porque temos memória que nunca pensamos que quatro décadas depois do 25 de Abril e da criação do SNS se assistisse à triste situação dos hospitais e serviços de urgência, temos memória e não queremos voltar atrás”, criticou, dirigindo-se à bancada do PSD.

Clientes exigem reaver dinheiro investido

Clientes do Novo Banco que subscreveram dívida do Grupo Espírito Santo nos balcões do antigo BES manifestaram-se, ao final da manhã, junto à sede do banco, em Lisboa, apelando a soluções que permitam reaver o dinheiro investido. “Perdi 100 mil euros em papel comercial, as poupanças de uma vida que guardei para a minha reforma e para poder ajudar os meus filhos”, contou António Maneiras, um reformado de 76 anos que veio do Seixal para se juntar ao protesto, que reuniu pouco mais de uma dezena de pessoas. António recordou o dia em que decidiu investir em papel comercial do banco: “A minha gestora do BES contactou-me, sabia que eu tinha vendido ações e tinha o dinheiro disponível, ofereceu-me 5% de juros e garantiu-me que não punha o meu dinheiro em risco”. O mesmo reformado disse ainda que é nos jornais que consegue alguma informação sobre o processo do BES, uma vez que o banco não lhe faculta qualquer informação sobre quando ou como poderá reaver os seus cem mil euros. A maioria das pessoas presentes no protesto tinha mais de 50 anos e vieram do norte do país, nomeadamente do Porto. Forças Armadas

Redução superior a três mil efetivos

O Conselho de Ministros fixou o efetivo máximo das Forças Armadas em 31 563 militares para 2015, incluindo os que estão na reserva mas em efetividade de serviço, o que representa uma diminuição superior a três mil efetivos. “O diploma agora aprovado resulta da aplicação da nova Lei Orgânica de Bases da Organização das Forças Armadas, sendo um importante passo no sentido da transparência e do rigor na gestão dos recursos humanos nas Forças Armadas”, refere o comunicado publicado no final da reunião do Conselho de Ministros. O comunicado do Governo assinala que nesta fixação de efetivos “é considerado o objetivo fixado em abril de 2013, por resolução do Conselho de Ministros, que aprovou as linhas de orientação para a execução da reforma estrutural da defesa nacional e das Forças Armadas, designada por Reforma Defesa 2020”. “O efetivo máximo das Forças Armadas para 2015, incluindo os militares na situação de reserva na efetividade de serviço, é fixado em 31563 militares, o que significa uma redução de 3310 militares face à situação atual”, pode ler-se no mesmo comunicado.


Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015

economia

O Primeiro de Janeiro |

Aquisição de dívida pública e privada vai durar até setembro de 2016

BCE anuncia compras de 60 mil milhões por mês No final, programa de alívio que o BCE criou para tentar combater a baixa inflacção chegará aos 1,14 biliões de euros.

Alemanha avisa Paris, Roma e Atenas

“Mais reformas”

O ministro da Economia e vice-chanceler alemão, o social-democrata Sigmar Gabriel, instou, ontem, a França, Itália e Grécia a levarem a cabo reformas estruturais mesmo que o preço político seja muito elevado. “ A nossa experiência na Alemanha com as reformas estruturais indica que se precisou de muito tempo até decidirmos implementá-las o que criou muitas discussões políticas e conflitos internos. Além do mais, só recolhemos os frutos oito ou dez anos depois de as introduzirmos”, disse, questionando: “Porque motivo seria diferente na Europa?” “Como alemão, digo que algumas das reformas estruturais necessárias em França e Itália, e que os gregos deveriam ter feito há muito tempo, são muito mais duras do que aquelas que os alemães pretendiam. Esta é a realidade”, acrescentou Gabriel. O vice-chanceler alemão disse também que não se pode deixar apenas ao BCE toda a tarefa de estimular o crescimento e o emprego e que o governo alemão está convencido de que o programa da Comissão Europeia e do presidente, Jean-Claude Juncker, concede, pelo menos, a “oportunidade” de combinar reformas estruturais e iniciativas de crescimento.

Mario Draghi anunciou, ontem, que o BCE vai comprar mensalmente 60 mil milhões de euros de dívida pública e privada até setembro de 2016, uma compra que terá início em março deste ano e durará pelo menos até ao final de setembro de 2016. No total, o programa de alívio vai gastar 1,14 biliões de euros. O Conselho de Governadores “decidiu lançar um programa alargado de compra de ativos”, anunciou o presidente do BCE na conferência de imprensa que se seguiu à primeira reunião deste ano da instituição, justificando a medida com o persistente nível de inflação muito baixo. Mario Draghi disse ainda que 20% da compra de títulos terá risco partilhado. O Banco de Portugal tem 2,5% da instituição, logo, os bancos portugueses poderão vender ao BCE um máximo de 28,5 mil milhões de euros. A diretora-geral do Fundo Monetário Internaciona, Christine Lagarde, aplaudiu o programa, defendendo que a medida deve ser acompanhada por reformas estruturais na zona euro. “Aplaudimos as medidas anunciadas”, afirmou Christine Lagarde, numa nota escrita enviada à comunicação social, acrescentando que o programa de compra de dívida pública “vai aumentar fortemente as perspetivas de o BCE alcançar o seu mandato de estabilidade de preços”. Ainda assim, a diretora-geral do FMI considera que se “mantém essencial” que a política monetária do BCE seja acompanhada por “ações abrangentes e atempadas”, destacando a necessidade de reformas estruturais para impulsionar o crescimento potencial e dinamizar a procura. Para Christine Lagarde, as medidas anunciadas vão ajudar a reduzir os custos de financiamento na zona euro, aumentar as expectativas de

DÍVIDA. BCE decidiu seguir os exemplos da Reserva Federal nos Estados Unidos, do Banco de Inglaterra e do banco de Japão

Em linha com Europa

PSI20 fecha a ganhar 2,36 % impulsionado pela PT

O principal índice da bolsa de Lisboa, PSI20, encerrou, ontem, a valorizar 2,36% para 5.273,15 pontos, em linha com as principais praças europeias, e com a Portugal Telecom SGPS a liderar os ganhos, tendo avançado quase 24%. Entre as 18 cotadas que atualmente integram o PSI20, catorze valorizaram, três

recuaram e uma fechou inalterada (Banif, nos 0,006 euros). Os títulos da Portugal Telecom SGPS foram os que registaram a maior subida: valorizaram-se 23,94% para 0,79 euros, em dia da assembleia-geral de acionistas para votar a venda da PT Portugal à francesa Altice. Na Europa, as praças fecharam em terreno positivo, horas depois de o Banco Central Europeu (BCE) ter anunciado que vai comprar mensalmente 60 mil milhões de euros de dívida pública e privada até setembro de 2016.

inflação e reduzir o risco de período prolongado de baixa inflação. A baixa inflação da zona euro tem dominado as preocupações quanto à evolução da economia e determinou uma ação em maior escala do BCE – ontem conhecida -, que tem como principal objetivo atingir, a médio prazo, uma taxa de inflação próxima, mas abaixo de 2%. As decisões do Banco Central Europeu (BCE) não devem “desviar-nos do caminho das reformas”, declarou, por seu turno, em Davos a chanceler alemã, Angela Merkel. “A decisão do BCE não pode afastarnos do caminho” das reformas necessárias para os governos europeus, declarou Merkel, sobre uma medida que a Alemanha não defende. A eurodeputada portuguesa Elisa Ferreira, porta-voz dos Socialistas Europeus para os Assuntos Económicos, considerou que a decisão tomada pelo BCE, de comprar dívida, era necessária, mas defendeu que, por si só, não é suficiente. “A ação de hoje [ontem] do BCE é muito necessária, mas não será suficiente para colocar a Europa num caminho sustentável rumo ao crescimento”, considerou a deputada do PS ao Parlamento Europeu, para quem é agora necessário fazer pleno uso da flexibilidade nas regras de política orçamental e implementar rapidamente um” programa de investimento europeu forte”. Elisa Ferreira preconizou também uma maior coordenação de políticas económicas, de modo a que os países com maiores excedentes “também façam a sua parte” em apoiar a procura e criar confiança num “crescimento económico equilibrado” por toda a Europa. Menos entusiástica foi a reação do Partido Popular Europeu (PPE), a maior família política europeia, e que integra as delegações do PSD e CDS-PP. O porta-voz do PPE para os Assuntos Económicos, Burkhard Balz, disse acreditar que o BCE vai agir de forma responsável e totalmente transparente, mas observou que a instituição “terá que explicar por que é que ações que vão além das medidas convencionais de política monetária, como a alteração das taxas de juro, são necessárias e justificadas”.


6 | O Norte Desportivo

desporto

Sexta-feira, 23 de Janeiro de 2015

Benfica pode alcançar nove jogos seguidos a vencer em P. de Ferreira

À procura da décima Já o FC Porto desloca-se a casa do Marítimo com a mira apontada à quinta vitória consecutiva na Liga. O líder Benfica procura somar na deslocação de segunda-feira ao recinto do Paços de Ferreira, em jogo que encerra a 18.ª jornada, primeira de segunda volta, a décima vitória consecutiva na I Liga. Os «encarnados», que possuem uma vantagem de seis pontos sobre o FC Porto, que já venceram no Dragão (2-0), surgem em Paços de Ferreira no pico de um ciclo goleador, com 16 golos marcados e nenhum sofrido nos últimos cinco jogos (I Liga e Taça da Liga). O FC Porto, o mais direto perseguidor do Benfica, desloca-se a casa do Marítimo (11.º), sendo que venceu na primeira volta por 2-0, com a mira apontada à quinta vitória consecutiva na Liga, tal como os «encarnados», ao ritmo das goleadas. Penafiel (3-1), Belenenses (3-0), Gil Vicente (5-1) e Vitória de Setúbal (4-0) são os resultados «gordos» obtidos pelo FC Porto, que vem de um empate na Taça da Liga, nas últimas quatro jornadas da Liga e que contribuem para que os «dragões» sejam a equipa mais concretizadora, com 42 golos marcados, somando mais um do que o Benfica (41). A 18.ª jornada, primeira da segunda volta, começa, no entanto, amanhã com a receção do Vitória de Guimarães, quarto classifica-

Defesa central

Sporting anuncia contratação de Ewerton

O Sporting anunciou, ontem, a contratação do brasileiro Ewerton, que chega por empréstimo da equipa russa do Anzhi Makhachkala até ao final da época. O Sporting salienta ainda que o negócio está sujeito a exames médicos a realizar pelo jogador e que fica com opção de compra no final da temporada, “por um montante de 1,5 milhões de euros”. O defesa central brasileiro, de 25 anos, estava na sua terceira época no Anzhi Makhachkala, segunda divisão russa. Ewerton regressa assim futebol português, depois de ter alinhado no Sporting de Braga.

I LIGA. Benfica procura somar na deslocação de segunda-feira ao recinto do P. Ferreira a décima vitória consecutiva do a dois pontos do Sporting, ao ‘lanterna vermelha’ Gil Vicente, que soma apenas uma vitória e seis empates nos 17 jogos realizados. O Sporting, que empatou com os «estudantes» a 1-1 na ronda inaugural da I Liga, em Coimbra, vem de uma derrota por 3-2 frente ao Belenenses, para a Taça da Liga, depois de ter estado a vencer por 2-0, que interrompeu um ciclo de seis triunfos consecutivos em todas as competições. A Académica, que, por sua vez, venceu quarta-

feira o Rio Ave para a Taça da Liga (1-0), somou a sua única vitória na I Liga em casa do Arouca (1-0). O Sporting de Braga, quinto classificado a três pontos do rival minhoto Vitória de Guimarães, desloca-se a casa do Boavista, depois do empate comprometedor alcançado frente ao FC Porto (1-1), para a Taça da Liga, em que os “dragões” terminaram com nove. Na primeira volta a formação bracarense venceu por 3-0, numa

altura em que a máquina «axadrezada» estava ainda em fase de afinação, no regresso ao escalão principal do futebol português, após uma punitiva passagem pelos secundários. A 18.ª jornada integra ainda os jogos Belenenses-Penafiel, Vitória de Setúbal-Rio Ave, MoreirenseNacional e Estoril-Arouca, todos entre equipas que lutam entre si no «miolo» da tabela pela tranquilidade e fuga aos lugares de despromoção.

Adeus do melhor árbitro português aos 44 anos

Natação adaptada

Pedro Proença anuncia final da carreira O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) enalteceu o percurso do lisboeta Pedro Proença, que, ontem, anunciou o fim da carreira de árbitro. “O CA da FPF congratula-se pelo brilhante percurso, nacional e internacional, conseguido pelo árbitro Pedro Proença, que anunciou o final da sua carreira na arbitragem”, lê-se no comunicado. O órgão federativo destaca a “a presença nas finais do Campeonato da Europa de 2012, da Liga dos Campeões de 2012, do Campeonato da Europa de sub-19 de 2004, na fase final do Campeonato do Mun-

RETIRADA. Proença anunciou o fim da sua carreira de 16 anos, em conferência de imprensa na sede da FPF

do de 2014, no Brasil, e no Campeonato do Mundo de Clubes de 2014, em Marrocos”. “Pedro Proença elevou a arbitragem portuguesa aos mais altos patamares internacionais. Por tudo isto, o Conselho de Arbitragem deseja as maiores felicidades pessoais e profissionais a Pedro Proença”, concluiu o CA. Proença, de 44 anos, anunciou o fim da sua carreira de 16 anos, em conferência de imprensa na sede da FPF, e na presença de Luís Filipe Vieira, Bruno de Carvalho e Antero Henriques, depois de ter arbitrado pela última vez a 20 de dezembro, no jogo de atribuição do terceiro

lugar do Mundial de clubes, em Marrocos. Pedro Proença, de 44 anos, fez 168 jogos na I Liga portuguesa e mais de 370 em todas as competições nacionais e internacionais, tendo arbitrado duas finais da Taça de Portugal, duas da Taça da Liga e três vezes a Supertaça. Internacional desde 2003, Proença esteve em mais de 50 jogos das competições europeias, com realce para a presença na final de Liga dos Campeões de 2012. A nível de seleções, Proença atingiu o ponto mais alto com a presença na final do Euro2012 (Espanha-Itália).

Europeu de 2016 organizado em Portugal

O Comité Paralímpico Internacional (IPC) atribuiu, ontem, a Portugal a organização do campeonato europeu de natação adaptada de 2016, que irá decorrer no Funchal, anunciou a Federação Portuguesa de Natação (FPN). Para o presidente da FPN, António José Silva, o evento, que decorrerá entre 24 de maio e 4 de junho, poderá ser “um motor de desenvolvimento da prática da prática desportiva e consequente aumento do número de nadadores com deficiência” e uma forma de “afirmar Portugal como organizador de grandes eventos desportivos”.


Sexta-feira, 23Outubro Janeiro de de 2015 Terça-feira, 7 de de 2014 Terça-feira, 30 de Dezembro 2014

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DIRETORES ESCOLARES ALERTAM

Pode aumentar desigualdades Os diretores escolares alertam para o perigo de a transferência de competências para as autarquias poder aumentar as desigualdades entre alunos de diferentes municípios, tendo pedido ao Governo mais poderes para as escolas. Representantes das duas associações que representam os diretores escolares foram recebidos no Ministério da Educação e Ciência para discutir o projeto de descentralização de educação, que deverá começar a ser testado no próximo ano letivo em dez municípios. No final do encontro e em declarações aos jornalistas, os diretores censuraram o Governo por só agora os terem chamado para apresentar oficialmente o projetopiloto. “O processo foi todo feito sem termos sido chamados”, criticou o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, depois da reunião com os secretários de Estado do Ensino e da Administração Escolar, João Casanova de Almeida, do Ensino Básico e Secundário, Fernando Egídio Reis, e da Administração Local, António Amaro. A mesma crítica foi feita pelo presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Adalmiro Fonseca: “Até agora não recebemos nenhum documento, nenhuma proposta. Foi através de colegas, que fomos tendo acesso aos documentos”. Os secretários de Estado João Casanova de Almeida e António Amaro explicaram que até agora tiveram encontros com as autarquias e diretores escolares que estão “envolvidos neste projeto”. Os diretores escolares dizem-se a favor da descentralização, “mas não desta”, resumiu Manuel Pereira, alertando para o perigo de poder aumentar as desigualdades regionais, tendo em conta as diferenças entre autarquias. “A maior parte dos municípios não tem sensibilidade nem recursos para tratar deste assunto”, alertou Manuel Pereira, admitindo estar “receoso de poder haver desigualdade na preparação dos alunos”. As associações pediram agora ao Executivo mudanças na composição e poderes dos Conselhos Municipais de Educação (CNE): “A legislação deve ser alterada para que os diretores possam estar nesses concelhos e o órgão deve deixar de ser meramente consultivo para ter poderes deliberativos. Não queremos ser apenas elementos de decoração”, revelou Manuel Pereira. Sobre a proposta de o CNE ter um poder vinculativo, o secretário de estado António Amaro admitiu que tal possa acontecer em determinadas matérias, mas apenas nos Conselhos Municipais de Educação das autarquias onde seja implementado o projeto. José Eduardo Lemos, presidente do Conselho de Escolas, também lamentou a falta de participação formal das escolas neste processo: “Isso preocupa-nos e o Conselho de Escolas não pode concordar com essa posição, em que as escolas sejam meras figurantes do processo”. O secretário de estado António Amaro sublinhou que este projeto tem “quatro características principais”, sendo a “regra de ouro” a de melhorar a qualidade educativa. Além disso, não poderá haver aumento de despesa do estado, não irá incluir gestão de docentes e irá respeitar e reforçar a autonomia dos agrupamentos. Já o secretário de Estado da Administração Escolar lembrou que este projeto será acompanhado e monitorizado e que a sua continuidade estará sempre depende do seu sucesso. Se não existir melhoria ou manutenção dos resultados escolares e dos resultados do abandono escolar “nenhum projeto pode continuar”, concluiu João Casanova de Almeida.

Projeto visa preparar reinserção pela arte

Jovens reclusos do Norte no Ecoar Cerca de 160 reclusos de quatro estabelecimentos prisionais do Norte vão participar no Ecoar, projeto que procura através da arte estimular jovens a seguir percursos formativos, bem como ajudar na preparação da reinserção, indicaram os responsáveis. Financiado pelo Programa Cidadania Ativa da Fundação Calouste Gulbenkian, o Ecoar – Empregabilidade, Competências e Arte, será dinamizado ao longo de 2015 pela estrutura artística Pele – Espaço de Contacto Social e Cultural. “A ideia é que, através da participação em projetos artísticos promovidos por uma equipa pedagógica, sejam validadas algumas competências, as chamadas ‘soft skills’ [competências pessoais e sociais] que, depois, podem potenciar outros percursos para os jovens que estão em final de cumprimento de pena”, explica a coordenadora do Ecoar, Maria João Mota. Os responsáveis estimam que o projeto envolva cerca de 160 jovens que se encontram a cumprir medidas judiciais, entre os 18 e os 30 anos, com baixos níveis de escolaridade e atual-

mente sem enquadramento em planos de formação ou emprego. A validação de competências poderá repercutir-se, assinalou a coordenadora, “quer no interior da prisão, com outros percursos formativos ou profissionais, mas sobretudo no seu processo de reinserção”. O Ecoar inicia-se em fevereiro no Estabelecimento Prisional do Porto, passando pelos dois estabelecimentos prisionais de Santa Cruz do Bispo e pelo Estabelecimento Prisional do Vale do Sousa. Teatro, música, artes plásticas e fotografia são algumas das “ferramentas artísticas” que vão ser abordadas em sessões promovidas nas diferentes prisões por “artistas facilitadores” com experiência de trabalho “em contexto prisional e/ou em contexto comunitário”. Assim, tome-se por exemplo o teatro como ponte para a finalidade do Ecoar. “Se conseguimos comunicar uns com os outros, conseguimos trabalhar em equipa, se conseguimos cumprir determinadas tarefas, então se calhar também conseguimos fazer isto em outras esferas, nomeadamente na vida profissional”, descreveu Maria João Mota.

São parceiros da Pele a Direção-Geral da Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) e a Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP). O Ecoar é inspirado na experiência do projeto Personal Effectiveness and Employability through the Arts (PEETA), desenvolvido em 2012 com “Inesquecível Emília”, que certificou 15 mulheres do Estabelecimento Prisional Especial de Santa Cruz do Bispo. Antes, a “Pele” já colaborava com a DGRSP, tendo realizado um trabalho junto de 45 reclusos do Estabelecimento Prisional do Porto que culminou, em 2010, com a apresentação do espetáculo “Entrado” Em 2016, na FPCEUP, está prevista a realização de uma conferência internacional para apresentação de resultados e debate com especialistas. Sobre o âmbito internacional do projeto, Maria João Mota apontou que este “envolve uma cooperação com uma organização norueguesa”, estando prevista a ida da Pele à Noruega para dar formação a artistas e organizações e a vinda de noruegueses para acompanharem e observarem o trabalho que está a ser feito em Portugal.

Fadista promete apresentar “músicas diferentes”

Gisela João atua hoje no Coliseu do Porto A fadista Gisela João atua hoje no Coliseu do Porto e, no dia 31, no Coliseu de Lisboa, para um “convidado especial”, o público, ao qual irá cantar a sua vida. “Vou apresentar músicas diferentes, e não apenas as do álbum [homónimo, saído em 2013]. Eu e a minha equipa achamos que é tempo de fazermos músicas diferentes. Ano novo é altura de dar um passo em frente”, afirmou a fadista que, no ano passado, recebeu o Prémio José Afonso. Nos dois palcos, Gisela João, natural de Barcelos, é acompanhada à guitarra portuguesa por Ricardo Parreira, à viola, por Nelson Aleixo e, à viola baixo, por Francisco Gaspar. Para os dois espetáculos, agendados para as 21h30, Gisela João exige pontualidade. “À hora, antes de começar a cantar, vou pedir para fecharem as portas e não entra mais ninguém”, advertiu. Sobre os espetáculos adiantou: “Vou cantar sobre a minha vida e o convidado especial é o público”. “Como apareci há pouco tempo, e gosto que as pessoas se afirmem pelo seu trabalho, pelo mérito e como até agora sempre gostei de me afirmar a mim própria – não porque sou muito ‘boazona’, toda gira ou a mais velha de

sete irmãos... as pessoas gostam sempre de histórias de coitadinhos... –, quero que me conheçam só por mim, pelo meu trabalho e, nestes concertos, quero manter esta postura. Daí não ter convidado ninguém. Não quero que o público vá aos concertos por estar lá alguém com um nome sonante. Quero que vá por mim”, destacou a fadista. Gisela João só reconhece como álbum, o homónimo, editado em 2013, no qual, a par de inéditos como “(A casa da) Mariquinhas”, interpreta temas dos repertórios de Amália Rodrigues, Carlos Ramos e Flora Pereira, entre outros. “O álbum ‘Gisela João’ é que é o primeiro disco, pois foi pensado como tal”, disse a fadista, que rejeitou “conceitos e intelectualidades”. “Não sou muito de conversas intelectuais, gosto de cantar, tenho a minha vida e gosto de cantar, e canto os poemas consoante a vida que eu tive. A Amália, a senhora dona Amália cantava consoante a vida que tinha, a Maria Teresa de Noronha é igual”, argumentou, sublinhando ainda que gosta de ser intérprete e não a preocupa o facto de cantar temas criados por outros fadistas. “Gosto muito de ser intérprete, não me incomoda nada ter ou não inéditos, gosto muito que tra-

gam coisas do passado e que me façam a mim, que tenho 31 anos, saber que existiram aquelas coisas”, concretizou. A fadista reconhece “a rapidez” com que se impôs no meio do fado, e afirmou que tal se deve “ao trabalho, muito e muito trabalho”. “Não me posso sentar à sombra da bananeira e defraudar expectativas que colocaram em mim. A vida não é feita assim, não é ganha assim, muito menos quando as pessoas depositam confiança em nós e no nosso trabalho. Eu trabalho muito, mas faço com muito prazer”, frisou. “Hoje em dia, de bestial a besta, passa-se num instante. É preciso ter os pés no chão e trabalhar e trabalhar”, acrescentou a fadista, de quem, no ano passado, a revista Blitz publicou um disco com gravações de concertos, intitulado “Sem filtro”. Gisela João, que vivia no Porto antes de se mudar para Lisboa, onde começou a cantar na casa de fados Senhor Vinho, confessou que nunca imaginou “que, em tão pouco tempo, desse uma volta tão grande à [sua] vida”. Quanto ao próximo álbum, a fadista afirmou que “nada sabe ainda”, pois não pensou em nada, nem tem qualquer data de entrada em estúdio.


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