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DIÁRIO NACIONAL

Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

Ano CXLVI | N.º 249

Quarta-feira, 26 de novembro de 2014

SOFIA FAVA VISITOU SÓCRATES E DIZ QUE EX-PRIMEIRO-MINISTRO ESTÁ MUITO BEM

POSTUR A FILOSÓFIC A

n A ex-mulher de José Sócrates visitou ontem o antigo primeiro-ministro no presídio de Évora, onde está em prisão preventiva, e afirmou tê-lo encontrado “muito bem” e com “uma postura muito filosófica”. “Ele está muito confiante, está muito bem. Está com uma postura muito filosófica perante os factos todos”, afirmou Sofia Fava, à saída do estabelecimento prisional da cidade alentejana, destacando ainda: “Claro que acredito na sua inocência”...

PORTO

“Cozinhe com inteligência na prevenção do cancro” é o tema do curso do IPO

APROVADO

Ministra das Finanças avisa que “ajustamento tem de prosseguir”

PAPA

Francisco visita Estrasburgo e pede para que se cuide da fragilidade dos povos e das pessoas


2 | O Primeiro de Janeiro

local porto

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

Ana Barroca apresenta estudo sobre trabalhadores seniores

“Situação é ainda mais preocupante em Portugal” Um estudo, divulgado no Porto, aponta a “necessidade urgente” de aumentar a proporção de trabalhadores seniores na população ativa para não colocar em causa a sustentabilidade económica e social nacional.

“Sendo o envelhecimento da população e da força de trabalho uma tendência preocupante na Europa, se nada for feito em 2050 poderá haver apenas uma pessoa empregada”, alerta a investigadora Ana Barroca, autora do estudo “Seniores Ativos – Práticas Inclusivas de Gestão de Recursos Humanos”, docente Escola Superior de Estudos Industriais e Gestão (ESEIG), do Instituto Politécnico do Porto. O estudo indica que, “ao mesmo tempo que a força de trabalho poderá regredir

SENIORES. Estudo diz que “se nada for feito em 2050 poderá haver apenas uma pessoa empregada” quase 15%” e que, “em Portugal a situação é ainda mais preocupante”, pelo que “”a proporção dos trabalhadores seniores na população ativa terá, forçosamente, que aumentar nas próximas décadas, sob pena de estar em causa a sustentabilidade económica e social do país”. “Ousamos pensar no envelhecimento ativo de um ponto de vista contra¬ corrente e tencionamos despertar consciências para o valor, conhecimento e experiência que a idade aporta às organizações e que hoje, e em Portugal, tendemos a desperdiçar”, observou Ana Barroca, durante a apresentação na Escola Superior de Estudos Industriais e Gestão de Vila do Conde. Para a docente, é importante o reconhecimento, por parte do governo, da sociedade, das empresas e dos parceiros sociais, da “aceitação implícita de que existe uma nova força de trabalho, a senioridade”. Para a investigadora, esta força “sempre lá esteve” mas nunca se contou com ela “por razões demográficas, económicas

e de subvalorização de potencial no mercado de trabalho”. “Portugal só definiu políticas públicas orientadas para o problema do envelhecimento da força de trabalho quando a Europa já estava a reestruturar as reformas dos Estados sociais europeus, influenciadas pela conjuntura estrutural comum. Os próximos anos serão por isso decisivos para se perceber a efetividade das políticas públicas de emprego e o quanto as mesmas serão inclusivas ou não dos trabalhadores seniores”, indicou. O estudo da docente da ESEIG inclui um conjunto de boas práticas, exemplos de empresas nacionais e internacionais que contribuem para a retenção e reintegração de trabalhadores seniores. “Nesta matéria há um dado importante a reter entre algumas empresas nacionais consideradas mais ativas neste domínio. Os inquéritos realizados sugerem um foco nos trabalhadores seniores como fonte de conhecimento técnico e de identidade da empresa que importa transmitir aos novos

colaboradores com o objetivo de perpetuar a cultura organizacional e orientar os todos os colaboradores no sentido dos mesmos objetivos”, acrescentou. Apesar deste reconhecimento, a reintegração de seniores é “insuficiente face à realidade demográfica e laboral” e “o tecido empresarial continua pouco vocacionado para a ação”. De acordo com a docente, “para além da experiência, os pontos fortes dos trabalhadores seniores parecem recair sobre as chamadas soft skills”, ou seja, “os trabalhadores seniores têm um compromisso maior com o seu trabalho, estão motivados para aprender, têm uma melhor comunicação verbal, registam menor absentismo, são melhores a racionalizar e têm mais capacidade de compreender a envolvente”. O estudo “visa contribuir para as metas previstas no Programa Nacional de Reformas, mais concretamente na prioridade “Aumentar o Emprego”, através do aprofundamento da temática do Envelhecimento Ativo e da promoção da empregabilidade entre os cidadãos seniores”. As recomendações que constam do estudo “Second Career Labour Markets Assessing Challenges – Advancing Policies”, publicado pela Comissão Europeia em 2013, que identifica um conjunto de orientações que os Estados devem prosseguir no sentido da capitalização do potencial dos cidadãos seniores. Financiado pelo Programa Operacional de Assistência Técnica (POAT), o estudo contou com o apoio técnico e científico de elementos do Instituto do Envelhecimento, da Universidade de Lisboa, do ISCTE e da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas.

Jornada Luso-Brasileira de Nutrição Oncológica

“Cozinhe com inteligência na prevenção do cancro” “Cozinhe com inteligência na prevenção do cancro” é o tema do curso de cozinha orientado pelo Serviço de Nutrição e Alimentação do Instituto Português de Oncologia do Porto (IPO-Porto), que se realizará no âmbito da 6ª Jornada LusoBrasileira de Nutrição Oncológica, que irá decorrer entre amanhã e sábado. O programa integra também o curso

“Despertar para o desporto no feminino” com o ‘personal trainer’ Alexandre Tavares. Estas atividades são dirigidas ao público em geral e visam alertar para a temática da prevenção do cancro. Os cursos decorrem amanhã (quinta-feira), entre as 14h00 e as 18h00, e são sujeitos a inscrição no site www.acropole.pt. Nas jornadas, dirigidas a profissionais

de saúde, a oncologia translacional, composição corporal e exercício físico, nutracêuticos, nutrigenética e nutrigenômica, jejum pré-operatório, imunonutrição, entre outros assuntos, vão estar em debate na sexta-feira e no sábado. O IPO/Porto esclarece que “cerca de 35% dos cancros” resultam de más práticas alimentares, por isso, o curso “Cozinhe

com inteligência na prevenção do cancro”, vai abordar as melhores combinações de alimentos e métodos de confeção saudáveis. O workshop “Despertar para o desporto no feminino” tem lugar no IPOPorto e foca-se nas temáticas do emagrecimento, anti-aging, tonificação/definição muscular e treino ideal são alguns dos pontos-chave deste workshop.

“Palcos do Românico” termina sábado em Felgueiras

Iniciativa já promoveu 200 espetáculos A iniciativa “Palcos do Românico”, da Rota do Românico, que termina no sábado, em Felgueiras, já promoveu 200 espetáculos, a maioria de teatro e música, reunindo 20 mil espetadores, informou a organização. Segundo um comunicado da Rota do Românico, foram envolvidos nesta atividade, no último ano, cerca de

50 grupos ou companhias e 1800 pessoas das comunidades do Tâmega e Sousa. Desde novembro do ano passado, os espetáculos tiveram entrada livre e percorreram todos os concelhos da região, destacando-se alguns eventos artísticos realizados em igrejas e mosteiros que integram a rota.

O espetáculo de encerramento, denominado “O Luar da Minha Terra”, vai realizar-se no sábado, no Mosteiro de Pombeiro, em Felgueiras. A atividade vai reunir vários coros da região e a Orquestra do Norte, sediada em Amarante. Entre a música e o canto vão estar, segundo a organização, reunidas

duas centenas e meia de intérpretes. O espetáculo está a ser preparado desde outubro de 2013, sob direção da maestrina Magna Ferreira e o programa é constituído por composições originais de Fernando Lapa, a partir de excertos de textos de Miguel Torga e Teixeira de Pascoaes.

BREVES Magusto Internacional reúne 400 estudantes estrangeiros Cerca de 400 estudantes internacionais deverão participar hoje à tarde num magusto organizado pela Universidade do Porto, com os objetivos de mostrar a cultura portuguesa e promover mais um momento de integração a todos os estudantes internacionais da U.Porto. Além das tradicionais castanhas e da jeropiga, o magusto vai ter ainda jogos tradicionais e atividades de ‘matching’ que estão a ser preparadas para proporcionar o intercâmbio cultural entre os participantes. Haverá ainda espaço para atuações musicais do Núcleo de Etnografia e Folclore da Universidade do Porto (NEFUP) que vai mostrar música, cantares e danças tradicionais de várias regiões do país. A iniciativa está integrada na Internacional Week, uma iniciativa da U.Porto que, ao longo desta semana, recebe representantes de 44 universidades de 23 países para uma formação destinada a membros de instituições de ensino superior parceiras da Universidade. Só no primeiro semestre deste ano letivo, cerca de 1200 estudantes de 91 países chegaram à Universidade do Porto ao abrigo de programas internacionais de mobilidade.

“Letras Caídas” vence Concurso Lusófono

O Conto “Letras Caídas”, de Maria Inês Cardoso, venceu o Concurso Lusófono da TrofaPrémio Matilde Rosa Araújo, informou a autarquia, acrescentando que a autora da Trofa Prémio Matilde Rosa Araújo 2014 recebeu 1500 euros de prémio. Os contos “O Sapato do Saci” de Maria Betânia Alves dos Santos, do Brasil, “A Cadeira de Ti Laia” de Chissana Mosso Magalhães, de Cabo Verde e “A Viagem de Luna” de Teresa Helena Vieira Cordato de Noronha, de Moçambique, foram distinguidos com Menções Honrosas. O Prémio Melhor Ilustração Original 2014, no valor de 500 euros, distinguiu o trabalho de Alexandra Maria Queirós de Brito, do Porto e o Prémio Lusofonia 2014, no valor de 400 euros, foi para o Conto “Salticos e as cenouras” de Mafalda Luísa Leiria Bernardes da Silva, de Évora. Os escritores Jorge Velhote, Valter Hugo Mãe e Pedro Seromenho, a par de Ana Isabel Soares, escritora e representante do Camões–Instituto da Cooperação e da Língua, I. P., constituíram o júri final da edição 2014 deste concurso que contou com um total de 283 participantes, oriundos dos vários países de língua oficial portuguesa.


regiões

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

O Primeiro de Janeiro | 3

Sete distritos sob aviso amarelo devido a chuva e trovoada

Mau tempo de volta O aviso amarelo para sete distritos vai estar em vigor entre as 12h00 de hoje e as 09h00 de amanhã. Em São Tomé de Castelo

Choque entre pesado e ligeiro faz um morto Um homem de 51 anos morreu, ontem, na sequência de um acidente entre um veículo pesado e um automóvel no acesso à Autoestrada 24 (A24), perto de São Tomé do Castelo, Vila Real. O comandante dos bombeiros da Cruz Branca de Vila Real, Orlando Matos, disse a que a corporação foi acionada às 07h53 para um acidente que envolveu um camião e uma viatura ligeira. O responsável referiu que a vítima mortal é um homem de 51 anos, que viajava no automóvel e que residia na zona de Vilarinho da Samardã, perto de onde ocorreu o acidente. O óbito foi confirmado no local. O acidente ocorreu numa altura em que estava muito nevoeiro na zona, não se sabendo, no entanto, quais as causas que estão na origem desta colisão.

Sete distritos do continente vão estar sob aviso amarelo, hoje e amanhã, devido à previsão de chuva ou aguaceiros fortes acompanhados de trovoada, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). De acordo com o IPMA, os distritos de Leiria, Lisboa, Setúbal, Évora, Beja, Santarém e Faro vão estar sob aviso amarelo devido à previsão de períodos de chuva ou aguaceiros por vezes fortes acompanhados de trovoada. O aviso amarelo para estes sete distritos vai estar em vigor entre as 12h00 de quartafeira e as 09h00 de quinta-feira. Também a Madeira vai estar sob aviso amarelo entre as 15h00 de

MAU TEMPO. Leiria, Lisboa, Setúbal, Évora, Beja, Santarém e Faro vão estar sob aviso amarelo hoje e amanhã

hoje e as 19h00 de amanhã devido à previsão de vento forte com rajadas que podem atingir os 110 quilómetros/hora. A Madeira está também sob aviso amarelo devido à previsão de agitação marítima, prevendose ondas de noroeste com 4 a 5 metros tornando-se superiores a 5 metros a partir da tarde de quinta-feira. De acordo com o IPMA, o aviso de agitação marítima vai estar em vigor entre as 15h00 de hoje e as 19h00 de amanhã. O IPMA prevê para na Madeira períodos de céu muito nublado e vento fraco a moderado de norte, rodando para noroeste a partir do início da tarde, soprando temporariamente forte nas terras altas. O aviso amarelo é o terceiro mais grave de uma escala de quatro e é emitido pelo IPMA sempre que existe risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

Ex-presidente da Junta de Rio de Mouro

Pena suspensa

Uma funcionária para controlar 319 crianças

O ex-presidente da Junta de Freguesia de Rio de Mouro, concelho de Sintra, Filipe Santos, do PSD, foi, ontem, condenado pelo Tribunal de Lisboa Oeste a três anos e meio de prisão, com pena suspensa, pelo crime de peculato qualificado. A sentença do processo por recebimento indevido de verbas públicas determinou, ainda, que Filipe Santos terá de

pagar uma multa de 500 euros e devolver à Junta de Freguesia de Rio de Mouro 29 mil euros. O juiz Pedro Neves condenou também os elementos do anterior executivo Vítor Branquinho a três anos e três meses de prisão, com pena suspensa, e devolução de 14 mil euros à Junta de Freguesia, e Carlos Pereira a três anos de prisão, também com pena suspensa, e

Estratégia da Águas de Coimbra para 2015

Os pais dos alunos da Escola Básica da Vera-Cruz, em Aveiro, estão preocupados com a existência de apenas uma auxiliar para as 319 crianças que têm aulas naquele estabelecimento, mas o agrupamento promete reforçar os funcionários já hoje. Desde a passada segunda-feira, a escola está a funcionar apenas com uma das quatro auxiliares que lá trabalham, porque as outras três estão de baixa médica, uma situação que, segundo os pais, coloca em causa as condições de segurança e de higiene das crianças. “As crianças estão em perigo, porque é impossível uma funcionária assegurar o funcionamento de uma escola com 319 crianças, ainda por cima estando a escola a funcionar em contentores”, realça Cristina Perestrelo, mãe de uma das crianças. “Estamos a estudar a hipótese de desviar auxiliares de outras escolas”, afirmou o diretor do Agrupamento de Escolas de Aveiro, Carlos Magalhães, explicando que não se pode substituir auxiliares de baixa médica.

Investimentos de 40 milhões com fundos da EU

A empresa municipal Águas de Coimbra preve investir em 2015 cinco milhões de euros de capital próprio, mas se houver financiamento comunitário as obras podem atingir os 40 milhões, disse, ontem, o presidente daquela organização. Pedro Coimbra explicou que a empresa prevê manter o nível de investimento relativamente a 2014, em que canalizou mais de seis milhões de euros para a melhoria da qualidade da rede de águas e no alargamento da rede de saneamento. Entre as obras mais relevantes, o presidente da Águas de Coimbra apontou a remodelação da conduta mais importante da cidade, que abastece o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.

uma multa de 900 euros. Os oito arguidos estavam acusados de terem recebido, nos mandatos de 2005/2009 e 2009/2013, verbas por ajudas de custo, subsídio de transporte, pagamento de refeições, de combustível e de portagens e ainda prendas de Natal adquiridas pela autarquia local, no montante total de cerca de 68 mil euros.


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nacional

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

Ex-mulher diz que José Sócrates está “muito bem”

“Uma postura muito filosófica” A ex-mulher de José Sócrates, Sofia Fava, visitou ontem o antigo primeiro-ministro no presídio de Évora, onde está em prisão preventiva, e afirmou tê-lo encontrado “muito bem” e com “uma postura muito filosófica”. José Sócrates está “muito confiante, está muito bem. Está com uma postura muito filosófica perante os factos todos”, afirmou, à saída do estabelecimento prisional da cidade alentejana. Sofia Fava, acompanhada pelo antigo ministro socialista da Agricultura Capoulas Santos, ex-eurodeputado e atual presidente da Federação de Évora do PS, falava à saída do estabelecimento prisional, esta tarde, depois de ambos visitarem José Sócrates. “Vim visitá-lo, é o pai dos meus filhos, vocês também viriam visitar se fossem vocês”, afirmou. O ex-marido, disse Sofia Fava, pediu-lhe para levar à prisão, da “próxima vez” que o visitar, “uma lista de livros”. “São livros sobre filosofia, em francês,

CARLOS ALEXANDRE. O juiz, que decidiu a prisão preventiva, não tem obrigação legal de revelar os fundamentos da medida de coação não me lembro bem do nome”, acrescentou. Questionada sobre se a família está confiante na inocência de José Sócrates, foi taxativa: “Obviamente”. “Claro que acredito” na sua inocência, retorquiu, aos jornalistas, respondendo também que “não é preciso” o ex-marido “dar mensagens” aos filhos porque estes “conhecem bem o pai”. Já o dirigente socialista Capoulas Santos frisou que José Sócrates não fez “nenhum pedido especial” e que o encontrou “animicamente muito bem”. “Eu vim visitar um amigo, vim trazer uma palavra de conforto, porque acho que os amigos devem estar presentes quando os amigos estão em momentos difíceis”, referiu. Por isso, “foi um encontro de amigos”, limitou-se a acrescentar Capoulas Santos, afirmando esperar que “a permanência” de Só-

crates em Évora dure “o menos tempo possível”. De acordo com fonte policial, foi atribuído a José Sócrates o número de preso 44, naquele estabelecimento prisional. O ex-primeiro-ministro é o primeiro ex-chefe de governo da história da democracia portuguesa a ficar em prisão preventiva, indiciado por fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção. FUNDAMENTOS… O juiz Carlos Alexandre, que decidiu a prisão preventiva do ex-primeiro-ministro e de outros dois arguidos, não tinha a obrigação legal de revelar os fundamentos da medida de coação, disse um magistrado. A mesma fonte admitiu que, no comunicado lido pela funcionária do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), “seria

razoável” que o juiz Carlos Alexandre tivesse “ido um pouco mais longe” e avançasse os fundamentos que estiveram na base da prisão preventiva dos arguidos, mas observou que a lei não impõe esse procedimento. Segundo explicou o magistrado, o despacho do juiz de instrução que determina a prisão preventiva e os seus fundamentos têm que ser comunicadas aos intervenientes processuais, mas nada na lei obriga o juiz a revelar publicamente esses fundamentos. “Parece-me, contudo, que a alusão a um determinado fundamento (que justificou a prisão preventiva) não viola nada”, acrescentou. Quanto ao recurso que a defesa de José Socrates irá apresentar contra a medida de coação, o mesmo será decidido pelo Tribunal da Relação de Lisboa, mas, antes disso, caberá ao juiz de instrução que a decretou efetuar um “despacho de sustentação” da medida privativa da liberdade. João Araújo, advogado de José Sócrates considerou a prisão preventiva “profundamente injusta e injustificada” e anunciou que irá “interpor recurso”. A prisão preventiva só pode ser decretada quando o juiz considerar que há perigo de fuga ou perigo de perturbação do inquérito e, nomeadamente, perigo para a aquisição, conservação ou veracidade da prova ou perigo que os arguidos continuem a atividade criminosa ou perturbem gravemente a ordem e tranquilidade públicas, indica o artigo 204 do Código Processo Penal. Além de José Sócrates ficaram também em prisão preventiva o seu motorista João Perna e o empresário Carlos Santos Silva.

Maria Luís Albuquerque diz que o “ajustamento tem de prosseguir”

“Caminho não será isento de custos nem de riscos” A ministra das Finanças afirmou no Parlamento que “o ajustamento tem de prosseguir”, alertando que “este caminho não será isento de custos nem de riscos”, mas “reveste-se de esperança”. No discurso de encerramento do debate do Orçamento do Estado para 2015, entretanto aprovado com os votos da maioria, a governante insistiu numa mensagem que tem vindo a repetir: “o ajustamento tem de prosseguir” e “a atividade económica está a recuperar, mas a transição efetiva para o crescimento exige a manutenção do esforço”. Para Maria Luís Albuquerque, o país tem de “manter este caminho”, que é um “caminho de ambição, ancorado numa determinação permanente e crescente de reformar o país para o adaptar a uma realidade que é cada vez mais dinâmica”. No entanto, a ministra das Finanças deixou ao mesmo tempo um aviso e algum otimismo: “este caminho não será isento de custos nem de riscos,

mas reveste-se de esperança, pois poderá efetivamente trazer um caminho de maior estabilidade e de maior prosperidade”, afirmou já na parte final da sua intervenção, tendo sido aplaudida pelas bancadas do PSD e do CDS-PP. Maria Luís disse que os resultados já alcançados “foram de facto importantes e devem ser reconhecidos” mas acrescentou, no entanto, que “não podem ser entendidos como um ponto de chegada”, uma vez que “constituem apenas o final da primeira etapa”. A governante referiu-se às práticas do passado, considerando que faltou “atuação preventiva” e “disciplina permanente e autodeterminada para precaver uma disciplina externa e imposta”. “O resultado foi a inevitabilidade de um pedido de assistência externa”, concluiu Maria Luís Albuquerque, afirmando, contudo, que o resgate “impediu um ajustamento que teria sido ainda mais abrupto caso não fosse acompanhado de financia-

mento oficial ou do tempo que esse financiamento deu ao país para proceder às reformas e recuperar credibilidade”. Para a ministra, o país tem agora uma “oportunidade única para inverter esta tendência” e defendeu que “é quando a economia recupera que verdadeiramente se impõe ser responsável”. Ainda sobre o final do Programa de Assistência Económica e Financeira, Maria Luís Albuquerque disse que isso “não afastou os desafios” mas considerou que tornou o país “mais capaz de os enfrentar”, colocando-o “mais perto de os superar”, dando lugar a um “ciclo virtuoso de resultados e de credibilidade”. A ministra reiterou que este ciclo “contrasta com o facilitismo do passado que comprovadamente resultou numa sucessão de crises” e apelou ao sentido de responsabilidade: “o país tem autonomia para escolher entre estas opções mas tem o dever de escolher com responsabilidade”, disse.

Para a ministra, a saída do programa de resgate atesta que “Portugal já provou que o esforço coletivo em reação a crises é eficaz, mas ainda não demonstrou ser capaz de manter esse empenho reformista em circunstâncias mais favoráveis”, defendendo que é por isso que o país “não foi capaz de evitar que novas crises surgissem”. O Orçamento do Estado para 2015 foi ontem aprovado em votação final global pela maioria PSD/CDSPP, com os votos contra de todas as bancadas da oposição e dos quatro deputados do PSD eleitos pela Madeira. Os deputados do PSD eleitos pela Madeira Hugo Velosa, Guilherme Silva, Francisco Gomes e Correia de Jesus votaram contra a proposta, que mereceu a abstenção do deputado do CDS-PP Rui Barreto. As bancadas do PS, do PCP, do BE e do PEV votaram contra o Orçamento do Estado para 2015.

CGTP faz “balanço positivo” das marchas de luta

“Basta desta política e deste Governo”

O secretário-geral da CGTP fez um balanço positivo das marchas de luta que decorreram no país nos últimos cinco dias e apelou ao fim da corrupção e golpes baixos. “Sentimos em todo o país um grande apoio aos objetivos desta jornada de luta, traduzida numa exigência de valorização dos trabalhadores”, afirmou Arménio Carlos, salientando que a dignidade dos idosos é também um dos objetivos desta luta pela rutura com a política de direita. No seu discurso aos manifestantes, que decorria ao mesmo tempo em que no parlamento os deputados votavam o Orçamento de Estado para o próximo ano, o sindicalista afirmou que “basta de truques baixos, para fazerem despedimentos encapotados”. Arménio Carlos disse ainda que “basta de corrupção, seja dos vistos ‘gold’ ou do caso dos submarinos, punido na Alemanha e abafado em Portugal”, recebendo aplausos das centenas de manifestantes, e criticou o Governo e o Presidente da República, que foram vaiados. “Basta desta política e deste Governo, suportado por um Presidente da República que em vez de defender a Constituição, se comporta como um dos seus maiores adversários, ao promulgar os sucessivos orçamentos feridos de inconstitucionalidades”, acrescentou. Convocando todos os portugueses a unir esforços contra a coligação de interesses políticos, Arménio Carlos deu uma palavra de esperança no futuro aos manifestantes, afirmando que “há alternativa” e que “o país tem futuro”. As centenas de pessoas que se juntaram ontem de manhã em frente ao parlamento gritavam palavras de ordem como “é urgente e necessário o aumento dos salários”, “do público ao privado é roubo descarado” e “desemprego em Portugal é vergonha nacional”. No final do protesto foi aprovada uma resolução, através da qual os manifestantes decidiram exigir uma luta de recuperação dos serviços públicos e das funções sociais do Estado, apelar à intensificação da luta por uma política de esquerda e rejeitar o OE aprovado.


Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

economia

O Primeiro de Janeiro |

OCDE com previsões mais pessimistas que Governo para 2014 e 2015

Menos crescimento e mais défice orçamental Relatório da OCDE vê Europa e Portugal em risco de estagnação prolongada e fala em recuperação prolongada.

IGCP compra obrigações que vence em dois anos

Troca de dívida

A agência que gere a dívida pública (IGCP) realiza, hoje, uma oferta de troca, onde comprará obrigações que vencem nos próximos dois anos e oferecerá aos investidores títulos de igual valor mas com maturidades mais longas. Em comunicado enviado ontem, o IGCP refere que a operação destinase a recomprar obrigações do tesouro (OT) com maturidade em 2015 e 2016 e, em troca, emitir igual montante nominal de obrigações com maturidade em 2021 e 2023. A operação de troca de dívida irá ocorrer pelas 10h00. Ontem, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico avisou que um período prolongado de baixa inflação pode dificultar a redução da dívida em Portugal, que, considera, continua a ser uma “fonte de vulnerabilidade” para o País. “O elevado nível de dívida pública e privada continua a ser uma importante fonte de vulnerabilidade do país no caso de uma nova perturbação do mercado. Um período prolongado de baixa inflação, ou pior, o regresso de pressões deflacionárias, pode dificultar a redução da dívida” portuguesa, adverte o «Economic Outlook». A OCDE estima que a dívida pública portuguesa se fixe nos 127,2% do Produto Interno Bruto este ano, em linha com o previsto pelo Governo.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) continua a prever menos crescimento económico e mais défice orçamental que o Governo, tanto em 2014 como no próximo ano. De acordo com o «Economic Outlook», ontem publicado, a OCDE antecipa que a economia portuguesa cresça 0,8% em 2014, abaixo da previsão de 1% do Governo, e que o défice orçamental seja de 4,9%, acima dos 4,8% previstos pelo Executivo já segundo o novo Sistema Europeu de Contas. Para 2015, a OCDE espera um crescimento de 1,3% e um défice orçamental de 2,9%, sendo que em ambos os casos as previsões são mais pessimistas do que as do Executivo em duas décimas. De acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2015, o Governo aponta para um crescimento económico de 1,5% no próximo ano e para um défice de 2,7%, uma meta superior à definida com os credores internacionais durante o programa de resgate (de 2,5%). Para 2016, a previsão da OCDE é de que a economia portuguesa acelere e que o Produto Interno Bruto (PIB) atinja um crescimento de 1,5% ao mesmo tempo que o défice orçamental se reduz para 2,3% do PIB. As previsões agora divulgadas pela OCDE estão em linha com as que a organização havia divulgado a 27 de outubro. Desemprego «menos negro»

Nas previsões de ontem divulgadas, a instituição liderada por Angel Gurría espera que a taxa de desemprego seja de 13,7% este ano e que caia gradualmente para os 12,8% em 2015 e para os 12,4% em 2016. Estas estimativas são mais otimistas do que as do Governo de coligação PSD/CDS, que apontam para uma taxa de desemprego de 14,2% em 2014, de 13,4% em 2015 e de 14,2% em 2016. Quanto à dívida pública, a previ-

são da OCDE é que continue a trajetória em alta este ano e no próximo, ficando nos 127,2% em 2014 e nos 128,1% em 2015. Para 2016, esperase que se inverta progressivamente a tendência de subida, antecipando a OCDE que o rácio da dívida sobre o PIB deverá cair para os 127,6%. Comparando com as previsões já avançadas pelo Governo, as da OCDE são menos otimistas, umas vez que o Executivo espera que a dívida pública seja de 127,2% este ano, de 123,7% em 2015 e de 122,7% em 2016. Em termos de contas externas, a OCDE prevê que em 2014 Portugal regresse a um défice externo equivalente a 0,4% do PIB depois de no ano passado ter registado um excedente de 0,5% do PIB. Para 2015 e 2016 a economia portuguesa deverá voltar aos excedentes atingindo, respetivamente, 0,4% e 0,9% do PIB. Em termos de inflação, a OCDE prevê que a variação dos preços seja negativa em 2014 (-0,2%) e que volte a ser positiva em 2015 e 2016, com um crescimento de 0,2% e 0,4%, respetivamente. “Retoma lenta”

PORTUGAL. Previsões agora divulgadas pela OCDE estão em linha com as que a organização havia divulgado a 27 de Outubro

Falta de plano estratégico

Arons de Carvalho vota contra parecer de extinção

O vice-presidente da ERC, Arons de Carvalho, votou contra a proposta de parecer sobre a extinção da autonomia das antenas internacionais da RTP por três razões, entre as quais por o projeto estratégico da empresa não estar finalizado. A proposta de parecer dos serviços jurídicos da ERC contou com um voto

a favor, de Carlos Magno, que preside o órgão, um contra do vice-presidente, Arons de Carvalho, e duas abstenções das vogais Raquel Alexandra e Luísa Roseira. Na sua declaração de voto, Arons de Carvalho aponta três razões por se ter manifestado contra”. Entre elas está o facto do parecer surgir “antes de serem conhecidos e, ao que tudo indica, finalizados o projeto estratégico da empresa e o novo contrato de concessão dos serviços públicos de rádio e de televisão”.

Para a zona euro, a OCDE prevê uma retoma “lenta” da economia, exatamente em linha com as recentes projeções da Comissão Europeia, e alerta para os riscos de uma deterioração das perspetivas económicas. Segundo as previsões, a economia da zona euro «fechará» o corrente ano de 2014 com um crescimento de apenas 0,8% do PIB, que se intensificará, ainda que de forma moderada, em 2015 (1,1%) e em 2016 (1,7%), exatamente os mesmos valores projetados pela Comissão Europeia. Um dos grandes problemas assinalados pelo documento da OCDE é o de uma inflação considerada “demasiado baixa”. Outros travões a um crescimento mais rápido e sustentado da economia da zona euro são os níveis elevados de dívida (pública e privada), as condições apertadas de acesso ao crédito e o alto desemprego, prevendo a OCDE que esta última taxa continue bastante elevada. Por fim, a OCDE observa também que o ritmo da consolidação orçamental abrandou consideravelmente.


6 | O Norte Desportivo

desporto

Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

Jesus assume caratér decisivo do jogo frente ao Zenit em São Petersburgo

“Queremos continuar onde todos querem estar” “É claro que este jogo tem um caráter decisivo, faltam dois jogos”, disse o técnico. Benfica está obrigado a vencer. O treinador do Benfica, Jorge Jesus, reconheceu, ontem, o caráter decisivo de uma vitória frente ao Zenit para poder continuar a discutir a qualificação na Liga dos Campeões, em que todos querem estar. “Queremos ser apurados e temos valor para isso, o nosso foco está no jogo de amanhã [hoje]. Para continuarmos onde todos os jogadores e treinadores gostam de estar, que é na ‘Champions’”, disse Jesus na antevisão do encontro. O Benfica defronta o Zenit São Petersburgo às 20h00 locais (17h00 em Lisboa), em jogo da quinta jornada do grupo C da Liga dos Campeões, num momento em que a equipa é última do grupo, com os mesmos quatro pontos dos russos. “É claro que este jogo tem um caráter decisivo, faltam dois jogos. Temos quatro pontos, [em igualdade] com o Zenit, o AS Mónaco [tem] cinco e o Bayer Leverkusen está praticamente apurado”, lembrou o treinador do Benfica. Jorge Jesus salientou não pensar na Liga Europa, para a qual o Benfica será relegado se for terceiro no grupo, e que está apenas focado na Liga dos Campeões, considerando que a equipa tem capacidade para vencer no Estádio Petrovski. “Vimos com essa ideia e temos capacidade para isso. São equipas muito equilibradas. Qualquer equipa pode vencer fora ou dentro”, sublinhou o técnico. Frio não é desculpa

No lançamento do jogo, o treinador do Benfica revelou ainda que a titularidade na baliza será de Júlio César, e desvalorizou o frio que se vive em São Petersburgo, referindo que se “não vencer, não é pelo frio”. “O que importa é a decisão deste jogo, que é importante para o nosso apuramento, a capacidade para resolver o frio, o valor do adversário e as capacidades que temos para pôr

em prática a nossa ideia do jogo, face aos problemas que surjam”. Na conferência marcou também presença o guarda-redes Júlio César, salientando a vontade da equipa em lutar pelo apuramento. “Estamos bem preparados, sabemos que não vai ser fácil. Estamos com vontade de procurar a qualificação, temos também jogadores importantes e podemos vir aqui buscar a vitória, tal como o Zenit o fez [na Luz, 2-0]”, referiu o guardião brasileiro. O Benfica, que nas duas últimas temporadas não passou a primeira fase, visita ao estádio Petrovski, onde nenhuma equipa portuguesa venceu em seis encontros e no qual apenas Nacional e FC Porto conseguiram a pontuar, Os «encarnados» perderam na única viagem a São Petersburgo (3-2), em 2012. Na Rússia, o treinador Jorge Jesus já pode contar com Maxi Pereira e Lima, que falharam a partida com o Moreirense. Com apenas três vitórias nos últimos 10 jogos, o Zenit atravessa o pior momento da temporada, mas continua a liderar tranquilamente a liga russa. Uma vitória sobre o Benfica garante ao Zenit, de Danny e Luís Neto, pelo menos o acesso à Liga Europa, ficando por decidir na próxima ronda, com o Mónaco, o apuramento para os oitavos de final. Real cumpre calendário

«CHAMPIONS». “Queremos ser apurados e temos valor para isso, o nosso foco está no jogo de amanhã [hoje]”, disse Jesus

Sorteio da Copa América

Finalistas Argentina e Uruguai no mesmo grupo

A Argentina, vice-campeã mundial de futebol, integra o mesmo grupo do Uruguai na Copa América, competição em que os uruguaios defendem o título e que se disputa entre 11 de junho a 4 de julho de 2015. No sorteio realizado no Chile, país anfitrião, a sorte juntou no mesmo grupo Uruguai e Argentina, finalistas da edição anterior, na qual

os primeiros venceram por 5-4 no desempate por grandes penalidades. No grupo B estarão ainda o Paraguai e a Jamaica, esta na qualidade de convidada «fora» da zona sul-americana, à semelhança do México, integrado no grupo A, com Chile, Equador e Bolívia. O Brasil, de cara nova, com o selecionador Dunga, disputará o grupo C. Os «canarinhos» terão como adversários a Colômbia – que eliminaram nos quartos de final do Mundial (2-1) -, Peru e Venezuela.

No grupo A, o Atlético de Madrid pode assegurar o apuramento se vencer em casa o Olympiacos, que tem menos três pontos do que o finalista vencido da última temporada e os mesmos da Juventus, que visita o terreno do Malmo. Já apurado, o Real Madrid, de Ronaldo, Pepe e Fábio Coentrão, visita o Basileia, de Paulo Sousa, que, em caso de vitória, até pode acompanhar os campeões europeus na qualificação para a ronda seguinte. Para os suíços seguirem em frente é necessário que o Liverpool não vença o Ludogorets. O Arsenal pode também assegurar a presença na fase seguinte, se vencer em casa o Borussia Dortmund, já apurado, mas até com uma derrota pode colocar os «gunners» nos oitavos de final, desde que se verifique um empate entre o Anderlecht e o Galatasaray.

Entre os 40 nomeados para equipa do ano

Beto e CR escolhidos

O guarda-redes Beto e o avançado Cristiano Ronaldo são os dois únicos futebolistas portugueses entre os 40 nomeados para a equipa do ano da UEFA, que vai ser escolhida pelos adeptos. Cristiano Ronaldo sagrou-se campeão europeu com o Real Madrid, numa época em que bateu o recorde de golos numa só edição da Liga dos Campeões, ao marcar 17 vezes. Beto foi decisivo na conquista da Liga Europa pelo Sevilha, em especial na final contra o Benfica, na qual defendeu três pontapés no desempate por grandes penalidades. Ronaldo já foi eleito oito vezes nomeado para o “onze” da UEFA, as últimas sete de forma consecutiva, depois de ter estado pela primeira vez na equipa em 2004. Além do avançado do Real Madrid, também o treinador José Moruinho (2003, 2004 e 2005), Ricardo Carvalho (2004), Maniche (2004), Paulo Ferreira (2003) e Luís Figo (2003) estiveram em equipas da UEFA. Entre os nomeados está também o argentino Ezequiel Garay, que deixou no início desta temporada o Benfica para alinhar pelo Zenit, assim como Angel di María (ex-Benfica) e James Rodríguez (exFC Porto). Os adeptos podem escolher até 6 de janeiro na equipa do ano da UEFA, numa votação feita na página oficial do organismo.


Quarta-feira, 26 de Novembro de 2014

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LEONOR DAVID (ASPIC) E A LUTA CONTRA O CANCRO

“Investigação de qualidade mas sem futuro à vista” A presidente da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro (ASPIC) afirmou que Portugal tem, nesta área, uma “investigação de qualidade”, mas “sem futuro à vista”. “Temos uma investigação de qualidade, mas estamos sem futuro à vista. Não sabemos quando vão abrir concursos, com que montantes. Isto é verdade para a saúde e para outras áreas. O impacto da saúde é que é um pouco maior porque tem uma relação direta com a qualidade da medicina que é exercida no país”, começou por dizer a investigadora. Leonor David falava no início do Congresso Internacional da ASPIC, que decorre até hoje, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, com a participação de cerca de 250 investigadores e clínicos. A responsável pelo encontro considerou que “os investigadores não podem aceitar como razoável que venhamos daqui a dois anos a ter apenas dois ou três grupos que tenham conseguido financiamento para trabalhar. Vamos ter que ter confiança para dizer que não vai ser assim. Vamos ter que arranjar formas de se poder financiar e continuar a trabalhar com a qualidade que temos, que é excecional”. Leonor David disse acreditar que “os grupos melhores terão capacidade de concorrer a financiamento europeu, mas é necessário encontrar outras formas de financiamento. É preciso encontrar na sociedade o suporte para que o país compreenda que não pode deixar de investir nesta área”. A dirigente da ASPIC salientou “a qualidade e o entusiasmo dos investigadores portugueses desta área”, considerando tratar-se de “uma mensagem de confiança no futuro, apesar das circunstâncias dramáticas que vivemos”. De acordo com Leonor David, “o último concurso realizou-se em 2012 e foi um financiamento de seis projetos com um milhão de euros. Em 2013, tivemos um financiamento de 140 mil euros, para três projetos pequeninos. Neste momento, não sabemos quando é que vai haver concursos, quanto dinheiro é que vai haver, não sabemos nada. A nossa capacidade de programar o futuro é extremamente reduzida e estamos muito preocupados”. De qualquer maneira, a participação dos investigadores portugueses neste encontro “está a ser maciça, a qualidade dos trabalhos é enorme e eu acredito que vamos chegar ao fim deste congresso com a força suficiente para contra tudo e contra todos continuarmos a fazer uma investigação de qualidade”, referiu. No primeiro congresso internacional da Associação Portuguesa de Investigação em Cancro, que foi oficialmente criada em fevereiro de 2013, participam investigadores oriundos de Espanha, Israel, Reino Unido e Portugal, entre outros. Nas sessões científicas serão apresentadas novas abordagens de investigação, as últimas novidades sobre o diagnóstico precoce de cancro, os genes do cancro e o que já aprendemos com eles e ainda mecanismos e implicações da diversidade de cada tumor. Leonor David realçou a presença do investigador português Samuel Aparício, que apresentará os resultados da sequenciação de tumores sólidos e implicações terapêuticas mais recentes, e de Moshe Oren, que apresentará resultados inovadores sobre um dos genes mais importantes em cancro humano. Samuel Aparício é doutorado em Genética do Desenvolvimento pela Universidade de Cambridge (Reino Unido, 1995) e dirige o programa de Oncologia Molecular e Cancro da Mama da British Columbia Cancer Research Center, em Vancouver, no Canadá desde 2005. Foi como líder de uma equipa de investigadores deste centro que descodificou pela primeira vez, em 2009, a evolução genética de um cancro da mama. Moshe Oren nasceu na Polónia em 1948 e trabalha atualmente no Instituto Weizmann, em Israel. Grande parte do seu trabalho é centrado no gene p53, um gene considerado “guardião do genoma”, mas que, quando mutado, perde essa função de proteção. Sabe-se que é um fator importante na formação de mais de 50 por cento de todos os cancros humanos. Este investigador foi também presidente da EACR - European Association for Cancer Research – e é defensor de uma política europeia de cancro e da necessidade de uma estratégia de coordenação a nível europeu.

Papa visita Parlamento Europeu em Estrasburgo

“Europa em torno da sacralidade da pessoa humana” O Papa Francisco apelou ontem aos deputados europeus para construírem “uma Europa que gira, não em torno da economia, mas da sacralidade da pessoa humana” e criticou a centralidade das “questões técnicas e económicas” no debate político. O Papa Francisco discursou esta manhã no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, 26 anos depois de João Paulo II ter feito o mesmo, em 1988, tendo recordado logo no início do discurso que o mundo é hoje diferente, já sem os “blocos contrapostos” que então dividiam a Europa, mas também “mais complexo e em intensa movimentação”. Sobre a União Europeia (UE), em específico, o papa argentino considerou que, nos últimos anos, “tem vindo a crescer a desconfiança dos cidadãos relativamente às instituições”, vistas não só como “distantes” dos povos mas que, mais do que isso, tomam medidas “prejudiciais” aos próprios povos. “Daí que os grandes ideais que inspiraram a Europa pareçam ter perdido a sua força de atração, em favor do tecnicismo burocráticos das suas instituições”, disse Francisco, no hemiciclo, em Estrasburgo, perante os mais de 700 deputados mas também dos comissários europeus e do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker. O chefe máximo da Igreja Católica acrescentou que, na UE, “constata-se lamentavelmente a preponderância das questões técnicas e económicas” no debate político, em vez da centralidade da pessoa que devia existir. No discurso proferido em italiano em que referiu por várias vezes a necessidade de reforçar a dignidade da pessoa humana, Francisco disse que um debate marcadamente técnico e económico corre o risco de reduzir o ser humano a uma “mera engrenagem dum mecanismo que o trata como se fosse um bem de consumo a ser utilizado”. E que é descartado quando não é mais útil a esse sistema. “Na vossa vocação de parlamentares, sois chamados também a uma grande missão, ainda que possa parecer não lucrativa: cuidar da fragilidade dos povos e das pessoas”, apelou. Francisco instou ainda os parlamentares para manterem “a democracia dos povos da Europa”. Para isso, afirmou, é necessário evitar que a força dos povos seja sacrificada pela “pressão de interesses

multinacionais não universais”, que enfraquecem as democracias e “as transformam em sistemas unificadores de poder financeiro ao serviço de impérios desconhecidos”. Ainda sobre a dignidade humana, o Papa lembrou a importância do trabalho para o ser humano, considerando que é preciso “devolver dignidade ao trabalho, garantindo também as condições adequadas para a sua realização”. Isso, adiantou, implica combinar a flexibilidade do mercado com “as necessidades de estabilidade e certeza das expectativas de empreso”. Neste discurso, que terminou com bastantes aplausos do hemiciclo, o Papa considerou ainda que a doença “mais difusa na Europa é a solidão”, presente tanto nos idosos como nos jovens “privados de pontos de referência e de oportunidades para o futuro”, e que foi “agravada pela crise económica”. Para devolver a esperança, o Papa falou do fresco de Rafael ‘Escola de Atenas’ para falar da necessidade de, tal como Platão e Aristóteles, a Europa apontar, por um lado “para o alto, o mundo das ideias” e, por outro lado, “para a terra, a realidade concreta”, juntando à realidade terrena ao transcendente e, logo, ao cristianismo. “Esta contribuição [do cristianismo] não constitui um perigo para a laicidade dos Estados e para a independência das instituições da União, mas um enriquecimento. Assim no-lo indicam os ideais que a formaram desde o início, tais como a paz, a subsidiariedade e a solidariedade mútua, um humanismo centrado no respeito pela dignidade da pessoa”, defendeu Francisco, que considerou que a conservação das raízes religiosas da Europa será

menos “imune a extremismos”. No hemiciclo europeu, o Papa Francisco – que sucedeu a Bento XVI em março de 2013, por renúncia pessoal deste – falou ainda da necessidade de valorizar a família, de a educação não dar apenas conhecimentos técnicos, mas de “favorecer o crescimento mais complexo da pessoa humana na sua totalidade”, e referiu ainda a importância da proteção do ambiente e da natureza. Considerou ainda intolerável que “milhões de pessoas no mundo morram de fome, enquanto toneladas de produtos alimentares são descartadas diariamente” e, do mesmo modo, disse que “não se pode tolerar” que o Mediterrâneo “se torne um grande cemitério” para milhares de homens e mulheres que tentam chegar à Europa, criticando a falta de políticas comuns da União neste campo. “A falta de apoio mútuo no seio da União Europeia arrisca-se a incentivar soluções particularistas para o problema, que não têm em conta a dignidade humana dos migrantes, promovendo o trabalho servil e contínuas tensões sociais”, afirmou, recordando que é preciso à Europa “agir sobre as causas e não apenas sobre os efeitos”. Os problemas recorrentes na região dos balcãs também mereceu a atenção do chefe da Igreja, que vê em eventuais adesões de países da Península Balcânica à UE como uma “resposta ao ideal da paz numa região que tem sofrido enormemente por causa dos conflitos do passado”. Depois da visita ao Parlamento Europeu, o Papa seguiu para o Conselho da Europa, organização sediada em Estrasburgo de defesa dos direitos humanos, de que fazem parte 47 Estados-Membros.


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