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PAÇOS É MAIS IMPORTANTE QUE BARÇA Treinador do Benfica não quer perder pontos na deslocação de hoje à Mata Real

Há 143 anos, sempre consigo. 1868 2012

Continente - 0,60 € (IVA INCLUIDO) – Ilhas - S. Miguel e Madeira - 0,75 € (IVA INCLUIDO) – Porto Santo 0,80 € (IVA INCLUIDO)

Director: Angela Amorim | Distribuição Gratuita | www.edvsemanario.pt |

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Diretor: Rui Alas Pereira | ISSN 0873-170 X |

DIÁRIO NACIONAL

Ano CXLIV | N.º 190

Sexta-feira, 28 de setembro de 2012

PASSOS APELA À VONTADE COLETIVA PARA O ESFORÇO DE AJUSTAMENTO

OU VA! OU R A CHA

 O primeiro-ministro dramatiza a importância da disponibilidade dos portugueses para prosseguirem o "esforço de ajustamento" da economia, afirmando que "se isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal" depende muito da vontade coletiva. "Portugal está no sentido correto, mas há que ter consciência dos problemas", sublinha Passos Coelho.

SEGURO Líder do PS diz

DEMITA-SE

que memorando da troika tem de ser

edição online

ajustado à realidade

BOMBEIROS Governo aprova medidas para aumentar proteção social

PS e Marinho Pinto pedem a cabeça da ministra da Justiça devido ao caso das PPP


local Porto

2 | O Primeiro de Janeiro

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012

Empréstimo ao Governo

Nó de Águas Santas

Câmara de Paços vai pedir 6,3 milhões Verba será suficiente para liquidar mais de 30 por cento das dívidas em atraso reportadas a março de 2012. A Câmara de Paços de Ferreira vai pedir um empréstimo de 6,3 milhões de euros ao Governo, no âmbito do Programa de Apoio à Economia Local, para pagar dívidas de curto prazo, disse o presidente Pedro Pinto. Segundo o edil do PSD, aquela verba será suficiente para liquidar mais de 30 por cento das dívidas em atraso reportadas a março de 2012. Pedro Pinto explica que relativamente à restante dívida o município tem acordado com os credo-

DR

Pedro Pinto. Elevado endividamento com a necessidade de se avançar com obras

res os programas de pagamento. Questionado sobre o total do endividamento do município, o autarca admite que ascende a cerca de 50 milhões de euros, sendo que metade reporta-se a dívida de médio e longo prazo, sobretudo à banca. Quanto à eventual necessidade de aumentar as taxas municipais para compensar o empréstimo que vai ser pedido á administração central, o edil garantiu que tal não vai ser necessário, porque internamente têm sido adotadas medidas para reduzir despesas de funcionamento do município. Pedro Pinto explica o elevado endividamento com a necessidade de se avançar com obras estruturais no concelho, destacando o forte investimento em curso em centros escolares.

Além disso, aponta o facto de Paços de Ferreira, por ser um município pequeno em área (pouco mais de 70 quilómetros quadrados), ser fortemente penalizado nos critérios de atribuição de verbas no âmbito da lei das finanças locais. Lembrando os 57.000 habitantes do seu concelho, o autarca recorda que há inúmeros municípios na região e no país que, tendo muito menos população, recebem quase o dobro das transferências da administração central. Pedro Pinto considera a situação muito injusta, o que obriga a Câmara de Paços de Ferreira a recorrer a financiamento bancário para poder satisfazer as necessidades do concelho com a mais elevada densidade populacional do Vale do Sousa.

Fechado para obras até domingo O nó de Águas Santas de interligação da autoestrada A3 com a autoestrada A4, sentido Porto/Ermesinde, vai encerrar para obras de beneficiação entre hoje à noite e domingo, anunciou a Brisa. Em causa estão obras de “beneficiação e reperfilamento do pavimento” daquela interligação para “garantir a segurança rodoviária dos utentes”. Santo Tirso

Câmara lamenta verbas O presidente da Câmara de Santo Tirso realçou ontem o forte apoio dado aos alunos com maiores dificuldades económicas, lamentando que as verbas para a Educação que são transferidas pelo Estado sejam “manifestamente insuficientes” para suportar essa ajuda. Segundo Castro Fernandes, “a crise não vai impedir a Câmara de garantir às crianças as AEC’s”.

Gaia

CDU critica baixa execução orçamental A CDU manifestou preocupação com a “baixa” execução orçamental da Câmara Municipal de Gaia, salientando que ronda “apenas os 30 por cento do previsto” até setembro, período que corresponde a “75 por cento” dos meses do ano. “A execução orçamental continua a ser baixa: ronda atualmente apenas os 30 por cento do previsto quando passaram já 3/4, ou 75 por cento, dos meses do ano; e a receita de capital não foi além dos 17 por cento”, afirmou a deputada municipal Diana Ferreira durante a Assembleia Municipal em Gaia. A CDU destacou ainda, face a uma nota da autarquia sobre a execução orçamental do ano, em debate, que “continua a ser afirmado haver um conjunto de créditos cujo total estará próximo dos 75 milhões de euros”, mas “continua a não ser claro se tais créditos se confirmarão”.

Freguesias de Gondomar

Assembleia Municipal contra agregação A Assembleia Municipal de Gondomar deliberou, por unanimidade, pronunciar-se contra a agregação de freguesias, optando pela manutenção da atual divisão administrativa do concelho, disse ontem fonte da autarquia. O concelho de Gondomar é composto por 12 freguesias. Em reunião realizada na quarta-feira à noite, aquele órgão autárquico entendeu existi-

DR

Gondomar. Câmara

rem “ponderosas razões para não se criarem problemas onde eles não existem”, considerando que “a aplicação da lei ao território concreto do município pode gerar tensões de difícil regulação e controlo”. A lei da reorganização administrativa, publicada no Diário da República na última semana de maio, prevê a redução de mais de mil das 4.260 freguesias existentes.

Até 14 de outubro decorre o prazo para que as Assembleias Municipais e de Freguesias se pronunciem sobre o futuro mapa administrativo de cada um dos 220 concelhos que terão de emitir um parecer. No caso dos municípios que não apresentem qualquer proposta de fusão de freguesias será a unidade técnica que apoia este processo a decidir.

Paredes

Mais de 1.500 alunos jogam golfe Mais de 1.500 alunos das escolas de Paredes vão poder, já neste ano letivo, praticar golfe no âmbito de um protocolo celebrado entre a autarquia local e a federação daquela modalidade. Segundo um comunicado da edilidade liderada por Celso Ferreira, a ação vai ser alargada a 11 escolas do primeiro ciclo e cinco EB 2,3 daquele concelho do Vale do Sousa.


regiões

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012

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PONTE DA BARCA

MAFRA

VILA NOVA CERVEIRA

Atual presidente recandidata-se

PSD escolhe José Bizarro

Taxa mínima de IMI mantém-se

António Vassalo Abreu vai concorrer à presidência da autarquia de Ponte da Barca nas eleições do próximo anos, após convite da comissão política concelhia do PS. Fonte do partido salientou que o convite para a recandidatura foi aprovado há cerca de duas semanas e entretanto aceite pelo atual autarca, que conquistou a Câmara de Ponte da Barca ao PSD nas eleições de 2005.

O PSD de Mafra escolheu o atual vereador do turismo para concorrer à presidência da câmara nas próximas autárquicas, já que o atual presidente está impedido pela lei de concorrer. Os militantes da concelhia do partido em Mafra escolheram, numa primeira fase, o perfil do candidato ideal e, com base nessa escolha, a comissão política tomou a decisão de indicar o nome de José Bizarro.

A Câmara de Vila Nova de Cerveira vai aplicar em 2013 a taxa mínima de Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) aos prédios urbanos avaliados. De acordo com a proposta já aprovada, a cobrança de IMI será de 0,3 por cento, valor mínimo que pode chegar aos 0,5 por cento, para os prédios que já avaliados, enquanto que naqueles ainda por avaliar a taxa terá o valor máximo (0,8 por cento).

TORRES VEDRAS

Acordo para pousada da juventude A autarquia de Torres Vedras chegou a entendimento com o Instituto Português do Desporto para a abertura de uma pousada da juventude na praia de Santa Cruz no próximo verão. De acordo com o protocolo, a cedência do imóvel tem a duração de 20 anos, e, por ano, a autarquia compromete-se a equipar a edifício com o mobiliário, água, eletricidade e gás necessários ao funcionamento da pousada e adquirir um pacote de 15 mil euros em reservas de alojamento. Ao fim de três anos, as duas entidades vão apurar os resultados da exploração e avaliar a aplicação do dinheiro na requalificação do edifício.

Obras na costa de Espinho

Primeira pedra da requalificação é lançada hoje DR

Projeto custará 6,7 milhões de euros e deverá estar concluído antes do arranque da época balnear do próximo ano. A Câmara Municipal de Espinho lança hoje a primeira pedra da requalificação da orla costeira da cidade, obra que já está em curso e custará 6,7 milhões de euros, totalmente financiados por fundos comunitários e do Turismo. A requalificação abrange um total de dois planos de pormenor e cinco obras de intervenção física concreta, das quais a primeira, já no terreno, é a construção de um passadiço e uma ciclovia em toda a frente de mar da cidade, desde a fron-

Sem dinheiro público. Requalificação da costa de Espinho custará 6,7 milhões de euros e fica pronta em 2013

Braga estuda alternativas a projeto GNR DE ESTREMOZ

Nova quartel por 2,5 milhões

A construção do novo quartel da GNR de Estremoz vai avançar graças a um investimento de 2,5 milhões de euros do Ministério da Administração Interna. A área de construção é de 2.369,07 metros quadrados, distribuída por três edifícios: o edifício principal, o edifício com os anexos das garagens e arrecadações e o edifício auxiliar onde vão ficar instaladas as cavalariças e o canil. De acordo com a autarquia, já se iniciaram os trabalhos de terraplanagem e de vedação do espaço, estando a cerimónia de lançamento da primeira pedra marcada para as 16 horas da próxima segunda-feira.

Parque aquático e um hotel no lugar das piscinas A Câmara Municipal de Braga está em negociações para conseguir uma alternativa ao projeto das Piscinas Olímpicas, que pode passar por um parque aquático e um hotel. A autarquia chegou a investir cerca de oito milhões de euros no projeto das piscinas, mas a obra parou por falta de verbas. O presidente da autarquia, Mesquita Machado, explicou que a alternativa é “um investimento extremamente interessante”, mas a oposição levantou dúvidas por “falta de informação”. O líder da

DR

Presidente.”Investimento extremamente interessante”

coligação «Juntos por Braga», Ricardo Rio, considerou “inadmissível” que esteja a ser feita uma negociação sem que esta fosse pública, acrescentando que “não se brinca com coisas sérias e que os termos do negócio devem ser conhecidos”. Em resposta, Mesquita Machado disse ter disponibilizado o protocolo à Coligação, mas com a condição de que não fosse divulgado o conteúdo, porque, justificou, “publicamente pode prejudicar todo o andamento do processo”.

teira com Gaia até ao limite de Ovar. A segunda intervenção consiste no arranjo da marginal sul, a partir do local onde acaba a Rua 2 até ao bairro piscatório de Silvalde, e a terceira está-lhe diretamente associada, porque prevê a construção da Praça do Mar entre o areal e o Fórum de Arte e Cultura de Espinho, a funcionar na antiga fábrica da conserveira Brandão Gomes. O presidente da autarquia, Pinto Moreira, adiantou que as obras ficarão concluídas antes da época balnear de 2013, esclarecendo que “a obra foi comparticipada em 85 por cento por fundos comunitários, sendo que os 15 por cento que caberiam ao município foram financiados com verbas de jogo do Turismo de Portugal. Não gastamos um cêntimo do erário público”, salientou. ESTARREJA

AM aprova empréstimo de 1,8 milhões A Assembleia Municipal de Estarreja autorizou o município a contrair um empréstimo no valor de 1,8 milhões de euros, para custear obras em curso que estão em vias de parar por falta de financiamento. O presidente da autarquia, José Eduardo, Matos justificou ainda este empréstimo com a necessidade de “restabelecer o equilíbrio financeiro” da autarquia devido à diminuição das receitas, quer de impostos quer das transferências do Estado, no sentido de poder dar resposta a vários compromissos, nomeadamente com freguesias.


4 | O Primeiro de Janeiro

opinião

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012

NOTAS DA SEMANA MUDANÇA NO SISTEMA POLÍTICO do. A maioria das pessoas que lá chegam são aquelas que se zangaram Com o que se está a passar no País, ao longo destes anos, crise atrás de com os seus partidos. Ser-se primeiro-ministro sem se ser líder de um crise, há uma necessidade imperiosa e urgente de mudar o sistema popartido só num governo de iniciativa presidencial, mas tem de passar lítico. As pessoas não se reveem nestes dirigentes partidários e querem pelo crivo parlamentar. mudança, para quem os governa ou tem a responsabilidade dos destinos Os partidos têm de se abrir à sociedade e aos cidadãos. Está provado do País. As manifestações do 15 de Setembro mostraram de uma forma que este sistema político não funciona, é necessário mudar o sistema pacífica, com gente de todos os estratos sociais, apartidária e “dessindieleitoral. calizada”, que é premente mudar. Joaquim Jorge* Várias questões se põem ao comum dos cidadãos: CERCO AO CONGRESSO ESPANHOL 1. Como foi possível os partidos deixarem chegar o País a este estado Manifestação frente ao Congresso de Deputados, em Madrid, fez de pré-falência? 64 feridos, um deles em estado grave, e 35 detidos. Uma ideia original mostrar aos 2. Como é possível que nenhum partido tenha feito um diagnóstico correcto do que políticos o seu desagrado. No fundo cercaram-nos e fizeram-nos pensar duas vezes está a passar-se? e perceberem o descontentamento pelos cortes e pela crise. Mas não ficaram por aqui 3. Como é possível não haver por parte dos partidos uma estratégia e um plano para hoje 4ªfeira há mais uma manifestação e sábado. responder a esta crise? O movimento “ cerca o Congresso” não deixa de ser inovador e faz pensar que os 4. Como é possível tornar a classe política exemplar? espanhóis com estas atitudes, ainda podem ajudar os portugueses na crise. Espanha 5. Como é possível fazer-se cortes tão grandes na saúde, no ensino e nas prestações ainda não pediu nenhum resgate e as coisas já estão assim. O que seria se já tivessem sociais? pedido o resgate? Os espanhóis sabem o que se está a passar em Portugal e não querem o A classe política desenvolveu depois do 25 de Abril interesses próprios e particulamesmo. Por outro lado ao fazerem este tipo de protesto podem ajudar a troika a suavizar res com mordomias e benesses sem precedentes. Como, por exemplo: acesso a cargos as medidas de austeridade a Portugal. de poder; subvenções vitalícias; subsídio de reintegração na vida activa; cálculo da O Governo português não tem arte, engenho e capacidade para se explicar à troika, a pensão pelo cargo exercido; etc. No fundo é uma elite que está acima da sociedade situação dramática que os portugueses estão a viver. em geral. Os políticos portugueses são os principais responsáveis por este monstruoso Os espanhóis são destemidos, pois as manifestações quando há actividade parlamendéfice, tendo à cabeça vários buracos financeiros, como a execução de infra-estruturas tar são proibidas e podem levar à prisão. No fundo foi uma forma de chamar à atenção desnecessárias. que estão fartos dos políticos e iniciar um novo processo constitucional. É necessário, para quem é eleito ser responsável perante os seus eleitores votantes, O resto do confronto de polícias e manifestantes, é tentar desviar um problema social em vez de ser pela direcção do partido. A classe política é um grupo de interesse que e laboral para um problema policial. A polícia cumpre ordens e deve defender todos os tem várias benesses e regalias que a maioria da população não tem. No fundo, sem cidadãos, infelizmente há sempre manifestantes radicais que instigam à violência dando criar riqueza, tira riqueza ao diminuir salários, prestações sociais, ao comum dos cidatrunfos ao Governo. dãos. A sociedade civil tem de ter o poder suficiente para impedir um sistema político Os senhores deputados portugueses que se preparem. Vai acontecer o mesmo em que decida por nós, cidadãos, como distribui o poder político, económico, de forma Portugal. ampla e que não respeite o estado de Direito. A crise não é obra do divino, que vem do além, imprevisível e que só nos cabe ser CONTINUA A ESCALADA resignados. A classe política tem muitas culpas no cartório. Continua a escalada de austeridade. Muda o nome da austeridade, deixa cair a TSU, devolve uma parte dos subsídios de férias e de Natal aos funcionários públicos e pensioPor outro lado a classe política tem de ser desmantelada e abdicar de todo o tipo nistas, mas em contrapartida há um agravamento fiscal para todos os portugueses. Dá de benefícios. A redução do gasto deve começar pela classe política. Ser político deve com uma mão e tira com outra. ser uma profissão como outra qualquer, sem benefícios. Representar o País e a nossa Pedro Passos Coelho não clarificou o montante dos subsídios que será devolvido, administração pública deverá ser uma honra e não um privilégio. mas garantiu que a compensação será feita através da distribuição por todos os portuAs consequências desta reforma têm que ver com a vida das pessoas e os seus integueses. resses particulares. A classe política confunde reformas com cortes e subida de imposDistribui o mal por todos, vá lá! Mas em vez de tirar um subsídio a todos os trabalhatos na esperança que a tempestade amaine. dores, posso-me enganar mas vai tirar dois subsídios aos funcionários públicos que já É fundamental modificar o sistema político com um novo sistema eleitoral maioritáo fez em 2012 e fará o mesmo ou perto rio e uninominal, em vez do sistema disso com os funcionários privados. proporcional com listas fechadas e Porém não sei se a emenda é mebloqueadas, desenhadas e feitas pela lhor que o soneto. Triste sina a nossa, direcção dos partidos. Os dirigentes cortar, cortar até não haver mais nada dos partidos têm um poder imenso, para cortar. Uma morte lenta, agonianque, como se constatou, tem produte e desesperante. Vive-se sem futuro e zido políticos sofríveis e medíocres. sem sonho. As pessoas andam tristes Precisamos de ter um sistema deprimidas e sem calor. Frias, distaneleitoral que tenha dirigentes que tes, sem alegria e sem dinheiro. respondam perante os seus eleitores A legislação permite desde há ale com qualidade. É imperioso tirar gum tempo o testamento vital, isto é, a poder aos partidos e dá-lo aos cidapossibilidade de dizermos como quedãos. Nessa mudança, consagrar a remos morrer. Infelizmente os porpossibilidade de poder haver deputatugueses não vão poder aplicar essa dos independentes - ao Parlamento medida. Sente-se o país a definhar aos só chega gente em listas dos partipoucos, com muita dor, sofrimento e dos. Já é possível concorrer às juntas sem solução. de freguesia e às câmaras municipais fora da esfera partidária em listas infacebook.com/joaquim.jorge.CdP dependentes, mas o jogo está vicia-


nacional

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O Primeiro de Janeiro | 5

Primeiro-ministro diz que Portugal está “no sentido correto”

Passos Coelho questiona vontade coletiva DR

Passos questionou se existe vontade suficiente e consciência necessária para continuar este processo daqui para a frente ou não. Seguro defende mudança política

Adaptação à realidade O secretário-geral do PS defendeu ontem que o memorando assinado por Portugal tem de ser adaptado à realidade e que tem de haver uma mudança na forma de governar e de fazer política. As posições de António José Seguro foram transmitidas em entrevista à rádio espanhola Cadena SER, em que também lamentou que alguns líderes europeus de centro-esquerda se encontrem mais próximos do pensamento da chanceler germânica, Angela Merkel, do que do presidente francês, François Hollande. Interrogado sobre a dimensão das recentes manifestações em Portugal, o líder socialista disse não ter ficado surpreendido com a sua dimensão e considerou que as pessoas exigiram acima de tudo “mudança”. “O PS, como partido de Governo, escuta as pessoas. Temos de mudar a forma de fazer política, a forma de governar e temos de estar mais próximos das pessoas”, disse. Na entrevista, António José Seguro apresentou as razões que levam o PS a votar contra a futura proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2013, alegando que o executivo PSD/CDS “persiste numa receita errada”, que tem aumentado o desemprego, enfraquecido a economia e subido a dívida pública.

O primeiro-ministro dramatizou ontem a importância da disponibilidade dos portugueses para prosseguirem o “esforço de ajustamento” da economia portuguesa, afirmando que “se isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal” depende muito da vontade coletiva. Durante um almoço conferência sobre desenvolvimento sustentável, no Centro de Congressos do Estoril, Pedro Passos Coelho defendeu que Portugal está “no sentido correto”, mas questionou se existe “a vontade suficiente e a consciência necessária para continuar este processo daqui para a frente ou não”. “Quanto ao nível de vontade coletiva e de consciência coletiva do que temos de fazer daqui para a frente, a mim cabe-me fazer alguma pedagogia, dar algumas pistas de reflexão, mas sois vós, no conjunto, é a sociedade que tem de se manifestar quanto a isso. Saber se daqui para a frente isto vai tudo correr bem ou tudo correr mal depende muito da nossa vontade coletiva e da consciência que temos dos problemas”, afirmou. Passos Coelho apontou como um erro a ideia de que “o processo de ajustamento pode ser aliviado ao cabo de um ano ou de um ano e meio” porque Portugal tem sido “bem sucedido” na “correção dos desequilíbrios” e tem tido “uma avaliação positiva” dos seus credores e parceiros externos. “Julgo que as pessoas de um modo geral em Portugal o apreenderam de uma forma abrupta. É importante saber se queremos ultrapassar essas dificuldades, durante um processo de ajustamento que é longo e que é difícil, ou se vamos desistir às primeiras dificuldades”, acrescentou. O primeiro-ministro apelou à persistência dos portugueses: “Temos nós

Passos Coelho. Portugal tem sido “bem sucedido” na “correção dos desequilíbrios”

CGTP

Manifestação é para todos os “injustiçados”

O secretário-geral da CGTPIN, Arménio Carlos, garantiu ontem que a manifestação de sábado, em Lisboa, não é da CGTP mas de todos os que se sentem “injustiçados” com as novas medidas de austeridade anunciadas pelo Governo. “Esta manifestação, tendo sido convocada pela CGTP, não é uma manifestação da

CGTP, é uma manifestação de todos aqueles que se sentem injustiçados, desrespeitados e que exigem respeito e serem tratados com dignidade”, declarou Arménio Carlos, na Covilhã. No final de uma visita ao distrito de Castelo Branco, onde contactou com trabalhadores autárquicos, professores e operários do setor têxtil, entre outros, o responsável sindical manifestou-se convicto de que, no sábado, se realizará “uma grande manifestação”, em Lisboa.

de mostrar que estamos mentalizados de que uma dívida como aquela que foi gerada e um desequilíbrio tão grande nas políticas públicas e também no endividamento privado que se registou nos últimos anos em Portugal não demora um ano a ser corrigido, demora mais, e exige um esforço maior do que aquele que desempenhámos até hoje”. Passos Coelho sustentou que a “determinação” dos portugueses é essencial para que a perceção externa de Portugal se mantenha positiva e que o país pagará caro se for colocado “do lado dos problemas a resolver” na agenda europeia. “Naturalmente, se não a nossa perceção interna e a nossa vontade não for esta, dificilmente quem vê de fora ficará com melhor impressão e quererá ajudar mais. Isso depende de nós, estritamente de nós”, reforçou. O primeiro-ministro defendeu que “sem finanças públicas organizadas não há sequer crescimento” e que “há muitas outras transformações importantes” em curso que, porém, “demoram o seu tempo” a produzir efeitos. Passos Coelho observou que “muitos gostam de usar aquela imagem da luz ao fundo do túnel”, mas que não é possível “ter elementos imediatos que digam às pessoas: a economia está a crescer, os empregos estão a ser criados, os bancos estão a colocar mais crédito na economia e, portanto, temos razões para estar satisfeitos”. “Ainda não chegámos lá”, acrescentou, insistindo o resultado final está “nas mãos” de todos os portugueses. Contudo, de acordo com Passos Coelho, “há desequilíbrios que eram extremamente graves na economia portuguesa que têm vibdo a corrigir a uma velocidade muito grande, com custos”. No seu entender, “o setor mais protegido da economia, que está menos exposto à competição externa, é aquele que tem estado a ajustar mais rapidamente” e isso explica o atual nível de desemprego: “Porque ainda não o conseguimos absorver nas áreas mais competitivas e mais abertas ao exterior, mas é para lá que nos queremos dirigir”.


economia

6 | O Primeiro de Janeiro

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012

FMI quer medidas de apoio para complementar combate aos défices

Apostar no crescimento DR

FMI considera que é necessário fazer as duas coisas para combater a crise: reduzir os défices e aumentar o crescimento económico. O Fundo Monetário internacional considera que a redução da dívida pública implica medidas de redução do défice mas deve ser “complementada por medidas para o crescimento”, sobretudo através da política monetária e de “reformas estruturais”. Num artigo que acompanhará a edição de outubro das suas previsões macroeconómicas, o Fundo argumenta que os países com crises de dívida soberana “devem privilegiar reformas estruturais duradouras sobre medidas temporárias ou de curto prazo”. Para reduzir a dívida, é preciso ter “consolidação orçamental e políticas que promovam o crescimento”, alerta o artigo, intitulado «O Bom, o Mau e o Feio: 100 anos a lidar com o espetro da dívida pública». Os técnicos do FMI estudaram um século de evolução da dívida pública, focando-se em seis casos particulares em que a dívida ultrapassou os 100 por cento do PIB (entre os quais o Reino Unido nos anos 1920 ou a Itália nos anos 1990). Essa é a situação em

Privatização da TAP

Caderno de encargos aprovado “brevemente”

Crise. FMI quer reduzir os défices e aumentar o crescimento económico que Portugal atualmente onde se encontra. “Há quem pense que a austeridade é essencial para resolver a crise atual. Outros argumentam que a austeridade é contraproducente, e que é mais importante revigorar o crescimento através de estímulos orçamentais”, lê-se no artigo. O FMI considera contudo que é necessário fazer as duas coisas – reduzir os défices e aumentar o crescimento económico. No caso dos países do sul da Europa, como Portugal, “cujos setores financeiros continuam

frágeis e que continuam a ter problemas relacionados com a união monetária”, a capacidade de superar a crise “será limitada até que esses problemas sejam resolvidos”. O FMI recorda, ainda, que a redução da dívida pública “é um processo demorado, sobretudo no contexto de um ambiente externo frágil”. Por outro lado, o FMI alertou as economias emergentes e em vias de desenvolvimento para a necessidade de reconstruirem as suas almofadas orçamentais para

terem margem de manobra para resistir a crises, apesar de se terem mostrado mais capacitadas. Os técnicos alertam para o risco de se subvalorizar a atual situação mesmo nestas economias, alertando para os significativos riscos que se perspetivam para a economia europeia e dos EUA. “Se esses riscos se materializarem, as económicas emergentes e em vias de desenvolvimento irão acabar por se reagrupar às economias avançadas, muito como fizeram durante a recente crise mundial”, dizem os técnicos.

A subir 0,36 por cento

Rendas com contrados posteriores a 1990

Confirmado aumento de 3,36 por cento DR

As rendas, com contratos posteriores a 1990, terão um aumento máximo de 3,36% em 2013, segundo um aviso, ontem, publicado em Diário da República pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O documento, com a data de 20 de setembro, estabelece de forma oficial a percentagem máxima de aumento que, por exemplo, no caso de uma renda mensal de 500 euros significa uma subida para 516,8 euros. Nas rendas de 1000 euros, esse valor pode chegar a 1033,6 euros. Em 2006, o INE ficou responsável pelo apuramento do coefi-

Habitação. Rendas das casas com contrados após 1990 sobem 3,36 por cento

O caderno de encargos para a privatização da TAP vai ser aprovado “brevemente”, afirmou, ontem, o secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros, Marques Guedes. Questionado sobre a privatização da transportadora aérea, Marques Guedes confirmou que o diploma sobre esta operação já foi promulgado e que o Governo “está a avançar” neste processo. Os investidores só podem comprar até um máximo de 49,9 por cento do capital, impedindo-se assim o controlo total da transportadora por uma empresa não europeia.

ciente de atualização anual dos diversos tipos de arrendamento urbano e rural. O INE tinha já indicado que os números da inflação para agosto revelam que, nos 12 meses até agosto, a variação do índice de preços excluindo a habitação atingiu os 3,36 por cento. Ora, este valor serve de base ao coeficiente utilizado para a atualização anual das rendas, ao abrigo do Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU). Este é um dos valores mais elevados dos últimos anos; no ano passado, o valor base para a atualização foi 3,19 por cento,

e no ano anterior foi apenas 0,3 por cento. De acordo com a lei, a primeira atualização pode ser exigida um ano após a vigência do contrato, e as seguintes um ano depois da atualização prévia, tendo o senhorio de comunicar por escrito, com uma antecedência mínima de 30 dias o coeficiente de atualização e a nova renda que resulta deste cálculo. As rendas anteriores a 1990, contudo, serão já atualizadas a partir de novembro, segundo a nova lei do arrendamento. As regras desta lei permitem aumentar as rendas mais antigas através de um processo de negociação.

Bolsa de Lisboa com crescimento ligeiro

O PSI20 fechou, ontem, a crescer uns ligeiros 0,36 por cento para 5.232,37 pontos em linha com as principais praças europeias e impulsionado por três «pesos pesados» e com a Altri a avançar cinco por cento. Na Europa, o IBEX teve o pior desempenho da sessão europeia, ao recuar 0,15 por cento. Pela positiva, destaque para o comportamento da bolsa de Paris (CAC), que subiu 0,72 por cento, à semelhança de Londres (FTSE) que apreciou 0,20 por cento e de Frankfurt (DAX), que valorizou 0,19 por cento.


sociedade

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012

O Primeiro de Janeiro | 7

Conselho de Ética defende que existe fundamento para contenção de despesas

Cortes no tratamento do cancro possíveis DR

Parecer feito a pedido do Ministério da Saúde incidiu em três grupos de medicamentos: para o VIH/sida, cancro e doenças reumáticas. Da ministra Paula Texeira da Cruz

PS exige demissão Deputados socialistas manifestaram, ontem, “indignação” com as declarações proferidas pela ministra da Justiça sobre as buscas realizadas pela PJ às residências de três ex-membros dos governos Sócrates, falando mesmo em “justicialismo protofascista” e sugerindo a sua demissão. Na quarta-feira, durante uma reunião ao Estabelecimento Prisional de Caxias, Paula Teixeira da Cruz foi interrogada pelos jornalistas sobre as buscas feitas pela PJ às residências dos ex-ministros Mário Lino, António Mendonça e do ex-secretário de Estado (e atual deputado do PS) Paulo Campos no âmbito da investigação sobre as Parcerias Público Privadas (PPP). Na resposta, a ministra da Justiça afirmou que “ninguém está acima da lei”, que “tudo deve ser investigado” e que “acabou o tempo” em que havia “impunidade” - declaração que os socialistas entenderam como uma “difamação” em relação ao tempo dos anteriores governos e que caraterizaram como “protofascista”. O deputado socialista João Galamba sugeriu mesmo que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, demita Paula Teixeira da Cruz. Na mesma linha, a deputada Isabel Moreira considerou que Paula Teixeira da Cruz fez declarações lamentáveis.

O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV) considera que existe fundamento ético para que o Serviço Nacional de Saúde promova medidas para conter custos com medicamentos, tentando assegurar uma “justa e equilibrada distribuição dos recursos”. Num parecer sobre o custo dos medicamentos, o CNECV recomenda que as decisões sobre racionalização de custos sejam baseadas “entre os mais baratos dos melhores” [fármacos de comprovada efetividade] e não sobre “os melhores dos mais baratos”. O parecer foi elaborado a pedido do Ministério da Saúde e incidiu em três grupos de medicamentos: para o VIH/sida, para os doentes oncológicos e para os doentes com artrite reumatoide. O presidente do Conselho, Miguel Oliveira da Silva sublinhou que o parecer nunca defende nem refere a ideia de cortes nos medicamentos: “Não falamos em cortes, antes pelo contrário. Falamos em dar os melhores medicamentos aos doentes”. Segundo Oliveira da Silva, o parecer aponta para uma necessidade de racionalização. “Racionalizar é usar a razão, no sentido de lutar contra o desperdício, a ineficiência e a duplicação desnecessária dos cuidados em saúde, refletir de forma transparente e clara sobre os melhores gastos dos recursos limitados, envolvendo médicos, os melhores estudos clínicos, administradores hospitalares e doentes todos fazendo a respetiva de declaração de conflitos de interesses”, declarou. Médicos e utentes indignados

Em reação, o bastonário da Ordem dos Médicos considerou inadmissível que o CNECV venha defender “a passagem de um racionamento implícito para um racionamento explícito”, na área dos medicamentos. “Não podemos tolerar qualquer

racionamento. O que tem de haver é racionalização dos recursos”, afirmou José Manuel Silva. Para o bastonário, está a defenderse um racionamento, que significa “ter um recurso à disposição, e não o utilizar em razão do seu custo”. “Como fica a relação entre o médico e o doente? Sabendo que há racionamento o doente ficará sempre na dúvida se o médico estará a dar tudo o que é necessário”, questiona. O bastonário sublinha ainda que, com racionamento na saúde, haverá “sempre alguém que fica de fora”, o que é “inadmissível”. “Outra coisa bem diferente é racionalizar. Racionar nunca. Racionar na saúde para depois andar a construir autoestradas?”, argumenta. Já o Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde considerou uma “clara atitude de desumanidade” o parecer “insólito”, sugerindo que a instituição mude o nome para «Ciências da Morte». Em comunicado enviado às redações, o Movimento de Utentes dos Serviços de Saúde “reprova veementemente” o parecer do CNECV “pois não é a nivelar por baixo (mais barato) que se beneficia o utente”. “Uma gestão criteriosa do SNS vem sendo reclamada há muito tempo pelo MUSS, na consciência plena da existência de desperdícios e falta de investimento na área.”, enfatiza. PS exige que se acalme o País

Saúde. Parecer Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida aprova possíveis cortes em alguns medicamentos

Governo aprova

Bolsas de estudo para filhos de bombeiros

O Conselho de Ministros aprovou, ontem, um diploma que visa aumentar a “proteção social” dos bombeiros, em áreas como a saúde e a educação, incentivar o voluntariado e harmonizar as carreiras dos voluntários. Segundo o comunicado do Conselho de Ministros, deverão ser abrangidos por este sistema de vigilância médica cerca de 30

mil bombeiros nos próximos cinco anos, através do Fundo de Proteção Social do Bombeiro. Por outro lado, o Governo pretende também subsidiar as propinas de bombeiros ou filhos de bombeiros que andem no ensino superior público ou privado, também através do Fundo Social do Bombeiro. Miguel Macedo explicou que estas medidas não terão qualquer “impacto orçamental”, uma vez que serão asseguradas pela Fundo Social do Bombeiro, para onde o Estado transfere 300 mil euros anuais.

A presidente do PS criticou, também ela, a utilização da expressão “racionamento” no parecer e afirmou esperar que o Ministério da Saúde esclareça e acalme os cidadãos. “Acho que a estratégia de comunicação, que fala em racionamento em vez de racionalização, é o pior que há. O sublinhado no racionamento é extraordinariamente perigoso, sobretudo na presente época, permitindo que as pessoas pensem que o sistema de saúde em geral vai perder as suas características fundamentais”, advertiu a ex-ministra da Saúde Maria de Belém. Para Maria de Belém, no atual momento do País, “o pior que poderia acontecer é as pessoas ficarem com dúvidas de que, pelo facto de serem pobres ou ricas, se atribui diferente dignidade”.


8 | O Primeiro de Janeiro

internacional

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012

Governo de Rajoy ainda não decidiu se pede ou não ajuda monetária ao BCE

Espanha continua a adiar a decisão final DR

“Esta é uma decisão muito importante para Espanha e para o futuro da zona euro”, diz o ministro da Economia do Mariano Rajoy. O ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, assegurou, ontem, que a decisão do Governo sobre solicitar ou não a ajuda do BCE não será tomada até que sejam analisadas “a fundo e com toda a precaução” as implicações. “A responsabilidade do Governo é analisar todas as implicações que tem, analisando em detalhe, a fundo e com toda a precaução, as implicações múltiplas que tem Espanha e a zona euro para tomar uma decisão sobre isto”, afirmou aos jornalistas, sublinhando: “o que está a fazer o Governo é estar em contacto com todas as partes. Esta é uma decisão muito importante para Espanha e para o futuro da zona euro. Temos que ver as implicações e depois tomar a decisão.” De Guindos insistiu que a disponibilidade de acesso ao novo instrumento do BCE, cujas condições não são ainda claras, permitiu “desde logo” reduzir os diferenciais das dívidas soberanas de vários países, incluindo a Espanha. “Efetivamente isso demonstra que havia um problema que estava mais além da capacidade das medidas que se possam tomar a nível nacional”, afirmou. A questão do eventual pedido espanhol de um resgate tem marcado a agenda política e financeira em Espanha e na Europa nas últimas semanas, com a oposição espanhola a acusar o Governo de adiar a decisão para não condicionar as eleições regionais da Galiza e do País Basco. Esta semana o comissário europeu Joaquín Almunia definiu como “altamente perigosa” a hesitação de Espanha em pedir um resgate financeiro completo, advertindo para os riscos da “incerteza” na decisão do executivo de Mariano Rajoy. Referendo na Catalunha polémico

Por outro lado, o presidente do Governo regional da Estremadura,

Crise. “Esta é uma decisão muito importante para Espanha e para o futuro da zona euro”, diz ministro da Economia

Nas auto estradas

Holanda apaga as luzes de noite para poupar

A Holanda vai apagar as luzes nalguns segmentos de auto estradas durante a noite de modo a poupar nos custos de manutenção, mas a iluminação manter-se-á em pontos perigosos, túneis e curvas apertadas, devido a questões de segurança dos automobilistas. Ron Volacen, portavoz da instituição que gere as vias públicas holandesas

(Rijkswaterstad), explicou que a medida integra um plano de poupança que vai permitir reduzir os custos em 1640 milhões de euros até 2020. De acordo com cálculos do Ministério dos Transportes da Holanda, a poupança energética ao nível da iluminação será de cerca de 35 milhões de euros, ao passo que as grandes iniciativas de redução de custos recaem sobre questões de organização e de comunicação, referiu Nienke van der Zee, outra porta-voz da Rijkswaterstad.

José Antonio Monago, afirmou que o referendo sobre o futuro da Catalunha devia ser alargado a todos os cidadãos espanhóis. “Os restantes não opinam. Somos sujeitos passivos”, considerou. Monago afirmou que a Catalunha “é muito importante em Espanha” porque representa 18 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e, como tal, os espanhóis “terão algo a dizer” sobre o futuro e sobre a imagem que se está a dar do país. Para Monago, neste momento, a imagem internacional de Espanha “não é precisamente positiva”, na sequência das propostas apresentadas por Mas.

Mais de 300 pessoas mortas em novo ataque

Acordo na Grécia

Massacre na Síria

Em Atenas, o Governo de coligação grego aprovou os pontos principais de um novo pacote de austeridade, necessário para desbloquear os empréstimos da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), disse o ministro das Finanças grego. “Chegámos a acordo sobre os principais pontos”, disse Stournaras, após uma reunião do primeiro-ministro, Antonis Samaras, e com os aliados da coligação, sobre o plano de austeridade, no valor de milhares de milhões de euros. Segundo o Ministério das Finanças da Grécia, o valor orçamentado das medidas de austeridade aprovadas incluem uma redução da despesa de 11,5 mil milhões de euros e dois mil milhões de euros em receitas adicionais. “Temos de, em primeiro lugar, chegar a acordo com a ‘troika’ [UE, Banco Central Europeu e FMI] e depois com os nossos parceiros da UE”, referiu. O novo plano de austeridade deverá estar pronto antes da reunião dos ministros das Finanças da zona euro, a 8 de outubro. Stournaras disse não saber quando vai decorrer a apresentação no parlamento das novas medidas. Fotis Kouvelis, líder da Nova Esquerda, o partido de esquerda moderada que faz parte da coligação, disse que a Grécia pretende introduzir uma cláusula que permita medidas de austeridade mais brandas, se a receita fiscal for maior do que a prevista. Com a nova austeridade, Atenas quer desbloquear o acesso a 31,5 mil milhões de euros em empréstimos.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) revelou, ontem, que poderá haver mais de 700 mil refugiados sírios no final de 2012, contra os atuais 300 mil, tendo a ONU pedido mais verbas para os ajudar. Estes fundos vão permitir ajudar os refugiados até “ao final do ano”, precisou o coordenador para os refugiados sírios do ACNUR, Panos Moumtzis, numa conferência de imprensa. Moumtzis assinalou que “entre dois a três mil refugiados atravessam a fronteira diariamente” para os países vizinhos da Síria, como a Turquia, o Líbano, a Jordânia e o Iraque. As mulheres e as crianças constituem 75 por cento dos refugiados. As agências humanitárias estão preocupadas sobretudo com a chegada próxima do inverno. Por outro lado, mais de 300 pessoas foram mortas, na quarta feira, na Síria, foram mortas em toda a Síria, vítimas da repressão do regime de Bachar al-Assad. O maior número de vítimas mortais (162) registou-se em Damasco e nos subúrbios da capital. Houve ainda mortos noutras províncias, como Deir al Zur, Deraa, Hama, Alepo, Homs e Idleb. Família inteiras foram executadas. “Se contarmos os corpos não identificados, o número será muito maior”, disse Rami Rahman.


futebol

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012 Árbitros

Bruno Esteves para Vila do Conde A Comissão de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol anunciou ontem que o árbitro setubalense vai dirigir o jogo entre o Rio Ave e o FC Porto, marcado para amanhã. O comunicado diz ainda que o algarvio Nuno Almeida foi o escolhido para arbitrar a receção do Sporting ao Estoril-Praia, que também está agendado para amanhã, na casa dos «leões». Estoril

“Confiantes para o Sporting” O treinador Marco Silva garantiu que os «canarinhos» vão procurar fazer golos em Alvalade, amanhã. “Vamos encontrar um adversário com níveis de confiança diferentes, mas encaramos o jogo como todos. Respeitamos o adversário, mas estamos confiantes e conscientes da nossa qualidade e do que podemos fazer”, realçou o técnico, em conferência de imprensa.

O Norte Desportivo | 9

Vítor Pereira compreende Jorge Jesus

“Se achar que devo também vou criticar” Treinador do FC Porto defende que a crítica faz parte do futebol e, por isso, não quer fazer o papel de “anjinho”. As queixas do Benfica à arbitragem de Carlos Xistra foram abordadas por Vítor Pereira na conferência de imprensa que também serviu para antever o encontro de amanhã com o Rio Ave. O técnico campeão nacional fez questão de realçar que não tem nada a ver com os problemas do rival, mas assume que quando tiver razões para isso fará o mesmo papel que Jorge Jesus fez em Coimbra. “Entendo perfeitamente que é preciso um clima de tranquilidade para trabalhar, mas quan-

DR

Árbitros. Vítor Pereira considera que todos os agentes do futebol estão sujeitos à crítica

do me sentir prejudicado vou fazer o reparo que tiver de fazer. O problema dos outros não é meu, mas quando me sentir prejudicado e tiver de fazer o reparo que acho justo e correto podem ter a certeza que o vou fazer. Também sou criticado todas as semanas, mesmo quando ganho, e tenho de saber viver com isso. Não vou fazer o papel de anjinho, que vai andar atrás da romaria e dizer que está tudo bem”, confidenciou Vítor Pereira. Em relação ao próximo compromisso dos «dragões», que antecede jogos caseiros com PSG (Liga dos Campeões) e Sporting, o treinador considerou-o de crucial importância, porque irá determinar os outros dois. “Não quero ver uma equipa de oscilações como na época passada,

que não percebe a importância de um jogo como este frente ao Rio Ave, que antecede outros dois, um para a Liga dos Campeões e outro que é um clássico do futebol português, muito importantes para nós. Por isso, os jogadores têm de perceber que o jogo com o Rio Ave determina o que virá a seguir”, sublinhou Vítor Pereira. Para a deslocação a Vila do Conde, o sucessor de André Villas-Boas não abriu o jogo quanto à continuidade de James Rodriguez nas recentes funções que lhe confiou e afastou a ideia de que o FC Porto está a procurar esquecer Hulk. “Não temos como propósito fazer esquecer Hulk, mas crescer como equipa, apresentar qualidade nos jogos e ganhá-los”, finalizou. DR

Sexta jornada

«Clássico» com Sporting a 7 de outubro O jogo grande da próxima jornada, que é também o primeiro «clássico» da temporada, vai disputar-se a 7 de Outubro (domingos), tendo início marcado para as 20h45, no Estádio do Dragão. A ronda do FC Porto-Sporting terá, no entanto, início no sábado (dia 6), com Benfica e Beira-Mar a defrontarem-se no Estádio da Luz, a partir das 20h30, numa jornada que antecede nova paragem de três semanas no campeonato. Depois de cumprida a ronda, que ficará concluída após o embate entre Moreirense e Marítimo, na segunda-feira (8 de outubro), o calendário interrompe para os compromissos das seleções em 12 e 16 de outubro. No fim de semana seguinte, de 20 e 21 de outubro, as datas estão dedicadas à terceira eliminatória da Taça de Portugal.

Académica

Dérbi minhoto marcado para as 21h30

Estudantes com bilhetes especiais

“Braga vai assumir as despesas do jogo”

Os estudantes vão ter uma redução no preço dos bilhetes para o jogo contra o Hapoel Telavive, da segunda jornada da Liga Europa de futebol, a 4 de Outubro, que marca o regresso dos jogos europeus a Coimbra, 42 anos depois. Para este jogo, os estudantes terão de desembolsar oito euros, mas podem comprar o «pack» completo (três jogos) por 12 euros.

José Peseiro prometeu uma equipa a assumir o jogo no Estádio D. Afonso Henriques. O treinador «arsenalista» desvalorizou a questão sobre qual das equipas é a favorita, mas garantiu que o Sporting de Braga vai entrar em campo para vencer e, mesmo a jogar fora, vai arcar com a responsabilidade de ter a iniciativa de jogo. “Se o Braga vai assumir as despesas do jogo? Já viu

DR

Dérbi. Rivalidade minhota

alguma vez isso não acontecer esta época? É fácil essa resposta, porque, com este treinador, o Braga ainda não mudou essa forma de estar. Se vamos conseguir ou não, depois veremos, mas o Braga é uma equipa marcadamente ofensiva e que quer sempre assumir o jogo”, explicou Peseiro, em conferência de imprensa, assumindo que se trata de um jogo especial: “É

um dérbi e queremos sentilo como tal. É importante haver emoção”, considerou o técnico bracarense. Do lado do Vitória de Guimarães, o regresso de Toscano é o destaque da lista de convocados. O médio Siaka Bamba, que tem sido mais utilizado na equipa B, também foi chamado por Rui Vitória, enquanto o «central» Freire ficou de fora.


futebol

10 | O Norte Desportivo

Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012

Jorge Jesus reitera prioridade do Benfica

Matic e Enzo Perez

“Paços mais importante do que o Barcelona” Treinador benfiquista assumiu que o campeonato é a competição prioritária dos «encarnados» para a presente temporada. Jorge Jesus garante que a sua equipa está focada no jogo com o Paços de Ferreira, apesar do embate com o Barcelona estar aí à porta, justificando que o campeonato é a principal prioridade da equipa para esta época. Na conferência de imprensa de antevisão ao encontro desta noite, técnico garantiu que não vai fazer poupanças na equipa a pensar no jogo da segunda jornada da Liga dos Campeões, agendado para terça-feira. “É um jogo

DR

Importante. Jorge Jesus não quer deixar ficar mais pontos na Capital do Móvel

importante com o Barcelona, mas mais importante é com o Paços. É o nosso grande objetivo e queremos focar-nos no jogo com o Paços. O que pode passar pela cabeça dos jogadores é subjetivo. É um jogo difícil e não podemos poder pontos”, sublinhou Jorge Jesus. Neste sentido, o timoneiro das «águias» prevê um Benfica “forte e com a qualidade demonstrada em Coimbra”, apesar de realçar o valor do adversário, que ainda não perdeu no campeonato. “Podemos esperar um Benfica forte, determinado e sabendo que o Paços de Ferreira está a fazer um bom início de campeonato. O Benfica, jogando com a qualidade de Coimbra, de certeza que jogo se vai tornar mais fácil. Sabemos que vamos ter alguns problemas

mas estamos preparados para todas as situações que tenham a ver com o jogo”, declarou o treinador que vai na quarta temporada à frente dos «encarnados». Jorge Jesus lembrou que o Benfica ainda esta imbatível em jogos oficiais e defendeu que só não venceu no último jogo em Coimbra “por fatores estranhos”, que, espera, não se repitam na quinta jornada. “Confiamos naquilo que fazemos e não me desvio em nada pelos resultados. Sei a estrada e o caminho que quero, os jogadores também sabem, e sabemos que temos muitos obstáculos nesta caminhada. Já tivemos um em Coimbra e não queremos outro em Paços”, completou Jorge Jesus. O encontro tem início marcado para as 20h15 e será dirigido por Marco Ferreira.

DR

Matar o borrego

“Resposta tem sido muito positiva” Jorge Jesus deixou elogios aos substitutos de Javi Garcia e Axel Witsel, que rumaram ao Manchester City e ao Zenit, respetivamente, confidenciando até que não esperava uma adaptação tão positiva. “Depois destes jogadores terem saído, a resposta tem sido muito positiva, até me tem surpreendido. Deixamme satisfeito, tranquilo e confiante”, avaliou. Seleções

Uruguai chama Maxi Pereira O lateral direito do Benfica está nos eleitos de Oscar Tabarez, para os jogos com a Argentina e a Bolívia, a contar para a fase de qualificação sul-americana para o Mundial2014. Com sete encontros disputados, o Uruguai ocupa o quarto posto da qualificação sul-americana, com 12 pontos, menos dois do que o Brasil e menos um do que a Colômbia e o Equador.

“Taça de Portugal também é grande objetivo” Jorge Jesus quer ser o homem que voltará a levar o Benfica à final da Taça de Portugal, oito anos depois da última presença dos «encarnados» no Jamor. O treinador, que também já confessou que conquistar a taça é um objetivo pessoal, espera matar o borrego já está época, após uma caminhada que começa em Freamunde. “É outra competição que andamos um pouco fora e outro grande objetivo é estar presente na final. Na altura certa vamos pensar no Freamunde com muito respeito”, assumiu Jorge Jesus, que aproveitou para voltar a falar de Carlos Xistra: “Já fiz elogios aos árbitros nos últimos jogos e agora tive uma opinião diferente. Acho que a posso manifestar. No futebol somos criticados pela positiva e negativa e não pode haver privilégios para ninguém”, defende o treinador. Com as críticas

Paços de Ferreira “com ambição de vencer”

“Queremos dar continuidade ao bom momento” O treinador Paulo Fonseca prometeu um Paços de Ferreira ambicioso para o encontro com um adversário “forte e com uma enorme necessidade de não perder pontos”, garantindo que a abordagem dos «castores» não mudará. “O Benfica é uma equipa extremamente forte e vem com uma enorme necessidade de não perder pontos. Mas também estamos num bom momento e demos uma grande

DR

Igual. Benfica não assusta

demonstração no último jogo. Como tal, vamos encarar este jogo como mais um e com a ambição de vencermos”, destacou Paulo Fonseca. Os elogios aos «encarnados» dominaram parte da conferência de imprensa de antevisão ao encontro, com o técnico a pecense a confirmar a sua admiração pelo homólogo Jorge Jesus, considerando mesmo que “o Benfica, com Jorge Jesus, é a equipa

que nos últimos anos melhor decide no último terço”. Lista dos 19 convocados: Guarda-redes – Cássio e António Filipe; defesas – Tony, Diogo Figueiras, Ricardo, Javier Cohene e Tiago Valente; médios – Luiz Carlos, André Leão, Filipe Anunciação, Vítor, Arturo Álvarez e Josué; avançados – Manuel José, Caetano, Hurtado, Jaime Poulson, Cícero e Vinicio Angulo.

“Carlos Xistra está perturbado” Ricardo Alexandre, presidente do Conselho de Arbitragem da Associação de Futebol de Castelo Branco, revelou que as palavras mais duras fizeram mossa no árbitro. “Já falei com ele e sinto que ficou um pouco perturbado devido à situação. Criou-se uma situação em que se está a condicionar o passado, o presente e até o futuro do Carlos Xistra”, frisou.


Sexta-feira, 28 de Setembro de 2012

cultura e espetáculos

O Primeiro de Janeiro | 11

Iraniano entra no lote em dia de greve geral no País Basco

Ghobadi favorito Culturgest

Charlemagne Palestine atua amanhã

O norte-americano Charlemagne Palestine atua amanhã na Culturgest Porto, pelas 22h00, no regresso do ciclo programado pela Filho Único. Charlemagne Palestine é um decano compositor, performer e artista visual muito ligado à cena vanguardista de Nova Iorque que deixou rasto desde os anos 70 até hoje. Até final do ano, haverá noites com os Calhau (9 de novembro) e Oren Ambarchi (29 de novembro). O preço dos bilhetes é de 5 euros.

SPA

Cruzeiro Seixas com Medalha de Honra

A Sociedade Portuguesa de Autores (SPA) vai atribuir hoje a Medalha de Honra ao pintor e poeta Cruzeiro Seixas, de 91 anos, cuja obra se destacou no movimento surrealista português. De acordo com uma nota divulgada pelo conselho de administração da SPA, a medalha será entregue numa sessão prevista para as 18h00, no edifício-sede da SPA, em Lisboa. A atribuição do galardão pela SPA é “uma forma de reconhecimento, por parte dos autores, de décadas de trabalho criador do pintor e poeta”, sublinha aquela entidade.

DR

A cidade de San Sebastián quase parou. O Festival não foi exceção e das habituais vinte salas de cinema apenas duas funcionaram. JM Bastos, em San Sebastián

Quando o 60º Festival Internacional de Cinema de San Sebastián se aproxima do fim, escrevemos este texto na ressaca de uma greve geral no País Basco. Numa altura em que por toda a Espanha se sucedem as manifestações de protesto pelas medidas de austeridade que também por aqui vão sendo implementadas, a cidade de San Sebastián quase parou por completo. Transportes apenas com serviços mínimos, mercados, bares e restaurantes, bancos, todo o tipo de comércio e organismos públicos encerrados praticamente a cem por cento. O Festival não foi exceção e das habituais vinte salas de cinema apenas duas funcionaram: as do Kursaal, situadas nos edifícios que são, afinal, o centro nevrálgico do certame. Das cerca de setenta sessões diárias realizaram-se nove. Entre elas a exibição, na competição oficial, de “Rhino Season” do iraniano Bahman Ghobadi, vencedor da Concha de Ouro de San Sebastián já por duas

Rhino Season. Vencedor da Concha de Ouro de San Sebastián

vezes. Há quatro anos a viver no exílio, Ghobadi apresentou-se com um filme feito na Turquia e cuja produção aparece associado o mais cinéfilo dos realizadores americanos: Martin Scorsese. Em “Rhino Season” seguimos a história de um poeta curdo-iraniano libertado após trinta anos de prisão e que procura encontrar a mulher que o julga morto há muito tempo. Monica Bellucci é a estrela do filme que é também progonizado por Behrouz Vossoughi, por muitos considerado como o mais importante dos atores de cinema

iranianos. Com a sua habitual originalidade, grande rigor estético e apurado sentido poético, Ghobadi perfila-se como um dos favoritos ao galardão máximo do Festival. Veremos se não há duas sem três… Em todo o caso, faltam ainda ser projetadas obras de autores como Costa Gavras, Lasse Hallstrom e Carlos Sorín, o cineasta argentino que por aqui goza de uma, bem merecida, grande popularidade. Enquanto se aguarda a exibição dos últimos trabalhos a concurso e a posterior revelação do palma-

rés, deve ser referida a passagem pelo Festival do filme vencedor do Urso de Ouro da mostra de Berlim deste ano: “César deve morrer” dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, que parece querer regressar aos gloriosos anos setenta e oitenta em que nos deslumbraram com filmes como “S. Miguel tinha um galo”, “Padre Padrone”, “A Noite de São Lourenço” ou “Bom Dia, Babilónia”. Desta feita trazem-nos um filme que retrata os esforços desenvolvidos para que um grupo de presos leve a cabo a representação de “Julio César”.

Manobras no Porto

Arranque com baile e manjar DR

Um baile de “Corpos Extraordinários”, no passeio das Virtudes, e um manjar de sonho batizado de “Banquete de Plutão”, no largo dos Grilos, marcam o arranque do Manobras no Porto, que apresenta mais de 300 eventos em 10 dias. O programa Manobras no Porto arranca oficialmente na sexta-feira e um dos destaques é o baile dos “Corpos Extraordinários”, um espetáculo de marionetas gigantes que pode ser visto às 14h00 e as 17h00, no passeio das Virtudes, e que durante os 10 dias do Manobras vai andar em itinerância pela cidade numa

Manobras. Arranque no Passeio das Virtudes

furgoneta de uma família de vendedores ambulantes. Mais à noite, por volta das 21h00, o leque de opções culturais do Manobras alarga-se para dar lugar ao “Banquete de Plutão”, um espetáculo de rua que vai estar no largo dos Grilos e que é seguido, às 22h00, pelo projeto “Ai Maria”, uma peça centrada na figura da mulher do centro histórico e da diáspora portuguesa. O espetáculo de teatro e dança “Arraial”, da companhia Circolando, que celebra as festas, crenças, romarias e rituais do Norte de Portugal, é outro dos pontos

altos do primeiro dia de Manobras. Sobe ao “palco” do Mosteiro S. Bento da Vitória às 21h30. “Independentemente e apesar do interesse dos conteúdos, que serão muito bons, vai ser um momento único e irrepetível de estar na cidade de uma maneira diferente. De a ver [a cidade] agitada e é isso que faz o Manobras e mais ninguém faz”, disse à Lusa, em entrevista telefónica, o coordenador do projeto Manobras, Anselmo Canha. O programa de revitalização do centro histórico do Porto Manobras 2012 termina dia 07 de outubro.


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COP E PATERNALISMO ESTATAL Os portugueses, na sua generalidade, falam muito da necessidade de mudar, o problema é que, depois, quando se trata verdadeiramente de mudar ninguém quer mudar coisa nenhuma. Nesta perspetiva, também o presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) nunca perdeu uma oportunidade para proclamar que o sistema desportivo estava esgotado, que era necessáGustavo Pires* rio mudar, contudo, nos seus mais de vinte anos de poder nunca mudou grande coisa. Antes pelo contrário, da revisão estatutária realizada sob a sua superintendência em 1998 resultaram uns estatutos completamente fechados que, ao longo de 14 anos, impediram o rejuvenescimento de pessoas, de ideias e de projetos. Em consequência, hoje, uma candidatura à liderança do COP depende da correlação de interesses de um conjunto de presidentes de várias federações desportivas no poder há demasiados anos que, salvo honrosas exceções, não têm qualquer ideia fundamentada sobre a organização e o desenvolvimento do desporto em Portugal. Assim sendo, muito dificilmente as coisas poderão evoluir no sentido das mudanças necessárias e urgentes de que o sistema desportivo nacional tanto necessita. E a necessidade de mudar começa logo com as próprias eleições. A desarticulação do Movimento Desportivo (MD) é total. Os estatutos e regulamentos das várias Federações Desportivas estabelecem tempos e procedimentos para as respetivas eleições sem qualquer articulação com o calendário do COP cujas eleições, segundo o Artigo 12.º dos seus estatutos, se devem realizar no primeiro trimestre do ano subsequente ao dos Jogos Olímpicos. Há muito que devia ter sido estabelecida uma articulação dos diversos calendários eleitorais de maneira a que as decisões relativas a cada ciclo eleitoral fossem tomadas por aqueles que, em cada Federação Desportiva, vão protagonizar a Olimpíada. Por isso, as eventuais candidaturas à liderança do COP deviam consignar nos respetivos programas eleitorais não só a necessária revisão dos estatutos bem como, especificamente, as correspondentes propostas, entre elas, em nossa opinião, a de ajustar o calendário eleitoral das várias organizações do Movimento Olímpico (MO) ao calendário da Olimpíada. Se tal for conseguido o MO, para além de mostrar maturidade, afirma a sua independência para além do congénito paternalismo estatal. (a continuar) *Professor na FMH/UTL

Diretor: Rui Alas Pereira (CP-2017). E-mail: ruialas@oprimeirodejaneiro.pt Redatores: Joaquim Sousa (CP-5632), Andreia Cavaleiro (CP-6983), Cátia Costa (Lisboa) e Vasco Samouco. Fotografia: Ivo Pereira (CP-3916) Secretariado de Direção: Sandra Pereira. Secretariado de Redação: Elisabete Cairrão. Publicidade: Conceição Carvalho (chefe), Elsa Novais (Lisboa, 918 520 111) e Fátima Pinto. E-mail: conceicao.carvalho@oprimeirodejaneiro.pt Morada: Rua de Santa Catarina, 489 2º - 4000-452 Porto. Contactos: redação - Tel. 22 096 78 47 - Tm: 912 820 510 E-mail: geral.cloverpress@oprimeirodejaneiro.pt - Publicidade - Telefone: 22 096 78 46, Fax: 22 096 78 45 Propriedade: Globinóplia, Unipessoal Lda. Edição: Cloverpress, Lda. NIF: 509 229 921 Depósito legal nº 1388/82 Impressão: Coraze, Telefs.910252676 / 910253116 / 914602969, Oliveira de Azeméis. Distribuição: Vasp. Tiragem: 20 000

Diz-se alvo de combate político

Paulo Campos exige direito ao contraditório O deputado socialista Paulo Campos afirmou ontem que está totalmente disponível para colaborar com a justiça e exigiu direito ao contraditório na comunicação social, considerando que a questão das parcerias público-privadas (PPP) é instrumento de “combate político”. Paulo Campos falava aos jornalistas, depois de questionado sobre as buscas realizadas pela PJ na sua residência no âmbito de uma investigação sobre as PPP, que também abrangeu os ex-ministros socialistas Mário Lino e António Mendonça.

Nas suas declarações, Paulo Campos recusou-se a comentar as afirmações feitas quarta-feira pela ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, que sobre este caso disse que o tempo da impunidade tinha acabado. “Sempre mostrei total disponibilidade para colaborar com a comissão de inquérito parlamentar [sobre as PPP], com a justiça e com os órgãos de comunicação social para esclarecer todas as matérias - matérias que têm sido veiculadas ao longo de meses sem que na maioria das vezes tenha sido feito o contraditório relativamente àquilo que era

dito. Portanto, quero registar o interesse relativo a esta matéria [PPP] e, sobretudo, quero dizer que estou totalmente disponível para esclarecer todas estas questões nos espaços de comunicação. Há longos meses que se assiste a insinuações e calúnias, na maioria das vezes sem qualquer possibilidade de contraditório, apesar de eu, reiteradamente, ter manifestado a minha disponibilidade para exercer esse contraditório”, disse. Paulo Campos fez depois críticas sobre alguns espaços televisivos em que têm sido analisadas as questões relativas às PPP.

Lisboa

Louçã louva Congresso das Alternativas O coordenador do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã, saudou ontem a realização do Congresso Democrático das Alternativas, a 5 de outubro, em Lisboa, sublinhando que este é um momento para combater o sectarismo e procurar convergências. Os organizadores do Congresso Democrático das Alternativas reuniram-se ontem, ao longo do dia, com dirigentes dos partidos da oposição (PS, BE, PCP e Verdes), entre eles, Francisco Louçã. Em declarações depois deste encontro, Louçã saudou a iniciativa, considerando que tem “aspetos muito interessantes”. Um deles, afirmou, é que ocorre num momento em que Portugal vive “tempos muito difíceis” e em que “é

preciso combater o sectarismo”, que considerou ser um “sinal de fechamento” e de “fraqueza”. Francisco Louçã lembrou que recentemente o BE apresentou uma proposta para uma “iniciativa convergente”, uma moção de censura a ser apresentada por “todas as oposições” com o objetivo de mostrar a necessidade de “rejeição da catástrofe social” que o país enfrenta por causa das políticas seguidas pelo Governo e a aplicação do acordo assinado com a ‘troika’ da ajuda externa. “O nosso esforço é exatamente esse”, sublinhou, acrescentando que “quanto pior é a situação”, mais necessárias se tornam as “vozes que pugnam pela unidade” e “contra o sectarismo”. Outro dos “aspetos interessantes”

do Congresso das Alternativas, referiu, é ter como “ponto de partida” e “essencial”, como “questão crucial”, a “denúncia do memorando”, em linha com aquilo que defende o Bloco. As “alternativas” só são possíveis “fora do memorando” e com uma “rutura com a estratégia da bancarrota”, da “austeridade” e da “chantagem”, sublinhou. Para Francisco Louçã, a necessidade desta rutura está ainda “confirmadíssima” com as recentes manifestações que reuniram milhares de pessoas em todo o país. É, por isso, “importante a discussão de alternativas ‘pós-troika’”, realçou, acrescentando que “quanto mais pessoas se juntarem a pensar alternativas sensatas, melhor o país recuperará”.

Carlos Zorrinho e a alteração da TSU

Substituir por impostos é “logro político” O líder parlamentar do PS afirmou ontem, em Bruxelas, que substituir a alteração da Taxa Social Única (TSU) por mais impostos é um “logro político” que vai agravar a “espiral recessiva” da economia portuguesa. “A [alteração da] TSU deve ser substituída - porque era uma má medida - por uma outra medida que melhore a competitividade do país. Agora, substituir a TSU por mais impostos, isso é um logro político, porque é agravar ainda mais o problema que a nossa economia

tem que é a espiral recessiva”, afirmou Carlos Zorrinho. O líder parlamentar do PS falava aos jornalistas, em Bruxelas, à margem de um debate, através da rede social Twitter, sobre a Europa e Portugal, organizado pela eurodeputada socialista Edite Estrela, que decorreu no Parlamento Europeu. Carlos Zorrinho defendeu que as alterações à TSU devem ser substituídas por “medidas inteligentes de apoio ao crescimento e ao emprego”, dando como exemplo o financiamento da economia e a colocação de

parte dos recursos do plano de financiamento do programa português ao serviço das pequenas empresas e das empresas exportadoras. O Governo anunciou que a TSU a cargo dos trabalhadores iria subir dos atuais 11 por cento para os 18 por cento, ao mesmo tempo que as contribuições das empresas baixavam dos 23,75 por cento para os 18 por cento, tendo depois recuado e manifestado disponibilidade para encontrar uma alternativa, que passará pelo agravamento de impostos.


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