Associação de nove décadas com Tatuí Especial conta história do XI de Agosto, que fez do futebol e da amizade tradições Uma bola e um local para se jogar. É desta regra simples do futebol de campo, trazido ao Brasil por Charles Miller no ano de 1895, que deriva todo um legado tatuiano. Quase 35 anos depois da primeira partida de futebol realizada no país, Tatuí vivenciava seu próprio momento histórico. E proporcionado pela modalidade esportiva. Em 1929, firmava-se na cidade o XI de Agosto. Iniciado como um time de futebol, o clube se transformou ao longo dos anos, dando origem a uma história de sucesso, recontada nesta edição pelo jornal O Progresso em caderno especial. Produzido com apoio da atual diretoria do clube e de colaboradores, o material traz reportagens que cobrem toda a trajetória dos “XIstas” (onzistas), como eram originalmente conhecidos os associados. Trata-se de uma história ímpar, construída com esforços de pessoas públicas e anônimas, e com resultados duradouros. Ao registrar o passado da associação atlética, o jornal também recupera memórias e costumes de uma época. Um exemplo é a escolha de jovens donzelas para serem madrinhas dos times, hábito comum no século 20. Tanto que, conforme reza a lenda, o jogo que instigou a criação do clube ficou conhecido como “Martha e Leontina”, prenomes de Martha Orsi e Leontina Mendes. A tradição de chamar as senhoritas tatuianas para representar as formações do time durou até os áureos tempos do
futebol de salão, em meados da década de 1980. A modalidade, atualmente chamada de futsal, fez fama na antiga “quadrinha”. O espaço que ficava ao lado do campo original já não existe mais, mas democratizou, sem dúvida, o acesso ao clube, por meio dos “internões”, eventos que transformaram o XI de Agosto no principal ponto de jogos da cidade - pelo menos, nos meses de janeiro e julho, período das férias escolares. Também deve ser creditado ao XI o crescimento da prática de esportes no município, principalmente do futebol de campo. Vale ressaltar que, na época da criação do clube, a cidade já contava com equipes praticantes, como o Operário Futebol Clube. Mas, foi pelo protagonismo dos on-
zistas que Tatuí despontou. Chegou a ter um time bicampeão do Amador do Estado. O XI venceu a competição pela primeira vez em 1957 e conquistou o campeonato, novamente, no ano seguinte. A união dos associados fez-se presente em vários momentos da história do clube. Possibilitou várias conquistas, a começar pela criação de estádio próprio – inaugurado duas vezes. As demais, resultaram na construção da primeira sede social, no fechamento do campo e na implantação de arquibancada. Mais à frente, possibilitou a criação de uma faculdade de educação física. Com apoio dos sócios, o XI de Agosto ganhou corpo. Na direção do empresário Milton Stape, acrescentou ao atual complexo uma piscina, em um período
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Responsável pela ideia de construção das piscinas, Milton Stape também atuou no ginásio-sede
de escassez de água. Mas, foi com a construção do Ginásio 1, dessa vez sob o comando do advogado Simeão José Sobral, que o clube se abriu de vez ao esporte. O primeiro ginásio pode ser considerado um divisor de águas, porque transformou o XI no principal ponto de eventos da cidade. Nesse novo espaço, o clube passou a sediar competições e a apresentar novidades, como o baile Vermelho e Preto. A festa criada pelo produtor cultural Jorge Rizek marcou gerações. Ficou conhecida como o maior baile carnavalesco do interior de São Paulo, tendo 35 edições realizadas no ginásio esportivo. O baile retornará à casa no ano que vem, ganhando uma edição especial, em comemoração ao nonagésimo aniversário do clube. As atividades da efeméride, no entanto, já começaram. Tiveram início em janeiro e seguirão até dezembro. Conforme antecipou a diretoria, todas as competições internas, pra lá de tradicionais, estão incluídas no programa especial. A maioria dos eventos é aberta a associados, embora a celebração seja de todos. Parte integrante dos 90 anos do XI, O Progresso não só noticiou as conquistas do clube, como vibrou com o desenvolvimento do esporte no município. E, para comemorar a importância da data, traz aos leitores, como presente pelos 193 anos de Tatuí, um apanhado composto por registros e testemunhos com os principais momentos do clube, que fez do futebol e da amizade suas maiores tradições. FOTO: CRISTIANO MOTA
Arte realizada em comemoração ao título de 1957 mostra estádio, jogadores da equipe campeã, diretoria e mascote da Associação Atlética
Simeão José Sobral é ex-presidente do XI, sócio mais antigo e testemunha de momentos mais importantes da história onzista