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Porque implantar o modelo de gestão sustentável

PORQUE IMPLANTAR UM MODELO DE GESTÃO SUSTENTÁVEL ATRELADO À IMPLANTAÇÃO DO PARQUE?

Um dos grandes desafios da gestão pública de São Paulo, tendo em vista toda problemática gerada pelos seus históricos e recorrentes eventos hidrológicos, é viabilizar financeiramente novos espaços públicos e infraestrutura urbana adequados ao desenvolvimento urbano, ambiental e social do município. Para isso, é primordial que se desenvolvam estratégias que integrem as muitas dimensões (sociais, urbanas, econômicas, ambientais) com o objetivo de viabilizar a estratégia de intervenção de diversos Parques Lineares e operações urbanas consequentes. Em função do problema observado, acredita-se que é possível desenvolver um modelo sustentável de gestão de espaço público, voltado para a preservação ambiental, eco-consciencialização, desenvolvimento econômico sustentável e inclusão social - o que garante um crescimento comunitário e com qualidade de vida.

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CONTEXTUALIZAÇÃO

Quando os portugueses ocuparam a bacia do Alto do Rio Tietê, quase cinco séculos atrás, eles encontraram uma rede de vilarejos nativos, localizados nos morros e colinas entre os rio. Os rios eram vias de

comunicação navegáveis entre os portos fluviais dessas aldeias. Entre as dezenas de portos fluviais da aldeia existentes na altura da ocupação, os portugueses escolheram aquele que tinha a localização mais estratégica do ponto de vista militar, para se tornar o porto principal, ou porto geral. As demais aldeias ocupadas formavam um anel de portos de controle das vias navegáveis, e de proteção do porto geral - uma cidadela fortificada pelas

águas e pelos campos das bacias do Piratininga: São Paulo da Piratininga, ou São Paulo do rio Piratininga - atualmente rio Tamanduateí.

A localização de São Paulo - entre a costa e o Planalto Central brasileiro e no limite entre as zonas tropical e subtropical também favoreceu a diversidade de biomas. Também contribuíram sua variedade de solos e

topografia irregular. O bioma paulistano mais golpeado pela urbanização foi o Cerrado, que se estendia por boa parte da cidade atual, incluindo trechos dos bairros do Ipiranga, Bela Vista, Luz, Butantã, a região do aeroporto de Congonhas e especificamente a área trabalhada, a Vila Mariana.

A região da Vila Mariana se localiza no topo da colina mais característica da cidade. "Essa colina alongada e estreita — que compreende o percurso Jabaquara - Domingos de Morais - Av. Paulista – Dr.Arnaldo — é denominada Espigão Central e considerada um divisor de águas entre as bacias do Tietê e do Pinheiros. Isso significa também que a região trabalhada é o ponto culminante da cidade a 828 metros sobre o mar, a 105 metros acima da

várzea do Rio Tamanduateí, e pouco mais de 109 acima das águas do Tietê. […] Dessa altura desce o terreno no qual se edificou a cidade, em rampa mais ou menos variável, quer para Norte, em direção ao Tiete; quer para Sul, para a extensa várzea do Canguassu ou de Pinheiros.” De acordo com os estudos 1 de Aziz Ab’Saber, a geomorfologia do bairro é caracterizada por rochas sedimentares em seu espigão (da rua Domingos de Morais à rua Áurea); altas colinas (da rua Áurea até a Rua Alice de Castro); e Terraços Fluviais de nível intermediário (da Alice de Castro até o Parque Ibirapuera).

SAMPAIO, Teodoro. 3o volume de “Apontamentos para o Diccionario Historico e Geographico 1 Brasileiro”, 1899.

Mapeamento 1988 - fonte desconhecida

Os mapas mais antigos da Vila Mariana são os que mais nos aproximam das características originais do bairro antes das transformações do processo de ocupação. Neles, é possível ver uma série de rios da região correndo à céu aberto que no decorrer do início do século passado foram canalizados e redirecionados. O espigão central é o que chamamos também de divisor topográfico, com muitos rios de ambos os lados e é um dos mais importantes divisores de águas da cidade.

Desde meados de 1800 já era possível perceber pequenas alterações nos cursos desses rios do pedaço, sinalizando que as paisagens formadas por chácaras e fazendas começavam a receber outras formas de ocupação. Nessa época, a paisagem do bairro já contava com escolas, delegacia, fábrica de fósforo, transporte de bondes da Ferro Carril e o Matadouro Municipal, inaugurado em 1880. A economia local viveu então uma expansão em sintonia com o resto da cidade. No primeiro mapa de 1930 já podemos destacar o adensamento de atividades comerciais nas ruas do pedaço, ao passo que vários cursos d’água tornam-se ‘impróprios’ à ocupação urbana.

Mapeamento 1930 - Sara

Mapeamento 1940 - Vasp/ Cruzeiros

Mapeamento 1988 - fonte desconhecida

LINHA DO TEMPO DA REGIÃO NO ENTORNO DO PARQUE DA ACLIMAÇÃO NO SÉCULO PASSADO

1892 Carlos José Botelho adquiriu terras na região da Aclimação, chamada Sítio Tapanhoim, e resolveu reproduzir ali o Jardim D'Acclimatation de Paris. No local havia espaço para gado leiteiro importado, o que logo atraiu o interesse de pecuaristas

1916 devido à sua origem francesa, a região passou a ser reconhecida definitivamente como Aclimação

1930 ruas e alamedas começaram a ser povoadas formando os bairros a partir do início do loteamento, pela família Botelho, das terras anexas ao

parque

1939 foi criado o primeiro zoológico paulista, um centro de pesquisas em cancerologia e o primeiro clube de equitação do país

1950 bairro considerado estritamente residencial

1970 verticalização do bairro devido à expansão imobiliária, aumento da população e consequentemente o crescimento do comércio

1974 inauguração do metrô Vila Mariana

1986 tombamento do Parque da Aclimação, feito pelo Condephaat

1992 inauguração do metrô Ana Rosa

JUSTIFICATIVA DO EMPREENDIMENTO

Os ambientes naturais são constantemente transformados e utilizados

para os processos de expansão e urbanização, para a criação dos ambientes artificiais, com isso, ocorre nos solos urbanos fortes implicações sociais e ambientais que implicam diretamente para as situações de risco e vulnerabilidade. Com isso traz-se a importância de estudar, conceituar e caracterizar as relações do ambiente urbano, sendo importante destacar que São Paulo possui um grande potencial para o desenvolvimento hídrico sustentável com a interação entre elementos de diversos setores econômicos, já que nos últimos anos vem passando por um momento de grande dinamismo nos processos de ocupação do espaço urbano e consequentemente vários problemas e impactos decorrentes desse processo de expansão urbana.

A demanda por habitação atualmente segue crescendo e, associado a esta demanda por habitação, o processo de urbanização desenvolveu muitos problemas relacionados a mobilidade, ao acesso às áreas de trabalho e de lazer, aos serviços e comércio de caráter local, típicos de uma cidade grande, gerando grandes deslocamentos da população para usufruir da cidade como um todo. O foco da gestão sustentável é dialogar com o poder público através de iniciativas que trabalhem a urbanização com diretrizes sustentáveis de acordo com cursos naturais da cidade e dos rios.

É onde sugerimos o uso de políticas públicas e sociais, com maior efetividade em ações de planejamento, conscientização e monitoramento a atividades e processos que possam comprometer a qualidade socioambiental do município, além da participação da sociedade, e ainda da necessidade de ser elaborado o zoneamento ecológico ambiental da região

da Vila Mariana/ Aclimação (que irá servir de instrumento de ordenação do território e auxilio ao planejamento).

A INSERÇÃO DO EMPREENDIMENTO NO PLANEJAMENTO MUNICIPAL

O empreendimento faz parte de um conjunto de medidas coordenadas que visa a promoção do desenvolvimento urbano através de parcerias entre o poder público e a iniciativa privada. Cada área objeto do empreendimento conta com legislação específica, estabelecendo as metas a serem cumpridas, bem como os mecanismos de incentivos e benefícios.

O alto nível de desenvolvimento na região é justificado pelo grande número de habitantes idosos ativos, já o bairro é abastecido com equipamentos que garantem uma qualidade de vida digna, estabelecendo serviços de educação, sócio-assistenciais, de saúde, e esportivo culturais. Entretanto, a maioria são de caráter privado e os locais verdes que incentivariam a vida em comunidade, são poucos. Valorizar e atender especialmente os poucos equipamentos públicos, integrando-os ao projeto paisagístico e urbanístico é imprescindível.

O empreendimento estabelece alterações urbanísticas para a área de influência do córrego Pedra Azul e compreende quatro setores: Aclimação, Vila Mariana, Cambuci e Liberdade. O empreendimento proposto está localizado nos setores Vila Mariana e Cambuci, na zona sul de São Paulo,

próximo ao Parque da Aclimação, Parque do Ibirapuera e as estações de metrô da Linha Verde e Azul – norte/sul.

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